Buscar

Idade Media 18 (1)

Prévia do material em texto

*
HISTÓRIA DO DIREITO
Geral e Brasil
 Flávia Lages de Castro
Capítulo VII – A Europa Medieval
*
*
A Europa Medieval
 	
 	A Idade Média é o período histórico da Europa que se estendeu do século V d. C. até o século XV, ou seja, da queda do Império Romano do Ocidente em 476 até a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453. Estes mil anos não foram uniformes, podemos vislumbrar pelo menos dois momentos específicos a título de estudo: a Alta Idade Média (do século V ao século IX) e a Baixa Idade Média (do século IX ao XV)
*
A Alta Idade Média
É um período de desconstrução e construção. Por isso mesmo ele é cheio de vieses e detalhes. Neste tempo da história europeia os homens tiveram que conviver com o fim do mundo que conheciam, o mundo romano e, ao mesmo tempo, com a construção de um novo mundo, agora tendo como elementos as culturas germânicas e a Igreja (Católica).
*
A Baixa Idade Média
É o período no qual, superados os momentos de integração dos dois mundos que se encontraram no início da Idade Média (o mundo romano e o germânico), o que se considera medieval consolidou-se e, ao mesmo tempo, começou a se transformar para daí a alguns séculos pôr fim ao medievo.
Podemos encontrar neste período a consolidação da instituição Feudalismo (como símbolo da Idade média), bem como o nascedouro da Idade Moderna (o renascimento do comércio, cidades, universidades e grandes catedrais)
*
SOCIEDADE: 
• estamental, hierarquizada e clerical.
Três estamentos * Clero * Nobreza * Servos
Apresentava pouca ascensão social e quase não existia mobilidade social.
*
Divisão da sociedade medieval
Na Idade média se conheceu três tipos de homens: os que guerreavam, os que oravam e os que trabalhavam.
*
Homens livres – com o poder das armas ou da Igreja 
Servos – não eram livres - porque estavam presos à terra e se esta mudasse de mãos eles teriam outro senhor; nem tampouco escravos – pois tinham alguns direitos e recebiam proteção de seus de senhores. E em troca desta proteção, deviam-lhes diversas obrigações, a saber:
*
Corveia – também denominada manso senhorial – era trabalho agrícola realizado pelo servo na reserva do senhor;
Talha - também denominada manso servil – correspondia à entrega da metade do que o servo produzia em sua gleba.
Banalidades – eram obrigações em produtos, pagas pelo uso de certas instalações pertencentes ao senhor – forno, moinho.
Mão- morta – paga pelo servo quando herdava a gleba devido ao falecimento de seu pai.
Vintém – correspondente a um vigésimo da produção do manso servil, destinava-se à manutenção da igreja paroquial. 
Todas estas obrigações eram frutos dos costumes locais (consuetudinárias) e por isso variavam de uma região para outra.
*
A Sociedade Feudal: concepções políticas, culturais e educacionais.
POLÍTICA: 
Descentralização política
Particularismos feudais 
Guerras contínuas 
Direito de governar era um privilégio de todo possuidor de feudo
Direito consuetudinário. 
Monarquias Feudais
*
A Sociedade Feudal: concepções políticas, culturais, educacionais.
Educação, artes e cultura na Idade Média  
A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. Podemos dizer que, em geral, a cultura e a arte medieval foram fortemente influenciadas pela religião. Na arquitetura destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais.
*
Sistema Feudal
Este sistema apoia-se no Direito e dele não pode afastar-se, mas envolve o meio de vida, força, fé, interesses, terra, divisão social e tudo quanto o ser humano é capaz de criar.
Dentre todas estas questões que envolvem este termo uma palavra é primordial para seu entendimento: SOBREVIVÊNCIA. 
*
Contrato Feudo-Vassálico
O próprio feudalismo baseia-se em uma questão de direito, em um contrato, pois a concessão de um feudo era feita através de um pelo qual o senhor e o vassalo contraiam obrigações recíprocas. Para contratar eram necessários alguns ritos e formalidades que deveriam ser cumpridos por ambos os lados.
Este é um contrato pessoal entre um homem que será o vassalo e outro homem que será o senhor, por isso através dos rituais, ambos, em público, fazem promessas recíprocas dentro de um cerimonial. Estas cerimônias tinham o nome de Investidura, Fé e Homenagem.
*
Os Efeitos do Contrato Feudo-Vassálico
Primeiramente este contrato gerava o poder do senhor sobre o vassalo, bem como uma obrigação de fidelidade (entendida como o dever de nunca prejudicar o subordinado), obrigação de proteção e de sustento. 
*
O Fim do Contrato
Feudo-Vassálico
Inicialmente o contrato não poderia ser rompido, pois com o envolvimento de uma visão religiosa profunda na Idade Média. Entretanto, na prática, nem sempre isto ocorria, muitas vezes o contrato era quebrado pela força ou pelos interesses de uma das partes (com a retomada do feudo ou a posse definitiva do mesmo). Isto, entretanto, não era considerado “legal” (na acepção atual da palavra).
*
Os Direitos de Uso e Propriedade no Contrato Feudo-Vassálico
No caso medieval propriedade e posse se confundem e o poder sobre a terra é restrito na prática e em teoria.
*
O feudo, embora propriedade do senhor e em usufruto do vassalo não era um bem alienável, por nenhuma das partes, muito embora pudesse, em parte ou no todo, tornar-se um benefício a ser dado a um homem livre que tornar-se-ia vassalo do vassalo do proprietário.
Do ponto de vista da hereditariedade era quase impossível para um senhor mudar o status quo deixado por seu predecessor. Os vassalos do predecessor eram “herdados” bem como as suas promessas.
