Buscar

BLOCH- A observação histórica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA INFORMAÇÃO - ICHI
HISTÓRIA BACHARELADO
TEORIA E METODOLOGIA DA HISTÓRIA I
DOCENTE JÚLIA SILVEIRA MATOS
ACADÊMICO: Cláudia Severo 
E-MAIL: claudiasevero@live.com
MATRÍCULA: 75525
TEXTO 02: BLOCH, Marc. A observação histórica. In: Apologia da História ou O Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2001. 
	PÁG.
	IDEIA DO AUTOR
	REFLEXÃO
	69
	O historiador, por definição, está na impossibilidade de ele próprio constatar os fatos que estuda. [...] Das eras que nos precederam, só poderíamos [portanto] falar segundo testemunhos. 
	O conhecido do passado é construído pelo historiador por meio de testemunhos. Ou seja, todo o conhecimento do passado é indireto, pois não é observado, vivenciado pelo pesquisador, diferentemente de um estudo do presente. 
	70 
	Mas ao passo que um fisiologista que disseca uma cobaia percebe, com seus próprios olhos, a lesão ou a anomalia buscada, não conheço a situação de meus “homens de rua” senão por meio do panorama que eles mesmos aceitam me fornecer. Porque no imenso tecido de acontecimentos, gestos e palavras de que se compõem o destino de um grupo humano, o indivíduo percebe apenas um cantinho, estreitamente limitado por seus sentidos e sua faculdade de atenção [...]
	O observador não consegue acompanhar e detalhar todos os aspectos de um fenômeno, necessitando do relato de terceiros – testemunhos – para compor o panorama que deseja descrever. 
	72
	Não é absolutamente verdade [...] que o historiador seja necessariamente reduzido a só saber o que acontece em seu laboratório por meio de relatos de um estranho. Ele só chega depois de concluído o experimento, sempre. Mas, se as circunstâncias o permitirem, o experimento terá deixado resíduos, os quais não é impossível que perceba com os próprios olhos. 
	O historiador produz com o auxilio de testemunhos, de vestígios deixados pelas pessoas, pelos fenômenos. Entretanto, não é apenas com essa espécie de vestígios que é trabalhado. Há também documentos, outras fontes históricas. 
	75
	O passado é, por definição, um dado que nada mais modificará. Mas o conhecimento do passado é uma coisa em progresso, que incessantemente se transforma e aperfeiçoa. 
	O conhecimento do passado é exposto por pesquisas, trabalhos realizados ao longo dos anos por diversos profissionais. Entretanto, é modificável visto que novos vestígios surgem e novas pesquisas são realizadas; algumas semelhantes a outras, mas com diferentes objetivos e/ou ponto de vistas proporcionando novos detalhes ao conhecimento já adquirido e construído.
	78
	[...] a partir do momento em que não nos resignamos mais a registrar [pura e] simplesmente as palavras de nossas testemunhas, a partir do momento em que tencionamos fazê-las falar [,mesmo a contragosto], mais do que nunca impõe-se um questionário. Esta é, com efeito, a primeira necessidade de qualquer pesquisa histórica bem conduzida.
	Os testemunhos podem ser voluntários ou involuntários segundo Bloch. Ou seja, o indivíduo pode revelar algum dado importante em sua fala porque quis, mas há vezes em que orações são ditas e revelam detalhes muito mais pertinentes aos trabalhos sem que o entrevistado perceba que o fez – o testemunho involuntário. 
Logo, é importante absorver todos os detalhes que são e possam vir a ser importantes para a construção do fenômeno e seu estudo.
	81
	É bom, a meu ver, é indispensável que o historiador possua ao menos um verniz de todas as principais técnicas de seu ofício. Mesmo apenas a fim de saber avaliar, previamente, a força da ferramenta e as dificuldades de seu manejo. [...] No entanto, por maior que seja a variedade de conhecimentos que se queira proporcionar aos pesquisadores mais bem armados, elas encontrarão sempre, e geralmente muito rápido, seus limites. 
	Mesmo que o pesquisar possua todas as técnicas necessárias para a realização do seu ofício, é preciso ter conhecimento de outras e de disciplinas diferentes. Um leque de conhecimentos é importante para a construção de um novo. Independente do tema que estude, as técnicas limitarão o seu pesquisador em algum momento por não atenderem todos os requisitos da pesquisa. 
	83
	A despeito do que às vezes parecem imaginar os iniciantes, os documentos não surgem, aqui ou ali, por efeito [de não se sabe] qual misterioso decreto dos deuses. Sua presença ou ausência em tais arquivos, em tal biblioteca, em tal solo deriva de causas humanas que não escapam de modo algum à análise, e os problemas que sua transmissão coloca, longe de terem apenas o alcance de exercícios técnicos, tocam eles mesmos no mais íntimo da vida do passado, pois o que se encontra assim posto em jogo é nada menos do que a passagem da lembrança através das gerações.
	Somente os documentos não são capazes de fornecer todos os dados para o estudo de um fenômeno, é necessário depoimentos, testemunhos. A transmissão deles, a disposição deles em determinados locais não é sem razão. A localidade na qual estão presentes ou ausentes também pode ser objeto de estudo, visto que os documentos que ali se fazem presentes são significativos para aquela região. A transmissão não ocorre de maneira aleatória.

Outros materiais