Unidade Hermenêutica Jurídica

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DIREITO CONSTITUCIONAL
HERMENÊUTICA JURÍDICA
Prof.Dr.Walter Amaro Baldi
Fone:(47) 9 9912 4235
walter@univali.br
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INTRODUÇÃO AO DIREITO
HERMENÊUTICA JURÍDICA
1 Hermenêutica Jurídica ou do Direito
1.1 Etimologia do Vocábulo
 - A palavra provem do grego hermeneutiké que significa arte de interpretar.
 - O vocábulo hermenêutica designava principalmente a arte de interpretar a bíblia.
1.2 Conceitos
1.2.1 Em Sentido Amplo 
 - É a interpretação das diversas formas que servem os propósitos de comunicação.
 - É a interpretação dos sentidos das palavras e do correto entendimento do significado dos textos,determinando o seu alcance ou extensão.
 - É a parte do processo de comunicação humana que se efetiva através da interpretação,integração e aplicação do direito.
 
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1.2.2 Em Sentido Restrito 
 - Conjunto de princípios gerais que o exegeta deve seguir para interpretar a lei no caso concreto.
 - Teoria científica que visa estabelecer princípios,critérios,métodos que regem a interpretação.
 - Ciência da interpretação de textos legais,tendo por objetivo o estudo e a sistematização dos processos a serem aplicados para fixar o sentido e o alcance da norma jurídica.
 - Para Machado designa o estudo científico dos métodos ou elementos de interpretação.
 - Para Montoro é ciência que tem por objeto o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance da expressão do direito.
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1.3 Objeto da Hermenêutica
 - Teoria científica da interpretação,ou seja,é o próprio ato interpretativo.
 - Sistematizar os processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do direito.
 - Fixar os princípios que regem a interpretação das leis de um modo geral. 
 - Exegese é a interpretação de texto jurídico segundo regras de hermenêutica.
1.4 Características da Hermenêutica
 - A hermenêutica jurídica é parte do processo de comunicação.
 - A hermenêutica jurídica é utilizada com diferentes acepções.
 - A hermenêutica é a teoria científica da arte de interpretar.
 - Função fiscalizadora da hermenêutica jurídica. 
 - A hermenêutica interessa a todos os operadores do direito.
 
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2 Interpretação da Norma Jurídica
2.1 Conceito de Interpretação
 - Interpretar significa fixar o sentido e o alcance da norma jurídica ou das expressões do direito.
 - Interpretar é apreender ou compreender os sentidos implícitos nas normas jurídicas.
 - Interpretar é indagar a vontade da norma e determinar seu campo de incidência.
 - Interpretar é expressar seu sentido recorrendo a signos diferentes dos usados na formulação original.
2.2 Objeto da Interpretação
 - Leva-se em conta a norma jurídica no contexto em que foi gerada.
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2.3 Características da Interpretação
 - Descobrir o sentido e o alcance da norma.
 - Explicar,esclarecer o verdadeiro significado.
 - Seu sentido se adapta a evolução e o progresso social.
2.4 Funções da Interpretação
 - Aplicar a norma jurídica as relações sociais que deram origem;
 - Estender o sentido da norma as novas relações ao tempo de sua criação;
 - Temperar o alcance do preceito normativo às necessidades sociais.
2.5 Legitimados para Interpretar
 - Os Membros (Magistrados) do Poder Judiciário.
 - Os Agentes Públicos (Parlamentares) do Poder Legislativo.
 - Os Agentes Públicos (Autoridades) do Poder Executivo.
 - Os Membros (Promotores de Justiça) do Ministério Público.
 - Os Advogados representando os interesses do poder público e os interesses de seus clientes.
 - Os Particulares em determinadas situações.
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3 Aplicação da Norma Jurídica
3.1 Conceito de Aplicação do Direito
 - É um modo de exercício que está condicionado a uma prévia escolha de natureza axiológica.
 - É a imposição de uma diretriz conferida a um órgão,uma autoridade ou particular em função de sua competência legal.
 - Consiste em submeter o caso concreto à norma abstrata que regula a relação jurídica.
3.2 Objeto da Aplicação do Direito
 - Transformar a norma geral e abstrata em norma individual no caso concreto através de sentença judicial ou decisão administrativa.
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3.3 Características 
 - O Poder judiciário presta tutela jurisdicional ao aplicar as normas ao caso concreto.
 - O Poder Legislativo edita leis genéricas e abstratas ao aplicar o que estabelece a norma constitucional.
 - O Poder Executivo administra a coisa pública e fiscaliza o cumprimento da lei ao aplicar o que estabelece a norma constitucional.
 - O Particular se relaciona juridicamente ao aplicar o que estabelece a norma constitucional e infraconstitucional.
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2 Técnicas de Interpretação
2.1 Quanto à Origem
2.1.1 Interpretação Judiciária ou Usual
 - Revela-se nos países em que a participação judiciária constitui fonte mais importante e onde os precedentes judiciais obrigam pela regra do stare decisis,não dispõe de força obrigatória,a não ser para o caso concreto.
