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Aplicação da lei penal no espaço

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A APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções e regras de direito internacional, ao crime cometido em território nacional.
A teoria aceita pelo nosso código penal, em relação da aplicação da lei no espaço, é a teoria da territorialidade relativa, temperada ou mitigada, em detrimento da territorialidade absoluta; mantém harmonia com os demais Estados. 
LIMITES DO TERRITÓRIO NACIONAL
I – Limites compreendidos pelas fronteiras nacionais 
II – Mar brasileiro (12 milhas da litorânea média) 
III – Todo espaço aéreo subjacente ao nosso território físico ao mar nacional
IV – As aeronaves e embarcações (utiliza-se o princípio da bandeira para tal) 
Brasileiras privadas, em qualquer local que se encontrem, salvo mar territorial estrangeiro ou sobrevoando território estrangeiro, ou seja, privada em qualquer lugar que não esteja no estrangeiro. 
Brasileiras públicas onde quer que se encontrem. 
Estrangeiras privadas, no mar ou céu brasileiro. 
LUGAR DO CRIME 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no topo em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
No artigo, há presente a consumação do delito (onde se produziu) e, ao mesmo tempo, a tentativa do crime (onde deveria produzir-se o resultado). 
O código penal brasileiro adotou a teoria da Ubiquidade ou teoria mista, segundo a qual o crime se considera tanto praticado no lugar da conduta, quanto naquele que se produziu o resultado ou deveria produzir-se; cuida-se, portanto, da teoria de atividade. 
“Um brasileiro mata um argentino na fronteira, ou vice-versa, a lei brasileira será regida no caso concreto.” 
FORO COMPETENTE 
Como regra, dependerá do lugar da infração penal.
Se for impossível encontrar o local do crime ou infração, a competência territorial levará em conta o domicilio ou residência do réu. 
Para fixação de competência territorial, leva em conta o lugar do crime – teoria do resultado. 
Será competente para processar e julgar o fato o juízo do lugar onde a infração tenha se consumado; exceções em crimes contra a vida (foro é o local da conduta). 
QUANDO O CRIME OCORRE EM VÁRIOS LUGARES?
A competência é firmada por meio da prevenção, isto é, o lugar que primeiro realizar procedimentos em relação ao delito. 
“Extorsão mediante sequestro (crime permanente), o crime pode ocorrer em várias cidades – sequestra em uma e mantém em cativeiro em outra -, todas as cidades envolvidas serão competentes, prevalecendo entre elas o juízo do lugar em que houver a prevenção, ou seja, o local que praticar o primeiro ato processual ou medida relativa ao processo.” 
A prevenção resolve os casos em que houver dúvida sobre em qual comarca ocorreu o delito. 
No caso de crime tentado, o foro competente é o do último ato de execução. 
CRIMES À DISTÂNCIA 
Ocorre quando o crime começa no território nacional e consuma-se em outro, no exterior, será competente o forro do local que se deu o último ato de execução. 
“Crimes à distância são aqueles em que a ação ou omissão ocorre em um país e o resultado, em outro. “
I – Crimes integralmente consumidos no exterior 
Aplica-se a extraterritorialidade da lei brasileira, será competente o foro do capital do Estado onde por último o réu tenha tido domicilio ou residência, ou, em caso não os tenha, a capital da república. 
II – CRIMES COMETIDOS ABORDO DE AERONAVE NACIOAL, ESPAÇO AÉREO OU ALTO MAR, OU AERONAVE ESTRANGEIRA
Dentro do nosso espaço aéreo será competente o foro do local em que se verificar o pouso após o crime ou de onde houver partido a aeronave; mormente é competência da justiça federal. 
O domicilio ou a residência do réu constitui também critério de fixação de competência nacional, ao lado do lugar da infração; só usa esse critério quando desconhecido o local da infração penal. 
1º - Se desconhecido o lugar da infração, bem como o domicilio ou residência do réu, será competente o juízo do lugar que primeiramente tomar conhecimento da infração.
III – Aplicação do Foro optativo
Ocorre na ação penal exclusiva: o querelante poderá optar por ajuizar queixa na comarca do lugar onde se consumou a infração ou no foro ou no domicilio do querelado.
