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Direito Constitucional
1. Objeto de estudo no Direito Constitucional e o Direito Constitucional e outros ramos do Direito
- Especificidade do D.C: "Organização e funcionamento do Estado"; Exposição, interpretação e sistematização de princípios e normas fundamentais do Estado. A matéria Constitucional foi sendo ampliada ao longo do tempo. 
- Sistematização: O estudo sistematizado vai muito além da mera leitura de dispositivos constitucionais. A sistematização do Estudo leva uma compreensão mais sofisticada do texto constitucional. 
- Objeto da disciplina: Estudo metódico da Constituição e estrutura político jurídica do Estado. 
 Conteúdo cientifico da disciplina: Tem três grandes vertentes, sendo:
a. Direito Constitucional Positivo: tem como objeto princípios e normas de um Estado concreto. 
b. Direito Constitucional Comparado: Tem como objeto o cotejo de instituições políticas e jurídicas de ordenamentos diferentes. Esse cotejo tem como objetivo perceber semelhanças e diferenças entre estas ordens constitucionais. Ex: Medida provisória fora transportada do ordenamento italiano para brasileiro. Mas atenção: direito comparado nao significa só transporte de institutos já existentes em outro ordenamento, mas também consiste na inovação através da analise de outros sistemas, considerando as peculiaridades de cada um. 
c. Direito Constitucional Geral: Tem como objeto a sistematização de conceitos, princípios e instituições para formação de uma visão unitária. Teoria geral do direito constitucional. 
1.1 Histórico da disciplina 
- 1787: Marco do documento político jurídico 
- 1791: Revolução Francesa - fecomenda
- Criação do curso na França - nao foi atendida 
- 1797: Curso criado na Itália 
- Brasil: independência e constitucionalismo 
- 1823: Assembléia Constituinte pede criação do curso juridico no Brasil 
- 1827: Lei cria faculdades jurídicas em Olinda e Sao Paulo
*. Benjamin Constant foi um francês que teve uma grande influencia no Brasil e que apesar de nao ter conseguido que a cadeira virasse algo concreto na França, ele pensou na disciplina a partir dos pontos de direitos públicos fundamentais e garantias.
**. O nome da disciplina que hoje conhecemos como Direito Constitucional era "Direito Publico e analise da Constituição do Império”.
1.2 Relações do Direito Constitucional com outras disciplinas jurídicas
DIREITO ADMINISTRATIVO: Descreve funções dos órgãos. O Direito Constitucional estrutura, e o Administrativo detalha. Podemos dizer que ele vai dar conta dos detalhes que a Constituição não se presta abarcar. Ha uma serie de dispositivos da CF que tratam de direito administrativo, como por exemplo: Arts. 37 ao 43, 84 e 87, 182. 
DIREITO PENAL: O direito penal também vai sofrer influencia do Direito Constitucional e vai trazer na C.F inúmeros dispositivos que irão tratar de penal. Ex: garantias penais e mandatos de criminalização (racismo, terrorismo, tortura) 
DIREITO PROCESSUAL: Constituição manda criar defensórias publicas 
DIREITO DO TRABALHO: A CF traz amam matéria trabalhista, como por exemplo, Arts.6 ao 9. 
2. Do constitucionalismo da constituição e do poder constituinte: 
2.1 o constitucionalismo, o surgimento das constituições e conquista de direitos. 
Antecedentes das declarações:
- Idade media
- Fundamentação: direito natural. A fundamentação dessa trajetória se atrela as correntes de direito natural, ou seja, num direito inerente ao ser humano. 
- Experiência Espanha: 1188 – Leon e Castella (Rei Afonso IX – justiça e paz e seguranca)  Espanha contribui para o começo dessa estruturação. Naquele território ha experiências de aquisição de direitos por parte de uma determinada categoria, a figura do sujeito de direito foi sendo alargada durante o tempo.  já SE TEM UMA CONQUISTA DE DIREITOS, MAS O SUJEITO DESSES DIREITOS EH BASTANTE LIMITADO. 
> 1188 – Leon e Castella (Rei Afonso IX – justiça e paz e segurança): O rei afonso evita intervenções arbritarias na propriedade e patrimônio alheios.  O inicio dessa estruturação feudal era um período de sensação de insegurança, pois era um momento em que a queda do império romano se deu pela invasão de povos bárbaros. Tendo poder somente aqueles que tem propriedade ou exércitos bem formados.  O afonso IX promete então preservar a justiça, a paz e a garantir a seguranda e integridade física. 
 > Aragao: direitos de nobres (1265) – haviam direitos sendo reivindicados, mas os sujeitos que se beneficiariam seriam os nobres mais especificamente. Mais direitos são garantidos a nobreza, então. 
