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RESUMO - EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS E CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS - ATILA

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Resumo – Empréstimos Compulsórios 
e Contribuições Especiais 
 
 
Centro Universitário – U:VERSE 
Curso de Direito 
Direito Tributário I – Empréstimos Compulsórios e Contribuições Especiais 
Prof. Antonio Átila Silva da Cruz 
 
Whatsapp: 68 99971-0083 
Instagram: @atila_cruz_adv 
E-mail: atila.cruz@gmail.com 
 
 
Estão preparados para aprender sobre Empréstimos Compulsórios e 
Contribuições Especiais? Essa matéria é fantástica e cai muito nas provas de 
concursos públicos e também no exame da OAB, sem prejuízo do conhecimento que 
se leva para a vida profissional. Mas vejam bem, este resumo não dispensa a leitura 
das doutrinas indicadas. Não sabote os seus estudos. 
Estamos juntos? Isso aí, vamos lá! 
 
1. EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS 
1.1. Competência e lei instituidora 
Os Empréstimos Compulsórios, previstos no art. 148 da CRFB/88, são 
tributos de competência exclusiva da União, cabendo apenas a ela instituí-los, não 
sendo admitida a instituição desse tributo por qualquer dos demais entes federativos. 
Só podem ser criados mediante lei complementar, não se admitindo lei 
ordinária para tal instituição. Vale frisar que por ser matéria reservada a lei 
complementar, é expressamente vedado uso de medida provisória, ainda que haja 
relevância e urgência. Vide a proibição disposta no art. 62, § 1º, III, da CRFB/88, o 
qual proíbe o uso de medidas provisórias em toda e qualquer matéria reservada a lei 
complementar. Logo, somente a União, e mediante lei complementar, pode 
instituir empréstimos compulsórios. 
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e Contribuições Especiais 
 
 
1.2. Situações permissivas de criação. Características. 
A União só pode criar empréstimos compulsórios em três situações, descritas 
nos dois incisos do art. 148. Trata-se dos casos de ocorrência de guerra externa (já 
acontecendo ou em sua iminência de começar), de calamidade pública, e ainda 
da necessidade de realização de investimentos públicos urgentes que atendam a 
um relevante interesse nacional. Em qualquer dessas três hipóteses, e apenas 
nelas, pode a União lançar mão da lei complementar e instituir um Empréstimo 
Compulsório. 
Basta analisar o perfil desses três fins para se detectar as características do 
tributo, o qual é marcado por ser o único tributo que gera restituição do valor 
pago (tanto que é pago a título de “empréstimo”) bem como por ser ligado a situações 
emergenciais, urgentes, as quais não ocorrem sempre. Por isso é possível afirmar 
que os empréstimos compulsórios são tributos emergenciais, eventuais, não 
definitivos (temporários, precários), e, ainda, restituíveis. 
Sempre importante destacar que, assim como os impostos, os empréstimos 
compulsórios podem ser cobrados sem que a União se vincule, se obrigue a 
qualquer contraprestação específica a cada sujeito passivo. Ou seja, a União não 
precisa fornecer uma prestação que atenda especificamente cada pessoa que vai ser 
tributada, não havendo relação bilateral, sinalagmática, como ocorre nas taxas e 
contribuições de melhoria. Daí a afirmação que os Empréstimos Compulsórios são 
tributos não vinculados, igualmente como os impostos e também as Contribuições 
Especiais. Por fim, a diferença entre os Empréstimos Compulsórios e o Impostos 
reside primordialmente no fato de que a receita arrecadada por Empréstimos é 
toda afetada pela Constituição para fins pré-determinados (guerra, calamidade 
e investimentos urgentes), o que não ocorre nos impostos, gravados pela não 
afetação constitucional da receita arrecadada. Ressalte-se que essa também é a 
característica das Contribuições Especiais (afetação constitucional da receita 
arrecadada), diferenciando-se, essas, dos Empréstimos, pelo fato de que além de os 
Empréstimos gerarem restitutividade dos valores pagos, o perfil dos fins para os 
quais a receita nos Empréstimos é afetada pela Carta é o da 
emergencialidade, porquanto nas Contribuições Especiais os quatro fins são 
previsíveis, programáveis. Há uma diferença entre as finalidades a serem 
custeadas por empréstimos e contribuições. No mais, são extremamente parecidos, 
ambos não vinculados e de receita afetada. 
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e Contribuições Especiais 
 
