Buscar

ONLINE 7

Prévia do material em texto

ONLINE 7
GOLPES MILITARES NA AMÉRICA LATINA
Introdução
Nesta aula, iremos analisar a ocorrência de golpes militares na América Latina, relacionando-os ao temor pelo crescimento da esquerda na região. Iremos reconhecer ainda as principais motivações para a ocorrência desses golpes e como eles se entrelaçam com a política interna dos países onde ocorreram, assim como pela questão da política externa e com os temores da Guerra Fria. Você irá reconhecer ainda os principais atores envolvidos nesses golpes e, assim, analisar a posição adotada por eles diante desse quadro que se tornou intenso, em toda a região, no decorrer de mais de duas décadas.
Premissa
Conforme já vimos, em aulas anteriores, a região da América Latina sempre esteve envolvida em processos de alteração de sua ordem política. 
 Destacamos, como exemplo, a própria ocupação da região, colonizada por portugueses e espanhóis e que buscou a sua independência de diferentes maneiras, ao longo do século XIX, com destaque para a ocorrência de lutas em algumas regiões como forma de garantir a sua liberdade.
Os países que então se formaram aderiram ao modelo republicano de governo, mas em algumas regiões, lutas foram empreendidas para que o seu direito de escolha pudesse ser acatado.
Início do século XX
O século se iniciou com a Revolução Mexicana, que refletiu em uma luta de camponeses para buscar melhorias em suas condições de vida, passando pela tentativa de toda a região em se afirmar diante do cenário imposto(A região havia se consolidado como agroexportadora e ficou presa a laços de dependência econômica muito fortes.) pela primeira metade do século XX.
Claro que não podemos deixar de destacar a grande influência que os norte-americanos sempre buscaram exercer na região e que ganhou um vulto maior após o fim da Segunda Guerra Mundial e a inserção da União Soviética no cenário internacional.
Nesse sentido, o temor de um crescimento do comunismo, em todo o mundo, fomentou diversas intervenções e, principalmente, o apoio dos Estados Unidos para os diversos golpes militares que ocorreram, em especial, os que se efetivaram na América Latina.
Por trás das manifestações
Também não podemos deixar de comentar sobre o próprio contexto que acompanhou a América Latina nos anos 1950, abordados por nós na aula anterior, onde analisamos:
A Revolução na Bolívia em 1952
O golpe perpetrado na Guatemala, em 1954 O golpe de estado que abalou a Guatemala em 1954 foi uma operação denominada PBSUCESS organizada pela CIA para derrubar Jacobo Arbenz Guzmán, o presidente democraticamente eleito da Guatemala. O governo Arbenz introduziu uma série de reformas que a inteligência americana considerou como atribuídos aos comunistas e de influência soviética, como a apreensão e expropriação de terras não utilizadas que corporações privadas retiradas há muito tempo, e distribuição dessas terras para camponeses. Este foi o primeiro golpe de estado promovido pela CIA na América latin
A Revolução Cubana, em 1959 Sendo uma das últimas nações a se tornarem independentes no continente americano, Cuba proclamou a formação de seu Estado independente sob o comando do intelectual José Marti e auxílio direto das tropas norte-americanas. A inserção dos norte-americanos nesse processo marcou a criação de um laço político que pretendia garantir os interesses dos EUA na ilha centro-americana. Uma prova dessa intervenção foi a criação da Emenda Platt, que assegurava o direito de intervenção dos Estados Unidos no país.
Dessa maneira, Cuba pouco a pouco se transformou no famoso “quintal” de grandes empresas estadunidenses. Essa situação contribuiu para a instalação de um Estado fragilizado e subserviente. De fato, ao longo de sua história depois da independência, Cuba sofreu várias ocupações militares norte-americanas, até que, na década de 1950, o general Fulgêncio Batista empreendeu um regime ditatorial explicitamente apoiado pelos EUA.
Nesse tempo, a população sofria com graves problemas sociais que contrastavam com o luxo e a riqueza existente nos night clubs e cassinos destinados a uma minoria privilegiada. Ao mesmo tempo, o governo de Fulgêncio ficava cada vez mais conhecido por sua negligência com as necessidades básicas da população e a brutalidade com a qual reprimia seus inimigos políticos. Foi nesse tenso cenário que um grupo de guerrilheiros se formou com o propósito de tomar o governo pela força das armas.
