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SECRETARIA DE ESTADO DO AMAZONAS ESCOLA ESTADUAL PIO VEIGA BIOGRAFIA OBRA DE ÁLVARO MAIA E PAULO JACOB Trabalho de Língua Portuguesa, realizado pelos alunos Eliziane Rodrigues, Luzia Cartilho, Carlos, Alessandra, Sumara para obtenção de notas referentes ao 1º bimestre, sob a orientação daProfº Ioney Atalaia do Norte 2017 Introdução Antologia do conto do Amazonas' é uma obra que se constrói como um passeio pela história da produção ficcional no Amazonas, tendo como cenário a paisagem regional, os dramas humanos e o universo mágico que enforma a subjetividade dos habitantes da pátria das águas. Vida e Obra de Álvaro Maia Álvaro Botelho Maia nasceu em 19 de fevereiro de 1893, no seringal “Goiabal”, rio Madeira, município de Humaitá, primogênito de Fausto Ferreira Maia (cearense, falecido em 1932) e Josefina Botelho Maia (amazonense falecida em 1968). Na infância, às margens do rio Madeira, ouviu muitas lendas e histórias que, mais tarde, serviriam de base para tantas narrativas. Tornou-se conhecido como o Príncipe dos poetas amazonenses. Estudou direito, em Fortaleza e colou grau na Faculdade do Rio de Janeiro. Seu primeiro emprego no Amazonas foi de redator da Assembleia Legislativa, depois Procurador da República. Era jornalista, poeta e político atuante.O mesmo foi casado com D. Amazilis e teve duas filhas: Terezinha (já falecida) e Alviles, casada com Leopoldo Péres Sobrinho (irmão do falecido senador Jefferson Péres.)Faleceu na madrugada do dia 4 de maio de 1969, na Santa Casa de Misericórdia, acometido de infarto. Em 1918 foi candidato a Deputado Federal; na revolução de 1930, foi nomeado Interventor Federal, governou até o final de 1931; foi escolhido Senador em 1935, logo depois foi eleito indiretamente para Governador Constitucional do Estado, em 1937 foi escolhido Interventor Federal; em 1945 foi eleito com grande margem de votos para a Senadoria Federal e em 1950 voltou novamente para o governo do Amazonas e ainda foi Senador pela terceira vez. Fama de intelectual Filho do Amazonas, Álvaro Maia, interiormente, julgava-se responsável pelo destino da região. Por isso, ingressou na política, conquistou espaço, carisma de homem público e, principalmente, pela fama de intelectual que granjeou entre as pessoas humildes. Tornou-se uma espécie de guia espiritual, orgulho dos amazonenses. Um Dom Quixote da depressão Vendo o declínio do Ciclo da Borracha, Álvaro Maia, no auge da sua juventude, lutou intrepidamente para despertar a consciência dos jovens sobre a tragédia que se avizinhava. Ficou famosa a Canção de Fé e Esperança, proferida em 1923, em que o autor, ousadamente, denuncia a cumplicidade dos poderosos e convida a juventude de sua terra para lutar contra as adversidades da História. Obras variadas Álvaro Maia produziu estudos, conferências, crônicas, contos, poemas e romances. As obras de teor literário são: 1. Na Vanguarda da Retaguarda(crônicas, 1943) 2. Gente dos Seringais (narrativas, 1956) 3. Beiradão(romance, 1958) 4. Buzina dos Paranás (poesia, 1958) 5. Banco de Canoa(narrativas, 1963) 6. Defumadores e Porongas (narrativas, 1968) 7. Jacaré de assombração:lenda do interior do Amazonas ( narrativas, 1958) Trabalhos Publicados Água viva. Manaus : [s.n.] 1950. 8 p. - Antes das férias. Manaus : Livraria Clássica, 1929. - Após a campanha. Manaus : Armazéns Palácio Real, 1926. 28 p. - Banco de canoa. Manaus : Sérgio Cardoso, 1963. 280 p. - A Bandeira Nacional como símbolo e emblema da Pátria. Manaus : Armazéns Palácio real, 1926. 42 p. - Beiradão. Rio de Janeiro :Borsoi, 1958. 