IV – JUIZADOS ESPECIAIS 
A competência do juízo será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal
A lei de juizado especiais usa a teoria da atividade, ou seja, o foro é de onde ocorreu a conduta. 
OBSERVAÇÕES ESPECIAIS 
TEMPO DO CRIME: é aquele que o sujeito pratica a conduta, ação ou omissão, ainda que seja outro o resultado – teoria da atividade. 
“A lei mais benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando da prolação da sentença — em decorrência do fenômeno da ultratividade — mesmo já tendo sido revogada a lei que vigia no momento da consumação do crime.” 
PARA CONTAGEM DA PRESCRIÇÃO: vale o momento em que ocorrer a consumação do crime 
LUGAR DO CRIME: o crime considera-se praticado tanto no lugar da conduta quanto naquele em que se produziu ou deveria produzir-se o resultado – teoria da ubiquidade ou mista. Em crime conexos, não se aplica a ubiquidade.
FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA TERRITORIAL: vale o lugar do resultado. 
EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI BRASILEIRA
É fenômeno pelo qual a lei brasileira aplica-se fora do território nacional, ou seja, aplica-se à soberania externa aplicada por algum tribunal ou juízo pátrio – normalmente justiça federal. 
“Em matéria penal, os tratados e as convenções internacionais, após serem referendados pelo Congresso Nacional, constituem fontes imediatas do direito penal e têm eficácia erga omnes. “
“A lei penal brasileira aplica-se ao crime perpetrado no interior de navio de guerra de pavilhão pátrio, ainda que em mar territorial estrangeiro, dado o princípio da territorialidade.” 
Parte superior do formulário
Parte inferior do formulário
I – PRINCÍPIOS APLICÁVEIS 
PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE/JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL/COSMOPOLITA
A gravidade do crime ou a importância do bem jurídico violado justificam a punição do fato, independentemente do local ou nacionalidade do agente 
Qualquer Estado pode chamar para si o deve de punir, basta estar no território – Brasil tem tribunal internacional penal. 
PRINCÍPIO DA REAL/PROTEÇÃO/DEFESA
Aplica-se a lei brasileira sempre que no exterior se der ofensa a um bem jurídico nacional de origem pública 
Contra patrimônio de autarquia (incondicionada/princípio da real proteção), ou vida contra vida e liberdade do presidente. 
PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE OU NACIONALIDADE 
A lei pátria aplica-se aos brasileiros em qualquer lugar em que o crime tenha sido praticado – cidadão do país está ligado às leis de seu país. 
I – Nacionalidade ATIVA: quando brasileiro pratica crime no exterior. 
II – Nacionalidade PASSIVA: quando brasileiro sofre o crime no exterior – aplicado na lei de tortura contra brasileiros, mesmo fora do país. 
PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO DA BANDEIRA
Leva em conta a bandeira da embarcação ou aeronave no interior da qual o delito foi praticado, quando no exterior
Exige-se que o crime não tenha sido julgado no estrangeiro para efeito de se aplicar a nossa lei, assumindo carácter subsidiário.
“De acordo com o princípio da representação, a lei penal brasileira poderá ser aplicada a delitos cometidos em aeronaves ou embarcações brasileiras privadas, quando estes delitos ocorrerem no estrangeiro e aí não forem julgados.”
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA E INCONDICIONADA 
São casos em que lei brasileiro aplica-se a fatos ocorridos mesmo fora do território da nação
I – Extraterritorialidade Incondicionada 
A extraterritorialidade incondicionada é aquela que não se exige qualquer condição para a aplicação da lei brasileira, mesmo que o fato já tenha sido julgado no exterior, ou seja, aplica a lei brasileira de qualquer forma 
Crimes contra a vida e liberdade do Presidente da República
Contra o patrimônio ou fé pública da união, DF, estados, territórios, municípios, autarquias,fundações públicas, sociedade de economia mista, empresa pública. 