- Experiência Inglesa:
> Magna Carta (1215 – 1225) – Carta feudal: foi o documento que deu projeção a dinâmica da trajetória dos direitos fundamentais, a Inglaterra conseguiu perpetuar isso então teve destaque. A magna carta demorou 10 anos para ser concluída, e é uma carta que se atribui a origem dos direitos fundamentais mas não prevê uma universalidade desses direitos, eh de caráter feudal portanto. Joao sem terra – gastava sem maiores critérios e precisava arrecadar maiores impostos, isso fez com q houvesse uma pressão dos demais senhores para que se instituísse um limite a essa intervenção do príncipe na propriedade alheia e por isso a magna carta eh elaborada. Da um freio a atuação do prinpe joao sem terra.  Eh de fato uma carta feudal, mas que já prevê de forma mais forte a concepção de direitos fundamentais por conta do limite da atuação no patrimônio e a integridade física.  O abeas corpus, por exemplo, previsto na magna carta, com a impossibidade de prisão arbitraria, não eh respeitada mas esta prevista. 
> Petition of Rights: Parlamento (1628) pede reconhecimento de liberdades de direitos.  Comeco de uma negociação do parlamento em relação as atirbuicoes e competências do monarca. A monarquia inglesa não ganha aparência de monarquia parlamentar de uma hra p outra, então o embrião esta no sec 17, o parlamento já havia conseguido se instituir com o poder reduzido, mas consegue ter o reconhecimento de liberdades e direitos p homem livre.  
> Habeas Corpus Act: liberdade individual, evitar prisões arbitrarias.  Anos depois ha o habeas corpus, voltado para evitar prisões arbitrarias, contra reis e monarcas que eram autoritários, o direito de ir e vir passa a ser alvo de preocupação do parlamento.  Eh a implementação de direito que já estava previsto na magna carta.  O poder precisa de um limite AVASSALADOR ( um cara interessante, esculacho seu amante, eu eu sou sinistro, melhor q seu marido kk ).  
>  Bill of Rights (1688):  Parlamento inglês conquista supremacia O parlamento inglês consegue afirmar sua soberania e afasta a soberania do monarca. 
Obs. A Magna Carta está muito longe de prever uma universalidade na aquisição dos direitos, é meramente uma carta feudal. O que ela faz é dar esse freio na atuação do príncipe da época, limitando a atuação da integridade física e patrimônio. A Petition of Rights é a segunda declaração que também tem grande importância.
Declarações modernas: 
A diferença de estrutura entre as modernas e as antecedentes é que o marco da estrutura dessas declarações é de caráter de concessão por parte do soberano. Não é algo venha de baixo p cima e sim de cima p baixo. Ha pressões de baixo p cima, sim, direitos foram reivindicados, mas ha negociações.  As modernas, o marco esta nas declarações americanas, e por isso a estrutura é diferenciada (nas anteriores eram baseadas na inglesa). O colono inglês invade o território americano, ele primeiro foge do território inglês, é alvo de perseguição, não tem pretensão de levar com ele sua cultura inglesa, repudiando o direito inglês, pois é opressor. E esse sujeito então, tem a pretensão de fundar algo distinto, sendo os pactos iniciais chamados de pactos fundação, ou seja, acordos comuns entre as pessoas que vão habitar aquele território num primeiro momento. São pactos que dizem os limites do gestor daquela área e como as relações entre os indivíduos vão se dar.  
-  Mayflower Compact (1620) – nome de um dos navios que transportou colonos fugidosde perseguições políticas na Inglaterra. O pacto leva esse nome, pois foi feito no navio. Um pacto de respeito mútuo e mínimo que deve se ter nesse território novo, não entram em terra sem chegar a esse acordo comum, não ha um caráter de concessão. Ninguém concede nada, é um acordo. 
- Declaração de Direitos do Bom partido da Virginia (12/01/1776) – ela traz de forma mais profunda a organização administrativa do território da Virgínia, o seu arranjo político, a forma como as decisões públicas vão ser tomadas, etc. E além disso fala dos direitos individuais
 -Declaração de Independência americana ( 04/07/1776): ela tem uma estrutura semelhante a uma petição, primeiro exposta as violações cometidas pela Inglaterra, tem a cobrança excessiva de impostos, a expropriação da produção das colônias, violências que os soldados ingleses cometem contra a população. É uma refundação dos direitos naturais e não um desenho das funções de um determinado lugar. 
 Obs. sobre Constituição Americana (1787): tem 13 colônias que se constituem em 13 estados soberanos. Faz nascer primeiro texto constitucional, junta todos esses estados que eram soberanos (sem conexão), unindo-os. Os founding fathers (quem a redigiu) vão se preocupar em organizar aquele Estado, aplicando a tripartição dos poderes, ela vai dizer qual a função do Congresso Nacional.
 - Franca (1789): Declaração de direitos do homem e do cidadão – universalidade: no que diz respeito ao “homem” referencia ao que diz respeito às liberdades individuais, direito a vida, afirmação da propriedade, etc, e no caráter cidadão temos a afirmação de direitos políticos. A burguesia tinha poderes econômicos, mas não políticos, na revolução francesa. Eles reivindicam participação política.