296 p. - Bendita entre as mulheres. Manaus : [s.n.], 1945. 9 p. - Buzina dos paranás. Manaus : Sérgio Cardoso & Cia., 1958. 382 p. - Canção de fé e esperança. Manaus : Tipografia de Cá e Lá, 1923. 34 p. - O clarão solitário. Manaus : [s.n.], 1945. 9 p. - O cântaro da samaritana. Manaus : DEIP, 1945. 9 p. - Defumadores e porongas. Manaus : Sérgio Cardoso, 1966. 266 p. - D. Pedro II e a República. Manaus: Armazéns Palácio Real, 1926. 22 p. - Em minha defesa. Manaus :Aug Reis Impressor, 1931. 10 p. - Em nome das amazônidas. Manaus : Tipografia Palais Royal, 1927. - Em torno do caso do Amazonas. Rio de Janeiro: [s.n.], 1931. - Etelvina, enfermeira esperança. Manaus : [s.n.], 1946. 11 p. - Friagens e cerrações.[S.n.t.] - Gente dos seringais. Rio de Janeiro :Borsoi, 1956. 375 p. - Imperialismo e separatismo. Manaus : Armazéns Palácio Real, 1926. 28 p. - Luz do horizonte. Manaus : [s.n.], 1946. 9 p. - Na manhã do centenário. Manaus : Tipografia Augusto Reis, 1925. 20 p. - Nas barras do pretório. Manaus : Sérgio Cardoso & Cia., 1958. 200 p. - Nas paliçadas de dezembro. Manaus : [s.n.], 1934. 37 p. - Nas tendas do emaús. Manaus : Sérgio Cardoso, 1967 .220 p. - Na vanguarda da retaguarda. Manaus : DEIP, 1943. 354 p. - No limiar da intervenção. Manaus : Tipografia Palais Royal, 1925. 44 p. - Noite de redenção. Manaus : DEIP, 1944. 8 p. - A nova política do Brasil. Manaus : [s.n.], 1939. 90 p. - Panorama real do Amazonas. Manaus : Tipografia Phenix, 1934. 37 p. - Pela glória de Ajuricaba. [S.l.]: Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, 1952. 43 p. - O português-lusitano e o português-brasileiro, léxica e sintaticamente considerados. Manaus : Armazéns Palácio Real, 1926. 71 p. - As responsabilidades revolucionárias da juventude. Manaus : [s.n.], 1931. - O ritmo da língua nacional. Manaus : Papelaria Velho Lino, [19- - ?]. 39 p. - Os sãos não precisam de médicos. [S.l: s.n.], 1954. 18 p - Semana do serviço militar. Manaus : DEIP, 1947. 8 p. - Sponsahorrenda : poesia. Manaus : Imprensa Pública, 1943. 4 p. - Velhos e novos horizontes. Manaus : Imprensa Oficial , 1924. 31 p. Árvore ferida Ante a constelação do céu florindo em lume Temos, ó árvore, o mesmo ideal e a mesma sina... Sangrou-me o peito inerme a sensação divina, Como a acha te sangrou em golpe de negrume. Dando esmola ao faminto e consolo à ruína Subimos em bondade, ardemos em perfume... Bendita a dor criadora, o perfurante gume, Que em mim produz o verso e em ti produz resina... Ninguém virá curar-te! Apenas os ramalhos ensinarão à flor a música dos galhos e ensinarão ao galho as lutas das raízes. Ninguém virá curar-me! Os meus versos apenas serão o bálsamo desfeito em minhas próprias penas, sob a ronda de dor dos dramas infelizes. (Buzina dos paranás) SOBRE AS ÁGUAS BARRENTAS Sob o sol fugitivo, a tarde prisoneira abre à invasão da noite as aguas do Madeira... Calor de Agosto. 0 vento encrespa o sorvedouro, que embala ao vento langue as lentas ondas de ouro... - Rema, canoeiro amigo! A noite se avizinha. Não risca o espaçO escuro uma asa de andorinha... Deixa o barco fugir à flor da correnteza, e apresta as férreas mãos com vigor e presteza ... Introdução Com 14 romances publicados, Paulo Jacob (1923-2003) é, talvez, o maior nome do romance de ficção do Amazonas. Estreando com Muralha verde (1964) e finalizando com Tempos infinitos (1999), o autor não somente conseguiu assegurar o seu lugar na literatura de expressão amazonense como conseguiu transpor as barreiras do regionalismo e ganhar visibilidade a nível nacional. Por duas vezes chegou perto de ganhar o prêmio literário Walmap: uma com Chuva