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Análise dos dados obtidos O mito como primeira forma de conhecimento Conhecer as normas que fundamentam a redação e a editoração dos textos acadêmicos. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Professora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida ciência e conhecimento científico UNIDADE I citações, referências, classificação das pesquisas e análise de dados obtidos UNIDADE II trabalhos científicos: estrutura, forma e conteúdo UNIDADE III ISBN 978-85-8084-731-4 Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualida- de, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsa- bilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – assume o compromisso de democra- tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promo- ver a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cida- dãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas Reitor Wilson de Matos Silva palavra do reitor DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha, Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento Alessandra Baron, Gerência de Produção de Contéudo Juliano de Souza, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Diagramação Humberto Garcia da Silva, Revisão Textual Ana Paula da Silva, Nayara Valenciano, Fotos Shutterstock. NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desen- volvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento aca- dêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecida como uma instituição univer- sitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de com- petências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão univer- sitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis- trativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a edu- cação continuada. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância: C397 Metodologia da Pesquisa / Professora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida. Maringá - PR, 2014. 103 p. “Pós-graduação - EaD”. 1. Metodologia da Pequiasa. 2. Ensino superior . 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-8084-731-4 CDD - 22 ed. 378 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, de- mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da edu- cação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa- ção e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a co- nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer- ramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da UNICesumar se propõe a fazer. Pró-Reitor de EaD Willian Victor Kendrick de Matos Silva boas-vindas sobre pós-graduação a importância da pós-graduação Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunida- des e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este pro- cesso, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e en- contram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse- ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o con- teúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu proces- so de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. Professora Kátia Solange Coelho Direção Operacional de Ensino NEAD - UNICESUMAR apresentação do material Prezado(a) aluno(a) dos cursos de Pós- Graduação da Unicesumar, este é o seu livro da disciplina de MetodologiaCientífica. Ele foi pensado de modo a contribuir para facili- tar sua busca por conhecimento em diversas fontes que não apenas as encaminhadas por seus professores e, ainda, elucidar as formas de disseminação do conhecimento por você adquirido e proposto em formato de textos. Os conteúdos foram selecionados e organi- zados cuidadosamente, buscando primar por uma linguagem clara, precisa e de apli- cação prática. Professora Doutora Siderly do Carmo Dahle de Almeida A disciplina de Metodologia Científica é importante não apenas em sua vida acadê- mica, mas também em sua vida profissional, enquanto pesquisador(a) em sua área de estudo. Os conteúdos privilegiam, na pri- meira unidade, a importância, os tipos de conhecimento e as possibilidades de fontes de pesquisa, ou seja, “onde pesquisar”. Muitas vezes, não nos preocupamos muito com essa questão, acreditando que, em tempos de tecnologia de informação e comunicação, tudo já está escrito e disponível na internet. É preciso, porém, um olhar criterioso para seu uso, pois nem tudo que está disponível é verdadeiro. A segunda unidade contempla concei- tos de pesquisa e oferece um “passo a passo” de como os projetos de pesquisa devem ser elaborados, elucidando as diferenças entre título e tema, a importância de ter muito claro qual é o problema que se pretende pesqui- sar e as relações entre esse problema e os objetivos da pesquisa. Também, pretende-se explicar como descrever uma justificativa, de que modo selecionar os autores que darão a fundamentação teórica em seus estudos e, por fim, por que e como fazer um cronogra- ma da pesquisa. Ainda nesta unidade, vamos verificar como as pesquisas são classificadas, ou seja, que métodos e técnicas podemos utilizar, e como aplicar essas técnicas para obter os melhores resultados. Na última parte, vamos analisar como es- truturar nossa pesquisa, de modo a torná-la compreensível aos leitores, para assim poder disseminá-la por meio de publicações em periódicos, congressos, livros etc. Desejo muito sucesso em sua vida pessoal, acadêmica e profissional! su m ár io 01 12 História do Conhecimento Científico 14 O Mito: a Forma Mais Elementar do Conhecimento 16 Categorias de Conhecimento 23 Concepção de Ciência 25 Identificando as Fontes Para a Pesquisa 34 Passos Para o Desenvolvimento de uma Pesquisa 44 Considerações Finais 44 Atividades de Autoestudo CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO 02 03 50 Classificação das Pesquisas 51 A Pesquisa Bibliográfica 60 Análise de Dados 62 Citações e Referências 64 Tipos de Citação 70 Referências 78 Considerações Finais 80 Atividades de Autoestudo 85 Coerência e Clareza 86 Editoração de Texto 88 Estrutura do Trabalho Científico 94 Comunicação da Pesquisa 98 Considerações Finais 99 Atividades de Autoestudo 101 Gabaritos 102 Referências CITAÇÕES, REFERÊNCIAS, CLASSIFI- CAÇÃO DAS PESQUISAS E ANÁLISE DE DADOS OBTIDOS TRABALHOS CIENTÍFICOS: ESTRU- TURA, FORMA E CONTEÚDO 1 CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO Professora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estu- dará nesta unidade: • Olhar histórico sobre o conhecimento • O mito como primeira forma de conhecimento • Tipos de conhecimento • Definições de ciência • Possibilidades de fontes de pesquisa • Localização das fontes • Elaboração de projeto de pesquisa • Tópicos que compõem o projeto Objetivos de Aprendizagem • Reconhecer o significado do conhecimento sob um olhar histórico da humanidade. • Diferir os tipos de conhecimento: científico, popular, filosófico e religioso ou teológico. • Comparar distintos conceitos de ciência. • Discernir as diferentes possibilidades de fonte para a realização de pesquisas de cunho científico. • Entender o projeto de pesquisa como primeiro passo para o desenvolvimento de uma pesqui- sa científica. • Compreender a estrutura de um projeto de pes- quisa, distinguindo e estabelecendo conexões entre os tópicos que compõem esse projeto. A história da humanidade e sua evolução confundem-se com a história da ciência e da produção do conhecimento. A neuroci- ência tem analisado que o desenvolvimento da mente humana obedeceu etapas sucessivas, e, a partir dessas, novas possibili- dades e habilidades foram sendo introduzidas nos complexos circuitos neurais da mente. Ainda que não possamos fazer uma análise histórica de longo alcance no que diz respeito à sistematização do conhecimen- to (pois, enquanto a evolução do cérebro registra em torno de 100 milhões de anos, a ciência pode esmiuçar apenas os últimos 10 mil anos de sua história), indicaremos alguns fatos significativos para que se compreenda o processo histórico de desenvolvimento da ciência e do conhecimento. Neste capítulo, veremos ainda a importância de um projeto de pesquisa, analisando cada tópico que deve compor esse projeto e como disponibilizar sistematicamente as informações mais relevantes em cada um desses tópicos. Metodologia da pesquisa 12 Fazendo uma rápida viagem à pré--história, é possível verificar que o conhecimento adquirido era incor- porado de modo coletivo e as grandes e principais descobertas baseavam-se quase sempre nas regularidades. Dessa forma, após muitos ensaios com acertos e erros, era verificada a melhor época para a caça, distinguiam-se as plantas comestíveis das tóxicas, estabeleciam-se parâmetros para escolher as melhores rochas, para construir instrumentos que auxiliassem no dia a dia. Durante essa época, o ser humano começou a dominar as técnicas de produção e con- servação do fogo e, com ele, poderiam proteger-se dos animais perigosos, assar e HISTÓRIA DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO Pós-Graduação | Unicesumar 13 conservar a carne ou ainda outros alimentos, clarear sua habitação à noite e se aquecer em dias de muito frio. O período paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, o neolítico ou Idade da Pedra Polida e a Idade dos Metais representam períodos diversos em que a humanidade passou da coleta de alimentos e hábitos nômades para se fixar ao solo, sistematizando as técnicas de agricultura, pastoreio e pesca. A aplicação da força animal e dos ventos e a invenção da roda e dos barcos a vela me- lhoraram consideravelmente a produção e estimularam a multiplicação de tarefas dos camponeses, artesãos e comerciantes. Nasce a escrita como uma necessidade para o controle dos negócios, e as atividades rotineiras vão se tornando mais comple- xas, exigindo mais conhecimento para sua execução. Quando se chega à Civilização Egípcia, verificam-se inúmeras descobertas que esta trouxe à humanidade. Apresentava uma religião repleta de mitos e crenças. Mumificava os cadáveres dos faraós, guar- dando-os nas pirâmides, com o propósito de preservar o corpo para a próxima vida. Com isso, muito se aprendeu sobre o funciona- mento do corpo humano e de seus órgãos. Os egípcios foram excepcionais no que tange às ciências, pois, incitados pela pre- mente necessidade de estimar as condições do tempo, para evitar maiores estragos com as cheias do Rio Nilo, a fim de se defende- rem. Os egípcios conceberam o relógio de sol e o de água, configuraram plantas ce- lestes nas quais posicionavam os pontos cardeais e idealizaram o mais primitivo calendário. Além disso, promoveram os princípios da aritmética e da geometria, criaram a soma e a subtração e instituíram ângulos e retângulos. No que diz respeito à escrita, registraram, de sua rotina, tudo o que podiam,em suas paredes e objetos, originando a escrita hieroglífica que signi- fica “gravação sagrada”. Na Grécia, no período en- tre 469 a.C. e 399 a.C., viveu Sócrates, um dos fundadores da filosofia ocidental que fi- cou famoso principalmente por meio dos relatos de seus alunos Platão e Xenofonte. Sócrates foi condenado à morte por insistir na infinita ignorância que nos absorve. Reflita sobre uma de suas mais célebres frases: “Só sei que nada sei” Metodologia da pesquisa 14 Metodologia da pesquisa 14 Consultando o Dicionário Houaiss (2002), em uma visão antropológi-ca, mito é defi nido como um “relato simbólico, passado de geração em geração, dentro de um grupo, que narra e explica a origem de determinado fenômeno, ser vivo, acidente geográfi co, instituição, costume social etc.” Assim, observa-se que não tem a intenção de “explicar” o mundo, mas somente posicionar a existência humana no espaço. Por isso, não é fundamentado a partir do raciocínio lógico, mas de metáforas O MITO forma mais elementar do conhecimento Pós-Graduação | Unicesumar 15 ou lendas que cingem o mistério, certas vezes revelando-o, certas vezes ocultan- do-o. Percebe-se, assim, por sua forma de expressão, que o mito possibilita a expres- são da crença, ao invés da “percepção clara e distinta”, defendida pelo filósofo Descartes e pelas ciências modernas. O mito desempenha a função de apre- sentar as respostas das questões que a natureza impõe. Desprovido de inflexibilida- de lógica, ele é baseado em crenças e lendas que servem para desvelar o princípio de tudo. Assim, é um relato realizado em público, fun- damentado somente na convicção do seu autor. Essa competência só se torna possí- vel se o narrador confirmou ou vivenciou o que está descrevendo. O poeta é apontado pelos deuses para relatar os fatos e são esses mesmos deuses que lhe narram tudo o que houve no passado, pos- sibilitando que apenas ele, o poeta, conheça a gênese de todos os seres. Assim, conside- rado uma revelação divina, o mito é sagrado e, portanto, incontestável e inquestionável. É produto de convicção, de fé, de crença. O que o poeta narrava era integralmente verídico. De acordo com Andery (2003, p.20), o mito desempenha um sentimento coletivo, “é transmitido por meio de gerações, como forma de explicar o mundo, explicação que não é objeto de discussão, ao contrário, ela une e canaliza as emoções coletivas, tranquilizando as pessoas em um mundo que as ameaça”. Já pensou quantas vezes nos prendemos ainda hoje aos mitos? Muitas vezes, senti- mo-nos coagidos por situ- ações desconhecidas e nos- so comportamento imediato é encontrar respostas para nossas angústias. É certo que se tornou muito mais simples encontrar res- postas e caminhos para nos- sas dúvidas, com o apoio das tecnologias da informação, facilitando nossa vida. Mas quem sustenta de in- formações esses canais que permitem buscas? Metodologia da pesquisa 16 Conhecer é o exato momento em que se passa de um estado de ignorân-cia sobre determinado assunto a um estado de saber, ainda que esse saber seja superficial ou insignificante; é a busca por distintos saberes, para substituir um estado de incompetência. Verifica-se uma disposição nos meios de comunicação, no sentido de fortalecer a ideia de que a ciência se encontra acima dos outros tipos de conhecimento. Desse modo, o mito, a religião, o senso comum, a filosofia e outros conhecimentos são considerados menos importantes. É preciso termos claro que existem dife- rentes tipos de conhecimentos e o científico é apenas um deles. Para que o ato de conhecer se consolide, são imprescindíveis os seguintes elementos: a. O indivíduo que deseja conhecer. b. O objeto ou aquilo sobre o que se deseja conhecer (não necessariamente um objeto, podendo ser outra pessoa ou o CATEGORIAS DE CONHECIMENTO Pós-Graduação | Unicesumar 17 próprio reflexo em um espelho). c. A imagem mental que resulta da relação estabelecida entre sujeito- objeto e que passa a formar a subjetividade daquele que conhece. Abaixo, vamos perceber e distinguir quatro tipos de conhecimento, para melhor apre- ender essa