 - Declaração de direitos do povo trabalhador e explorado (1918): a vida dos trabalhadores era muito precária, havia muita miséria. Aqui tá um marco dos direitos sociais, ela não afirma direitos individuais, ela é uma reivindicação de que é necessário ter certos direitos na área da saúde, do trabalho, etc. E o Estado passa assumir isso como compromisso seu. Aqui é a passagem de um estado que não interfere na área individual, pra um Estado que assume compromissos, prestações positivas, que tem que dar minimamente saúde e educação, e assim por diante.
-Constituição mexicana (1917)
-Constituição de Weimer (1919)
Divisão geracional dos direitos: 
Consiste em uma forma de classificar as diferentes categorias de direitos fundamentais, agrupando de acordo com suas características e também segundo o momento histórico em que elas foram elaboradas. A doutrina que pensa essa estrutura dos direitos fundamentais vai atrelar cada uma das gerações a uma parte do jargão da revolução francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 
-  1ª geração: Liberdades – hostilidades em relação ao poder: Os direitos fundamentais que surgem até o século 18 ficam atrelados a categoria das liberdades, então aqui se desenvolvem os direitos individuais, que dizem respeito às liberdades. O que caracteriza essa categoria de direitos é que eles são os que vão proteger o individuo da ação do poder, protegendo o patrimônio, propriedade, liberdade, de ações arbitraria do soberano. Essa é a primeira geração de direitos, é uma geração liberal, são direitos que estão atrelados ao surgimento do liberalismo. O Estado moderno surge com um poder muito forte nas mãos do monarca.
Há um hall bastante rico de direitos individuais na nossa própria Constituição. Dentro dessas liberdades há duas classificações: 
* liberdades – limite: Ex. art. 5 incisos II, III, IV, VI, VIII, X, XI, XII, XV, XXII, CF. Propriedade, de comercio, de indústria, pessoal. Diz respeito à possibilidade de você ter o seu negocio sem que isso gere problemas com o poder publico, dizem respeito à condição do individuo. Os exemplos mostram que o indivíduo pode fazer tudo que a lei não proíbe, e o Estado só pode agir através da lei (principio da legalidade); inc III mostra que o Estado não pode se comportar de forma criminosa, os presos precisam ter sua integridade preservada; IV manifestação do pensamento. 
 * liberdades – oposição: Ex. art. 5 XVI, XVII, XVIII,XIX . Imprensa, reunião, manifestação, oposições políticas. São as liberdades que vão tutelar a liberdade de expressão, possibilidade de se manifestar contra o poder se ele não estiver satisfazendo as necessidades de um determinado povo. 
Obs. Declaração Jacobina à resistência - A declaração jacobina previa o direito de resistência, a medida que o Estado não cumprisse a função dele. A nossa Constituição não tem esse direito propriamente dito, mas ela tem mecanismos de resistência à opressão estatal. Temos dispositivos que fazem menção a um freio de Estado, que são chamados de remédios constitucionais, como por exemplo, o Habeas corpus. Ex Art. 5o LXVIII, LXIX, LXXI, LXXII, LXXIII
 - 2a geração: Igualdade - direitos econômicos e sociais
Ex arts. 6o ao 11 / Título VII- ordem econômica / Título VIII- ordem social
O marco é a percepção de que os direitos individuais não são suficientes pra garantir uma vida digna pro ser humano, ela aponta pros direitos econômicos e sociais, porque se entende sem certas condições de vida digna os direitos sociais ficam comprometidos. 
*Estado deixa de ser inimigo – burguesia: O inimigo deixa de ser o Estado, na primeira etapa era o Estado, mas aqui é visto como a entidade que tem o dever e a capacidade de promover o bem estar. O inimigo aqui é a burguesia, ela precisa ser combatida e limitada. 
 * Tutela individual à tutela dos diretos sociais- Aqueles Estados que tentam acalmar os ânimos não vão chegar a esse grau de radicalidade, mas vão de fato estabelecer limites para o liberalismo. Será neste momento de limitação que surgira a concepção de direitos trabalhistas, sendo um dos maiores ganhos da segunda geração, previdência social: forma de redistribuição de renda, em uma dinâmica mais forte o indivíduo falando propriamente na concepção comunista, vai ser tutelada na medida em que os direitos sociais são prioridades. 
*Da igualdade formal pra igualdade material- Nos direitos individuais havia a igualdade formal, que é a igualdade dada pela lei. A classe burguesa detinha poder econômico, mas demorou pra conquistar o político, então havia um desnível nesse tratamento, e esses privilégios acabam com a igualdade formal (por isso ela é importante), mas ela não é suficiente. A igualdade material é a igualdade de fato, igualdade de condições (são promovidas através ações afirmativas, que são políticas publicas pra resgatar um grupo de uma situação ruim, com medidas compensatórias, como cotas, etc.). A igualdade formal por si só acaba gerando conflitos, e as ações afirmativas devem ser provisórias até promover a igualdade material. 
