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1 Direto das Sucessões Fauez Shafir – 24/06/2018 Aula 09.02.18 Aspectos Gerais (art. 1.784 ao 2.027, CC/02) Sucessão causa mortis: Dá-se, pois, a sucessão hereditária ou “mortis causa”, quando, em virtude do falecimento de alguém (sucedido ou autor da herança), o seu patrimônio é transferido a determinadas pessoas, legitimadas a recebê-lo (sucessores), as quais, assim, substituem-no na titularidade desses bens ou direitos. Conceito: Compreende-se por Direito das Sucessões o conjunto de normas que disciplina a transferência patrimonial de uma pessoa, em função de sua morte. É justamente a modificação da titularidade de bens que é o objeto de investigação deste especial ramo do Direito Civil. Autor da herança, de cujus, defunto, antecessor, finado, morto: termos utilizados para a pessoa que morreu. Direitos: Créditos. Sucessão: Deveres: Débitos. A herança é, na verdade, um somatório, em que se incluem os bens e as dívidas, os créditos e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e ações de que era titular o falecido, e as que contra ele foram propostas, desde que transmissíveis. Compreende, portanto, o ativo (créditos) e o passivo (débitos). No Direito brasileiro, o herdeiro só responde dentro das forças da herança. Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demonstrando o valor dos bens herdados. 2 A sucessão hereditária pode ser divida: a) Testamentária: A sucessão testamentária é aquela em que a transmissibilidade da herança é disciplinada por um ato jurídico negocial, especial e solene, denominado testamento. Pode ser testamento ou codicilo. Observa-se, pois, aqui, um espaço de incidência do princípio da autonomia privada, na medida em que o testador, respeitados determinados parâmetros normativos de ordem pública, tem a liberdade de escolher, dentre os seus sucessores, aquele(s) a quem beneficiar e, ainda, de determinar quanto do seu patrimônio será transferido após a sua morte. b) Legítima: sucessão legal ou legítima entenda-se aquela em que a transmissibilidade da herança é regrada não pelas normas do testamento, mas, sim, pela própria lei. Vale dizer, são as regras do Código Civil que cuidam de disciplinar a ordem de chamamento dos sucessores, também denominada ordem de “vocação legal”. Assim, se o autor da herança morre sem fazer testamento (ab intestato) — ou sendo este inválido (nulo ou anulável) — é a própria lei que, atuando supletivamente, cuida de dispor a respeito da sucessão hereditária. Herdeiro, sucessor: aquele que irá receber a herança. Os sucessores são os herdeiros previstos em lei ou em testamentos, sendo que o Código Civil brasileiro somente admite pessoa física como autor da herança e pessoa física ou jurídica como herdeiro, ou seja, animais não podem herdar por testamento. Herdeiro é a pessoa a que a lei atribui a capacidade de suceder à pessoa que falece, comumente denominado “de cujus”, nos seus direitos e obrigações. Liberdade para testar: só não pode testar todo patrimônio quando houver herdeiros necessários. Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança. Herdeiros necessários (art. 1.845): Herdeiro necessário (legitimário ou reservatário) é o descendente (filho, neto, bisneto etc.) ou ascendente (pai, avô, bisavô etc.) sucessível, ou seja, é todo parente em linha reta, não excluído da sucessão por indignidade ou deserdação, bem como o cônjuge (CC, art. 1.845). Estes têm direito de no mínimo 50% da herança. Ou seja, para testar, havendo herdeiros necessários, só poderão ser dispostos 50% do patrimônio. Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. Herança, massa, monte: Herança, também chamada de acervo, massa ou monte hereditário. É o total do patrimônio transmitido. Abertura da sucessão (art. 1.784 e 1.785): abre-se no momento da morte do autor da herança. 3 Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. Momento de transmissão: Como não se concebe direito subjetivo sem titular, no mesmo instante em que a pessoa morre, abre-se a sucessão, transmitindo-se automaticamente a herança aos herdeiros legítimos e testamentários do de cujus, sem solução de continuidade e ainda que estes ignorem o fato. Lei aplicada - temporariedade (1.787 e 2.041): Consiste ele no postulado, insculpido no art. 1.787 do CC/2002, de que regula “a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela”. É preciso ter em mente que a lógica do sistema é de que toda a transferência patrimonial se deu ipso facto da morte, regra básica de direito material. Assim, eventual demora no ajuizamento, com a modificação da disciplina jurídica a posteriori, não teria o condão de modificar tais situações, com aplicação retroativa. Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. Seguindo essa linha de raciocínio, regras hoje criticáveis, mas vigentes ao tempo da morte, poderiam ser aplicadas, como, por exemplo, o tratamento diferenciado de filhos (ilegítimos, adotivos etc.) ou da(o) companheira(o) em face do cônjuge. Nesse diapasão, o próprio Código Civil de 2002 estabeleceu expressamente tal premissa, na parte referente às suas regras de transição, conforme se verifica do art. 2.041, a saber: Art. 2.041. As disposições deste Código relativas à ordem da vocação hereditária (arts. 1.829 a 1.844) não se aplicam à sucessão aberta antes de sua vigência, prevalecendo o disposto na lei anterior (Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916). Desta forma, se a autor da herança faleceu ao tempo da vigência do Código Civil de 1916, será este que regulará o direito material relativo à sucessão aos herdeiros e não o Código Civil de 2002. Pactos sucessórios entre vivos: O nosso direito não admite outras formas de sucessão, especialmente a contratual, por estarem expressamente proibidos os pactos sucessórios, não podendo ser objeto de contrato herança de pessoa viva (CC, art. 426). Aponta-se, no entanto, uma exceção: podem os pais, por ato entre vivos, partilhar o seu patrimônio entre os descendentes. Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 4 Aula 16.02.18 Relações de parentesco (art. 1.591 ao 1.595, CC/02) Objetivo: parentesco é a relação que vincula entre si pessoas que descendem uma das outras, ou de autor comum (consanguinidade), que aproxima cada um dos cônjuges dos parentes do outro (afinidade), ou que estabelece, por fictio iuris, entre adotado e o adotante. Formas de relacionamento Vinculo conjugal: não gera relação de parentesco. Parentesco propriamente dito: a) Consanguíneo: É o vínculo estabelecido entre pessoas que descendem de um mesmo tronco (tronco comum) e, dessa forma, estão ligadas pelo mesmo sangue. b) Civil: É o parentesco decorrente da adoção, estabelecido entre o adotante e o adotado, estendido a seus parentes. Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem. Vínculo de afinidade: é o que liga uma pessoa aos parentes de seu cônjuge ou companheiro, isto é, aquele que decorre do casamento ou da união estável, conforme previsto emlei (art. 1.595, CC); Grau de parentesco Art. 1.594, CC/02: O parentesco se refere aos vínculos entre membros de uma família. Estes vínculos se organizam em linhas e se medem em graus. Os graus são o meio apto para a determinação da proximidade ou remoticidade nas relações de parentesco. Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente. a) Parentesco propriamente dito Linha reta: São consanguíneos: há vínculos entre os descendentes e ascendentes de um progenitor comum. Ex: bisavós, avós, pais, filhos, netos, bisnetos... A linha reta é ilimitada. O grau se conta a cada geração. O filho é 1º grau; neto = 2º grau; bisneto = 3º e assim por diante. Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes. 5 Linha colateral: ramificações da família; vai até o ascendente comum mais próximo e depois vai até o parente; nunca haverá parente colateral de 1º grau; limite até o 4º grau; Ex.: irmão, tio, primo, tia-avó, sobrinho-neto. Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. b) Vínculo de afinidade: São os sogros, pais dos sogros, avós dos sogros. Os enteados e seus filhos, as noras, os genros, os cunhados (irmãos do cônjuge). Linha reta: vínculo de afinidade ilimitado. Linha colateral: até o 2º grau. (cunhado). Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. § 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. § 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. 6 Aula 19.02.18 Administração da Herança (art. 1.791 ao 1.797, CC/02). Falecendo o autor da herança, forma-se, em abstrato, uma massa patrimonial cuja titularidade, do ponto de vista ideal, por força do Princípio da Saisine1, passa aos herdeiros, ainda que não se conheça quem eles sejam (e nem mesmo eles saibam que são os sucessores). Indivisível (art. 1.791): Assim, preceitua o art. 1.791 do CC/2002: Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. Antes da partilha, nenhum herdeiro tem a propriedade ou a posse exclusiva sobre um bem certo e determinado do acervo hereditário. Só a partilha individualiza e determina objetivamente os bens que cabem a cada herdeiro. Nota-se que não se individualizou a transmissão de bens com a morte, na verdade há a transmissão de direitos sobre os bens, que fica indivisível até o inventário e partilha. Dessa forma, com a abertura da sucessão, tem-se a transferência automática da titularidade da massa patrimonial, na expressão codificada “como um todo unitário”, independentemente da manifestação de aceitação (ou eventual renúncia) desse(s) novo(s) titular(es). Herança (patrimônio) ≠ Acervo Hereditário: Herança é bem, classificada entre as universidades de direito. Acervo hereditário, constituído pela massa de bens deixados, pode compor-se apenas de dívidas, tornando-se passiva. Benefício do Inventário (art. 1.792): Prescreve o art. 1.792 do CC/02: Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados. Os bens deixados pelo de cujus arcam com as suas dívidas até o montante da herança. As dívidas são da herança, que responde por elas (CC, art. 1.997). Só serão partilhados os bens ou valores que restarem depois de pagas as dívidas, isto é, depois de descontado o que, de fato, pertence a outrem. Art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube. 1 Uma vez aberta a sucessão, dispõe o art. 1.784 do Código Civil, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros. Nisso consiste o princípio da saisine, segundo o qual o próprio defunto transmite ao sucessor a propriedade e a posse da herança. 7 Administrador provisório (art. 1.797): Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente: I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão; II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho; III - ao testamenteiro; IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz. O sentido do dispositivo legal é prestigiar aquele que, em tese, estará, de fato, na efetiva administração dos bens da herança, no núcleo familiar. Daí a precedência do cônjuge ou companheiro, sucedido pelo herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, sendo o critério de maior idade, neste último caso, utilizado para a escolha de um único administrador, caso haja mais de um herdeiro nessas condições. Somente na ausência destes é que se pensa em delegar a administração ao testamenteiro ou, na forma da previsão do inciso IV, a “pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz”. Demais previsões legais: Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública. § 1º Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente. § 2º É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente. § 3º Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade. Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto. Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão. Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias. 8 Art. 1.796. No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-se-á inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente no lugar da sucessão, para fins de liquidação e, quando for o caso, de partilha da herança. Aceitação (art. 1.804 ao 1.813, CC/02). A aceitação ou adição da herança (aditio) é o ato jurídico pelo qual o herdeiro manifesta, de forma expressa, tácita ou presumida, a sua intenção de receber a herança que lhe é transmitida. Nesse sentido,explicita o art. 1.804, caput, do CC/2002: Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Efeito retroativo: A aceitação, em qualquer das suas espécies, quando manifestada, retroage à data da abertura da sucessão, uma vez que confirma a transmissibilidade abstrata operada por força do Princípio da Saisine2. Espécies: a) Expressa (art. 1.805): é aquela que se opera por meio de uma explícita declaração do sucessor, reduzida a escrito (público ou particular) ou a termo nos autos (do processo de inventário). b) Tácita (art. 1.805): é aquela que decorre da atitude do próprio herdeiro, que, embora não tenha declarado expressamente aceitar, comporta-se nesse sentido (art. 1.805, 2ª parte), habilitando-se, por exemplo, no procedimento de inventário ou de arrolamento. Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. § 1º Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória. § 2º Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros. c) Presumida (art. 1807): aquela que resulta de uma situação fática de omissão. Com efeito, esta última categoria deriva do reconhecimento legal da eficácia jurídica do silêncio. Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita. 2 Consiste o droit de saisine no reconhecimento, ainda que por ficção jurídica, da transmissão imediata e automática do domínio e posse da herança aos herdeiros legítimos e testamentários, no instante da abertura da sucessão. 9 Transmissibilidade do direito de aceitação da herança (Artigo 1.809, § único, CC/02): Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada. Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira. Duas sucessões aberta, uma de Antônio (12/janeiro) e outra de seu filho Walter (14/janeiro), quando retornava do enterro para sua terra natal. O herdeiro Pedro, filho de Walter e neto de Antônio, deverá aceitar a herança do seu pai para ter a opção de aceitar ou renunciar a herança do avô Antônio. Avô (100,00) – 200,00 F1 (50,00) F2 (50,00) Precisam aceitar Primeiro N1 N2 O neto só poderá aceitar/renunciar a herança do avô (1ª herança) - deixado ao F1 (50,00) -, se primeiro aceitar a herança do pai F1(2ª herança) – patrimônio de 200,00. Note que a transmissibilidade do direito de aceitar — que se dá quando um herdeiro, vivo ao tempo da morte do autor da herança, falece logo após, sem que tivesse tido tempo de aceitar — não se confunde com o direito de representação, que pressupõe que o herdeiro seja pré-morto em relação ao autor da herança, caso em que os seus sucessores o representarão como se vivo estivesse, para evitar injustiças na divisão patrimonial. Neste sentido, tem-se o artigo 1.856, onde os representantes poderão renunciar a herança do herdeiro pré-morto (2ª herança) e mesmo assim receber a 1ª herança. Observe-se que o herdeiro representado tem que ter morrido antes da abertura da sucessão. Art. 1.856. O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra. Atenção! Artigo 1.809, § único ≠ Artigo 1.856. Art. 1.809, § único = herdeiro falece após a abertura da sucessão, sem ter tido tempo de aceitar. Art. 1.856 = herdeiro já falecido (pré-morto) ao tempo da abertura da sucessão. Irrevogável (art. 1.812): Outro importante aspecto a ser considerado é no sentido de não se admitir a revogação do ato de aceitar, salvo vício de consentimento. Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança. Obs.: art. 1.808, CC/02: Não existe aceitação ou renuncia parcial. Se aceitar ou renunciar expressamente (por escrito), prevalece a renuncia em detrimento da aceitação. Todavia, se houver 10 apenas a aceitação parcial sem nada renunciar expressamente, prevalecerá a aceitação total, pois a renúncia deve ser expressa. Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo. § 1º O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los. § 2º O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia. Renúncia (art. 1.806 ao 1.813, CC/02). Ato jurídico unilateral: A renúncia da herança é negócio jurídico unilateral, pelo qual o herdeiro manifesta a intenção de se demitir dessa qualidade. É o ato pelo qual o herdeiro declara, expressamente, que não quer aceitar, preferindo conservar-se completamente estranho à sucessão. Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial. Deve ser feita (art. 1.806): a) Escritura Pública: lavrada em instrumento público (Tabelionato de Notas). b) Termo judicial: termos nos próprios autos do processo (inventário/arrolamento). Não ocorre antes da morte: não é possível a renúncia antes da morte do autor da herança. Não existe renúncia em favor de alguém: Não é possível a renúncia em favor de alguém. Ou seja, se alguém renúncia a sua cota-parte em favor de terceiro herdeiro, o terceiro não poderá receber exclusivamente este quinhão renunciado. Esta parte renunciada será dividida entre os demais coerdeiros (se houver) e não apenas para o herdeiro que havia sido beneficiado. Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente. Ex.: João, Pedro, Ricardo e Maria são herdeiros de uma herança. Maria renuncia a sua cota-parte em favor de Pedro, para que este possa receber o que lhe cabia na herança. Todavia, não poderá ocorrer, a sua parte renunciada deverá ser dividida igualmente entre João, Pedro e Ricardo a princípio. Efeitos retroativos: O herdeiro que renuncia é havido como se nunca tivesse sido herdeiro, e como se nunca lhe houvesse sido deferida a sucessão. Os seus efeitos retroagem, pois, à data da abertura da sucessão (efeitos ex tunc). Efeitos (art. 1.811): Não existe representação quando da renúncia. 11 Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça. O destino da herança renunciada tem de ser, com efeito, compatível com a ideia de que o renunciante desaparece da sucessão. Por isso ninguém pode suceder, representando-o. Vale dizer, se, por exemplo, eu renuncio à herança do meu pai, os meus filhos não poderão pretender habilitar-se no inventário do avô por direito de representação. Todavia, se todos os herdeiros da minha classerenunciarem, logicamente, os netos poderão herdar por direito próprio e por cabeça (em igualdade de direitos). Pode-se afigurar injusta esta regra que impede aos sucessores do renunciante exercer o direito de representação, mas, se analisada detidamente, ela guarda coerência com a eficácia retroativa da renúncia, a qual, como dissemos, exclui o renunciante da cadeia sucessória ab initio. Avô – 120,00 F1 (30) F2 (30) F3 (30) F4 (30) Renunciou e morreu logo após. N1 N2 N3 N4 N5 Não pode suceder o pai para receber a herança do avô, pois o pai renunciou. Todavia, se os outros tios (F1, F2 e F3) renunciam, ele poderá receber, não por representação, mas por cabeça, com os demais netos. Obs.: Na sucessão testamentária, a renúncia do herdeiro acarreta a caducidade da instituição, salvo se o testador tiver indicado substituto (CC, art. 1.947) ou houver direito de acrescer entre os herdeiros (art. 1.943). Irrevogável: Como foi dito na aceitação, não se admite a revogação do ato de renúncia, salvo vício de consentimento. A renúncia é irretratável porque retroage à data da abertura da sucessão, presumindo-se que os outros herdeiros, por ela beneficiados, tenham herdado na referida data. Tratando-se de negócio jurídico unilateral, ele se aperfeiçoa desde o momento da solene manifestação de vontade, gerando, desde então, todos os efeitos dele decorrentes. Credores prejudicados (art. 1.813): se o herdeiro renuncia, pode o credor representá-lo no quantum que lhe competia. Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. § 1º A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato. § 2º Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros. 12 O art. 1.813 afasta, com efeito, a possibilidade de haver renúncia lesiva a estes. Se tal ocorrer, podem aceitar a herança em nome do renunciante, nos autos de inventário não encerrado, mediante autorização judicial, sendo aquinhoados no curso da partilha. A rigor, em nosso sentir, não é adequado, a despeito da dicção normativa, e da aceitação jurisprudencial, falar-se em “aceitação” da herança pelos eventuais credores do renunciante, uma vez que eles não são herdeiros. Não se pode conferir legitimidade sucessória para quem efetivamente não a tem. O que sucede, no caso, é a suspensão dos efeitos da renúncia, para evitar prejuízo a crédito legitimamente constituído, em franco desrespeito à própria lealdade negocial. Obs¹ - Capaz: Em decorrência dos efeitos que acarreta, a renúncia à herança exige plena capacidade jurídica do renunciante. Não basta a capacidade genérica, sendo necessária também a de alienar. A renúncia efetivada pelo incapaz não terá validade, ainda que manifestada por seu representante, uma vez que este reúne os poderes de administração, e não de alienação. Embora tenha a atribuição de gerir os bens do representado, falta-lhe a liberdade para dispor deles. Obs² - Art. 1.808, CC/02: não há aceitação ou renúncia parcial, sob termo ou condição; ou aceita ou rejeita tudo (já explicado quando da aceitação). Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo. 13 Aula 23.02.18 Dos excluídos da sucessão (art. 1.814 ao 1.818 e art. 1.961 ao 1.965, CC/02). Indignidade ≠Deserdação O nosso Código Civil apresenta duas formas de exclusão dos herdeiros da sucessão, a indignidade e a deserdação. Essas duas formas de exclusão possuem a mesma finalidade, qual seja, punir civilmente os herdeiros, privando-os do benefício da sucessão. A diferença básica que analisaremos melhor adiante é que enquanto a pena de indignidade é cominada pela própria lei, nos casos taxativos, a deserdação depende da vontade exclusiva do autor da herança, que deve ser imposta ao culpado no ato de última vontade, desde que fundada em motivo legal. Institutos distintos: São distintas a Indignidade e a Deserdação, tem tratamentos diversos, todavia a pena é a mesma para ambos. a) Indignidade (art. 1.814 ao 1.818): Conceito: é a pena civil cominada ao herdeiro acusado de atos criminosos ou reprováveis contra o de cujus. Com a prática desses atos, incompatibiliza-se ele com a posição de herdeiro, tornando-se incapaz de suceder. Pena: visa a afastar da relação sucessória aquele que haja cometido ato grave, socialmente reprovável, em detrimento da integridade física, psicológica ou moral, ou, até mesmo, contra a própria vida do autor da herança. Todos os herdeiros: Todos os herdeiros são passíveis de sofrer a pena. Testamentário Necessário: Ascendente, descendente e cônjuge. Legítimo Facultativo: Tios e sobrinhos. Causas (art. 1.814): as hipóteses autorizadoras da exclusão estão taxativamente previstas em lei, não admitindo interpretação extensiva ou analógica, dado o seu caráter punitivo. Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; 14 Não se exige que o herdeiro seja autor do homicídio ou tentativa deste. A sua participação no crime como coautor ou partícipe, por qualquer forma, é suficiente para comprometê-lo. II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; Contempla o dispositivo acima duas hipóteses: a) denunciação caluniosa do de cujus em juízo; e b) prática de crime contra a sua honra. Em nenhuma delas é prevista a tentativa, mencionada apenas no inciso I, já comentado. III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. “Inibir” é cercear a liberdade de disposição de bens. “Obstar” corresponde a impedir tal disposição. Em ambos os casos a conduta do herdeiro ou legatário implica indignidade, quando a inibição ou impedimento é exercida mediante violência ou fraude. A violência se traduz em ação física; a fraude, em psicológica. Efeitos da exclusão por indignidade (arts. 1.816 e 1.817): Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão. Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens. 1 Por se tratar de uma sanção, são pessoais os efeitos da exclusão por indignidade, a pena não pode passar da pessoa do indigno, de maneira que os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão (art. 1.816 do CC). A situação do excluído equipara-se à do herdeiro pré-morto: embora vivo, será representado por seus descendentes, como se tivesse morrido. Os bens que deixa de herdar são devolvidos às pessoas que os herdariam, caso ele já fosse falecido na data da abertura da sucessão. Se o de cujus, por exemplo, tinha dois filhos e um deles foi excluído por indignidade, tendo prole, a herança será dividida entre as duas estirpes: metade ficará com o outro filho, e metade será entregue aos descendentes do excluído, que herdarão representando o indigno. 2 Os efeitos dasentença retroagem à data da abertura da sucessão. Embora se reconheça a aquisição da herança pelo indigno, no momento da abertura da sucessão, o legislador, por ficção legal, determina a retroação dos efeitos da sentença, para considerar o indigno como pré-morto ao hereditando. 3 O indigno não terá direito ao usufruto e administração dos bens que passem aos filhos menores. Não fosse a regra em apreço o indigno poderia tirar proveito, indiretamente, das 15 rendas produzidas pela herança da qual foi afastado por ingratidão. O propósito do legislador é impedir que tal aconteça. Da mesma intenção se acha este imbuído quando estabelece, na parte final do supratranscrito parágrafo único, que o indigno não poderá suceder nos bens de que foi excluído. Art. 1.817 (Validade dos atos praticados pelo herdeiro aparente): Preceitua o art. 1.817, caput, do Código Civil: Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos. Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles. O terceiro inocente que, por exemplo, celebra com o herdeiro indigno contrato de prestação de serviços para a conservação de bens da herança, faz jus à remuneração contratada. Em rigor, a sentença de exclusão retroage para todos os demais efeitos, exceto para invalidar os atos de disposição praticados pelo indigno. A regra decorre da necessidade de privilegiar a boa-fé daquele que, vendo no ingrato um herdeiro, presume que a aquisição que efetivar lhe será definitiva e válida. Na proteção da boa-fé, o legislador acaba atribuindo efeitos à aparência. Art. 1.815, CC/02: 1 Declaração de indignidade: Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por sentença. 2 Prazo: § 1º O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão. 3 Legitimidade: § 2º Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Público tem legitimidade para demandar a exclusão do herdeiro ou legatário. Todos os interessados também. Reabilitação: Admite-se o perdão do herdeiro indigno, desde que o autor da herança o faça expressamente, mediante declaração no testamento, ou por meio de qualquer outro instrumento, público ou particular. Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico. 16 Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária. Caso não tenha havido reabilitação expressa, o indigno poderá, em nosso sentir, suceder no limite da disposição testamentária, se o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade: trata-se do chamado perdão tácito. Por óbvio, o perdão do ofendido, quer seja expresso ou tácito, deverá ser livre, isento de vícios, como a coação e o dolo, sob pena de ser invalidado, segundo as regras gerais de invalidade do ato jurídico. b) Deserdação (art. 1.961 ao 1.965): Conceito: A deserdação é utilizada quando o autor da herança tem por objetivo excluir herdeiro necessário de sua herança. Ou seja, uma medida sancionatória e excludente da relação sucessória, imposta pelo testador ao herdeiro necessário que haja cometido qualquer dos atos de indignidade capitulados nos arts. 1.962 (que remete ao art. 1.814) e 1.963 do Código Civil. Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos da sucessão. Pena: Excluir da sucessão herdeiro necessário. Realizada por testamento: Por se tratar de uma sanção civil, a deserdação não admite dicção genérica ou expressão abstrata. Isso porque, somente com expressa declaração de causa, pode a deserdação ser ordenada em testamento (art. 1.964 do CC). Art. 1.964. Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser ordenada em testamento. Herdeiro necessário (art. 1.961): Herdeiro necessário é o que tem direito à legítima correspondente à metade da herança. Ostentam tal condição “os descendentes, os ascendentes e o cônjuge” (CC, art. 1.845). A deserdação serve somente aos herdeiros necessários, pois para excluir da sucessão os parentes colaterais (facultativos) não é preciso deserdá-los, basta que o testador disponha do seu patrimônio sem os contemplar. Pois somente aos herdeiros necessários contém a reserva legal de 50% da herança. Causas da deserdação (art. 1.962 ao 1.963): Por se tratar de situações referidas em um testamento, parece-nos óbvio salientar, de início, que somente se pode falar de deserdação referente a fatos ocorridos anteriormente à sua celebração. Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814 (elencados no tópico da indignidade), autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes: I — ofensa física; II — injúria grave; 17 III — relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto; IV — desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos ascendentes pelos descendentes: I — ofensa física; II — injúria grave; III — relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da neta; IV — desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade. É de observar, todavia, que o art. 1.962 cuidou dos atos perpetrados pelos descendentes contra os ascendentes, ao passo que o artigo seguinte, por sua vez, analisou a situação inversa. Efeitos: Os efeitos da exclusão do herdeiro por indignidade são pessoais, na forma do art. 1.816 do CC/02. E o que dizer da deserdação? Há divergência na doutrina. A doutrina diverge se é ou não possível ao sucessor do deserdado herdar por direito de representação. Tem-se então 02 (duas) correntes: 1º. Corrente: Aplica-se o instituto da renúncia, ou seja, não haverá representação pelo sucessor do deserdado, o seu quinhão volta ao monte-mor. Justifica-se que se o legislador não previu a representação na deserdação, aplica-se, subsidiariamente, o instituto da renúncia, porque se não foi previsto é porque não queria que houvesse representação. 