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1 Natureza: São penas substitutivas das privativas de liberdade. Em leis especiais, podem ser cumulativas com a privativa de liberdade, como no Código de Trânsito, por exemplo, ou podem estar previstas diretamente no tipo penal (Ex.: Lei 11.343/06 – Art. 28). Nos temos 5 penas restritivas de direito: - Prestação pecuniária Pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social. Valor é fixado pelo juiz entre 1 – 360 salários-mínimos. Valor será deduzido em condenação de reparação civil. Finalidade: reparar o dano causado pela infração Regra: Vítima ou a seus dependentes. Exceção: somente se não houver dano a reparar ou não houver vítima imediata. Neste caso, a finalidade é de indenização. - Perda de bens e valores -Ações de ordem econômica, Perda em favor do Fundo Penitenciário Nacional do montante que tem como teto o prejuízo causado ou a vantagem auferida com a prática criminosa. Bitencourt: Pena de confisco (antiga pena de penas e valores) CP de 1940 e a CF 1969 já proibiam a pena de confisco, restando somente como efeitos da condenação o confisco dos instrumentos e produtos do crime, em determinadas circunstâncias. O objeto do confisco não serão os instrumentos ou produtos do crime (confisco-efeito da condenação), mas é o próprio patrimônio do condenado (confisco-pena). Confisco-efeito: União Confisco-pena: Fundo Penitenciário Nacional. -Limites do confisco 1. Limitação do quantum a confiscar Teto: o maior valor entre o montante do prejuízo causado ou do proveito obtido com a prática do crime; 2. Limitação da quantidade da pena: não ultrapassa o limite de 4 anos de prisão. - Prestação de serviços à comunidade Condenações superiores a 6 meses. Tarefas gratuitas em escolas, hospitais, clubes, entidades assistenciais. Características: gratuidade, aceitação pelo condenado e autêntica utilidade social. 2 - Interdição temporária de direitos Proibição do exercício de função pública ou mandato eletivo; Proibição do exercício da profissão, atividade ou ofício que dependa de habilitação especial, licença ou autorização do Poder Público; Suspensão de habilitação para dirigir veículo; Proibição de frequentar determinados lugares, Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame público. É indispensável que a infração penal tenha sido praticada com violação dos deveres inerentes ao cargo, função ou atividade. Crimes culposos de trânsito - Limitação de final de semana Obrigação do condenado permanecer durante 5 horas aos sábados e domingos em casa de albergado a fim de ouvir palestras, cursos e atividades educativas. Casas de Albergado: Dupla finalidade: ✓ Cumprimento de penas privativas de liberdade em regime aberto ✓ Pena de limitação de fim de semana ✓ Tais casas não foram construídas. ✓ Falta de infraestrutura ✓ Inviabilidade de aplicação dessa sanção ✓ Maioria dos juízes a substitui por outra medida. “a pena de multa não se submete ao artigo 44, ela se submete aos artigos 49,50 e 51, não tem natureza de pena alternativa.” O juiz não pode criar penas alternativas além do artigo 43. Art. 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) I - Prestação pecuniária; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) II - perda de bens e valores; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) III - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) V - interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) VI - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) O artigo 44 se preenchido todos os requisitos e0 regras pode substituir a pena de prisão por uma pena restritiva de direito. Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) I - Aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) II - o réu não for reincidente em crime doloso; (reincidência não é impeditivo para aplicar a pena restritiva de direito. - Medida seja socialmente recomendável -Reincidência específica – prática do mesmo crime – impeditivo para penas alternativas. III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) § 1 o (VETADO) (Incluído e vetado pela Lei nº 9.714, de 1998) § 2 o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 3 o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado 3 em virtude da prática do mesmo crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 4 o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. (se