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SÉRGIO SALOMÃO SHECAIRA

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CRIMINOLOGIA
(Resumo baseado na obra Criminologia de Sérgio Salomão Shecaira, 4º edição, ano 2012, Editora RT.)
Parte Primeira
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
1.1 Considerações preliminares
A criminologia, o Direito Penal e a política criminal constituem os três pilares de sustentação das chamas ciências criminais. 
A criminologia fornece o substrato empírico do sistema, seu fundamento de validade. Possui método, objeto e funções próprias, ao contrário da política criminal.
A política criminal recebe esse saber criminológico e o transforma em opções estratégicas e concretas, assumíveis pelo legislador e pelos poderes públicos. A política criminal é uma ciência que oferece aos poderes públicos opções científicas concretas mais adequadas para controle do crime, de tal forma a servir de ponte eficaz entre o Direito Penal e a criminologia. É uma disciplina que não tem um método próprio e que está disseminada pelos diversos poderes da União, bem como pelas diferentes esferas de atuação do próprio Estado. Assim, por exemplo, quando um município resolve instalar postes de luz em uma área mal iluminada em decorrência de sucessivos estupros no local, está adotando uma política criminal preventiva.
Ao Direito Penal incumbe a tarefa de converter em proposições jurídicas, gerais e obrigatórias, o saber criminológico esgrimido pela política criminal.
1.2 Conceito
	A maior parte dos autores define a criminologia como uma ciência. Ainda que tal premissa não seja absoluta na doutrina, não há como negar que, em sua grande maioria, esta vê um método próprio, um objeto e uma função atribuíveis à criminologia.
	Quanto ao método, tem-se que a criminologia se utiliza do empírico, indutivo e interdisciplinar, ao passo que o direito penal trabalha com o método dedutivo, dogmático. 
	No que se refere ao objeto, temos que a criminologia se ocupa do delito, do delinquente, da vítima e do controle social do delito e, para tanto, lança mão de um objeto empírico e interdisciplinar. Diferentemente do Direito Penal, a criminologia pretende conhecer a realidade para explicá-la, enquanto aquela ciência valora, ordena e orienta a realidade, com apoio em uma série de critérios axiológicos. 
	Com relação à função da criminologia, tem-se que a criminologia tem por função fornecer informações à política criminal, a fim de minimizar ou obstaculizar os delitos.
	Diante disso, pode-se conceituar a criminologia, segundo Antonio García-Pablos de Molina como:
"uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplando este como problema individual e como problema social -, assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente.”
1.3 Objeto da criminologia: delito, delinquente, vítima e controle social
1.3.1 O delito
	O conceito de delito para a criminologia é diferente do conceito de delito apresentado no Direito Penal. Para o Direito Penal, delito é uma conduta típica, ilícita e culpável, segundo a maioria dos penalistas, já, para a criminologia, o crime é encarado como um problema comunitário e como um problema social. Ademais, importa para criminologia saber que fatores levaram o homem a levar um fato humano à condição de crime. 
	Encarado como um problema social e tendo como referência os atos pré-penais, alguns critérios são necessários para que se reconheçam nesses fatos condições para serem compreendidos coletivamente como crimes, a saber:
Incidência massiva na população - não quer atribuir à condição de crime um fato isolado, ainda que tenha causado certa abjeção. Um exemplo ilustra bem. Nos anos oitenta, um filhote de baleia encalhou em uma praia do Rio de Janeiro e um dos banhistas introduziu um palito de picolé no orifício de respiração do animal. Pouco tempo depois, por pressão de ambientalistas, o Congresso Nacional aprovou uma lei de 5 artigos, tipificando a conduta de molestar cetáceos, cuja pena varia de 2 a 5 anos (Lei 7.643/87).
Incidência aflitiva do fato praticado - É natural que um crime produza dor, quer à vítima, quer à comunidade como um todo. Assim, é desarrazoado que um fato, sem qualquer relevância social, seja punido na esfera criminal.
Persistência espaço-temporal - não há que ter como delituoso um fato, ainda que seja massivo e aflitivo, se ele não se distribui por nosso território, ao longo de certo tempo.
Inequívoco consenso - deve haver um inequívoco consenso acerca de sua etiologia e de quais técnicas de intervenção seriam mais eficazes para o seu combate.