2º. Corrente: Aplica-se o instituto da indignidade, ou seja, haverá representação, o seu quinhão não volta ao monte-mor, mas é representado pelos sucessíveis do deserdado. Justifica-se que a sanção é pessoal, não passando da pessoa afetada, logo, o neto, por exemplo, não tem culpa do herdeiro declarado indigno. DANGER: NA HORA DA PROVA, QUANDO FIZER A DIVISÃO DO PATRIMÔNIO DA HERANÇA, ESCOLHER QUAL CORRENTE APLICAR NA DESERDAÇÃO, EXPLICANDO-A. Poder judiciário (art. 1.965): 1 Legitimidade: É necessário, ainda, que o herdeiro instituído no lugar do deserdado, ou aquele a quem aproveite a deserdação (outros herdeiros legítimos, na ordem legal, inclusive o Município, se estes não existirem), promova ação ordinária e prove, em seu curso,a veracidade da causa alegada pelo testador. Art. 1.965. Ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação, incumbe provar a veracidade da causa alegada pelo testador. 18 2 Prazo: prazo para o exercício do direito potestativo é decadencial de quatro anos, a contar da abertura do testamento, coincidindo com o mesmo prazo para a ação de exclusão de herdeiro ou legatário por indignidade (parágrafo único do art. 1.815 do CC/2002), o que ressalta a proximidade dos institutos. Parágrafo único. O direito de provar a causa da deserdação extingue-se no prazo de quatro anos, a contar da data da abertura do testamento. Autor herança = 120,00 30 30 + 10 30 + 10 30 + 10 F1 renunciou F2 pré-morto F3 F4 indigno N1 N2 N3 N4 N5 N6 20,00 20,00 20,00 20,00 Herança bloqueada. F1 renunciou: não cabe representação. Logo, o seu valor (30,00) volta ao monte-mor e é divido entre os demais herdeiros, assim, ficam 10,00 para cada. F2 é pré-morto, portanto seus filhos N2 e N3 – netos do autor da herança – o representarão, recebendo no total, 20,00 cada. F3 está regular, logo, este receberá os 40,00. F4 é declarado indigno. Cabe representação, porém a herança que os N5 e N6 receberam será bloqueada, ou seja, não poderá ser sucedido pelo indigno em caso de morte dos netos, por exemplo. Autor Herança = 60,00 20 20 20 F1 pré-morto F2 F3 Deserdado ??? 10 + 10 10 N1 pré-morto N2 renunciou N3 N4 N5 N6 20 B1 B1 B2 F1 é pré-morto, o seu quinhão de 20 será divido para N1 e N2, mas N2 renunciou, portanto sua parte (10) irá para N1 que também é pré-morto, logo ao B1 caberá a herança de 20. F2 está normal, receberá 20. 19 F3 foi deserdado, todavia tem que se saber qual instituto será aplicado: o da indignidade, em que cabe representação, recebendo portanto N5 e N6, 10 cada. Ou se será aplicada a renúncia, onde o seu valor voltará ao monte mor e será partilhado entre F1 (pré-morto) e F2. DANGER: FAZ A DIVISÃO DA HERANÇA FAZENDO A DISTRIBUIÇÃO POR IGUAL, DEPOIS VERIFICA O CASO, RATEANDO OS VALORES CONFORME A SITUAÇÃO JURÍDICA. 20 Aula 26.02.18 Herança jacente e herança vacante (art. 1.819 ao 1.823, CC/02). Legítimos Falecimento sem herdeiros Necessários a) Herança jacente (art. 1.819): Conceito: É aquela cujos sucessores não são conhecidos ou que não foi aceita pelas pessoas com direito à sucessão. Assim, pode-se conceituar herança jacente como aquela em que o falecido não deixou testamento ou herdeiros notoriamente conhecidos. A herança literalmente “jaz” enquanto não se apresentam herdeiros para reclamá-la, ignorando-se quem seja, do ponto de vista ideal, o novo titular do patrimônio deixado. Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância. Fase provisória: A jacência é uma fase provisória e temporária, de expectativa de surgimento de interessados na herança. Tal fase tem o escopo de: 1 Verificar o patrimônio do de cujus; 2 Dar notoriedade para encontrar possíveis herdeiros e; 3 Entregar os bens aos herdeiros, se encontrados, ou tomar para si (o ente Público), se não encontra-los. Procedimento: 1 Arrecadação de bens: O Estado, com a finalidade de evitar o perecimento do valor representado pelos bens cujo titular se ignora, determina a sua arrecadação, com o fito de entregar a referida massa patrimonial aos herdeiros que eventualmente demonstrem tal condição. 2 Publicação de editais: Serão publicados 3 editais. E decorrido 01 ano da PRIMEIRA publicação é declarada a vacância. Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante. 3 Entrega de bens: para o herdeiro que surgiu ou para o Estado. 21 Credores (art. 1.821): O legislador protege, nesses casos, os credores do falecido. Art. 1.821. É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos limites das forças da herança. b) Herança Vacante (art. 1.820): Conceito: Considera-se vacante a herança, quando realizadas todas as diligências, inclusive com a publicação de editais e, passada um ano do primeiro edital publicado, não surgirem pessoas sucessíveis ou porque aqueles de que se têm notícias a ela renunciaram, deferindo-se os bens arrecadados ao ente público designado por lei. Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante. Declaração de vacância (art. 1.822): Pode operar-se de dois modos: 1º. Modo: quando todos os herdeiros renunciam, pula-se a fase de jacência e vai direto para a vacância. Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante. 2º. Modo: quando decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante (art. 1.820). Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante. Herdeiros necessários: decorridos 05 anos da abertura da sucessão, na vacância, o herdeiro necessário pode reclamar a sucessão. Após esse período, concretizam-se os bens no patrimônio do Estado. Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal. Herdeiros colaterais: no período de 01 ano da jacência (período em que, decorrido, se declara a vacância; termo inicial do primeiro edital publicado), se os herdeiros facultativos não se habilitarem serão excluídos da sucessão (herdeiros colaterais). Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão. 22 Aula 05.03.18 Da vocação hereditária (art. 1.798 ao 1.803, CC/02). Quem pode suceder? (art. 1.798): podem suceder as nascidas (nascer com vida) ou concebidas (nascituro, todavia fica um direito suspenso). Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Essa concepção pode ser intrauterina ou extrauterina, pois a redação do artigo supra não distingue qual forma de concepção. Quem pode suceder na sucessão testamentária? (art. 1.798): Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; Concepturo:filho não concebido de outra pessoa. Todavia, da abertura da sucessão tem que ser concebido em até 02 anos (§ 4º do referido art. 1.800). Observe-se que tem que ser concebido. Note a diferença manifesta entre “nascituro” e “não concebido” (prole eventual). II - as pessoas jurídicas; Pessoas jurídicas: Pessoa jurídica só pode ser herdeira testamentária. III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação (patrimônio afetado). Fundações. Obs.: O rol do artigo 1.799 não é taxativo, mas sim exemplificativo nas hipóteses a pessoas específicas. Obs¹.: Art. 1.801, CC/02 (Impedimentos legais sucessórios): Algumas pessoas estão impedidas de ser nomeadas herdeiras ou legatárias, nos expressos termos do art. 1.801 do Código Civil. As hipóteses são, portanto, de ausência de legitimidade sucessória passiva. Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; Para evitar indevida interferência na manifestação de vontade do testador, ou, até mesmo, a captação dolosa da sua vontade, não poderão ser beneficiados: a pessoa que escreveu, digitou ou datilografou o testamento a pedido do testador, nem o seu cônjuge, companheiro, ascendente e irmão. 