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Teoria da Tectônica de Placas: Histórico, Evidências e Características

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS: HISTÓRICO, EVIDÊNCIAS E 
CARACTERÍSTICAS 
 
 
 
 
 
BEATRIZ DE OLIVEIRA CAVALHERI 
PROF. DR. WALTER MALAGUTTI FILHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO CLARO - SP 
2018 
1 INTRODUÇÃO 
A Teoria da Tectônica de Placas foi desenvolvida nos anos 60 e, apesar de recente, é 
responsável por auxiliar na compreensão de diversos fenômenos da Terra (CELINO ​et al.​, 
2003). 
Em 1620, Francis Bacon, filósofo inglês, observou o perfeito encaixe entre a costa leste da 
América do Sul com a costa oeste da África, levantando hipóteses de que, no passado, esses 
dois continentes estiveram unidos. Nos séculos seguintes, essa hipótese foi retomada, 
entretanto, sem argumentações científicas que lhe dessem suporte (TEIXEIRA​ et al.​, 2001). 
A Teoria da Tectônica de Placas, contudo, surgiu a partir das ideias do cientista alemão Alfred 
Wegener que, entre 1912 e 1915, formalizou o conceito de deriva continental (RIBEIRO ​et 
al.​, 2012). 
 
2 TEORIA DA DERIVA CONTINENTAL 
A Teoria da Deriva Continental, proposta por Wegener, contrapunha o pressuposto de que os 
continentes eram estáticos. Segundo a sua hipótese, no passado, todas as massas continentais 
existentes estavam concentradas em um supercontinente - no qual ele denominou de ​Pangeia 
-, circundadas por um imenso oceano - no qual ele denominou de ​Pantalassa ​. 
O rompimento da ​Pangeia resultou em duas grandes massas continentais: ​Gondwana no 
Hemisfério Sul e ​Laurásia no Hemisfério Norte. Essas duas grandes massas continentais, 
dessa forma, continuaram a se partir e formaram os continentes atuais (​TEIXEIRA, 2011​). 
Não apenas o perfeito encaixe entre a América do Sul e a África evidenciava essa teoria, mas 
Wegener também encontrou outros vestígios para assegurar-se: similaridades geológicas das 
idades das rochas e das orientações das estruturas geológicas nos lados opostos do Atlântico; 
fósseis idênticos de um réptil extinto foram encontrados apenas na África e na América do 
Sul; animais e plantas de diferentes continentes que mostravam similaridades na evolução, até 
o tempo postulado para a fragmentação e depósitos associados com geleiras que existiam há 
cerca de 300 milhões de anos, distribuídos na América do Sul, na África, na Índia e na 
Austrália (PRESS ​et al.​, 2006). 
Apesar de todas essas evidências, Wegener não conseguiu responder questões fundamentais 
que quase levaram a Teoria da Deriva Continental ao esquecimento, tais como: Que forças 
seriam capazes de mover os imensos blocos continentais? Como uma crosta rígida deslizaria 
sem que fosse quebrada pelo atrito? (TEIXEIRA​ et al.​, 2001). 
No início da década de 50, no entanto, a Teoria da Deriva Continental foi retomada, frente à 
novas descobertas científicas que implicaram no surgimento da Teoria da Tectônica de Placas. 
 
3 EVIDÊNCIAS DO TECTONISMO GLOBAL 
Durante a Segunda Guerra Mundial, devido às necessidades militares de localização de 
submarinos no fundo no mar, foram desenvolvidos equipamentos que permitiram traçar com 
detalhes o relevo do fundo oceânico. No final dos anos 40 e na década seguinte, expedições 
de pesquisadores mapearam o fundo do Oceano Atlântico e constataram uma enorme cadeia 
de montanha, denominada Dorsal Meso-Oceânica. Essa Dorsal dividia a crosta submarina em 
duas partes e poderia representar a ruptura produzida durante a separação dos continentes 
(PRESS ​et al.​, 2006)​. 
O descobrimento dessa cadeia de montanhas submarina, alinhado com o surgimento e 
aperfeiçoamento da geocronologia no final dos anos 50 e início da década de 1960, que 
possibilitaram a determinação da idade das rochas, além do estudo do magnetismo das rochas, 
possibilitaram a Harry Hess, no início da década de 1960, a descrever o fenômeno de 
expansão do fundo oceânico através dos processos de transmissão de calor na astenosfera por 
correntes de convecção (TEIXEIRA ​ et al.​, 2001). 
 