o preso descumpre a pena restritiva, ele vai para o regime aberto ou semiaberto) § 5 o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá- la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) Conversão das penas restritivas de direitos Diferenças De pena em abstrato: é pena proposta na parte especial do código penal, junto ao tipo penal. Exemplo: homicídio, artigo 121 CP, pena reclusão de 6 a 12 anos Pena em concreto: é a pena aplicada pelo juiz na sentença penal condenatória. A pena real. O código penal trabalha com a pena em concreto. Conversão em pena privativa de liberdade: I. Condenação superveniente à pena privativa de liberdade: Conversão obrigatória se tornar incompatível o cumprimento da restritiva de direitos, Facultativa se for possível o cumprimento simultâneo; Será descontado o tempo, desde que respeitado o saldo mínimo de 30 dias. 1. Condenação por crime praticado durante o cumprimento da pena alternativa 2. Condenação por crime anterior Para a conversão é preciso que: A nova pena aplicada não tenha sido substituída ou suspensa e que não seja possível o cumprimento simultâneo das duas condenações. II. Descumprimento injustificado da condição imposta. O condenado deve ser ouvido pelo juiz Obs: Afasta-se a possibilidade de converter as penas pecuniárias em pena privativa de liberdade por não conterem elementos temporais. Detração: Dedução do tempo cumprido de pena restritiva de direitos. Multa Arts. 49,50 e 51 do CP. A multa aparece de forma acumulada com a prisão seja na possibilidade de ser aplicada sozinha, independente da prisão. Sendo inferior a 1 ano consegue substituir a prisão por 1 restritiva de direito ou uma multa. (única hipótese) Salário-mínimo vigenteno país, se o crime foi cometido em época X, vai ser considerado o salário vigente da época X. Sistema: Dias-multa A lei manda fixar o número de dias-multa e o valor dos dias-multa. Número e valor = sistema bifásico. Multiplica-se um pelo o outro = valor da multa a ser paga. O número de dias-multa será calculado entre 10-360. O valor de cada dia-multa será fixado de 1/30 até 5 salários-mínimos. Critério: 4 1. Capacidade econômica do condenado. Pode ser aumentado até o triplo por este mesmo critério. Multa Substitutiva Multa vicariante ou substitutiva: juiz pode substituir a prisão por multa quando: Pena aplicada igual ou inferior a 1 ano. Não seja reincidente Se for reincidente: não pode ser específico! Art. 59, CP Descumprida a pena, deve ser executada na forma da lei civil, vara da Fazenda Pública. Não é possível converter em prisão. ATENÇÃO!!! Art. 50, CP: A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais. Não há previsão legal para conversão de multa em pena privativa de liberdade. Art. 164, §1º, LEP: Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou o depósito da respectiva importância, proceder-se-á à penhora de tantos bens quantos bastem para garantir a execução. Art. 51, CP: Após a condenação, a multa é considerada dívida de valor. Aplica-se as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública. Art. 52, CP: Sobrevindo ao condenado doença mental, é suspensa a execução da pena de multa. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA (SURSIS) ARTS. 77 DO CP - Instituto pensando pelo legislador para tentar conter a população carcerária para tentar evitar que aquelas pessoas que cometem pequenos delitos sejam colocadas pelos presídios brasileiros junto com outras pessoas que comentem delitos graves. O QUE É SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA? - Tenho uma ação penal, que o sujeito foi condenado, essa condenação transitou em julgado, encaminhamos para execução da pena, aí o estado suspende essa execução ou seja não vai executar a pena, vai colocar o sujeito “ no período de provas” ou seja, o condenado irá cumprir determinadas condições e se ele cumprir todas estas condições durante o período de prova, a pena não será executada, só a pena será suspensa. Bitencourt: Suspensão condicional da execução da pena. Juarez Cirino dos Santos: Constitui substitutivo penal impeditivo da execução da pena privativa de liberdade aplicada, decidido pelo juiz da sentença criminal, com o objetivo de evitar os malefícios da prisão. Aníbal Bruno: É o ato pelo qual o juiz, condenando o delinquente primário, não perigoso, à pena privativa de liberdade de curta duração, suspende a execução da pena, ficando o condenado em liberdade sob certas condições. 