 - 3a geração: Fraternidade- ex art 225 CF
 * solidariedade social - Fraternidade foi depois traduzida como solidariedade social. É uma concepção geracional de direitos. São direitos que uma geração a partir de agora não poderá ter uma situação pior, as próximas terão direitos melhores e mais desenvolvidos. Há o compromisso de passar um território preservado e não piorado, pra uma geração futura. São os direitos difusos e coletivos. É uma tentativa de frear a degradação, etc. A crítica dessa concepção é que ela pode gerar certa resistência na implementação de alguns desses direitos, e é como se houvesse um direito mais importante que outro. Então por mais que a constituição consagrassem os direitos de 2a geração eles são como o patinho feio dos direitos fundamentais, porque não demanda esforço pra serem implementados, é como se a primeira geração fosse mais relevante. Então o olhar pra essa concepção tem que ser critico no que se refere que a geração só diz respeito à evolução histórica, e não a qual é mais importante. Todos eles são igualmente direitos fundamentais, todos são essenciais pro pleno desenvolvimento humano.
*paz, desenvolvimento, patrimônio comum, meio ambiente.
2.2 Constituição: conceito, supremacia, tipologias e elementos:Pluralidade de significados: “forma de ser das coisas”: O conceito de Constituição também não é livre de disputas porque a função da Constituição é alterada ao longo do tempo. Ela surge primeiramente com objetivo de desenhar o Estado, mas, hoje em dia ela vai muito além do desenho dos poderes e da mera organização estatal (Não ocorre somente na CF brasileira mas tb. com grandes Constituições europeias). Há, portanto, uma característica fundamental que é a pluralidade de significados/ sentidos do termo Constituição. Em ultima instância, em uma definição bem simples pode-se entender Constituição como forma de ser da coisa, no caso, Estado. 
- Em relação à definição do termo há tanto um sentido material quanto formal em termos jurídicos. Isto é: 
*sentido material: O sentido material de constituição em termos jurídicos diz respeito às normas que tipicamente compõe o texto de uma constituição (por isso a americana é muito importante, porque ela da os moldes), é a constituição que define as competências, relação entre poderes, organização do Estado, carta de direitos fundamentais.
*sentido formal: O sentido formal diz respeito a matérias que não são tipicamente constitucionais, mesmo elas sendo normas constitucionais de fato (estão na constituição), mas não são estudadas pelo direito constitucional. Isso ocorre com as constituições que incluem no seu texto matérias que não são tipicamente constitucionais, mas que por estarem ali passam por todo o procedimento de qualquer outra norma tipicamente constitucional, por ex a do colégio Pedro II (sofrem com a mesma rigidez constitucional de todos os outros dispositivos, etc).
 -  Definições clássicas: 
*Lassalle: sentido sociológico – “fatores reais do poder” faz, em termos centrais em seu argumento, descreve como é a dinâmica de poder, qual o papel interventivo do monarca, da aristocracia, dos banqueiros, dos operários, etc. Pra ele a constituição é retrato dessas relações sociais, e por isso ele dá origem ao sentido sociológico da Constituição. A constituição perdura quanto mais ela se aproximar do retrato dos fatores reais de poder. A dinâmica dos fatores reais do poder é presente na nossa realidade jurídica, e ela inclusive redige leis (CN), tendo uma influencia direta no congresso nacional, por ex também as famílias que controlam os ônibus no RJ. Então a análise do lassalle expõe essas relações que ditam os rumos até da próxima Constituição. não temos que olhar pra essa dinâmica dos fatores reais do poder de forma pejorativa, mas temos que identificar isso como algo próprio do jogo democrático e tentar nos constituir em fator real de poder. 
*Carl Scmitt: sentido político – decisão política fundamental. Pra ele constituição é nada mais nada menos do que uma decisão política fundamental, o que vem dela tem que ser aceita e incorporada m. O momento de uma assembleia constituinte é uma decisão fundamental, porque você elabora um projeto que vai perdurar por muito tempo. 
*Kelsen: sentido jurídico à Constituição = norma pura “dever ser”. Trata a constituição como um dever ser que se instaura, uam circunstancia momentânea, que não é o mesmo sempre a medida que os povos mudam, evoluem etc, são valores sociais que permeiam uma dada constituição histórica.
* Hesse: força normativa da Constituição. Pra ele a constituição também é um retrato da realidade, mas ela também deve ser um projeto a ser implementado nessa sociedade. Ele acha que a sociedade precisa ser transformada, modificada, melhorada. É a constituição tentando produzir impacto na sociedade, isso  a forca normativa.
Tipologias:
 a) Quanto ao tamanho:
 - Sintética: – é a constituição bastante sintética, não pretende esgotar os temas, apenas dar o mapa de como vai ser aquele Estado. 
 - Analítica: a  constituição analítica tem muito mais volume, é a nossa constituição. 
 b) Quanto ao conteúdo (como o conteúdo está desenhado): ele está em legislações soltas mas que versam sobre matérias constitucionais, ou estão formalmente em um documento e inclui outras matérias?