 - É a interpretação realizada pelos órgãos judiciários e muito importante do ponto de vista prático,porque a sentença do juiz afeta as partes no processo e também pela economia resulta em manter as decisões aceitas nos julgamentos do passado. 
 - A decisão jurisprudencial no sistema romanista não obriga além dos limites objetivos e subjetivos da coisa julgada.Os chamados juízes de graus de jurisdição inferior não estão obrigados a decidir de acordo com os precedentes ou jurisprudências dos tribunais e juízes de grau inferior.Os tribunais inferiores não se vinculam aos julgamentos de tribunais superiores,em casos semelhantes ou análogos.
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2.1.2 Interpretação Autêntica ou Legal
 - É a interpretação realizada pelo próprio legislador,que cria uma lei interpretativa ou define o instituto no próprio texto legal.
 - É a interpretação realizada pelo próprio legislador,através de outra lei,chamada lei interpretativa,sendo que adquirem força obrigatória como às demais normas.
 - A interpretação autêntica pode ser contextual ou posterior.A contextual é a interpretação que o próprio legislador faz no texto da lei e a posterior é aquela feita pelo sujeito após editada a lei.
2.1.3 Interpretação Administrativa
 - É a interpretação realizada pelos órgãos da administração pública pelas autoridades constituídas,mediante despachos, portarias, circulares,ordens de serviços,contratos e convênios.
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2.1.4 Interpretação Doutrinária ou Científica
 - É a interpretação realizada pelos juristas ou operadores do direito em suas obras ou pareceres.
 - É a interpretação consistente nas opiniões dos juristas e doutrinadores através de suas obras que analisam as normas jurídicas à luz dos princípios filosóficos e científicos do direito e da realidade social.
 - O valor desta interpretação resulta do seu caráter científico e especulativo,bem como do convencimento através do raciocínio que envolve o texto legal.
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2.2 Quanto aos Processos ou Métodos
2.2.1 Método Literal,Gramatical,Filológico ou Sintático
 - A interpretação gramatical estabelece o objetivo da lei com base em sua letra,no valor das palavras,no exame da linguagem dos textos e na consideração do significado técnico dos termos.
 - A interpretação gramatical é a mais antiga técnica de aferir o sentido da lei,refere-se aos elementos verbais da lei,ao real significado deseus termos e períodos que informa o texto.
 - A interpretação gramatical busca estabelecer a coerência entre o sentido da lei e a utilização lingüística.
 - É aquela que toma por base o significado das palavras da lei e sua função gramatical.Entretanto,a simples análise gramatical não é suficiente para revelar o sentido do texto legal
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Características
 - É a mais antiga técnica de aferir o sentido da lei.
 - Determina o sentido e o alcance das expressões do direito.
 - Reduz a interpretação ao significado gramatical das palavras.
 - Principal instrumento de trabalho é o dicionário da língua.
 - Estabelece o significado etimológico das palavras e expressões.
 - O sentido de cada palavra varia no tempo e no espaço.
 - Obriga o jurista a tomar consciência da letra da lei. 
 - Obriga o jurista a estar atento ao uso da linguagem.
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2.2.2 Método Lógico ou Racional
 - A interpretação lógica busca o real sentido da norma,fundamentando-se em elementos lógicos,que vem a ser a razão da lei (ratio legis),a intenção da lei (intentio legis) e a ocasião da lei (ocasio legis).
 - O método lógico tem uma dimensão maior do que a análise da frase,pois implica na interpretação da norma e da ciência do direito.
 - A interpretação lógica procura a idéia estabelecida pela norma,partindo do pressuposto de que a razão da lei pode fornecer elementos para a compreensão de seu conteúdo,sentido e finalidade.
 - A ratio legis consagra os valores jurídicos dominantes e deve prevalecer sobre o sentido literal da lei.
 - A interpretação lógica funda-se no fato de que o estudo puro e simples da letra da lei conduz a resultados insuficientes e imprecisos,havendo necessidade de investigação mais ampla. 
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Características
 - Baseia-se na investigação da ratio legis.
 - A interpretação é fornecida pela lógica formal.
 - Busca o real sentido da norma jurídica.
 - Prevalece os valores jurídicos dominantes.
 - Permite que a interpretação alcance elevado padrão de segurança.
 - Procura a idéia estabelecida a partir da norma jurídica.
 - Concilia o princípio da legalidade com as transformações sociais. 
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2.2.3 Método Sistemático ou Orgânico
 - O método sistemático considera o caráter estrutural do direito,tendo por objetivo preservar a harmonia e zelar pela coerência do sistema legal.
 - O método sistemática consiste no confronto do dispositivo a ser interpretado com as demais normas que tratam do assunto,ou mesmo com a próprio ordenamento jurídico. 
 - O método sistemático possibilita uma compreensão mais ampla da lei com outras normas de igual ou superior hierarquia,propiciando uma visão sobre o conjunto do ordenamento jurídico.
 - A interpretação sistemática vê cada regra legislativa como parte do regime ou sistema jurídico.