5 Requisitos dos sursis simples: 1. Pena privativa de liberdade não superior a 2 anos que não seja substituída por restritiva de direitos; 2. Não reincidente em crime doloso – condenação anterior à multa não impede os sursis 3. Prognose de que não voltará a delinquir. 4. Com circunstâncias judiciais favoráveis SEMELHANÇA: AMBOS EVITAM O ENCARCERRAMENTO. Diferenças: Pena restritiva de direito: Natureza de pena, espécie de sanção penal. Substitui a pena privativa de liberdade. Condenados a penas de até 4 anos Apenas a reincidência específica (o mesmo crime) Suspensão condicional da Pena (sursis); Não tem natureza de pena, período de prova não é pena, suspense a pena e não a substitui. Condenados a penas de até 2 anos Não precisa ser reincidente no mesmo crime. SURSIS SIMPLES: Período de prova: 2 a 4 anos Deve cumprir prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana durante o primeiro ano do período de prova. SURSIS ESPECIAL: Além dos requisitos anteriores, apresenta mais dois: 1. Reparação do dano; 2. Condições do Art. 59 sejam inteiramente favoráveis 3. Obs.: o período de prova é o mesmo. As condições são mais brandas. 4. O condenado fica dispensado do cumprimento das referidas penas restritivas de direito no primeiro ano do período de provas. SURSIS ETÁRIO Condenado maior de 70 anos, desde que a pena não seja superior a 4 anos. Período de prova diferenciado: 4 a 6 anos. SURSIS HUMANITÁRIO Razões de saúde justifiquem a suspensão da pena de prisão; Pena não superior a 4 anos; Período de prova: 4 a 6 anos. Condições do Art. 78, CP Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48). (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá 6 substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: § 2º Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) a) proibição de frequentar determinados lugares; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Revogação obrigatória dos sursis ART.81 DO CP 1. Condenação transitada em julgado por prática de crime doloso; 2. Descumprimento das condições legais dos sursis simples; 3. Não reparação do dano injustificada; 4. Frustrada a execução da multa tendo condições para o adimplemento. 5. Se condenado definitivamente à pena privativa de liberdade. EFEITOS – ART 86 DO CP 6. Condenação irrecorrível por crime cometido durante a vigência do livramento condicional = Revogação obrigatória do livramento. 7. Condenação por crime cometido antes da vigência do livramento condicional: soma de penas. Se o liberado tiver cumprido quantidade de pena que perfaça o mínimo exigido no total das penas continuará em liberdade condicional. Caso contrário, retorna à prisão para completar o tempo. Revogação facultativa ART. 81, $1, CP Condenação transitada em julgado por crime culposo ou contravenção penal; Descumprimento de qualquer outra condição que não as legais dos sursis simples. EFEITOS – ART 87 DO CP Se condenado à outra espécie de pena ou se descumpre condições impostas. Se revogar por crime cometido na vigência do benefício ou por descumprimento de condição imposta, despreza-se o tempo em que estava em liberdade. Retorna à prisão. Se revogar por crime anterior à concessão do benefício: o período de prova é contado como cumprimento de pena e poderá somar o tempo que falta a cumprir com a nova pena. Calcula-se, a partir daí, um prazo para novo livramento. Prorrogação automática ART. 81 $$ 2° e 3°, CP. Se após a audiência admonitória o acusado for processado pela prática de crime ou contravenção, o período de prova será prorrogado até o trânsito em julgado desse outro processo. PERIODO DE PROVA: 2 ANOS Seja crime culposo ou doloso. Extinçãoda pena privativa de liberdade Decorrido o período de prova sem que tenha havido causas para a revogação, estará extinta a pena privativa de liberdade. Art. 82, CP. 7 LIVRAMENTO CONDIONAL ART. 83, CP Antecipa-se a restituição da liberdade. O liberado ficará em período de prova pelo tempo que restava a cumprir a pena de prisão. - REQUISITOS 1. Pena privativa de liberdade não inferior a 2 anos; 2. Reparação do dano, salvo impossibilidade; 3. Bom comportamento e atestado de boa conduta carcerária; 4. Nos crimes dolosos cometidos com violência ou grave ameaça: indícios de que o condenado não voltará a delinquir. 