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MÉTODO, ECONOMIA E EFICIÊNCIA NOS ESTUDOS
APRENDER A APRENDER NA UNIVERSIDADE
	
	
	
	Quem acaba de ingressar numa faculdade precisa ser informado sobre a maneira de tirar o máximo proveito do curso que vai fazer.
	Em primeiro lugar, o calouro vai perceber que muita coisa mudou em comparação àquilo com que estava acostumado em seus cursos de primeiro e segundo graus. E quem não souber compreender devidamente o espírito dessa nova situação para adaptar-se ativa e produtivamente a ela perderá preciosa oportunidade de integrar-se desde o início no ritmo desta nova etapa de ascensão no saber, que se chama vida universitária.
	Dizíamos que muita coisa mudou, e que é preciso entender o espírito desta mudança propositada e necessária, com vistas na adaptação a uma organização ativa e produtiva na vida de estudos. 
	No curso médio, os alunos andam uniformizados, não podem fumar no recinto da escola e as classes são bastante homogêneas; no curso superior nada disso acontece; as salas de aula são mais amplas e bastante heterogêneas; não raro, ao lado de um jovem de dezoito anos senta-se um diretor de escola ou um gerente de empresa. Os programas do curso médio apresentam dificuldades igual para todos os estudantes , enquanto na faculdade a formação heterogênea dos alunos faz com que os programas não apresentem dificuldades iguais para todos. No colégio, os diretores e os professores dão ordens fiscalizam seu cumprimento; na faculdade, os acadêmicos recebem orientações. Afinal, na faculdade todos são tratados como adultos responsáveis e capazes de dirigir a própria vida social, disciplinar e de estudos. Sempre porém há o perigo da má interpretação deste novo clima, especialmente quando não se é, de fato, adulto responsável.
	Que pensar de um acadêmico que não se preocupa com a pontualidade porque o professor respeita seu direito de chegar com algum atraso, por motivo que um adulto julgaria razoável? O que acontecerá com o acadêmico que não organiza o seu tempo de estudo particular para preparar aulas, para fazer revisões, só porque o professor não estabeleceu o controle das tarefas diárias? Que se há de esperar do aluno que transcura “orientações” porque elas não se formalizaram como “ordens” ?
	Quem acaba de entrar na faculdade percebe que muita coisa mudou, e deve perceber que também ele precisa mudar, especialmente na responsabilidade, na auto-disciplina e na maneira de conduzir sua vida de estudos, para tirar o maior proveito possível da excelente oportunidade de crescimento cultural que a faculdade lhe oferece.
	Muitos calouros confessam que aprenderam muita coisa, mas que nunca aprenderam a estudar, isto é, nunca aprenderam a aprender. Quem reconhece a própria carência já deu o passo mais impotante para se dispor a tomar o remédio adequado.
	Quem acaba de ingressar na faculdade sabe como deve orientar seus estudos particulares? Sabe como participar ativa e produtivamente das aulas? Sabe ler com eficiência, tomar apontamentos, levantar esquemas e fazer resumos, desenvolver temas, redigir trabalhos? Julga-se satisfeito porque entendeu tudo ou quase tudo o que o professor disse? Percebe que aprender é principalemente analisar, assimilar, reter e ser capaz de reproduzir com inteligência? Observe que as sabatinas, ou provas, não examinam o que se entendeu vagamente sobre um problema apresentado; examinam, sim, quanto se reteve e como se é capaz de reproduzi-lo adequadamente.
	Fazer um curso superior não é ouvir aulas para conseguir adivinhar testes, mas instrumentar-se para o trabalho científico. Mais vale esta instrumentação do que o conhecimento de uma série de problemas ou o aumento de informações acumuladas assistematicamente; ou seja, como já se disse, mais vale uma cabeça bem feita do que uma cabeça bem cheia (de informações, de erudição). Neste sentido terá feito bom curso superior não tanto aquele que for capaz de repetir o que aprendeu, mas aquele que diante de problemas completamente novos, tiver método para empreender uma pesquisa séria e profunda. Nesse sentido, diz Mira Y López que aprender é aumentar o cabedal de recursos de que dispomos para enfrentar os problemas que nos apresenta a vida cultural.
