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ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 1 ENGENHARIA ELÉTRICA [2012] ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I Retificadores monofásicos e trifásicos Prof. Wilson Aragão Filho ISBN: 978-85-909910-3-8 [ E D I Ç Ã O D O A U T O R ] WILSON ARAGÃO FILHO ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I RETIFICADORES MONOFÁSICOS E TRIFÁSICOS 1ª Edição Vitória – ES – Brasil Edição do Autor 2012 ©: 2012, Aragão Filho, Wilson Formato: digital (pdf) Capa: Microsoft Office (adaptada) Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil) Aragão Filho, Wilson Correia Pinto de, 1957- A659e Eletrônica de potência I : retificadores monofásicos e trifásicos / Wilson Correia Pinto de Aragão Filho. - 1. ed. - Vitória, ES : Ed. do Autor, 2012. 107 p. : il. ; 29 cm Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-909910-3-8 1. Eletrônica de potência. 2. Eletrônica industrial. 3. Conversores à tiristor. I. Título. CDU: 621.382 APRESENTAÇÃO Eletrônica de Potência ou Eletrônica Industrial é um título comumente utilizado para unidades curriculares de muitas universidades. Trata do estudo dos dispositivos eletrônicos de potência, a base de semicondutores, e seus circuitos retificadores de potência. Estes podem ser circuitos (ou topologias) que constituem retificadores, ou conversores CA/CC (de corrente alternada, CA, para corrente contínua, CC), monofásicos ou trifásicos, podendo, ainda, ser constituídos por semicondutores do tipo DIODO ou TIRISTOR (SCR), resultando em retificadores não controláveis ou controláveis, respectivamente. Tais conversores, operando como retificadores, são muito utilizados em aparelhos e equipamentos tanto domésticos quanto industriais. As versões industriais são as de maiores potências e tamanhos, e são, especialmente, os objetos de estudo deste livro. A eletrônica de potência se diferencia da eletrônica de sinais justamente pelo qualificativo “potência”. Isto é, a potência associada a muitos aparelhos eletrônicos de uso residencial é muito baixa, com valores de corrente elétrica da ordem de menos de um ampère (1A), enquanto os aparelhos e equipamentos da denominada eletrônica de potência têm potência da ordem de alguns ampères. Em resumo: eletrônica ou eletrônica de sinais é um termo utilizado para aparelhos eletrônicos domésticos tais como, televisores, aparelhos de som, celulares, aparelhos telefônicos sem fio, etc., ao passo que a eletrônica de potência está associada a aparelhos e equipamentos industriais que drenam potências significativamente mais elevadas. Eletrônica de Potência é um assunto que, no Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, é oferecido por meio de dois níveis: Eletrônica de Potência I e Eletrônica de Potência II. Esta última trata dos conversores chaveados, também denominados de fontes chaveadas, com base nos dispositivos de potência da família dos transistores, além de conversores especiais, como os conversores duais, os cicloconversores e algumas topologias de inversores de potência. CONTEÚDO Os cinco (5) capítulos em que se divide o livro cobrem os seguintes assuntos. O primeiro capítulo trata dos principais dispositivos semicondutores de potência: DIODO, TIRISTOR, GTO, BJT, MOSFET e IGBT. São apresentados seu símbolo, seu princípio de funcionamento e suas características estáticas ou de saída. O segundo capítulo trata dos retificadores monofásicos de meia onda, tanto a DIODO quanto a TIRISTOR, com cargas dos tipos R (resistor puro), RL (resistor e indutor) e RLE (resistor, indutor e bateria). Analisam-se, também, os circuitos com os denominados diodos de roda livre e os inversores ditos não autônomos. O terceiro capítulo trata dos retificadores monofásicos de onda completa, tanto a DIODO quanto a TIRISTOR, com cargas dos tipos R, RL e RLE. O quarto capítulo trata dos retificadores trifásicos tanto de meia onda quanto de onda completa, a DIODO e a TIRISTOR, além de tratar da questão ligada aos efeitos da denominada indutância de comutação. O quinto capítulo trata do conceito generalizado de fator de potência aplicado aos retificadores monofásicos e trifásicos, assunto muito relevante para a boa compreensão dos fenômenos associados aos efeitos das cargas não lineares (conversores em geral). Ao final do livro encontram-se exercícios propostos ao leitor, cobrindo todo o conteúdo apresentado, além de uma bibliografia recomendada. Quanto à metodologia, cabe ressaltar que os retificadores foram abordados numa metodologia comparativa, em que ambos os tipos não controláveis (a diodo) e controláveis (a tiristor) são analisados um após o outro, em termos de seu funcionamento, suas formas de onda e suas principais equações. Finalmente, todas as figuras com formas de onda foram produzidas por simulação numérica realizada por meio do software PSIM ™, e os gráficos e ábacos produzidos por meio do MATHCAD ™ . SOBRE O AUTOR Wilson Aragão Filho é professor Associado do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) desde 1984, tendo iniciado sua carreira de professor federal em 1981, na antiga Escola Técnica Federal do Espírito Santo, atual Instituto Federal de Ensino Tecnológico do Espírito Santo (IFES). Obteve seu Mestrado em 1988 e seu Doutorado em 1998, tendo sido ambos os cursos realizados na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob a orientação do Prof. Ivo Barbi. Tanto sua dissertação de mestrado quanto sua tese de doutorado trataram do mesmo tema: Eletrônica de Potência. O Prof. Aragão interessa-se, também, pelos temas: instalações elétricas residenciais e industriais, sistema de energia elétrica, auditoria energética e conservação de energia, eficiência energética, segurança contra acidentes, carga eletrônica regenerativa, língua portuguesa, e Esperanto – língua internacional. O currículo Lattes do Prof. Aragão pode ser acessado em: http://lattes.cnpq.br/9279730500937858 O Blog do Professor pode ser acessado em: http://mondaespero-blog-uilso.blogspot.com.br/ Dois livros já publicados pelo Prof. Aragão: Curso básico bilíngue de Esperanto, cujo exemplar em formato eletrônico (pdf) pode ser acessado, sem custo, no endereço: https://sites.google.com/site/uilsoaragonolivrodeesperanto/. Segurança na engenharia e na vida – consciência segura, cujo exemplar, também, em formato eletrônico (pdf) pode ser solicitado, sem custo, pelos e-mails: aragao@ele.ufes.br, uilso.arag@gmail.com. SUMÁRIO Capítulo 1 – SEMICONDUTORES DE POTÊNCIA 1. Introdução ..................................................................................................................10 2. Semicondutores de potência mais comuns ................................................................ 11 2.1. Diodo ................................................................................................................. 11 2.2. Tiristor ............................................................................................................... 11 2.3. GTO ................................................................................................................... 12 2.4. BJT ..................................................................................................................... 12 2.5. MOSFET ............................................................................................................ 13 2.6. IGBT .................................................................................................................. 13 2.7. QUADRO-RESUMO (Principais características): ........................................... 14 3. Em resumo ................................................................................................................. 14 Capítulo 2 – RETIFICADORES MONOFÁSICOS DE MEIA ONDA 1. Retificadores com carga R (resistiva pura) ............................................................... 15 1.1. Retificador a diodo ............................................................................................ 