5. Cumprimento de parte da pena: Cumprimento de parte da pena ❑ 1/3 se o condenado tiver bons antecedentes e não for reincidente em crime doloso; ❑ Metade se for reincidente em crime doloso ❑ 2/3 se for condenado por crime hediondo ou equiparado ❑ Se o condenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado não terá direito ao livramento. ❑ Discussão sobre Inconstitucionalidade. Requisitos objetivos Natureza e quantidade da pena; Cumprimento de parte da pena Reparação do dano, salvo impossibilidade Requisitos subjetivos Bons antecedentes, Comportamento satisfatório durante a execução; Bom desempenho no trabalho prisional; Aptidão para prover a própria subsistência com trabalho honesto: disposição, habilidade – demonstração da efetiva procura de trabalho. Boletim informativo, direção do presídio Atestado sobre o comportamento Efeitos destas revogações – para aquele crime cometido antes do julgamento, o legislador lhe dá uma nova chance, acreditando que não há problema a ideia de reabilitação da socialização. Agora para aquele que cometeu um crime durante o julgamento, o legislador consta que ele não ressocializado, que ele não respeitou essa chance que a lei deu. Não merecendo a chance do livramento condicional. Exame criminológico: Psicológica e social- condenado O juiz pode decidir ao contrário do exame criminológico. Condições obrigatórias Art. 132, §1º, LEP Obter ocupação lícita, dentro do prazo razoável; Comunicar ao juiz, periodicamente, sua ocupação; Não mudar do território da comarca, sem prévia autorização judicial 8 Condições facultativas Não mudar de residência sem comunicar ao juiz e às autoridades incumbidas da observação e proteção cautelar; Recolher-se à habitação em hora fixada; Não frequentar determinados lugares; Abstenção de práticas delituais Pressuposto fundamental do livramento é a presunção de reinserção do delinquente. (Bitencourt, 2010). Condenação por crime praticado antes do livramento 1. Terá direito à obtenção de um novo livramento, mesmo em relação à pena que estava cumprindo; 2. As duas penas podem ser somadas para efeito de obtenção de novo livramento; 3. O tempo em que esteve em liberdade condicional é computado como de pena efetivamente cumprida. Condenação por crime praticado durante a vigência do livramento Impossibilidade de concessão de novo livramento em relação à mesma pena; Não se computa o tempo em que esteve solto, em liberdade condicional, como de pena efetivamente cumprida; Prorrogação do livramento Casos de processos por crimes praticados durante a vigência do período de prova. Extinção da pena Se durante o período de prova o livramento não por revogado considera- se extinta a pena privativa de liberdade. DOSIMETRIA DA PENA (CÁLCULO DA PENA) - ART.68 DO CP O primeiro ponto é saber o que essa tal de dosimetria da pena e, assim, entender o que vem a ser esse sistema trifásico. Dosimetria é o cálculo feito pelo para definir qual a pena será imposta a uma pessoa em decorrência da prática de um crime. Cada crime tem a sua pena e o Código Penal, na sua parte especial, apenas estabelece um quantitativo mínimo e máximo de pena, além de situações que implicam na diminuição ou no aumento dessa sanção. O furto simples, por exemplo, está no artigo 155, caput, do Código Penal e possui uma pena que pode ser de 01 a 04 anos de reclusão, sendo esse o limite do juiz. Além do mais, o Código Penal nos traz circunstâncias atenuantes (como a confissão) e agravantes (como a reincidência), além de causas de diminuição e de aumento de pena, os quais podem interferir no total final da pena a ser aplicada. Ainda de acordo com o Código Penal, em seu artigo 68, a dosimetria será realizada por meio de um sistema trifásico, ou seja, dividida em três partes: • Na 1ª fase, a fixação da pena- base (utilizando-se os critérios do artigo 59 do Código Penal); • Na 2ª fase, o magistrado deve levar em consideração a existências de circunstâncias atenuantes (contidas no artigo 65 do Código Penal) e agravantes (artigos 61 e 62, ambos do Código Penal); • Por fim, na 3ª fase, as eventuais causas de diminuição e de aumento de pena. Passemos, então, a uma breve análise de cada uma das três fases da