Sob a liderança de Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e Ernesto “Che” Guevara, um pequeno grupo de aproximadamente 80 homens se espalhou em diversos focos de luta contra as forças do governo. Entre 1956 e 1959, o grupo conseguiu vencer e conquistar várias cidades do território cubano. No último ano de luta, conseguiram finalmente acabar com o governo de Fulgêncio Batista e estabelecer um novo regime pautado na melhoria das condições de vida dos menos favorecidos.
Entre outras propostas, o novo governo defendia a realização de uma ampla reforma agrária e o controle governamental sob as indústrias do país. Obviamente, tais proposições contrariavam diretamente os interesses dos EUA, que respondeu aos projetos cubanos com a suspensão das importações do açúcar cubano. Dessa forma, o governo de Fidel acabou se aproximando do bloco soviético para que pudesse dar sustentação ao novo poder instalado.
A aproximação com o bloco socialista rendeu novas retaliações dos EUA que, sob o governo de John Kennedy, rompeu as ligações diplomáticas com o país. A ação tomada no início de 1961 foi logo seguida por uma tentativa de contra-golpe, no qual um grupo reacionário treinado pelos EUA tentou instalar - sem sucesso - uma guerra civil que marcou a chamada invasão da Baía dos Porcos. Após o incidente, o governo Fidel Castro reafirmou os laços com a URSS ao definir Cuba como uma nação socialista.
Para que a nova configuração política cubana não servisse de exemplo para outras nações latino-americanas, os EUA criaram um pacote de ajuda econômica conhecido como “Aliança para o Progresso”. Em 1962, a União Soviética tentou transformar a ilha em um importante ponto estratégico com uma suposta instalação de mísseis apontados para o território estadunidense. A chamada “crise dos mísseis” marcou mais um ponto da Guerra Fria e, ao mesmo tempo, provocou o isolamento do bloco capitalista contra a ilha socialista.
Com isso, o governo cubano acabou aprofundando sua dependência com as nações socialistas e, durante muito tempo, sustentou sua economia por meio dos auxílios e vantajosos acordos firmados com a União Soviética. Nesse período, bem-sucedidos projetos na educação e na saúde estabeleceram uma sensível melhoria na qualidade de vida da população. Entretanto, a partir da década de 1990, a queda do bloco socialista exigiu a reformulação da política econômica do país.
Em 2008, com a saída do presidente Fidel Castro do governo e a eleição do presidente Barack Obama, vários analistas políticos passaram a enxergar uma possível aproximação entre Cuba e Estados Unidos da América. Em meio a tantas especulações, podemos afirmar que vários indícios levam a crer na escrita de uma nova página na história da ilha que, durante décadas, representou o ideal socialista no continente americano.
Todos os movimentos citados, revelaram o desejo de mudança na condução da política e da economia latino-americanas e já acenavam para conflitos. 
De todos os movimentos estudados, ganha destaque a Revolução Cubana, principalmente por ser uma ação guerrilheira que contou com ampla adesão de camponeses e obteve sucesso. Após, alinhou-se à União Soviética e consolidou-se como uma revolução comunista nas Américas.
Com certeza, o temor do crescimento das ideias plantadas pela Revolução Cubana, aliado ao próprio contexto da Guerra Fria, trouxe incertezas quanto ao futuro da região.
Golpes militares
Entre as décadas de 1960 e 1980, a América Latina foi alvo de uma sucessão de golpes militares. Eric Hobsbawm afirma que:
“Pois mesmo na América Latina as grandesforças da mudança política eram políticos, civis e exércitos. A onda de regimes militares direitistas que começou a inundar grandes partes da América do Sul, na década de 1960 – o governo militar jamais saíra de moda na América Central, com exceção do México revolucionário e da pequena Costa Rica, que na verdade aboliu seu exército após uma revolução em 1948 – não respondia, basicamente, a rebeldes armados. Na Argentina, eles derrubaram o caudilho populista Juan Domingo Perón (1895-1974), cuja força estava na organização dos trabalhadores e na mobilização dos pobres (1955), após o que se viram retomando o poder a intervalos, pois o movimento de massa peronista se revelou indestrutível e não se pôde construir nenhuma alternativa civil e estável.” (1995, p. 429)
Cada país apresentou uma conjuntura interna que facilitou a tomada do poder pelos militares e isso não pode e não deve ser desconsiderado, principalmente devido ao aumento da luta de guerrilha que se espalhou pela região e começou a questionar os rumos políticos do país.
