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AULA APRESENTACAO DA DISCIPLINA CIENCIA POLITICA - TGE

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CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO: 
 
Do que tratam tais campos do conhecimento e para que servem na formação do profissional do Direito 
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 Uma primeira abordagem do estudo da Ciência Política e da Teoria Geral do Estado no curso de Direito exige que prestemos o máximo de atenção à advertência colhida por Dalmo de Abreu Dallari na obra de Edgar Bodenheimar (Ciência do Direito, Forense, 1966) a respeito da necessidade de que a formação do profissional do Direito vá além da mera operacionalização de um processo técnico, formalista e imediatista: 
 “O de que mais se precisa no preparo dos juristas de hoje é fazê-los conhecer bem as instituições e os problemas da sociedade contemporânea, levando-os [à compreensão do] papel que representam na atuação [das instituições] e [ao aprendizado das] técnicas requeridas para a solução [dos problemas] ... certas tarefas a serem cumpridas com relação a este aprendizado terão que ser deixados às DISCIPLINAS NÃO-JURÍDICAS da carreira acadêmica do estudante de Direito.”
Ciência Política/Teoria Geral do Estado - abordagens iniciais (I)
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 Cabe à Ciência Política, segundo Streck e Bolzan de Morais (Ciência Política e Teoria Geral do Estado, Livraria do Advogado, 2003), estudar o Estado e suas relações com a sociedade, cabendo a esta disciplina o estudo dos diversos aspectos que dizem respeito ao funcionamento das instituições responsáveis por essa sociedade, estudo este que se encontra “atravessado” pelo imbricamento de questões referenciadas ao Estado, ao Governo, à Democracia, à Legitimidade, ao Poder.
 De acordo com Norberto Bobbio, a Ciência Política é uma forma de saber que se desenvolve NO TEMPO (uma DISCIPLINA HISTÓRICA), sofrendo, por conta desta característica, contínua transformação – por ser uma CIÊNCIA HISTÓRICA, nela não cabe a experimentação, ao mesmo tempo em que compartilha com outras ciências ditas humanísticas, dificuldades próprias que derivam de algumas das principais características do “agir humano”. 
Ciência Política/Teoria Geral do Estado - abordagens iniciais (II)
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Principais dificuldades que derivam do “agir humano” e que se encontram no cerne das ciências humanísticas e especificamente da Ciência Política:
O homem é um animal teleológico, que age e serve das coisas visando o atingimento de determinados objetivos, nem sempre declarados, nem sempre conscientes – aqui a Ciência Política não pode prescindir das contribuições da psicologia e da psicanálise.
 O homem é um animal simbólico que se comunica com seus semelhantes através de símbolos (dentre eles a linguagem) – o conhecimento da ação humana impõe a decodificação e a interpretação destes símbolos, cuja significação não é de todo conhecida, passível de uma reconstrução muitas vezes baseada em conjecturas.
O homem é um animal ideológico, o que significa dizer que ele se serve de valores pertinentes ao sistema cultural no qual se encontra inserido, visando a racionalização de seu comportamento, movimento este que permite com que alegue motivações diferentes daquelas que realmente impulsionaram as falas, os comportamentos, as tomadas de decisão – daí a importância de se revelar aquilo que está “escondido” e da análise e crítica das ideologias.
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 Segundo Streck e Bolzan de Morais, a Ciência Política pode ser entendida como um conhecimento operativo, como uma “ferramenta” que tem por fim a intervenção na realidade que se quer estudar, configurando-se portanto como uma disciplina capaz de interpretar a complexa realidade que abrange o Estado, o Poder, a Política, a Democracia, o Direito e suas consequências para a Sociedade, mediante uma perspectiva de compreensão interdisciplinar. 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
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 Vejamos algumas reflexões a respeito da Teoria Geral do Estado:
 Segundo Dalmo de Abreu Dallari, a Teoria Geral do Estado tem como finalidade principal a análise do Estado, de todos os seus elementos e dos fatos políticos, visando seu aperfeiçoamento – trata-se, na verdade, de uma disciplina autônoma que mantém relações importantes com a Sociologia, com a Demografia, com a História, pois delas a Teoria do Estado extrai as informações sobre a “evolução” do Estado e suas causas;
 De acordo com Celso Ribeiro Bastos (Curso de Teoria do Estado e Ciência Política, Saraiva, 1999), a Teoria Geral do Estado tem como finalidade básica o estudo do Estado, de todos os seus elementos e dos fatos políticos visando seu aperfeiçoamento, tratando-se de uma ciência especulativa e de interpretação teórica que alia a realidade prática (o Estado como ordem) com a perspectiva do Estado como fato social – esta disciplina busca conhecer a realidade do Estado para chegar à construção do “Estado ideal”. 
Para Streck e Bolzan de Morais, a Teoria do Estado se insere ontologicamente na Ciência Política, estando a Teoria Geral do Estado intimamente ligada à história do Estado Moderno - sua base empírica é o Estado Moderno, notadamente o Estado Constitucional, o Estado que começa depois do movimento revolucionário de 1789.
Ciência Política/Teoria Geral do Estado - abordagens iniciais (III)
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 Segundo Miguel Reale, a Teoria do Estado se configura como uma disciplina histórico-cultural que apresenta uma tríplice perspectiva (a sociológica, a jurídica e a política do Estado).
