Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Professor MÁRIO GUARNIERI – DIREITO PENAL Página | 1 1. TEMPO DO CRIME É a identificação do momento em que se considera praticado o crime, para que se opere a aplicação da lei penal ao seu responsável. As teorias que buscam explicar esse momento se subdividem em três: A) TEORIA DA ATIVIDADE: considera praticado o crime no momento da conduta (ação ou omissão), pouco importando o momento do resultado. B) TEORIA DO RESULTADO: também conhecida como teoria do evento, reputa praticado o crime no momento do resultado C) TEORIA DA UBIQUIDADE: também conhecida como teoria mista, busca conciliar as teorias anteriores. Segundo essa teoria, o momento do crime é tanto o da conduta como também do resultado. O Código Penal adotou expressamente a teoria da atividade, na qual se considera praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 2. LEI PENAL NO ESPAÇO O Código Penal brasileiro limita a validade da li penal com a observância de dois vetores, a territorialidade (art. 5º do CP) e extraterritorialidade (art. 7º do CP). Através desses princípios é que se busca solucionar os conflitos de leis penais no espaço. A regra é a territorialidade. Excepcionalmente admitem-se outros princípios para o caso de extraterritorialidade, que são os da personalidade, do domicílio, da defesa, da justiça universal e da representação. 2.1 – Princípio da territorialidade Segundo o art. 5º do CP será aplicada a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. Essa é a regra. Mas a lei brasileira pode também ser aplicada aos crimes cometidos fora do Brasil. É considerado como território nacional o solo e o espaço aéreo correspondente e a faixa de mar territorial até 12 milhas náuticas. Importante lembrar do conceito de extensão território nacional previsto no art. 5º, §1º: “Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar”. 2.2 – Princípio da personalidade ou da nacionalidade Autoriza a submissão à lei brasileira dos crimes praticados no estrangeiro por autor brasileiro (ativa) ou contra vítima brasileira (passiva). Conforme a personalidade ativa, o agente é punido de acordo com a lei brasileira, independentemente da nacionalidade do sujeito passivo e do bem jurídico ofendido. Já com relação a personalidade passiva, caso a vítima seja brasileira, se o autor adentrar ao território nacional, embora estrangeiro, deverá ser julgado de acordo com a lei penal do Brasil. Professor MÁRIO GUARNIERI – DIREITO PENAL Página | 2 2.3 – Princípio do domicílio Conforme esse princípio, o autor do crime deve ser julgado em consonância com a lei do país em que for domiciliado, pouco importando sua nacionalidade. Está previsto no art. 7º, I, “d” do Código Penal no tocante ao crime de genocídio no qual o agente não é brasileiro, mas apenas domiciliado no Brasil. 2.3 – Princípio da defesa, real ou da proteção Permite submeter a lei brasileira aos crimes praticados no estrangeiro que ofendam bens jurídicos pertencentes ao Brasil, qualquer que seja a nacionalidade do agente e o local do delito. Esse princípio (art. 7º, I, “a”, “b” e “c”) compreende crimes contra: a) A vida ou liberdade do Presidente da República; b) O patrimônio ou a fé pública da União, Distrito Federal, de Estado, e Território, de Município, empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder público; c) A administração pública, por quem está a seu serviço. 2.4 – Princípio da justiça universal Também conhecido como princípio da justiça cosmopolita, da competência universal ou da jurisdição universal, é característico da cooperação penal internacional, porque todos os Estados da comunidade internacional podem punir os autores de determinados crimes que se encontrem em seu território, de acordo com as convenções ou tratados internacionais, pouco importando a nacionalidade do agente, o local do crime ou bem jurídico atingido (art. 7º, II, “a” do Código Penal). 2.4 – Princípio da representação Também intitulado de princípio do pavilhão, da bandeira, subsidiário ou da substituição. Segundo ele deve ser aplicada a lei brasileira a crimes praticados em aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando estiverem em território estrangeiro e lá não sejam julgados (art. 7º, II, “c” do Código Penal). Caso a aeronave ou embarcação brasileira seja pública ou esteja a serviço do governo brasileiro, incidirá o princípio da territorialidade, aplicando-se a lei brasileira. 