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Morfologia do Solo

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CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO SOLO 
 
O solo como corpo natural 
 
Dokuchaev (1883) afirmou que solos são produtos de interações complexas 
entre clima, plantas e animais, rochas, relevo e estabilidade (idade) de superfícies onde 
se encontram. O autor conseguiu chegar a esta concepção ao trabalhar em região em que 
o material de origem era constante – loess e, havia uma mudança climática de norte a 
sul, passando de temperado frio para subtropical. E, de leste para oeste observou 
mudanças na vegetação, de mata para savana. Neste cenário conseguiu verificar que sob 
o mesmo material de origem os solos eram mais desenvolvidos na região subtropical, se 
comparados a região temperada fria indicando a influência do clima na formação dos 
solos, e que as cores escuras e a espessura do horizonte superficial aumentavam na 
seqüência da mata para a savana. 
Com esta experiência Dokuchaev reconheceu que para a formação e 
desenvolvimento dos solos é essencial a atuação do clima e dos organismos vivos sobre 
o material de origem e está condicionada pelo relevo e pela estabilidade das superfícies 
em que o solo é encontrado (fator tempo). 
Segundo a Soil Survey Manual, solos são corpos naturais organizados, 
ocupando porções na superfície terrestre, suportando plantas e as edificações do homen 
e que apresentam propriedades resultantes da atuação integrada do clima e dos 
organismos, atuando sobre o material de origem, condicionado pelo relevo, durante um 
período de tempo. 
 
Morfologia interpretativa do solo 
 
A morfologia trata do estudo das formas de um corpo natural. Quando se fala 
em morfologia do solo, essa se refere à descrição das características do solo 
diagnosticadas geralmente em um perfil de solo. A morfologia do solo é avaliada 
através da descrição detalhada e padronizada do solo em seu meio e em condições 
naturais, sendo a unidade de estudo denominada perfil do solo ou pedon. A descrição da 
aparência do solo no campo (perfil) é feita empregando a metodologia padronizada 
descrita por Lemos & Santos (1996), no qual se quantifica e/ou qualifica as 
características visíveis a olho nu ou perceptíveis por manipulação. 
 
Horizontes e camadas do perfil do solo 
 
O solo apresenta uma sucessão de camadas mais ou menos paralelas à 
superfície com características diferenciadas entre si as quais chamamos de horizontes. 
No perfil do solo1 faz-se a descrição das características internas do solo, como 
espessura, cor, textura, estrutura, consistência, porosidade, transição e horizontes, 
presença de raízes e demais características, além de características ambientais do local 
onde ocorre o perfil. 
Os horizontes pedogenéticos principais são: O ou H, A, E, B, C. Às vezes, a 
distinção dos horizontes não é clara, podendo existir horizontes com características 
intermediárias entre dois horizontes principais. Assim, têm-se os horizontes AB, EB, 
BC, etc, como apresentado na Figura 2.1. Portanto, temos os horizontes de transição 
(miscigenados) entre A, E, B e C (exemplos: AB, BA, EB, BC, etc) e os horizontes 
intermediários (mesclados) (exemplos: A/B, B/A, E/B, B/C, etc) 2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.1. Perfil de solo com horizontes principais e transicionais. (Fonte: Streck et 
al.2002). 
 
Recentemente houve atualizações das simbologias utilizadas para identificar os 
diferentes horizontes do solo. A Simbologia e as definições são descritas na figura 2.2. 
 
 
1
 Veja que, de fato, se faz a exposição do solo da sua superfície até o material de origem e numa largura 
que permita vislumbrar as variações laterais. Essa exposição do perfil é feita normalmente em barrancos 
de estrada ou alternativamente em valetas ou buracos abertos para tal. Essa atividade é feita por 
pedólogos e, provavelmente, você será somente um usuário de informações. 
 
2
 Quando há subdivisões nos horizontes principais, usa-se a nomenclatura A1, A2, Bt1, Bt2, por exemplo. 
Na presença de descontinuidade litológica (formação de horizonte a partir de material de origem 
diferente), segue-se o exemplo seguinte: A, BA, 2B, 2CB, 3C. 
 
A
A B
B A
B
A
A B
B A
B
O – ocorre sobre horizonte mineral em condições de boa 
drenagem e é constituído de restos orgânicos. 
 