 - Constituição material – matérias típicas, escritas ou não. Fazem referencia às constituições que trazem um conteúdo típico de constituição, tópicos que diem respeito à constituição. Elas não precisam estar num único documento, pode ser um conjunto de normas, de legislações, mas que trazem conteúdo típico de uma constituição. ex: constituição inglesa- não se encontra amarrada num único documento normativo, é uma coletânea de legislações e praticas que vão desenhar a divisão de poder da monarquia parlamentarista inglesa. Pode ser escrita ou não (pode ser costumeira, ex parlamentarismo inglês é pura prática).
 - Constituição formal – modo de existir do Estado traduzido à forma escrita.Diz respeito ao modo de existir do Estado traduzido de forma escrita, formalizada em um documento. Vai necessariamente se traduzir de forma escrita, e inclui todo tipo de matéria, constitucional ou não, basta serem englobados a ela. Ex: colégio Pedro II
 c) Quanto à forma: 
 - Escrita – documento solene. A constituição escrita diz respeito a um único documento solene, ex nossa constituição. 
 - Não escrita – sem documento único. Não significa que o Estado não tenha constituição, apenas que ele não tem um único documento chamado constituição, mas tem uma serie de legislações que compõe a constituição material.
 d) Quanto ao modo de elaboração (aqui o foco é o momento da redação do texto)
 - Dogmática – órgão constituinte, escrita, ˜de um só jato˜. É posta por um órgão constituinte, que tem a função de, naquele momento específico, elaborar uma constituição. o período de elaboração dessa constituição é detectado (começo e fim), ela é feita de uma vez só,  e sempre resulta num documento escrito.
 - Histórica – práticas, legislações, costumes, não conseguimos identificar o período preciso de elaboração do seu texto. Ex normas constitucionais da Inglaterra começam no século 16, passam pelo 17, etc e é feita no decorrer do tempo, não tem um momento de elaboração precisa, nem inicio nem fim. É conjunto de legislação, práticas, costumes constitucionais. 
 e) Quanto à origem: Fundamentação do poder constituinte
 - Outorgada- são constituições postas por um governo autoritário, então ela é elaborada afastada do povo, daquilo que o povo pretende, e por isso é criticada. Ela é imposta, de cima pra baixo. Na nossa experiência constitucional temos nossa estreia na constituições como outorgada, a de 1924, 1937, 1967.
 - Promulgada- É posta pro representante do povo, é permeada pelo principio de democracia. 1891, 1934, 46 e 38.
 - Cesarista/ bonapartista- É uma constituição feita de forma autoritária, que tem uma pretensão de ter algum tipo de respaldo popular, então é o fato de uma figura muito autoritária, que elabora uma constituição de acordo com seus interesses sem uma participação popular, mas pra disfarçar isso, coloca no final do texto um apoio popular. Por exemplo, 1937.
 f) Classificação de Loewenstein: com base no que foi a discussão de teoria da constituição em relação ao conceito de constituição, pensando no argumento do Lassale e do Hess. 
- Nominal: constituição que traz uma realidade constitucional que eh radicalmente distinta da social. Seria um Estado que tenha uma carta de direitos fundamentais fantástica, mas quando se olha pra realidade daquele Estado percebe-se que o que ha eh uma ditadura de fato. Isso eh uma constituição nominal, só tem nome. Ela é vazia, não tem adequação com a experiência social. 
- Semântica: oposto da nominal. Constituição que só descreve a realidade como é, então se um determinado estado vive um poder autoritário, essa constituição se da só ao trabalho de descrever a realidade desse estado, não se preocupa com nenhum tipo de alteração da realidade. Assume que é um estado autoritário, ou que não tenha preocupação nenhuma com as questões sociais. 
- Normativa: reconhece os fatores reais do poder, incorpora no seu texto, reconhece que tem muito a ser alterado na determinada realidade, mas vai trazer mecanismosde intervenção e alteração dessa realidade. É um projeto normativo, edita novos rumos para alterar a realidade. Ela não se conforma só em descrever essa realidade, tem um projeto a ser implementado. Traz institutos, ações diretas e etc. Ex. Const de 88 
 g) Quanto à estabilidade:
 - Rígida: aquela constituição que prevê mecanismos de alteração do texto constitucional, mas mecanismos específicos, por que são mais custosos. Art. 60 CF – emendas permitidas da Constituição. 
- Flexível: podem ser alteradas sem exigência de formalidade, ou seja, altera como se fosse uma lei ordinária o que causa problemas por que esvazia-se o sentido da Constituição. 
- Semi rígida: constituições que teriam uma parte alterada de forma especial e outra como se fosse lei ordinária. As normas que seriam tipicamente de conteúdo constitucional seriam tutelados pela rigidez, então para serem alterados contariam com procedimento mais custoso. Mas trazendo normas que não são típicas do direito constitucional, não seriam tuteladas com rigidez. O próprio documento constitucional cria hierarquia entre suas normas. Não é o caso da constituição de 88. 