2.4 – Princípio da passagem inocente Este princípio que foi assinada pelo Brasil, prevê que uma embarcação de propriedade privada, de qualquer nacionalidade, possui o direito de atravessar o território de uma nação, desde que não ameace a paz, a segurança e a boa ordem do Estado. Aplicando tal princípio ao Direito Penal, a Doutrina entende que se um crime for praticado a bordo de uma embarcação que se encontre em “passagem inocente”, não será aplicável a lei brasileira a este crime, desde que o crime em questão não afete nenhum bem jurídico nacional. Ex.: Um francês mata um holandês dentro de um navio argentino em situação de passagem inocente. A Doutrina estende a aplicação do princípio também às aeronaves privadas em situação semelhante. 3. LUGAR DO CRIME A aplicação do princípio da territorialidade da lei penal no espaço depende da identificação do lugar do crime. Nesse cenário, destacam-se três teorias: A) TEORIA DA ATIVIDADE: considera lugar do crime o local da conduta (ação ou omissão), pouco importando o local do resultado. Professor MÁRIO GUARNIERI – DIREITO PENAL Página | 3 B) TEORIA DO RESULTADO: reputa como lugar do crime o local em que se produziu ou deveria produzir o resultado, pouco importando o local da prática da conduta C) TEORIA DA UBIQUIDADE: Lugar do crime é tanto o local onde se deu a conduta (ação ou omissão) como o local onde se deu o resultado. Essa foi a teoria adotada expressamente pelo Código Penal, em seu art. 6º. A discussão sobre o local do crime só tem espaço quanto aos crimes a distância, aqueles na qual a conduta é pratica em um país e o resultado vem a ser produzido em outro. Não se trata de comarcas distintas, mas sim países diferentes. Em relação a tentativa, o lugar do crime abrange aquele em que se desenvolveram os atos executórios, bem como aquele que deveria produzir-se o resultado. 3.1 – Não se aplica a teoria da ubiquidade: a. CRIMES CONEXOS: São aqueles que de algum modo estão relacionados entre si. Não se aplica a teoria da ubiquidade, uma vez que não há unidade jurídica. b. CRIMES PLURILOCAIS: São aqueles em que a conduta e o resultado ocorrem em comarcas diversas, mas no mesmo país. Nesse caso aplica-se a regra do art. 70 do Código de Processo Penal, na qual prevê a competência do local onde se consumar a infração e, no caso de tentativa, pelo local em que for praticado o último ato de execução. c. INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO: O art. 63 da lei 9.099/95 adotou a teoria da atividade para os crimes de menor potencial ofensivo. d. CRIMES FALIMENTARES: Será competente o foro do local em que foi decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperaçãoextrajudicial. e. ATOS INFRACIONAIS: Para os crimes ou contravenções penais praticados por crianças e adolescentes, será competente a autoridade do lugar da ação ou da omissão. (art. 147, §1º, lei 8069/90 – ECA). 4. EXTRATERRITORIALIDADE É a aplicação da lei brasileira aos crimes praticados no exterior. Justifica-se pelo fato do Brasil ter adotado, relativamente a lei penal no espaço, o princípio da territorialidade temperada ou mitigada (art. 5º, CP) autorizando, excepcionalmente, a incidência da lei penal brasileira a crimes praticados fora do território nacional. A extraterritorialidade pode ser condicionada ou incondicionada. 4.1 – Extraterritorialidade incondicionada: Não está sujeita a nenhuma condição para que seja aplicada da lei brasileira, bastando que seja praticado o crime. As hipóteses de extraterritorialidade incondicionada são as seguintes: a) A vida ou liberdade do Presidente da República; b) O patrimônio ou a fé pública da União, Distrito Federal, de Estado, e Território, de Município, empresa pública, sociedade de economia Professor MÁRIO GUARNIERI – DIREITO PENAL Página | 4 mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder público; c) A administração pública, por quem está a seu serviço. d) Crime de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. Em fase da detração penal (art. 8º, CP), no caso de extraterritorialidade incondicionada, a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Ex: Se foi cometido crime contra o Presidente de República na Colômbia, e lá foi condenado a dez anos, dos quais cumpre 8 e foge para o Brasil, vindo a ser condenado a 12 anos. Nesse caso ocorrerá a detração e precisará cumprir só mais 4 anos. 4.2 – Extraterritorialidade condicionada: Nestes casos, o Brasil só aplicará a lei nacional se as condições (cumulativas) ocorrerem. Caso contrário, o Brasil não poderá apenar o agente. As hipóteses de e