 
 
 
H – de constituição orgânica e ocorre em condições de má 
drenagem. 
 
 
 
 
A – horizonte mineral enriquecido por matéria orgânica 
(coloração escurecida). 
 
 
 
 
E – horizonte de perda de argilas, óxidos ferro e alumínio ou 
matéria orgânica, com textura mais arenosa e cor mais clara. 
 
 
 
 
 
B – horizonte de intensa transformação pedogenética, com 
acúmulo de argilas e óxidos, o que confere cor mais avermelhada 
ao horizonte. 
 
 
 
 
C – horizonte pouco afetado pelos processos pedogenéticos. 
 
 
 
 
R – camada com material consolidado, constituindo substrato 
rochoso contínuo. 
 
 
Figura 2.2. Fotos de perfis de solo, com a identificação e descrição dos horizontes 
principais. (Fonte: Streck et al., 2002) 
 
 
 
A Tabela 2.1 apresenta a correlação entre a simbologia antiga e a adotada 
presentemente. 
 
Tabela 2.1. correlação entre a nomenclatura antiga de horizontes do solo e a atual. 
 
Um solo pode ter apenas um horizonte sobre a rocha ou ter inúmeros 
horizontes. Isso vai depender do tipo e grau de desenvolvimento do solo. 
Para indicar propriedades ou processos específicos num dado horizonte são 
usados sufixos. Embora sejam muitos, é suficiente que vocês saibam os seguintes, que 
são os mais freqüentes em solos do Rio Grande do Sul e do Brasil: 
 c – concreções ou nódulos endurecidos (Bc), 
 f – presença de plintita (Bf, Cf), 
 g – glei (Bg, Cg), 
 h – acumulação iluvial de matéria orgânica (Bh), 
 i – desenvolvimento incipiente do horizonte B (Bi), 
 k – presença de carbonatos (Ck), 
 n – acumulação de sódio (Bn), 
 p – horizonte lavrado ou revolvido (Ap), 
 r – rocha branda ou saprólito (Cr), 
 s – acumulação iluvial de matéria orgânica (Bs), 
t – acumulação iluvial de argila (Bt), 
 v – características vérticas (Bv), 
 w – intenso intemperismo do horizonte B (Bw). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.4 mostra perfis de solo com a ocorrência de horizontes com os sufixos g, t e w. 
 
Na descrição morfológica, dois tipos de características morfológicas são 
analisadas: as internas ou anatômicas e as externas ou ambientais. 
 
 
 
 
AA 
RR 
AA 
BBww 
AA 
EE 
BBtt 
EE 
BBttgg 
AA AA 
Bt 
C 
Características morfológicas internas 
 
Espessura e transição entre horizontes3 
 
No perfil de solo da Figura 2.5, foram identificados sete distintos horizontes e, 
posteriormente, a profundidade foi medida com uma trena e espessura foi calculada. 
 
 
Figura 2.5. Perfil de solo, com identificação de horizontes, com respectivas 
profundidades e espessuras. (Foto de Streck et al., 2002). 
 
Cor do solo 
 
A cor é uma característica morfológica de fácil visualização e identificação. A 
importância da cor do solo está ligada à inferência sobre a ocorrência de processos 
pedogenéticos ou avaliação de características importantes no solo e, além disso, os 
sistemas de classificação de solos consideram a cor para distinção de classes. Por 
 
3
 Além da profundidade e espessura, determina-se também a transição (nitidez de contraste) e a forma (ou 
topografia) dos horizontes. A transição é classificada em abrupta, clara, gradual e difusa, quando a faixa 
de separação for de, respectivamente, menor que 2,5cm, entre 2,5 e 7,5cm, entre 7,5 e 12,5cm e maior que 
12,5cm. A forma é classificadaem plana, ondulada, irregular e descontínua. 
 