(...) Podemos e devemos conhecer a maneira mais econômica e mais eficiente de estudar para aprender de fato, para crescer culturalmente. Não será difícil reconhecer um bom método; não será fácil arregimentar disposições para pô-lo em prática com perseverança. Só esta decisão garantirá bom rendimento e satisfação pessoal nos estudos, melhorará a capacidade de compreensão e facilitará a assimilação e a retenção, desenvolverá a capacidade de análise e o poder de síntese, aumentará progressivamente a clareza e a profundidade dos conceitos, conferirá eficácia à comunicação, disciplinará e exercitará a mente.
TEMPO PARA ESTUDAR
	Progresso é, em grande parte, uma luta contra ponteiros do relógio. Pergunte-se ao empresário e ao industrial quanto vale o tempo, isto é, quanto vale o bom aproveitamento do tempo como fator de produção, custo e comercialização de seus produtos.
	O primeiro passo para quem quer estudar consiste em reorganizar a vida de maneira a abrir espaços para o estudo e planejar o melhor aproveitamento possível de seu tempo.
	Ninguém desconhece o sacrifício da quase totalidade de nossos acadêmicos, que vão para suas escolas após uma jornada de oito horas ou mais de trabalho profissional. Se isso é sumamente louvável, não o exime, por outro lado, do compromisso de estudar e, portanto, de descobrir tempo para estudar. É preciso descobrir tempo. Tempo para freqüentar as aulas dos diversos cursos, e tempo para estudos particulares. Se procurarmos, o tempo aparecerá. E lembremo-nos de que meia hora por dia representa três horas e meia por semana, quinze horas por mês e cento e oitenta horas por ano. E quem não conseguiria descobrir um ou mais espaços de meia hora em sua jornada? Ou quem não conseguiria fazer aparecerem esses espaços, se o quisesse realmente? Ou será que esses espaços não aparecem porque nós não os procuramos, por medo de encontrá-los? Quem quer descobre tempo, cria tempo, especialmente nós brasileiros, que somos, por assim dizer, capazes do impossível .
	Entenda-se que não basta descobrir tempo: é necessário desenvolver técnicas para tornar qualquer tempo produtivo. Por ora, entretanto, nossa preocupação consistirá numa revisão de nossa jornada, com o propósito de descobrir ou de fazer aparecer qualquer porção de tempo que possa ser reservada a nossos planos de estudo.
	Quanto menos tempo tivermos, mais motivados deveremos estar para aproveitá-lo ao máximo. Há alunos de períodos noturnos que trabalham oito horas ou mais horas por dia, e que conseguem resultados, em seus estudos, bem maiores que alunos de outros períodos que não trabalham ou que só trabalham em regime de meio expediente. Isso não se explica pelo tempo disponível, mas pelo seu melhor aproveitamento.
	O horário que o acadêmico descobriu ou fez aparecer para dedicar-se ao estudo deve ser preenchido com três atividades que perfaçam o ciclo e criem o ritmo de trabalho eficiente, a saber: preparação para aula, revisão para aula e revisões gerais para provas e exames. Trataremos, separadamente, do “grande tempo das aulas”.
HORÁRIO DE PREPARAÇÃO PARA AULA
	O estudante deve ter à mão o programa, bem como seu material de estudo, tais como: livros de texto, bloco para anotações, um bom dicionário, apostilas ou fontes indicadas para leitura de aprofundamento.