É importante que os analisemos para que fique determinado o caráter de responsabilidade interna quanto aos rumos seguidos por cada uma das nações que passaram pelo golpe.
Medo do comunismo
Um importante ponto a ser destacado aqui e já citado anteriormente é o temor pelo aumento da esquerda na América Latina e seu ideário comunista. 
Não podemos nos esquecer de que os partidos comunistas cresceram muito após o fim da Segunda Guerra Mundial e isso os colocou em destaque, apesar de alguns passarem por processos legais de cassação de seu registro político (caso do Partido Comunista do Brasil) ou de entrarem em um ostracismo (caso do Partido Comunista da Argentina).
Fica evidente então que já havia temor quanto ao crescimento do comunismo na região. Ademais, o crescimento do movimento trabalhista, a busca por igualdade dentro dos países e, em alguns casos, a bandeira do reformismo também trouxeram insegurança.
Outro ponto de destaque é o fato de que sempre houve uma dura propaganda anticomunista na região, fortemente desenvolvida no Brasil e que tornou-se um dos pilares para o apoio ao golpe ocorrido no país em 1964.
Você tem mais interesse no assunto? Então, sugerimos a seguinte bibliografia:
MOTTA, R. P. S. Em guarda contra o perigo vermelho. O anticomunismo no Brasil. 1917-1964. São Paulo: Perspectiva, 2002.
Osvaldo Coggiola (2001) destaca que há uma grande dificuldade em determinarmos traços comuns a regimes e situações políticas diversas, pois tivemos alguns golpes nacionalistas e populistas( COMO O QUE OCORREU NA BOLÍVIA), e repressivos e entreguistas( COMO OS QUE OCORRERAM NO BRASIL, ARGENTINA E CHILE), mas no que concernem as diferenças, podemos identificar como ponto comum:
A dissolução das instituições representativas
A falência ou crise aguda dos regimes e partidos políticos tradicionais
A militarização da vida política e social, em termos gerais
Analisando ainda os golpes militares que ocorreram, é possível compreender que eles modificaram bastante a história da região, inaugurando um período de ditaduras em praticamente todos os países e consolidando um forte alinhamento com os Estados Unidos. A seguir, veremos os alvos de golpe militares: Bolívia, Brasil, Chile e Argentina.
Bolívia, 1964
Na Bolívia, em 1964, foi derrubado o governo civil do Movimento Nacionalista Revolucionário, considerado herdeiro da revolução de 1952.  
 René Barrientos Ortuño liderou as Forças Armadas nessa ação, iniciando um processo que se estendeu por grande parte da América Latina ao longo de 20 anos.
Com a chegada de Barrientos ao poder, parte das reformas buscadas pelo movimento de 1952 acabou sendo abandonada. 
O novo governo que se instaurou foi apoiado pelos norte-americanos, sendo fortemente marcado por:
Perseguições a lideranças populares
Demissão de trabalhadores, rebaixamento de salários
Perpetuamento de massacres
Barrientos morre em um acidente de avião, no ano de 1969, tendo seu governo sido marcado pelo assassinato de Ernesto Guevara(Che Guevara: sua trajetória de luta na Bolívia faz parte de um diário escrito pelo próprio, onde consta a efetivação da guerrilha e sua efetivação, de janeiro a outubro de 1967), um dos líderes da Revolução Cubana e que se encontrava na Bolívia, em uma tentativa de promover ali também alguma forma de combate ao governo que havia se instalado no país. 
Guevara foi morto, em uma ação militar, em outubro de 1967 e alçado a condição de mito, sendo considerado um dos maiores revolucionários da América Latina e inspirando jovens e gerações posteriores.
Brasil, 1964
No Brasil, tivemos a instauração de uma ditadura militar que derrubou o governo de João Goulart.