Seqüência de horizontes 
0 - 16cm 
16 - 49cm 
49 - 70cm 
70 - 93cm 
93 - 126cm 
Profundidade (cm) 
16cm 
33cm 
21cm 
23cm 
33cm 
Espessura (cm) 
exemplo, no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos4 fala-se em Latossolo 
Vermelho e Argissolo Bruno-acinzentado. 
As cores do solo são a marca mais visível e importante na identificação de 
horizontes e processos pedogenéticos. Os principais agentes responsáveis pela cor são a 
matéria orgânica e os óxidos de ferro, estando relacionada a processos de drenagem, 
salinização, eluviação-iluviação, dentre outros (Figura 2.6). 
A notação da cor segue uma padronização mundial, denominado de Sistema 
Munsell de Cores, fazendo-se uso da carta de cores Munsell para solos, como mostrado 
na Figura B.7. 
A cor é descrita pelo matiz, valor e croma. Matiz: cor do espectro da luz, 
estando relacionado com o comprimento de onda de luz. 
Valor ou tonalidade: refere-se a luminosidade relativa da cor. 
Croma: é a pureza da cor em relação ao cinza (valor). 
 
Cores escuras: indicam 
presença de matéria 
orgânica e estão 
relacionadas com o 
horizonte A
Cores escuras: indicam 
presença de matéria 
orgânica e estão 
relacionadas com o 
horizonte A
Cores vermelhas: indicam 
condições de boa drenagem 
e aeração do solo. Estão 
relacionadas com a presença 
de hematita (tipo de óxido de 
ferro).
Cores vermelhas: indicam 
condições de boa drenagem 
e aeração do solo. Estão 
relacionadas com a presença 
de hematita (tipo de óxido de 
ferro).
Cores amarelas: podem indicar 
condições de boa drenagem, 
mas com regime mais úmido. 
Estão relacionadas com a 
presença de goethita (tipo de 
óxido de ferro.
Cores amarelas: podem indicar 
condições de boa drenagem, 
mas com regime mais úmido. 
Estão relacionadas com a 
presença de goethita (tipo de 
óxido de ferro.
Cores claras: presença de 
minerais claros (caulinita e 
quartzo). Pode significar a 
perda de materiais corantes.
Cores claras: presença de 
minerais claros (caulinita e 
quartzo). Pode significar a 
perda de materiais corantes.
Horizontes mosqueados: 
manchas amarelas, 
vermelhas, pretas, em uma 
matriz ou fundo normalmente 
acinzentado
Horizontes mosqueados: 
manchas amarelas, 
vermelhas, pretas, em uma 
matriz ou fundo normalmente 
acinzentado
Cores acinzentadas: indicam 
condições de saturação do 
solo com água (redução do 
ferro)
Cores acinzentadas: indicam 
condições de saturação do 
solo com água (redução do 
ferro)
 
Figura 2.6. Perfis de solo com cores distintas, relacionados a processos de formação do 
solo. (Fonte: Streck et al., 2002). 
 
4
 Você pode saber mais sobre o Sistema Brasileiro de Classificação do Solo na página web 
http://www.iac.sp.gov.br/OAgronomico/531/53108-10_it_solos.pdf, onde estão descritas as classes de 
solo com as suas características. 
Figura 2.7. Escala de cores de Munsell (à esquerda), mostrando as distintas folhas 
(matizes) da escala, e a comparação de uma amostra de solo com a escala (à direita), 
indicando o valor de matiz (5Y), valor (4) e croma (3), caracterizando a cor 5Y 4/3. 
Perceba que esta cor tem tonalidade bem amarelada. 
 
Textura 
 
A textura do solo refere-se ao conteúdo percentual das frações areia (partículas 
maiores que 2 mm), silte (entre 2 e 0,05 mm) e argila (menor que 0,002 mm) presentes 
no solo. Sua determinação no campo se baseia na sensibilidade ao tato, onde a areia dá a 
sensação de aspereza (tipo lixa), o silte de suavidade (tipo talco ou roupa de seda) e a 
argila de pegajosidade (tipo barro). 
Este procedimento requer habilidade e prática, mas não desanime. Sempre 
quando possível, pegue um punhado de solo e umedeça-o; após, esfregue uma porção 
do solo umedecido para perceber as distintas sensações que as partículas nos dão. É 
claro que, como o solo é normalmente composto pelas três frações granulométricas 
(areia, silte e argila) e raramente por apenas uma dela, teremos uma ou duas sensações 
predominantes. 
Para classificar o solo em uma classe textural5, utiliza-se o triângulo textural, 
entrando com os percentuais de areia, silte e argila e assim achando o nome da classe do 
solo (Figura 2.8.) 
 
5
 A granulometria ou a distribuição de tamanho de partículas, por sua vez, é feita em laboratório, como 
veremos na Unidade F. Essas informações quantitativas são inseridas no triângulo textural para 
estabelecer a classe textural. 
 