Figura 1- Ilustração da Dorsal Mesoatlântica 
 
Fonte: ​PRESS ​et al.​, 2006. 
 
O fenômeno de expansão do fundo oceânico permitiu compreender que os continentes estão 
fixos em placas que se deslocam. 
 
A Tectônica Global, que descreve o movimento das placas e as forças atuantes entre 
elas, é atualmente o grande paradigma das Ciências da Terra, em razão de sua 
abrangência unificadora para o conceito moderno da Geologia e importância 
fundamental para os fenômenos naturais que regem a evolução do Sistema Terra 
(​TEIXEIRA, 2011​). 
 
4 LIMITES ENTRE PLACAS TECTÔNICAS 
De acordo com a Teoria da Tectônica de Placas, a litosfera é fragmentada em um mosaico de 
grandes placas rígidas que estão em constante movimento sobre a superfície terrestre (PRESS 
et al., 2006). 
 
Figura 2 - Placas Tectônicas e suas respectivas velocidades e direções 
 
Fonte: ​PRESS ​et al.​, 2006. 
 
Essas placas possuem dimensões variáveis, sendo que as maiores têm área superior a 10 
milhões de km². Existem três tipos básicos de limites de placas, caracterizados conforme o seu 
movimento. Os limites divergentes são aqueles nos quais as placas se afastam mutuamente, 
originando uma nova crosta oceânica. Os limites convergentes são aqueles em que as placas 
colidem entre si, com a mais densa mergulhando sob a outra, gerando uma zona de intenso 
magnetismo a partir de processos de fusão parcial da crosta que mergulhou. Por fim, nos 
limites conservativos ou transformantes há o deslizamento lateral horizontal das placas. A 
Tabela 1 sintetiza os tipos de limites de placa, feições morfológicas relacionadas e rochas 
formadas (TEIXEIRA, 2011). 
 
Tabela 1 - Limites entre Placas Tectônicas 
TIPO EXEMPLO FEIÇÃO 
MORFOLÓGICA 
EVENTOS 
ASSOCIADOS 
DIVERGENTE 
Oceânica Cadeia Meso-Oceânica Vales profundos, ladeados 
por falhamentos 
subverticais e altos blocos 
rochosos 
Vulcanismo, sismos 
Continental Vale do Leste Africano Vales profundos ladeados 
por escarpas íngremes; 
vulcões 
Vulcanismo, sismos 
CONVERGENTE 
Oceânica – Oceânica Ilhas Aleutas Ilhas vulcânicas, fossa 
oceânica litorânea 
Vulcanismo, sismos, 
tsunamis 
Oceânica – Continental Andes Cadeia de montanhas, 
vulcões, fossa oceânica 
litorânea 
Vulcanismo, sismos 
Continental - Continental Himalaia Cadeia de montanhas Sismos 
TRANSFORMANTE Falha de San Andréas Vales. Reorganização do 
relevo e hidrografia 
Sismos 
Fonte: (TEIXEIRA, 2011) 
 
5 CONCLUSÃO 
O fenômeno do Tectonismo Global foi uma importante descoberta, sendo possível atualmente 
associar os limites de placas tectônicas com áreas de intensa atividade sísmica e vulcânica. 
Além disso, o tectonismo é principal agente endógeno responsável pelas transformações no 
relevo terrestre. Apesar de recente, a Teoria da Tectônica de Placas revolucionou as 
Geociências. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
CELINO, Joil José; MARQUES, EC de L.; LEITE, Osmário Rezende. ​Da Deriva dos 
Continentes a Teoria da Tectônica de Placas:uma abordagem epistemológica da 
construção do conhecimento geológico, suas contribuições e importância didática​. Geo. 
br, v. 1, p. 1-23, 2003. 
 
PRESS, Frank et al. ​Para entender a Terra​. et alii. Ed. Bookman, Porto Alegre, RS, 2006. 
 
RIBEIRO, António et al. ​Da deriva continental de Wegener (1912) à moderna 
geodinâmica global ​. In: apresentada por R. Dias. 46º Congresso Brasileiro de Geologia/1º 
Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa, Santos (Brasil). 2012. 
 
TEIXEIRA, Wilson et al. ​Decifrando a terra​. Oficina Textos, 2001. 
 
TEIXEIRA, Wilson. ​Tectônica Global​. In: Ambiente na Terra. 2011. p. 70-95

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