1.3.2 O criminoso
	Para os CLÁSSICOS, o criminoso era um pecador que optou pelo mal, embora pudesse e devesse respeitar a lei. Essa ideologia fundamenta-se nas ideias de Rousseau, firmadas em seu Contrato Social. Supunha-se que todos quantos fizeram o pacto, tinham capacidade de entender e de querer, e, ao quebrá-lo, fá-lo-iam por livre arbítrio. Pugnavam pela aplicação de uma pena proporcional ao mal causado.
	Tal concepção foi duramente criticada pelos POSITIVISTAS. Para eles, o livre arbítrio era uma ilusão subjetiva, algo que pertencia à metafísica. O infrator, então, era um prisioneiro de sua própria patologia (determinismo biológico) ou de processos causais alheios (determinismo social). Entendiam que a pena deveria ser aplicada por tempo indeterminado, enquanto persistisse a patologia.
	A terceira perspectiva sobre o criminoso foi formulada pelos CORRECIONALISTAS. Para estes, o criminoso é um ser inferior, deficiente, incapaz de dirigir por si mesmo, livremente, sua vida, cuja débil vontade requer uma eficaz e desinteressada intervenção tutelar do Estado. Segundo esta concepção, o Estado deve adotar, em face do crime, uma postura pedagógica e de piedade. Embora esta doutrina não tenha sido importante para nós, deve-se observar que seus fundamentos não são muitos diversos dos adotados para os atos infracionais praticados por adolescentes, em face da doutrina da proteção integral.
	Outra visão de crime foi fornecida pelo MARXISMO, que considera a responsabilidade pelo crime como uma decorrência natural de certas estruturas econômicas, de maneira que o infrator se torna mera vítima inocente e fungível daquelas. Quem é culpável é a sociedade. Cria-se uma espécie de determinismo social e econômico.
	Segundo Sérgio Salomão Shecaira, tais perspectivas não se excluem, mas sim se completam.
1.3.3 A vítima
	No que concerne ao protagonismo das vítimas nos estudos penais, tem-se convencionado dividir os tempos em 3 (três) grandes momentos: 
Idade de ouro – fase compreendida desde os primórdios da civilização até o fim da Alta Idade Média.
Neutralização do poder da vítima – a vítima deixa de ter o poder de reação ao fato delituoso, o qual passa a ser assumido pelos Poderes Públicos.
Revalorização do papel da vítima – 
Os estudos vitimológicos são muito importantes, pois permitem o exame do papel desempenhado pela vítima no desencadeamento do fato criminal. Ademais, propiciam estudar a problemática da assistência jurídica, moral, psicológica e terapêutica, especialmente naqueles casos em que há violência ou grave ameaça à pessoa. De outro lado, permite estudar a criminalidade real, mediante os informes facilitados pelas vítimas de delitos não averiguados (cifra negra da criminalidade). 
Vitimização: classificação
Vitimização primária - ocorre quando um sujeito é diretamente atingido pela prática do ato delituoso.
Vitimização secundária - ocorre nas relações existentes entre as vítimas primárias e os órgãos do Estado, mais precisamente quando a vítima busca a prestação dos serviços públicos na Polícia, na Defensoria Pública, Ministério Público etc. Exemplo: a vítima que encontra dificuldade em fazer seu registro de ocorrência na Delegacia.
Vitimização terciária – É aquela que, mesmo possuindoum envolvimento com o fato delituoso, tem um sofrimento excessivo, além daquilo que determinada a lei. É o caso do acusado do delito que sofre sevícias, torturas ou outros tipos de violência
1.3.4 Controle social do delito
Toda sociedade necessita de mecanismos disciplinares que assegurem a convivência interna de seus membros, razão pela qual se vê obrigada a criar uma gama de instrumentos que garantam a conformidade dos objetivos eleitos no plano social. Dentro deste contexto, podemos definir o controle social como o conjunto de mecanismos e sanções sociais que pretendem submeter o indivíduo aos modelos e normas comunitárias. Há dois sistemas de controle social:
Controle social informal – realizado pela escola, família, opinião pública, igreja, sindicatos, grupos de pressão etc.
Controle social formal – realizado pelo Estado, por seus diversos órgãos, a saber: Poder Judiciário, Ministério Público, Polícia, Exército etc.
A efetividade do controle social formal é muito menor do que aquela exercida pelas instâncias informais. É isso que explica, por exemplo, ser a criminalidade muito maior nos grandes centros urbanos do que nas pequenas comunidades (onde o controle social informal é mais efetivo e presente). Por isso mesmo, nas grandes cidades, onde os mecanismos de controle informal não são tão presentes, há de se buscar uma melhor integração das duas esferas de controle. Nesse contexto, surgem as polícias comunitárias, como forma de integração entre os controles formal e informal.