 
A textura nos informa sobre facilidade de mecanização, suscetibilidade a erosão. 
Figura 2.8. Triângulo textural com representação das classes texturais. 
 
Estrutura 
 
A estrutura refere-se ao agrupamento das partículas minerais (areia, silte e 
argila) e matéria orgânica, em agregados ou unidades estruturais, separados entre si 
pelas superfícies de fraqueza. A descrição de estrutura é feita no campo, observando-se 
detalhadamente os agregados por ocasião de sua remoção no perfil. 
A anotação é feita quanto ao grau de desenvolvimento, classe de tamanho e 
tipo de agregado. Daremos mais ênfase ao tipo de agregados e ambiente no qual se 
forma, como mostrado na Figura 2.9. 
A estrutura nos informa sobre a resistência à compactação, a suscetibilidade à 
erosão, a porosidade do solo, a infiltração de água, a permeabilidade do solo, o 
crescimento de raízes, dentre outros. Por exemplo, um solo com estrutura granular ou 
grumosa é mais poroso e permite maior infiltração de água e permeabilidade à água e ao 
ar, se comparado com estrutura laminar, blocos, prismática ou colunar. 
 
 
Figura 2.9. Tipos de estrutura (agregados) do solo e ocorrência em distintos horizontes. 
 
Consistência 
 
O estado de consistência do solo é resultante das manifestações das forças 
físicas de coesão (solo-solo) e adesão (solo-água) entre as partículas do solo, conforme 
variações da umidade (teor de água) do solo. 
A consistência é determinada em três estados de umidade: 
(a) em solo seco, avaliando-se a dureza, estimada pela resistência do 
torrão seco a ruptura ou fragmentação, quando comprimido; 
(b) em solo úmido, avaliando-se a friabilidade, a qual é feita quando 
o solo está úmido e consiste em comprimir um torrão, fragmentando-o e 
posteriormente tentar reconstruí-lo por nova compressão; 
(c) em solo molhado, avaliando-se a plasticidade e a pegajosidade, 
onde a plasticidade refere-se à moldabilidade do solo e é feita pela formação de 
um fino cilindro de solo e posterior tentativa de formar um círculo com o 
cilindro, enquanto a pegajosidade é feita pela sensação de aderência que o solo 
produz entre os dedos. 
A consistência do solo é afetada pela umidade, textura, tipo de argilominerais e 
matéria orgânica do solo. 
A consistência nos dá idéia da dureza do solo quando seco e da plasticidade e 
pegajosidade quando molhado e, também, o melhor estágio para a mecanização do solo 
(friabilidade). 
 
Cerosidade e superfícies de fricção (slickensides) 
 
Cerosidade refere-se a um filme ou película de argila de aspecto lustroso e 
brilho graxo que ocorre na superfície das unidades estruturais de horizontes 
subsuperficiais (Figura 2.10), decorrente de material coloidal (argila ou óxido de ferro). 
Sua presença nos agregados do horizonte B atesta a eluviação (saída) de argila de 
horizontes superficiais e iluviação (entrada e acumulação) em horizontes 
subsuperficiais. 
Slickensides são superfícies alisadas e lustrosas devido à expansão e contração 
de argilominerais expansivos (Figura 2.10), por processos alternados de umedecimento 
e secagem. Atente que essas superfícies não tem nada haver com movimento de material 
coloidal dentro do perfil do solo.Figura 2.10. Fotos ilustrativas da presença de cerosidade (à esquerda) e slickensides (à 
direita) (Fonte: Streck et al., 2002). 
 
 
 
 
 
 
 
Cimentação e nódulos e concreções minerais 
 
Cimentação deve-se à presença de um agente cimentante, que pode ser 
carbonato de cálcio, sílica ou óxidos de ferro e de alumínio. Confere ao solo uma 
constituição dura e quebradiça. 
Nódulos e concreções minerais referem à concentração de material endurecido, 
com composição química variável, podendo ser de carbonato, óxidos de manganês ou 
ferro, e sílica. 
 