15 1.2. Retificador a tiristor ........................................................................................... 16 1.3. Equações básicas do circuito ............................................................................. 17 1.3.1. Para o retificador a diodo ............................................................................... 17 1.3.2. Para o retificador a tiristor .............................................................................. 19 2. Retificadores com carga RL ...................................................................................... 20 2.1. Retificador a diodo ............................................................................................ 21 2.2. Retificador a tiristor ........................................................................................... 22 2.3. Equações básicas do circuito ............................................................................. 22 2.3.1. Para o retificador a diodo ............................................................................... 22 2.3.2. Para o retificador a tiristor .............................................................................. 27 3. Retificadores com carga RL e Diodo de “roda livre” ............................................... 33 3.1. Retificador a Diodo e com “Roda livre” ........................................................... 34 3.1.1. Indutância crítica ............................................................................................ 36 3.1.2. Tensão média na carga ................................................................................... 37 3.1.3. Corrente média na carga ................................................................................. 37 3.2. Retificador a Tiristor e com “Roda livre” ......................................................... 38 3.2.1. Tensão média na carga ................................................................................... 39 3.2.2. Corrente média na carga ................................................................................. 40 4. Retificadores com carga RLE .................................................................................... 41 4.1. Retificador com carga RLE a diodo .................................................................. 41 4.1.1. Tensão média na carga ................................................................................... 42 4.1.2. Corrente média na carga ................................................................................. 44 4.1.3. Potência consumida na carga ......................................................................... 44 4.2. Retificador com carga RLE a tiristor ................................................................. 44 4.2.1. Tensão média na carga ................................................................................... 46 4.2.2. Corrente média na carga ................................................................................. 46 4.2.3. Potência consumida na carga ......................................................................... 46 4.3. Retificador com carga RLE a tiristor – Inversor não autônomo ....................... 46 5. Retificadores com carga RLE e diodo de “roda livre” .............................................. 49 5.1. Retificador com carga RLE a diodo e roda livre ............................................... 49 5.2. Tensão média na carga ...................................................................................... 50 5.3. Corrente média na carga .................................................................................... 51 5.4. Potência consumida na carga ............................................................................. 51 Capítulo 3 – RETIFICADORES MONOFÁSICOS DE ONDA COMPLETA 1. Retificadores com carga R (resistiva pura) ............................................................... 52 1.1. Retificador a diodo ............................................................................................ 53 1.2. Retificador a tiristor ........................................................................................... 54 1.3. Equações básicas do circuito ............................................................................. 54 1.3.1. Para o retificador a diodo ............................................................................... 55 1.3.2. Para o retificador a tiristor .............................................................................. 57 2. Retificadores com carga RL (resistivo-indutiva) ...................................................... 58 2.1. Retificador a diodo ............................................................................................ 58 2.2. Retificador a tiristor ........................................................................................... 60 2.3. Equações básicas do circuito ............................................................................. 61 2.3.1. Para o retificador a diodo ............................................................................... 61 2.3.2. Para o retificador a tiristor .............................................................................. 63 Capítulo 4 – RETIFICADORES TRIFÁSICOS 1. Retificadores de meia onda ........................................................................................ 66 1.1. Retificador a diodo ............................................................................................ 66 1.2. Retificador a tiristor ........................................................................................... 68 1.3. Equações básicas do circuito ............................................................................. 70 1.3.1. Para o retificador a diodo ............................................................................... 70 1.3.2. Para o retificador a tiristor .............................................................................. 72 2. Retificadores de onda completa ................................................................................. 74 2.1. Retificador a diodo ............................................................................................ 75 2.2. Retificador a tiristor ........................................................................................... 76 2.3. Equações básicas do circuito .............................................................................78 2.3.1. Para o retificador a diodo ............................................................................... 79 2.3.2. Para o retificador a tiristor .............................................................................. 81 3. Indutância de comutação ........................................................................................... 82 Capítulo 5 – FATOR DE POTÊNCIA NOS RETIFICADORES 1. Conceito de Fator de Potência ................................................................................... 86 2. Conceito de Distorção Harmônica ............................................................................. 89 3. Exemplo de cálculo de fator de potência ................................................................... 90 4. Retificadores Não Controlados .................................................................................. 92 4.1. FP no Retif. Monofásico de Meia onda com Diodo de Roda livre ................... 92 4.2. FP no Retificador Monofásico de Ponto-Médio a Diodo .................................. 94 4.3. FP no Retificador Monofásico em Ponte a Diodo ............................................. 95 4.4. FP no Retificador Trifásico de Meia Onda a Diodo .......................................... 95 EXERCÍCIOS PROPOSTOS .......................................................................................... 98 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ........................................................................... 