 
1.3. Princípio da anterioridade 
Se os Empréstimos forem criados nas situações permissivas narradas no art. 
148, I, quais sejam, guerra externa ou calamidade pública, poderão ser cobrados 
imediatamente, não ficando a norma tributária sujeita ao princípio da 
anterioridade, por qualquer de suas cláusulas temporais, a do exercício financeiro 
seguinte (art. 150, III, “b”) e a do mínimo nonagesimal (art. 150, III, “c”). Logo, nos 
casos de guerra externa ou calamidade pública, os Empréstimos Compulsórios 
terão incidência imediata, sendo exceção ao princípio da anterioridade. Peço 
a vocês que na prova, caso a questão seja abordada, tenham máxima atenção, pois 
nos casos do art. 148, II (empréstimos para custeio de investimentos públicos urgentes 
e de relevante interesse nacional), são respeitadas as duas cláusulas temporais do 
princípio da anterioridade. Assim, em resumo, Empréstimos Compulsórios 
podem, ou não, ficar sujeitos ao princípio da anterioridade. Nos casos de guerra 
e calamidade, não se sujeitam; nos de investimentos, respeitam normalmente 
o comando da anterioridade, tanto do exercício financeiro seguinte, quanto 
nonagesimal. 
2. CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS 
2.1. Competência 
Em regra, somente a União pode instituir Contribuições Especiais, 
ressalvadas apenas duas exceções: 
1) A Contribuição de Iluminação Pública -CIP (ou COSIP), que será 
instituída pelos Municípios e DF, conforme prevê o art. 149-A da CF; 
 
2) As Contribuições Previdenciárias cobradas dos próprios servidores 
públicos para custeio idos benefícios do Regime Especial de 
Previdência Social dos Servidores (previsto no art. 40, CF), as quais 
devem ser cobradas pelos Estados, DF e Municípios, cada ente cobrando 
dos seus próprios servidores, conforme prevê o art. 149, § 1º da CF. 
Logo, salvo a CIP e as Contribuições Previdenciárias dos 
Servidores Públicos, somente a União poderá criar as Contribuições 
Especiais, em qualquer de suas modalidades (Contribuições Sociais, 
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Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE, Contribuições 
Profissionais). 
2.2. Modalidades e Características 
Existem quatro espécies de Contribuições Especiais, e o critério 
para distingui-las é o fim para o qual os recursos são destinados, conforme 
expressa afetação constitucional. 
Nesse propósito, temos as seguintes espécies de Contribuições 
Especiais: 
a) Contribuições Sociais – Contribuições de Seguridade Social (Saúde + 
Previdência Social + Assistência Social) – Contribuições Sociais Gerais 
(demais focos do Estado Social); 
b) Contribuições Profissionais (para custear as Entidades 
Representativas de Classe); 
c) Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE’s 
(para custear as despesas que a União suporta quando desenvolve 
ações de Intervenção no Domínio Econômico); 
d) Contribuição de Iluminação Pública – CIP (para os Municípios ou o 
DF custearem a iluminação pública das ruas). 
Podemos destacar duas das características das Contribuições 
Especiais, quais sejam, são tributos não vinculados (assim como os Impostos 
e os Empréstimos Compulsórios), mas de receita afetada pela Constituição 
(assim como os Empréstimos Compulsórios e ao contrário dos Impostos). 
2.3. Lei Instituidora 
A lei que institui as Contribuições Especiais é a lei ordinária, havendo, 
entretanto, uma única exceção, onde é necessária lei complementar. É para os 
casos em que a União queira inventar outras Contribuições de Seguridade Social, 
além das já previstas expressamente na CF, que são as chamadas 
Contribuições Residuais de Seguridade Social, autorizadas no art. 195, § 
4º, CF. Logo, fiquem atentos na prova,pois salvo as Contribuições Residuais 
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de Seguridade Social (que dependem de Lei Complementar), todas as 
demais Contribuições Especiais se criam por lei ordinária. 
2.4. Princípio da Anterioridade 
Salvo duas exceções a seguir descritas, não há exceções ao princípio da 
anterioridade nas Contribuições Especiais. Logo, ressalvados os dois casos 
excepcionais, a seguir comentados, o raciocínio regra a ser assimilado é o de que 
quando forem criadas ou majoradas as Contribuições Especiais, elas se sujeitam 
normalmente ao princípio em evidência, só podendo ser aplicadas no exercício 
financeiro seguinte (art. 150, III, “b”, CF) e desde que respeitado o mínimo de 
noventa dias (art. 150, III, “c”, CF). Vejamos as duas exceções cuidadosamente: 
1) Contribuições Sociais de Seguridade Social (tanto as 
ordinariamente já previstas como as residualmente inventáveis): 
nesse caso, somente se aplica o prazo de 90 dias; o art. 195, § 6º, CF, 
prevê regra especial para as Contribuições de Seguridade Social, 
afirmando expressamente que não se aplica o disposto no art. 150, III, 
“b”, CF, sobre elas (exercício financeiro seguinte), ficando as mesmas 
sujeitas apenas ao lapso temporal nonagesimal; logo, a contar do dia 
da publicação da lei, respeitam-se noventa dias, e, logo em seguida, se 
pode passar a tributar, ainda que no mesmo ano. 
 