A PM paulista iniciou o policiamento comunitário em 1997. A atuação dos policiais comunitários no Bairro Jardim Ângela, na periferia da cidade de São Paulo, é rica em exemplos. Os policias se engajaram em tarefas como distribuição de ovos de páscoa, reconstrução de casas destruídas pelas chuvas, uso de roupa de papai noel para distribuição de presentes a crianças no aniversário da base (22 de dezembro).
 
A efetividade do controle social é sempre RELATIVA, porque depende da integração ou sincronização do controle social formal e informal. 
A eficaz prevenção do crime, portanto, não depende tanto da maior efetividade do controle social formal.
O Direito Penal, junto com ostros instrumentos de controle social, mediante sanções, forma parte do controle social primário, por oposição ao controle social secundário, que trata de internalizar as normas e modelos de comportamento social adequados sem recorrer à sanção nem ao prêmio (por exemplo, o sistema educativo).
O conceito acima expendido remete-nos ao pensamento dual de Estado, compreendendo sociedade civil e sociedade política.
Sociedade civil - é um conjunto complexo e abrange a ideologia da classe dirigente, das artes à ciência, incluindo a economia etc.
Sociedade política - concentra o aparato jurídico-coercitivo para manter, pela força, a ordem estabelecida.
	Dessa concepção dual, surge o conceito de estado, com novas determinações, comportando, duas formas de dominação: uma representada pela hegemonia (sociedade civil) e outra pelo poder coercitivo (sociedade política). A complexidade do Estado moderno faz com que a dominação habitual, em decorrência da hegemonia, seja usada diuturnamente. Nos momentos de crise orgânica, a classe dirigente perde o controle da sociedade civil e apoia-se na sociedade política para lograr manter a dominação. 
	A pena privativa de liberdade é a forma mais extremada de controle penal. Não é por outra razão que só devemos utilizar os mecanismos formais de controle social, entre os quais as penas se incluem, quando falharem as demais formas de controle social. É o que direito chama de ultima ratio regum, princípio informador de todo o direito penal consubstanciado no chamado direito penal mínimo.
1.4 Método da criminologia
	Descartes chegou a mencionar quatro regras que deveria necessariamente ser observadas para se chegar ao conhecimento científico: (EDOE)
Evidência - Nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que não conhecesse como evidente.
Divisão ou análise - Dividir cada uma das dificuldades que examinasse em tantas parcelas quantas pudessem ser e fossem exigidas para melhor compreendê-las;
Ordem ou dedução - Conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos, para subir pouco a pouco até os mais complexos.
Enumeração - Fazer sempre enumerações tão completas e revisões gerais, para se certificar de que não houve omissão.
Na criminologia, ao contrário do que acontece com o direito, ter-se-ão interdisciplinariedade e a visão indutiva da realidade. Assim, pode-se afirmar que a abordagem criminológica é empírica, o que significa dizer que seu objeto (delito, delinquente, vítima e controle social) se insere no mundo do real, do verificável, do mensurável, e não no mundo axiológico (como saber normativo). 
Vale dizer, a criminologia se baseia mais em fatos do que em opiniões, mais na observação do que nos discursos ou silogismos. Como os fatos humanos são extremamente ricos, demanda-se alargar a esfera do conhecimento, fazendo-se com que as pesquisas sejam realizadas em equipes. Daí a necessidade de interdisciplinariedade, na qual profissionais de várias áreas do conhecimento, como psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, estatísticos, juristas, dentre outros, promoverão um estudo conjunto. 
Toda pesquisa encontra alguma dificuldade inerente ao seu objeto e com a criminologia não é diferente. A primeira delas é a dificuldade de acesso ao material de investigação, que é particularmente complexo quando se lida com questões que envolvem a criminalidade, isso porque os envolvidos com fatos delituosos não sentem à vontade para dar entrevistas a pessoas que não conhecem; muitos pais ou professores são refratários a perguntas sobre delinquência de seus filhos ou alunos; autoridades policias e da administração prisional tendem a não dar informações sobre fatos considerados “sigilosos” etc.
