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Resenha Espírito do Capitalismo - Max Webber -Rodrigo Pedruzzi - 13400374


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO 
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS 
MODALIDADE À DISTÂNCIA 
PÓLO VILA FLORES/RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS 
ATIVIDADE II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rodrigo Cleber Pedruzzi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vila Flores, RS, 21 de Setembro de 2014. 
 
 O presente trabalho de Introdução às Ciências Sociais é uma resenha 
crítica da leitura do capítulo do livro “A Ética Protestante e o Espírito do 
Capitalismo”, de Max Webber, intitulado de “O Espírito do Capitalismo”. E como 
já nos fala o texto no seu início, o autor diz que apenas no final da leitura do 
texto, pode-se entender a relação entre a ética protestante e o capitalismo. 
Podemos ficar intrigados com o título que indica uma correlação entre 
uma religião e seus princípios e o assunto dinheiro. No início do segundo 
capítulo deste livro, o autor nos relata que a essência do capitalismo é mais 
ampla que os conceitos apresentados, sendo que devem sempre ser isenta de 
qualquer religião, mesmo que a história de nossas sociedades estivesse e 
ainda esteja muito próxima a religiões e suas doutrinas. 
 “Mas como, apesar de tudo, se trata de identificar o objeto com cuja 
análise e explicação histórica estamos às voltas, então não é o caso 
de dar uma definição conceitual, mas cabe tão-somente oferecer 
[pelo menos por ora] um delineamento provisório daquilo que se 
entende por “espírito” do capitalismo. Tal delineamento é de fato 
indispensável a fim de compreender o objeto da pesquisa, e é com 
esse fito que vamos nos deter em um documento desse “espírito” que 
contém, em pureza quase clássica, aquilo que antes de mais nada 
nos interessa aqui [e simultaneamente oferece a vantagem de ser 
isento de toda relação direta com a religião e por conseguinte – para 
nosso tema – “isento de pressupostos”].” 
 (WEBER, 2004, p. 42) 
Parece que a história de colonização e o desenvolvimento de algumas 
nações (ou regiões delas) se destacam justamente pelo enfoque ideológico de 
suas doutrinas/religiões. Como exemplo, podemos citar os Estados Unidos da 
América onde sua colonização ao norte foi feita por intelectuais, pensadores e 
grandes capitalistas, e ainda detém o capital – o dinheiro. Assim também 
ocorreu no norte da Europa, sendo a Alemanha mais industrializada em 
comparação com a França. Também podemos citar um terceiro exemplo, a 
Itália, que mesmo com o domínio da religião católica, segue o mesmo modelo, 
tendo ao norte o pólo mais industrializado que a parte sul. É claro que a Itália 
se beneficiou com a introdução do capitalismo, tanto que a Igreja Católica é 
acusada de burguesia devido às posses do clero até os dias de hoje, sendo 
que a renúncia do papado atual cause comentários de admiração pelo mundo. 
Como os países anglo-saxões não tinham um vínculo com a igreja 
católica devido o rompimento do fundador do protestantismo - Martinho Lutero 
(1483 – 1546), o capitalismo se desenvolveu mais fortemente nesses países, 
devido a idéias de sua doutrina, do dever como vocação, a produtividade, como 
podemos ver no texto de Benjamin Franklin citado no capítulo, que mencionarei 
na seqüência. 
Contrariando o que muitos imaginam o berço do capitalismo, não é o 
continente Europeu e muito menos os Estados Unidos da América. Existe um 
período na história, em que um sistema muito parecido com o que temos hoje 
no capitalismo atual se fez presente em locais como China, Índia, Babilônia, 
ocorreu em épocas da Antiguidade e na Idade Média. A esse sistema a história 
deu o nome de pré-capitalismo. 
Esse pré-capitalismo não possuía a ética dos tempos de Benjamin 
Franklin, que já no século XVII, na Nova Inglaterra, e como mencionado na 
citação parágrafos acima, é um texto livre de conotação religiosa, ele prega 
que tempo é dinheiro, crédito é dinheiro, o dinheiro é procriador por natureza e 
fértil e que um bom pagador é senhor da bolsa alheia (WEBER, 2004, p. 42,43). 
 “(...) o motivo fundamental da economia moderna como um todo é o 
“racionalismo econômico”. E com todo o direito, se entendermos por 
essa expressão o aumento da produtividade do trabalho que, pela 
estruturação do processo produtivo a partir do ponto de vista 
científicos, eliminou a dependência dos limites fisiológicos da pessoa 
humana impostos pela natureza. (...) esse processo de racionalização 
no plano da técnica e da economia sem duvida condiciona também 
uma parcela importante dos “ideais de vida” da moderna sociedade 
burguesa: o trabalho como o objetivo de dar forma racional ao 
provimento dos bens materiais necessários à humanidade é também, 
não há duvida, um dos sonhos dos representantes do “espírito 
capitalista, (...) 