concepção. o conhecimento científico O conhecimento científico é o mais conhe- cido e também chamado de racional, pois tem relação com circunstâncias ou fatos, va- lendo-se de experimentos, confirmações e observações. Trata-se de um conhecimento sistemático, uma vez que legitima e auten- tica o que deseja provar. Unido às tecnologias, é o que mais tem aproximado o ser humano da qualidade de vida que tanto ambiciona, facultando evoluções no que diz respeito à saúde, se- gurança, educação e aos serviços. Esse tipo de conhecimento se encontra em frequente transformação, pois, a cada nova descober- ta, uma verdade anterior é desmistificada. O filósofo da ciência Karl Popper (1902 – 1994) propõe três universos distintos para melhor compreender esse conhecimento. Primeiro: o mundo dos objetos físicos ou de estados materiais; segundo: o mundo de estados de consciência ou de estados mentais, ou talvez ainda, do que ele chama de “disposições comportamentais para agir”; e um terceiro mundo: o mundo dos conteú- dos objetivos de pensamento, especialmente de pensamentos científicos, poéticos e de obras de arte (POPPER, 1974). Popper esclarece também que a busca pelo conhecimento não acontece apenas a partir da observação da realidade, mas, aliado a isso, a partir de um quadro de referências não mais satisfeito. Assim, sempre há uma in- tenção nas observações realizadas, alterando o quadro de referências existente. O cientista então propõe uma hipótese geral e dessa se deduzem consequências que possibilitam novas experiências. Com isso, é possível refutar a teoria anterior, esta- belecendo-se um novo conceito, por meio do critério de falseabilidade. o conhecimento popular O conhecimento popular, ou de senso comum, baseia-se nas experiências de vida e é em- pregado desde a origem da civilização. É um saber que se obtém nas vivências e é passado de geração em geração. Compreende tradi- ções, costumes, normas e hábitos. O senso comum, ao contrário do co- nhecimento científico, não é sistematizado, aprofundado e metodológico, o que resulta em um conhecimento também denomina- do vulgar. Não requer um parecer da ciência, que busca certificar o que foi exposto, pois é totalmente informal, valendo-se de opiniões, preconceitos e é acrítico. Não há preocupa- ção com a fidedignidade dos fatos. Metodologia da pesquisa 18 o conhecimento filosófico Trata-se de um conhecimento valorativo, que nasce em hipóteses as quais não se submetem à observação, ou seja, não são verificáveis. Exigem um conjunto de enun- ciados distintamente correlacionados, sendo racional. Suas hipóteses convergem para uma representação da realidade. A filosofia se interessa por encontrar solu- ções e respostas a todas as coisas que existem. Propõe que a humanidade se coloque em busca de proposições verdadeiras que res- pondam perguntas de toda natureza: de onde surgimos? Para onde vamos? Qual é a razão da vida? Que conceitos podemos atri- buir ao espaço e ao tempo? Qual é nosso objetivo no mundo? métodos científicos Série de passos a percorrer tendo como ob- jetivo chegar a um conhecimento científico e transmiti-lo aos outros, não só de forma oral, mas especialmente de forma escrita. A escrita deve primar pela qualidade, palavra de ordem neste mundo globalizado e para issosegue um conjunto de regras e padrões que são regidos pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Segundo Lakatos e Marconi (2008, p. 83): Pós-Graduação | Unicesumar 19 Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científi cos; em con- trapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são ciên- cias. Dessas afi rmações podemos concluir que a utilização de métodos científi cos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego de métodos científi cos. O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verda- deiros –, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. História do Conhecimento Científi co Reprodução proibida (Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fe- vereiro de 1998, p. 30-31). Observamos em nossa introdução que, desde os remotos tempos do início das civi- lizações, houve a preocupação em descobrir e, com isto, buscar explicar e refl etir as ques- tões advindas da própria natureza, quando as principais preocupações humanas rela- cionavam-se às forças da natureza, da qual a humanidade vivia à mercê. Tal conhecimen- to denominado mítico detinha-se a refl exões sobre os fenômenos naturais, como raios, trovoadas, chuvas, seca etc., atribuindo- -os a entidades sobrenaturais ou deuses. A verdade sobre todas as coisas era impregna- da de conceitos supra-humanos, atribuídos essencialmente a “forças sobrenaturais”. Tais fenômenos aliados ao caráter trans- cendental do conceito de morte passam a ser explicados pelo conhecimento religioso, adotando um caráter puramente dogmático, baseado em revelações da divindade, numa tentativa de esmiuçar os acontecimentos por meio de causas primeiras – os deuses –, sendo o acesso dos homens ao conhecimento derivado da inspiração divina. O caráter sagrado das leis, da verdade, do conheci- mento, como explicações sobre o homem e o universo, determina uma aceitação sem crítica dos mesmos (LAKATOS; MARCONI, 2008, p. 84). Dessa forma, desloca-se o olhar para uma explicação que converge para a natureza da divindade. Por sua vez, o conhecimento fi losófi co tem por intenção investigar racionalmente a natureza, numa tentativa de “captar a es- sência imutável do real” (LAKATOS; MARCONI, 2008, p. 84), por meio do entendimento das leis que regem a natureza propriamente dita. Já o senso comum, diretamente relacio- nado à visão religiosa e a este conhecimento fi losófi co, levou a humanidade às questões amplas do universo. Apenas por volta do século XVI é que se começou a pensar num conhecimento que fosse ao encontro das necessidades reais, por meio de métodos, observação científi ca e raciocínio lógico. Metodologia da pesquisa 20 Método indutivo Sendo qualificada como um processo mental, a indução parte de uma verdade particular para uma verdade universal. De acordo com Cervo e Bervian (1978, p. 25), pode-se afirmar que as premissas de um argumento indutivo correto sustentam ou atribuem verossimilhança à sua con- cussão. Assim, quando as premissas são verdadeiras, o melhor que se pode dizer é que a sua concussão é, provavelmente, verdadeira. Por exemplo: A manga é doce. A uva é doce. O melão é doce. A manga, a uva e o melão são frutas. Logo, toda a fruta é doce. Segundo Lakatos e Marconi (2008), é preciso considerar três elementos fundamentais para toda a indução: a observação dos fenôme- nos, a descoberta da relação entre eles e a generalização da relação. Método dedutivo No método dedutivo, somente a razão pode levar ao que se chama “conhecimento verda- deiro” ou real. Parte do pressuposto de que um determinado fato é verdadeiro e, con- sequentemente, inquestionável (premissa maior), para uma proposição particular (pre- missa menor) e, a partir de raciocínio lógico, chega-se a real verdade daquilo que estabe- lece (conclusão). Por exemplo: Todo humano é mortal. Maria é humana. Logo, Maria é mortal. De acordo com Salmon (1993, p. 30), duas características distinguem claramente o que é dedutivo e indutivo: Dedutivo • Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira. • Toda a informação ou conteúdo fatual da conclusão já estava, pelo menos, implicitamente, nas premissas. Indutivo • Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente verdadeira, mas não necessariamente verdadeira. • A conclusão encerra informação que não estava, nem implicitamente, nas premissas. Método hipotético dedutivo Popper (1974, p. 14) distingue o que consi- dera método científico ressaltando que ele havia “tentado desenvolver a tese de que o método científico consiste na escolha de pro- blemas interessantes e na crítica de nossas permanentes tentativas experimentais e pro- visórias de solucioná-los”, apresentando o seguinte esquema: Pós-Graduação | Unicesumar 21 Observa-se que o problema nasce do co- nhecimento prévio que a pessoa apresenta sobre o assunto, originando conjecturas, pos- síveis soluções, dedução de consequências em forma de proposições que possibilitam testes, finalizando-se o processo nos testes de falseamento, ou seja, tentativas de se refutar o conhecimento recém-adquirido por meio de experimentação e observação do fenôme- no. Assim, se as conjecturas ou hipóteses não são aprovadas nos testes, ela estará falseada e pode ser refutada, exigindo a construção de novas hipóteses para o problema. Método dialético Podemos conceber a dialética como a arte do diálogo. Popper (1974) exalta que é no diálogo e no confronto de ideias e opini- ões que a ciência se desenvolve, pois só há riqueza em um diálogo se houver contraposi- ções de ideias, em que uma tese é defendida e, em seguida, falseada, no que poderíamos chamar de debate ou discussão em que é possível defender e contrapor diferentes conceitos. Lakatos e Marconi (2008, p. 100) apresen- tam quatro leis fundamentais para a dialética: a. Ação recíproca, unidade polar ou “tudo se relaciona”. b. Mudança dialética, negação da negação ou “tudo se transforma”. c. Passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa. d. Interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários. Para a dialética, não se pode analisar as coisas como objetos fixos, pois estão em constan- te movimento. Nada está pronto, finalizado, acabado. Tudo permanentemente está se transformando, desenvolvendo e, assim, o fim de um ciclo ou processo traduz-se no início de outro. Importante ressaltar ainda que, no método dialético, as coisas não existem de forma isolada, desencontrada, perdida. Uma coisa está intrinsecamente relaciona- da à outra, como um todo unido. fonte: elaborado pelo autor Metodologia da pesquisa 22 É um conhecimento que se valida na razão, mas se baseia essencialmente na fé. Parte da dedução, ou seja, de uma realidade uni- versal, seguindo no sentido de verdades particulares. Aceita a existência de divin- dades (seres superiores), as quais revelam as verdades que precisam ser conhecidas. Busca explicar dúvidas que a ciência não consegue aclarar, como: Existe vida após a morte? Como é a eternidade? Há céu e inferno? Qual é a defi nição de pecado? O que pode acontecer com quem pecou? conhecimento religioso ou teológico Pós-Graduação | Unicesumar 23 Aciência conceitua-se como uma ampla sistematização do conheci-mento,a qual incorpora diversas proposições que se inter-relacionam a respei- to de determinado fato ou fenômeno que se busca estudar. De acordo com Trujillo Ferrari (apud LAKATOS; MARCONI, 2008, p. 80), “a ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verifi cação”. De acordo com Lakatos e Marconi (2008, p. 80), as ciências possuem a. Objetivo ou fi nalidade: preocupação em distinguir a característica comum ou as leis gerais que regem determina- dos eventos. b. Função: aperfeiçoamento, através do crescente acervo de conhecimentos, da relação do homem com o seu mundo. c. Objeto: subdividido em: • Material, aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verifi car, de modo geral. • Formal, o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o mesmo objeto material. ciência A comunidade científi ca desloca a ciência do olhar dos processos sociais e, com isso, tira de si o compromisso pelo uso dos resultados alcançados pelas pesquisas. Depois do uso sistemático das ciências e das tecnologias na construção de instrumentos que serviriam à Primeira Guerra, ao período entre guerras, assim como à Segunda Guerra Mundial, a co- munidade científi ca sentiu-se “imoral”, pois, pela primeira vez, relacionava-se a pesquisa científi ca às questões políticas. Os processos que garantem a transfor- mação do que se chama “conhecimento científi co” em tecnologia propriamente dita e suas aplicações pela sociedade são origina- dos de modo linear, principiando-se com o conceito de ciência até a produção de bem- -estar social. Essa concepção de ciência, como busca da verdade por meio da razão e da expe- rimentação, com o objetivo de garantir a extensão do conhecimento verifi cado, conforme Merton (1938 – 1973), também coloca o conteúdo do conhecimento fora dos limites da análise sociológica. De acordo com essa concepção, o conhecimento cien- tífi co só pode ser produzido por cientistas concepção de Metodologia da pesquisa 24 especificamente treinados para produzir co- nhecimento objetivo. Para justificar que pessoas carregadas de interesses e sujeitas às relações sociais e influências culturais mais variadas sejam capazes de produzir conhecimento objeti- vo, é fundamental a contribuição seminal de Robert Merton sobre as normas da ciência. Essas, que são chamadas de uni- versalismo, comunismo, desinteresse e Além de objetiva, a ciência é vista como a base, a origem da tecnologia. Essa, por sua vez, é uma forma de conhecimento subordinada e dependente da ciência. O processo de transformação d o c o n h e c i m e n t o científico em tecnologia e sua apropriação pela sociedade são concebidos de forma linear, iniciando- se com a ciência até produzir bem-estar social (ciência básica, ciência aplicada, desenvolvimento tecnológico, inovação, difusão da inovação, crescimento econômico e benefício social). Por essa razão, esse paradigma foi denominado de “ciência como motor do progresso”, tudo se inicia com a ciência. Uma das principais evidên- cias dessa visão da relação entre CTI e sociedade foi o documento elaborado por Vannevar Bush, a pedido do Presidente Roosevelt, dos EUA - entregue ao Presiden- te Truman, em 1945, e que se constituiu, posteriormente, em um símbolo desta con- cepção: o célebre Science: the Endless Frontier. Nele, detalha-se o fundamento do chamado modelo linear de inovação, em que se idealiza- va a ciência como uma “fron- teira sem fim”. Esses conceitos passaram a ser a base de um novo contrato social entre a comunidade científica e o Es- tado (Ronayne, 1984). Essa visão exprime uma fé quase religiosa na ciência, no poder da ciência para a solução de problemas (Dickson, 1988:3). ceticismo organizado, modelam e nor- matizam o comportamento esperado dos membros da comunidade de pesquisa, para garantir a produção de conhecimen- to livre de valores e de influências sociais. Para o trabalho de Merton, contribuíram vários de seus discípulos, que estenderam as normas e as testaram empiricamente (Norman Storer, Barber, Jonathan e Steven Cole, Harriet Zuckerman). Pós-Graduação | Unicesumar 25 Organizado o plano de ação, o próximo passo consiste em le-vantar e identificar que fontes serão capazes de fundamentar as respos- tas que buscamos com o desenvolvimento de nosso trabalho. Elas são muito parecidas com a revisão de bibliografia, distinguindo-se apenas por aquela não ser considerada a de- finitiva. Para essa fase, o auxílio do orientador identificando