Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
* * Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI Centro de Ciências Sociais e Jurídicas - CCSJ Sociologia Geral e Jurídica 1º Período Prof. Me. Carlos Eduardo Bastos Lição 1 – Escolas Jurídicas in SABADELL, Ana Lucia. Manual de Sociologia jurídica: introdução a uma leitura externa do direito. 6ª Ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013. * * O que são “escolas jurídicas”? Por “escola jurídica” entende-se um grupo de autores que compartem determinada visão sobre a função do direito, sobre os critérios de validade e as regras de interpretação das normas jurídicas e, finalmente, sobre os conteúdos que o direito deveria ter. Em outras palavras, cada escola jurídica oferece uma resposta diferente a três questões: “o que é”, “como funciona” e “como deveria ser configurado” o direito (SABADELL, 2013, p.23). * * Quais são os grupos de escolas jurídicas? Moralistas; Positivistas. * * 1. ESCOLAS MORALISTAS DO DIREITO (DIREITO NATURAL OU JUSNATURALISMO) * * Como alguns autores entendem o direito? Como sendo pré-determinado por “leis”. OU SEJA, são valores, princípios, obrigações e também as regras da própria natureza, que influenciam a vida do homem em sociedade. * * Quais são as “formas” para se conceber o direito natural? [...] o direito natural é algo dado, inscrito na “natureza das coisas”, e independe do juízo que o homem possa ter sobre o mesmo; [...] o direito natural como um direito ideal, ou seja, como um conjunto de normas justas e corretas, que devem fazer parte do direito positivo, do direito criado pelos homens. (SABADELL, 2013, p. 24) * * 1.1 Jusnaturalismo grego * * Como era realizado o processo legislativo em Atenas? Uma assembleia de cidadãos escolhidos por sorteio. Como era decidido um litígio entre cidadãos em Atenas? Decidiam tribunais populares, compostos de 200 a 500 jurados, também escolhidos através de sorteio. * * Como era fundamentado o sistema jurídico na Grécia Antiga? A prática do direito era, então, compatível com uma determinada ideia de democracia. Ou seja, o sistema jurídico fundamentado sobre normas escritas (nomoi) era considerado uma decorrência da política e das particularidades de cada cidade da Grécia antiga (uma conduta podia ser punida em Atenas e não o ser em Esparta) (SABADELL, 2013, p. 25). * * O direito negativo era abundante na Grécia Antiga? Os filósofos gregos, sem se sentirem limitados pelo Direito escrito e sem dar-lhe uma importância particular, realizavam análises sobre o mundo, a sociedade e a sua organização política. [...] existe uma natureza muito bem organizada (fysis) que o homem tenta conhecer. Esta natureza funciona segundo uma ordem, à qual são submetidos todos os seres animados ou inanimados (SABADELL, 2013, p. 25). * * Quais são os momentos importantes do direito natural? Constatação;. Aplicação. * * Quais são os momentos importantes do direito natural? Constatação: o homem faz parte de um cosmos (natureza ordenada), que impõe a todos regras e limites. Trata-se, portanto, de uma constatação do poder da natureza (SABADELL, 2013, p. 26). * * Quais são os momentos importantes do direito natural? Aplicação: O conceito de natureza abrange a sociedade como um todo. Assim, pode-se considerar que certos valores humanos são estáveis, permanentes e imutáveis; porque fazem parte do cosmos que possui seu próprio equilíbrio. O homem constitui apenas uma pequena parcela do cosmos (Idem). * * Qual é o significada da expressão “natureza das coisas”? [...] significa que, quando há uma dúvida, um conflito ou um problema, a atitude a tomar é a de observar a situação e desta surgirá, de modo natural, a resposta. Exemplo: se um filósofo grego tivesse que explicar juridicamente porque a mulher é inferior ao homem, ele poderia dizer que isto se deve à sua constituição física (Ibidem). * * Como é entendido o direito natural? [...] o direito natural é entendido como um conjunto de princípios ou ideias superiores, imutáveis, estáveis e permanentes, sendo que a sua autoridade provém da natureza e não da vontade dos homens (Ibidem). * * 1.2 Escola medieval ou teológica * * Qual é a escola jurídica da Idade Média? A escola teológica. Qual é a diferença entre a escola medieval e o jusnaturalismo