Contra a administração pública, por quem está a seu serviço. * 
Crimes de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no brasil 
II – Extraterritorialidade Condicionada 
A extraterritorialidade condicionada depende de uma série de fatores, todos juntos, que são:
1 – Entrar o agente em território nacional – estar no Brasil. 
2 – Estar o crime incluídos naqueles em que a lei brasileira autoriza a extradição – fato deve ser crime tanto no brasil quanto no país da execução. 
3 – Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou ai não ter cumprido pena 
4 – Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro, ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo lei mais favorável
Os crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir 
Praticado em aeronave ou embarcação brasileira, marcantes ou propriedade privada, quando em território estrangeiro e ai não sejam julgado.
Praticados por brasileiro. 
A lei brasileira aplica-se, também, ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do brasil, se reunidas as condições anteriores e:
Não foi pedida ou negada a extradição
Houver requisição do Ministro da Justiça
A lei brasileira não se aplica à contravenção penal no exterior!!!!
E possível que o agente responsa dois processos ao mesmo tempo – no exterior e no brasil, quando incondicionada -, sobrevindo, portanto, duas condenações. 
Se os casos forem iguais, tanto no exterior quanto no Brasil, aplica-se o princípio do “NON BIS IDEM”, cujo escopo é não julgar a mesma pessoa duas vezes pelo mesmo fato.
Atenuação dar-se-á pelo juiz da execuções penais – pautando-se pela gravidade do caso e proporcionalidade, ouvido, sempre, o MP. 
A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil quando diversas; quando idênticas, computam-se, isto é, dá desconto de pena. 
A sentença criminal condenatória estrangeira é eficaz no direito brasileiro inclusive para fins de reincidência. 
QUESTÃO 
A respeito da aplicação da lei processual no espaço, considere: 
I. embarcações brasileiras de natureza pública, onde quer que se encontrarem. 
II. aeronaves brasileiras a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem. 
III. embarcações brasileiras mercantes ou de propriedade privada, que se acharem em alto mar. 
IV. aeronaves brasileiras mercantes ou de propriedade privada que se acharem no espaço aéreo brasileiro. 
V. embarcações brasileiras mercantes ou de propriedade privada, que se acharem no espaço aéreo de outro país. 
Considera-se território brasileiro por extensão as indicadas APENAS em
I, II, III, E IV
I – EXTRATERITORIALIDADE NA LEI DE TORTURA 
Constranger alguém com o emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Com fim de obter informações, declaração ou confissão da vítima ou terceira pessoa
Provocar ação ou omissão de natureza criminosa 
Em razão de discriminação racial ou religiosa 
Aplicam-se, ainda que o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou o agente encontrando-se em local de jurisdição brasileira
Princípio da nacionalidade ou personalidade adotado na lei de tortura. 
II – Extraterritorialidade da lei Penal Militar 
Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo das convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte, no território nacional, ou fora dele, ainda que o agente tenha sido processado ou tenha sido julgado na justiça estrangeira. 
Aplicação do princípio da extraterritorialidade incondicionada. 
III – TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL 
Julga crimes contra a humanidade, genocídio e agressão, conta atualmente com 108 países.
Competência de natureza supletiva; julga após efetiva instauração.
APLICAÇÃO DA LEI ESTRANGEIRA A FATOS COMETIDOS EM TERRITÓRIO NACIONAL
Extraterritorialidade da lei estrangeira; depende exclusivamente da legislação alienígena.
EXTRADIÇÃO DE AGENTE 
É a entrega de uma pessoa que cometeu uma infração penal por parte do Estado em cujo território se encontre a outro que a solicita; precisa de um tratado entre requerente e requerido (bilateral ou multilateral), ou quando o Estado promete reciprocidade ao Brasil. 
EXTRADIÇÃO ATIVA
Brasil faz o requerimento a outro país visando a entrega de uma nacional (o Brasil pede).
EXTRADIÇÃO PASSIVA 
Alguma nação requer ao Brasil a entrega de um infrator (Brasil dá) 
“Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei” 
O brasileiro nato jamais será extraditado 
O naturalizado pode quando for crime comum antes da naturalização
Tráfico de drogas é extraditado a qualquer tempo/data – naturalizado. 