as fontes para a pesquisa é essencial, pois ele conhece quem são os autores primordiais que já têm publicações acerca do tema e que não podemos deixar de consultar e ler. Além dos livros já anteriormente citados, pode-se fazer uso de obras de referência, monografias, dissertações e teses, periódicos científicos, anais de congressos, periódicos indexados e internet. Metodologia da pesquisa 26 Antes de iniciar o processo de exploração das fontes, é preciso rever a estrutura pensada e anunciada no projeto de pesquisa. Tais ideias serão o roteiro para que melhor se desenvol- va a atividade investigativa. Nessa fase, nem tudo que foi separado para dar embasamen- to a pesquisa será necessariamente utilizado. Inicia-se o processo de triagem, buscando ler, inicialmente, o que há de mais novo e geral sobre o tema, para depois proceder a leitura de material mais antigo e particular. O material recente oferece uma retomada das contribuições de outros autores que já se de- bruçaram sobre o assunto. Se o pesquisador achar viável, pode lançar mão do material citado. O material generalista – enciclopé- dias, dicionários, obras antigas - possibilitará uma ampla visão ao pesquisador, que poderá, nessa fase, decidir quais rumos a pesquisa irá tomar, explorando, então, os trabalhos mais especializados sobre aquele assunto. LEITURA E ANÁLISE TEXTUAL A leitura constitui-se em fator decisivo de estudo, pois propicia a ampliação de conhecimentos, a obtenção de in- formações básicas ou específicas, a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematização do pensamen- to, o enriquecimento do vocabulário e o melhor entendimento do conteúdo das obras. Continue a leitura em: LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 6. ed., rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2008. literatura corrente De modo geral, sabemos que os livros incluem tanto gêneros literários (romances, crônicas, poesia etc.), quanto obras que se propõem a evidenciar conhecimentos científicos ou técnicos. São obras que incluem reflexões teóricas e apresentam conhecimentos e sub- sídios para a elaboração de um trabalho de pesquisa e que comunicam, de modo sis- temático, os assuntos que se relacionam a certos campos do conhecimento ou, ainda, divulgam resultados de pesquisa. obras de referência São as enciclopédias, dicionários, manuais e tratados temáticos, que não se objetiva ler do princípio ao fim. Oferecem vasto material de pesquisa, mas deve-se tomar cuidado com a atualidade da obra. Por serem materiais caros, não se faz possível reedição constante, sendo, portanto, muitas vezes, considerados desatualizados, oferecendo informações se- dimentadas, porém, distantes da evolução ou progresso do tema em questão. artigos de periódicos Por meio dos periódicos científicos, a comu- nicação formal de resultados de pesquisas torna-se possível. Os periódicos apresentammaior rapidez na publicação, preço acessí- vel e informação atualizada, sendo bastante comuns para embasar trabalhos científicos. Muitos periódicos estão disponíveis na inter- net, cabendo ao pesquisador distinguir fontes Pós-Graduação | Unicesumar 27 fidedignas. São obras que possuem uma versão impressa e que se mantêm no formato de fascículos. Mais adiante, ainda neste capí- tulo, vamos expor algumas fontes confiáveis para a realização de pesquisas científicas. monografias, dissertações e teses Essas fontes se constituem em importan- tes subsídios para a pesquisa, apresentando investigações científicas apuradas ou revi- sões bibliográficas altamente qualificadas, quando bem orientadas. Cabe ao pesqui- sador despender um olhar crítico sobre tais publicações, verificando a procedência da instituição de origem do autor. anais de congressos Anais de eventos científicos reúnem um con- junto de trabalhos apresentados, palestras, mesas redondas e conferências, ocorridos em determinado encontro, congresso ou seminário, sendo publicados em forma im- pressa ou meio eletrônico. Os anais abrangem conteúdo confiável, uma vez que, para que um trabalho seja publicado em um evento, passará por uma banca de qualificação. internet A Internet tornou-se uma fonte de consulta rápida, barata e relativamente confiável, na medida em que o pesquisador saiba fazer uso correto dela, no garimpo de informações. O pesquisador pode navegar à vontade e colher elementos para compor seu trabalho, trocar informações com outros pesquisadores e eliminar barreiras espaço-temporais. Mas é preciso estar ciente de que nem tudo que está disponível na rede é verdadeiro, o que constitui no maior problema a ser enfrentado pelo pesquisador. No “Saiba Mais”, que segue o tópico “Localização das fontes”, disponibili- zamos alguns importantes sites que podem ser utilizados em suas pesquisas. localização das fontes A biblioteca é, por excelência, o local privilegia- do para localização de fontes de pesquisa e o bibliotecário pode auxiliar o pesquisador nessa tarefa, indicando a localização dos livros, dos periódicos e ainda fontes eletrônicas confiáveis. Ao consultar livros em uma biblioteca, o usuário deve fazer uso do catálogo (real ou virtual), buscando fontes que estarão à dispo- sição por autor, título da obra ou assunto. Em geral, a busca é realizada por assunto, já que nem sempre se sabe o autor ou o título da obra. O acervo é disposto nas estantes da bi- blioteca, de acordo com o assunto da obra. Se o pesquisador estiver com dúvidas sobre o melhor livro, pode solicitar ao bibliotecário que lhe indique em qual estante está aquele assunto, recolhendo algumas obras que consi- dere importante e realizando uma leitura rápida do sumário, das orelhas e da contracapa do livro, antes de se decidir sobre qual levar para casa, uma vez que todas as bibliotecas restringem o número de volumes que se pode emprestar. Metodologia da pesquisa 28 Se você conseguir escolher os livros que deseja pelo catálogo, deve anotar o seu “número de chamada” que é aquele bloco de números que estarão na etiqueta da lombada do livro. Esse número é compos- to, em sua primeira linha, pelo código de classifi cação (que o defi nirá pelo assunto e, por isso, todos os livros do mesmo assunto estarão juntos na estante), na segunda linha, pelo número de Cutter (que representa o sobrenome do autor) e, em sua terceira linha, pode estar ou o ano da obra, ou o número do volume, variando de bibliote- ca para biblioteca. Por exemplo, você está procurando um livro de fundamentos de metodologia científi ca. Ao procurar no catálogo eletrô- nico, irá escrever na caixa de diálogo da biblioteca “fundamentos de metodologia científi ca”: Pesquisando em Livros Verifi que que, nesse exemplo, surgiram 6 títulos (o local está circulado à esquerda). O número que aparece logo após a re- ferência completa é o número de chamada, que estará na lombada do livro Pós-Graduação | Unicesumar 29 As revistas ou periódicos são excelentes fontes de consulta, pois, por serem de mais fácil publicação que o livro, tendem a apre- sentar os assuntos de modo mais atualizado. Para pesquisar periódicos na biblioteca, escreva o assunto a ser pesquisado, como para a pesquisa de livros, e, ao lado esquer- do, clique sobre tipo de obra: pesquisando em revistas Vamos entender: 0 0 1 . 4 2 C 7 5 8 f 2 0 1 2 Na primeira linha, fi gura o código de classifi cação desse livro, defi nindo o assunto. Todos os livros sobre fundamen- tos da metodologia científi ca estarão juntos na estante, guiados por tal número. Na segunda linha, temos a notação de autor, que contém a primeira letra do sobreno- me do autor, no caso, Carvalho, seguido de 758 (retirado da tabela Cutter, criada especifi camente para esse fi m) e a primei- ra letra do título do livro em minúsculo “f” de Fundamentos. A terceira linha apresen- ta o ano do livro. Escolha no menu à esquerda “periódicos” e escolha qual deles quer pesquisar. Muitos periódicos também já estão disponíveis na Internet em formato Metodologia da pesquisa 30 digital. A Capes, no endereço eletrônico <http://www.periodicos.capes.gov.br/>, oferece um portal de periódicos bem inte- ressante e de fácil acesso: Coloque o assunto a ser pesquisado na caixa “buscar assunto”. Aparecerá uma lista de re- ferências. Escolha a que mais se aproxima de sua pesquisa e o assunto será encaminhado para o endereço da revista que o contempla com o artigo completo. A biblioteca eletrônica scielo compre- ende 322 periódicos científicos brasileiros, sendo 275 títulos correntes e 47 não corren- tes (que sofreram interrupção ou mudaram de nome). Essa biblioteca é fruto de uma parceria estabelecida entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP – e o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde – BIREME. Desde o ano de 2002, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq - passou a apoiar o Projeto. Os periódicos foram distribuídos de acordo com áreas do conhecimento, a saber: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Engenharias, Linguística, Letras e Artes. O endereço eletrônico é <http:// www.scielo.br>. Pós-Graduação | Unicesumar 31 Para pesquisar no site, comece escolhendo o idioma na barra ao lado esquerdo. Depois, você pode optar por um periódico específico ou por um artigo. Em periódicos, você tem as opções: lista alfabética, lista por assunto e pesquisa por títulos. Já em artigos, você pode optar por: índice de autores, índice de assun- tos ou pesquisa de artigos. É muito simples de utilizar e altamente confiável. Se digitarmos “fundamentos de metodolo- gia da pesquisa científica”, entre aspas, este número cai para 113 mil: pesquisando na internet Contemporaneamente, a Internet vem ofe- recendo riquíssimo acervo para pesquisa, necessitando apenas de que o usuário saiba como utilizá-la com prudência. Os sites de busca contribuem para que possamos nos localizar no mar de informações disponível, mas também é importante que saibamos como utilizá-los, pois, se digitarmos apenas a palavras-chave no quadro de busca, pode ser que a resposta ofereça milhares de páginas com aquele conteúdo. A forma mais prática de “enxugar” tantas opções é colocar os termos que se busca entreaspas. Isso diminui consideravelmen- te a quantidade de páginas. Por exemplo, se digitarmos fundamentos de metodologia da pesquisa científica, o site de busca retorna com mais de dois milhões de resultados: Metodologia da pesquisa 32 Agora, vamos experimentar o google acadêmico: Caiu para quatro resultados, selecionando apenas arquivos de artigos publicados em eventos, periódicos e textos científicos. Experimente com seu nome. Primeiro coloque sem aspas e, depois, insira as aspas antes e depois do nome. Depois, pesquise no Google Acadêmico também. Pós-Graduação | Unicesumar 33 Muitas bibliotecas dispõem de assinaturas de bases de dados, que armazenam infor- mações em CD-ROM ou possibilitam seu acesso via Internet. Nelas, o usuário pode fazer buscas por assunto, por periódico, ou por meio de palavras-chave. Algumas dessas bases contêm apenas referências bibliográfi- cas e resumos, não se distinguindo, portanto, dos periódicos de indexação e resumo, a não ser pelo suporte eletrônico. Outras oferecem textos completos de livros, teses, artigos de periódicos, relatórios de pesquisa e outras fontes bibliográficas. As bases internacionais mais conhecidas em sua área de estudo são: ECONLIT – Economia e administração. A American Economic Association mantém essa base com referências bibliográficas e resumos, selecionados de artigos de perió- dicos, livros, teses e trabalhos de congressos. Inclui Abstracts of working papers in econo- mics, da Cambridge University Press, Index of Economic Articles in Journals e o texto com- pleto das resenhas de livros publicadas no Journal of Economic Literature. Cobre as áreas de desenvolvimento econômico, previsões, história, teoria fiscal, teoria monetária, institui- ções financeiras, finanças públicas e privadas, economia internacional, regional, agrícola e urbana, estudos sobre países específicos, trabalho, demografia e assistência à saúde. PROQUEST DIRECT – É uma base interdisciplinar que cobre áreas como con- tabilidade, publicidade, negócios, finanças, saúde, investimentos, sociologia, tecnolo- gia e telecomunicações. Contém mais de 2.000 publicações periódicas e 27 periódi- cos dos EUA. Seus anos de cobertura variam segundo a fonte. Em geral, as publicações pe- riódicas estão indexadas desde 1971 e com texto completo, a partir de 1988. ORIENTADOR – IBBE – bibliografia es- pecializada em Economia, com informações atualizadas mensalmente. Tem como objetivo o apoio à pesquisa e aos estudos econômi- cos. Inclui livros, periódicos e uma seção com os principais eventos da área. Disponível em: < http://www.orientador.com.br/>. SCIELO – SCIENTIFIC ELETRONIC LIBRARY ONLINE – É uma biblioteca virtual piloto que abrange uma coleção seleciona- da de periódicos científicos brasileiros, com base hospedada na Fapesp. Apresenta textos completos de artigos nas áreas de ciências sociais, psicologia, engenharia, química, ma- teriais, saúde, biologia, botânica, veterinária e microbiologia. Disponível em: <http://www.scielo.br/>. Pesquisa em base de dados Metodologia da pesquisa 34 Tal qual conversar com um arquiteto sobre as possibilidades que se tem ao pensar na construção de uma casa, desejando que ele desenhe um projeto que, ao mesmo tempo em que pretende a realização do sonho, caiba no bolso, o pes- quisador, antes de realizar uma pesquisa, precisa desenvolver um projeto que contem- ple suas expectativas e que seja realizável. É o momento do planejamento do que se pre- tende com a realização da pesquisa. O projeto não é algo fi xo. No decorrer da pesquisa, você pode querer alterar seus ob- jetivos, enfocando outros temas que melhor evidenciem o que pretende pesquisar, ou, ainda, escolher outros autores para compor o quadro de referências teóricas. Nessa fase, você fará leituras, análises e escolhas, então, tudo é possível. Por outro lado, o projeto não pode jamais ser confundido com o trabalho em si: o TCC ou trabalho de conclusão de curso (artigo, monografi a, dissertação ou tese). O projeto é uma fase da pesquisa, mas não é ele que vai ser publicado, divulgado. No trabalho fi nal, por exemplo, não é necessário fazer um capítulo de fundamentação ou quadro teórico, porém, é esse quadro desenha- do no projeto que dará embasamento aos capítulos, permitindo que o leitor se dê conta dos autores que fundamenta- ram o trabalho. É o projeto que vai nortear o pesquisador ao longo de todo o processo. Ele compõe- se, basicamente, dos seguintes passos: a. Defi nição do tema. b. Elaboração dos objetivos. c. Determinação do problema. d. Formulação das hipóteses. e. Explicitação da justifi cativa. f. Escolha da metodologia. g. Fundamentação teórica. h. Elaboração do cronograma. Vamos, agora, verifi car de que modo é possível desenvolver cada um desses passos e a impor- tância