23 II - as testemunhas do testamento; Pela mesma razão acima exposta, não poderão as pessoas chamadas a testemunhar a elaboração do testamento ser beneficiadas nesse mesmo ato, em respeito à preservação da autonomia da vontade do testador; III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; O que o dispositivo pretende é impedir que o testador — ou testadora, claro (pois os direitos são iguais) — casado beneficie, por meio do seu testamento, a(o) sua(seu) amante. Note-se, nesse ponto, que óbice algum há no que toca à deixa testamentária que beneficie a(o) companheira(a), integrante de uma união estável com o testador, pois, como sabemos, neste caso, estamos diante de uma entidade familiar, constitucionalmente protegida. Afinal, “concubina(o)” e “companheira(o)” são figuras que não se confundem. A proibição, portanto, atinge um homem, por exemplo, que, sendo casado (e que mantém ainda a sociedade conjugal), pretenda deixar parte da sua herança para a mulher com quem mantém um relacionamento clandestino há alguns anos. A vedação é expressa. IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. Pelo mesmo princípio de isenção, o oficial que elaborar ou aprovar o testamento não poderá, ao mesmo tempo, ser, por meio dele, beneficiado. Obs².: Art. 1.802, CC/02: E, como o sistema normativo atua para evitar manobras fraudulentas, o art. 1.802, acertadamente, prescreve a nulidade absoluta da disposição testamentária que beneficie, indiretamente, qualquer dessas pessoas acima referidas Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa. Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder. A lógica do parágrafo único é evidente. Se João (testador casado) não pode testar em favor de Geralda, sua concubina, também não poderá fazê-lo por via oblíqua, em inequívoca simulação relativa, beneficiando indiretamente o irmão dela. Da mesma forma, não poderá simular uma compra e venda (ato oneroso) com ela para mascarar a doação. Petição de herança (art. 1.824 ao 1.828, CC/02). Conceito: é a pretensão deduzida em juízo pelo herdeiro preterido, no sentido de lhe ser deferida quer a cota parte que lhe caberia, quer, ainda, a totalidade da herança reconhecendo-se, em todo caso, a qualidade de herdeiro que lhe é natural. Art. 1.824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua. 24 1º. Comprovar a condição de herdeiro. Objetivos: 2º. Pedir a cota-parte da herança. Prazo: A lei não estabeleceu um prazo para a petição de herança. E, nesse contexto, concluímos que, a teor do que dispõe o art. 205 do Código Civil, é de dez anos o prazo prescricional para se formular a pretensão de restituição de bens da herança, a contar da abertura da sucessão. Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Todavia, a vacância são 05 anos para a herança integrar o patrimônio do Estado, então, quando for o caso, como faz? Há julgados em dois sentidos, em favor do legítimo e a favor do Estado. Ou seja, no caso do legítimo, que mesmo após 05 anos, os bens podem ser devolvidos ao sucessor dentro do prazo prescricional de 10 anos. Lado outro, nos casos entre particulares, caso tenha se extinguido o bem, o sucessor que comprovou sua qualidade de herdeiro será declarado como tal, sucessor, mas nada levará. Petição de herança ≠ Ação reivindicatória: Na ação reivindicatória não há que se comprovar a condição de herdeiro, a pessoa já é herdeira reconhecida, já está claro, logo, não cabe petição de herança, mas sim, ação reivindicatória. Demais previsão: Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, poderá compreender todos os bens hereditários. Art. 1.826. O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acervo, fixando- se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observado o disposto nos arts. 1.214 a 1.222. Parágrafo único. A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de aferir pelas regras concernentes à posse de má-fé e à mora. Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens alienados. Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé. Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra quem o recebeu. 25 Aula 09.03.18 Ordem de vocação hereditária (art. 1.829 ao 1.856, CC/02) Quando o de cujus falece ab intestato, a herança, como foi dito, é deferida a determinadas pessoas. O chamamento dos sucessores é feito, porém, de acordo com uma sequência denominada ordem da vocação hereditária. Consiste esta, portanto, na relação preferencial pela qual a lei chama determinadas pessoas à sucessão hereditária. 1º. Na ausência de testamento; Sucessão Legítima: 2º Nulidade ou caducidade do testamento; 3º Quando o testamento não engloba todo o patrimônio. Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo. a) Classe de herdeiros: O chamamento dos sucessores é realizado, com efeito, por classes: 1ª Classe: Descendentes (necessários) 2ª Classe: Ascendentes (necessários) 3ª Classe: Cônjuge (necessário) ou companheiro (necessário? Controverso!) 4ª Classe: Colaterais (facultativos) Art. 1.829. A sucessão legítima defere-sena ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais. Registre-se a incorreta referência, no inciso I, ao “art. 1.640, parágrafo único”, uma vez que é o art. 1.641 que alinha as hipóteses em que o regime da separação de bens se torna obrigatório, no casamento. Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II - da pessoa maior de sessenta anos; II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. 26 b) Regras fundamentais: 1ª Regra: “A existência de herdeiros de uma classe, exclui do chamamento à sucessão herdeiros da classe seguinte”. Exceções – Concorrência descendente: dependendo do regime de bens, antes de sua classe, o cônjuge, poderá concorrer com a 1ª classe, dos descendentes. Exceção – Concorrência ascendente: na ausência de descendentes, se houver cônjuge, independentemente do regime, este pula a fila e recebe conjuntamente com os ascendentes. 2ª Regra: “Dentro de uma classe de herdeiros, os de graus mais próximo excluem os mais remotos”. Exceção – Classe dos colaterais (art. 1.843): No colateral entre tio e sobrinho, ambos de 3º grau, o sobrinho tem preferencia em face do tio (art. 1.843). Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios. Exceção – Direito de representação (1.851 ao 1.856): A representação sempre pode ocorrer na linha reta descendente, nunca na ascendente e eventualmente na colateral. Desta forma, apesar da diferença de graus, alguns parentes de graus mais remotos receberão parte da herança em razão do direito de representação, que só ocorre quando existir diversidade de graus. Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse. Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente. Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem. Art. 1.854. Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o representado, se vivo fosse. Art. 1.855. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os representantes. Art. 1.856. O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra. Obs¹.: Não cabe representação na sucessão testamentária. Sucessão por cabeça: Por direito próprio, legítimo. Obs²: Sucessão por estirpe: Representação. 27 Obs³.: Há representação somente se houver graus diferentes. Se, por exemplo, os filhos todos morrem não há que se falar em representação (estirpe) pelos netos, mas sim em direito próprio (legítimo). Autor F1 F2 F3 Não há ninguém mais neste grau, todos morreram. N1 N2 N3 N4 N5 Não receberão por estirpe (representação), mas sim por cabeça, pois será por direito próprio. 