A segunda dificuldade resulta da existência de ideias preconcebidas na pessoa do investigador. Uma pessoa que, conscientemente ou não, é possuidora de determinados valores está, provavelmente, inclinada a tomar uma direção e isto, como premissa do trabalho, pode determinar um resultado que não expressa a realidade.
A terceira dificuldade decorre do filtro que se deve ter sobre as opções ideológicas da pesquisa. Se, por um lado, o homem deve ser um participante ativo das decisões sociais, o que lhe retira a neutralidade; de outro, não pode deixar que suas concepções sociais e ideológicas sirvam como um instrumento de demonstração de um fato inexistente.
A quarta dificuldade decorre da necessidade de resultados práticos imediatos, seja em função dos interesses das agências financiadoras, sejam em função dos prazos para apresentação dos trabalhos.
	Dentre os métodos empíricos consagrados, é necessário um sentido de réplica para dar ao trabalho a possibilidade de cotejo. Duas são as formas básicas de estudos:
Diacrônico – o projeto tende a investigar até que ponto tal pesquisa difere, no seu escopo, de elementos, técnicas e conclusões das dos predecessores.
Sincrônicos – os resultados devem ser comparados com estudos interculturais, colhidos em outros países ou em outras regiões do mesmo país.
Tais abordagens dão ensejo a uma possível “sintonia fina”, nos dados colhidos, por meio da chamada réplica.
Há muitas formas metodológicas para percepção da realidade, dentre elas, vale mencionar:
inquéritos sociais - trata-se de inquérito que utiliza interrogatório direto, feito normalmente por uma equipe, a um número considerado suficiente de pessoas, sobre determinados itens considerados criminologicamente relevantes, sendo os resultados finais apresentados em forma de diagrama.
Estudos bibliográficos de casos individuais - propõe o estudo da vida de pessoa ou pessoas determinadas, por um determinado período de tempo. O clássico estudo realizado por Clifford R. Shaw sobre a vida do criminoso chamado Stanley (nome fictício)é um exemplo de estudo individual.
Observação participante - o pesquisador tem de se integrar ao locus onde serão obtidos os dados a serem coletados. Exemplo: Thomas Osborne viveu por uma semana na prisão de Auburn, a fim de melhor estudar as condições de existência dos presos. 
Técnicas de grupo de controle - trata-se de estabelecer comparações estatísticas entre, por exemplo, um grupo de delinquentes (grupo experimental) e um grupo de não deliquentes (grupo de controle), com vista ao estabelecimento de conclusões sobre a relevância de determinada variável quanto ao comportamento do grupo delinquente. Tal técnica consiste em formar dois grupos de pessoas, semelhantes em algumas variáveis, tais como: idade, sexo, nível cultural, dentre outras, exceto no que se refere a variável que se quer estudar.
Outros métodos são utilizados para se aquilatar a grandeza da delinquência oculta, chamada de cifra negra, a saber:
Autoconfissão - consiste em fazer pesquisas anônimas para conhecer quantas pessoas cometeram certos fatos em determinado período de tempo.
Vitimação - consiste na realização de pesquisas sobre uma mostra representativa da população, a fim de determinar quantas pessoas foram vítimas de certos delitos em certo período de tempo.
Análise das maneiras de prosseguir ou abandonar que têm os tribunais e a polícia – São feitos esquemas gráficos das entradas e saídas de delitos e deliquentes no sistema de controle formal, em cada uma das etapas da detenção e do processo. 
Prevenção da infração penal 
No que diz respeito aos delitos clássicos ou convencionais, a prevenção triparte-se em:
Prevenção primária – busca melhorar as condições e estruturas sociais, permitindo que as pessoas carentes superem seus déficits de oportunidades e qualidades de vida.
Prevenção secundária – não se dirige à origem do problema criminal, mas sim aos locais onde ele se manifesta: programas de prevenção policial, de vigilância, de determinados lugares, autoproteção etc.
Prevenção terciária – visa evitar a reincidência do condenado.
2. NASCIMENTO DA CRIMINOLOGIA
2.1 Aportes iniciais
	Os diversos autores que estudam a criminologia não são unânimes ao concluírem em qual momento histórico teria iniciado o estudo científico da criminologia.
	Para a maioria dos autores, a exemplo de Antônio García-Pablos de Molina, a criminologia, em sua fase pré-científica, isto é, momento em que passa ser reconhecida com certa autonomia, tem origem em Cesare Lombroso, com a edição de sua obra Homem deliquente, em 1876. 