2) CIDE – Combustíveis: essa CIDE, autorizada pela EC n. 33/2001 e 
criada pela Lei n. 10.336/2001, prevista no art. 177, § 4º, CF, pode 
ter suas alíquotas reduzidas e restabelecidas por decreto do 
Executivo, sendo, de início, exceção à legalidade tributária. Quando do 
ato de restabelecimento da alíquota outrora reduzida, não é 
necessário aguardar o exercício financeiro seguinte, bastando que se 
respeite a noventena. Ou seja, quando o Poder Executivo Federal 
estiver promovendo o ato de restabelecimento da alíquota a qual 
havia sido reduzida, nesse ato de restabelecimento, basta esperar 
90 dias para poder voltar a tributar com a alíquota restabelecida, a 
qual já era prevista antes da redução. A tributação restabelecida pode 
ser aplicada no mesmo ano, bastando se observar o mínimo 
nonagesimal. Vale frisar que a situação em tela não se confunde com 
“majorações” de alíquotas; caso as alíquotas sejam majoradas há de 
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se respeitar integralmente o princípio da anterioridade, tanto pela 
regra do art. 150, III, “b”, CF (exercício financeiro seguinte), como a do 
art. 150, III, “c”, CF (noventena). Portanto, esclarecendo, a quebra da 
anterioridade é apenas para os atos de restabelecimento da alíquota, e 
não para as hipóteses de majoração; Ocorre restabelecimento quando 
o Poder Executivo não inova gravosamente, apenas trazendo a alíquota 
para o patamar que se encontrava antes da redução; não há uma 
majoração; esta se materializaria quando a alíquota fosse fixada em 
limite superior ao que se encontrava antes da redução, consagrando, 
aí sim, verdadeira inovação, majoração propriamente dita, e não um 
mero restabelecimento. Por fim, friso que essa exceção à anterioridade 
não é para qualquer CIDE, mas apenas para a CIDE dos 
Combustíveis. Exclusivamente nessa CIDE, e não em qualquer 
outra. 
3. CONTRIBUIÇÃO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA – CIP 
▪ A CIP é a mais recente das Contribuições Especiais. Não era prevista no texto 
originário da Constituição, tanto que não está citada no art. 149. Entrou no 
corpo da CF por via da EC n. 39/2002, através da criação do art. 149-A. 
 
▪ A CIP substituiu a velha (e inconstitucional) taxa de iluminação pública. Os 
municípios cobravam a referida taxa, a qual foi declarada inconstitucional pelo 
STF (Súmula STF n. 670), já que iluminação pública é serviço indivisível, de 
destinação universal, não podendo, portanto, ser objeto de taxação. Foi então 
articulada a EC n. 39/2002, que inventou uma nova espécie de Contribuição 
Especial, a CIP, que veio substituir a velha “TIP”. 
 
▪ A CIP não é uma taxa, e sim uma Contribuição Especial. Atenção com esse 
detalhe na prova! Tem as características de Contribuição Especial e será regida 
pelas normas peculiares a esse tributo. É tributo não vinculado (assim como 
os impostos e demais contribuições), ou seja, o Município não se obriga a uma 
prévia contraprestação dada individual e especificamente a cada pessoa que 
será tributada. É também tributo de receita afetada, quer dizer, a 
Constituição pré-determina para que fim será destinada a receita (afetando a 
receita), o que, no caso, é para o custeio da iluminação pública. 
 
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▪ Para criar a CIP basta lei ordinária. 
 