108 ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 10 CAPÍTULO 1 SEMICONDUTORES DE POTÊNCIA 1. Introdução Os semicondutores de potência são também chamados de dispositivos de chaveamento ou dispositivos de comutação ou, ainda, dispositivos de potência (power devices). Numa classificação quanto à aplicação em conversores, podem-se ter: DIODOS e TIRISTORES Conversores CA/CC GTO, BJT, MOSFET, IGBT Demais conversores (CC/CC; CA/CA, CC/CA) O DIODO é um dispositivo ativo, mas não controlado. Os demais são ativos e controlados. Entenda- se: não controlado ou controlado pelo usuário. A controlabilidade do dispositivo é especialmente útil em fontes do tipo chaveada ou comutada. A Fig.1, abaixo, ilustra um conversor CC/CC elementar, construído por meio de um transistor bipolar (ou qualquer interruptor totalmente controlado). A relação entre o tempo ligado (TON) e a soma do tempo ligado com o desligado (TON +TOFF), é denominada razão cíclica (duty cycle): D= TON/(TON+TOFF) = TON/T, onde T = período da frequência de comutação. A tensão média sobre o resistor de carga (R) resulta igual a: Eo = D . Ei Quando a razão cíclica é máxima (D = 1), tem-se a tensão de entrada (Ei) sempre aplicada à saída e resulta: Eo = Ei. Quando se tem D = 0, a tensão de saída resulta nula, pois o dispositivo estará sempre aberto (ou em estado de bloqueio), não deixando passar qualquer corrente. Fig. 1 – Conversor CC/CC elementar: (a) circuito básico; (b) formas de onda do comando e das tensões Ei e Eo. Ei Eo D (razão cíclica) S(switch : power device) Eo Ei Ei D = 0,5 TON TOFF t (b) (a) ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 11 Esses dispositivos de chaveamento somente serão vistos em Eletrônica de Potência II. Neste curso de Eletrônica de Potência I serão estudados todos os retificadores (ou conversores CA/CC) monofásicos e trifásicos, não controlados e controlados. 2. Semicondutores de potência mais comuns 2.1. Diodo DIODO, Fig. 2: é unidirecional em corrente e em tensão. Isto é: somente suporta corrente em um sentido e, da mesma forma, somente suporta tensão com uma polaridade. Se uma tensão negativa for aplicada ao anodo (A), este a suportará e não entrará em condução. Caso contrário, ele entrará em condução, deixando-se percorrer por corrente. Fig. 2 – DIODO, símbolo, modelo em condução e característica estática de saída. 2.2. Tiristor TIRISTOR, Fig. 3: unidirecional em corrente e bidirecional em tensão, isto é, suporta a tensão em ambas as polaridades: tensões positiva e negativa no anodo. É semicondutor de potência semicontrolado, na medida em que o usuário somente tem controle sobre o disparo do dispositivo. Fig. 3 – TIRISTOR: símbolo, modelo em condução e característica estática de saída. ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 12 2.3. GTO GTO (Gate Turn-Off Thyristor), Fig. 4: é um tiristor totalmente controlado: dispara sob pulso de corrente positiva no gate e bloqueia sob corrente negativa. Não é tão rápido quanto o tiristor, nem é capaz de manipular potências tão elevadas, em relação ao tiristor. Fig. 4 – GTO: símbolo, modelo em condução e característica estática de saída. 2.4. BJT BJT (Bipolar Junction Transistor), Fig. 5: é o conhecido transistor bipolar muito usado em circuitos de eletrônica de sinal. Mas é também bastante usado, ainda, em eletrônica de potência chaveada. Está sendo, paulatinamente, substituído pelo próximo semicondutor, o MOSFET. É unidirecional em corrente e em tensão. Tensão reversa (positiva no emissor em relação ao coletor) é proibida! Fig. 5 – BJT: símbolo, modelo em condução e característica estática de saída. ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 13 2.5. MOSFET MOSFET (Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor) Fig. 6: Como o BJT, é unidirecional em tensão e em corrente. É normalmente usado, em Eletrônica de Potência, como chave interruptora, funcionando ou ligada ou desligada; ora em situação de quase saturação, ora em modo bloqueado. Observação válida para todos os semicondutores de potência totalmente controlados. Fig. 6 – MOSFET: símbolo, modelo em condução e característica estática de saída. 2.6. IGBT IGBT (Insulated Gate Bipolar Transistor) Fig 7: É um híbrido entre o BJT e o MOSFET. Reúne as melhores características desses últimos. Resulta um dispositivo de alta frequência de chaveamento (ou de comutação), devido ao comando de gate por tensão (e não por corrente, como no BJT), e com baixas perdas em condução (possui uma bateria equivalente, em estado de condução, como o BJT). Além de tudo isso, pode ser fabricado para altas tensões e altas correntes. Tende a substituir os dois transistores citados para aplicações de potências mais elevadas (superior a 3kW). Fig. 7 – IGBT: símbolo, modelo em condução e característica estática de saída. ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 14 2.7. QUADRO-RESUMO (Principais características): Semicondutor Freq. Contro- lável ON OFF Corrente Unidirec. Tensão Unidirec. 1. Diodo * N – – S S 2. Tiristor (SCR) 5kHz S S N S N 3. GTO 3kHz S S S S N 4.BJT 10kHz S S S S S 5. IGBT 40kHz S S S S S 6. MOSFET 100kHz S S S S S * Lentos, rápidos, e ultra-rápidos. Os valores de frequência mostrados no quadro devem ser entendidos como valores típicos e aproximados, apenas para dar uma ideia comparativa das faixas de aplicação em frequência dos semicondutores analisados. Os diodos são os semicondutores de potência mais versáteis, com grandes variações de tamanhos (potência) e de frequência de comutação. 3. Em resumo Os semicondutores de potência (ou power devices, pronuncia-se “páuer deváices”) ou dispositivos de comutação ou dispositivos de potência são elementos a base de materiais semicondutores desenvolvidos especificamente para se comportarem como elementos de controle em circuitos eletrônicos de potência. Podem operar tanto como elementos lineares, que é caso de aplicações nas chamadas fontes lineares (já ficando ultrapassadas) quanto como elementos não lineares, que é o caso das denominadas fontes chaveadas (ou comutadas), que operam sob frequências de chaveamento normalmente elevadas. Os diodos são os elementos mais versáteis, no entanto não são controláveis pelo usuário. Já os demais semicondutores estudados são controláveis, sendo os tiristores apenas semicontroláveis, já que o usuário tem, somente, o controle do seu momento de disparo. Os demais, portanto, são totalmente controláveis e podem ser denominados, genericamente, de “transistores” de potência. Todos os semicondutores apresentados são unidirecionais em corrente, isto é, conduzem a corrente apenas em um sentido. No entanto, em termos de tensão, somente os tiristores e os GTOs são bidirecionais em tensão, sendo todos os demais unidirecionais. Isto significa que esses últimos, unidirecionais em tensão, suportam a tensão, somente, em uma única direção; a tensão reversa pode queimá-los! (Usuário controla...) ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 15 CAPÍTULO 2 RETIFICADORES MONOFÁSICOS DE MEIA ONDA 1. Retificadores com carga R (resistiva pura) Caracterizam-se pelo uso de um diodo ou um tiristor (SCR) como dispositivo de retificação, permitindo a passagem da corrente em um único sentido. O circuito a diodo não permite controle sobre a retificação, enquanto o circuito a tiristor o permite: o circuito auxiliar de comando permite que o usuário controle, por meio de um potenciômetro, por exemplo, o momento em que o tiristor é disparado (começa a conduzir). O diodo sempre começa a conduzir no instante em que a tensão da fonte se torna positiva. A Fig. 8, abaixo, ilustra os circuitos não controlado e controlado, desses retificadores, com carga R. (a) (b) Fig. 8 – Retificador monofásico com carga R (resistiva pura): (a) a diodo; (b) a tiristor. 