dosimetria. https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619836/artigo-155-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10631687/artigo-68-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10633383/artigo-59-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10632120/artigo-65-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10633092/artigo-61-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10632473/artigo-62-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 9 Primeira fase: A primeira fase, como dito, é o momento da fixação da pena base, em que o magistrado deve levar em consideração as circunstâncias judiciais contidas no artigo 59 do Código Penal: Art. 59 – O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I – as penas aplicáveis dentre as cominadas; II – a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III – o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV – a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. Segundo NUCCI, em seu Código Penal comentado: – Culpabilidade (em sentido lato, ou seja, a reprovação social que o crime e o autor do fato merecem); – Antecedentes criminais (trata-se de tudo o que existiu ou aconteceu no campo penal, ao agente antes da prática do fato criminoso, ou seja, sua vida pregressa em matéria criminal. Há quem entenda que somente condenações transitadas em julgado podem ser utilizadas para valorar negativamente esta circunstância); – Conduta social (é o papel do réu na comunidade, inserido no contexto da família, do trabalho, da escola, da vizinhança etc.); – Personalidade do agente (trata-se do conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa, parte herdada, parte adquirida. É a análise voltada para detectar se a personalidadeé voltada para o crime); – Motivos (sãs os precedentes que levam à ação criminosa); – Circunstâncias do crime (são os elementos acidentais não participantes da estrutura do tipo, embora envolvendo o delito); – Consequências (é o mal causado pelo crime, que transcende ao resultado típico); – Comportamento da vítima (É o modo de agir da vítima que pode levar ao crime). Assim, na primeira fase da dosimetria, o magistrado, analisando as circunstâncias anteriores, deverá estabelecer a pena-base, que varia, no caso do roubo, por exemplo, entre 04 e 10 anos (podendo ser aumentada de 1/3 à metade, nas hipóteses do roubo majorado). Imaginemos, então, um crime de roubo, majorado pelo uso de arma de fogo e concurso de pessoas (artigo 157, 2º, incisos I e II, do CP), tendo suas circunstâncias ultrapassado aquelas inerentes ao tipo penal, com emprego de violência física, terror psicológico intenso, agressão física, ameaças de morte, dentre outros, e o acusado tenha os antecedentes criminais desfavoráveis. Nesse caso, o juiz não fixará a pena no mínimo legal, haja vista a existência de circunstâncias judiciais que foram negativadas, bastando a existência de uma circunstância negativa para https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10633383/artigo-59-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619340/artigo-157-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 10 possibilitar o afastamento da pena base do mínimo legal. Ressalte-se que a lei não estabelece um critério para definir qual a proporção entre o aumento da pena e a quantidade de circunstâncias negativadas, ficando tal critério ao arbítrio do magistrado, o qual deverá se atentar pela razoabilidade. Há quem entenda que o aumento deverá seguir uma ordem proporcional à quantidade de circunstâncias que forem negativadas, ou seja, se temos o total de 08 (oito) circunstâncias, cada negativação corresponderá ao aumento da pena base na fração de 1/8 (um oitavo). Assim como há entendimento de que o aumento da pena base deve ser proporcional ao motivo que levou à negativação da circunstância, de modo que a gravidade das razões para negativar a circunstância é tamanha que impede o aumento da pena base em apenas 1/8 (um oitavo). Acredito que ambos os lados estão com a razão. Ao mesmo tempo que é necessário estabelecer critérios para a dosimetria da pena, para frear eventual arbitrariedade do magistrado, também é preciso tomar cuidado para não tornar o Direito uma área “exata”, sob o risco de considerarmos “iguais” (sob a ótica da dosimetria da pena) aqueles que praticaram crimes mais graves com aqueles que praticaram o mesmo tipo de crime em condições mais brandas, mesmo que tenham o mesmo número de circunstâncias negativadas. Determinadas situações, a gravidade da conduta é tão grande que, por si só, impõe o aumento da pena base em um