 WEBER, 2004, p. 67 
Com essas máximas, o autor cita que ninguém terá duvidas de que se 
trata do espírito do capitalismo, e que Franklin afirma que o melhor da ética 
capitalista é ganhar dinheiro, reforçando a idéia do dever do homem de se 
interessar pelo aumento de suas posses como um fim em si mesmo, e que o 
tempo em que não produz é tempo perdido. 
E depois de ganhar dinheiro, ganhar mais dinheiro, e assim 
sucessivamente, buscando a felicidade e utilidade em ganhar dinheiro. Essa 
incessante busca ao dinheiro, é o letimov do capitalismo, ou seja, o motivo dos 
motivos. 
Podemos considerar estas máximas de Franklin úteis até os dias de 
hoje, pois as virtudes estão interligadas entre si. Ser honesto é útil porque traz 
o crédito, e o crédito e a pontualidade nos fazem passar a imagem de 
honestidade. (WEBER, 2004, p.45,46) 
Porém Weber menciona em seu livro que fazer das pessoas dinheiro é 
um dos problemas do capitalismo hodierno, que domina de longa data a vida 
econômica. Esse sistema educa e cria para si mesmo, por via de seleção 
econômica os sujeitos econômicos – empresários e operários – de que 
necessita. Isto se deve ao fato de que quanto maior a habilidade na profissão 
maior será o ganho financeiro. 
Isto vem contra a tendência tradicionalista, atual e antiga, que é produzir 
maior ganho, recebendo o mesmo valor, porém trabalhando menos, o que 
ameaça o capitalismo, mas talvez sua existência esteja garantida pela idéia de 
que tempo é dinheiro e que temos que aumentar nossos ganhos, uma máxima 
aceita por todas as classes sociais inclusive nos dias de hoje. 
No capitalismo seu desenvolvimento é constituído a partir de duas 
classes sociais. Podemos dizer que os empresários oprimem e exploram a 
classe operária, e esta é explorada e oprimida pelos empresários, regulando as 
relações sociais e também o consumo dos bens materiais produzidos. Com 
isso, o capitalismo se apropria de praticamente todas as relações sociais no 
processo de exploração acima citado. Da leitura realizada, podemos entender 
que a classe dominante poderá explorar a classe operária, levando em conta 
apenas seus interesses capitalistas de aumentar seus ganhos sem se 
preocupar em satisfazer às necessidades e desejos da classe operária, que 
mesmo sendo maioria, é considerada a minoria em questão de riqueza, e que 
como o objetivo do capitalismo é produzir mais dinheiro, o mesmo acabe 
sempre nas mãos da minoria rica, justificando a exploração. A idéia de que se 
for uma atividade legal, mesmo que de natureza avarenta, é aceita e justificada 
pelo dever do indivíduo de aumentar seu capital, pode ter base lá nas idéias 
protestantes, pois era dever do homem viverde forma digna, levando em conta 
sua vocação, produzindo para utilizar seu tempo. 
A produção capitalista caracterizada pelo processo de mais-valor, se dá 
pela produção dos bens necessários para a satisfação das necessidades da 
natureza do homem, também produzindo o necessário para que os custos dos 
salários e os custos da produção sejam absorvidos. Todo o excedente na 
produção gera um acúmulo de capital e por conseqüência o lucro é investido 
novamente na expansão da produção dos bens. Com isso o capital aumenta 
juntamente com a sua renda. 
 “(...) esse processo de racionalização no plano da técnica e da 
economia sem duvida condiciona também uma parcela importante 
dos “ideais de vida” da moderna sociedade burguesa: o trabalho 
como o objetivo de dar forma racional ao provimento dos bens 
materiais necessários à humanidade é também, não há duvida, um 
dos sonhos dos representantes do “espírito capitalista, (...) 
 WEBER, 2004, p. 67 
Ao concluir a leitura do capítulo, podemos nos perguntar qual é a lógica 
do sistema capitalista, usar as pessoas apenas para gerar dinheiro, ou gerar 
dinheiro para satisfazer as necessidades do homem? Pela leitura vemos que a 
irracionalidade do sistema capitalista, de produzir mesmo sem necessidade, 
ou consumir sem necessidade pois faz parte do sistema, está enraizada na 
ética, nos princípios das doutrinas religiosas, que faz com que o homem 
produza, consuma e não quebre o ciclo capitalista mesmo quando este o exclui 
ou mesmo quando este o usa para seu próprio fim. 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Cia das 
Letras: São Paulo: 2004 
HTTP://www.cafecomsociologia.com – acessado em 20 de setembro de 
2014. 
ZAMAGNI, Stefano. A Ética Católica e o Espírito do Capitalismo, 
HTTP://www.ihu.unisinos.br, ano 09, nº 159: 2011 
http://www.e-biografias.net/martinho_lutero/ - acessado em 21de 
setembro de 2014.