branca (1968), o seu mais famosolivro, e outra com Dos ditos passados nos acercados do Cassianã (1969). Sua obra é conhecida e cumprimentada por projetar os tipos, os costumes, o mundo linguístico e a realidade da Amazônia brasileira. A recriação do modo de falar do típico homem rural da Amazônia efetuada por ele chegou a ser comparada com aquela feita por Guimarães Rosa em relação ao homem do sertão das Gerais. Hoje, Paulo Jacob é um nome certo no cânone regional e leitura obrigatória para quem deseja conhecer a Amazônia por meio do romance de ficção. Paulo Jacob: perfil Descendente de judeus sefarditas transferidos para a Amazônia,Paulo Herban Maciel Jacob (1923-2003), ou Paulo Jacob, como ficou conhecido, nasceu em Manaus (AM). Seu pai se chamava Hermeto de Sá e Silva Jacob, e sua mãe, Josefa Maciel Jacob. Ambos eram sefarditas, judeus que se estabeleceram na Península Ibérica (Sefarad, em hebraico) desde a era das navegações. Acredita-se que para lá migraram massivamente a partir do ano 49 d.C., época em que o imperador Cláudio (10 a.C-54 d.C.) decretou a expulsão de todos os judeus da cidade de Roma. Posteriormente, perseguidos pela inquisição espanhola (1478-1834), muitos deles migraram para o norte da África, em especial, para o Marrocos. E é a partir desse país, precisamente da cidade de Tetuão, na região de Tanger, que jovens judeus serão incentivados a “migrar para outros países que pudessem oferecer melhores oportunidades para viver e manter as suas tradições judaicas”. Muitos migraram para a Amazônia, chegando a partir de 1810. Uma característica desse emigrante judeu-marroquino — formado pela Aliança Israelita Universal de Marrocos —era a de ser alguém educado para o trabalho. Como poliglotas muitos servirão de “intérpretes e intermediários entre os ingleses, alemães e franceses e os barões e comendadores portugueses das casas aviadoras”. Em razão disso e de sua contribuição para a formação social e cultural da Amazônia, Araújo (2003, p. 115) pede que ninguém se esqueça da quota de sangue judeu que está no sangue amazonense. Paulo Jacob era formado em Direito (antiga Faculdade de Direito do Amazonas, hoje UFAM) e exerceu a carreira de magistrado em várias cidades do interior de seu Estado. Nomeado juiz municipal no Termo de Itapiranga (AM), no baixo Amazonas, nesta cidade começou a percorrer a Amazônia e a observar o drama social de seu homem em 1951. Nos idos de 1952, prestou concurso e tornou-se juiz de Direito da comarca de Canutama (AM), cidade fundada em 1874 às margens do rio Purus, o mesmo rio navegado por Euclides da Cunha (1866-1909) na função de chefe da comissão brasileira de reconhecimento do Alto Purus (GUEDELHA, 2013, p. 17). No ano seguinte, em 1953, é removido para a comarca de Manacapuru (AM), lugar onde trabalhará até 1961, ano em que será promovido a Juiz de Direito da Capital — Manaus (AM). Três anos depois, em 1964, é alçado ao cargo de desembargador, e em 1967, ao de Corregedor-Geral de Justiça. Em 1968 foi Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), assumindo a presidência no biênio de 1982 e 1983. Durante este período, como Presidente do TJ-AM, Paulo Jacob chegou a assumir o Governo do Estado do Amazonas (JACOB, 1987, p. 7). Como professor, lecionou disciplinas do Direito na Universidade do Amazonas (à época sob a sigla de UA, passando, posteriormente, a UFAM) durante dez anos. Foi membro do Instituto Geográfico e Histórico do Estado do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras Jurídicas do Amazonas e, de 1971 a 2003, tornou-se um imortal como membro da Academia Amazonense de Letras. O