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acordao 2017 1370248 (1)

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Nº 70073796146 (Nº CNJ: 0143729-84.2017.8.21.7000)
2017/Cível
APELAÇÃO CÍVEL. SERVIDOR PÚBLICO. MAGISTÉRIO. ALTERAÇÃO DE NÍVEL. IMPUGNAÇÃO DE ato ADMINISTRATIVO. prescrição do fundo de direito.
Decorrido o prazo de 05 (cinco) anos entre o ato administrativo que indeferiu a pretensão de alteração de nível e o ajuizamento da ação que o impugna, está prescrito o fundo de direito, à luz do art. 1º, do Decreto 20.910/32. Precedentes desta Câmara.
EXTINÇÃO DO FEITO PELA PRESCRIÇÃO. APELAÇÃO PREJUDICADA..
	Apelação Cível
	Quarta Câmara Cível
	Nº 70073796146 (Nº CNJ: 0143729-84.2017.8.21.7000)
	Comarca de Porto Alegre
	HERMES LUIZ MIRANDA STABEL 
	APELANTE
	ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 
	APELADO
	INSTITUTO DE PREVIDENCIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 
	APELADO
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos. 
Acordam os Desembargadores integrantes da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em extinguir o feito pela prescrição, restando prejudicada a apelação.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores Des. Alexandre Mussoi Moreira (Presidente) e Des. Antonio Vinicius Amaro da Silveira.
Porto Alegre, 09 de agosto de 2017.
DES. FRANCESCO CONTI, 
Relator.
RELATÓRIO
Des. Francesco Conti (RELATOR)
Trata-se de recurso de apelação interposto por HERMES LUIZ MIRANDA STABEL em face da sentença que julgou improcedentes os pedidos ajuizados contra o ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL e extinta a ação em relação ao IPERGS (fls. 72/76 verso).
Em suas razões (fls. 78/86), sustentou que o art. 8º da Lei do Magistério teve sua redação modificada pelo art. 2º, deixando de ser necessária a permanência dos servidores, por dois anos, no nível 5, para que pudessem passar para o nível 6. Alegou, portanto, que ao preencher os requisitos necessários para alcançar o nível 6, o apelante deveria alcançá-lo de imediato. Citou precedentes. Requereu o provimento do recurso.
Apresentadas contrarrazões pelo Estado (fls. 89/104) com alegação preliminar de prescrição do fundo de direito.
Nesta instância, o Ministério Público opinou pelo improvimento do recurso (fls. 107/108 verso). Apontou, preliminarmente, que estava consumada a prescrição no caso. 
Declinada a competência para julgar o feito (fls. 140/142), os autos foram redistribuídos e vieram-me conclusos em 27 de julho de 2017.
Esta Câmara adotou o procedimento informatizado e foi observado o disposto no artigo 931 e seguintes do CPC.
É o relatório.
VOTOS
Des. Francesco Conti (RELATOR)
Preenchidos os requisitos de admissibilidade, recebo o recurso interposto.
Em síntese, na presente demanda a parte autora, professor estadual inativo, alega que preencheu os requisitos para mudança para o nível 6 da carreira (realizou curso de pós-graduação em gestão escolar) quando ainda em atividade. 
Alegou que, contudo, seu pedido de promoção para o novo nível foi indeferido pelo Estado na esfera administrativa (fl. 24), de forma que veio a se aposentar no Nível 3. Pretende, além do reconhecimento de seu direito ao Nível 6, o pagamento das diferenças retroativas desde quando fez jus à promoção.
Compulsando os autos, verifico ser caso de acolher a preliminar suscitada pelo Estado, pois configurada a prescrição do fundo de direito.
Dispõe o art. 1º do Decreto nº 20.910/32 que:
“As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Município, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sai natureza, prescrevem em 5 (cinco) anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.” (grifei).