As forças de esquerda caminhavam em direção a um reformismo do Estado, com forte pressão pela reforma agrária e de base, gerando intenso temor por parte de setores da elite brasileira que, insatisfeitos com o governo de Jango - acusado por alguns grupos de ser comunista - apoiaram a tomada do poder pelos militares.
 Ressaltamos também que grande parte da classe média brasileira também se mostrou favorável à tomada de poder pelos militares.
João Goulart, considerado herdeiro do trabalhismo de Getúlio Vargas
Nesse golpe, é interessante destacar o apoio norte-americano para a ação, consolidado na figura do embaixador Lincoln Gordon, que tinha estreitas relações com o palácio presidencial durante e após a orquestração do golpe de 1964. 
 O grau de envolvimento dos norte-americanos, no golpe perpetrado contra Jango, aparece claramente na Operação Brother Sam (Um plano militar que previa o envio para as costas brasileiras de porta-aviões de ataque, destroieres, navios de munições e de mantimentos e aviões com armas e munições, com o objetivo de fornecer apoio logístico, material e militar aos golpistas, prevendo uma possível instabilidade para a tomada de poder pelos militares e uma guerra civil prolongada.) que não se efetivou, e todo o aparato militar enviado ao Brasil foi deslocado sem a necessidade de entrar em ação.
Argentina, 1966
Dentro do quadro de estabelecimento de ditaduras militares na América Latina, ocorreu na Argentina, em 1966, um levante organizado pelo exército e liderado por Juan Carlos Onganía, derrubando o governo civil de Arturo Illia do Partido Radical.
De acordo com Osvaldo Coggiola, os governos civis que sucederam o governo militar de Aramburu, em 1957 e que havia derrubado Perón através de um golpe em 1955, padeceram de instabilidade política crônica devido a proscrição (BANIMENTO) do Partido Peronista, então majoritário e cujo líder, Perón, se encontrava exilado na Espanha. Havia ainda uma grande hostilidade ao movimento operário e aos sucessivos ultimatos dos militares e, nesse sentido, os governos civis se sentiam reféns das Forças Armadas.
A ditadura encarregou-se de dissipar a ilusão de uma possível volta dos peronistas e adotou algumas atitudes radicais(Tais como tirar a autonomia das universidades, acusando-as de serem berços de ideais comunistas no país, reprimir violentamente a oposição e fortalecer a presença da Igreja em todos os setores do aparelho educacional.).
 Houve uma forte associação da burguesia argentina com o capital estrangeiro, consolidando o projeto de penetração norte-americana na região. Esse projeto necessitava da deposição de vários governos civis como forma de garantir a tranquilidade necessária as suas negociações.
Jornada Cordobaço
O governo de Onganía agiu com forte repressão a movimentações dos trabalhadores na região, atingindo seu auge com a jornada conhecida como “Cordobaço”( A jornada teve seu início em 29 de maio de 1969, quando toda a população da cidade de Córdoba( CIDADE DE BUENOS AIRES) se solidarizou com os protestos de mecânicos metalúrgicos de automóveis, eletricistas, e estudantes, todos buscando melhores condições de vida.)
 Grandes empresas foram ocupadas e ao final da tarde do mesmo dia o Exército consegue entrar na cidade e retomar seu controle. Após esseacontecimento, ocorreu uma greve geral em todo o país, confirmando que a população estava pronta para apoiar combates contra a ditadura.
Depois desse movimento, o governo de Ongania tornou-se enfraquecido, sendo destituído pelas Forças Armadas, sob a liderança de Roberto Marcelo Levingston, que também não deu nenhuma resposta ao movimento dos trabalhadores. 
 Devido ao fato de que as mobilizações populares colocavam em risco a estabilidade do Governo, foi efetuado um novo golpe de Estado, levando ao poder o General Alejandro Agustín Lanusse, em março de 1971, que governou até 1973.
Perón, mesmo do exílio, começou a articular seu retorno à política argentina, mas quando ocorreram às eleições, em 1973, o candidato vencedor foi Hector José Cámpora, que governou por pouco tempo. 
Cámpora renunciou alguns meses depois e convocando novas eleições, vencidas pela chapa Perón-Perón - essa era composta por Juan Domingo e sua esposa, Maria Estela Martinez de Peron, conhecida como Isabelita Perón.