Porosidade e raízes 
 
A porosidade do solo é o volume do solo ocupado por água e ar. É muito 
importante para as plantas e outros organismos do solo e pode ser observada 
indiretamente pelo crescimento das raízes no perfil ou diretamente através da 
observação da existência de poros e canais no solo. 
A descrição das raízes é importante, pois pode indicar algum impedimento ao 
crescimento das mesmas, podendo ser de natureza química (solo ácido, presença de 
elementos tóxicos: Al, por exemplo) ou física (camada compactada, excesso de água ou 
falta de oxigênio, etc.). Também é um indicativo para a seleção de culturas pelo 
tamanho do sistema radicular das mesmas. 
 
Características ambientais 
 
As características do ambiente no qual o solo está inserido são importantes para 
caracterizar o solo descrito dentro da paisagem onde ele ocorre, o que irá auxiliar 
diretamente na tomada de decisão sobre o uso agrícola do solo. Geralmente são 
descritos os seguintes aspectos: localização, situação e declive, altitude, litologia (tipo 
de rocha ou material de origem), vegetação, atividade biológica, relevo local e regional, 
pedregosidade e rochosidade, erosão, drenagem, clima e uso atual. 
 
 
 
 
 
 
 
Descrição do perfil do solo 
 
A descrição morfológica segue a metodologia padronizada descrita em Lemos 
e Santos (1996). Para tanto, todas as variáveis internas e externas do solo são descritas 
de uma forma padronizada. 
É pouco provável que vocês venham a fazer a descrição morfológica completa 
na sua vida profissional. Contudo, a visualização do perfil em barrancos ou valetas com 
um olhar educado, após a apropriação (internalização) dos conceitos e interpretações 
apresentados anteriormente, permitirá fazer uma série de inferências (origem do solo, 
condições de evolução, limitações ao uso, vocação de uso) úteis para a agricultura 
familiar e o uso mais sustentável de agroecossistemas. 
Outra utilidade ainda mais freqüente será o uso de descrições morfológicas 
feitas para solos de sua região e, a partir dessas, extrair informações para fazer as 
inferências mencionadas no parágrafo anterior. Essa estratégia será praticada 
posteriormente. 
 
Aplicação da cor para inferir sobre a drenagem do solo e definição de tipo de 
plantas a cultivar 
 
Solos em áreas de várzea possuem cores mais acinzentadas ou manchadas 
(mosqueados com cores avermelhadas ou amareladas) resultantes do excesso de água e 
redução da presença de oxigênio. A falta de oxigênio pode caracterizar um ambiente 
anaeróbio, com reações químicas de redução (lembre das reações químicas onde um 
elemento químico recebe elétrons e é reduzido). Um dos elementos mais afetados pela 
redução é o ferro. Esse, em condições de anaerobiose por longo tempo pode sair 
completamente do perfil, deixando o solo com cor acinzentada. Quando há épocas de 
redução e outras de oxidação, o solo fica com mosqueados. Se o solo é sempre bem 
aerado, as cores são vermelhas. Com base nisso, podemos dizer que a cor é a ‘marca do 
Zorro’, que expressa a possibilidade de usarmos o solo para culturas distintas em função 
das exigências das mesmas quanto à aeração no solo. 
 
Aplicação da descrição morfológica para os dados sobre o uso e manejo do solo 
 
O tipo, a seqüência e a espessura de horizontes informam-nos sobre a 
profundidade efetiva de exploração radicular. A textura ajuda a caracterizar a 
susceptibilidade à erosão, retenção de nutrientes e drenagem do solo. A estrutura do 
solo permite inferior (isto é, tirar conclusões) sobre a sua permeabilidade e resistência à 
erosão e à compactação. A consistência auxilia na tomada de decisão sobre o preparo do 
solo ou sobre a realização de outras atividades em distintas condições de umidade. As 
características ambientais contribuem com informações complementares, como aquelas 
importantes na adoção de mecanização (pedregosidade, declive e relevo) e erosão do 
solo (marcas de erosão já existentes: sulcos ou voçorocas, por exemplo; declive e 
relevo). 
 
Aplicação do tipo de horizontes e descrição morfológica para inferir sobre 
processos de formação do solo 
 
O incremento acentuado do teor de argila de um horizonte para o outro, 
associado a cores acinzentadas, caracteriza um horizonte Btg. Assim, nesse solo houve 
migração de argilas e forte redução devido à condição de anaerobiose. Outro assim 
podem dizer que esse solo seria adequado, possivelmente, para o cultivo de arroz 
irrigado por inundação, já que a drenagem dentro do perfil seria lenta.

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