Conforme a narrativa do próprio apelante (fl. 80), a ciência do indeferimento administrativo da alteração de nível se deu em outubro de 2006. De fato, a negativa data de 19/10/06, como se pode verificar à fl. 24. A presente demanda, que, embora não requeira expressamente a anulação do ato, pretende justamente a declaração do direito negado naquele requerimento administrativo (f. 08), foi ajuizada somente em 28/09/2015 (fl. 02).
Desta forma, transcorrido o quinquenio entre a ciência do ato de indeferimento e o ajuizamento da demanda, deve ser reconhecida a prescrição do fundo de direito.
Por tal passo, é o posicionamento reiteradamente adotado por esta Câmara, in verbis:
APELAÇÃO CÍVEL. SERVIDOR PÚBLICO. MUNICÍPIO DE CACHOEIRA DO SUL. REVISÃO DE ATO DE APOSENTADORIA. CONTAGEM ESPECIAL DE TEMPO DE SERVIÇO LABORADO EM CONDIÇÕES INSALUBRES. PRESCRIÇÃO DE FUNDO DE DIREITO. Prescrevem em cinco anos as ações contra a Fazenda Pública, nos termos do art. 1º, do Decreto 20.910/32, portanto, decorrido este prazo, entre o ato de aposentadoria e a propositura da ação, prescrito está o próprio fundo de direito. Extinção do feito que se impõe, com o julgamento do mérito, nos termos do art. 295, IV, do CPC. EXTINGUIRAM O FEITO EM REEXAME NECESSÁRIO, PREJUDICADO O EXAME DO APELO. (Apelação Cível Nº 70052456662, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alexandre Mussoi Moreira, Julgado em 07/05/2014) (grifei).
APELAÇÃO CÍVEL. SERVIDOR PÚBLICO MILITAR. ANULAÇÃO DE ATO ADMINSITRATIVO. PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO. Decorrido o prazo de 05 (cinco) anos entre o ato administrativo impugnado e o ajuizamento da ação para sua anulação, está prescrito o fundo de direito, à luz do art. 1º, do Decreto 20.910/32. Precedentes desta Câmara. APELAÇÃO IMPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70073663866, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Francesco Conti, Julgado em 31/05/2017) (Grifei)
Destaco que, embora a parte autora pretenda também a revisão de sua aposentadoria para que seja inativada no Nível 6, o termo inicial para contagem do prazo prescricional não é o próprio ato de aposentadoria (ocorrido em 2012), visto que o ato administrativo impugnado é aquele de fl. 24, quando, após a conclusão da pós-graduação, a parte teve expressamente negada a pretensão de alteração de nível.
A hipótese, portanto, enquadra-se na ressalva da Súmula 85 do STJ�, visto que negado o próprio direito reclamado na esfera administrativa, não sendo aplicável o entendimento acerca da prescrição somente das parcelas anteriores a cinco anos do ajuizamento.
Ante o exposto, voto por acolher a preliminar, reconhecendo a prescrição de fundo de direito e extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, inciso II do CPC. Fica prejudicada a apelação.
Fica a parte autora responsável pelas custas processuais e pelos honorários advocatícios, estes fixados em 12% sobre o valor da causa, já considerando o disposto no art. 85, §11º do CPC. Suspensa a exigibilidade pela AJG (fl. 34).
Des. Antonio Vinicius Amaro da Silveira - De acordo com o(a) Relator(a).
Des. Alexandre Mussoi Moreira (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a).
DES. ALEXANDRE MUSSOI MOREIRA - Presidente - Apelação Cível nº 70073796146, Comarca de Porto Alegre: "À UNANIMIDADE, ACOLHERAM A PRELIMINAR, EXTINGUINDO O FEITO PELA PRESCRIÇÃO. APELAÇÃO PREJUDICADA."
Julgador(a) de 1º Grau: CARMEN CAROLINA CABRAL CAMINHA
� Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a fazenda publica figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do qüinqüênio anterior a propositura da ação.
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