Porém, Jorge de Figueiredo Dias atribui a origem da criminologia ao Marquês de Beccaria, ao publicar sua obra Dos delitos e das penas, em 1764.
2.2 Estudos precursosres
	A antiguidade tem alguns poucos exemplos de questões que suscitaram discussões sobre crimes, criminosos e suas correspondentes penas. O Código de Hamurabi, por exemplo, dispunha que pobres e ricos fossem julgados de forma distinta, aplicando-se aos ricos maior severidade em razão das melhores oportunidades que teve.
	Muitas ciências ocultas (ou pseudociências) surgiram nesse período e a mais importante delas é a fisionomia. Sua origem é bastante remota, podendo encontrar resquício no próprio Hipócrates, pai da medicina, que relacionava caraterísticas físicas com as doenças. Ex.: os indivíduos gagos, os que falam depressa, os melancólicos, os biliosos, os que têm olhar fixo são coléricos.
	Um dos mais importantes fisionomistas é Giovanni Batista dela Porta Vico Equense, mais conhecido como Della Porta, nascido em Nápoles de 1535.
 	Ao lado dele, pode-se destacar John Caspar Lavater, suíço, nascido em 1741, que publicou em Leipzig em 1776, a obra L’art d’etudier la physinomie. Lavater estudava com profundidade a craniometria e defendia o julgamento pelas aparências. Acreditava que o caráter e o temperamento do homem poderiam ser lidos pelos contornos face da face humana.
	A fisionomia deu origem à cranioscopia, desenvolvida por Fraz Joseph Gall (1758-1828), por volta de 1800. Tal método permitia, mediante medições externas da cabeça, adivinhar a personalidade e o desenvolvimento das faculdades mentais e morais, com base na forma externa do crânio.
	Posteriormente, tais estudos evoluíram para uma análise do interior da mente, o que deu origem a frenologia (phrenos = mente), precursora da moderna neurofisiologia e da neuropsiquiatria.
	Todos esses autores tiveram grande importância na história da criminologia, porém, a Escola Antropológica italiana (assim chamada à época) ou o positivismo italiano (nome atual), liderada por Lombroso, Garofalo e Ferri teve maior repercussão.
2.3 O iluminismo e as primeiras escolas sociológicas 
	
Parte Segunda
AS ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO CRIME
Em uma perspectiva macrocriminológica, pode-se mencionar seis teorias criminológicas, a saber: 1) Escola de Chicago; 2) Teoria da associação diferencial; 3) Teoria da anomia; 4) Teoria da subcultura delinquente; 5) Teoria do labelling approach e 6) Teoria crítica. 
Tais teorias, sobre as quais se discorrerá, se dividem em dois grupos.
O primeiro, de cunho funcionalista, também denominada de teorias da integração ou teorias do consenso e o segundo denominada de teoria do conflito.
Teorias da integração ou do consenso
Escola de chicago
Teoria da associação diferencial
Teoria da anomia
Teoria da subcultura delinquente
Teorias do conflito
teoria do labelling approach
teoria crítica
Escola de Chicago
4.1 Antecedentes históricos
	Dentre os diferentes perfis criminológicos hoje conhecidos, avulta aquece de uma perspectiva predominantemente sociológica em oposição ao pensamento biopsicológico da escola positiva italiana.
	Surge, então, uma corrente de pensamento, centrado na Universidade de Chicago, que se convencionou designar teoria da ecologia criminal, ou, ainda teoria da desorganização social.
	Por que a teoria da ecologia criminal surge na cidade de Chicago?
	Porque Chicago, mais do que outras cidades americanas, tinha um grande aumento do número de habitantes, muito em razão dos imigrantes que chegavam à procura de trabalho, tinha acentuado desenvolvimento urbano, econômico e financeiro no final do séc. XIX e início do séc. XX. Além disso, a Universidade de Chicago recebeu 30 milhões de dólares de John Rockefeller.
	No Brasil, sob a influência desses autores, temos importes coletâneas de textos, organizada pelo professor Donald Pierson, intitulada Estudos de ecologia humana: leituras de sociologia e antropologia social.
4.2 Importância metodológica da escola de Chicago
 	Em 1995, o Centro de Estudos de Cultura Contemporânea – CEDEC foi convidado pelo Ministro da Justiça a elaborar um mapa da violência, que relacionasse a violência urbana com às condições sociais. Para isso, criou-se um índice, chamado nota socioeconômica, em que foram usados vários indicadores, tais como: porcentagem de chefes de família sem rendimento; critérios; porcentagem de chefes de família com rendimento acima de 20 salários mínimos; porcentagem de chefes de família com 1 a 3 anos de estudo etc.