- Superrigida: não permitem alteração nenhuma ou também seria caracterizada como tendo um núcleo duro que não pode ser esvaziado e nem tocado. Ex. Clausulas pétreas – conteúdo que não pode ser retirado nem por emenda a constituição, estão previstas no Art. 60 pgf 4.  
Supremacia Constitucional: 
O fato de a constituição estar no topo do nosso ordenamento jurídico, é uma questão de afirmação do principio democrático. 
*afirmada pela rigidez – dela decorre a supremacia , coloca a supremacia em termos formais. 
 *constituição: validade do sistema 
Elementos da Constituição
1. ORGÂNICOS: Estrutura do Estado e do poder. Os elementos orgânicos dizem a respeito as normas mais tradicionais de uma CF, elementos que diz distribuição do poder, competências. Vão desenhar o Estado. Essas normas no nosso texto constitucional estão concentradas em algumas partes como titulo lll, IV, V, cap. ll e lll, titulo VI. 
2. LIMITATIVOS: Direitos e garantias, nacionalidade, direito políticos. Restrições ao poder - Estado de direito. São freios em relação a ação interventiva do Estado no cidadão, não intervenção em termos técnicos, limitativo no sentido do freio que o Estado tem que tem em relação a sua capacidade de interferir e gerir a vida individual. Elementos limitativos do poder. Pq diz respeito a garantia que aquele individuo vai ter a tutela de algum ordenamento especifico (nacionalidade). Direitos políticos consistem em um elemento limitativo pq se garante que a cidadania não vai ser excluída por um ato autoritário do soberano. Ex: art. 5 CF, art. 14 CF, art. 15 
3. SOCIO IDEOLÓGICOS: Compromisso da Constituição Liberal/Social. Basicamente auto explicativo, ou seja, significa os dispositivos normativos que fazem referencia ao alinhamento ideológico que aquela Constituição assume. No nosso caso temos uma CF bastante plural em termos de fartura de opções políticas, então nossa CF vai acabar uma serie de compromissos aparentemente antagônicos, mas que devem ser compostos. Ela tutela a propriedade, mas atribui essa a sua função social (Exemplo). Então, diz a respeito ao compromisso de uma CF ou com uma cara mais liberal ou voltada mais para o social. Exs. Cap ll do t, tll (direitos sociais); tit. Vll e Vlll - ordem econômica e social. 
4. Estabilização constitucional; solução de conflitos constitucionais, defesa da Constituição e Estado, e instituições democráticas. São dispositivos que na verdade vão ser postos para dar conta de solucionar conflitos constitucionais para fazer voltar uma sensação de segurança no ordenamento jurídico. Exemplos de dispositivos que tratam da situação de intervenção na União no Estado, instituto do estado de defesa e estado de sitio, e também dispositivo normativo que trata da competência do STF para julgar ações diretas de inconstitucionalidade. Toda vez que se gera um questionamento da constitucionalidade da lei cria uma insegurança no nosso ordenamento jurídico. O elemento de estabilização vai ser tanto no sentido jurídico quanto no sentido mais bruto mesmo. Exs. art 102 l, ARTS. 34 A 36, 102 E 103 CF. Defende a ordem posta pela Constituição, manutenção da segurança do ordenamento jurídico. 
5. Elementos formais de aplicabilidade: São dispositivos normativos que vão trazer a regra de aplicabilidade das normas constitucionais. Ex. Art 5, parágrafo l 
Ato das disposições constitucionais transitórias (ADCT) - São regras de transição entre os ordenamentos jurídicos, qualquer tipo de transformação no ordenamento exige que sejam elaboradas algumas normas para regular adaptações no sistema. Ex: Quando mudou de CC, teve um ano de lapso temporal, nesse tempo houve regras de adaptação de decorrer do tempo prescricional. ADCT, art 5, paragrafo l CF.
2.3 Poder constituinte: origens do conceito, poder constituinte e poder de reforma. Os limites do poder de reforma.
- “Definição”: Poder de criar e poder modificar a constituição, organizando o Estado, garantindo direitos fundamentais e delimitando o exercício de poder político, que emerge do próprio povo, o qual tem direito de definir os rumos da nação. 
-  Atos jurídicos infraconstitucionais – legalidade/ Constituições – legitimidade: Todos os atos jurídicos que estão abaixo da constituição se preocupam em atender ao principio da legalidade, então devem ser produzidos segundo a ei. Em termos materiais, o que dá a potencia de uma constituição não é a legalidade (ela ser produzida nos moldes da constituição anterior), até porque eles mudam de acordo com as constituições (processo de produção de leis, etc). O que torna uma constituição apta a ser chamada como tal é a legitimidade, ou seja, uma adesão popular a esse novo projeto de ordem constitucional e de ordem jurídica.