	O estudante deverá ler previamente a matéria que será desenvolvida durante a aula, por uma série de razões, em primeiro lugar, essa leitura será feita em poucos minutos e aumentará o rendimento das várias horas de aula que o professor utilizará para seu desenvolvimento em classe. Ora, se é possível conseguir, com trabalho prévio de meia hora, aumentar o rendimento de várias horas de trabalho posterior, essa leitura préviarepresenta economia e eficiência no trabalho. Além disso essa leitura prévia permitirá que se assinalem à margem do texto, com simples sinal de interrogação, problemas que exigirão entendimento durante a aula. Estas anotações permitirão uma espécie de regulagem da atenção, pois, enquanto estão em pauta passagens espécie de fácil entendimento, o aluno que preparou sua aula prestará uma atenção de intensidade normal; mas, à medida que o desenvolvimento da aula caminha para passagens anotadas com uma simples interrogação, ou reformulada à margem sob forma de problema, redobrará sua atenção. Se tudo ficou claro agora, muito bem; caso contrário, eis o momento de formular sua dúvida inteligente.
	Quem não preparou sua aula não pode distribuir convenientemente a intensidade de sua atenção e pode não fazer perguntas, porque nem sabe que não entendeu. E os problemas mais difíceis, irão avolumando enormemente seu trabalho extra-aula, que se tonará antieconômico e reduzirá sensivelmente o rendimento escolar.
 Entender isso parece muito fácil; não é fácil agir dessa forma. É preciso decidir-se a começar, fixar o hábito e sentir de perto as vantagens de tal disciplina de trabalho. Quem tem muito tempo pode proceder dessa forma; quem tem	pouco tempo deve agir deste modo, pois representa extraordinária economia de tempo, especialmente nas revisões, e é fator de eficiência na vida escolar.
	
HORÁRIO DAS REVISÕES DAS AULAS
	(...) É necessário fazer revisões, e nestas revisões procurar questionar o assunto da aula e responder claramente às questões ao menos mentalmente. Dizemos ao menos mentalmente porque seria melhor reproduzir por escrito as questões fundamentais. Às vezes nos iludimos pensando que entendemos tudo muito bem, mas, ao procurar formular questões precisas sobre o assunto da aula e ao respondê-las por escrito, percebemos que não conseguimos. E não vale a desculpa de que entendemos mas temos dificuldade de expressão. Temos vocabulário e recursos suficientes para exprimir tudo o que entendemos, embora nos faltem recursos para traduzir tudo o que sentimos. Ninguém pode ter dificuldade de exprimir idéias claras e distintas; a presença da dificuldade, pois atesta que nossas idéias não estão tão claras e distintas; Quando o aluno se prepara para a aula e, por isso mesmo, aproveita-a ao máximo, o trabalho de revisão torna-se fácil e não toma muito tempo. 
	Devemos distinguir duas espécies de revisão, e planejar espaços para ambas em nosso programa de horários reservados para o estudo. A primeira denominamos revisão imediata; essa é a revisão que se faz da aula anterior, antes da aula subseqüente, ou por ocasião da preparação dessa. Toma pouco tempo, porque o processo de esquecimento ainda não se desencadeou com sua ação demolidora. Para algumas matérias seria interessante que a revisão consistisse na elaboração sumária do assunto com o auxílio da bibliografia e dos apontamentos de classe. A segunda, revisões globalizadoras, ou integradoras. As aulas segmentam os assuntos em unidades, em itens e subitens, de acordo com os preceitos da pedagogia e a seqüência lógica dos problemas. Não entendemos tudo de uma vez; nossos raciocínio é discursivo, isto é, passa de um ponto para outro, discorre, caminha, flui. De outro lado, o todo complexo deve ser desdobrado em partes, pela análise, para que possam ser definidos seus componentes. Assim, são desmembradas, em aula, as partes dos vários assuntos. Restará para o aluno o trabalho de síntese, reunificação e integração das partes no todo. Este importantíssimo trabalho de revisão globalizadora é o mais eficiente recurso de organização da aprendizagem, bem como a mais válida preparação de provas e exames.