deles para a execução de uma pesquisa. PASSOS PARA O DE UMA PESQUISA desenvolvimento Pós-Graduação | Unicesumar 35 definição do tema Ao selecionar o tema que pretende pesquisar, algumas competências se fazem imprescindí- veis ao autor. Vamos enumerar algumas delas: a. Relação pesquisador x tema: é muito importante que o pesquisador tenha alguma intimidade com o tema que pretende pesquisar, caso contrário, não sabe nem por onde começar seu trabalho. Portanto, antes de se propor a pesquisar qualquer tema, são neces- sárias muitas leituras e discussões que despertem o interesse do pesquisador. Se for um trabalho que demande mais tempo, como uma dissertação ou uma tese, caberá ao autor a tarefa de se deparar diariamente com livros, repor- tagens ou artigos, por um ano ou mais. Imagine fazer isso sem gostar ou ter intimidade com o assunto escolhido? b. Curiosidade epistemológica: a curiosidade é o desejo de aprender, de descobrir, de saber sobre algum objeto. Para isso, tal “objeto” deve despertar o interesse do pesquisa- dor, fazendo-o indagar sobre todos os aspectos que o compõem. A epis- temologia, como já vimos, é a relação que se estabelece entre um sujeito e um objeto, ainda que esse objeto seja o próprio sujeito. c. Pensamento criativo: fazer sempre o mesmo percurso entre a casa e o trabalho, por exemplo, não permite a expressão da criatividade, pois o sujeito o faz automaticamente. Possibilitar a expressão da criatividade exige se propor a pensar um mesmo problema sobre outros prismas, ima- ginando diversas soluções, por mais estranhas que pareçam em um pri- meiro momento. d. Honestidade intelectual: ao realizar um trabalho de pesquisa, é necessário ser muito fiel aos autores lidos. Sempre que utilizar ideias, textos, conceitos de outros autores, estes devem, obriga- toriamente, ser citados, seja em forma de paráfrase, seja em forma de citação literal (como veremos neste livro mais adiante). Utilizar conceitos de outros autores sem citá-los é caracterizado como plágio, é um “roubo” de ideias e, como tal, deve ser punido. Sabemos o quanto é difícil produzir um texto. Às vezes, debruçamo-nos por horas sobre um papel em branco para produzir algumas poucas linhas. Imagine ver essas linhas que você produziu assina- das por outra pessoa? Nada agradável, não é mesmo? e. Autocorreção: ao se propor a escrever um texto, é necessário ir refazendo a leitura dele durante sua tessitura, para verificar se ficou inteligível, se está com as ideias concatenadas, se faz sentido ao leitor. Por vezes, escrevemos para “cumprir protocolo” e acabamos não relendo a produção.Resultado: o texto pode ficar truncado, sem sentido para o consumidor final, que é o leitor. É preciso sempre ter a preocupação em Metodologia da pesquisa 36 oferecer um texto claro, coeso, coe- rente e lógico. f. Paciência: difi cilmente acertamos na escrita de um texto em uma primeira tentativa. Comumente produzimos um parágrafo, lemos, apagamos algumas partes, reescrevemos, relemos, procu- ramos outros autores, apagamos tudo, escrevemos novamente... É um exercí- cio de paciência e, como tal, deve ser respeitado. Um texto só é bom o sufi - ciente quando lemos e gostamos do que foi produzido, portanto, nada de pressa. Se for para produzir qualquer coisa, melhor nem começar. A pesquisa bibliográfi ca, tal qual qualquer tipo de pesquisa, só se faz possível a partir da escolha de um tema. Para isso, sugiro aos alunos que “revisitem” suas anotações nos cadernos, nos textos lidos, relembrem as aulas dadas e mantenham foco naquilo que mais lhes chamou a atenção de tudo o que ouviram ou leram. É aí que “mora” o inte- resse do pesquisador. É necessário haver um vínculo de interesse entre o pesquisador e o tema a pesquisar, visto que será necessário um longo período de relação entre ambos, necessitando de energia e vontade para cumprir com a tarefa proposta. O orientador do trabalho também desen- volve importante papel, pois é ele quem vai dar o caminho ao aluno para que ele percor- ra. Portanto, orientando e orientador devem ser partícipes das mesmas discussões. Gil (2009, p. 60) analisa que Para escolher adequadamente um tema, é necessário ter refl etido sobre diferentes temas. Assim, algumas perguntas poderão auxiliar nessa escolha, tais como: Quais os campos de sua especialidade que mais lhe interessam? Quais os temas que mais o instigam? De tudo o que você tem estudado, o que lhe dá mais vontade de se aprofundar e pesquisar? Conforme se observa, é imprescindível que o aluno sinta-se motivado a ler e debater sobre o tema escolhido, procurando res- postas, esclarecendo conceitos, dirimindo dúvidas, e isso se torna muito mais prazero- so, se houver, de fato, interesse pelo assunto. Para delimitar um tema, é preciso verifi car qual é a abordagem dele que mais interes- sa ao pesquisador e sobre a qual mais se tem afi nidade. Lembre-se: tema é diferente de título. Claro que os dois, obrigatoriamente, estão intrinsicamente relacionados, porém, o título do trabalho pode ser atribuído no fi nal, após todo o processo de pesquisa, enquanto o tema é o primeiro a ser defi nido. elaboração dos objetivos da pesquisa Os objetivos propostos para o trabalho de pesquisa é que vão defi nir o problema sobre o qual o autor pretende se debruçar e a forma pela qual pretende encontrar e propor soluções. Obrigatoriamente, os obje- tivos começam com um verbo no infi nitivo e se dividem em objetivo geral e objetivos específi cos. Pós-Graduação | Unicesumar 37 a. O objetivo geral é aquele que visa de- terminar a que propósito a pesquisa será realizada. Cervo e Bervian (2002, p. 83) alertam que “em pesquisas bi- bliográficas em nível de graduação, os propósitos são essencialmente aca- dêmicos, como mapear, identificar, levantar, diagnosticar, traçar o perfil ou historiar determinado assunto”. b. Objetivos específicos: nesse caso, deve-se pensar no aprofunda- mento que se deseja dar ao tema. Normalmente, para dar equilíbrio ao trabalho, cada objetivo específico, de- terminado pelo autor, dará origem a um capítulo do trabalho. Portanto, é imprescindível pensar estrategica- mente em um pequeno sumário, ao propor os objetivos específicos. Outro ponto importante a destacar é que, ao definir os objetivos, devemos pensar nos ob- jetivos que pretendemos atingir com aquele trabalho. É muito comum que os pesquisado- res pouco experientes proponham objetivos práticos impossíveis de serem alcançados em um trabalho científico. Por exemplo: • Organizar as finanças de uma empresa. • Investir para garantia de um futuro estável e próspero. Sem dúvida, esses dois objetivos são muito relevantes, mas são de ordem prática. Um tra- balho de pesquisa não consegue atingir tais objetivos. Portanto, mais uma vez, a escolha do verbo fará toda a diferença. Procure se ater a verbos como: distinguir, conceituar, definir, identificar, propor, sugerir, levantar, mapear, diagnosticar, historiar, verificar. determinação do problema de pesquisa Após a escolha do tema e dos objetivos a serem desenvolvidos, cabe ao pesquisador transfor- mar o tema em um problema para o qual se buscará apontar soluções. O tema deve ser pas- sível de questionamento, portanto, o problema deve ser redigido em forma de pergunta e estar intimamente relacionado ao objetivo geral que se pretende atingir, a partir das leituras e das interferências realizadas pelo pesquisador. As perguntas devem ser formuladas de tal forma que haja possibilidade de respostas, utilizando a pesquisa. Nunca se passa diretamente da escolha do tema à coleta de dados, pois as vantagens da formulação do problema são inegáveis: a. Delimita, com exatidão, qual tipo de resposta deve ser procurada. b. Leva o pesquisador a uma reflexão benéfica e proveitosa sobre o assunto. c. Fixa, frequentemente, roteiros para o início do levantamento bibliográfico e da coleta de dados. d. Auxilia, na prática, a escolha de cabeçalhos para o sistema de tomada de apontamentos. e. Discrimina com precisão os apontamentos que serão tomados, isto é, todos e tão somente aqueles que respondem as perguntas formuladas (CERVO e BERVIAN, 2003, p. 84). CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 2003. Metodologia da pesquisa 38 Lembre que encontrar uma solução para o problema não é tarefa do pesqui- sador. Seu mérito é apontar a existên- cia de um problema e abrir caminhos que visem sua solução. O importante, conforme aponta o senso comum, não é encontrar a resposta, mas saber fazer as perguntas adequadas. formulação de hipóteses A fase de formulação de hipóteses da pesqui- sa só se faz necessária se o que se pretende pesquisar exige uma pesquisa de campo. Em pesquisas de cunho bibliográfico, não há a necessidade de se estabelecer hipóteses. Cervo e Bervian (2003, p. 86) explicitam que: Em termos gerais, a hipótese consiste em supor conhecida a verdade ou explicação que se busca. Em linguagem científica, a hipótese equivale, habitualmente, à su- posição verossímil, depois comprovável ou denegável pelos fatos, os quais hão de decidir, em última instância, sobre a verdade ou falsidade dos fatos que se pre- tende explicar. Ou a hipótese pode ser a suposição de uma causa ou de uma lei destinada a explicar provisoriamente um fenômeno até que os fatos venham con- tradizer ou afirmar. A função prática das hipóteses é orientar o pesquisador, indicando um caminho a per- correr. Sendo uma explicação provisória, deve ser passível de testes e responder, ainda que temporariamente, ao problema apontado. explicitação da justificativa A justificativa configura a resposta à questão “por quê?”. Nessa fase, é preciso refletir e ex- plicitar as razões que levaram o pesquisador a escolher aquele tema, demonstrando toda a intimidade e o conforto que o autor tem ao versar sobre esse tema. Segundo Lakatos e Marconi (2008, p. 221), a justificativa deve se preocupar em enfatizar: • O estágio em que se encontra a teoria respeitante ao tema; • As contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer;• Confirmação geral • Confirmação na sociedade particular em que se insere a pesquisa • Especificação para casos particulares • Clarificação da teoria • Resolução de pontos obscuros etc.; • Importância do tema do ponto de vista geral • Importância do tema para os casos particulares em questão; • Possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada pelo tema proposto; • Descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares etc. A justificativa não deve apresentar citações de outros autores, pois se configura na jus- tificativa pessoal do autor, ressaltando e Pós-Graduação | Unicesumar 39 evidenciando as razões e a importância de se pesquisar sobre aquele assunto, buscan- do convencer o leitor de seus objetivos com a realização daquele trabalho. escolha da metodologia Nessa fase do projeto, o autor deve descre- ver claramente os procedimentos que irá realizar, para atingir os resultados propostos nos objetivos. Algumas questões são fundamentais para a realização de tal fase: definir o tipo de pesquisa que se pretende desenvolver, demarcar qual é a população e a amostra a ser estudada, descrever como os dados serão coletados e, por fim, apresentar a análise de- talhada dos dados obtidos. • Tipo de pesquisa: deve-se esclarecer se a pesquisa é de natureza exploratória, descritiva ou explicativa. Convém, ainda, analisar o tipo de delineamento a ser adotado (pesquisa experimental, levantamento, estudo de caso, pesquisa bibliográfica etc.). • População e amostra: envolve informações acerca do universo a ser estudado, da extensão da amostra e da maneira como será selecionada. • Coleta de dados: envolve a descrição das técnicas a serem utilizadas para coleta de dados. Modelos de questionários, testes ou escalas deverão ser incluídos, quando for o caso. Quando a pesquisa envolver técnicas de entrevista ou de observação, deverão ser incluídos, nessa parte, também, os roteiros a serem seguidos. • Análise dos dados: envolve a descrição dos procedimentos a serem adotados, tanto para análise quantitativa (por exemplo: testes de hipótese, testes de correlação) quanto qualitativa (por exemplo: análise de conteúdo, análise de discurso) (GIL, 2009, p. 162). Após a definição do tipo de pesquisa e da população a ser pesquisada, o autor pode se utilizar de diferentes técnicas que pos- sibilitem atingir seu objetivo. Tais técnicas apresentam, fundamentalmente, dois eixos, a saber: a documentação indireta, que envolve a pesquisa documental e a pesquisa biblio- gráfica, e a documentação direta. De acordo com Lakatos e Marconi (2008, p. 224), a do- cumentação direta se subdivide em: • Observação direta intensiva, com as técnicas da: • Observação: utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar. Pode ser: sistemática, assistemática; participante, não-participante; individual; em equipe, na vida real, em laboratório; • Entrevista: é uma conversação efetuada face a face, de maneira metódica; proporciona ao Metodologia da pesquisa 40 Definido o tipo de pesquisa, o pesquisador deve descrever detalhadamente a técnica e os passos que envolvem sua aplicação, indi- cando qual é a população e a amostra que se vai levantar, como chegou a definição de tal amostra e a forma como os dados serão tabulados, representados e, posteriormente, analisados e interpretados. A análise dos dados busca evidenciar as relações que podem ser compreendidas entre o fenômeno que está sendo estudado e outros fatores que direta ou indiretamente in- fluenciam o estudo em questão. É nessa fase que as hipóteses já levantadas serão refutadas ou confirmadas. Na interpretação, realiza-se uma atividade mais ampla de buscar signifi- cados às respostas encontradas, relacionando os dados obtidos à teoria estudada. Para representar os dados, o pesquisador pode optar por tabelas, gráficos, quadros, que contribuam tanto para o pesquisador distin- guir diferenças e estabelecer relações entre os dados quanto para facilitar a análise de tais dados pelo leitor posteriormente. entrevistador, verbalmente, a informação necessária. Tipos: padronizada ou estruturada, despadronizada ou não estruturada, painel. • Observação direta extensiva, apresentando as técnicas: • Questionário: constituído por uma série de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do pesquisador; • Formulário: roteiro de perguntas enunciadas pelo entrevistador e preenchidas por ele com as respostas do pesquisado; • Análise de conteúdo: permite a descrição sistemática, objetiva e quantitativa do conteúdo da comunicação; • História de vida: tenta obter dados relativos à “experiência íntima” de alguém que tenha significado importante para o conhecimento do objeto em estudo. Pós-Graduação | Unicesumar 41 revisão de bibliografia Nessa fase da pesquisa, apresentam-se os pressupostos teóricos que embasam o estudo em questão e sobre os quais o pesquisador irá fundamentar tais estudos, lembrando que, rigorosamente, nenhuma pesquisa parte do nada ou da estaca zero. Os autores lidos e escolhidos para compor a fundamentação teórica impregnarão de legitimidade e autoridade a pesquisa, tornan- do-a “confiável” aos olhos do leitor. Segundo Lakatos e Marconi (2008, p. 227), “a citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permite salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar comportamentos e atitudes”. Portanto, é imprescindível escolher bem as fontes de pesquisa, levantando autores que se debruçaram sobre o assunto escolhido e, portanto, adquiriram autoridade no tema. Nessa fase, cabe ao autor identificar as fontes que irão compor o trabalho e que TAREFA FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO Escrita do projeto de pesquisa Levantamento bibliográfico Seleção de material Elaboração de questionários Aplicação dos questionários Análise de dados Redação da introdução Redação da metodologia Redação do capítulo 1 Redação do capítulo 2 Considerações finais Referencias bibliográficas Entrega do trabalho ajudarão na busca de possíveis soluções ao problema de pesquisa. As fontes mais co- nhecidas e utilizadas são, por excelência, os livros. Existe, porém, uma gama de materiais que pode ser utilizado e que veremos ainda neste capítulo, em “levantamento e localiza- ção de fontes”. elaboração do cronograma Ao se elaborar o cronograma da pesquisa, a pergunta fundamental a ser respondida é “quando?”