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Amizade segundo Aristoteles

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Centro Universitário Padre Anchieta 
Engenharia de Produção e Mecânica 
Ética e Práticas Sociais 
 
 
 
 
Ética à Nicômaco 
Aristóteles 
Sobre Amizade 
 
 
Camila Spinacé 
Douglas R. Silva 
Lucas Eduardo da Silva 
Vinícius Matheus S. 
Soares 
Vitor Hugo B. Ferreira 
 
 
 
Jundiaí 
2016 
Índice 
Introdução .......................................................................................................... 3 
Amizade ............................................................................................................. 4 
A amizade no contexto da divisão das ciências aristotélicas ............................. 4 
As três espécies de amizade .............................................................................. 6 
Amizade Baseada na Utilidade .......................................................................... 7 
A amizade centrada no prazer ........................................................................... 8 
Amizade ideal e perfeita ..................................................................................... 8 
Particularidades da Amizade ............................................................................ 11 
Conclusão ........................................................................................................ 13 
Referências ...................................................................................................... 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
Aristóteles em Ética à Nicômaco discorre sobre as virtudes humanas, a 
necessidade do equilíbrio entre os vícios da falta e do excesso, cuja estão 
relacionadas intrinsicamente à felicidade. Dentro deste contexto, encontramos 
a amizade, a virtude necessária no compartilhamento da felicidade. 
Segundo o filósofo, a amizade além de necessária, é nobre. Pensa-se 
que a bondade e a amizade caminham juntas. Portanto, uma condição para a 
existência da amizade se dá pelo conhecimento de uma a outra pessoa que 
desejam entre si o bem. 
Contudo, Aristóteles acrescenta que deve existir mais de uma forma de 
amizade, no caso, estão destacadas em seu livro três espécies, sendo o que é 
bom, ou o agradável, ou útil. 
Destes três objetos nascem três espécies de amizade. Encontra-se em 
situação de superioridade aquela que é motivada pelo bem, pois é duradoura. 
Enquanto a agradável está relacionada aos jovens e a terceira parece existir 
principalmente entre as pessoas idosas, pois nesta idade buscam não o 
agradável, mas o útil. Nestes tipos de amizades as pessoas buscam seus 
próprios interesses para terem alguém que lhes proporcionem prazer ou 
alguma utilidade. Não ama o amigo por ele mesmo, mas na medida em que ele 
pode proporcionar algum bem, utiliza a amizade para conseguir outra coisa, de 
modo que o amigo é tido como um meio; não como um fim. O verdadeiro 
amigo quer as coisas para as pessoas a quem ele ama, o amigo por acidente 
as quer para si. 
 
Portanto, serão abordadas essas três situações de amizades propostas 
por Aristóteles. Deseja-se uma boa leitura ao receptor. 
 
 
 
 
 
 
 
Amizade 
A palavra amizade pode ser definida facilmente através de um 
dicionário, o Aurélio traz como feição recíproca entre dois entes. Mas de certo, 
a amizade não pode ser limitada apenas a essa característica. Esta abrange 
inúmeros sentimentos, como confiança, amor, respeito, no entanto, também 
pode existir a empresa, o interesse. 
De certo, a amizade deve ser boa para ambos, o qual há comunicação e 
afetuo. Não existe uma regra específica para a amizade, apenas uma relação 
emocional entre duas pessoas. Sendo um dos elos interpessoais mais comuns 
que a maioria possue ao longo da vida. A ligação pode surgir em questão de 
minutos, entretanto, outras podem levar anos. Fazendo, assim, uma divisão no 
circulo de amizade, os melhores amigos, os bons e, por fim, os colegas. É 
comum ouvir que durante a vida teremos poucos amigos verdadeiros, e estes 
poderão ser contados em apenas uma mão. 
A amizade, em seu sentindo íntegro, relaciona-se a dar algo sem 
esperar nada em troca, faz com que exista a prática do amor. A relação auxilia 
na autoestima e autoconfiança, além de melhorar a interação e o 
desenvolvimento com outras pessoas. 
 
A amizade no contexto da divisão das ciências aristotélicas 
 
Aristóteles foi responsável pela sistematização do conhecimento e pela 
divisão dos campos de saber. As ciências são, pois, divididas em três grupos: 
as ciências poiéticas, as ciências práticas e as ciências teoréticas. Uma das 
principais formas de distinguir os campos do saber é oriunda no télos (o que é 
perfeito), ou seja, da finalidade, pois cada ciência visa um diferente fim, tem 
como objeto de análise diferentes matérias e, dessa forma, devem ser 
distinguidas e consideradas de acordo com os próprios critérios. 
 