1.1. Retificador a diodo As formas de onda para o funcionamento do retificador a diodo e carga R são as da Fig. 9. No momento em que a tensão da rede (V1) torna-se positiva, o diodo fica polarizado diretamente (tensão positiva no anodo) e começa a conduzir: passa a funcionar como um interruptor fechado, deixando passar a corrente para a carga (R). Quando a tensão torna-se negativa, o diodo fica polarizado reversamente (tensão negativa no anodo) e entra em estado de bloqueio: passa a funcionar como um interruptor aberto. A tensão na carga resulta, portanto, retificada em meia onda. A corrente na carga resistiva pura é sempre uma “imagem” da tensão sobre ela: a corrente resulta igualmente retificada de meia onda. Somente a semionda positiva da tensão da rede passou, ou foi retificada. A porção negativa foi bloqueada pelo diodo, o qual, por si só, constitui o Retificador de meia onda. O diodo atua, portanto, como um elemento ativo, embora não controlável pelo usuário. Daí denominar-se este circuito de retificador não controlado Ic Vc Ic Vc ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 16 Fig. 9 – Formas de onda para o circuito retificador monofásico de meia onda a diodo. Verifica-se que a tensão sobre o diodo durante o semiciclo positivo é nula: caso do diodo IDEAL. No caso REAL, o diodo apresentará uma queda de tensão em torno de um ou alguns volts. Observa-se, ainda, que a corrente do circuito é CONTÍNUA, embora pulsada, e atravessa a fonte (rede elétrica de CA). Para evitar este último fato, usa-se, normalmente, na prática, um transformador de isolamento, que terá a função, dentre outras, de eliminar da rede a componente contínua da corrente retificada (Ic). 1.2. Retificador a tiristor As formas de onda para o funcionamento do retificador a tiristor e carga R são as da Fig. 10. Fig. 10 - Formas de onda para o circuito retificador monofásico de meia onda a tiristor. Corrente na carga Tensão na carga Tensão na rede Tensão no diodo tempo: ms Tensão na carga Tensão na rede Corrente na carga Tensão no tiristor (VAK) (45 o ) tempo: ms ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 17 Neste caso, como o dispositivo de potência (power device) é um tiristor, elemento controlável pelo usuário, este pode definir o instante de tempo, dentro do semiperíodo positivo, em que o dispositivo será “disparado”, isto é, receberá um pulso de disparo que o colocará em estado de condução. No instante correspondente a cerca de 45 o , o tiristor do circuito retificador correspondente às formas de onda da Fig. 10 foi disparado e passou a conduzir: torna-se um interruptor fechado, deixando passar a corrente de carga (Ic), que resulta com a mesma forma de onda da tensão na carga. Esta possibilidade de o usuário controlar o instante de disparo do tiristor torna este retificador mais interessante do que aquele a diodo. Pois, agora, o usuário terá o controle não só da forma de onda da tensão na carga, mas também da tensão média aplicada ao resistor e do fluxo de potência da fonte para a carga. Verifica-se que o tiristor é “bidirecional em tensão”, pois suporta entre seus terminais (A e K) tensão tanto positiva quanto negativa. De fato, a tensão do tiristor, vista na Fig. 10 é tanto positiva (antes do disparo) quanto negativa. Esta última acontece quando a corrente na carga se anula e o tiristor retoma o seu estado natural de bloqueio. Já o diodo é um elemento “unidirecional em tensão” pois somente suporta a tensão reversa aplicada em seus terminais. Pode-se afirmar que tanto o diodo quanto o tiristor somente entram em estado de bloqueio quando a corrente através deles se anula. Se esta corrente não se anular, mesmo que a tensão já tenha se tornado negativa (no anodo), o dispositivo continuará conduzindo a corrente. 1.3. Equações básicas do circuito Como os circuitos acima são retificadores, isto é, convertem corrente alternada (CA) em corrente contínua (CC), então os valores que mais interessam no lado da carga (CC) são os seus valores médios: tanto para a corrente quanto para a tensão. Isto porque tantoo voltímetro CC quanto o amperímetro CC indicam os valores médios dessas grandezas! No entanto, como as correntes de carga a serem estudadas serão sempre pulsadas (não lisas), o seu valor eficaz torna-se muito importante para o cálculo da potência dissipada na carga (R.Ieficaz 2 ). Para obterem-se as principais equações dos circuitos acima, considere-se a tensão de entrada da forma: )sen(2 tVV e ou )sen( tVV p onde Ve é o valor eficaz da tensão da rede elétrica e Vp , o seu valor de pico (ou máximo). 1.3.1. Para o retificador a diodo 1.3.1.1. Tensão média na carga R: A tensão média na carga (Vcm) pode ser calculada pela aplicação adequada de um cálculo integral: 0 )()sen(2 2 1 tdtVV ecm e cm V V 2 ecm VV 45,0 ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 18 1.3.1.2. Tensão eficaz na carga R: A tensão eficaz na carga não é uma grandeza muito importante, já que se está no domínio da corrente contínua. No entanto, é interessante comparar-se o seu valor com o valor médio dado acima, e para o cálculo da corrente eficaz (à frente): 0 2 )()sen(2 2 1 tdtVV ece e pee ce V VVV V 707,0 22 2 2 1.3.1.3. Corrente média na carga R: A corrente média (Icm) é simplesmente a relação entre a tensão média e o valor da resistência da carga (R): R V I cmcm R V I ecm 2 R V I ecm 45,0 1.3.1.4. Corrente eficaz na carga R: A corrente eficaz é definida como uma “raiz média quadrática”, ou: root mean square, do inglês. Para o cálculo dessa corrente eficaz na carga (Ice) utiliza-se a conhecida expressão integral do seu valor quadrático instantâneo, definida entre zero e (pi) radianos (ou zero e 180 graus). Isto pode ser feito porque tensão e corrente são “imagem” uma da outra. Portanto, seus valores eficazes são proporcionais ao fator R. 0 2 )()sen( 2 2 1 tdt R V I ece Como a corrente numa carga R é a imagem da tensão (mesma forma de onda), tem-se que, alternativamente: R V I cece R V I ece 2 2 R V I ece 707,0 Observar que este valor eficaz de corrente na carga é muito significativo (diferentemente da tensão eficaz na carga), pois a corrente na carga será sempre considerada uma corrente pulsante, ou ainda: não lisa! Portanto, os seus valores médio e eficaz serão sempre diferentes! Ainda: Ice > Icm , sempre! – Somente para o caso particular de corrente de carga LISA (filtrada ou alisada!) é que: Ice = Icm ! ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 19 1.3.1.5. Potência dissipada (consumida) na carga R: 2 cec IRP R V P ec 2 2 1.3.2. Para o retificador a tiristor 1.3.2.1. Tensão média na carga R: Analogamente ao caso do diodo, obtém-se: )()sen(2 2 1 tdtVV ecm )cos1(225,0 ecm VV A novidade aqui é o ângulo alfa (): ângulo de disparo do tiristor, definido pelo usuário. A tensão média, naturalmente, será dependente do valor desse ângulo, deixando claro o fato de que o usuário, no caso do retificador controlado, tem o controle do valor da tensão média, desde um valor máximo (para = 0o) até um valor nulo (para = 180o). 1.3.2.2. Tensão eficaz na carga R: Como no caso do retificador a diodo, este valor não é tão importante em si, mas é útil para o cálculo da corrente eficaz na carga (item à frente): )()sen(22 1 2 tdtVV ece 4 )2sen( 22 1 ece VV 1.3.2.3. Corrente média na carga R: A corrente média (Icm) é, analogamente ao caso do diodo, simplesmente a relação entre a tensão média e o valor da resistência da carga (R). Tem-se então: R V I cmcm )cos1( 225,0 R V I ecm ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 20 1.3.2.4. Corrente eficaz na carga R: Para o caso do retificador controlado, o cálculo da corrente eficaz na carga (Ice) é um pouco mais complexo, embora utilize a mesma lógica. Agora expressão integral fica definida entre o ângulo de disparo () e o instante em que a corrente se anula: entre e (pi) radianos. Obtém-se: R V I cece 4 )2sen( 22 1 R V I ece 1.3.2.5. Potência dissipada (consumida) na carga R: A potência consumida na carga resistiva pura é dada por: 2 cec IRP 4 )2sen( 22 12 R V P ec 2. Retificadores com carga RL Introduzindo-se um elemento indutivo (L) em série com o resistor de carga (R), obtém-se uma carga mista (RL). O comportamento do circuito é totalmente alterado, pois o indutor (ou reator, ou filtro indutivo) impede que a corrente seja (como no caso da carga R) uma imagem da tensão. Enquanto a corrente não anular-se, o dispositivo de potência (diodo ou tiristor) não