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DIREITO TRIBUTÁRIO Natallie Alves de Almeida natalliealmeida@yahoo.com (085) 9.8846.6548 / 9.9793.1290 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS TRIBUTOS CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1) Art. 145 – a indica três modalidades: impostos, taxas e contribuições de melhoria; 2) Art. 148: empréstimos compulsórios (quarta modalidade); 3) Art. 149: contribuições (quinta modalidade). 145: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. QUANTO À HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA: – Tributos vinculados (ou retributivos): fato gerador é alguma atividade específica do Estado relativa ao contribuinte. Ex: taxas e contribuições de melhoria. – Tributos não vinculados (ou contributivos): fato gerador não é nenhuma atividade específica do Estado direcionada ao contribuinte. Ex: impostos (fatos geradores são manifestações de riqueza – renda, patrimônio, consumo). OBS: no que tange aos empréstimos compulsórios e às contribuições especiais, não há regra, devendo ser analisado o fato gerador de cada um destes tributos instituídos para se aferir a sua vinculação ou não- vinculação. QUANTO AO DESTINO DA ARRECADAÇÃO: –Tributos de arrecadação vinculada: receita está previamente destinada ou afetada a determinado órgão, fundo ou despesa. Ex: contribuições sociais para financiamento da seguridade social; empréstimos compulsórios. –Tributos de arrecadação não vinculada: não há prévia vinculação constitucional do produto de sua arrecadação. Ex: Impostos. QUANTO À FINALIDADE: – Fiscal: têm por finalidade preponderante arrecadar dinheiro e prover de recursos o Estado. Ex: ISS, ICMS, IR e outros. – Extrafiscal: têm finalidade diversa da simples obtenção de recursos. Objetivam, fundamentalmente, intervir numa situação social ou econômica. Ex: II, IE. –Parafiscal: quando a lei nomeia sujeito ativo diverso da pessoa que a expediu. Ex: contribuições previdenciárias, antes da criação da Secretaria da Receita Previdenciária. QUANTO À POSSIBILIDADE DE REPERCUSSÃO DO ENCARGO ECONÔMICO- FINANCEIRO: –Tributos diretos: o contribuinte eleito pela lei é aquele que, efetivamente, suporta o ônus. –Tributos indiretos: o contribuinte eleito pela lei (contribuinte de direito) é o que tem a obrigação de efetuar o pagamento do tributo, mas não é ele quem, efetivamente, suporta o ônus tributário, que é repassado a um terceiro (contribuinte de fato). Ex: ICMS QUANTO AOS ASPECTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA: –Tributos reais: são os que a lei valoriza, objetivamente, a operação ou o bem envolvido na relação jurídica tributária, desconsiderando as características pessoais do contribuinte. Ex: IPVA. –Tributos pessoais: são os que a lei valoriza as características pessoais do contribuinte, para o fim de determinar o alcance da imposição tributária. Ex: IR. QUANTO AO EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA IMPOSITIVA – Privativos: a CF defere a determinado ente político competência exclusiva para a sua instituição, não sendo possível delegação. Ex: Impostos, empréstimos compulsórios, contribuições especiais e contribuição de iluminação pública. – Comuns: cuja instituição é deferida a todos os entes políticos. Ex: taxas e contribuições de melhoria – Residuais: novos impostos (CF, art. 154, I) e as novas contribuições sociais para a seguridade social (CF, art. 195, § 4º) ATENÇÃO ATENÇÃO ATENÇÃO ATENÇÃO ATENÇÃO Como identificar a natureza jurídica de um tributo, a espécie tributária: Tecnicamente, está se buscando a natureza jurídica do tributo – critérios utilizados pela legislação, determinados pela legislação para saber se está diante de um imposto, de uma taxa, por exemplo. Não é a denominação do tributo que define a sua natureza jurídica. A denominação não só não define, mas também é irrelevante para saber sua natureza. A lei pode dar o nome que bem entender. Não é porque um tributo é chamado de imposto que vai ser de fato imposto. Tem imposto, que percebe-se que é mesmo uma taxa. Primeiro Critério: De acordo com o art. 4o, CTN, a natureza jurídica do tributo é definida pelo FATO GERADOR. O nome não importa, o fato gerador importa, uma vez que pode haver fatos geradores vinculados e fatos geradores não vinculados. Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. 1o) Tributos com Fato Gerador Vinculado: Esses tributos são reconhecido por vinculados, pois tributo vinculado é aquele que depende de contraprestação estatal. Só pode ser exigido se o ente político oferecer algo em troca: A) TAXAS – depende de serviço público – TRIBUTO VINCULADO B) CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA – depende de obra pública – TRIBUTO VINCULADO. 2o) Tributos com Fato Gerador Não Vinculado: não dependem de contraprestação estatal. A) IMPOSTOS B) EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO C) CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS - Esses três tributos, para serem instituídos, serem cobrados, independem de contraprestação estatal. O ente federado não precisa fazer nada em troca para que esses impostos possam ser exigidos. Segundo Critério: Depois de definido o fato gerador, deve-se avaliar o destino da arrecadação – para diferenciar imposto, de empréstimo compulsório e contribuições especiais. - Imposto: Não pode ter destinação. - Empréstimo Compulsório e Contribuições especiais: a arrecadação deve ter destinação específica. Terceiro Critério: E para diferenciar empréstimo compulsório da contribuição especial, deve-se avaliar se existe ou não promessa de restituição. Não é se vai ter a restituição de fato, basta a possibilidade dela. - Empréstimo Compulsório: existe a promessa de restituição. - Contribuições Especiais: não existe promessa de restituição. CONCENTRANDO: Para identificar a espécie tributária – são três passos: 1o) Deve-se perguntar sobre o Fato Gerador, se é vinculado (taxas e contribuições de melhoria) ou não vinculado (impostos, empréstimos compulsórios, contribuições especiais); 2o) Deve-se perguntar se entre os três tributos não vinculados, a arrecadação pode (empréstimo compulsório ou contribuição especial) ou não pode (impostos) ter destinação específica; 3o) Deve-se perguntar se entre os dois tributos (empréstimo compulsório / contribuição especial) que podem(ou melhor, devem) ter destinação específica, existe (empréstimos compulsórios) ou não existe (contribuições especiais) a promessa de restituição. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO - Tributo Federal (é criado pela UNIÃO); - Criação por meio de LEI COMPLEMENTAR (não pode ser criada por Medida Provisória – art. 62, parágrafo 1o, III, CF); - Art. 148, CF – detalhamento e previsão constitucional. - É um tributo, sobretudo para a doutrina majoritária e a jurisprudência. No passado, muito se discutiu sobre a sua natureza, se tributária ou não; - É tributo autônomo, não se confundindo com as demais espécies tributárias (há posicionamento minoritário que vê no empréstimo compulsório a figura de “imposto restituível”); - É tributo restituível. O STF defende a restituição em dinheiro e de modo corrigido. Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Como a definição de tributo, inserta no art. 3º do CTN, não contempla nenhum requisito relativo à definitividade do ingresso da receita tributária nos cofres públicos, o fato de o empréstimo compulsório ser restituível não retira a sua qualidade de tributo. Ademais, o STF considera o empréstimo compulsório como tributo (RE 146.733-9/SP). Os dois incisos do art. 148 não hospedam simples pressupostos fáticos – situações deflagrantes – O empréstimo compulsório é usado em caso de: 1) Despesas extraordinárias – em virtude de calamidade pública ou de guerra externa. OBS.: a situação calamitosa deve ser limítrofe, por exemplo, hecatombes avassaladores. Além disso, perceba que o contexto de guerra externa (iminente ou eclodida) pode ensejar dois tributos no Brasil: o empréstimo compulsório (agora estudado) e o Imposto Extraordinário (art. 154, II, CF); 2) Investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional. OBS.: a exemplificação é difícil, não sendo objeto da prática pública – ex.: falta de energia em uma cidade, que não tem recursos para cobrir. O empréstimo compulsório necessariamente será um adicional a algum imposto da União. A destinação é vinculada! - Teremos a restituição dos valores arrecadados. O empréstimo se mantém diante da persistência da situação fática que o motiva. A superação ou o desaparecimento dessa situação, irá resultar na extinção do empréstimo compulsório, com a devida restituição dos valores arrecadados. - Como se dará a restituição? Extinto o empréstimo como se dará a devolução dos valores? O prazo de devolução será estabelecido na lei complementar instituidora do empréstimo compulsório (art. 15, parágrafo único, CTN). O STF afirmou que a devolução deverá ser feita na mesma espécie em que recolhido (STF RE 175.385). Em regra, em moeda corrente. OCORREU no dia 23 de julho de 1986, através decreto nº 2288, o então Presidente José Sarney, criou um “empréstimo compulsório” para absorção temporária de excesso do poder aquisitivo, como medida complementar ao Programa de Estabilização Econômica. Empréstimo este exigido dos consumidores de gasolina ou álcool para veículos automotores, bem como dos adquirentes de automóveis de passeio e utilitários. Nessa linha de raciocínio, é possível afirmar, de forma convicta, que está superado o entendimento consolidado na Súmula 418 do Supremo Tribunal Federal – “O empréstimo compulsório não é tributo, e sua arrecadação não está sujeita à exigência constitucional da prévia autorização orçamentária” vez que a Emenda Constitucional 18/1965, ao incluir os empréstimos compulsórios nas disposições constitucionais sobre o sistema tributário nacional, pôs fim às controvérsias. ATENÇÃO! 1. Princípio da Anterioridade Tributária: - INCISO I – Calamidade Pública e Guerra Externa: exceção às duas anterioridades tributárias (exigência imediata); - INCISO II – INVESTIMENTO PÚBLICO: regra às DUAS anterioridades (anual e nonagesimal), não obstante a obvia menção ao art. 150, III, “b”, CF. 2. Parágrafo único do art. 148 da CF: - Ali se mencionou que a receita do empréstimo compulsório deve estar vinculada à sua despesa. Não pode haver tredestinação ou desvio de finalidade. O comando entrou na CF em 1988. IMPOSTOS São tributos não vinculados (o Estado não precisa realizar nenhuma atividade para legitimar a sua cobrança) e de arrecadação não vinculada. Serviços universais, sem referibilidade (divisibilidade e especificidade). - O imposto é tributo unilateral (eu ajo, eu pago), o fato gerador está ligado à ação do particular. - A lei ordinária é regra (IGF e Imposto Residual necessitam da edição de lei complementar). Os impostos são criados pela União, Estados, Municípios e DF. Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Art. 17. Os impostos componentes do sistema tributário nacional são exclusivamente os que constam deste Título, com as competências e limitações nele previstas. Art. 18. Compete: I - à União, instituir, nos Territórios Federais, os impostos atribuídos aos Estados e, se aqueles não forem divididos em Municípios, cumulativamente, os atribuídos a estes; II - ao Distrito Federal e aos Estados não divididos em Municípios, instituir, cumulativamente, os impostos atribuídos aos Estados e aos Municípios. Imposto é um tributo não vinculado, isto é, o fato gerador dessa espécie tributária é definido como sendo uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Ou seja, a obrigação de pagar impostos decorre de fatos do contribuinte. Por exemplo: a pessoa que possui um imóvel urbano está obrigada a pagar IPTU, independentemente de qualquer prestação estatal específica a ela relativa. - Além disso, os impostos são tributos de arrecadação não vinculada. Assim, a receita decorrente dos impostos não pode ser vinculada a órgão, fundo ou despesas, ressalvadas as hipóteses constitucionalmente previstas.
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