 As ciências práticas são referentes às ações que têm seu início e seu termo no 
próprio sujeito agente. São as ações morais. 
 
 As ciências poiéticas são relativas às ações, que têm seu início no sujeito, mas 
são dirigidas a produzir algo fora do próprio sujeito. 
 
 As ciências teoréticas são diferentes, porque não se referem à ação nem à 
produção, mas têm como fim o puro conhecimento como tal. 
A amizade segundo Aristóteles pode ser inserida no contexto da divisão 
das ciências aristotélicas através da área do conhecimento das ciências 
práticas, constituídas pela Ética e pela Política (elementos que constituem a 
Moral). O intuito dessas ciências é buscar o saber em função de uma conduta 
apropriada para o individuo, enquanto sujeito moral e membro da comunidade 
politica. 
A benevolência, esta se baseia no bem para o outro, somente no bem. 
Segundo esta característica vem à reciprocidade, o desejo de ser bem 
correspondido nas relações afetivas. Escreve Aristóteles “Para que as pessoas 
sejam amigas, deve-se constatar que elas têm boa vontade recíproca e se 
desejam bem reciprocamente” 
Finalmente, o bem querer, a busca do bem em si mesmo, não como 
meio, mas como fim. O que fundamenta a amizade é o bem querer: “E, quando 
duas pessoas se amam, elas desejam bem uma à outra referindo-se a 
qualidade [amor mútuo] que fundamenta a sua amizade” 
Parece que, nesta frase, Aristóteles procura definir a amizade. Cícero, 
ao definir a amizade, assim se expressa: “A amizade é uma suma harmônica 
nas coisas divinas e humanas, com benevolência e amor. Dons tão grandes, 
que não sei se os Deuses concederam [exceto a sabedoria] outro maior aos 
mortais” (CÍCERO, Diálogo sobre a amizade. Trad. De José Perez. São Paulo: 
Cultura Moderna, [s.d.], p. 37). 
Aristóteles, ao analisar a natureza da amizade, enuncia que ela é uma 
excelência mortal ou virtude, tornando-se uma atividade filosófica e 
extremamente necessária a vida. Nenhum indivíduo gostaria de passar a vida 
inteira sem amigos, mesmo possuindo todos os bens tangíveis. A amizade nos 
ajuda a encontrar mais sentido à existência e se afastar dos vícios quando 
jovens. E quando mais velhos, ajuda a ocupar melhor o tempo, além de manter 
ativos os laços de união em quaisquer períodos da vida. Uma das coisas mais 
nobres é ter amigos, sendo que a amizade e a bondade se encontram, nos 
mesmos homens. Assim a amizade verdadeira necessita de desejo e 
intimidade, mas sempre orientada pela razão, que fornece aos desejos o 
equilíbrio necessário. 
As três espécies de amizade 
Após considerações sobre caráter e sentimentos dos homens, 
Aristóteles levanta três questões: Se a amizade pode se manifestar em 
quaisquer pessoas? Se as pessoas más podem ser amigas? E seexiste 
somente um tipo de amizade? 
Em função ao bem querer do individuo a amizade se dividiu em três 
espécies, levando em consideração os valores buscados, ou seja, as coisas 
que os homens amam e pelas quais desenvolvem as formas de amizade: pelo 
útil, pelo prazer e pelo bem. Com base nos valores buscados a amizade 
dividiu-se da seguinte forma: 
1. Amigos por causa da utilidade – “Ora, os que se amam por causa de sua 
utilidade não se amam por si mesmos, mas em virtude de algum bem que 
recebem um do outro” (EN VIII, 3, 1156 a 10-11); 
 
2. Amigos por causa do prazer – “[...] dos que se amam por causa do prazer; não 
é devido ao caráter que os homens amam as pessoas espirituosas, mas 
porque as acham agradáveis” (EN VIII, 3, 1156 a 12-13); 
 
3. A amizade dos bons e iguais na virtude – “A amizade perfeita é a dos homens 
que são bons e afins na virtude, pois esses desejam igualmente bem um ao 
outro enquanto bons, e são bons em si mesmos” (EN VIII, 3, 1156 b 6-7). 
 