. É preciso estabelecer claramente os passos de desenvolvimento da pesquisa, atribuindo e prevendo, a cada um, um prazo de execução. Esse cronograma pode ser re- presentado por uma tabela do Excel, que indique em suas linhas as fases da pesqui- sa e em suas colunas o tempo previsto para execução. Metodologia da pesquisa 42 Liste, no fi nal do projeto, todas as referências que foram utilizadas em sua composição, mas apenas aquelas que foram citadas no documento. As demais, aquelas que apenas fi zemos leituras, mas não trouxemos para o texto, não podem fi gurar. Consulte as normas técnicas para elaboração das referências, colocando-as em ordem alfabética. É impor- tante lembrar ainda que a listavai aumentar na produção da pesquisa, pois outras fontes serão consultadas. No último capítulo deste livro, você encontrará as normas técnicas para referenciar cada diferente documento que incluir em seu trabalho. referências Pós-Graduação | Unicesumar 43 relato de caso O jurista baiano Paulo de Souza Queiroz, Procurador da República e Professor de Direito Penal sofreu um grave caso de plágio. Tal episódio foi amplamente noticiado por jornais impressos de grande circulação do país. O livro Teoria Constitucional do Direito Penal, de um penalista de São Paulo, conti- nha cópia de cerca de trinta e oito páginas de um trabalho acadêmico do autor baiano, que denunciou à imprensa a fraude. O penalista-plagiário, então coordenador edi- torial de uma das mais respeitadas editoras jurídicas do país, recebeu, em 1998, origi- nais de uma obra de Paulo Queiroz, a fi m de apreciá-los para uma eventual publica- ção. Essa não se efetivou, sob o argumento de que a obra era “comercialmente inviável”. A verdade é que a obra era perfeitamen- te viável sob o ponto de vista comercial e de invejável qualidade acadêmica. O plagi- ário, professor paulista de Direito Penal, teve todos os exemplares de sua obra fraudulenta retirados de circulação e ainda pagou uma indenização por danos morais e patrimoniais ao procurador baiano. Disponível em: <http://universi- t a r i o . e d u c a c i o n a l . c o m . b r / d a d o s / unvAtivComplementares/123810001/ AtivIndicadas/645/O%20pl%C3%A1gio%20 na%20pesquisa%20acad%C3%AAmica.pdf >.Acesso em: 5 abr. 2014. Metodologia da pesquisa 44 Esta Unidade foi um convite a uma viagem no tempo, propondo compreender o significado de conhecimento, a partir de uma visão histórica e filosófica, desde a questão dos mitos, até a con- temporaneidade. A leitura nos permitiu refletir sobre os elementos que se interrelacionam no conceito de conhecimento: o sujeito que quer conhecer o objeto, que é aquilo sobre o que se quer saber e a imagem mental que resulta da relação estabelecida entre sujeito-objeto, e que passa a formar a subjetividade daquele que conhece. Também foi possível estabelecer parâme- tros de identificação do que seja conhecimento científico, popular, filosófico e religioso. Outro importante conceito estudado nesta unidade foi o de métodos científicos como uma série de passos a percorrer, tendo como objetivo chegar a um conhecimento científico e transmiti-lo aos outros, lembrando-se da importância de disseminar o conhecimento ad- quirido. Abordou-se, ainda, a distinção entre método dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo e dialético, apontando conceitos, exemplos e esquemas. Também buscamos esclarecer as possibilidades de fontes para fundamentar as respostas que buscamos em nosso estudo, revendo a estrutura pensada e anunciada no projeto de pes- quisa. Essas ideias servirão como roteiro para que melhor se desenvolva a atividade investigativa. Por fim, além de oferecer perspectivas para a busca das informações que irão compor a pesquisa, estejam elas disponíveis em livros, bases de dados online e na própria internet, a unidade apresentou os passos para a elaboração do projeto de pesquisa, assim como, de que forma apresentar os tópicos que compõem um projeto de pesquisa. 1. Conhecer é ter a oportunidade de passar de um estado de desconhe- cimento a um estado de saber, ainda que esse saber seja banal ou incomple- to, é estabelecer ordem, substituindo o caos, é construir diferentes saberes, para substituir um estado de ignorân- cia. Relacione os conceitos dos tipos de conhecimento abaixo e depois marque a única alternativa correta: ( ) É um conhecimento valorativo, tendo seu ponto de partida em hipóteses que não são submetidas a nenhuma observa- ção, não sendo, portanto, verificável. Exige um conjunto de enunciados distintamen- te correlacionados, sendo racional. ( ) É também chamado de racional, porque lida com ocorrências ou fatos, valendo-se de experimentos, comprovações, observações. É um conhecimento sistemático posto que atividades de autoestudo considerações finais Pós-Graduação | Unicesumar 45 valida e comprova aquilo que quer provar ( ) Também conhecido como senso comum, fundamenta-se nas experiências de vida e é utilizado desde os primórdios da civiliza- ção. Trata-se de um saber que se adquire por meio das vivências, passado de pai para filho, de geração em geração. ( ) Utiliza-se da razão, mas fundamenta-se essencialmente na fé. Parte da dedução, de uma realidade universal, seguindo no sentido de realidades particulares, envolven- do verdades indiscutíveis e infalíveis. Aceita a existência de divindades que revelam aos humanos as verdades que precisam conhecer. I) Conhecimento científico. II) Conhecimento popular. III) Conhecimento filosófico. IV) Conhecimento religioso ou teológico. a) III, I, II, IV. b) IV, I, III, II. c) III, IV, II, I. d) I, II, IV, III. 2. Ao selecionar o tema que pretende pes- quisar, algumas competências se fazem imprescindíveis ao pesquisador. Entre essas competências, podemos citar: I) Relação pesquisador x tema. II) Curiosidade epistemológica. III) Pensamento criativo. IV) Honestidade intelectual. a) Apenas as alternativas I e II estão corretas. b) Apenas as alternativas II e IV estão corretas. c) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas. d) Todas as alternativas estão corretas. 3. Após a escolha do tema e dos obje- tivos a serem desenvolvidos, cabe ao pesquisador transformar o tema em um problema para o qual se buscará apontar soluções. Sobre o problema, é correto afirmar que: I) O problema deve ser redigido em forma de pergunta e estar intimamen- te relacionado ao objetivo geral que se pretende atingir. II) Obrigatoriamente, o problema começa com um verbo no infinitivo. III) O problema delimita, com exati- dão, qual tipo de resposta deve ser procurada. IV) Só se faz necessário estabele- cer um problema para a pesquisa se houver pesquisa de campo. a) Apenas as alternativas I e II estão corretas. b) Apenas as alternativas II e IV estão corretas. c) Apenas as alternativas I e III estão corretas. d) Todas as alternativas estão corretas. 2 CITAÇÕES, REFERÊNCIAS, CLASSIFICAÇÃO DAS PESQUISAS E ANÁLISE DE DADOS OBTIDOS Professora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Classificação das pesquisas • Pesquisa bibliográfica • Pesquisa documental • Pesquisa experimental • Pesquisas de campo • Estudo de caso • Pesquisa-ação • Pesquisa participante • Análise de conteúdo • Análise dos dados obtidos • Citações • Referências Objetivos de Aprendizagem • Distinguir os diversos métodos e técnicas que podem ser utilizados para coleta de dados em pesquisas. • Verificar de que modo os dados coletados podem ser analisados e apresentados, quando da publica- ção dos resultados obtidos. • Compreender a forma correta de grafar citações e re- ferências, de acordo com as normas técnicas. No decorrer de qualquer curso, na modalidade a distância, seja de gra- duação ou de pós, os resultados esperados no processo de ensino e de aprendizagem vão depender quase que exclusivamente do empenho pessoal do aluno, no cumprimento de suas atividades, fazendo bom uso dos subsídios apresentados nas aulas conceituais ou ao vivo, da mediação dos professores tutores, dos recursos didáticos e pedagógicos oferecidos pela instituição. Para tanto, é fundamental que o estudante busque adquirir hábitosde estudo e de pesquisa, na condução de sua vida enquanto estudante. Esse capítulo abordará alguns pontos importantes, ressaltando, principalmen- te, “como estudar e desenvolver pesquisas”, com o objetivo de facilitar a sistematização do conhecimento apreendido e que resultará no traba- lho de pesquisa. A pesquisa na EAD exige, em primeiro lugar, que o aluno esteja conscien- te de que o resultado do processo depende essencialmente dele mesmo. Seja por meio de seu desenvolvimento intelectual, ou ainda pela própria natureza que a modalidade EAD exige, as condições inerentes à aprendi- zagem transformam-se, no sentido de propor ao aluno mais autonomia, independência e vontade. Faz-se necessária uma postura de autoestudo que deve ser crítica e rigorosa. De acordo com Gil (2009, p. 17): Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para respon- der ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema. Corroborando Gil, Cervo e Bervian (2002) explicitam que a pesqui- sa deve se propor a analisar um problema, tendo em vista o que já se tem publicado sobre o assunto, conhecendo e analisando as contribui- ções científicas de outros autores sobre esse assunto, constituindo-se como elemento básico para estudos que exijam o domínio do estado da arte daquele tema. É interessante verificar como os autores que se debruçam sobre um determinado tema o veem e, principalmente, como escrevem sobre ele. É uma oportunidade de estabelecer relações entre o pensamento desses autores e o seu pensamento. Lembre-se, porém, que sempre que inserir uma citação em seu texto, ela deve ser explicada, ou seja, você precisa deixar claro os motivos que o levaram a inserir tal citação em seu texto. Ao iniciar suas pesquisas, o estudante precisa ter acesso a livros fundamentais para o desenvolvimento de seu trabalho: obras de re- ferência geral, textos de autores clássicos, textos básicos (dicionários, material introdutório ou que aborde a história do tema), revistas científi- cas e especializadas, enfim, material que abranja a área que se pretende estudar. Esses materiais favorecerão a criação de um contexto ou quadro teórico que permitirá ampla visão do que se deseja pesquisar. Ainda neste capítulo, esclareceremos a importância das cita- ções e das referências nos trabalhos acadêmicos, buscando orientar o modo de apresentá-las corretamente. Para isso, torna-se primordial conhecer as normas sobre documentação elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. A ABNT é uma instituição privada, sem fins lucrativos, fundada no início da década de 1940, que tem por função atuar na área de cer- tificação, sendo o órgão responsável pela normalização técnica em nosso país. Atualmente, ela é composta com 53 comitês e três orga- nismos de normalização setorial que se subdividem em diversas áreas do conhecimento. O Comitê responsável pelas questões de documentação e que, parti- cularmente, nos interessa aqui, por ser de sua competência as práticas adotadas em bibliotecas, centros de documentação e de informação, no que diz respeito à adequação de terminologias, serviços e outras generalidades, é o CB – 14. As normas brasileiras de documentação que serão abordadas nesse capítulo são: • NBR 6023:2002 – Informação e Documentação – Elaboração de referências. • NBR 10520:2002 – Informação e Documentação – Apresentação de citações. Metodologia da pesquisa 50 classificação das pesquisas Pós-Graduação | Unicesumar 51 As pesquisas exploratórias se ocupam em agregar maior intimidade com o problema em questão, tornando-o mais claro e específi co. Elas permitem que se considerem diversos aspectos diferentes do foco de estudo. Em geral, as pesquisas explo- ratórias envolvem levantamento bibliográfi co e entrevistas com pessoas que tiveram ou têm contato com as questões práticas que envolvem o problema de pesquisa e permi- tem a análise de exemplos. As pesquisas descritivas têm por escopo descrever características de uma população ou de um fenômeno, propondo relações entre as variáveis. Os questionários e as observações sistemáticas são técnicas de coletas de dados pertencentes a essa classifi cação de pesquisa. As pesquisas explicativas buscam identifi - car as variáveis que determinam a ocorrência dos fenômenos, explicando a razão das coisas. Elas se valem quase unicamente do método experimental, razão pela qual, nas ciências sociais, elas se tornam tão difíceis. Opta-se, nesse caso, por métodos de observação. Essa classifi cação permite que se estabe- leça qual será o marco teórico da pesquisa e, para confrontar teoria e prática, faz-se necessá- rio defi nir qual é o delineamento da pesquisa. O elemento mais importante para a identifi cação de um delineamento é o procedimento adotado para a coleta de dados. Assim, podem ser defi nidos dois grandes grupos de delineamentos: aqueles que se valem das chamadas fontes de “papel” e aqueles cujos dados são forneci- dos por pessoas. No primeiro grupo, estão a pesquisa bibliográfi ca e a pesquisa do- cumental. No segundo, estão a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento e o estudo de caso. Neste último grupo, ainda que gerando certa controvérsia, podem ser incluídas também a pesquisa-ação e a pesquisa participante (GIL, 2007, p. 43). Essa divisão não deve ser engessada, pois muitas pesquisas cabem em mais de