se bloqueia e deixa passar à carga (RL) uma parte da tensão negativa da rede elétrica. A Fig. 11, abaixo, ilustra os circuitos não controlado e controlado, desses retificadores, com carga RL. (a) (b) Fig. 11 - Retificador monofásico com carga RL: (a) a diodo; (b) a tiristor. Vc Ic Vc Ic VL VR ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 21 2.1. Retificador a diodo As formas de onda para o funcionamento do retificador a diodo e carga RL são as seguintes: Fig. 12 – Formas de onda para o circuito retificador monofásico de meia onda a diodo, carga RL. Esta figura apresenta as três principais curvas relativas ao circuito retificador monofásico, de meia onda, a diodo (não controlado), com carga RL. O ângulo (beta) é o ângulo de existência da corrente e corresponde ao instante em que a corrente se anula. A figura abaixo mostra outras formas de onda do mesmo circuito: Fig. 13 – Formas de onda para o circuito retificador monofásico de meia onda a diodo, carga RL Verifica-se que o diodo permanece mais tempo em condução (do que no caso de carga R), porque o indutor (L) tem a propriedade de se opor a qualquer variação da corrente: se ela tenta crescer positivamente, ele se opõe a isto, atrasando o seu crescimento; se ela tenta decrescer positivamente, o indutor se opõe, tentando impedir o seu decrescimento, retardando a sua chegada a zero. Isto só acontece, portanto, certo tempo depois do instante /. tempo: ms tempo: ms Corrente na carga Tensão na carga Tensão na rede / 2/ / Tensão na rede Tensão no indutor (VL) Tensão no diodo (VAK) Tensão no resistor de carga (VR) / / Gleisimar Line Gleisimar Accepted set by Gleisimar ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO22 É importante notar que a tensão no indutor (que corresponde à derivada da corrente) passa por zero no exato momento em que a corrente atinge o seu valor máximo (=derivada nula da corrente!). Vide Fig. 13, onde o pico de VR coincide com Ip. 2.2. Retificador a tiristor As formas de onda para o funcionamento do retificador a tiristor com carga RL são as seguintes: Fig. 14 – Formas de onda para o circuito retificador monofásico de meia onda a tiristor, carga RL O tiristor deste retificador está sendo disparado em cerca de 45 o ( = 45o), que é aproximadamente igual ao ângulo da impedância da carga ( = tg-1(L/R)). Mas a forma de onda da corrente varia de acordo com a relação entre esses dois ângulos. A Fig. 15 ilustra tais variações. 2.3. Equações básicas do circuito A seguir, encontram-se as principais equações relativas aos retificadores a diodo e a tiristor, com carga RL. 2.3.1. Para o retificador a diodo 2.3.1.1. Tensão média na carga RL: A tensão média na carga (Vcm) pode ser calculada pela aplicação adequada de um cálculo integral: 0 )()sen(2 2 1 tdtVV ecm )cos1( 2 2 ecm V V )cos1(225,0 ecm VV Tensão na rede Tensão na carga Corrente na carga / / tempo: ms ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 23 Fig. 15 – Variações da forma de onda da corrente de carga para diferentes relações entre e . Verifica-se que quando = a forma de onda da corrente resulta (teoricamente) senoidal! Esta expressão indica que a tensão média retificada sobre a carga (RL) varia, agora, com o valor da carga. Veja-se que para a carga R, a tensão média na carga era constante, não dependendo do valor da carga! Agora depende do valor do ângulo ! Este ângulo de extinção da corrente () precisa ser calculado para que se possa utilizá-lo na expressão acima, a fim de se chegar ao valor da tensão média na carga. 2.3.1.2. Corrente instantânea e ângulo Verifica-se, inicialmente, que a forma de onda da corrente (ic) não é mais uma “imagem” da tensão na carga (RL), mas deve ser determinada por uma análise diferencial a partir da aplicação da LKV (Lei de Kirchhoff das tensões) na única malha do circuito: )( )( )sen(2 tiR dt tdi LtV c c e Resolvendo-se tal equação diferencial, chega-se ao seguinte resultado: / 22 )0()sen( 2 )( tt e c eIt XR V ti ou )()()( 21 tititic < = > ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 24 onde: )(1 RXtg ; LX ; RL ; i1(t) e i2(t) são as componentes de regime permanente e transitória de ic(t), respectivamente. Ainda: It(0) é o valor inicial da componente transitória i2(t) e é dado por: )sen( 2 )0( 22 XR V I et Interpretação: a componente transitória é da forma exponencial, iniciando-se, no instante t=0, com o valor It(0) e decaindo exponencialmente, de acordo com a constante de tempo (), até anular-se. Já a componente de regime permanente tem a forma de onda do tipo senoidal, apresentando um defasamento, em relação à origem, dado pelo ângulo . (Vide Fig. 19 (a).) Para o cálculo do ângulo , utiliza-se a expressão da corrente instantânea no instante em que ela se anula. Tem-se, então: 0)( ci 0)sen()sen( e Ou, ainda: 0)sen()sen( )( tge Esta é uma função implícita, só podendo ser resolvida por um processo numérico (iterativo). Um programa como o Mathcad ou o MatLab pode traçar a curva correspondente, o que fornecerá o valor de para uma dada configuração de carga, em que o ângulo fica determinado. Com o valor de identificado, pode-se calcular o valor da tensão média na carga. A Fig. 16 apresenta a relação gráfica, calculada numericamente, entre e . A tensão média na carga RL é, teoricamente, a soma das tensões médias sobre o resistor e sobre o indutor. No entanto, numa análise “dual”, verifica-se que, assim como a corrente média através de um capacitor é nula (em regime permanente), pode-se concluir que para o seu dual (o indutor), a tensão média é nula! Conclui-se, então, que o valor da tensão média retificada sobre a carga RL é apenas devido ao resistor. Fig. 16 – Relação entre ângulos e (o) (o) ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 25 2.3.1.3. Tensão média no indutor na carga RL A Fig. 13 esclarece tal conclusão: a tensão média da forma de onda do indutor (VL) é, de fato, nula, uma vez que se constata – visualmente –, que a área positiva é igual à área negativa da curva, resultando tensão média nula. Uma análise gráfica pode ser feita relacionando a tensão sobre a carga (Vc) e as tensões sobre o indutor (VL) e sobre o resistor (VR). Tal análise parte da expressão da tensão sobre a carga: )()()()()( tiRtvtvtvtv cLRLc A Fig. 17 ilustra esta análise gráfica: nesta figura observa-se que a área dos vetores instantâneos positivos de vL(t) é teoricamente (e visualmente) igual à área dos vetores negativos. Isto deve ser interpretado como tensão média nula (ao longo de um ciclo da rede), já que a área positiva da tensão ao longo do tempo compensará a área negativa. (Vide Fig. 13.) Observar que os vetores de tensão instantânea positiva no indutor se anulam – e trocam de polaridade, em seguida – no instante em que a corrente na carga passa pelo ser valor máximo (ponto preto na curva de ic(t). Isto se explica: a derivada da corrente é nula nesse ponto, portanto a tensão no indutor também é nula. Fig. 17 – Análise gráfica envolvendo as componentes de tensão na carga 2.3.1.4. Corrente média: A corrente média (Icm) é simplesmente a relação entre a tensão média e o valor da resistência da carga (R). R V I cmcm )cos1( 225,0 R V I ecm R.ic(t) ic(t) Vc(t) t vL(t) ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 26 Uma forma alternativa para o cálculo da corrente média é aplicar-se o cálculo integral: )(sen)sen(2 2 1 0 / 22 tdet XR V I tecm Esta expressão pode ser “normalizada”, isto é, expressa em relação a uma norma (ou referência, ou base). Seja uma “corrente base” dada por: 22 2 XR V I eb . Portanto, ao dividir-se a corrente Icm por esta base, obtém-se: )(sen)sen( 2 1 0 / tdetI tcm onde a barra sobre a variável Icm indicará um valor “normalizado”, expresso, portanto, em por unidade (pu). Isto é útil para o traçado de gráficos ou ábacos “universais”, o que quer dizer, independentes de valores particulares dos parâmetros e grandezas físicas do circuito (R, L, C, v, etc.). Tais gráficos serão vistos à frente. 