▪ A CIP tem como fato gerador da obrigação de pagá-la o consumo de energia 
elétrica, conforme preveem as leis que as instituem e bem como aceitou como 
legítimo o STF. Logo, a conduta que gera a obrigação de pagar a CIP quando é 
praticada é consumir energia elétrica. O STF concluiu, inclusive, que a CIP é 
regida pelo princípio da capacidade contributiva, comando peculiar aos 
impostos, mas que também se aplica a várias contribuições especiais. 
 
▪ A CIP pode ser cobrada na fatura de energia elétrica. O Município formaliza 
um convênio com a concessionária prestadora do serviço de fornecimento de 
energia elétrica e faz a delegação de capacidade tributária, de sorte que a 
concessionária cobra a CIP junto a “conta de luz” e depois de receber, repassa 
ao Município o valor da CIP. Consagra-se verdadeiro lançamento de ofício. 
4. CONTRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS 
▪ São as contribuições que se destinam a custear a manutenção e atividade das 
Entidades de Classes, como o Conselho Nacional de Medicina, o CREA, o 
Conselho de Odontologia etc. 
 
▪ O STJ vem entendendo que a contribuição paga pelos advogados à OAB não 
se equipararia às demais contribuições profissionais pagas pelos demais 
profissionais e suas entidades de classes, firmando que a contribuição da 
OAB não tem natureza tributária. A questão é política e visa libertar a OAB 
da sujeição a princípios tributários, especialmente os da legalidade e 
anterioridade. Atenção, pois na prova o melhor entendimento é esse, de que a 
contribuição paga pelos advogados não é tributo. 
 
▪ Não sendo tributo, não se pode utilizar a LEF e seu rito na execução dos 
inadimplementos, pois a LEF só se aplica para dívidas tributárias (não é o caso 
da contribuição da OAB) e para dívidas não tributárias da Fazenda pública 
(não é o caso da OAB, que não se inclui no conceito de Fazenda Pública). 
 
▪ Por fim, também não se aplicará a prescrição de cinco anos do art. 174 do CTN 
contra a OAB, e sim a de dez anos do Código Civil (art. 205, CC) 
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5. CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO 
▪ As CIDEs são tributos que se propõem a angariar recursos destinados a 
custearem as despesas que a União suporta quando atua desenvolvendo 
intervenções no domínio econômico; é para esse fim que fica afetada a receita 
da CIDE. 
 
▪ Sempre que for necessário angariar recursos para se custear as atividades que 
a União desenvolve no intento de intervir na ordem econômica, é possível criar 
uma CIDE para levantar recursos para custear tais fins. 
 
▪ As CIDEs podem ser criadas por leis ordinárias, são, em regra, regidas pelo 
princípio da capacidade contributiva (assim como os impostos) e incidem 
sobre condutas que, normalmente, são exteriorizadoras de capacidade 
econômica (ex.: a famosa CIDE dos Combustíveis incide sobre a conduta 
“circulação de combustíveis”; a CIDE dos Royalties incide sobre a conduta 
“emissão de royalties para o exterior”); em outras palavras, o fato gerador da 
CIDE pode ser uma conduta reveladora de capacidade contributiva, assim 
como nos impostos. 
 
▪ A mais importante das CIDEs paraos concursos públicos é a famosa “CIDE 
dos Combustíveis”, que foi autorizada pela EC n. 33/2001 e criada pela Lei 
n. 10.336/2001. Essa emenda inseriu no art. 177 da CRFB um parágrafo novo 
(art. 177, § 4º), onde resta disciplinada essa CIDE. No referido dispositivo 
encontrar-se-á o rol de características estruturantes dessa CIDE, as quais 
normalmente são indagadas em provas. 
 
▪ Sobre a CIDE dos combustíveis, essa é a única CIDE em que temos na 
Constituição uma definição do que seja “intervenção no domínio econômico”. 
Ou seja, o constituinte reformador definiu exatamente para quais fins deve ser 
destinada a receita arrecadada por essa CIDE. E são os seguintes: a) meio 
ambiente (projetos ambientais, especialmente ligados às questões conexas 
com a exploração do petróleo e gás); b) transportes de combustíveis 
(especialmente os gasodutos e oleodutos); c) Política Nacional de 
Transportes. Logo, é para esses três fins que será destinada a arrecadação da 
referida CIDE. 
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▪ O fato gerador da CIDE dos combustíveis é a circulação de combustíveis, 
sejam eles fabricados no Brasil ou importados. 
 