grego? O jusnaturalismo grego concebe o direito por uma cosmologia antiga, a escola medieval por uma cosmologia cristã. * * Cosmologia antiga [...] o mundo é composto por uma diversidade de seres, sendo o homem um deles. Nesta cosmologia antiga, os homens são considerados como mortais enquanto o mundo é considerado como imortal. Esta forma de conceber o mundo corresponde à ideia do jusnaturalismo grego, onde a natureza com suas leis e limites impõe-se aos seres humanos (SABADELL, 2013, p. 27). * * Cosmologia cristã [...] o homem é colocado no “centro do mundo”, porque é considerado como imortal. Ou seja, a condição de imortalidade coloca o homem numa posição de superioridade diante dos demais seres. Ao contrário, o mundo é considerado como matéria perecível (Idem). * * 1.3 Escola do direito natural racional (Séc. XVI-XVIII) * * O que é o direito para o racionalismo jurídico? [...] uma ordem preestabelecida, decorrente da natureza do homem e da sociedade. [...] O uso da razão humana é o único meio adequado para descobrir os fundamentos da ordem jurídica natural. Quando estes autores falam em uso da razão humana referem-se à capacidade de raciocinar, de ponderar e refletir do homem (SABADELL, 2013, p. 28). * * Qual foi a inovação do uso da razão no direito? [...] não se fala mais dos desígnios de Deus, mas da importância da razão humana. [...] Os autores dos séculos XVI e XVII, apesar de apregoarem a necessidade do uso da razão, continuam vinculando-a a um pensamento de caráter religioso (fundamentação de caráter teocrático). Estes autores vivem um momento de transição (Idem). A virada, o afastamento de Deus ocorre no Séc.XVIII * * Qual é a característica comum a todos os autores racionalistas? [...] é a substituição dos métodos do pensamento dogmático da teologia pelo uso da razão; a ciência jurídica torna-se laica, desenvolvendo uma intensa atividade metodológica para reestruturar os seus modos de pensamento (Ibidem). * * 1.3.1 Hugo Grotius (1583-1645) Qual é a verdadeira natureza dos homens? [...] a verdadeira natureza dos homens é a razão, no sentido de racionalidade. Isto significa que o natural é idêntico ao racional (SABADELL, 2013, p. 28). * * O que é inerente (necessário) ao homem, segundo Grotius? [...] é inerente ao homem o desejo de sociabilidade, ou seja, a necessidade de conviver com os demais de forma harmônica, estabelecendo laços de solidariedade (Idem). * * Qual seria o principio fundamental do DN para Grotius? O de conviver entre pares e em harmonia. * * Qual é o DN criado por Grotius? [...] um direito natural que resulta de uma dedução lógica e que possui validade universal, sendo que todos os seres humanos de todas as sociedades e épocas são dotados da mesma razão. [...] direito natural-universal. [...] este último oferece o critério de justiça, por ser imutável e independente de uma vontade individual (Ibidem). * * 1.3.2 Goufried Wilhelm Leibniz (1646-1716) Qual é o elemento mais importante da obra de Leibniz? [...] o reconhecimento da liberdade humana. O que isso significa? Deus concede a liberdade, mas é o homem quem a “administra”. [...] Deus existe e tudo depende da sua vontade. [...] o homem é um instrumento de Deus (Ibidem). * * Qual é a diferença da visão teológica jurídica de Leibniz em relação aos outros pensadores da mesma vertente? [...] rompe com o pensamento da estaticidade e da predeterminação do mundo e da sua ordem. Cada homem é senhor do seu destino e determina livremente seus atos (SABADEL, 2013, p. 30). * * 1.3.3 Iluminismo jurídico Qual foi a proposta do Iluminismo? A proposta é de renovação radical, guiada pela razão humana, que deve ser utilizada livremente e publicamente para uma revisão crítica de todos os princípios da vida social. O objetivo era alcançar a felicidade do homem, que ganharia a sua autonomia intelectual, tomando-se finalmente “maior de idade” (Idem). * * Como se fundamentou o DN medieval? [...] em uma arquitetura estática do mundo, onde era decisivo o conceito da hierarquia e autoridade. Como se fundamentou o DN Iluminista? [...] no princípio da liberdade do indivíduo e pode ser justificado somente se permite a realização do bem comum e do bem-estar das pessoas SABADELL, 2013 p. 30-31). * * 1.3.4 Immanuel Kant (1724-1804) Como se fundamenta