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Características
 - Baseia-se na Investigação da mens legis.
 - Considera o caráter estrutural do direito.
 - Zela pela coerência do sistema jurídico.
 - Preserva a harmonia do sistema legal.
 - Concilia o princípio da legalidade com as transformações sociais.
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2.2.4 Método Histórico
 - A interpretação histórica leva em conta as idéias e os interesses dominantes ao tempo da elaboração da lei.
 - A interpretação histórica consiste na investigação de elementos históricos remotos (origo legis) e próximos (ocasio legis) da lei.
 - Essa técnica de interpretação procura revelar o estado de espírito com a exposição de motivos e mensagens que criou a norma. 
 - Fundamenta este processo que o direito é um produto histórico,herança cultural,criação da vida social,capaz de adaptar-se a todas as condições e exigências da vida social e não o resultado da vontade do legislador.
 - O elemento histórico permite apreender as linhas gerais da evolução jurídica,as transformações que sofreram os institutos jurídicos no decurso do tempo.
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Características
 - Baseia-se na investigação da voluntas legis.
 - Busca descobrir a vontade atual da lei.
 - Considera os (ante) projetos de lei e os fatos que deram causa a lei.
 - Leva em consideração a história do Instituto legal.
 - Concilia o princípio da legalidade com as transformações sociais.
 - Permite apreender as linhas gerais da evolução jurídica.
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2.3.5 Método Sociológico
 - A interpretação sociológica consiste na investigação dos motivos e dos efeitos sociais da lei.
 - A interpretação sociológica baseia-se na adaptação do sentido da lei às realidades e necessidades sociais.
 * Art.5º da LICC que estabelece “Na aplicação da lei o juiz atenderá os fins sociais a que ela se dirigi e às exigências do bem comum”.
 - A interpretação sociológica atende as conseqüências econômicas, políticas e sociais da exegese através do estudo do ambiente,das condições de vida,dos ideais,valores e exigências sociais dominantes.
 - A interpretação sociológica vê o ordenamento jurídico como subsistema do sistema social,considerando as necessidades da coletividade e as aspirações do meio.
 - Na perspectiva sociológica promove a abertura da lei ao fato social e passa a perceber e atuar no sistema social. 
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Características
 - Conduz a investigação dos motivos e efeitos sociais da lei.
 - Aplica os textos legais de acordo com as necessidades contemporâneas.
 - Deve fazer a conexão do fenômeno jurídico com os fenômenos sociais.
 - Promove a abertura da lei ao fato social.
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2.3.6 Método Teleológico ou Axiológica
 - A interpretação teleológica busca a finalidade da lei,que é sempre garantir interesses,com base nos valores econômicos,políticos,sociais e morais dominante.
 - O método teleológico visa descobrir o fim da lei assegurando plenamente a tutela de interesse para o qual foi estabelecida.
 - A interpretação teleológica tem a finalidade de descobrir os valores que a lei intenciona servir.
 - A interpretação teleológica fundamenta-se na consistência axiológica do direito.
 * Art.5º da LICC “Na aplicação da lei,o juiz atenderá os fins sociais a que ela se destina e às exigências do bem comum.
 - Este dispositivo não se aplica apenas à interpretação do Código Civil,pois é uma diretriz básica do ordenamento jurídico. 
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Características
 - A regra básica é que sempre é possível atribuir um propósito às normas.
 - Ativa a participação do intérprete na configuração do sentido.
 - Mostra um esforço de integração de uma multiplicidade de valores.
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2.3 Quanto aos Resultados ou Efeitos
2.3.1 Interpretação Declarativa
 - A interpretação é declarativa quando se limita a declarar o pensamento expresso na lei,sem ter necessidade de estendê-la a casos não previstos ou restringi-la mediante a exclusão de casos inadmissíveis.
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3.3.2 Interpretação Extensiva
 - A interpretação é extensiva quando o intérprete conclui que o alcance da norma é mais amplo do que indicam os seus termos.Diz-se que o legislador,nesse caso,escreveu menos do que pretendia dizer,e a lei deve aplicar-se a determinadas situações não prevista expressamente.
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3.3.3 Interpretação Restritiva
 - A interpretação é restritiva quando o legislador escreveu mais doque realmente pretendia.O intérprete,nesse caso,vê-se forçado a restringir o sentido da lei para dar-lhe interpretação razoável e justa.
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4 Referências
- POLETTI,Ronaldo. Introdução ao Direito. 3.ed.São Paulo: Saraiva, 1996. p276 a 294.
- NADER,Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 17. ed.Rio de Janeiro: Forense,1999.p.303 a 317.
- REALI,Miguel. Lições Preliminares do direito. 27.ed.São Paulo: Saraiva, 2007.p277 a 302.
- MONTORO,André Franco. Introdução à ciência do direito. 26.ed.São Paulo: Revista dos Tribunais,2005.p.429 a 448.
- VENOSA,Silvio de Salvo.Introdução ao estudo do direito.São Paulo: Atlas, 2004.p.171 a 206.