extraterritorialidade condicionada são: a) Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) Crimes praticados por brasileiro; c) Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados; Já com relação as condições (cumulativas) são as seguintes: a) Entra o agente no território nacional; b) Ser o fato punível também no país em que foi praticado (dupla tipicidade); c) Esta o crime incluído naqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter ai cumprido penal (se foi condenado e ainda não cumpriu a pena, total ou parcialmente, aplica-se a regra do art. 8º do CP). e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 4.3 – Extraterritorialidade hipercondicionada: É aquela prevista no art. 7º, §3º do código Penal: § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. 5. LEI PENAL EM RELAÇÃO AS PESSOAS O princípio da territorialidade não é absoluto, podendo ser afastado em alguns casos. A territorialidade é temperada ou mitigada, segundo o art. 5º do Código Penal. 5.1 – Imunidades diplomáticas As imunidades diplomáticas estão previstas na Convenção de Viena, incorporada ao nosso ordenamento jurídico através do Decreto 56.435/65, que prevê imunidade total (em relação a qualquer crime) aos Diplomatas, que estão sujeitos à Jurisdição de seu país Professor MÁRIO GUARNIERI – DIREITO PENAL Página | 5 apenas. Esta imunidade se estende aos funcionários dos órgãos internacionais (quando em serviço!) e aos seus familiares, bem como aos Chefes de Governo e Ministros das Relações Exteriores de outros países. Essa imunidade é IRRENUNCIÁVEL, exatamente por não pertencer à pessoa, mas ao cargo que ocupa! A essas pessoas é assegurada a inviolabilidade pessoal, já que não podem ser presas nem submetidas a qualquer procedimento sem autorização de seu país. A imunidade não se aplica aos empregados particulares dos diplomatas, ainda que oriundos do Estado representado. Os cônsules, por seu turno, são funcionários públicos de carreira ou honorários e indicados para a realização de determinadas funções em outros países, com imunidades e privilégios inferiores aos diplomatas. A imunidade penal é limitada aos atos de ofício, podendo ser processados e condenados por outros crimes. As sedes das embaixadas não são extensão do território estrangeiro no Brasil. Logo, se lá ocorrer a prática de crime por pessoa que não tem imunidade, ela poderá ser processada e julgada. 5.1 – Imunidades parlamentares As imunidades parlamentares são prerrogativas ou garantias inerentes ao exercício do mandato parlamentar, preservando-se a instituição de ingerências externas. As imunidades podem ser absoluta, material e real ou processual, formal, adjetiva. A imunidade material protege o parlamentar sem suas opiniões, votos e palavras desde que relacionadas às suas funções, não abrangendo manifestações desarrazoadas e desprovidas de conexão com seus deveres constitucionais. Por sua vez, a imunidade formal envolve a prisão e instauração de processo contra Deputados Federais e Senadores. Sobre a imunidade formal acerca da prisão, a regra geral é de que os parlamentares não podem ser presos, prisão cautelar e penal em qualquer de suas modalidades e também a prisão civil. A única exceção admitida pela Constituição Federal é a hipótese de prisão em flagrante pela prática de crime inafiançável. Na hipótese de prisão por crime inafiançável, os autores deverão ser remetidos a respectiva casa no prazo de 24 horas para que, pelo voto da maioria absoluta, resolva sobre a prisão. Já com relação a imunidade formal para o processo, deve ser observada a disposição do art. 53, §3º da CF8: “§3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação”. Essas regras (referentes a ambas as espécies de imunidades) são aplicáveis aos parlamentares estaduais (Deputados estaduais), por força do art. 27, § 1° da Constituição. Entretanto, aos parlamentares municipais (vereadores) só se aplicam as imunidades materiais 6. EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II - sujeitá-lo a medida de segurança. Parágrafo único - A homologação depende: a) para os efeitos previstos no inciso I, de Professor MÁRIO GUARNIERI – DIREITO PENAL Página | 6 pedido da parte interessada; b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. EXERCÍCIOS 01. (INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Investigador de Polícia Civil) Analise a seguinte situação hipotética: Vicente, brasileiro, durante suas férias em Moscou (Rússia), cometeu o crime de roubo contra uma loja de conveniência local