mesmo faleceu no dia 7 de abril de 2004. Paulo Jacob: obra Segundo o ensaísta e crítico literário Rogel Samuel (2008), “Paulo Jacob escreveu muito”. Ao todo, entre inúmeros trabalhos jurídicos, sentenças e acórdãos na Revista Forense (JACOB, 1987), foram 14 romances publicados, incluindo um Dicionário da língua popular da Amazônia (1985). Quinze livros, em um período de 35 anos: de Muralha verde (1964) aTempos infinitos (1999 [2004]). Durante esse tempo, ele recriou o modo de falar da Amazônia e descortinou a realidade vivida pelo homem que ocupa este espaço. Paulo Jacob estreou como ficcionista em 1964, com Muralha verde. Composto por 32 capítulos, No ano seguinte, lança Andirá (1965), romance que dedica ao amigo e historiador Arthur Cezar Ferreira Reis (1906-1993). Andirá é o nome de um seringal lá para as bandas do rio Juruá. Com o livro, o escritor engrossa a coleção das obras que tratam da temática do “ciclo da borracha”:O paroara (1899), Inferno verde (1908), Deserdados (1921), A selva (1930), Amazônia que ninguém sabe (1932), Terra de ninguém(1934), Marupiara (1935), Um punhado de vidas (1949), No circo sem teto da Amazônia (1955), Beiradão (1958), Arapixi (1963), Terra firme (1970), Coronel de barranco (1970), Regime das águas (1985) e O amante das amazonas (1992). Em 1968 surge o seu mais famoso romance, Chuva branca, com o qual conquista o 4º lugar do mais prestigiado prêmio literário do país à época — o Walmap. Narrando a história do ribeirinho Luis Chato, Jacob mostra que esta Amazônia vive infiltrada por mitos, por crendices e por sincretismo religioso (SOUZA; LOURO, 2014, p. 136). O trabalho com a linguagem também é destaque, como observa Louro (2007, p. 76), em relação “à invenção de palavras à lavra de Guimarães Rosa”. No ano seguinte, tenta novamente o prêmio Walmap e, desta vez, quase o vence. Dos ditos passados nos acercados do Cassianã (1969) conquista o 2º lugar. No triênio 1974-1976 lança dois livros: Chãos de Maíconã (1974), que recebeu menção honrosa no prêmio Walmap do ano anterior, contando em anexo um vocabulário da língua ianõnãme. EVila rica das queimadas (1976), livro que o autor dedica “à colônia sírio-libanesa, pioneiros fenícios da integração da Amazônia”. O romance está dividido em duas partes, com 15 capítulos cada. Estirão de mundo sai em 1979, e é consagrado aos seus amigos Jarbas Passarinho (1920-...) e Arthur Cezar Ferreira Reis. Paulo Jacob publica, entre 1983 e 1987, mais dois romances: A noite cobria o rio caminhando (1983) e O gaiola tirante rumo do rio da borracha (1987). Um quarto de século após haver estreado como ficcionista, Jacob decide homenagear o povo de Israel, a memória de seus antepassados, com Um pedaço de lua caía na mata (1990). Ainda na década de 1990, lança seus quatro últimos livros: O coração da mata, dos rios, dos igarapés e dos igapós morrendo (1991), título com o qual ele denuncia “o desmatamento”. Paulo Jacob: uma fortuna crítica Rogel Samuel (2008) — também judeu da Amazônia — chega a apresentá-lo nestes termos: “Sob vários aspectos, ele é o maior romancista da Amazônia. Não é muito lido, conhecido, porque autor difícil, sofisticado”. Crítico literário, a ele se refere como sendo “autor de livros que compõem o cânone regional, como o título Assim contavam os velhos índios ianõnãmes. E em 2012, ano em que o Governo do Estado do Amazonas (2002) tomou a decisão de homenagear “quatro grande autores amazonenses”, pela Bienal do Livro, Jacob estava lá, ao lado de Álvaro Maia (1893-1969), Arthur Reis e Aníbal Beça (1946-2009). Com deus dois primeiros romances, Muralha verde e Andirá, Paulo