	A conclusão foi evidente: quanto menor a nota socioeconômica, maior é a violência representada pelos homicídios.
	Ainda que devamos ter cuidados com estatísticas, não há menos dúvida de que devemos utilizá-las.
	Mas quem consagrou essa prática metodológica?
	Os clássicos afirmavam que o método deveria ser o lógico dedutivo. Os positivistas, o experimental. Por trás dessa discussão está a ideia de qual deve ser o objeto que se quer analisar com a investigação cientifica.
	Além das estatísticas, a Escola de Chicago também utilizou os social surveys em sua postura investigativa. Os inquéritos sociais são realizados por meio de interrogatórios direitos, feito normalmente por uma equipe, junto a universo determinado de pessoas, sobre certos aspectos de interesse do pesquisador.
	Também utilizaram os estudos biográficos de casos individuais. 
4.3 Elementos conceituais adotas pela Escola de Chicago
	 
	
.
Teoriada anomia
6.1 Notas introdutórias	
Anomia é uma palavra que deriva do Grego (a=ausência e nomos=lei), significando, então, ausência de lei, mas também conotando a ideia de iniquidade, injustiça e desordem. 
Inicialmente, é importe mencionar que esta teoria se insere na família das teorias designadas por funcionalistas. Esse ramo de análise em ciências sociais refere-se a uma orientação metodológica e teórica em que as consequências de um dado conjunto de fenômenos empíricos constituem o centro da atenção, e não as suas causas.
	O pensamento funcionalista considera a sociedade como um todo orgânico, cuja finalidade é a reprodução do funcionamento perfeito dos seus vários componentes. Essa ideia pressupõe que os indivíduos sejam integrados no sistema de valores da sociedade e que compartilhem os mesmos objetivos.
	Para esse pensamento a “máquina social” deve encontrar meios de preservação e, toda vez que não o encontrar, estará diante de uma disfunção, em face da qual a sociedade deve reagir para que a falha desse sistema seja corrigida e para possa voltar ao normal funcionamento da sociedade como um todo. 
	
6.2 O pensamento de Émile Durkhein
	A carreira sociológica de Durkhein começa com três livros: 
1) Da divisão do trabalho social (1893); 
2) As regras do método sociológico (1895) e 
3) O suicídio (1897).
	Em seu primeiro livro, a anomia decorre da ausência de regras dispondo sobre as relações entre as funções sociais, o que pôde ser detectado nas crises industriais.
	No terceiro livro, a anomia constituiu uma das causas do suicídio. 
	É a anomia, pois, ausência ou desintegração das normas sociais.
	O conceito de anomia de Durkhein remete à ideia da consciência coletiva ou comum, entendida como o conjunto de regras, comuns à média dos membros da comunidade, formando um sistema determinado com vida própria. 	 
	O crime, para Durkhein, é um fenômeno normal de toda estrutura social. Só se tornará um fato preocupante quando: a) ultrapassar determinados limites e b) passar a ser negativo para existência e o desenvolvimento da estrutura social, gerando um estado de desorganização, fazendo com que todo o sistema de regras de conduta perca valor.
	Encarar o crime como uma doença, como o faziam Lombroso, Garofolo e todos os autores que aderiram a um modelo médico-repressivo de crime, seria admitir que a doença não é algo acidental, mas, ao contrário, que em certos casos deriva da constituição fundamental do ser vivo, seria apagar toda a distinção entre o fisiológico e o patológico. 
	O comportamento desviante é um fator necessário e útil para o equilíbrio e desenvolvimento sociocultural. Isto é, não é o fato criminoso necessariamente nocivo, uma vez que pode ter inúmeros aspectos favoráveis à estabilidade e mudança social, pelo reforço que pode trazer à solidariedade dos homens. Assim, o fato criminoso só terá relevância quando atingir a consciência coletiva.
	O direito repressivo, portanto, revela a consciência coletiva nas sociedades de solidariedade mecânica, já que, pelo próprio fato de multiplicar sanções, manifesta a força dos sentimentos comuns, sua extensão e sua particularização. Dentro dessa perspectiva, o crime é simplesmente um ato proibido pela consciência coletiva. Criminoso é aquele que, numa sociedade determinada, deixou de obedecer às leis do Estado.

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