2.3.1.5. Corrente eficaz: A corrente eficaz, definida como a “raizmédia quadrática, em seu valor real (ampères), pode ser calculada como se apresenta a seguir: )(sen)sen(2 2 1 0 2 / 22 tdet XR V I tece A expressão normalizada resulta (expressa em “pu”): )(sen)sen( 2 1 0 2/ tdetI tce Utilizando-se um “software” como o Mathcad, podem ser geradas as duas curvas apresentadas na Fig. 18. Conhecendo-se o valor do ângulo de carga , as correntes média e eficaz normalizadas podem ser obtidas. Daí, através do valor conhecido da corrente de base, são obtidas as correntes reais em ampère. Deve ser relembrado que o valor eficaz da corrente é muito importante para calcular-se o valor da potência dissipada na carga (sobre o resistor). ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 27 Fig. 18 – Curvas para determinação das correntes média e eficaz normalizadas para o retificador monofásico de meia onda, a diodo, com carga RL 2.3.1.6. Potência dissipada (consumida) na carga RL: Como já se sabe, a potência dissipada existe apenas sobre o resistor, estando associada ao valor eficaz da corrente que o atravessa. Assim, tem-se: 2 cec IRP onde a corrente eficaz é obtida da Fig. 18, acima. 2.3.2. Para o retificador a tiristor 2.3.2.1. Tensão média na carga RL: A tensão média na carga (Vcm) pode ser calculada pela aplicação adequada de um cálculo integral: )()sen(22 1 tdtVV ecm )cos(cos225,0 ecm VV onde: min e 2max . 2.3.2.2. Corrente instantânea e ângulo A corrente instantânea desse circuito deve ser calculada por uma análise diferencial a partir da aplicação da LKV (Lei de Kirchhoff das tensões) na única malha do circuito: )( )( )sen(2 tiR dt tdi LtV c c e cmI ceI pu (o) ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 28 Resolvendo-se tal equação diferencial, chega-se ao seguinte resultado: / 22 ' )sen()sen( 2 )( tec et XR V ti ou )()()( 21 tititic onde: )(1 RXtg ; LX ; RL ; e tt ' é a nova variável tempo deslocada à direita (pelo ângulo ) em relação à variável tempo original (t), isto é: a origem do tempo para esta equação está deslocada de (/) em relação à origem da tensão da rede. Ainda: i1(t) e i2(t) são as componentes de regime permanente e transitória de ic(t), respectivamente. )sen( 2 )( 22 1 t XR V ti e / 222 ' )sen( 2 )( te e XR V ti A Fig. 15 (p. 7) ilustra três formas de onda diferentes para esta corrente em função de três relações diversas entre os ângulos (de disparo) e (de carga). Já na Fig. 19 encontram-se ilustrações, para esta mesma corrente instantânea, relativas aos retificadores a diodo (a) e a tiristor (b). 0 1 2 3 4 5 1 0.5 0 0.5 1 1.5 0 1 2 3 4 5 1 0.5 0 0.5 1 1.5 (a) Diodo (b) Tiristor Fig. 19 – Corrente instantânea e suas componentes, para carga RL. Importante notar que, no instante zero da corrente ic(t), os valores das suas componentes são iguais e de sinais contrários de tal forma que a resultante dê corrente nula! O ângulo de extinção é encontrado por meio do Ábaco de Puschlowski, a ser aplicado a todo circuito retificador a tiristor (ou a diodo) com carga RLE, entendendo-se esta abreviatura como: resistor, indutor, bateria. Esta carga pode ser entendida como modelando um motor de corrente contínua. Para o cálculo do ângulo de extinção faz-se a expressão para a corrente instantânea ser igual a zero quando t = . Obtém-se, assim, a expressão abaixo, It(0) -It(0) ic(t) i2(t) i1(t) i1(t) i2(t) ic(t) t ' ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 29 )( )sen()sen(0 L R e cuja solução analítica é impossível, acarretando uma solução numérica. O princípio do Ábaco de Puschlowski pode ser entendido a partir da Fig. 20. O parâmetro “a” informa o quanto próximo do pico da tensão da rede é o valor da tensão da bateria (E); é um valor escalar que varia de 0 a 1. O primeiro valor da figura é a1 = 0 (circuito sem bateria). A cada valor de “a” (que pode, também, ser entendido como o valor em “pu” da bateria, na base 2.Ve) tem-se um feixe de curvas correspondentes a valores de cos, que crescem de cima para baixo. Conhecidos, por exemplo, os valores de a2 , 2 e cos2 pode ser identificado graficamente o valor de 2. (Vide exemplo na própria figura.) Verifica-se que, para a > 0 podem ser obtidos valores de menores que 180o! a1 cos 1 cos 1 a2 cos n = valores crescentes cos n 0o 180o 360o 180o a=E/(2.Ve) 2 2 cos 2 Exemplo de leitura Fig. 20 – Princípio do ábaco de Puschlowski O gráfico real do ábaco de Puschlowski encontra-se disponível na Fig. 21 (pág.31), podendo ser utilizado para os retificadores monofásicos de meia onda, a diodo e a tiristor, com carga RLE. [Também poderá ser utilizado para circuitos retificadores monofásicos e trifásicos de ponto médio e para retificador do tipo ponte de Graetz (neste caso: a = E/(23Ve)).] 2.3.2.3. Corrente média na carga RL: A corrente média (Icm) é simplesmente a relação entre a tensão média na carga e o valor da resistência da carga (R), já que o valor da “tensão média” no indutor é nulo! R V I cmcm R V I ecm )cos(cos225,0 Uma forma alternativa para o cálculo da corrente média é aplicar-se o cálculo integral: ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 30 )()sen()sen( 2 2 1 )( 22 tdet XR V I tg t e cm Exatamente como foi feito no item 2.3.1.4 (pág.25), essa expressão pode ser normalizada em relação à corrente base: 22 2 XR V I eb . O resultado fica: )()sen()sen( 2 1 )( tdetI tg t cm que pode ser resolvida computacionalmente e expressa graficamente conforme a Fig. 22 (pág. 32). ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 31 Fig. 21 – Ábaco de Puschlowski. [Fonte: BARBI, Ivo. Eletrônica de potência. Edição do autor, Florianópolis – SC, 2006] (o) (o) cos()=0 a=0 a=0,2a=0,4 a=0,6 a=0,8 a=1,0 cos()=0,2 cos()=0,4 cos()=0,6 cos()=0,8 cos()=1,0 cos()=0,9 ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 32 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 Fig. 22 – Corrente média de carga, normalizada, parametrizada em . 2.3.2.4. Corrente eficaz na carga RL: A corrente eficaz, analogamente ao que foi feito para o caso do retificador a diodo, pode ser calculada pela expressão: )()sen()sen( 2 2 1 2 )( 22 tdet XR V I tg t e ce ou, de forma normalizada, como: )()sen()sen( 2 1 2 )( tdetI tg t ce que também pode ser expressa graficamente, conforme a Fig. 23. (Corrente base: 22 2 XR V I eb .) cmI α = 90º = 85º = 75º = 60º = 45º = 30º = 0º = 15º ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 33 2.3.2.5. Potência dissipada (consumida) na carga RL: A potência dissipada, ou consumida, na carga é obtida, como já se sabe, pela expressão: 2 cec IRP onde a corrente eficaz é obtida a partir da Fig. 23. 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 Fig. 23 – Corrente eficaz de carga, normalizada, parametrizada em . 3. Retificadores com carga RL e Diodo de “roda livre” Introduzindo-se um diodo em paralelo com a carga RL, obtêm-se os circuitos retificadores a diodo e a tiristor, conforme a Fig. 24. O funcionamento do circuito baseia-se no fato de que o indutor ainda tem corrente no instante em que a tensão da rede entra no semiciclo negativo. Isto, associado ao fato de que a polaridade instantânea de tensão do indutor é negativa (apontada para baixo, na figura), faz com que o diodo de roda livre fique polarizado diretamente e assuma a corrente da carga. Isto ocorre no mesmo instante em que o diodo principal se bloqueia, idealmente falando. Na prática, acontece um fenômeno de transição cruzada: a corrente no diodo principal cai a zero, de forma praticamente linear, enquanto a corrente no diodo de roda livre cresce, de forma análoga. Quando a corrente se anula no diodo principal este pode bloquear- se, pois a corrente da carga foi totalmente transferida para o diodo de roda livre. ceI α = 90º = 85º = 75º = 60º = 45º = 30º = 15º ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 34 (a) (b) Fig. 24 – Retificador monofásico com carga RL e diodo de roda livre: (a) a diodo; (b) a tiristor. A função do diodo de roda livre é dupla: a) elimina a parte negativa da tensão retificada, sobre a carga (RL); b) possibilita que a corrente na carga entre no chamado “modo de condução contínuo” (MCC), conforme se explica no quadro a seguir. MCC