o Direito para Kant? [...] fundamenta-se na razão humana e, ainda que na prática isto não ocorra, assim deve sê-lo (SABADELL, 2013, p. 32). Qual é a essência do Direito? O critério do “justo”. * * O que o Direito deve garantir? A liberdade de todos. Como deve ser composto o Direito? Deve ser composto por normas gerais, através das quais a liberdade e o arbítrio de cada pessoa possa conciliar-se com a liberdade e o arbítrio de todos os outros (Idem). * * Como se realiza a liberdade e o arbítrio de todas as pessoas? [...] através de um processo racional de reflexão pública sobre a organização da vida social, que permita conciliar os interesses de todos os cidadãos. Uma tal configuração do direito é possível somente em uma sociedade “iluminada”, ou seja, composta por pessoas “adultas” (Ibidem). * * Quando as pessoas deixam de usar o seu próprio raciocínio? [...] quando seguem as orientações de outros, sem passar por um processo de reflexão individual (Ibidem). * * O que o Iluminismo Jurídico rejeitou? [...] a rejeição ao argumento da fundamentação do direito no cosmos ou em Deus (SABADELL, 2013, p. 33). De quem é a responsabilidade da convivência em sociedade? Pertence exclusivamente ao ser humano. * * 2. ESCOLAS POSITIVISTAS DO DIREITO * * Como a escola positivista entende o Direito? [...] entendem o direito como um sistema de normas (regras), que regulam o comportamento social. Regular o comportamento social significa influenciar e mudar o comportamento do homem (SABADELL p, 33). * * Qual é o objetivo da elaboração do Direito para o Direito Positivo? [...] Governar. Ou seja, o direito é um instrumento de governo da sociedade. E por detrás desta ordem de “comando” está sempre uma vontade política (SABADELL, 2013, p. 34). * * 2.1 Teorias Positivas centradas na legislação * * 2.1.1 Thomas Hobbes (1588-1679) Qual o objetivo do convívio social para Hobbes? [...] objetiva a satisfação de necessidades pessoais e não se dá de forma harmônica (SABADELL, p. 34). Qual a finalidade da Lei? Evitar a morte violenta. Quem deve fazer a Lei? O monarca. * * 2.1.2 .Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) De quem o Direito é de direito? Do povo. Qual a finalidade do Direito? Evitar a injustiça e a guerra * * O que é uma lei para Rousseau? E uma declaração pública e solene da vontade geral sobre um objeto de interesse comum. Assim sendo, a lei é uma vontade, que exprime decisões e interesses da coletividade (volonté générale) (SABADELL, 2013, p. 35). * * Por que se afirma que Rousseau é positivista? Porque o direito para ele é o produto de uma vontade política. O poder legislativo toma decisões que devem ser respeitadas, não existindo aqui uma instância de controle, como no jusnaturalismo, que possa examinar se este direito é ou não correto (Idem). * * 2.1.3 Hans Kelsen (1881-1973) Qual é o objeto da ciência jurídica? [...] é examinar como funciona o ordenamento jurídico. O que é o Direito? [...] o direito é o conjunto de normas em vigor e o estudo das mesmas deve ser realizado sem nenhuma interferência sociológica, histórica ou política (SABADELL, 2013, p. 36). * * 2.2.3 Escolas positivistas de caráter sociológico Quem cria o direito e por que? Por que uma norma é (ou deixa de ser) aplicada? Qual é a relação entre o direito e a realidade? As correntes sociológicas do positivismo tratam estas questões tanto na perspectiva interna do direito (“de dentro para fora”), quanto na perspectiva externa (“de fora para dentro”) (SABADELL, 2013, p. 40). * * 2.2.3.1 Charles de Montesquieu (1689-1755) O que Montesquieu afirma sobre as leis? Que elas seguem os costumes de cada povo. * * 2.2.3.2 Escola histórica do direito 2.2.3.3 Escola marxista * * O que é o direito na visão marxista? [...] o direito não é um fenômeno autônomo nem exprime ideais abstratos (igualdade, liberdade, justiça, ordem, segurança). O direito corresponde às relações econômicas que predominam na sociedade. A sociedade encontra-se dividida em classes, desenvolvendo-se um processo de dominação e de repressão das classes inferiores por parte das classes privilegiadas, que detêm o poder. O direito reflete esta realidade social, sendo que sua configuração corresponde às relações que se dão entre as classes sociais (SABADEL, 2013, p. 42).
Compartilhar