um modelo, em função de suas características. a pesquisa bibliográfi ca Trata-se de uma pesquisa que envolve toda a bibliografi a já compartilhada em relação ao tema proposto, tendo por principal obje- tivo colocar o pesquisador em contato com tudo que já foi publicado sobre o assunto. Tal pesquisa envolve a escolha do material, um plano de leitura sistemático, acompanhado de um fi chamento e, posteriormente, análise e interpretação. Dessa forma, as informa- ções lidas são processadas pelo pesquisador e, acrescidas de seus conhecimentos, pro- duzem novas refl exões sobre o tema. Essa pesquisa dá o suporte necessário para as demais técnicas a serem implementadas pelo pesquisador, pois auxilia na demar- cação do problema, na determinação dos objetivos, na escolha das hipóteses e na fun- damentação teórica do estudo. O livro é, historicamente e por excelên- cia, a mais importante fonte bibliográfi ca, porém, as publicações periódicas científi cas, por serem de mais rápida publicação, são in- dispensáveis. A internet também se tornou Metodologia da pesquisa 52 forte aliada no oferecimento de subsídios para a leitura e a escrita, porém, o pesquisador deve ter muito cuidado na escolha do material. pesquisa documental A particularidade fundamental da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está circunscrita a documentos que instituem o que se designa como fontes primárias. Essa técnica permite angariar informações prévias sobre o campo de interesse, examinando-se documentos oficiais e jurídicos que apontam para informações relevantes. Os documen- tos oficiais constituem a fonte mais fidedigna de dados e cabe ao pesquisador apenas se- lecionar o que lhe interessa e, apesar de não exercer controle sobre a forma como os docu- mentos foram criados, interpretar e comparar o material. Já os documentos jurídicos apre- sentam uma fonte rica de informes do ponto de vistasociológico e podem contribuir para melhor apresentar o arco sob o qual se cir- cunscreve o campo de estudo desejado. pesquisa experimental A pesquisa experimental se remete, em geral, a pesquisas de cunho científico. Nesse caso, o pesquisador deve selecionar as variáveis que deseja comparar e testar as possíveis relações funcionais, mantendo um grupo de contro- le. Essa pesquisa, nas ciências humanas, é bastante limitada pela dificuldade em se ma- nipular pessoas. A pesquisa experimental, ao contrário do que faz supor a concepção popular, não precisa, necessariamente, ser realizada em laboratório. Pode ser desenvolvida em qualquer lugar, desde que apresente as seguintes propriedades: a. Manipulação: o pesquisador precisa fazer alguma coisa para manipular pelo menos uma das características dos elementos es- tudados. b. Controle: o pesquisador precisa in- troduzir um ou mais controles na situação experimental, sobretudo criando um grupo de controle. c. Distribuição aleatória: a desig- nação dos elementos, para par- ticipar dos grupos experimentais e de controle, deve ser feita alea- toriamente. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. pesquisas de campo As pesquisas de campo são desenvolvidas no local em que acontecem os fenôme- nos a serem pesquisados e se ocupam de identificar as principais características dos indivíduos que compõem esse universo de estudo, por meio de questionamentos acerca do problema estudado, sendo analisados quantitativamente e oferecendo conclusões a respeito dos dados coletados. Em geral, não se realiza uma pesquisa com todos os elementos de uma população, sendo selecionada, para investigação, uma amostra significativa que compõe o univer- so total. Pós-Graduação | Unicesumar 53 Para se realizar uma pesquisa de campo, primeiramente, é necessário fazer um bom levantamento bibliográfico sobre o tema em questão. Isso ajudará, inclusive, na elaboração dos questionários e entrevistas, esclarecen- do o objeto de estudo e mostrando como está o problema que iremos abordar. Depois de levantar a fundamentação teórica, estabelecem-se as técnicas para a coleta dos dados que permitirão a realização do estudo e a amostra que irá representar o universo total. As pesquisas de campo se desdobram em diversas técnicas que permi- tem chegar a um consenso sobre o objeto de estudo. A pesquisa de campo pode ser realizada por meio das seguintes técnicas: • Observação direta intensiva. • Entrevista. • Questionário. Vamos verificar como cada técnica pode ser realizada e qual é a função dela? Observação direta intensiva A técnica de observação direta e intensiva exige dois passos essenciais: a observação do fenômeno, seguida de entrevista. A ob- servação é utilizada para se obter aspectos da realidade, de acordo com os sentidos do observador, de modo a permitir a identifica- ção e provas sobre o objetivo do estudo. Ela possibilita que o pesquisador chegue a de- terminadas conclusões, apenas observando o comportamento e as atitudes típicas de determinado grupo. Classifica-se em: observação direta participante e não participante. Na par- ticipante, como o próprio nome já diz, o pesquisador deve se incorporar ao grupo, misturando-se a ele e participando das ati- vidades desse grupo. O pesquisador precisa manter a objetividade do estudo, buscando não influenciar e nem ser influenciado pelo grupo e, ainda, ganhar a confiança, fazendo com que os participantes compreendam a importância da pesquisa. Na observação não participante, o pesqui- sador não se integra ao grupo, presenciando, mas não se envolvendo nas situações. Entrevista Uma entrevista pressupõe o encontro de duas pessoas em que uma obterá informa- ções sobre um assunto a ser pesquisado. Tipos de entrevistas a) Padronizada ou estruturada: é aquela em que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido. As perguntas feitas ao indivíduo são predeterminadas. Essa entrevista se realiza de acordo com um formulário elaborado e é efetuada, de preferência, com pessoas selecionadas de acordo com um plano. O motivo da padronização é obter, dos entrevistados, respostas às mesmas perguntas, permitindo “que todas elas sejam comparadas com o mesmo conjunto de perguntas, e que as dife- renças devem refletir diferenças entre os respondentes e não diferenças nas perguntas” (LODI, 1998, p. 16). O pesquisador não é livre para adaptar Metodologia da pesquisa 54 suas perguntas a determinada situa- ção, de alterar a ordem dos tópicos ou de fazer outras perguntas. b) Despadronizada ou não estruturada: o entrevistador tem liberdade para de- senvolver cada situação, em qualquer direção que considere adequada. É uma forma de poder explorar mais amplamente uma questão. Em geral, as perguntas são abertas e podem ser respondidas dentro de uma conversa- ção informal. Esse tipo de entrevista, segundo Ander-Egg (1995, p. 110), apresenta três modalidades: • Entrevista focalizada: há um roteiro de tópicos relativos ao problema que se vai estudar e o entrevistador tem liberdade de fazer as perguntas que quiser: sonda razões e motivos, dá esclarecimentos, não obedecendo, a rigor, a uma estrutura formal. Para isso, são necessárias habilidade e perspicácia por parte do entrevistador. Em geral, essa entrevista é utilizada em estudos de situações de mudança de conduta. • Entrevista clínica: estudar os motivos, os sentimentos, a conduta das pessoas. Para esse tipo de entrevista, pode ser organizada uma série de perguntas específicas. • Não dirigida: há liberdade total por parte do entrevistado, que poderá expressar suas opiniões e sentimentos. A função do entrevistador é de incentivo, levando o informante a falar sobre determinado assunto, sem, entretanto, forçá-lo a responder. c) Painel: consiste na repetição de per- guntas, de tempo em tempo, às mesmas pessoas, a fim de estudar a evolução das opiniões em períodos curtos. As perguntas devem ser for- muladas de maneira diversa, para que o entrevistado não distorça as respos- tas com essas repetições (LAKATOS, MARCONI, 2008, p.199). As entrevistas podem ser realizadas com toda a população, não importando se são alfabe- tizados ou não, uma vez que quem elabora as perguntas e anota as resposta é o próprio pesquisador. Como as perguntas são rea- lizadas “face a face”, se o entrevistado não compreender alguma questão, o entrevis- tador pode repeti-la, explicando melhor o que deseja saber. O pesquisador, além de ouvir as respostas dadas, tem a condição de avaliar as atitudes do entrevistado, perceben- do reações e gestos que podem influenciar nas respostas obtidas. Para obter resultados satisfatórios com a entrevista, cabe ao pesquisador alguns cuidados na elaboração das perguntas, portanto, planejamento é essencial. É im- portante também que o pesquisador saiba quem é seu público-alvo, para saber como agir no momento da conversa, não se es- quecendo de marcar antecipadamente o dia e a hora da entrevista. É bom esclare- cer ao participante que a conversa será transcrita na íntegra, porém, sua identida- de será preservada. Pós-Graduação | Unicesumar 55 Se a pesquisa prevê uma entrevista, faça uma lista das principais ações a serem levan- tadas antes dessa entrevista: • Estabeleça contato prévio: primeiramente, converse com o sujeito entrevistado, explicando quem é você e a que instituiçãoou grupo pertence, para que servirá a entrevista e o quanto a participação dele será importante. Busque a confiança do sujeito, lembrando-se da confidencialidade do trabalho, e o estimule a falar à vontade, sem precisar se preocupar com uma linguagem culta. • Elaboração das questões: as questões devem ser as mesmas aplicadas a todos os sujeitos de sua pesquisa e devem responder aos objetivos propostos em seu trabalho. • Registro das informações: Se você puder fazer uso de um gravador, muito melhor, assim não correrá o risco de perder informações importantes. Avise que a entrevista será gravada, mas que o sigilo quanto aos dados do sujeito serão mantidos. Se não puder gravar, deverá anotar tudo o que conseguir, porém, na ânsia de escrever tudo que se fala, o pesquisador perde atitudes e reações que o sujeito possa ter frente às perguntas. Não tente anotar as respostas depois, pois correrá o risco de esquecer ou distorcer o que foi dito. Metodologia da pesquisa 56 Questionário O questionário também é considerado um instrumento de coleta de dados e se constitui por perguntas que podem ser respondidas tanto na presença do pesquisador, quanto em sua ausência. É muito comum enviar o questionário ao sujeito para que ele responda em um momento mais propício. Importante lembrar ao sujeito que suas respostas são confi denciais e que ele não sofrerá nenhum prejuízo ao responder. Os questionários poupam tempo do pes- quisador e podem atingir um volume maior de pessoas em diferentes áreas geográfi cas. Os entrevistados acabam se sentido mais à vontade para responder abertamente as questões propostas, pois não se expõem em frente a uma pessoa. Como desvantagem, os questionários não podem ser respondi- dos por população analfabeta e, se o sujeito tiver difi culdade em compreender a questão, pode responder de forma inadequada, alte- rando o resultado fi nal. Para se elaborar o questionário, é impor- tante que o pesquisador procure maximizar cada pergunta, de modo a obter respostas a seus objetivos com o menor número de per- guntas possível, afi nal, ninguém vai querer fi car horas respondendo a um questionário com cem perguntas. É importante realizar um pré-teste do questionário, aplicando-o a uma amostra de pessoas, para verifi car se esse questionário não causa muitas dúvidas e se não apresen- ta falhas, como ambiguidade ou linguagem inacessível. De acordo com Lakatos e Marconi (2008, p. 205), os pré-testes também servem para verifi car se o questionário apresenta três im- portantes elementos: a) Fidedignidade. Qualquer pessoa que o aplique obterá sempre os mesmos resultados. b) Validade. Os dados recolhidos são ne- cessários à pesquisa. c) Operatividade. Vocabulário acessível e signifi cado claro. O pré-teste permite também a ob- tenção de uma estimativa sobre os futuros resultados. Em um questionário, as perguntas podem receber três principais classifi cações: pergun- tas abertas, fechadas e de múltipla escolha. Vamos compreender melhor: a) Perguntas abertas: são aquelas que possibilitam ao sujeito pesquisado responder à vontade, utilizando sua linguagem, para atribuir conceitos e emitir opiniões. Elas resultam em in- vestigações com maior profundidade de estudo, porém, a análise é mais de- morada e cansativa. Por exemplo: 1. Qual é sua opinião sobre os impostos no Brasil? 2. Você considera possível diminuir a Pós-Graduação | Unicesumar 57 taxação sobre a renda? b) Perguntas fechadas: são aquelas que oferecem alternativas fi xas para a res- posta e o informante deve escolher entre duas opções. Exemplos: 1. Você é favorável ou contrário ao sistema de cotas nas instituições de ensino? a) A favor. ( ) b) Contra. ( ) 2. Os Conselhos de Contabilidade são importantes? a) Sim. ( ) b) Não. ( ) Claro que tabular respostas assim é muito mais prático e rápido, no entanto, há uma clara restrição à liberdade de respostas do sujeito pesquisado. c) Perguntas de múltipla escolha: elas são igualmente fechadas, porém, apresen- tam mais possibilidades de respostas. Veja: 1. Qual é a maior vantagem em atuar em serviços públicos no nosso país? (RESPONDA ESCOLHENDO APENAS UMA ALTERNATIVA COMO RESPOSTA) a) Liberdade de horários. ( ) b) Bons salários. ( ) c) Não correr o risco de ser despedido. ( ) d) Trabalhar perto de casa. ( ) e) Sentir-se prestigiado por ter passado em um concurso público. ( ) 2. Você vê notícias regularmente a) Em jornais. b) Na televisão. c) Na internet. d) Em revistas. e) Não vejo e não me interesso por notícias. 