e, lá, foi processado e condenadoà pena de quatro anos de reclusão, os quais já foram integralmente cumpridos. Ocorre que, pelo mesmo crime, também foi processado e condenado, no Brasil, à pena de sete anos de reclusão. De acordo com o Código Penal, Vicente: a) não deverá cumprir pena alguma no Brasil, tendo em vista que já cumpriu integralmente sua pena na Rússia. b) não deverá cumprir pena alguma no Brasil, haja vista que o caso narrado representa hipótese de extraterritorialidade incondicionada. c) deverá cumprir, em razão da soberania brasileira, mais sete anos de reclusão no Brasil. d) deverá cumprir, em virtude do princípio da independência das instâncias, mais sete anos de reclusão no Brasil. e) deverá cumprir, ainda, três anos de reclusão no Brasil. 02. (INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Investigador de Polícia Civil) Em consonância ao Código Penal, foram adotadas, via de regra, quanto ao tempo e ao lugar do crime, bem como quanto ao concurso de pessoas, respectivamente, as teorias: a) do resultado, da atividade e monística. b) da atividade, do resultado e pluralística. c) da atividade, mista e unitária. d) do resultado, da ubiquidade e unitária. e) da ubiquidade, da atividade e monística. 03. (INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil) De acordo com o Direito Penal, assinale a alternativa INCORRETA. a) Aplica-se a lei brasileira ao crime de homicídio cometido na Argentina contra o Presidente da República do Brasil. Trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondicionada, dada a incidência do princípio da representação. b) A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. c) Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. d) Para a configuração do delito de violação de direito autoral e a comprovação de sua materialidade, é suficiente a perícia realizada por amostragem do produto apreendido, nos aspectos externos do material, e é desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou daqueles que os representem. e) O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de catorze anos, sendo irrelevante eventual Professor MÁRIO GUARNIERI – DIREITO PENAL Página | 7 consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente. 04. (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) Segundo dispõe o artigo 7º, inciso I, do Código Penal, fica sujeito à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro, o crime a) de genocídio, ainda que o agente seja estrangeiro e não resida no Brasil. b) contra o patrimônio do Presidente da República. c) contra a liberdade de Ministro das Relações Exteriores. d) contra o patrimônio de fundação instituída pelo Poder Público. e) contra a vida de empregado de Sociedade de Economia Mista. 05. (CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil) Com relação a lugar do crime e territorialidade e extraterritorialidade da lei penal, conforme previstos no CP, assinale a opção correta. a) Nos crimes tentados, o lugar do crime será onde o agente pretendia que tivesse ocorrido a consumação do delito. b) Nos crimes conexos, não se aplica a teoria da ubiquidade, devendo cada crime ser julgado pela legislação penal do país em que for cometido. c) No concurso de pessoas, o lugar do crime será somente aquele em que ocorrerem os atos de participação ou coautoria, independentemente do local do resultado. d) No crime continuado, somente será aplicada a lei nacional quando todos os fatos constitutivos tiverem sido praticados em território brasileiro, por se tratar de delito unitário. e) Nos crimes complexos, não se aplica a teoria da ubiquidade, mesmo que o delito-meio tenha sido cometido em território brasileiro. 06. (FGV - 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto) Russel, Secretário Estadual de Lazer e Diversão, ajuizou queixacrime contra o Deputado Federal Jack pela prática, em tese, dos crimes previstos nos artigos 138, 139 e 140, combinado com o artigo 141, inciso III, todos do Código Penal. Narrou, para tanto, que o Deputado Federal, a partir de publicação veiculada na internet por meio da rede social AllTogether e posteriormente também divulgada via aplicativo de mensagens TalkAbout, proferiu ataques dirigidos ao querelante que ofenderam sua honra subjetiva, objetiva, além de imputar-lhe a prática do “crime de improbidade administrativa”. O querelante atribuiu as seguintes declarações ao Deputado Federal, que classifica como crimes de difamação, injúria e calúnia: “O maior deboche com dinheiro público