HORÁRIOS DAS REVISÕES PARA PROVAS E EXAMES
	As provas e sabatinas são, exatamente, recursos pedagógicos utilizados não só para efeito de avaliação dos alunos mas também para induzi-los a fazer revisões globalizadoras periódicas. Pode, pois, o acadêmico programar suas revisões globais para a época das provas e sabatinas
	Queremos observar que a esta altura dos ciclos de estudo bem ordenados não é hora de entender, mas de rever apenas. Há alunos que vão acumulando matéria pouco elaborada e problemas não compreendidos nem durante a preparação da aula, nem durante a aula, nem nas revisões imediatas, que neste caso, não estariam totalmente sendo feitas, e que deixam tudo para as vésperas das provas e sabatinas; isto é um erro de conseqüências nefastas para a eficiência dos cursos e até para a saúde física dos desorganizados e imprudentes, que se vêm na contingência de serem reprovados ou de intensificarem extraordinariamente seus esforços de última hora, que trazem muitos prejuízos para a saúde e muito pouco benefício para o estudo. A natureza não dá saltos; as árvores crescem lentamente, e dão fruto no tempo devido; planta que cresce muito depressa não tem cerne forte. O estudo deve ser também um processo de desenvolvimento lento e constante para que possa dar bons frutos em tempo oportuno.
GRANDE TEMPO DE TODO ESTUDANTE
	O grande tempo de todo estudante são as aulas.
	Nosso objetivo, como sempre, será predominantemente prático e atitudinal, pois visamos despertar consciências e motivar atitudes a partir de esclarecimentos teóricos que serão apenas sumariados.
	O aluno que, após um dia de trabalho, ao invés de ir para sua casa, toma o rumo da faculdade, às vezes, mesmo sem tempo para uma refeição, e, contrariamente a tudo o que se poderia supor, não aproveita as aulas, é um incoerente.
O aluno que paga uma faculdade para adquirir o direito a uma carteira dura, onde possa perder tempo durante as aulas, está clamando aos quatro ventos que lhe falta algo de muito importante na caixa craniana.
	Nunca será demasiadamente encarecida aos estudantes, especialmente aos principiantes dos cursos universitários, a importância do tempo-aula, pois não basta oferecer quem quer ser pianista um belo exemplar do instrumento e a mais completa coleção de métodos. Na generalidade dos casos, é indispensável a freqüência às aulas, pois aí terá o aluno a orientação do professor.	
	Sabemos que a causa principal do aprendizado é o aluno, é o próprio aprendiz. De fato, a aprendizagem, concebida como resultado do processo da educação formal institucionalizada na escola, tem por agente principal o próprio aluno. O mestre não reparte sua ciência entre os alunos, nem fica mais pobre de conhecimentos depois de cada aula, porque o aluno adquire por si mesmo a ciência sob a ajuda externa do mestre. Quem causa frutos é principalmente a árvore, embora o faça sob a ação do agricultor; quem sara é principalmente o organismo do enfermo, embora o faça sob a ação do médico e dos medicamentos; quem aprende é principalmente o aluno, embora sob a ação do mestre. Deve haver na planta, no enfermo e no aluno um princípio intrínseco, ativo, operante, capaz de produzir os efeitos da frutificação, da cura, da aprendizagem. A ação do agricultor, do médico e do mestre tem caráter de causa eficiente auxiliar, coadjuvante apenas. Quem dá frutos ou não é a árvore; quem sara ou não é o próprio organismo; quem aprende ou não é o aluno. Ninguém ensinará a um cabrito o teorema de Pitágoras; por isso, o magistério já era denominado pelos antigos “ars cooperativa naturae”, ou seja, magistério apenas coopera com a natureza, mas é ela que reage ativamente à arte do magistério. É esta reação, quando existe, a causa da aprendizagem e é por isso que ninguém pode fazer um poste dar frutos, ou curar uma múmia, ou ensinar teoremas a cabritos.