patamar mais elevado do que 1/8. Por isso, o juiz não pode negativar determinada circunstância sem fundamentar devidamente os motivos que o levaram a tomar tal atitude. E esse é o primeiro ponto a ser observado em uma sentença criminal, a ausência de fundamentação para a negativação de determinada circunstância judicial. Não podemos esquecer do crime de tráfico de drogas, visto possuir rito próprio, contido na Lei 11.343/06. Nesse caso, a dosimetria também deverá levar em consideração o artigo 42 da Lei 11.343/06, o qual estabelece que O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente. Segunda fase: Fixada a pena-base, superando a primeira fase da dosimetria, entramos na segunda fase, cujo objetivo é analisar as circunstâncias atenuantes e agravantes. As atenuantes estão descritas no artigo 65 do Código Penal, sendo mais comuns a menoridade penal (menor de 21 anos) e a confissão espontânea. As agravantes estão nos artigos 61 e 62 do Código Penal e as mais comuns são a reincidência e os crimes cometidos contra crianças ou maiores de 60 anos. Se existir alguma circunstância agravante, a mesma deve ser aplicada posteriormente ao reconhecimento da atenuante. https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95503/lei-de-t%C3%B3xicos-lei-11343-06 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10866338/artigo-42-da-lei-n-11343-de-23-de-agosto-de-2006 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95503/lei-de-t%C3%B3xicos-lei-11343-06 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10633383/artigo-59-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10632120/artigo-65-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10633092/artigo-61-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10632473/artigo-62-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 11 Deve ser ressaltado que há entendimento que a atenuante da confissão ou qualquer outra, como a menoridade, deve ser compensada com a agravante da reincidência. Importante ressaltar o entendimento recente do STJ, segundo o qual as atenuantes e agravantes devem ser aplicadas na fração de 1/6, tanto para diminuir quanto para aumentar a pena: PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. CRIME DE AMEAÇA. REINCIDÊNCIA. AUMENTO ACIMA DE 1/6. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. ILEGALIDADE FLAGRANTE. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO IMPROVIDO.[…]2. Apesar de a lei penal não fixar parâmetro específico para o aumento na segunda fase da dosimetria da pena, o magistrado deve se pautar pelo princípio da razoabilidade, não se podendo dar às circunstâncias agravantes maior expressão quantitativa que às próprias causas de aumentos, que variam de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços). Portanto, via de regra, deve se respeitar o limite de 1/6 (um sexto) (HC 282.593/RR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2014, DJe 15/08/2014).3. Hipótese em que pena foi elevada em 100%, na segunda fase, em face de circunstância agravante, sem fundamentação, o que não se admite, devendo, pois, ser reduzida a 1/6, nos termos da jurisprudência desta Corte.4. Agravo regimental improvido.(AgRg no HC 373.429/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 01/12/2016, DJe 13/12/2016) Ademais, caso a pena-base tenha sido fixada no mínimo legal, não há possibilidade de reconhecer eventuais circunstâncias atenuantes, evitando a redução da pena abaixo do mínimo legal, consoante dispõe a Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça (“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal”). Terceira fase: Fixada a pena base, sopesadas as circunstâncias atenuantes e agravantes, é chegada a hora das causas especiais de diminuição ou aumento de pena, para finalizar a dosimetria com a terceira fase. No caso do exemplo que estamos utilizando, tendo o crime sido cometido com emprego de arma de fogo e por mais de um agente, incidem as causas de aumento estabelecidas no artigo 157, § 2º, incisos I e II, do Código Penal, de modo que ojuiz deve, fundamentadamente, definir qual o índice de aumento será aplicado, de um terço à metade. Assim, no caso mencionado, se aplicar a fração mínima de aumento (1/3), a pena passa a ser de 08 (oito) anos e 08 (oito) meses de reclusão. Um exemplo de causa de diminuição de pena está contido no artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/06, o qual estabelece que a pena será diminuída se preenchidos alguns requisitos. Outros exemplos de causa de diminuição e de aumento: arts. 14, parágrafo único; 16; 21, parte final; 24, § 2º; 26, parágrafo único; 28, § 2º; 29, §§ 1º e 2º; 69; 70; 71; 121, §§ 1º e 4º; 129, § 4º; 155, § 1º; 157, § 2º; 158, § 1º; 168, § 1º; 171, § 1º; 226, todos do Código Penal. Conclusão: Como mencionei no início do texto, uma dos equívocos mais cometidos pelos magistrados é não fundamentar devidamente a negativação de determinada circunstância judicial para elevar a pena acima do mínimo legal. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619340/artigo-157-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619245/par%C3%A1grafo-2-artigo-157-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619207/inciso-i-do-par%C3%A1grafo-2-do-artigo-157-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619168/inciso-ii-do-par%C3%A1grafo-2-do-artigo-157-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10867208/artigo-33-da-lei-n-11343-de-23-de-agosto-de-2006 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10866965/par%C3%A1grafo-4-artigo-33-da-lei-n-11343-de-23-de-agosto-de-2006 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95503/lei-de-t%C3%B3xicos-lei-11343-06 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10638135/artigo-14-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10638048/par%C3%A1grafo-1-artigo-14-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637990/artigo-16-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637584/artigo-21-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 12 Ou, se fundamenta, apenas faz afirmações que são inerentes ao tipo penal. Sem esquecer, é claro, do bis in iden, isto é, da utilização de um mesmo fato para negativar mais de uma circunstância ou para elevar a pena em mais de uma das fases da dosimetria. Dessa forma, não é possível, por exemplo, usar o fato do agente ter cometido o crime armado e com mais de uma pessoa para elevar a pena-base (na primeira fase da dosimetria), negativando as circunstâncias do crime e, ao mesmo tempo, na terceira fase, como causa de aumento. Da mesma forma, fica vedado ao juiz negativar, na primeira fase da dosimetria, os motivos, considerando-os fúteis e considerar os motivos como agravantes, na segunda fase. Por fim, também não é possível considerar a mesma condenação criminal transitada em julgado para fins de valorar negativamente os antecedentes, na primeira fase, e de agravante da reincidência, na segunda fase. Todavia, caso haja mais de uma condenação transitada em julgado, há possibilidade de utilizar uma condenação para fins de fixação da pena-base e outra para a reincidência do réu. A N2 SERÁ 10 TESTES E 2 DISSERTATIVAS Qualificação objetiva está relacionada ao meio de execução E a qualificação subjetiva está relacionada a motivação É possível compatibilizar qualificadora objetivas com causa de diminuição de pena, mas não é possível compatibilizar qualificadoras subjetivas com causa de diminuição de pena. Lei dos crimes hediondos Art 1 Homicídio qualificado – crime hediondo. Quando há o reconhecimento da causa de diminuição de pena – retira-se o caráter de hediondo. Homicídio privilegiado: art 121 $1, cp. Tráfico de drogas privilegiado: art 33, $ 4°, lei 11.343.06. Causa de diminuição: parte geral do CP: ART 16, CP, ARREPENDIMENTO POSTERIOR 2 tentativas: crime cometido na forma tentada. Causa de diminuição. Art 14, II, CP. A gente inicia a execução, mas não alcança a consumação do crime, por circunstâncias alheias a sua vontade Causa de diminuição de pena: tentativa Causas de aumento do CP: alguns tipos de concurso de crime (ex: art 71 cp, crime continuado). - CONCURSO DE CRIMES ARTIGOS 69, 70 E 71, CP. MATERIAL 69 CP O agente, mediante duas ou mais condutas, produz dois ou mais resultados, idênticos ou não. Há pluralidade de condutas e pluralidade de resultados. As penas são cumuladas. (Cúmulo material) 2 ou + condutas = 2 ou + resultados 13 Cúmulo material Soma das penas de cada um dos delitos componentes do concurso. Crítica: Segundo Bitencourt, esta soma pode resultar em uma pena muito longa, desnecessária e com graves efeitos criminógenos. FORMAL 70 CP Mediante uma única conduta, produz dois ou mais resultados – crimes – idênticos ou não. Há unidade de condutas e pluralidade de crimes. 