- Momentos de eclosão do poder constituinte originário: Poder constituinte originário é aquele que cria a constituição. Então, para ser efetivamente poder constituinte, deve vir do povo, o Estado deve ser democrático (uma constituição outorgada, por óbvio, não tem poder constituinte - não adianta mandar para o Congresso, já que o Congresso não recebeu voto para ser poder constituinte). Só em democracia tem-se poder constituinte. Titular: o povo. Só o povo pode determinar os rumos da nação, o que o faz elegendo representante para exercer o poder constituinte, reunindo-se em assembleia nacional constituinte. Mesmo quando não há assembleia nacional constituinte formada, o poder constituinte pertence ao povo, em estado de latência. O poder constituinte manifesta-se em momento de ruptura com a ordem institucional establecida, em momento revolucionário. 
Não significa que qualquer revolta enseja a criação de uma assembleia nacional constituinte. 
O poder constituinte originário é soberano, inicial, incondicionado e ilimitado.
x Soberano, já que é legítimo para criar os poderes, limitar os poderes políticos, garantir os direitos fundamentais, organizar o Estado. Não é um poder que deva obediência a nada, nem à constituição em vigor, já que a substituirá. 
x Inicial, já que é o primeiro dos poderes, cria todos os demais, refunda o Estado. Tudo se inicia a partir dele. 
x Incondicionado, justamente por ser soberano. Não está sujeito a termo ou condição. Não há prazo para que acabem os trabalhos. 
x Ilimitado (duas críticas e críticas às críticas), por ser um poder soberano, pode reestabelecer a ordem da maneira que entender mais adequada, melhor. 
O poder de reforma é chamado de poder constituinte derivado (ou poder constituinte reformador). É o poder de modificar a constituição. Mas é, realmente, poder constituinte também? Ou somente poder de reforma? Há posição bem minoritária que afirma que o poder constituinte é um só, que é aquele poder inicial, soberano, ilimitado e incondicionado, que cria a constituição. Os outros poderes seriam somente derivados. Somente o Congresso nacional altera a Constituição. Mas o Congresso Nacional não é um poderconstituído? A maioria, entretanto, entende que o Congresso exerce um poder constituinte derivado, o qual lhe foi conferido pela própria assembleia nacional. 
x Secundário - Deriva do poder constituinte originário.
x Condicionado - Condicionado ao que foi determinado pela assembleia nacional constituinte. 
x Limitado - Não detém poder para fazer as alterações que bem entender. Deve seguir um procedimento extremamente rigoroso. 
Titular: os representantes do povo (Congresso Nacional - Câmara e Senado). Não existe sanção, ou veto, à proposta de emenda à constituição. O poder de alterar a constituição pertence exclusivamente ao Congresso Nacional. O presidente não tem poder de veto sobre proposta de emenda. Há diferença marcante quanto à assembleia nacional constituinte vez que o Congresso, ao contrário daquela - que tem obrigatoriedade de legislar -, não é obrigado a efetuar alterações ou editar novas leis. O Congresso Nacional, uma vez eleito, exerce o poder legislativo, que tem por funções típicas legislar e fiscalizar o poder executivo. O art. 59 da CF lista atos normativos primários que podem ser elaborados pelo Congresso. 
Limitações do poder constituinte derivado (art. 60, CF): 
- Quanto à iniciativa: Art. 60 - A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
Atenção: requisitos relacionados à proposta, e nâo à votação.
(i) Um terço dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
(ii) Presidente da República; 
(iii) Mais da metade das Assembleias Legislativas (poder legislativo estadual) das unidades da Federação. Os poderes legislativos estaduais, em conjunto, apresentam proposta de emenda ao poder legislativo da União. Maioria relativa é sinônimo de maioria dos presentes. 
Mas qual é a razão do art. 60, III? Qual é a racio?
R. Os deputados estaduais têm o poder de propor emenda à constituição devido à necessidade de respeito ao princípio federativo. Os Estados devem deter o direito de participar da formação do Estado Nacional, devem ter a sua autonomia respeitada A racio, portanto, é o princípio federativo. (O Senado é outra forma que os Estados têm para participar da vontade nacional).
Pode haver uma proposta popular de emenda à constituição (PPEC)? 
Art. 61 - A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
Entretanto, tal dispositivo está relacionado a leis complementares e ordinárias, pelo que o entendimento majoritário é de que não há a possibilidade de iniciativa popular apresentar proposta de emenda constitucional. O entendimento minoritário, por seu turno, relembra que o povo é titular do poder constituinte originário e, portanto, não tem sentido não deter poder de apresentar proposta de emenda. 
- Limitação circunstancial:
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
Em determinadas circunstâncias a constituição não pode ser emendada.
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
 - Limitação circunstancial:
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
A Constituição não poderá ser alterada nas seguintes circunstâncias:
(i) intervenção federal - É uma exceção no modelo federativo. A regra é a autonomia dos entes federativos (art. 34 da CF). A intervenção da União nos Estados e no Distrito Federal só é permitida nas hipóteses elencadas no artigo mencionado.
(ii) estado de defesa - ''Art. 136 da CF. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente reestabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.'' 