que eu já vi na minha vida! Missão governamental do Estado X, Secretário Estadual de Lazer e Diversão Russel, com dois assessores, foram para Orlando, dos dias 18 a 25 de janeiro, para a Feira de Armas Shoot me to Death, com diária de US$350,00, para cada um, totalizando US$2.275,00, mais passagem de US$14.000,00. O Secretário, todos os anos, há muitos anos, vai a essa feira com o dinheiro da família, porém, agora pegou o dinheiro do Estado X para ir. O que tem o Secretário Estadual de Lazer e Diversão a ver com uma Feira de Armas em Orlando? Onde ele está, inclusive, usando vídeos para sua promoção pessoal. Ele é Secretário de Segurança por acaso? Ele foi fazer turismo, uma vergonha isso, o que vem para o Estado X com essa viagem, senhor Governador? Isso é nítido ato de improbidade e como Deputado Federal não admito, quero o melhor para o Estado X”. No que pertine à prática de Professor MÁRIO GUARNIERI – DIREITO PENAL Página | 8 crime pelo referido Deputado Federal, é correto afirmar que: a) estando a fala do Deputado Federal ligada ao exercício do mandato e ao debate político, há incidência da imunidade material, o que, consequentemente, afasta a tipicidade da conduta; b) as prerrogativas de Deputado Federal limitam-se a instituições vinculadas diretamente à União, não se estendendo seus poderes e imunidades a atos praticados fora de sua esfera de atuação; c) estando a fala do Deputado Federal ligada ao exercício do mandato e ao debate político, há incidência da imunidade material, o que, consequentemente, afasta a ilicitude da conduta; d) as prerrogativas de Deputado Federal limitam-se a manifestações realizadas dentro da respectiva Casa Legislativa, mesmo que não guardem conexão com o exercício do mandato; e) estando a fala do Deputado Federal ligada ao exercício do mandato e ao debate político, há incidência da imunidade formal, o que, consequentemente, demanda manifestação da respectiva Casa Legislativa sobre a sustação do processo. 07. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Agente de Polícia da Carreira de Polícia Civil do Distrito Federal) No que diz respeito à aplicação do Direito Penal, julgue o próximo item. A competência para julgar crimes ocorridos dentro de embaixadas estrangeiras situadas em Brasília é, em princípio, da justiça brasileira. ( ) Certo ( ) Errado 08. (CESPE - 2013 - DEPEN - Agente Penitenciário). Acerca dos institutos da territorialidade e extraterritorialidade da lei penal, da pena cumprida no estrangeiro e da eficácia da sentença estrangeira, julgue os itens seguintes. A homologação de sentença estrangeira no Brasil, nos casos em que a aplicação da lei brasileira produza na espécie as mesmas consequências, independe de pedido da parte interessada, a fim de obrigar o condenado a reparar o dano. ( )Certo ( ) Errado 09. (FGV - 2021 - TJ-RO - Técnico Judiciário) Sobre a aplicação da lei penal no espaço, é correto afirmar que: a) pelo princípio da extraterritorialidade, aplica-se a lei penal brasileira aos fatos puníveis praticados no território nacional, quando o agente for estrangeiro; b) a lei brasileira adota o princípio da territorialidade como regra, ainda que de forma atenuada, uma vez que ressalva a validade de convenções e tratados internacionais; c) o princípio da nacionalidade ou da personalidade permite a extensão da jurisdição penal do Estado titular do bem lesado para além dos seus limites territoriais; d) o princípio real, de defesa ou de proteção permite a aplicação da lei penal da nacionalidade do agente, pouco importando o local em que o crime foi praticado; e) o princípio da universalidade ou cosmopolita aplica-se à lei penal da nacionalidade do agente, pouco importando o local em que o crime foi praticado. Professor MÁRIO GUARNIERI – DIREITO PENAL Página | 9 10. (FGV - 2021 - SEFAZ-ES - Auditor Fiscal da Receita Estadual – Tarde) Relativamente ao tema da aplicação da lei penal no tempo, analise as afirmativas a seguir. I. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. II. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela os efeitos penais da sentença condenatória, incidindo o princípio da abolitio criminis aos crimes decorrentes de leis penais excepcionais e temporárias. III. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado e já iniciada a execução da pena. Está correto o que se afirma em: a) II, apenas. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. QUESTÃO GABARITO 01 A 02 C 03 A 04 D 05 B 06 A 07 Certo 08 Errado 09 B 10 C
Compartilhar