*
A rigor, o contrato feudo-vassálico excluía a hereditariedade do usufruto do benefício, porém, na prática, o filho do vassalo tornava-se herdeiro também de sua vassalagem (cumprindo-se os rituais e pagando uma taxa – mão-morta). Se o herdeiro fosse menor, o senhor cuidava de seus interesses até sua maioridade, ou seja, até este poder fazer seu juramento.
*
Isso também ocorria para as filhas mulheres (se não houvesse meninos), porém como elas estavam completamente excluídas da sucessão feudal, seus maridos poderiam tornar-se herdeiros do benefício. Portanto, não raramente, os senhores procuravam interferir no casamento das filhas de seus vassalos para garantir alianças mais interessantes.
*
OS DIREITOS DA IDADE MÉDIA
Direito Germânico
Reino Vândalo
Reino Ostrogodo
Reino Visigodo
Reino dos Burgúndios
Reino dos Francos
Direito Canônico
Direito Romano
*
Direito Canônico
Direito Canônico é o nome dado ao Direito da Igreja Católica e é chamado de canônico por causa da palavra “cânon”, que, em grego, significa regra. 
Ele existe até hoje (e é atualizado de tempos em tempos). Este direito foi importantíssimo durante a Idade Média, muito por causa da própria importância da Igreja, muito por ser escrito. O fato de ser escrito dava a este direito de primazia em muitos locais da Europa, visto que a oralidade imperava em um período de analfabetos.
*
As fontes do Direito Canônico são:
o ius divinum, a própria legislação canônica, os costumes e os princípios recebidos do direito romano.
Para se obter justiça, na Idade Média, recorria-se aos ordálios, que poderiam ser unilaterais ou bilaterais, dependendo se uma parte ou as duas partes do processo tomavam parte da consulta. 
*
Direito Romano
O Direito Romano, até por sua complexidade e força, não poderia deixar de ser utilizado durante a Idade Média e, levando-se em consideração a diferença profunda entre o direito romano e o dos invasores, a superposição do direito destes últimos sobre a população romana e romanizada seria impossível.
*
Neste sentido foi largamente aplicado o Princípio da Personalidade das Leis, através da qual o Direito Romano continuou a ser aplicado para os romanos e o Direito Germânico para osinvasores. Entretanto ele foi descartado ou pouquíssimo utilizado, onde a romanização não foi profunda, dando lugar ao Direito Germânico.
*
Nas áreas muito romanizadas, como as Penínsulas Ibérica e Itálica, o Direito Romano suplantou o Direito Germânico, este último aparecendo apenas como elemento de atualização de costumes.
Desta forma, em maior ou menor grau, a Europa Ocidental, principalmente, continuou a servir-se do Direito Romano diretamente ou como fonte de inspiração para novas legislações. Esta utilização de um direito como base para a feitura de outros é chamada de Fenômeno da Recepção.
*
Na Europa Oriental (Bizâncio) o Direito Romano continuou a ser utilizado durante toda a Idade Média, mas como do lado ocidental da Europa as invasões produziram fenômenos como os acima vistos, pode-se considerar que, a partir do século XII na Itália e nos séculos seguintes em toda a Europa, houve um “Renascimento” do Direito Romano, visto que, com a formação das Monarquias Nacionais, os recém centralizados países necessitavam de legislações escritas e organizadas e, desta forma, a possibilidade mais plausível era apoiar-se no Direito Romano (principalmente no Corpus Iuris Civillis).
*
A Inquisição
Um dos temas mais populares do direito medieval é a Inquisição, muito embora esta não seja exclusivamente medieval já que não somente existiu até o século XIX como também foi mais forte durante o início da Idade Moderna.
Durante a Idade Média a Inquisição era o tribunal especial para julgar e condenar os hereges, pessoas ou grupos que acreditavam em um catolicismo considerado “desviado” ou praticavam atos que, naquele período em que a superstição reinava, eram indicados como bruxaria ou feitiçaria.
Caso de Joana D’Arc.
*
O Tribunal do Santo Ofício e os Tribunais Seculares
O processo inquisitorial não era diferente em nada do processo comum da idade Média e idade Moderna. O Direito de acusar pertencia somente a parte lesada (o indivíduo ou no caso deste ter morrido, um membro de sua família) e sem que houvesse queixa era impossível instaurar o processo.
O julgamento era tal e qual um duelo de fato, o acusador e o acusado batiam-se verbalmente, e reconhecia-se a razão daquele que vencesse o embate.
Não havia qualquer intenção de considerar as pessoas iguais perante a lei, isto apesar deste conceito não poder ser desconhecido pelos homens medievais ou, pelo menos para os estudiosos da Idade Média, visto que, está na Bíblia, que todos devem ser tratados igualmente diante da justiça. E a Bíblia é, com certeza, o livro mais conhecido na Idade Média.
*
A tortura não era aplicada a nobres e penas para plebeus e nobres eram diferenciadas.
As penas eram extremamente variadas. Não se utilizava a prisão, já que não existiam prédios para tais fins. A primeira prisão é de 1595 em Amsterdã.
As penas de morte eram impostas, entre outras formas pelo esquartejamento, fogo, roda, forca e decapitação.
Esta brutalidade do processo e das penas pode ser entendida através de vários fatores que são, para nós, hoje, ainda um tanto incomodamente próximos. As penas eram formas de vingança e não formas de inserir o indivíduo novamente na sociedade.
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*

Continue navegando