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Pena de multa (geral)

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A pena de multa é uma sanção de caráter patrimonial, que consiste na penalização do réu por pagamento de determinada quantia ao fundo penitenciário. É importante frisar que o art. 49 cita em genérico o fundo penitenciário, podendo os Estados legislar sobre o tema e criar seus próprios fundos. 
Na fixação da pena de multa o principal critério adotado é atender à situação econômica do réu. O valor de cada dia-multa atenderá a tal critério, sendo que o valor da pena de multa não pode ser inferior a 1/30 do salário mínimo e nem superior a 5 salários mínimos. Em geral, para acusados menos favorecidos, o valor aplicado pelo juiz será menor e para os mais abastados o valor será maior. Nos casos em que a pena de multa, mesmo fixada em seu patamar máximo se mostrar ineficaz e insuficiente diante da situação econômica do réu, o art. 60, § 1º, do Código Penal, permite que o juiz triplique o valor da multa. Entende-se, então, que a pena de multa resulta de um simples cálculo aritmético, multiplicando o número de dias-multa pelo índice do salário mínimo fixado.
Há duas espécies de pena de multa: a originária e a substitutiva.
A multa originária é aquela descrita de maneira abstrata no próprio tipo penal, podendo ser prevista de forma isolada, cumulativa ou alternartiva com a pena privativa de liberdade.
A multa substitutiva é aplicada em substituição a uma pena privativa de liberdade cujo período fixado na sentença não seja superior a 1 ano. Com as observações de o réu não ser reincidente em crime doloso, além de circunstâncias que indiquem a insuficiência da substituição. Além disso, o art. 44 do Código Penal, em concomitância com a Lei n.9.714/98, exige que se trate de crime cometido sem o emprego de violência contra pessoa ou grave ameaça.
O inadimplemento no pagamento da multa não gera a possibilidade de reconversão em pena privativa de liberdade. Caso o condenando deixe de pagar a pena de multa a consequência será a execução da multa, nunca a reconversão na pena originária privativa de liberdade.
Alguns pontos do art. 60, § 2º, do Código Penal devem ser analisados em detalhe, pois há um conflito na doutrina sobre revogação tácita ou não desse parágrafo. O art. 60, § 2º, do Código Penal permite a substituição da pena privativa de liberdade por multa, quando a pena fixada na sentença não for superior a 6 meses, desde que o réu não seja reincidente em crime doloso e que as circunstâncias do art. 59 do Código Penal lhe sejam favoráveis. Tal dispositivo data de 1984. Entretanto, a Lei n. 9.714/98 permite a multa substitutiva nos casos em que a pena fixada não excede a 1 ano, levando muitos doutrinadores a entender que houve revogação tácita do referido art. 60, § 2º. Porém, há entendimento em sentido contrário, na medida em que o parágrafo referido não faz exigência com relação ao crime ter sido cometido sem violência ou grave ameaça, sendo que então os dispositivos não seriam incompatíveis, inexistindo a revogação tácita.
Um ponto interessante da multa substitutiva é a vedação de aplicação dessa em casos de violência doméstica ou familiar contra a mulher, segundo a Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, cuja redação proíbe a substituição da pena privativa de liberdade por pena exclusiva de multa quando o delito for praticado com violência doméstica ou familiar contra mulher.

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