Jacob foi apresentado ao público amazonense. A aparição a nível nacional, entretanto, só veio com Chuva branca e o prêmio Walmap. Ao lado de Assis Brasil (1932-...), ele foi um dos escritores que souberam aproveitar o Walmap como vitrine. Neste sentido de descoberta, sobre os idos da década de 1960, fala o escritor Antonio Olinto (1919-2009): O prêmio Nacional Walmap foi o primeiro grande prêmio literário brasileiro. Descobrimos autores como Assis Brasil, Maria Alice Barroso, Paulo Jacob e Octávio Mello Alvarenga, entre muitos outros. Chuva Branca pode não ser a obra-prima do magistrado. O livro com o qual mais perto chegou de conquistar o Prêmio Literário Nacional Walmap foi Dos ditos passados nos acercados do Cassianã. Todavia,Chuva Branca é o livro pelo qual ele é mais conhecido. Em Chuva branca, além do trabalho com o “mundo linguístico, colorido e traiçoeiro”, como declara Assis Brasil, Jacob se esmerou em transmitir a realidade do homem do espaço, integrado à natureza. Nesta Amazônia — a rural — o homem forma, com os rios e com a selva, a sua ordem natural. As forças de que o homem se diz possuidor nela não se aplicam (TOCANTINS, 2000, p. 80). É, em parte, apontando para esse sentido que falou Samuel (2008): Em Chuva branca, o personagem vai-se adentrando, vai-se assimilando na floresta, vai-se afastando da civilização, até que no fim parece que nem existiu - vira mito. No fim, na morte, ele tira a roupa,fica nu, perdido na mata, integrado nela, sabendo que vai morrer, perdido e integrado, no mitificado. Esse olhar de Paulo Jacob sobre a Amazônia é, em certa medida, oriundo da experiência do autor. Sabe-se que durante dez anos ele trabalhou e viveu no interior do Estado do Amazonas, de onde retirou muito da realidade, do mito e do sincretismo religioso da Amazônia. “Paulo Jacob redige suas narrativas com um idioma de grande beleza e sonoridade, emprestando com isso mais forte colorações e mistérios às paisagens que pinta e às emoções, angústias, desencantos, denúncias e pureza de seus personagens”. Ao lado da projeção da realidade amazônica, assim como da cumprimentada criação literária do mundo linguístico da região, a obra de Jacob pode ser enfocada, ainda, do ponto de vista da preservação da cultura. E isso ele fez, em especial, em relação à cultura de um povo que se acreditava quase extinto: os ianõnãmes. Paulo Jacob teve, ainda, um de seus romances adaptados para o cinema, como é o caso de Dos ditos passados nos acercados do Cassianã. Considerações Finais Faltava uma fortuna crítica a Paulo Jacob. Faltava inventariar as críticas referentes ao escritor que, como magistrado e imortal da Academia Amazonense de Letras, atingiu os mais altos picos no uso da língua vernácula, mas que soube ser sensível e próximo ao modo de falar do típico homem rural da Amazônia. Do judeu amazônida que encorpou a quota de sangue judeu presente no sangue amazonense ao recriar o mundo linguístico e projetar os tipos e os costumes da região. Do sefardita que soube amar a Torá, ao mesmo tempo em que soube atingir o zênite da tolerância religiosa ao dedicar um de seus romances “à colônia sírio-libanesa” da Amazônia. Com 14 romances publicados, de Muralha verde aTempos infinitos, Paulo Jacob assegurou sua posição no cânone regional. É certamente um dos romancistas mais profícuos do Amazonas. No entanto, foi além, transpondo as barreiras do regionalismo. Posto ser autêntica, a projeção da Amazônia feita por ele criou uma porta de representação da sociedade e da cultura da região que o torna leitura obrigatória para quem deseja conhecê-la por meio do romance de ficção.