1 conduta (crime) = 2 ou + resultados (crimes) FORMAL PERFEITO Os resultados derivam de um único desígnio (Desígnio é o plano, o projeto, o desejo, o propósito) Aplica-se a pena do mais grave ou qualquer delas, se idênticas, aumentando de um sexto à metade. FORMAL IMPERFEITO OU IMPRÓPRIO Os resultados derivam de desígnios autônomos. As penas serão somadas. Concurso formal próprio (perfeito): sistema de exasperação da pena (unidade de desígnios) Impróprio (imperfeito): sistema do cúmulo material (como se fosse concurso material, diante da diversidade de intuitos do agente). CRIME CONTINUADO O agente, mediante duas ou mais condutas, produz dois ou mais resultados da mesma espécie, os quais pelas semelhantes condições de tempo, lugar e modo de execução podem ser tidos uns como continuação dos outros. (Guilherme Madeira, Patricia Vanzolini, Gustavo O. D. Junqueira). Para a ocorrência de crime continuado, a lei exige dois tipos de homogeneidade: Homogeneidade de bens jurídicos; Homogeneidade de processo executório. Crime continuado Duas ou mais condutas Dois ou mais resultados da mesma espécie Condições de: Tempo Lugar Modo de execução A pena do crime mais grave será aumentada de 1/6 a 2/3. Se contra vítimas diferentes, com violência ou grave ameaça, pode ser até triplicada – crime continuado imperfeito. Se da aplicação da pena no crime continuado ou do concurso formal perfeito – exasperação da pena – tornar a pena maior do que a resultante da soma, terá a aplicação da regra do concurso material, em benefício do agente: concurso material benéfico. Crime continuado específico Três requisitos: Contra vítimas diferentes; Com violência e grave ameaça à pessoa; Somente em crimes dolosos. Penas de multa no concurso de crimes: são aplicas distinta e integralmente. 14 Unificação das penas Se a soma das penas aplicadas superar 30 anos, o juiz deve unificá-las para que sejam reduzidas a tal período. Art. 75, CP Unificação das penas também é o reconhecimento por parte do juiz das execuções criminais de crime continuado ou concurso formal não examinado no processo de condenação. Erro na execução Art. 73, CP Não se confunde com erro quanto à pessoa. Erro na execução: por falha na execução, atinge pessoa diversa. Tício atira em Mévio, mas o projétil atinge Caio que estava nas proximidades, matando-o. Responde como se tivesse praticado o crime contra Mévio. E se além de Caio, atingir terceira pessoa? Com uma só conduta o agente pratica dois crimes, e, diante da unidade da atividade criminosa, aplica-se o concurso formal próprio. Se o agente agir com dolo eventual em relação ao terceiro não visado, o agente responde pelos dois crimes. Concurso formal impróprio. Resultado diverso do pretendido Erro de tipo acidental Art. 74, CP Bitencourt, 2010.: Exemplos: “Se o agente arremessa a pedra para quebrar a vitrine e acaba ferindo também a balconista, responderá pelo crime de dano e pela lesão corporal culposa. (Concurso formal próprio) Se o agente arremessa a pedra para ferir uma pessoa e acaba quebrando a vitrine, responderá somente pela lesão corporal dolosa, porque o crime de dano não tem previsão culposa. Restará apenas indenização na área cível. EXERCÍCIO OAB/FGV – X Maria, com raiva de sua vizinha Josefa, resolve quebrar a janela da residência desta. Para tanto, espera chegar a hora em que sabia que Josefa não estaria em casa e, após olhar em volta para ter certeza de que ninguém a observava, Maria arremessa com força, na direção da casa da vizinha, um enorme tijolo. Ocorre que Josefa, naquele dia, não havia saído de casa e o tijolo, após quebrar a vidraça, atinge também sua nuca. Josefa falece instantaneamente. É correto afirmar que Maria deve responder por homicídio doloso consumado? Instituto: erro de tipo acidental, na modalidade do resultado diverso do pretendido. Art. 74, CP Punição do agente por crime doloso em relação ao objetivo desejado (crime de dano, art. 163, CP), bem como sua punição na modalidade culposa pelo resultado não intencional por ele alcançado, desde que o tal delito admita a modalidade culposa. Crime de homicídio. Há modalidade culposa Art. 121, §3º, CP Maria com sua conduta alcançou dois resultados. Será punida por ambos, em concurso formal próprio, art. 70, CP. Pena: majoração da pena do crime mais grave de 1/6 a ½. 15 16
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