	Lembramos (...) para acentuar a responsabilidade ao aluno.
		O mestre é necessário para ensinar como aprender . O mestre é necessário para justificar por que aprender e por que estudar isso antes daquilo. O mestre é necessário para organizar e ordenar o que aprender. O mestre é necessário para seleção de recursos, de instrumentos adequados ao trabalho do estudante, bemcomo para iluminar com sua ciência objetos que a mente do aluno não veria fora desta luz. O mestre é necessário como mediador entre o programa e o aluno. 
	A vantagem do mestre é que ele já conhece o caminho certo e os desvios perigosos; conhece os alunos com o médico conhece seus doentes e o agricultor conhece suas sementes e sua terra.
	Há quem se ilude imaginando que aproveitaria melhor seu tempo ficando a estudar em casa ao invés de ir às aulas. Isto pode ser até verdades em alguns casos, em alguns dias, quando já se está orientado para determinados estudos. Mas, tomando-se o curso todo, pensar que se aproveita mais ficando em casa, sem orientação, sem ajuda que as aulas prestam no complexo fenômeno da aprendizagem metódica, é uma grande ilusão. Fosse isso verdade, seria muito mais econômico aos cofres públicos dar uma biblioteca básica para cada família do que manter a gigantesca rede oficial de ensino.
	Cremos ter acentuado a decisiva e primacial importância do aluno no processo da aprendizagem, bem como a importância decisiva, embora apenas auxiliar, do professor.
COMO APROVEITAR O TEMPO DAS AULAS
	(...) Não se justificaria o esforço de encontrar ou fazer aparecer pequenos espaços para os estudos dentro da jornada de trabalho, se não se procurasse, principalmente, aproveitar ao máximo o tempo, (...). Aliás, ninguém compreenderia um aluno empenhado nos estudos fora da sala de aula, surdo aos convites da televisão e dos amigos, que, por outro lado, fosse desinteressado pelo rendimento de seu tempo durante as aulas.
	O aluno que não aproveita o tempo das aulas com empenho já está julgado: não leva a sério sua vida de estudos.
	(...) É muito importante que esteja em sala de aula desde o início das aulas, primeiro porque aquele que chega depois do início da aula tem dificuldade de apanhar-lhe o fio e, em segundo lugar, porque geralmente quem chega atrasado causa certa perturbação e prejudica o andamento da aula. Quando não houver outra opção senão a de chegar atrasado, seja discreto e sente-se logo, sem chamar muito atenção. Há tipos que batem à porta, pedem licença , cumprimentam o professor, justificam-se do atraso e caminham lentamente até a última cadeira, parando de quando em quando para murmurar aos ouvidos deste ou daquele colega, sentando-se finalmente, após alinhar melhor sua cadeira com um razoável estrépito! E quando alguns daqueles que estão sempre prontos para tudo o que represente perda de tempo se voltam para vê-lo, o ridículo autodespoliciado está sorrindo de felicidade por ter sido objeto de alguma consideração.
	(...) É preciso levar livros recomendados pelo professor, o texto que serviu para preparação da aula, bem como o material para apontamentos.
	É muito importante guardar silêncio exterior para não distrair os outros e silêncio interior para não distrair a si próprio. O silêncio interior consiste em deixar fora da sala todo problema que nada tem a ver com a aula. É este silêncio interior que permite concentração mais profunda e menos cansativa. O silêncio exterior cria clima necessário para ao bom rendimento da aula. O barulho e as conversinhas em sala distraem os demais e refletem no próprio ânimo do professor. Não é fácil manter-se em ritmo de trabalho, de dedicação e concentração diante de uma classe barulhenta e de alunos conversadores. Querem os alunos que uma aula seja boa? Comecem por oferecer ao professor condições de trabalho.