▪ Como já visto, a CIDE dos combustíveis pode ter suas alíquotas reduzidas 
e restabelecidas por Decreto Executivo, havendo exceção ao princípio da 
legalidade. Observe-se com total atenção que não se admite MAJORAÇÃO 
por decreto, mas apenas a redução e o RESTABELECIMENTO das alíquotas. 
Resta dizer, o Poder Executivo pode desonerar esse tributo por decreto, 
reduzindo as alíquotas até 0% se for o caso; depois, pode restabelecer alíquota 
até o patamar em que se encontrava antes da redução, não podendo, por 
decreto, aumentar a alíquota para limite superior ao que a lei fixou, cabendo 
apenas recoloca-la no alcance em que se encontrava antes de ter sido reduzida. 
 
▪ Quando houver o ato de restabelecimento da alíquota reduzida da CIDE dos 
combustíveis não é necessário aguardar o exercício financeiro seguinte para 
aplicar a alíquota restabelecida, bastando se aguardar um prazo de noventa 
dias. Ou seja, no restabelecimento de alíquota reduzida, não se aplica o 
princípio da anterioridade pela cláusula do “exercício financeiro 
seguinte” (art. 150, III, “b”, CF), mas se aplica a noventena (art. 150, III, 
“c”, CF). Logo, quando restabelecida a alíquota que havia sido reduzida da 
referida CIDE, basta contar 90 dias e já se pode voltar a tributar, ainda que 
seja no mesmo ano em que ocorreu o ato de restabelecimento, pois não se 
aplica o art. 150, III, “b” (conforme disposto no art. 177, § 4º, I, “b”, CF). 
 
▪ Ainda sobre a CIDE dos combustíveis, o tributo é de competência da União, 
sendo a União que legisla, fiscaliza e arrecada o tributo em tela. Não 
obstante, merece total atenção o fato de que a referida CIDE passa por um 
sistema especial de Repartição de Receita Tributária, que foi determinado 
pelas EC n. 42/2003 e 44/2004. Nesses termos, a União só fica com 71% da 
receita arrecadada. O governo federal é obrigado a repassar 29% para os 
Estados e Distrito Federal. E atente-se para fato de que cada Estado-
membro será obrigado a repassar a seus Municípios 25% do quinhão que 
recebeu (ex.: em uma arrecadação total da CIDE-Combustíveis de 1000 “x”, o 
valor de 290 “x” será rateado entre os Estados e o DF, ficando a União apenas 
com 710 “x”; suponhamos que dos 290 “x”, o Estado do Rio de Janeiro receba 
28 ‘x’ desse montante repartido; ao receber esses 28 “x” o Estado do Rio de 
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janeiro será obrigado a distribuir 7 “x” – um quarto do que recebeu – entre 
seus 92 Municípios). 
 
▪ Existe uma outra CIDE importante que é a CIDE da Marinha Mercante, 
apelidada de AFRMM. É um tributo destinado a custear a frequente 
renovação da frota da Marinha Mercante brasileira, a qual é utilizada na 
atividade econômica nacional nos transportes e fretes aquaviários. O fato 
gerador é a contratação de fretes de mercadorias transportadas 
aquaviariamente; a CIDE incide como um “adicional” sobre o valor do frete. 
Daí o apelido de Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante 
– AFRMM. Por ter sua arrecadação destinada ao custeio dessa renovação da 
frota da Marinha brasileira, o STF chegou a afirmar ser essa CIDE uma 
“contribuição PARAFISCAL”, já que sua receita seria destinada a um Fisco 
“paralelo”, uma “pessoa” diferente dos entes federativos, no caso a instituição 
da Marinha brasileira. Nos concursos, deve-se ter a atenção de perceberem 
que a natureza da AFRMM é de CIDE, podendo ainda se afirmar ser esta 
CIDE uma contribuição especial PARAFISCAL. As duas afirmativas 
estarão corretas. O AFRMM é uma CIDE e é uma Contribuição Parafiscal. 
 
▪ Outra CIDE importante é a CIDE do SEBRAE. Essa CIDE é cobrada dos 
micros, pequenos e médios empresários e se propõe a captar recursos 
financeiros para manter o SEBRAE funcionando com eficiência e qualidade. O 
SEBRAE é um braço do governo que atua no apoio, orientação e fomento da 
inclusão dos micros e pequenos empresários na atividade econômica. Sua 
atuação reflete conduta com a qual a União promove uma intervenção no 
domínio econômico. Merece muita atenção o fato de que o STF pacificou que 
a CIDE do SEBRAE pode ser cobrada dos empresários de médio porte 
mesmo não sendo eles destinatários diretos da atuação do SEBRAE, o 
qual atua em favor dos micros e pequenos empresários apenas. Logo, na 
prova, fiquem atentos, pois a CIDE do SEBRAE pode ser cobrada mesmo de 
quem não seja um micro ou pequeno empresário. 
 