Amizade Baseada na Utilidade 
 
 A amizade segundo a utilidade é estabelecida pelo bem que uma pessoa 
pode receber da outra. As pessoas envolvidas neste tipo de relação não se 
gostam e se respeitam por causa do seu caráter, mas sim por interesse. 
 
Tanto a amizade segundo o prazer, quanto a amizade segundo a 
utilidade, são passageiras, ou seja, terminam facilmente. Isso ocorre quase 
sempre que uma das partes não serve mais ao interesse da outra, deixa de ser 
útil ou agradável. Por essa razão, quando desaparece o motivo da amizade, 
esta se desfaz, pois existia apenas como um meio para se chegar a um fim. 
 
 Podemos encontrá-la, por exemplo, nas relações de trabalho entre os 
funcionários de um escritório, empresa, em uma equipe ou grupo que luta por 
um objetivo. Essas pessoas, não se gostam ou se respeitam e não desejam a 
companhia umas das outras, mas mantêm uma relação de amizade porque 
isso resultará em algum benefício. 
 
 Porém a amizade que visa à utilidade traz sempre muitas queixas, todos 
querem sempre sair ganhando, e sempre acham que saíram prejudicados, e 
então falam mal uns dos outros. 
 
Os homens maus possuem amizades apenas segundo o prazer ou a 
utilidade, nunca tendo uma amizade sincera. Já os homens bons, apesar de 
também poderem ter relações segundo o prazer ou a utilidade, são os únicos 
que podem ter uma amizade baseada na virtude. Assim fica claro a relação 
entre ética e amizade. 
 
 
 
 
A amizade centrada no prazer 
A amizade baseada no prazer é aquela que se ama por conta do prazer. 
Podemos considerar como uma amizade transitória, pois só dura enquanto 
houver algo de prazeroso, ocorre quase sempre se uma das partes não 
permanece como era no inicio da amizade. É o caso dos amantes, cuja 
amizade desaparecerá por não haver uma amizade do desejo comum do bem 
e nem uma convivência que os leve a amar o caráter um do outro pela 
afinidade entre eles, além do prazer que um proporciona ao outro. Essa 
amizade é geralmente encontrada nas classes mais jovens, pois esses vivem 
buscando emoções. 
A amizade, quando baseada no prazer, é um meio para se chegar a algo 
e tem apenas valor instrumental, ou seja, serve apenas de auxilio. Nessa 
amizade todos podem ser amigos de todos, os bons podem ser amigos dos 
maus e os maus amigos dos bons, mas nessa também há a dificuldade de 
detectar se o amigo é virtuoso ou não. 
As amizades que buscam o prazer e a utilidade ás vezes se parecem 
com a amizade dos que desejam o bem comum, pois as coisas boas também 
dão prazer e são úteis. Podemos dizer que a amizade representa a realização 
da essência humana. 
Por fim, a amizade por causa do prazer é aquela que busca 
exclusivamente alcançar o agradável. 
 
Amizade ideal e perfeita 
 
A amizade perfeita é aquela que existe entre homens que são bons e 
semelhantes na virtude, ou seja, há a reciprocidade de caráter e de objetivos, 
consequentemente portará a tendência de ser perene. Sua exigência peculiar 
resume-se em tempo e intimidade e a verdadeira amizade é invulnerável a 
calúnia. 
 
Mas a amizade segundo a virtude, ou a amizade perfeita, como a chama 
Aristóteles, é perfeita “tanto no que se refere à duração quanto a todos os 
outros aspectos, e nela cada um recebe do outro, em todos os sentidos, o 
mesmo que dá, ou algo de semelhante.”. 
 
Neste tipo de amizade, as pessoas querem o bem uma da outra. Esses 
homens que são assim amigos buscam verdadeiramente o bem do seu 
semelhante, e isso pelo simples fato de serem bons. Eles “serão amigos por si 
mesmos, isto é, por causa de sua bondade.”. 
 
Os homens maus têm amizades apenas segundo o prazer ou a utilidade, 
nunca podendo ter uma relação virtuosa, ou uma amizade perfeita. No entanto, 
os homens bons, por sua vez, podem estabelecer relações segundo o prazer 
ou a utilidade, assim como os maus. Mas apenas os bons podem estabelecer 
uma amizade segundo a virtude. Neste sentido, fica clara a correspondência 
entre ética e amizade. 
 