Tais realidades, tais perspectivas não perdem sua unidade na medida em que o PODER (que corresponde ao “momento” político do Estado) lhes confere unidade.
 O PODER, de acordo com Reale, não é susceptível de ser interpretado sob o prisma isolado do JURISTA, do SOCIÓLOGO ou do POLÍTICO.
 Quando se refere ao POLÍTICO, Reale toma este termo para designar aquele que procura determinar os fins concretos do Estado e os meios mais adequados a sua consecução.
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Diante da complexidade do objeto de estudo “Estado”, a disciplina Teoria do Estado não pode caber no molde de uma “unidade e pureza de métodos” – ela não deve ser concebida como uma “ciência normativa pura”, ou seja, deve interessar-se não apenas por modelos ideais e por construções normativas mas por fatores reais da comunidade política e pela questão de saber se e como “funcionam” aqueles modelos ideais e normas na realidade.
 Por outro lado, a Teoria do Estado não pode ser entendida como uma mera “ciência dos fatos”, uma vez que a “realidade do Estado” inclui componentes normativas – daí que uma comunidade só possa se possa conceber como um conjunto de condutas orientadas por um sentido e sobretudo por normas;
Além disso, uma Teoria do Estado que pretende enfrentar os problemas do cotidiano político deve completar a descrição dos fatos políticos com a questão de saber qual é a melhor alternativa a ser adotada – na prática da vida não se pergunta somente “como são as coisas”, mas como “como se poderá fazer melhor”;
Apesar da Teoria do Estado não caber em uma “unidade e pureza de métodos”, sempre que se abordam temas relacionados com o Estado, devem-se separar teoricamente as questões segundo as situações reais e segundo as situações desejadas – deve-se portanto sempre ser claro se uma afirmativa descreve os dados fáticos, ou se os avalia criticamente propondo uma melhor alternativa.
Ciência Política/Teoria Geral do Estado - abordagens iniciais (IV)
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 O estudo de Teoria Geral do Estado não se enquadra portanto no campo das disciplinas estritamente jurídicas uma vez que trata dos mais variados aspectos que “produzem” influência decisiva na elaboração do Direito;
 Assim, tal campo do conhecimento além de analisar os aspectos jurídicos da configuração do Estado (enquanto direito legislado, formalmente positivado) trata também de seus aspectos não-jurídicos dedicando-se ao estudo do Estado em sua totalidade;
 A Teoria Geral do Estado pode ser entendida como uma disciplina sintetizadora dos principais conhecimentos a respeito do Estado (jurídicos, políticos, sociológicos, filosóficos, históricos, antropológicos, econômicos e psicológicos), visando seu aperfeiçoamento, concebendo-o como
uma realidade social e como uma ordem, que busca (ou pelo menos deveria buscar) atingir seus fins com eficácia e justiça.
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A “evolução” da disciplina Teoria Geral do Estado 
A disciplina Teoria Geral do Estado, tal como se apresenta atualmente, é nova, tendo se constituído por ocasião do final do século XIX;
Todavia, desde a Antigüidade greco-romana e ao longo da Idade Média, inúmeros textos foram produzidos, cujos objetos de análise encontrariam clara referência no campo da Teoria Geral do Estado, textos estes destituídos no entanto de um rigor maior exigido pelas concepções científicas modernas e muitas vezes voltados para a justificação da ordem vigente a partir de considerações de natureza teológica;
As reações a este tipo de concepção teológica da ordem política iniciaram-se por ocasião do final da Idade Média, atingindo um de seus pontos culminantes com Maquiavel, inciando-se com ele o processo de laicização/autonomização da análise dos fenômenos políticos;
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Seguiram-se a Maquiavel, Hobbes, Locke, Rousseau, os quais influenciados pela idéia de Direito Natural buscaram os fundamentos deste direito e da organização social e política na própria natureza humana e na vida social;
Durante o século XIX desenvolveu-se na Alemanha um trabalho de sistematização jurídica dos fenômenos políticos a partir das obra de Gerber (Fundamentos do Sistema de Direito Alemão), a qual produziria notável influência na produção teórica de outro importante intelectual alemão, Georg Jellinek, a quem se deve a criação da disciplina Teoria Geral do Estado;
Outros estudos sobre o Estado foram desenvolvidos em diversos países (Itália, França, Espanha, Portugal), guardando todos eles claras relações com as especificidades de cada formação social;
No Brasil, os estudos concernentes ao Estado se constituíam como parte inicial da disciplina Direito Público e Constitucional, ocorrendo a partir de 1940 o desdobramento em Teoria Geral do Estado e Direito Constitucional 
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Abordagens diferenciadas na análise do “objeto” de estudo ESTADO
Abordagem filosófica: trata o Estado como um fenômeno cultural/político;
Abordagem sociológica: trata o Estado como um fenômeno social onde existe uma integração de forças/estratos sociais;
Abordagem jurídica que considera o Estado tão somente como uma entidade geradora de direito positivo;
Abordagem política na qual o Estado é considerado como uma Nação politicamente organizada, o que pressupõe governantes e governados.
De um modo geral o Estado comumente é definido como a organização jurídico-político-administrativa do grupo social que ocupa um território fixo, possui um povo e está submetido a uma soberania.

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