▪ Outra CIDE importante é a que foi criada pela Lei n. 10.168/2000. É a 
chamada CIDE-Serviços. Incide sobre a comercialização de tecnologias, 
marcas e patentes, serviços de assistência técnica e, após a Lei n. 
10.332/2001 passou a incidir também sobre a emissão de royalties para o 
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exterior. Nas provas, normalmente se indaga qual é a natureza do tributo que 
incide sobre tais condutas, e o gabarito apontará a “CIDE” como resposta. 
6. DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 
▪ As Contribuições Sociais são tributos que se propõem a captar recursos 
financeiros para custear as despesas advindas das políticas públicas com as 
quais se implementa o “Estado Social”. A Constituição apresenta direitos 
sociais no art. 6º. Apresenta uma “Ordem Social Constitucional”, dentro da 
qual elenca uma série de normas programáticas e políticas públicas delineadas 
para concretizarem os direitos sociais. Para viabilizar a execução de tais 
medidas é que se projetam as contribuições sociais, as quais são contribuições 
especiais destinadas a custear as despesas com tal intento. 
 
▪ As Contribuições Sociais se dividem em dois grupos, e o critério para dividi-
las é analisar para “qual segmento do Estado Social” está sendo alocada a 
receita; esta pode ser destinada à seguridade social (saúde, previdência 
social e assistência social) ou então ao demais segmentos do Estado Social 
que não se incluam no conceito de seguridade social. Logo, podemos falar, em 
primeiro plano, das Contribuições Sociais de Seguridade Social; e, em um 
segundo plano, de todas as demais contribuições sociais que não destinem 
receita à seguridade social, as quais serão apelidadas de Contribuições 
Sociais Gerais. 
 
▪ As Contribuições Sociais de Seguridade Social – CSSS podem ser 
subcategorizadas em duas espécies: as CSSS Ordinárias e as CSSS 
Residuais. 
 
▪ As Contribuições Ordinárias de Seguridade Social são aquelas que já estão 
apresentadas e definidas na Constituição. Ou seja, o Constituinte listou as 
contribuições que quer ver sendo cobradas para que através delas se gere a 
arrecadação que custeia a Seguridade. São as contribuições do “dia-a-dia”, as 
já previstas na Carta e as que são ordinariamente utilizadas. Elas estão na 
Constituição em número de “quatro”,e estão previstas nos incisos I a IV do 
art. 195. 
 
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▪ Apesar de o Constituinte ter listado as contribuições ordinárias para a 
Seguridade Social, pode a União, caso julgue necessário, criar qualquer outra 
contribuição para custear a seguridade social além das que já estão 
ordinariamente previstas, já que o legislador maior expressamente autoriza, 
conforme se percebe na leitura do § 4º do art. 195. E aqui nos referimos às 
Contribuições Residuais de Seguridade Social, que são nada mais do que 
quaisquer outras que a União queira inventar, diferente das já previstas 
expressamente na CF. 
 
▪ Para criar Contribuições Residuais para a Seguridade Social, a União se 
sujeita a algumas limitações. Atenção: as Contribuições Residuais de 
Seguridade Social só podem ser criadas por Lei Complementar, não podem 
ter o mesmo fato gerador e a mesma base de cálculo das Contribuições de 
Seguridade Social Ordinárias; por fim, se for o caso, a depender de qual seja 
o fato gerador escolhido pela lei complementar instituidora da Contribuição 
Residual e suas características, a referida contribuição respeitará a técnica da 
não cumulatividade, que evita tributações indevidas e que é peculiar a fatos 
geradores “plurifásicos”, o que ocorre com o ICMS e o IPI. 
 
▪ As Contribuições Ordinárias de Seguridade Social, bem como também as 
Contribuições Sociais Gerais são criáveis por simples lei ordinária. 
Havendo relevância e urgência, é possível expedição de medidas provisórias. 
Já as Contribuições Residuais de Seguridade Social jamais podem ser 
criadas por medida provisória, já que são reservadas à órbita da lei 
complementar, sendo absolutamente proibido uso de medida provisória em 
matéria de lei complementar (art. 62, § 1º, III, CF). 
 
BONS ESTUDOS!!!

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