Nesta forma de amizade, os que amam um amigo amam o que e bom 
pra eles mesmos. O homem bom acaba se tornando um bem para seu amigo. 
Assim esta bondade acaba se refletindo no outro com uma bondade moral. Ser 
bom acaba sendo essencial para que se tenha uma amizade perfeita e ideal. 
Ama-se o seu amigo como ele é. Esse tipo de amizade acaba sendo a forma 
verdadeira porque o fim é em si mesmo, acaba focando na pessoa como 
essência e não como apenas uma amizade para obter vantagens alheias tal 
como; riquezas e honrarias. O amigo acaba se tornado outro eu e vice versa. 
Neste nível de amizade acabamos nos espelhando no outro e tomamos como 
exemplo suas atitudes como ele toma as nossas atitudes como exemplo. 
Apesar de aparentar ser algo ate que padrão no sentido de que seria o básico 
essas atitudes, este tipo de amizade requer tempo e familiaridade, Aristóteles 
realça que a amizade entre os bons não é muito frequente, porque os homens 
que a praticam são raros. 
 
As espécies de amizade centradas no útil e no prazer também são boas. 
Os homens que querem o bem de seus amigos por causa deles e não por 
interesse ou vantagens são amigos no sentido mais amplo, pois querem o bem 
por natureza e não por acidente de seus propósitos. 
 
Para Aristóteles amar é a virtude essencial entre os amigos, ele passar 
ser o caráter da amizade é algo adquirido pela pratica de amar dos indivíduos, 
diz exatamente Aristóteles: 
 
“Já que a amizade depende mais de amar 
do que ser amado, e são as pessoas que 
amam seus amigos que são louvados, 
amar parece ser uma característica da 
excelência moral dos amigos, de tal forma 
que somente as pessoas em que tal 
características está presente na mediania 
certa são amigos constantes, e somente 
sua amizade e duradoura” 
 
Ter amigos realmente faz muito bem, e passar um tempo com eles traz 
prazer, mas por outro lado acabar passando um tempo com pessoas que não 
nos trás bons ares e que são desagradáveis e dolorosos, e parece ser contra a 
natureza humana. O verdadeiro amigo prefere dar a sua vida ou ser 
extremamente prejudicado ao ver seu amigo em apuros, devido sua bondade, 
esse amigo renúncia riquezas, honras e competições, somente para poder seu 
amigo e ter mais tempo com ele e se agradar com sua companhia. Assim, os 
amigos compartilham sua amizade, se reunindo para beber, fazer um 
churrasco, jogar bola, caminhar, viajar, estudar, dar risadas. 
 
A amizade é um comportamento dirigido por outro. É um momento 
essencial da vida feliz e implica o reconhecimento, bondade e reciprocidade. 
Assim, atinge-se a expansão social do eu, a felicidadecomo experiência e 
vivência da plenitude humana medida com amigos bons e vida contemplativa. 
 
Assim se expressa Aristóteles: “quando as pessoas são amigas não tem 
necessidade de justiça, enquanto mesmo quando elas são justas elas 
necessitam de amizade; considera-se que a mais autêntica forma de justiça é 
uma disposição amistosa” 
 