(iii) estado de sítio - Arts. 137 a 139 - ''Art. 137 - O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de: I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.'' Três hipóteses, portanto.
A constituição não pode ser alterada em períodos de instabilidade, anormalidade, já que há possibilidade de aproveitamento, pelo Presidente da República, de aumentar seus poderes em períodos de instabilidade. A Constituição já fornece elementos suficientes para que o Presidente faça que a República retone à ordem em períodos de crise.
Esse parágrafo é o que se chama de sistema constitucional das crises.
Limitações procedimentais, ou limitações formais:
Relacionadas à forma, procedimento de alteração do texto constitucional. Como que altera?
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.(No caso de emenda, não há sanção ou veto, a proposta se torna emenda após a última votação realizada na casa revisora. Como se limita o poder político, não há porque submeter a emenda ao crivo do chefe do executivo.)
Há, portanto, uma casa iniciadora e uma casa revisora. Deve haver 3/5 de aprovação em cada turno e em cada casa. 
x Se a proposta é apresentada por 1/3 da Câmara dos Deputados, a casa iniciadora é a Câmara e a casa revisora é o Senado (vice-versa).
x Se a proposta é apresentada pelo presidente (eleito pelo povo), a casa iniciadora é a Câmara (representantes do povo). Art. 64. 
x Se a proposta é apresentada por mais da metade das Assembleias Legislativas, a casa iniciadora é o Senado e a casa revisora é a Câmara.
Por que o constitunte estabeleceu a necessidade de dois turnos? Tempo para reflexão! A Constituição é a norma maior, norma que garante a democracia, que organiza o Estado, limita os poderes políticos e garante direitos individuais, pelo que é necessário que haja um intervalo para 'pensar'.
Quando a lei é sancionada, é comunicado ao povo que a lei existe, promulgar a lei está no plano da eficácia, sancionar está no plano da existência. Normalmente quem sanciona é que promove a promulgação.
Para proposta de emenda não há sanção ou veto. Não se pergunta ao detentor do poder político se ele concorda ou não, vez que a própria Constituição serve para delimitar poderes políticos. 
- Limitações temporais (dentro dessaslimitações de forma): Há uma limitação que impossibilita que em determinado lapso temporal a constituição seja emendada. A de 1824, p. ex. vedava a alteração nos 4 primeiros anos de vigência. A assembleia nacional constituinte é que define se existirá tal limitação. 
De acordo com a CRFB de 88, só há limitação temporal para revisão constitucional. 
Para reformar o texto constitucional, o constituinte pensou em dois mecanismos, (i) o das emendas (art. 60), para o qual não há limitação temporal à apresentação de uma PEC e (ii) o da revisão constitucional (art. 3º do ADCT - Ato das disposições constitucionais temporárias - A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.) A revisão constitucional poderia alterar todo o texto da Constituição de uma forma mais fácil que a emenda. Então, nesse art. 3º há, sim, limitação temporal. 
Atenção: formaram-se duas posições com relação à revisão constitucional realizada em 1994. O art. 3º deve ser lido em consonância com relação ao art. 2º. A ideia de colocar a revisão após 5 anos seria atrelada ao art. 2º. O Supremo, entretanto, firmou posição no sentido de que a revisão não dependia do resultado do plebiscito. Se assim fosse, seria colocado um parágrafo no artigo 2º. Assim, os dispositivos são independentes. A revisão foi feita em 1994, produzindo seis emendas constitucionais de revisão.
Limitações materiais
Emendas podem ser declaradas materialmente inconstitucionais.
DIspositivos infraconstitucionais serão inconstitucionais quando violam a Constituição. Emendas constitucionais serão inconstitucinais quando violarem cláusula pétrea, não necessariamente texto da Constituição. Por óbvio que a emenda irá dispor de forma contrária ao texto constitucional, mas não poderá violar cláusula pétrea.
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
Esses quatro pontos constituem os alicerces do Estado Democrático. 
Federação não pode ser abolida devido ao tamanho do país, à necessidade de limitação do poder. Voto direto, secreto, universal e periódico é imprescindível a uma democracia representativa. Da mesma forma, não há como haver democracia sem separação de poderes. Tambpem não há Estado Democrático se o governo retirar dos indivíduos os direitos individuais destes.
Chamada "Ditadura dos mortos sobre os vivos", já que, mesmo que aqueles que elaboraram a Constituição estejam mortos, as cláusulas pétreas deverão ser respeitadas, já que constituem caracterísitcas basilares do Estado Democrático de Direito. Há comparação com a Odisseia, de Homero, em que o acordo feito no passado garantiu a vida à tripulação inteira (marinheiro sabia que pediria para ser desamarrado para ir atrás da sereia, o que ocasionaria a sua morte). 
Defender as cláusulas pétreas é fundamental ao Estado Democrático de Direito.Pena de morte e prisão perpétua, por exemplo, não podem ser instituídas. Violam, nitidamente, cláusula pétrea.

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