ocorre quando a corrente na carga não toca o nível zero em nenhum momento. Quando acontece de a corrente tocar, e permanecer algum tempo, no nível zero entra-se no chamado “modo de condução descontínuo” ou MCD. 3.1. Retificador a Diodo e com “Roda livre” A Fig. 25 apresenta as principais formas de onda relativas ao funcionamento do circuito retificador monofásico, a diodo, com carga RL e diodo de roda livre: tensões na rede e na carga, e corrente na carga. Fig. 25 – Formas de onda para o retif. a DIODO com carga RL e diodo de roda livre (I). A Fig. 26 apresenta a corrente na carga e suas duas componentes: a corrente no diodo principal e a no diodo de roda livre. Ic Ic VR VL Vc Vc VR VL IDRL ID IDRL IT Tensão na rede Tensão na carga Corrente na carga MCD ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 35 Fig. 26 - Formas de onda para o retif. a DIODO com carga RL e diodo de roda livre (II). A Fig. 27 ilustra a corrente, suas componentes e a tensão retificada numa situação em que o indutor é relativamente grande e leva o circuito para o modo contínuo (MCC). Fig. 27 – Retif. com carga RL e DRL: corrente em MCC, suas componentes e a tensão retificada. OBS.: Circuito com L muito grande e R muito pequeno: sem diodo de roda livre o circuito não entra em modo contínuo. Os resultados de simulação abaixo (Fig. 28) mostram o que acontece. A explicação: por um raciocínio absurdo, imagine-se que a corrente no indutor (retificador de meia onda a diodo, carga RL, sem diodo de roda livre) comece a crescer no primeiro semiciclo positivo e não caia a zero ao final do semiciclo negativo; então ela iria continuar crescendo indefinidamente, pois nenhum fator existiria para fazê-la estabilizar-se!... Este absurdo explica (ou tenta explicar!) o fato de que o circuito não pode entrar em modo contínuo, pois o indutor deverá, sempre, carregar-se e descarregar-se completamente a cada ciclo da rede. Interpretação da figura: – O diodo conduz o tempo todo! A corrente resulta uma senoide retificada, com valor médio não nulo! É um retificador de corrente, apenas! Corrente na carga Corrente no diodo principal Corrente no diodo de roda livre Corrente no diodo de roda livre Tensão retificada Corrente na carga Corrente no diodo principal MCC (L muito grande!) ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 36 Fig. 28 - Retificador de meia onda, a diodo, com carga RL, sem diodo de roda livre: L >> R. 3.1.1. Indutância crítica Pode-se perguntar qual é o valor da indutância que coloca este retificador com diodo de roda livre em modo contínuo! Este valor é conhecido como indutância crítica e caracteriza o modo crítico (MCr) de funcionamento do circuito. Este modo está ilustrado na Fig. 29. Fig. 29 – Ilustração para o cálculo da indutância crítica (Lc ). O cálculo da indutância crítica é feito a partir da consideração de que o tempo crítico (tc ) corresponde exatamente a um semiciclo da tensão da rede, e este tempo pode ser igualado a cinco (5) constantes de tempo () do circuito RL em roda livre. Tem-se, portanto: R L t cc 55 5 R Lc Tensão na rede Corrente na carga L = 300 mH; R = 1 m Tensão na rede Corrente na carga Modo de condução crítico (MCr): a corrente na carga RL (com diodo de roda livre) anula-se justamente no instante 2/. 2/ / tc = / ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 37 Este valor de indutância crítica serve como uma referência: um indutor de indutância menor que o valor daindutância crítica do circuito coloca o retificador em modo de condução descontínuo (MCD); no caso contrário, tem-se o modo de condução contínuo (MCC). 3.1.2. Tensão média na carga Com base na Fig. 27 pode-se verificar que o valor da tensão média na carga volta a ser igual àquele que ocorre para o retificador de meia onda com carga resistiva, pura: e e cm V V V 45,0 2 Esta tensão, retificada de meia onda, pode ser expressa por meio da série de Fourier, o que resulta: ... 75 )6cos( 53 )4cos( 3 )2cos(22 )sen( 2 22 )( tttV t VV tv eeec Esta expressão poderá ser usada para o cálculo das componentes harmônicas da corrente de carga instantânea, já que a corrente é a tensão dividida pela impedância (na frequência da harmônica considerada). 3.1.3. Corrente média na carga A corrente média na carga pode ser obtida a partir da tensão média da carga ou a partir da tensão instantânea expressa pela série de Fourier. Tem-se, então: A partir da tensão média: R V R V I eecm 45,02 A partir da série de Fourier da tensão: ...)()()()()( 6421 titititiIti cmc cujos valores das componentes são: )sen( 2 2 )( 1 1 1 t Z V ti e )2sen( 3 22 )( 2 2 2 t Z V ti e )4sen( 53 22 )( 4 4 4 t Z V ti e )6sen( 75 22 )( 6 6 6 t Z V ti e Em geral, para harmônica de ordem “n”: ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 38 )sen( )1()1( 22 )( n n e n tn Znn V ti [n 1] OBS.: Para uma componente harmônica (n 1) ser inserida no mesmo gráfico da corrente fundamental deve-se tomar o cuidado de se dividir por “n” o valor do seu defasamento n. Este será marcado a partir da referência (zero grau) da tensão da rede (origem da simulação ou das correntes do circuito real). Se for necessário calcular-se o valor eficaz da corrente na carga faz-se: ...... 226 2 4 2 2 2 1 2 cncccccmce IIIIIII onde: 1 1 2 Z V I ec , 2 2 3 2 Z V I ec , 4 4 15 2 Z V I ec , ... n e cn Znn V I )1)(1( 2 [n 1] Referência para os itens 3.1.2 e 3.1.3: BARBI, Ivo. Eletrônica de potência. Edição do autor, Florianópolis – SC, 2006. 3.2. Retificador a Tiristor e com “Roda livre” A Fig. 30 apresenta as principais formas de onda relativas ao funcionamento do circuito retificador monofásico, a tiristor, com carga RL e diodo de roda livre: tensões na rede e na carga, e corrente na carga. Fig. 30 - Formas de onda para o retif. a TIRISTOR com carga RL e diodo de roda livre (I). A Fig. 31 apresenta a corrente na carga e suas duas componentes: a corrente no tiristor e a no diodo de roda livre. Tensão na rede Tensão na carga Corrente na carga MCD ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 39 Fig. 31 - Formas de onda para o retif. a TIRISTOR com carga RL e diodo de roda livre (II). Observar que, neste caso, o ângulo é dado por: = 180o + d. A Fig. 32 ilustra a corrente, suas componentes e a tensão retificada numa situação em que o indutor é relativamente grande e leva o circuito para o modo contínuo (MCC). O cálculo da indutância crítica, para este caso (retificador monofásico, carga RL, com diodo de roda livre, a tiristor), é feito da mesma forma que para o caso a diodo (item 3.1.1 pág. 36), mas com o cuidado de observar que, neste caso: 2 ct . Fig. 32 - Retif. com carga RL e DRL: corrente em MCC, suas componentes e a tensão retificada. 3.2.1. Tensão média na carga Com base na Fig. 32 pode-se calcular o valor da tensão média retificada (na carga), a partir da integral: )()sen(2 2 1 tdtVV ecm o que resulta: Corrente na carga Corrente no tiristor Corrente no diodo de roda livre ( > ) d Corrente na carga Corrente no tiristor Corrente no diodo de roda livre Tensão retificada MCC (L muito grande!) 2 + Gleisimar Pencil ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 40 )cos1(225,0 ecm VV Isto significa que o valor médio da tensão retificada desse retificador não depende da carga (ângulos ou ), mas somente do usuário, através do ângulo de comando do tiristor (ou ângulo de disparo ). Para o caso particular em que = 0o, obtém-se, de novo, o caso do retificador a diodo: Vcm = 0,45.Ve. 3.2.2. Corrente média na carga A corrente média na carga pode ser obtida a partir da tensão média retificada: R V I cmcm R V I ecm )cos1(225,0 Já a corrente instantânea na carga (em MCD) – necessária para obtenção de ambos os valores médio e eficaz, normalizados – pode ser obtida como uma composição de duas correntes componentes da corrente de carga: componente que atravessa o tiristor (ic1) e componente que atravessa o diodo de roda livre (ic2). Portanto: 21 ccc iii Componente ic1: / 22 1 ' )sen()sen( 2 )( tec et XR V ti onde: tt ' (A nova variável tempo, t ’ , está atrasada de / segundos em relação à variável original, t. Isto é: a equação vale a partir do instante de tempo correspondente ao início da corrente no tiristor.) Componente ic2: '' 2 t c eIi onde: I é dada pelo valor de ic1 no instante /: )( 22 )sen()sen( 2 )( et XR V tI e e tt '' (A nova variável tempo, t ’’ , está atrasada de / segundos em relação à variável original, t. Isto é: a equação vale a partir do instante de tempo correspondente ao início da corrente no diodo de roda livre.) Com os valores parciais de ic1 e ic2 a corrente instantânea de carga pode ser calculada e, a partir dela, podem ser obtidos e traçados os valores das correspondentes correntes de carga média e eficaz. ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 41 4. Retificadores com carga RLE A carga mais genérica é justamente a combinação dos três elementos passivos que podem ser ligados em série: o resistor (R), o indutor (L) – que atuará, na prática, como um filtro de corrente – e uma bateria (E). Tal carga genérica é adequada para representar (modelar) um motor elétrico de corrente contínua. Em tal situação a bateria corresponderá à força contraeletromotriz (fcem) nos terminais das escovas do motor; o resistor corresponderá à resistência total do circuito de armadura; e o indutor corresponderá à indutância de dispersão associada aos enrolamentos do motor. As topologias (circuitos) daFig. 33 apresentam os retificadores a diodo e a tiristor com carga genérica RLE. (a) (b) Fig. 33 - Retificadores monofásicos com carga RLE: (a) a diodo; (b) a tiristor. 4.1. Retificador com carga RLE a diodo As formas de onda para o funcionamento do retificador a diodo e carga RLE estão apresentadas na Fig. 34. Fig. 34 – Formas de onda para o circuito retificador monofásico de meia onda a DIODO, carga RLE. A presença de uma bateria na carga faz com que o diodo apenas comece a conduzir quando a tensão na rede iguala a tensão da bateria. Antes disso o diodo encontra-se polarizado reversamente e não pode VR VL Vc Vc Ic Ic Tensão na rede Tensão na carga Corrente na carga 1 E = 50V ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 42 conduzir. A figura acima identifica tal ângulo como sendo o ângulo 1. Quando o diodo começa a conduzir, a tensão na carga é, exatamente, a tensão da rede! A tensão instantânea na carga (tensão retificada) apresenta, agora, uma característica notável: se a corrente está no modo de condução descontínuo (MCD), durante os instantes em que a corrente é nula, a tensão na carga resulta igual à da bateria, tal como seria medida por um voltímetro CC entre os terminais da carga. Não tendo corrente na carga, não há quedas de tensão em R e L, resultando apenas o valor da tensão da bateria! O ângulo de extinção da corrente () será calculado a partir do Ábaco de Puschlowski (Fig. 21), a partir do conhecimento dos três parâmetros disponíveis: ângulo de disparo (), cosseno do ângulo e valor por unidade da bateria (a). A Fig. 20 ajuda a revisar a interpretação e a utilização do ábaco de Puschlowski. Outro aspecto notável desse retificador é o fato de que a bateria influencia diretamente a desmagnetização do indutor: quanto maior o valor da tensão da bateria, menor será o tempo de existência da corrente e menor, portanto, o ângulo (supondo mantidos constantes os demais parâmetros). A Fig. 35 apresenta as formas de onda para o mesmo retificador da Fig. 34, mas com uma bateria de 100V. Observa-se um ângulo menor: correspondente a um tempo de 8,7ms. (Era um tempo de aproximadamente 10ms!) Este efeito explica-se pelo fato de que a integral da tensão ao longo do tempo tem dimensão de fluxo! Portanto, a bateria funciona como um elemento desmagnetizador do (fluxo do) indutor: quanto maior o valor da tensão da bateria, mais rapidamente será desmagnetizado o indutor, ou – o que é o mesmo – tanto mais rapidamente cai a corrente do circuito. Fig. 35 – Efeito do aumento do valor da tensão da bateria sobre o ângulo . 4.1.1. Tensão média na carga A tensão média na carga RLE pode ser interpretada como sendo composta de duas partes: o efeito médio da tensão da rede existente na carga entre 1 e (Vcm1) e o efeito médio da tensão da bateria ao longo do período (Vcm2), conforme se ilustra na Fig. 36. 1 Corrente na carga Tensão na carga Tensão na rede E = 100V ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 43 Fig. 36 – Cálculo da tensão média na carga: Vcm1 e Vcm2. A tensão Vcm1 é calculada da mesma forma que se fez para o caso do retificador a tiristor com carga RL (item 2.3.2.1 pág. 27). Tem-se então: 1 )()sen(2 2 1 1 tdtVV ecm )cos(cos225,0 11 ecm VV onde o valor de é obtido pelo ábaco de Puschlowski (pág. 31). A parcela Vcm2, correspondente ao efeito médio da tensão da bateria, é facilmente calculada, a partir da Fig. 36, como sendo: 2 )2( 1 2 EVcm A tensão média na carga (Vcm) valerá então: 2 )2()cos(cos225,0 1121 EVVVV ecmcmcm Pode-se questionar o fato de que não aparece na expressão para a tensão média na carga o valor da tensão média sobre o resistor... Isto se explica da seguinte maneira: a queda de tensão média sobre R está incluída na tensão média Vcm1, já que esta existe enquanto existe corrente circulando e provocando queda de tensão no resistor. Pode-se verificar este fenômeno a partir da Fig. 37 Fig. 37 – Tensão média sobre o resistor (R.Icm). Observe-se a igualdade de áreas (A1 = A2) no trecho que corresponde ao cálculo da tensão média Vcm1: isto é interpretado como igualdade dos fluxos positivo (A1 = magnetização) e negativo (A2 = desmagnetização) no indutor L. Se a área A1 (definida acima do nível da tensão média Vcm) iguala a área A2 (definida abaixo de Vcm), então a diferença entre os níveis de Vcm e E é, exatamente, a queda de tensão média sobre o resistor. De fato, se a resistência for considerada nula (caso R = 0; carga LE), então as áreas A1 e A2 serão definidas acima e abaixo, respectivamente, do nível E, pois este coincidirá com a tensão média na carga, já que não existirá tensão média sobre R! A1 = A2 Vcm E R.Icm 1 Vcm1 (2–+1) Vcm2 ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 44 4.1.2. Corrente média na carga A corrente média na carga é facilmente calculada partindo-se da seguinte igualdade: cmcm IREV Conclui-se então que: R EV I cmcm 4.1.3. Potência consumida na carga A potência consumida (ou absorvida) pela carga deverá ser entendida como sendo composta por duas partes: a potência dissipada no resistor e a potência absorvida pela bateria. Se bateria representar, de fato, uma bateria real, esta estaria sendo carregada; se representar um motor CC, este estará recebendo potência e transformando-a em potência mecânica ao girar numa velocidade proporcional à tensão da bateria (E). No caso do resistor, será necessário conhecer-se (por meio de um ábaco ou por simulação numérica) o valor da corrente eficaz na carga. Tem-se então: cmcec IEIRP 2 4.2. Retificador com carga RLE a tiristor Toda a análise realizada para o retificador a diodo, acima apresentada, pode ser aplicada ao caso do tiristor. Isto acontece devido ao fato de que o ângulo 1 (caso do diodo) corresponde ao ângulo min , neste caso do retificador a tiristor. As formas de onda para o funcionamento do retificador a tiristor, para um ângulo de disparo genérico () e carga RLE, estão apresentadas na Fig. 38. Fig. 38 – Formas de onda para o circuito retificador monofásico de meia onda a TIRISTOR, carga RLE. Tensão na rede Tensão na carga Corrente na carga E = 50V = 45o ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – PROF. ARAGÃO 45 Todos os comentários feitos para o caso do retificador a diodo, carga RLE, aplicam-se para este retificador a tiristor, de mesmo tipo de carga. A novidade aqui é a existência de uma variável de controle (o ângulo de disparo ) que provocará alterações nas formas de onda de tensão e corrente na carga. De fato, ao aumentar-se o ângulo de disparo (), o ângulo de extinção da corrente () fica alterado para menor. Comparando-se a Fig. 39 com a Fig. 38, observa-se que o ângulo diminuiu, bem como diminuiu o pico da corrente
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