O presidente morreu alguns meses depois e sua esposa, então vice-presidente, assumiu o governo no país sendo, posteriormente destituída por um golpe militar perpetrado por Jorge Rafael Videla, que governou o país pelos anos seguintes.
Chile, 1973
O Chile também foi alvo de um golpe militar que marcou os rumos políticos dos pais durante os anos seguintes. 
Em 1970, o país passou por eleições democráticas e o candidato eleito foi Salvador Allende, vitorioso através da coalizão de esquerda denominada Unidade Popular (UP), formada pelos partidos socialista e comunista, setores católicos e liberais e contando com enorme apoio dos trabalhadores urbanos e também de camponeses.
Reação da ultradireita chilena
A ultradireita chilena ficou temerosa de ter mais um governo socialista na região, pois o governo de Allende havia se comprometido com o processo de reforma agrária e nacionalização da economia, acreditando em reformas econômicas que pudessem melhorar a vida dos trabalhadores. 
Insatisfeitos com os rumos que Allende pretendia dar ao país, eles articularam um golpe contra o presidente, apoiados pela CIA e chefiado pelo General Augusto Pinochet, contando ainda com a aprovação da burguesia chilena e o apoio dos norte-americanos.
De acordo com Osvaldo Coggiola...
 “O compromisso de Allende e da UP( UNIDADE POPULAR), já selado desde a vitória eleitoral de 1970 por meio de um “pacto de garantias”, de não tocar os alicerces do Estado e principalmente as Forças Armadas, e de manter seu programa de reformas dentro dos limites do regime capitalista, não foi suficiente para conter uma direita que, também desde 1970, começou a se organizar para dar uma saída radicalmente reacionária à situação de crise e mobilização popular. 
O eixo dessa saída seria novamente a coluna vertebral do Estado: as Forças Armadas”. (2001, p.32) 
 As mobilizações populares se tornaram um obstáculo para o avanço da direita no Chile e era um problema que precisava ser resolvido. 
 Os operários continuavam tentando impulsionar transformações revolucionárias, que lhes garantisse melhores condições, o que foi mais um motivador para que o golpe pudesse ser gestado e o país passou a viver sob o clima de golpe com setores expressivos da população reagindo a essa possibilidade, principalmente por perceberem as articulações que estavam sendo levadas a cabo pelos patrões. 
 Quanto às reações do governo de Allende, Osvaldo Coggiola afirma que: 
 “Enquanto setores expressivos do movimento popular reagiam ao clima de possível golpe, denunciando as articulações da cúpula militar e sustentando a mobilização, os chefes políticos da UP não faziam nada de concreto para preparar um enfrentamento com a direita. Pelo contrário, eles insistiam, obstinadamente, em promover um acordo com a direita e implantar um novo plano econômico de caráter extremamente vago, que não respondia às exigências do momento. Mais grave ainda é que Allende não propunha nenhuma orientação de confronto com o Congresso conservador, sujeitando-se a fazer cada vez mais concessões à Democracia Cristã, argumentando que a guerra civil deveria ser evitada, guerra que há tempos já fora deflagrada contra os trabalhadores sob os olhares passivos do governo. Nesse contexto final de deterioração do quadro político e institucional e de aguçamento das lutas de classes, as diferenciações políticas já latentes no interior de UP surgiram com certa nitidez.” (2001, p. 42-43)
No dia 11 de setembro de 1973, o Chile amanheceu sob os auspícios de um golpe que instituiu uma das mais violentas ditaduras na América Latina. 
 Seu presidente, Salvador Allende, apesar de toda a organização do Exército para tomar o Palácio La Moneda, resistiu o quanto julgou possível até ser definitivamente derrotado combatendo àqueles com quem tentou buscar conciliação, demonstrando que resistir ao golpe no país era impossível.
Segundo seu médico pessoal, Allende cometeu suicídio para não se entregar, disparando contra si com uma arma dada a ele por seu amigo, Fidel Castro, um AK-47.
A América Latina foi palco de um conjunto de ditaduras que marcaram a sua história e a transformaram em uma região de intensos conflitos e mortes, fator que marcou os governos militares na América Latina durante as décadas de 1960 a 1980.

Continue navegando