“Não será concedida a extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião” 
“Os portugueses, equiparados aos brasileiros, gozam dos mesmos direitos concedido aos brasileiros naturalizados, havendo reciprocidade”
O STF é o órgão competente para julgar os casos de extradição. 
I – REQUISITOS PARA A EXTRADIÇÃO 
O pedido de extradição deve preencher alguns requisitos em face da lei brasileira. Dentre eles a eventual necessidade de que a pena de morte ou prisão perpetua seja comutada em privação de liberdade por, no máximo, 30 anos, em cumprimento à nossa CF. 
Extradição deve ser solicitada pelo Estado estrangeiro ao presidente da república
Presidente leva à análise do STF para ver se preenche requisitos formais 
Se denegatória, o vinculará; se concessiva, caberá ao chefe da nação concedê-la ou negá-la – prerrogativa inerente à soberania.
EXPULSÃO DE AGENTE DO PAÍS 
Não deve confundir extradição com expulsão
A expulsão ocorre quando estrangeiro entra em território irregularmente ou nele pratica atendados à ordem pública (segurança pública, ordem política ou social ou nocividade aos interesses sociais.) 
EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA 
Toda e qualquer sentença estrangeira precisa ser homologada no STJ
I – Para obrigar condenado à reparação de dano, à restituição e outros feitos civis: desde que haja requerimento do interessado e que nossa lei preveja. 
II – Para sujeita-lo a uma medida de segurança: desde que lei brasileira preveja os mesmos efeitos para a hipóteses tratada e que exista tratado de extradição com o país de origem ou requisição do ministro da justiça. 
Uma sentença estrangeira aplicou medida de segurança a um inimputável em virtude de doença mental, por exemplo. 
A sentença estrangeira não depende de homologação em caso de reincidência; impedir a obtenção de Sursis ou para aumentar o período para a concessão de livramento condicional. 
SURSIS / LIVRAMENTO CONDICONAL
Dependem de prova adequada
REINCIDÊNCIA (cometer o crime de novo)
Precisa de prova idônea de condenação.
“AVIÃO BR PÚBLICO = TERRITÓRIO DO BR”
CONTAGEM DE PRAZOS PENAIS 
Consideram-se prazos penais todos aqueles capazes de interferir, diretamente ou indiretamente, no exercício do “Ius Punied” estatal. 
São de índole material, pois refletem no direito de punir do Estado, assinalando exercício ou extinção, repercutem na liberdade individual. 
Possuem termo inicial (Dies a quo) e termo final (Dies Ad quem) 
TERMO INICIAL DO PRAZO – DIES QUO 
Inclui-se me sua contagem o termo inicial, excluindo-se o final.
“Uma pena de reclusão de 2 anos, cujo início se deu em 05 de março de 2012, será integralmente cumprida no ultimo minutos do dia 04 de março de 2014 (Inclui o início da contagem e exclui o final)
São adotados de acordo com o calendário comum, os anos possuirão tantos messes e dias quanto indicados no calendário. 
I – FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS 
O CP determina que, no cálculo das penas privativas e restritivas de direito, desprezam-se frações de dias. 
“Quando o juiz impuser uma pena de 2 anos e 2 messes de reclusão e, por incidência de causasde redução, tiver que diminuí-la, por duas vezes, à razão de um terço; fará o cálculo: 
2 anos e 2 messes – 1/3 da pena = 1 ano e 5 messes e 20 dias 
1 ano 5 messes e 20 dias – 1/3 da pena = 11 messes, 23 dias e 8 horas (não computa as frações de dia, ou seja, horas)
Prazo final da pena: 11 messes e 23 dias 
Penas privativas de liberdades e restritivas de direito desprezam as frações de dias, ou seja, as horas não são computadas, apenas os anos, messes e dias. 
No tocante às penas pecúnias, desprezam-se o centavos.
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE 
As regras gerais do CP aplicam-se a todas as leis penais especiais quando não dispuserem em sentido contrário 
Se há uma lei especial regendo um caso concreto, aplicar-se-á essa 
Lei de tráfico determina prazos que são próprios.

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