 Quando reina silêncio exterior e interior, quando a fantasia repousa e a boca se fecha, o espírito se abre e a inteligência atua em melhores condições.
	Devemos ainda lembrar que todos, professores e alunos, devem empenhar-se no sentido de manter um clima cordial e de relacionamento. O trabalho em sala de aula é cansativo tanto para os alunos como para os professores, mas o peso normal do trabalho ficará agravado, e chegará, por vezes, a se tornar insuportável se não houver cordialidade. Quando se instalam e se avolumam certas barreiras de desafeto mútuo, a aula torna-se desgastante ao extremo. Trabalhar com aluno atento, empenhado, participante e cordial causa satisfação íntima que, de certa forma, diminui ou compensa o peso do trabalho e os alunos beneficiar-se-ão, porque um professor animado com sua classe produz muito mais; esse aspecto concorre também para o crescimento da cordialidade. Neste sentido, podemos dizer que cada classe tem a aula que merece.
	E se surgir um problema entre alunos e professor? Caso aconteça, o problema deve ser enfrentado com elegância e correção. Nem se deve fugir dele, nem se deve ultrapassar os limites do comedimento. Em primeiro lugar o representante da classe poderá abordar o professor e dialogar com ele em particular, caso o problema seja de toda a classe. A segunda instância poderá ser a exposição objetiva do problema ao coordenador do departamento, que deverá falar com o professor e, eventualmente, com a classe. Em terceiro lugar, o assunto poderia chegar ao diretor pedagógico, ao diretor administrativo, e assim por diante, até o Ministério da Educação. O que não deve é levar o problema diretamente ao presidente ou aos diretores da faculdade. Normalmente, o assunto ficará encerrado no primeiro contato com o professor. Da mesma forma o professor deverá entender-se com o representante da classe ou com a classe toda, em diálogo franco e comedido; sua segunda instância será o coordenador do departamento, e assim por diante. A experiência ensina que um diálogo franco, honesto e comedido entre professor e alunos, ou seu representante, não só resolve os problemas, mas também estreita os laços de respeito e de cordialidade mútuos.
COMO APROVEITAR O TEMPO EM REUNIÕES DE GRUPO
	Difunde-se cada vez mais a prática salutar do estudo em grupos nos meios universitários. (...) Saibam os alunos que o estudo em equipe é muito proveitoso sob todos os aspectos, quando todos os seus componentes assumem sua parcela ativamente. Todos devem trabalhar, não só estes ou aqueles, porque são julgados mais inteligentes ou menos ocupados.
	Logo no início do semestre, a classe deve distribuir-se em grupos de sete o oito participantes, aproximadamente, e é aconselhável que cada grupo escolha um coordenador. Incumbiria ao coordenador entrar em contato com os professores quando for conveniente, tratar dos interesses de seu grupo junto ao representante de classe, presidir e coordenar reuniões, organizar e distribuir funções, anotar e cobrar a colaboração de cada integrante do grupo.
 (...)	Vamos enumerar (...) normas necessárias ao bom andamento dos trabalhos dos grupos para que haja bom aproveitamento do tempo consagrado a reuniões:
Ao receber um tema para trabalho, o grupo deve reunir-se o mais rapidamente possível, para programar suas reuniões e procede r a uma primeira distribuição de tarefas preparatórias à primeira sessão o de trabalho. Se o tema já estiver definido e a bibliografia já tiver sido apresentada pela cadeira, o primeiro trabalho consistirá na busca de fontes; cada participante não só se responsabilizará por providenciar determinado texto, como também deverá lê-lo e esclarecer suas dificuldades antes da reunião da equipe. O coordenador anotará estes compromissos e os solicitará ordenadamente na reunião seguinte. Essa reunião não deverá encerrar-se sem que estejam bem esclarecidos o local, a data, e o horário do próximo encontro.