 
Particularidades da Amizade 
Em tempos de uma liquidez absurdamente grande das relações sociais, 
como bem nos diz Zygmunt Bauman, tudo se torna passageiro. Relações 
começam e terminam num simples “click”, ao acionar um botão de “fazer” ou 
“desfazer” amizade. Pessoas se orgulham de ter milhares de amigos, centenas 
de curtidas e compartilhamentos nas redes sociais, mas não param para olhar 
e pensar no quanto essas amizades são reais, no quanto elas existem no muito 
“face a face”. 
Será que podemos dizer que uma amizade é verdadeira quando 
facilmente limitamos nosso número de amigos e temos em nossas páginas 
apenas aqueles que pensam igual a gente? Será que podemos dizer que existe 
amizade quando não sabemos respeitar a opinião diferente? Será que 
podemos dizer que existe amizade quando não paramos para ouvir o outro, 
independente de seu pensamento concordar com o meu? 
Ser amigo é não apenas se preocupar, não é apenas ir em festas de 
aniversário, não é apenas dar abraços e tapinhas nas costas. Ser amigo é 
respeitar a individualidade, e permitir que o outro seja ele mesmo e ter 
respeitado o seu direito de ser você mesmo. Amigos pensam de forma 
diferente, tem ideias diferentes. São duas pessoas que tiveram toda uma 
história de vida própria, criações diferentes, com realidades completamente 
diversas. Um amigo não é um espelho, que mostra nosso reflexo. Um amigo é 
uma pessoa que está ao nosso lado para que possamos crescer como 
pessoas, para que nos apoie e nos faça ser o melhor de nós mesmos, mas não 
deixando de sermos nós mesmos. O amigo é ele, com suas particularidades, 
seus pensamentos, suas ideias, seu modo de agir, sua história, sua bagagem. 
Se não soubermos respeitar as particularidades do outro, não é um amigo que 
buscamos, mas simplesmente alguém que se molde e nossa vontade e que 
pense como nós. E, aí, respeito deixa de existir e a amizade morre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conclusão 
Segundo a ética aristotélica, a justiça e a amizade seguem aos 
mesmos fins, todavia, a amizade torna-se superior, já que a justiça é utilizada 
para contornar situações, e a amizade, é completa por natureza, não 
precisando que a justiça atue. 
A amizade varia de acordo com os nossos interesses, sentimentos, e 
inclusive, faixa etária. Segundo Silva, ela auxilia os jovens a evitar o erro, já 
para os mais velhos, serve de amparo para as suas necessidades e suprime 
as atividades que declinam com o passar dos anos. 
A definição trazida por Aristóteles, portanto, vem em três conceitos 
distintos, baseada no prazer, na utilidade, e a que se diz, virtuosa. 
A virtuosa, segundo o filósofo, é a única naturalmente adquirida, de 
certo, a mais completa, pois se forma entre os homens bons. Cuja os homens 
são bons em sua essência, e portanto, são virtuosos perante a moral. Quando 
duas pessoas com tais características se unem, têm a pura amizade e por 
consequência, a genuína justiça. 
Com relação a amizade voltada para o prazer, defini-se como uma 
espécie de amizade onde os indivíduos não são por si só bons, mas estão à 
procura aprazível. É passageira e dura enquanto dura o prazer. Apesar de ser 
uma forma de amizade e está próxima das formadas entre os homens bons é 
vista pelo filósofo como acidental, porque se localiza fora da esfera do homem 
moral e ético. 
Na última, amizade voltada para a utilidade, os indivíduos não querem 
ser amigos de verdade, apenas se unem para satisfazer uma necessidade 
utilitária que não visa nem o prazer nem é uma disposição de caráter, pois dura 
enquanto dura o objeto desejado. É a pior de todas as formas de amizade 
porque não se fundamenta na virtude e sim nos objetos desejados. 
 
Nota-se que a amizade é extremamente necessária, independente de 
bens materiais, os seres humanos só terão realização plena se tiverem 
amigos. 
 
Referências 
 
ALMEIDA, Carlos. AS TRÊS ESPÉCIES DE AMIZADE SEGUNDO 
ARISTÓTELES. Disponível em: 
<https://cadualmeidaadv.wordpress.com/2010/09/21/as-tres-especies-de-
amizade-segundo-aristoteles/>. Acesso em: 25 out. 2016. 
ARISTÓTELES. ÉTICA A NICÔMACO. 1991. Tradução por Leonel Vallandro e 
Gerd Bornheim. Disponível em: 
<http://portalgens.com.br/portal/images/stories/pdf/aristoteles_etica_a_nicomac
o_poetica.pdf>. Acesso em: 28 out. 2016 
ATAIDE, Glauber. As três espécies de amizade em Aristóteles. 2008. 
Disponível em: <http://glauberataide.blogspot.com.br/2008/09/as-trs-espcies-
de-amizade-em-aristteles.html>. Acesso em: 28 out. 2016. 
Hilda Maria Warken: “Significado Ético da Amizade na “Ética a Nicômaco”. 
(Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em 
Filosofia, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de 
Santa Catarina. Orientador: Prof. Dr. Selvino J. Assmann). Florianópolis, 2005. 
SILVA, Maria Regina Ponte da. O conceito de amizade em 
Aristóteles. Disponível em: <http://www.consciencia.org/o-conceito-de-
amizade-em-aristoteles>. Acesso em: 20 out. 2016. 
SUNDERHUS FILHO, Adolfo Brás. AMIZADE, RELAÇÕES, 
INDIVIDUALIDADE, PARTICULARIDADE. Disponível em: 
<http://obviousmag.org/caminho_entre_devaneios/2016/amizade-relacoes-
individualidade-particularidade.html#ixzz4Ob3yjh2k>. Acesso em: 01 nov. 
2016.

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