28 Aula 12.03.18 Sucessão legítima na linha reta descendente 1ª Classe a suceder (art. 1.829, I): Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I — aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares. Falecido o autor da herança, esta será deferida ao(s) seu(s) descendente(s), primeira classe sucessória, respeitada a regra segundo a qual o parente mais próximo exclui o mais remoto. Herdeiros necessários (art. 1.845): Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. Regra (art. 1.833): em primeiro lugar serão chamados a suceder os filhos do autor da herança. Devem eles, por conseguinte, herdar em primeiro lugar, porque essa a vontade presumida do de cujus. Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de representação. Direito de representação: São contemplados, genericamente, todos os descendentes (filhos, netos, bisnetos etc.), porém os mais próximos em grau excluem os mais remotos, salvo os chamados por direito de representação. Art. 1.835, CC/02: Na falta de filhos, chamar-se-ão os netos e posteriormente os bisnetos, ressalvando-se a possibilidade de haver representação. Essa vocação ocorre sem limitação de grau, a não ser a determinada pela própria finitude da vida humana, que impede a convivência de gerações mais distantes. Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau. Sendo três os filhos herdeiros, por exemplo, todos recebem quota igual (sucessão por cabeça ou direito próprio), porque se acham à mesma distância do pai, como parentes em linha reta. Se um deles já faleceu (é pré-morto) e deixou dois filhos, netos do de cujus, há diversidade em graus, e a sucessão dar-se-á por estirpe, dividindo-se a herança em três quotas iguais: duas serão atribuídas aos filhos vivos e a última será deferida aos dois netos, depois de subdividida em partes iguais. Os últimos herdarão representando o pai pré-morto. Assim, os filhos sucedem por cabeça , e os netos, por estirpe. 29 Sucessão legítima na linha reta ascendente 2ª Classe a suceder (art. 1.829, II): Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I [...] II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; Somente não havendo herdeiros da classe dos descendentes é que são chamados à sucessão os ascendentes, em possível concorrência com o cônjuge sobrevivente (CC, art. 1.836). Herdeiros necessários (art. 1.845): Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. Regra (art. 1.836, § 1º): Nesse caso, a sucessão orienta-se por duas regras: a) o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas; Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente. § 1º Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas. Há, nessa espécie de sucessão, uma combinação de linhas e graus. O grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linha. Se não há prole, herdam os genitores do falecido, em partes iguais, por direito próprio (iure proprio). Se apenas um está vivo, recebe a totalidade da herança, ainda que estejam vivos os pais do genitor falecido (avós do de cujus), pois na linha ascendente, como mencionado, não há direito de representação. Se ambos faltarem, herdarão os avós da linha paterna e materna; na falta deles, os bisavós, e assim sucessivamente. Exemplificando, João (solteiro e sem filhos) faleceu e sua mãe é viva, sendo seu pai pré-morto. Nesse caso, os avós paternos não representarão o pai pré-morto de João. Pois nãohá representação na linha ascendente (art. 1.852). Desta forma a mãe de João receberá toda a herança. B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 A1 A2 A3 A4 Pai Mãe = O quinhão do pai (pré-morto) vai para a mãe. Pois é a única deste grau e não há representação. R$ 60,00 Autor (R$ 120). R$ 60,00 50% 50% 30 Regra (art. 1836, § 2º): b) havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna. § 2º Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna. Se concorrerem à herança avós de linhas diversas (paterna e materna), em número de quatro, divide- se a herança em partes iguais entre as duas linhas. Se são três os avós (igualdade de graus), sendo dois paternos e um materno (diversidade em linha), reparte-se a herança entre as duas linhas meio a meio, cabendo metade para os dois avós paternos (de uma linha), e metade para o único avô materno (da outra linha). Não cabe representação (art. 1.852): Vale lembrar, nesse ponto, que, na linha ascendente — contrariamente ao que ocorre na descendente —, não existe “direito de representação”. Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente. B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 A1 30,00 A2 30,00 A3 30,00 A4 30,00 A herança só “sobe” se não houver Pai Mãe ninguém na mesma linha. Pai e mãe pré-mortos, vão para os R$ 60,00 Autor (R$ 120). R$ 60,00 avós. 50% 50% Observe que metade do patrimônio vai pra linha do pai e metade do patrimônio vai pra linha da mãe na proporção de 50% para cada e assim sucessivamente para cada grau caso não haja ninguém na mesma linha. 31 Aula 16.03.18 Sucessão legítima na linha colateral 4ª Classe (art. 1.829, IV): Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I [...] IV - aos colaterais. Os colaterais figuram em quarto lugar na ordem da vocação hereditária. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830 do Código Civil, “serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau” (CC, art. 1.839). Se houver companheiro, concorrerão com ele, cabendo àquele “um terço da herança” (art. 1.790, III). Consideram-se parentes, em linha colateral, na forma do art. 1.592 do Código Civil, aquelas pessoas provenientes do mesmo tronco, sem descenderem umas das outras. Horizontalmente, parentes consanguíneos em linha colateral são aqueles que, sem descenderem uns dos outros, derivam de um mesmo tronco comum, a exemplo dos irmãos (colaterais de segundo grau), tios/sobrinhos (colaterais de terceiro grau) ou primos entre si (colaterais de quarto grau). Não são herdeiros necessários: Os herdeiros legítimos que não são herdeiros necessários são denominados de facultativos. Legítimo ≠ Necessário. Regra (art. 1.840, CC/02): na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos. Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos. a) Irmãos bilaterais Art. 1.842, CC/02 b) Irmãos unilaterais Art. 1.842. Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes iguais, os unilaterais. Tal regra aplica-se também quando concorrem unicamente irmãos germanos ou bilaterais c) Concorrência entre unilaterais e bilaterais (art. 1.841, CC/02). Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar. Entre irmãos, a sucessão obedece a regras próprias. Se concorrerem à herança irmãos bilaterais ou germanos, isto é, filhos do mesmo pai e da mesma mãe, com irmãos unilaterais, ou seja, irmãos por 32 parte apenas do pai (consanguíneos) ou apenas da mãe (uterinos), “cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar”, segundo dispõe o art. 1.841 do Código Civil. Assim, se o falecido deixou quatro irmãos, sendo dois unilaterais e dois bilaterais, e um patrimônio estimado em R$ 300,00, os dois últimos (irmão bilaterais) receberão, cada qual, R$ 100,00, cabendo R$ 50,00 a cada um dos unilaterais. Para facilitar o cálculo: Conta quantos irmãos há para receber, sendo que os bilaterais serão contados em dobro (2x), divide o total de irmãos (considerando o dobro) pelo monte-mor e distribui, começando pelos unilaterais (esquerda), sendo que, chegando aos bilaterais (direita) dobra-se o valor. Veja abaixo: Falecido irmão Monte-mor: R$ 300.00 I bi I bi I uni I uni 2x + 2x + 1x + 1x = 6 divido por 300,00 = 50,00 Irmãos bilaterais dobram Irmãos unilaterais não dobram 100 100 50 50 Começa distribuindo da esquerda para direita, dobrando quando chega nos irmãos bilaterais. Outro exemplo: Falecido Ib Ib Iu Iu Iu Iu Monte-mor: 160,00 2x 2x x x x x 8 : 160,00 = 20 40 40 20 20 20 20 Distribui o total. Da esquerda para a direita. Dobra p/ os Bilaterais. Representação na linha colateral (art. 1.843): A representação vai até o sobrinho. Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios. 120 Falecido Ir. (40) Ir. (40) Ir. (40) F1 F2 F3 F4 F5 20 20 20 20 Valor vai para F4, representação até o sobrinho. 40 SN1 sobrinho-neto não pode representar no sucessão colateral. 33 Sobrinhos recebendo por cabeça (art. 1.843, §§ 1º e 3º): Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios. § 1º Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão por cabeça. [...] § 3º Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão por igual. Concorrência entre sobrinhos (art. 1.843, § 2º): Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios. [...] § 2º Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles. Como corolário da regra estabelecida no art. 1.841, “se concorrerem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles”. Apesar, neste último caso, de a sucessão continuar sendo por cabeça, se houver dois sobrinhos filhos de irmãos unilaterais e dois filhos de irmãos bilaterais, a divisão far-se-á por seis (atribuem-se duas porções simples para os unilaterais e duas dobradas para os bilaterais), e a parte atribuível aos últimos será multiplicada por dois (aos sobrinhos, filhos dos irmãos pré-mortos do autor da herança, receberão nas mesmas regras (divisões) dos irmãos bilaterais e unilaterais, já explicado acima). Concorrência entre tios e sobrinhos (art. 1.843): Embora sobrinhos e tios sejam parentes colaterais em terceiro grau, a lei dá preferência aos primeiros, ou seja, à energia mais nova. Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios. Concorrência entre os colaterais de 4º grau: No 4º grau não há exceções, todos recebem iguais (tio avô, primos e sobrinhos netos). Não havendo sobrinhos, chamam-se os tios do falecido, e depois os primos-irmãos, sobrinhos-netos e tios-avôs, quesão parentes colaterais em quarto grau. Como não existe representação, sucedem por direito próprio, herdando todos igualmente, sem qualquer distinção. Por conseguinte, o autor da herança pode excluí-los da sucessão; basta que faça testamento dispondo de todo o seu patrimônio sem os contemplar (art. 1.850). Art. 1.850. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que o testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar. 34 Graus colaterais: 2º grau colateral: Irmãos 3º grau colateral: tios e sobrinhos = não havendo irmãos, concorrem tios e sobrinhos, todavia, o sobrinho tem preferência e afasta o tio. O tio, só receberá se não houver sobrinho do autor da herança. 4º grau colateral: Tio-avô, Primo e Sobrinho-neto = não havendo 2º e 3º graus, recebe o 4º grau. Divide igualmente entre estes sem exceções. Não há representação. OBS: Na linha colateral só cabe representação entre o segundo e o terceiro (entre irmão e sobrinho). A representação não é infinita como na linha reta, é exclusiva entre irmão e sobrinho. Assim, se o irmão do autor da herança estiver pré-morto, recebe o filho – sobrinho do de cujus autor da herança -, mas se o sobrinho for pré-morto não caberá a representação deste, por seus descendentes (sobrinho-neto do de cujus). Se o irmão do de cujus tiver mais filhos (sobrinhos do autor da herança), e sendo um destes filhos pré- morto irá a herança para os outros sobrinhos sobrevivos. 120 Falecido Ir. (40) Ir. (40) Ir. (40) F1 F2 F3 F4 F5 20 20 20 20 Valor vai para F4, representação até o sobrinho. 40 SN1 sobrinho-neto não pode representar no sucessão colateral. 35 Aula 23.03.18 Regime de bens (Direito de Família) Revisão Função: é o conjunto de normas jurídicas aplicáveis no casamento, que fixa quais coisas serão comunicadas para ambos os cônjuges. O Direito Brasileiro prevê quatro regimes de bens entre os cônjuges: a. O regime da comunhão universal de bens; b. O da comunhão parcial de bens; c. O da separação de bens; e d. Da participação final dos aquestos. Regime Legal: O art. 1.640 do CC/02 é o comando legal que determina que o regime legal de bens do casamento é o da comunhão parcial de bens, inclusive nos casos de nulidade ou ineficácia da convenção entre os cônjuges, do pacto antenupcial. Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. Pacto antenupcial: pacto antenupcial é acordo entre os noivos, visando regular o regime de bens do futuro casamento. Nele será escolhido um dos quatro regimes, além de serem estabelecidas outras regras complementares. Será obrigatório o pacto antenupcial, no caso da comunhão universal, da separação de bens e da participação final dos aquestos. O pacto deve ser feito por escritura pública, registrada no Registro Imobiliário do domicílio dos futuros cônjuges, passando a partir daí a ter validade contra terceiros. Se o pacto antenupcial não for feito por escritura pública será nulo e ineficaz se não ocorrer o casamento. Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. Quanto ao pacto antenupcial celebrado por menor, a sua eficácia fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses do regime de separação obrigatória de bens. Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens. Quanto as demais regras do pacto antenupcial: Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei. Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aqüestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares. 36 Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges. a) Comunhão parcial de bens ( art. 1.658 ao 1.666 do CC/02): Conceito: é o regime legal ou supletório, que valerá e terá eficácia para o casamento se silentes os cônjuges ou se nulo ou mesmo ineficaz o pacto antenupcial, conforme aduz o art. 1.640. Até 3 patrimônios: A comunhão parcial de bens compreende, em princípio, três patrimônios distintos (a divisão marido e mulher é apenas para fins de compreensão): I. Um só do marido; II. Outro só da mulher e III. Um terceiro de ambos. Pode-se dizer, em síntese, que o patrimônio particular de cada um dos cônjuges se constitui daqueles bens havidos pelo esforço individual. Exemplo seriam as heranças e doações. Do patrimônio comum fazem parte todos os bens havidos pelo esforço comum do casal, bem como as heranças e doações destinadas aos dois. Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes. Regras: a regra básica do regime de comunhão parcial de bens é a seguinte: comunicam-se os bens havidos durante o casamento com exceção dos incomunicáveis. Pelo CC/2002, a interpretação deve ser a de que se presumem fruto do esforço comum os bens adquiridos, a título oneroso, durante o casamento, assim como se presumem fruto do esforço individual os bens adquiridos antes do casamento. O art. 1.659 do CC lista os bens que NÃO se comunicam: Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; III - as obrigações anteriores ao casamento; IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. 37 O art. 1.660 do CC lista os bens que SE comunicam: Art. 1.660. Entram na comunhão: I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. É importante frisar que se presumem adquiridos na constância do casamento os bens móveis, salvo prova em contrário (art. 1.662). Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância do casamento os bens móveis, quando não se provar que o foram em data anterior. b) Comunhão parcial (art. 1.667 ao 1.671 do CC/02): Pacto antenupcial: a sua previsão depende de pacto antenupcial. Em regra, um único patrimônio: como regra básica, comunicam-se tanto os bens anteriores ou presentes quanto os posteriores à celebração do casamento, ou seja, há uma comunicação total ou plena dos aquestos (bens
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