 Todos deverão providenciar os textos pelos quais se responsabilizaram, e deverão estudá-los (...) Sempre que se tratar de pesquisa bibliográfica, como geralmente acontece, o primeiro passo é providenciar a bibliografia, os livros e os textos. Isto é evidente. Entretanto, há grupos por aí que se reúnem sem o material, conveniente ou, quando há material, fazem a leitura durante a primeira reunião de equipe. A leitura prévia é necessário para o bom andamento dos trabalhos.
 (.....) Um contato mais íntimo com o texto para levantar seu esquemapara discutir suas idéias principais, para avaliar a coerência interna destas idéias, para ponderar o vigor dos argumentos, a perfeição da análise, (...) .
 De acordo com o nível do grupo ou de sua familiaridade com o assunto em pauta, espera-se que os debates, ao final, ultrapassem o texto, ou seja, caminhem além do texto numa reabordagem crítica de sua tese e de seus argumentos.
 Nenhuma reunião de equipe funcionará se seus componentes não providenciarem o material necessário, ou não comparecerem preparados para contribuir e participar ativamente. Como debater em círculo de estudos se não estudou previamente a parte pela qual cada um se responsabilizou? Por outro lado, se o grupo se organizou convenientemente, se escolheu seu coordenador, se programou seu trabalho e distribuiu previamente atribuições limitadas e específicas a cada participante, (...) são de extraordinária eficiência, quer para desenvolver itens do programa em seminários, quer para elaboração de monografias de caráter didático-pedagógico, quer para revisões gerais para provas ou exames.”
ESTUDO PELA LEITURA TRABALHADA
IMPORTÂNCIA DA LEITURA
 (...) É preciso ler e, principalmente ler bem. Quem não sabe ler não saberá resumir, não saberá tomar apontamentos e, finalmente, não saberá estudar. Ler bem é o ponto fundamental para os que quiserem ampliar e desenvolver as orientações e aberturas das aulas. (...) Aliás, quase todas as cadeiras desenvolvem programas de pesquisa bibliográficas para que o aluno desenvolva temas e reconstrua ativamente o que outros já construiram. Para elaborar trabalhos de pesquisa, é necessário ir às fontes, aos autores, aos livros; é preciso ler, ler muito e, principalmente, ler bem.
	Durante as primeiras aulas de qualquer disciplina, os mestres apresentam criteriosa bibliografia; alguns livros são básicos, ou de leitura obrigatória, para quem quer colher frutos das aulas; outros são mais especializados ou se concentram em algum item do programa, e pode, entre os tratados gerais de consulta obrigatória, ser indicado um, como livro de texto. Diremos, apenas, que o livro de texto é muito bom para a preparação da aula, mas que o aluno não pode ater-se exclusivamente a ele. “Timeo hominem unius libri”, diziam os antigos. Devemos temer o homem de um livro só. É necessário abeberar-se de outras fontes mais amplas, mais especializadas sobre cada tema ou sobre cada pormenor dos programas.
	A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência pelo contato com formas e ângulos diferentes sob os quais o mesmo problema pode ser considerado. Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê memoriza elementos de um todo que não se atingiu. E, ao terminar um curso superior, deveríamos não só estar capacitados a repetir o que foi aprendido na faculdade, como também estar habilitados a desenvolver, através de pesquisas, temas nunca abordados em aula. Deveríamos ser uma pequena fonte, não um pequeno depósito de conhecimentos, ou mero encanamento por onde as coisas apenas passam.
	É preciso ler, ler muito , ler bem.
	É preciso sentir atração pelo saber, e encontrar onde buscá-lo. É necessário iniciar este trabalho com determinação e perseverar nele; o crescimento cultural tem crises como o crescimento físico; quem não sente apetite não deve deixar de alimentar-se; comprometeria sua saúde. Também na leitura trabalhada devemos ser perseverantes; só esta perseverança garantirá aquela espécie de saltos de integração de dados, que se vão acumulando e associados como frutos da leitura continuada.
COMO SELECIONAR O QUE LER
 O título do livro (...) não deve figurar como critério de escolha para a leitura. (...) devemos ver o nome do autor, seu currículum; devemos ler sua ‘orelha’ , o índice da matéria, a documentação ou as citações (...) a bibliografia, assim como verificar a editora, a data , a edição e ler rapidamente o prefácio.(...) Ademais podemos consultar professores da respectiva área.
VELOCIDADE E EFICIÊNCIA DA LEITURA
 Alguns lêem tão devagar que, ao final de um parágrafo, já tiveram tampo para esquecer seu início, e voltam para revê-lo.(...) Quem assim procede não encontra tempo para ler, pois não há tempo que chegue e, desta forma, instala-se um verdadeiro círculo vicioso.
	(...) Não existe uma velocidade-padrão de leitura; a maior ou a menor velocidade depende do gênero do próprio texto, bem como das peculiaridades do leito. Não se lêem com a mesma velocidade textos de gêneros diferentes, como, por exemplo, um romance e um manual de biologia. Por outro lado cada um deve atingir sua velocidade sem prejuízo da compreensão.
COMODIDADE E HIGIENE NA LEITURA
 (...) É preferível ler em ambiente amplo, arejado, bem iluminado e silencioso; se a luz for artificial, deve ser difusa, e seu foco deve estar à esquerda de quem lê. É preferível ler sentado a ler em pé ou deitado. Além do texto a ser lido deve-se ter à mão um bom dicionário, lápis e um bloco de papel. É de suma importância, também, o clima de silêncio interior, de concentração naquilo que vai fazer.
 (...) quem não dispuser do ambiente ideal de leitura deve aprender a ler com boa velocidade e eficiência num banco de jardim, numa sala de espera ou numa fila de ônibus. Cada um constrói sua casa com as pedras que tem.
DEFINIÇAO DE PROPÓSITO
 A finalidade básica da leitura cultural é a procura, a captação, a crítica, a retenção de conhecimentos, e isto se faz, em primeiro lugar, pela procura das idéias mestras, das idéias principais, também chamadas idéias diretrizes. Cada texto, cada seção, cada capítulo e, mesmo, cada parágrafo tem a sua idéia principal, uma palavra-chave, um conceito fundamental.(...) . 
 O mau leitor , ou seja, o leitor lento e ineficiente, lê palavras por palavra, como se todas tivessem igual valor; o bom leitor lê unidades de pensamento, lê idéias e as hierarquiza enquanto lê, de maneira a encontrar a idéia mestra ou a palavra-chave. Quem lê idéias é mais veloz na leitura e capta melhor o que lê. ‘Se vocês amigos leitores, dedicassem uma hora por dia à tarefa de descobrir, concretizar e formular as idéias diretrizes de alguns parágrafos de diversos textos, exercitar-se-iam em uma técnica de abstração e de síntese que lhes permitiria tirar o máximo proveito de qualquer tipo de leitura ou estudo ulterior.’ (...)
 (...) Procure, após a leitura de algumas páginas, reformular as idéias mestras; leia novamente a passagem, para verificar se atingiu o propósito de toda leitura cultural, que é captar, reter, integrar e evocar conhecimentos reformulados. ‘Crie o hábito de encontrar a idéia principal em cada parágrafo que ler. Quando julgar tê-lo feito, confira conclusão e mantenha a idéia em mente enquanto continua ler, e compare-a, especialmente, com a sentença-sumário. (...) Lembre-se, porém, de que nem sempre pode encontrá-la numas poucas palavras dadas; talvez, tenha de refraseá-la com palavras suas (uma boa prática, afinal de contas) para captá-la com exatidão.”
	METODOLOGIA CIENTÍFICA: GUIA PARA EFICIÊNCIA NOS ESTUDOS - 6ª EDIÇÃO
	JOAO ÁLVARO RUIZ

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