3. Qual é a sua formação (INDIQUE APENAS A ÚLTIMA COMPLETA) a) Ensino Fundamental. b) Ensino médio. c) Graduação. d) Pós-graduação. e) Mestrado. f ) Doutorado. Também é possível combinar perguntas de múltipla escolha com perguntas abertas. Por exemplo: 1. Como você escolhe os livros que irá ler? a) Pelo autor. b) Pelo assunto. c) Pela contracapa. d) Pela recomendação de alguém. e) Outro. Qual? f ) Não gosto de ler. As perguntas devem ser elaboradas obe- decendo a uma ordem, colocando-se primeiro questões mais gerais e depois as mais específi cas. Metodologia da pesquisa 58 estudo de caso O estudo de caso é considerado um método qualitativo, que consiste em um modo de aprofundar uma unidade individual. Essa “individualidade” pode ser entendida como um conjunto de relações, uma comunida- de, um período de tempo, um programa de televisão, um evento, uma religião, um curso, entre outros. O estudo de caso ajuda no entendimento dos fenômenos, sejam eles individuais, pro- cessos organizacionais ou ainda políticos, de uma sociedade. É um instrumento utilizado para compreender a forma e os motivos que levaram a determinada tomada de decisão. De acordo com Yin (2001), o estudo de caso trata de um estudo empírico, que investiga um “fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto de vida real” (YIN, 2001, p. 32), o qual possibilita averiguar uma realidade, de maneira a retratar e desvendar a multiplicida- de dos aspectos que permeiam determinada situação. Nesse contexto, o pesquisador procura revelar a multipli- cidade de dimensões presentes em uma determinada situação ou problema, fo- calizando-o como um todo. Esse tipo de abordagem enfatiza a complexidade natural das situações, evidenciando a inter-relação dos seus componentes (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p.19). Após a defi nição da unidade-caso e da de- terminação do número de casos a serem pesquisados, recomenda-se a elaboração do protocolo, que se constitui no documen- to que não apenas contém o instrumento de coleta de dados, mas também defi ne a conduta a ser adotada para sua aplicação. O protocolo constitui, pois, uma das me- lhores formas de aumentar a confi abilidade do estudo de caso e a elaboração torna-se mais importante nas pesquisas que envol- vem múltiplos casos. O protocolo, de acordo com Yin (2001, p. 89), inclui as seguintes seções: a) Visão global do projeto: para infor- mar acerca dos propósitos e cenário em que será desenvolvido o estudo de caso. Essa seção pode envol- ver também a literatura referente ao assunto. b) Procedimentos de campo: que en- volvem acesso às organizações ou informantes, material e informações gerais sobre procedimentos a serem desenvolvidos. c) Determinação das questões: essas questões não são propriamente as que deverão serformuladas aos informan- tes, mas constituem, essencialmente, lembranças acerca das informações que devem ser coletadas e devem estar acompanhadas das prováveis fontes de informação. d) Guia para a elaboração do relatório; esse item é muito importante, pois, com frequência, o relatório é elabora- do paralelamente à coleta de dados. Pós-Graduação | Unicesumar 59 A coleta de dados, no estudo de caso, é um processo mais complexo, pois faz-se necessá- rio adotar mais de uma técnica para garantir a qualidade nos resultados que se pretende obter. “Os resultados obtidos no estudo de caso devem ser provenientes da convergência ou da divergência das observações obtidas de diferentes procedimentos” (YIN, 2001, p. 36). Por esse motivo, o estudo de caso torna- se o mais completo método de pesquisa, pois envolve diferentes técnicas, como análise documental, entrevistas, observação parti- cipante, depoimentos e questionários. pesquisa-ação A pesquisa-ação é mais flexível e, como o próprio nome já diz, envolve ação do próprio pesquisador. Em uma primeira fase, o pesqui- sador precisa fazer o reconhecimento visual do lócus da pesquisa, consultando docu- mentos e dialogando com representantes das categorias eleitas na pesquisa. Diversas técnicas devem ser adotadas para a coleta de dados nesse caso, e a mais utilizada é a entrevista, que tanto pode ser aplicada de modo coletivo, como individual. Os ques- tionários também são bastante utilizados, principalmente quando se trata de um uni- verso grande. É importante não confundir a pesqui- sa-ação com um processo individual de autoavaliação. pesquisa participante A pesquisa participante envolve a partici- pação real do pesquisador que deve se incorporar ao grupo que está pesquisando. Ela se aproxima muito da pesquisa-ação. Thiollent (1997) analisa que “Toda pesquisa- -ação possui um caráter participativo, pelo fato de promover ampla interação entre pes- quisadores e membros representativos da situação investigada. Nela, existe vontade de ação planejada sobre os problemas de- tectados na fase investigada” (p. 21). O autor afirma que, no caso da Pesquisa Participante, alguns partidários dessa técnica não veem a necessidade de “objetivação e divulgação da informação ou do conhecimento”, atribuin- do, também, a relação da pesquisa-ação com o fato do termo ser utilizado internacional- mente para “designar um tipo de intervenção psicossociológica no contexto organizacio- nal (…), segundo uma visão operacional sem perspectiva crítica ou conscientizado- ra” (idem). O plano de ação da pesquisa participan- te envolve: a) Ações que possibilitem a análise mais adequada do problema estudado; b) Ações que possibilitem melhoria ime- diata da situação em nível local; c) Ações que possibilitem melhoria a médio ou longo prazo em nível local ou mais amplo (GIL, 2009, p. 52). Metodologia da pesquisa 60 A pesquisa participante não acaba com a ela- boração de um relatório, mas sim com um plano de ação que pode dar início a uma nova pesquisa. Os resultados não são con- clusivos e tendem a gerar outros problemas que exigirão novas ações. análise de conteúdo A análise de conteúdo é uma metodologia de seleção, tratamento e análise, a partir de informações relevantes, constantes em docu- mentos, de modo a compreender o sentido dos textos ali inseridos. Envolve o conteúdo das mensagens, buscando atribuir significado para elas. A técnica de análise de conteúdo, proposta por Laurence Bardin (2000) compre- ende as seguintes fases: a pré-análise (leitura flutuante, escolha dos documentos, prepara- ção do material e referenciação dos índices e a elaboração dos indicadores), a exploração do material e o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. O estudioso que trabalha seus dados a partir da análise de conteúdo está sempre em busca de um texto por trás de outro, um texto que não está aparente em uma primeira leitura e que necessita de uma técnica diferencia- da para ser desvendado, relido, revisto. Diferença entre análise documental e análise de conteúdo A análise documental se ocupa de documentos, enquanto a análise de conteúdo se ocupa de mensagens que podem estar em uma notícia de jornal, em um filme, em uma música, em uma imagem, entre outros. A análise documental tem por objeti- vo representar resumidamente uma informação para consulta ou armazen- agem. A análise de conteúdo tem por objetivo a manipulação de mensagens, evidenciando indicadores que possi- bilitam inferências sobre determinada realidade, que não propriamente a da mensagem. Pós-Graduação | Unicesumar 61 análise de dados Após a escolha da técnica e a realização da coleta de dados, esses dados devem ser orga- nizados de modo sistemático para posterior publicação. Antes, porém, da análise e in- terpretação destes, seguem-se os seguintes passos: seleção, codificação e tabulação. Na seleção, os dados são criteriosamente analisados, com o objetivo de se verificar se não houve nenhuma falha que leve a con- clusões distorcidas, incompletas ou confusas, prejudicando o resultado final da pesquisa. Nessa análise, é possível apontar se houve excesso de informação ou se os dados foram insuficientes. Se for preciso, pode-se retornar ao campo de pesquisa, para reaplicar o ins- trumento escolhido. Na segunda fase, que é a codificação, os dados transformam-se em símbolos, que podem ser contados ou introduzidos em uma tabela. Primeiramente, os dados devem ser classificados em categorias e, após, atri- bui-se um código, transformando o que é qualitativo em quantitativo, ou seja, algo que se possa contabilizar. Na última fase, que é a tabulação, deve-se dispor os dados em tabelas, permitindo visu- alizar as interrelações obtidas entre os dados. É a síntese dos dados representados grafica- mente, oferecendo melhor compreensão e interpretação. Após a manipulação dos dados e ob- tenção dos resultados, segue a análise e interpretação desses resultados, sendo essas o núcleo da pesquisa. Metodologia da pesquisa 62 De acordo com Lakatos e Marconi (2008, p. 170), a elaboração da análise, propriamen- te dita, é realizada em três níveis: a) Interpretação. Verificação das relações entre as variáveis independentes e de- pendentes, e da variável interveniente (anterior a dependente e posterior à independente), a fim de ampliar os conhecimentos sobre o fenômeno (variável dependente). b) Explicação. Esclarecimento sobre a origem da variável dependente e necessidade de encontrar a variável antecedente (anterior às variáveis in- dependente e dependente). c) Especificação. Explicitação sobre até que ponto as relações entre as variá- veis independente e dependente são válidas (como, onde e quando). A interpretação inclui uma atividade de caráter intelectual, que busca atribuir significado às res- postas obtidas, estabelecendo elos com outros conhecimentos subjacentes. Nessa fase, é im- portante que o pesquisador estabeleça ligação entre os dados obtidos com a teoria lida e exposta na fundamentação teórica do trabalho. Após a interpretação dos dados, é o momento de verificar de que forma eles ilustrarão o trabalho final. Pode-se optar por tabelas e gráficos que vão destacar as prin- cipais classificações do material estudado. Quanto mais simples e objetivo, melhor. O importante é que se apresente bem as ideias e as relações estabelecidas. Os gráficos devem evidenciar os dados de modo claroao leitor. São utilizados para acentuar os destaques que se deseja à pes- quisa e, a um só olhar, permitem descrição do fenômeno pesquisado. Você sabe a diferença entre quadro e tabela? As tabelas são construídas a partir de dados obtidos pelo próprio pesqui- sador, utilizando números absolutos ou porcentagens. Elas não possuem as linhas verticais laterais exteriores, que as fechariam como um quadro. Os quadros são elaborados com base em dados obtidos em outras fontes e devem ser fechados nas laterais. Os quadros não necessariamente requerem números para representação dos dados. Observamos que a ciência se constitui por meio da aplicação de métodos e técnicas, fundamentados em sólida fundamentação teórica. Fazer ciência não se reduz a coletar dados em entrevistas e questionários, nem tampouco a leitura e cópia de documen- tos escritos por outros autores. Fazer ciência envolve conhecimento prévio, busca de in- formações novas, leitura de autores que se consagraram na área, exposição de dados obtidos por meio de técnicas específicas, interpretação desses dados à luz de novas concepções, comparações, novas leituras, proposições e construção de novos conhe- cimentos que não podem e nem devem ser um fim em si mesmos. Nenhum conheci- mento está pronto, novas lacunas devem surgir, novas propostas, novos olhares. Pós-Graduação | Unicesumar 63 Adotar uma norma é fundamental para agregar valor e credibilidade ao trabalho elaborado. Imagine se cada um que fizesse um trabalho resolvesse apresentá-lo ao seu gosto. Possivelmente, a forma de apresentação tornar-se-ia mais im- portante que o conteúdo. Quando aplicada uma regra comum, todos os trabalhos terão forma igual. O que vai diferir é o conteúdo apresentado, passando esse a obter desta- que e devendo ser essa a questão central do pesquisador. A princípio, parece complicado obe- decer a tanta regra, mas com a prática, observa-se que elas facilitam nossa vida e não deixam ficar de fora nenhuma informa- ção importante. citação A citação pode ser indireta, quando inclu- ímos em um texto por nós produzido uma informação retirada de alguma fonte, ou direta, quando copiamos trechos retira- dos de outros materiais, com a finalidade de respaldar, ilustrar ou esclarecer o tema apresentado. e referências citações Metodologia da pesquisa 64 Toda vez que nos apropriamos de um texto que não foi escrito por nós, sem citar o autor, estamos plagiando, ou seja, copiando sem atribuir os devidos créditos, e isso se confi- gura como crime. Para que os autores pesquisados apa- reçam em nosso texto de modo claro e objetivo, normalmente, adotamos dois cri- térios: o sistema autor-data ou o sistema numérico. Após adotar um sistema, devemos mantê-lo do início ao fim do trabalho, uni- formizando nossas citações. O sistema numérico apresenta a indica- ção de fonte em algarismos arábicos, que irá remeter para a lista de referências que se en- contra ao final do trabalho e essa, por sua vez, não estará em ordem alfabética, mas sim na ordem em que aparece no texto. Por exemplo: O sistema mais indicado, porém, é o autor-da- ta, pois possibilita que o leitor já identifique no texto que está lendo qual é a autoria daquele trecho específico, o ano de publicação e a página em que pode localizar a informação. Nesse caso, é preciso prestar atenção em algumas especificidades: a. Quando mencionamos o autor em uma frase que compõe um parágrafo, apenas a primeira letra do sobrenome do autor é maiúscula, as demais são minúsculas e, na sequência, aparece entre parênteses o ano e a página, separados apenas por uma vírgula. Lembre que a abreviatura de página é “p.” e não “pag.” Exemplo: “mesmo a menor audiência é sempre a maior que um trabalho de alta qual- idade poderia almejar”, (1). “A obstinação de alcançar todo o mun- do representa, na verdade, o objetivo menos nobre da televisão genérica: nivelar tudo por baixo, para ter sob controle uma massa uniforme de con- sumidores”(2). 1. MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. 2. ed. São Paulo: Ed. SENAC, 2001. 2. HOINEFF, Nelson. A nova tele- visão: desmassificação e o im- passe das grandes redes. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1996. De acordo com Gimeno Sacristán (1998, p. 154), “muitos conteúdos, não estritamente acadêmicos, não correspondem a nenhuma especialização curricular ou disciplina, enquanto que outros estão relacionados com todas”. “A virtualidade da imagem e das relações quase substitui a realidade.” (ALMEIDA, 2009, p. 30). b. Quando o autor for citado após o trecho copiado, deve aparecer também entre parênteses, todo em maiúsculas, seguido do ano e do número da página. Pós-Graduação | Unicesumar 65 A citação direta é a cópia literal de um texto por nós escolhido, ou uma parte dele, man- tendo a mesma grafia, a mesma pontuação e o mesmo idioma. Nada pode sofrer alte- ração. As citações diretas podem ser curtas, quando se apresentam com até três linhas, ou longas, quando têm mais de três linhas. As citações curtas devem ser grafadas com a mesma fonte e número de fonte do texto que estamos escrevendo, sendo colo- cadas entre aspas para indicar que se trata de uma citação, seguida de autoria, ano e número da página. Por exemplo: tipos de citação Vimos no início do texto que as citações podem ser diretas ou indiretas. Há ainda mais um tipo de citação bastante utilizado: a citação de citação. Vamos ver como podemos usar cada uma formas de citação, ao longo de nossos textos. Isto fica evidenciado na leitura do artigo de Kroth, quando analisa que “Para o Brasil, e especificamente para a região Sul, a falta de estudos na área é influenciada, sobretudo, pela precarie- dade estatística em nível municipal.” (2012, p. 19). Citações Diretas A citação longa (com mais de três linhas) deve figurar em um parágrafo distinto daquele que estamos escrevendo, com um recuo de quatro centímetros, a partir da margem esquerda, sem uso de aspas, com fonte menor que a utilizada em nosso texto (no texto, a fonte é 12, nas citações, pode-se usar a 10 ou a 11). É obrigatório indicar o ano e a página de onde o trecho foi copiado, não se esquecendo de deixar uma linha em branco antes e depois do trecho. Veja um exemplo abaixo: Metodologia da pesquisa 66 Green é enfático ao estabelecer relação entre o acesso a informação e superação de desigual- dades sociais: A questão do acesso a informações não é um debate abstrato; é uma ferramenta essen- cial da cidadania. O conhecimento amplia horizontes, permite que pessoas façam opções bem fundamentadas e fortaleçam sua capacidade de exigir direitos. Garantir o acesso a co- nhecimentos e informações é absolutamente essencial para que pessoas em situação de pobreza superem as desigualdades em todo o mundo. Em âmbito nacional, a capacidade de absorver, adaptar e gerar conhecimentos e transformá-los em tecnologia determina, cada vez mais, as perspectivas de uma economia. (GREEN, 2009, p. 56). Desse modo, torna-se claro que todos devem ter acesso à informação, de modo a poder superar as desigualdades postas. Citações Indiretas A citação indireta é utilizada quando estamos redigindo nosso texto e em determinado ponto nos baseamos em ideias de outros autores, reproduzindo o sentido que esse autor apresentava. Tais citações podem apa- recer como paráfrase ou como condensação, como veremos abaixo. A paráfrase deve manter aproximada- mente o mesmo tamanho da citação do autor, sendo colocada no texto sem aspas e sem necessidade de inclusão do número dapágina de onde foi tirada. Autor e ano devem ser mantidos. Por exemplo: No caso da condensação, ela apresen- ta-se como um resumo de um texto lido, mas que não altera a ideia original do autor. Também deve ser escrita sem aspas e não há a necessidade de colocar a página em que se encontra na obra original. Citação de Citação Utilizamos uma citação de citação quando não conseguimos acesso à obra original do primeiro autor e consideramos aquela citação fundamental para nosso trabalho. Lembre-se, é importante tentar buscar a obra original, pois, assim, podemos enten- der na íntegra quais eram as ideias daquele autor. Só utilize citação de citação se re- almente não conseguir acessar o autor original. Em português, podemos utilizar a ex- pressão “citado por” ou em latim, apenas “apud”, que, por ser uma palavra estrangei- ra, deve ser grafada com itálico, conforme Alguns estudos apresentam resultados que podem elucidar certas questões na relação entre liberalização da con- ta capital e crescimento econômico. Eichengreen (2002), por exemplo, sugere que países desenvolvidos pri- meiro expandiram seus mercados fi- nanceiros domésticos.1 1 Trecho retirado de PAULA, Luiz Fernando de et al . Liberalização financeira, performance econômica e estabilidade macroeco- nômica no Brasil: uma avaliação do período 1994-2007. Nova econ., Belo Horizonte , v. 22, n. 3, dez. 2012 Pós-Graduação | Unicesumar 67 segue no exemplo: De acordo com Frost (1999 citado por MARCCELLI, 2000), ainda na década de 1980 poucas empresas utilizavam informações não financeiras para aval- iarem seu desempenho, a maior parte destas utilizavam apenas informações financeiras. OU De acordo com Frost (1999 apud MARCCELLI, 2000), ainda na década de 1980 poucas empresas utilizavam informações não financeiras para aval- iarem seu desempenho, a maior parte destas utilizavam apenas informações financeiras. Conforme Lakatos e Marconi (2003, p. 231)... Ou ... (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 231). De acordo com Cintra, Fonseca e Mar- quesi (1992, p. 34)... Ou ...(CINTRA; FONSECA; MARQUESI, 1992, p. 34) Em citações diretas, a indicação da página de onde o texto foi copiado é sempre obrigatória. Em citações indi- retas, você pode colocar a página ou não, pois não é obrigatório. A indicação dos autores copiados pode acontecer de duas formas: na frase com o nome, mantendo apenas a primeira letra maiúscula, ou no final da frase, com o sobrenome do autor todo em letra maiúscula dentro dos parênteses, antes do ano e da data: Autor (2013, p. 12) ou (AUTOR, 2013, p. 12). Quando a obra tem dois autores, usamos a mesma regra de um autor só, inserindo o sobre- nome dos dois, ou seja, na frase que estamos escrevendo, colocamos os nomes, mantendo apenas a primeira letra maiúscula ou no final da frase com os sobrenomes dos autores todo com letras maiúsculas dentro dos parênteses, antes do ano e da página. Por exemplo: Se o original apresenta três autores, o pro- cedimento é o mesmo, usando na frase, primeiramente, uma vírgula e depois um “e” para separar os sobrenomes e, após a frase, quando dentro dos parênteses, utilizamos apenas “;” entre todos os autores: Quando elaboramos uma citação com apenas um autor, já vimos como esse autor deve aparecer nos exemplos já dados. Mas quando trabalhamos com textos que foram escritos por mais de um autor, como podemos citá-los? Quando temos mais de três autores, podemos usar a expressão latina “et al.” grafado em itálico, que significa “e outros”: De acordo com Cintra et al. (1992, p. 34)... Ou ... (CINTRA et al., 1992, p. 34). Metodologia da pesquisa 68 Como se observa em Silva, E. M. (1998, p. 44)... OU ... (SILVA, E. M., 1998, p. 44). Este conceito foi bem detalhado por Silva, S. M. (1998, p. 101)... OU ...(SILVA, S. M., 1998, p. 101). Silva (1998, 2001, 2010, 2013) analisa que... OU ...(SILVA, 1998, 2001, 2010, 2013). Os trabalhos apresentados ao Seminário de Contabilidade e Edu- cação Fiscal da Unicesumar em 2010... Ou ... (SEMINARIO DE CONTABILIDADE E EDUCAÇÃO FISCAL DA UNICESUMAR, 2010). Para Silva (1998), Nunhez (2000) e Laf- fin (2001), os resultados obtidos com relação ao crescimento do mercado de trabalho do contador estão direta- mente relacionado... OU .... (SILVA, 1998; NUNHEZ, 2000; LAFFIN, 2001), De acordo com Santa Maria, Prefei- tura Municipal (1997, p. 82) , os mu- nicípios vêm registrando um elevado índice de... Ou Os municípios vêm registrando um el- evado índice... (SANTA MARIA, Prefeitu- ra Municipal, 1997, p. 82). Se usarmos citações com autores que têm o mesmo sobrenome e a mesma data de pu- blicação da obra, na citação, é importante acrescentar as iniciais do prenome dos autores: E na citação do outro autor: É bem comum utilizarmos várias obras de um mesmo autor, quando ele é perito no tema em que estamos trabalhando. Para citar algo que o autor escreve em diversas obras suas, basta colocar o sobrenome do autor e, entre parênteses, todos os anos de publicação das obras a que nos referimos. Por exemplo: Outra forma bem comum de fazer citação é verificar vários autores que elaboraram con- ceitos semelhantes sobre o tema em questão. Nesse caso, devemos colocar o autor, a data de publicação da obra, uma vírgula para separar o próximo autor e a data de publi- cação deste. Vejamos: Utilizamos, por vezes, citações de obras que tem por autor uma entidade. Por exemplo, um documento da prefeitura de Santa Maria: Também é comum citarmos textos que foram retirados de eventos, como congressos, se- minários, simpósios e semanas acadêmicas. Nesse caso, devemos citar o nome comple- to do evento: Pós-Graduação | Unicesumar 69 UNICESUMAR. SCDA-X, versão 2.10. 2013. Para Caixe e Krauter (2013) o escopo do modelo de governança das empresas “deixa de ser a resolução do conflito de agência entre gestores e acionistas e passa a representar a mitigação do choque de interesses entre acionistas controladores e minoritários”. O software SCDA-X, versão 2.10 (UNICE- SUMAR, 2013), permite controle total de seu caixa, verifica contas a pagar, a receber, contas correntes, e ainda apre- senta um sistema de fluxo de caixa. Além de gerar relatórios comuns, elab- ora gráficos de fluxo, balancetes e, se necessário, boletos bancários online. Material vastamente utilizado nas pesquisas atuais são os documentos eletrônicos, tais como softwares, periódicos e documentos online. a. Softwares: citação de documentos eletrônicos Na lista de referências aparecerá: b. Periódicos online: No texto, aparecerá apenas o(s) autor(es) e o ano de publicação do periódico, podendo fazer uma chamada para o rodapé da página ou deixando para colocar a referência apenas na lista de referências ao final do trabalho: Nas referências ou na nota de rodapé, cons- tará o site em que está disponível o artigo e a data em que se acessou: c. Em outros documentos disponíveis na internet: O Portal de Contabilidade concei- tua Balanço Patrimonial como a demonstração contábil destinada a evidenciar, qualitativa e quantitativa- mente, em uma determinada data, a posição patrimonial e financeira da Entidade. PORTAL DE CONTABILIDADE. Balanço Patrimonial. Disponível em: http:// www.portaldecontabilidade.com.br/ guia/balancopatrimonial.htm .Acesso em: 01 mar. 2014. CAIXE, Daniel Ferreira; KRAUTER, Elizabeth. A influência da estrutu- ra de propriedade e controle so- bre o valor de mercado corporati- vo no Brasil. Rev. contab. finanç., São Paulo, v. 24, n. 62, ago. 2013 . Disponível em: <http://www.scie- lo.br/scielo.php?script=sci_arttex-t&pid=S1519-70772013000200005&l- ng=pt&nrm=iso>. Acessos em: 01 mar. 2014. E na lista de referências ou no rodapé: Metodologia da pesquisa 70 A norma brasileira que se ocupa das referências é a NBR 6023. É ela que estabelece quais elementos devem, obrigatoriamente, ser incluídos nas referên- cias. Tal norma também tem por função fixar a ordem dos elementos das referências, es- tabelecendo as devidas convenções, para transcrever adequadamente a informação advinda da fonte de informação consultada. A referência se constitui basicamente de elementos essenciais e, por vezes, pode ser acrescida de alguns elementos comple- mentares, como veremos. São consideradas como elementos essenciais aquelas infor- mações que se tornam indispensáveis para que se possa identificar uma obra. Já os complementares permitem uma melhor caracterização dos documentos. As referências podem figurar no rodapé das páginas, ao final de um capítulo, ao final de um trabalho ou antecedendo resumos. referências de apresentação. É importante lembrar que há uma sequência padronizada para escre- ver as referências e que ela deve ser seguida. As referências devem ser alinhadas apenas à margem esquerda do texto, não devendo, por- tanto, serem justificadas. O espaçamento deve ser simples, havendo um espaço duplo para separar uma da outra. O negrito (ou grifo) só deve ser utilizado no título das obras, caso este não seja o elemento de entrada (quando a obra não possui autor ou uma entidade que a re- presente). Vamos aos exemplos. regras de apresentação Muitas são as regras para fazer adequadamente uma refe- rência. Vamos indicar aqui as principais e mais comuns formas Pós-Graduação | Unicesumar 71 O autor é o responsável pela obra, mas não ne- cessariamente trata-se de uma pessoa. O autor pode ser um organizador, um coordenador, uma instituição. Quando se trata de um autor pessoa, utilizamos sempre a entrada por seu sobrenome todo em letras maiúsculas, seguido de seu prenome, que pode ser abreviado ou não. De todo modo, é importante escolher uma forma e segui-la em toda a lista. Assim, se abreviar os nomes em uma referência, abrevie em toda a lista, mantendo um padrão. a. Com um autor: Em língua portuguesa, utilize o último sobrenome todo em maiúscula, seguido do prenome. Por exemplo: autor BRUZAMOLIN, A. L. Ou BRUZAMOLIN, Amanda Louise. DAHLE FILHO, L. E. Ou DAHLE FILHO, Loezer Edmundo. LÉVI-STRAUSS, C. Ou LÉVI-STRAUSS, Claude GIMENO SACRISTAN, J. Ou GIMENO SACRISTAN, José. No livro: José Carlos Marion Sergio de Iudicibus Na referência: MARION, José Carlos; IUDICIBUS, Ser- gio de. Ou MARION, J.C.; IUDICIBUS, S. de. Quando após o sobrenome figura a indicação de parentesco, tais como Filho, Neto, Junior, Sobrinho, é necessário incluir esta indicação após o sobrenome: Se for um sobrenome composto, utilize o so- brenome completo: A entrada de sobrenomes se dá pelo penúl- timo sobrenome: b. Com dois autores: Quando uma obra apresenta dois autores, deve-se entrar sempre pelo primei- ro autor citado no documento, separando um e outro por “;”. Metodologia da pesquisa 72 No livro: Euridice Mamede de Andrade Luiz dos Santos Lins Viviane Lima Borges Nas referências: ANDRADE, Euridice Mamede de; LINS, Luiz dos Santos; BORGES, Viviane Lima. Ou ANDRADE, E.M. de; LINS, L. dos S.; BORGES, V. L. BRASIL. Ministério da Fazenda. MATO GROSSO. Secretaria de Ciência e Tecnologia. POÇOS DE CALDAS. Prefeitura Municipal. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ. SOCIEDADE BRASILEIRA DE BIOÉTICA ACADEMIA NACIONAL DE POLICIA (ANP) No livro: Eliseu Martins Ariovaldo dos Santos Ernesto Rubens Gelbcke Sergio de Iudicibus Nas referências: MARTINS, E. et al. c. Com três autores: Se a obra apresenta até três autores, eles devem aparecer nas referências na mesma ordem em que aparecem no livro, separados apenas por “;”. d. Com mais de três autores: No caso de haver mais de três autores, coloca-se o primeiro que aparece na obra e, na sequência, a expressão et al. Que sig- nifica “e outros”. Se os demais autores forem bem conceituados e você julgar importan- te, pode mencionar todos. e. Autor entidade: Por vezes, incluímos obras em nossos tra- balhos que não são de autoria pessoal, e sim de uma instituição. Quando isso acontecer, devemos dar a entrada da referência pela entidade. Se for um órgão público, coloca- mos o país, o estado ou o município em que a instituição está subordinada: Se a autoria for atribuída a uma instituição, organização ou entidades de naturezas diver- sas, a entrada se dá pelo nome por extenso, todo em maiúsculas: No caso das instituições serem muito co- nhecidas por suas siglas, coloque o nome por extenso, todo em maiúsculas, como nos exemplos acima e, após, entre parênteses, a sigla da instituição: Pós-Graduação | Unicesumar 73 TAKEUCHI, Hirotaka; NONAKA, Ikujiro; THORELL, Ana. Gestão do conheci- mento. Porto Alegre: Bookman, 2008. AUTOR. Título. Edição. Local: Editora, ano de publicação. ROMÃO, José Eustáquio. Avaliação di- alógica: desafios e perspectivas. 5. ed. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2003. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto Secretaria de Educação Fun- damental. . Critérios para um atendi- mento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças. Brasília: MEC, 1995. JOHNSON, J. David. Gestão de redes de conhecimento. STAREC, Claudio. Gestão da infor- mação, inovação e inteligência competitiva: como transformar a in- formação em vantagem competitiva nas organizações. TERRA, José Claudio Cyrineu. Gestão do conhecimento: o grande desafio empresarial. 5. ed. títulos O título da obra deve ser inserido exatamen- te como aparece no documento de origem e com algum tipo de destaque que o diferen- cie do resto da referência, como o negrito, o sublinhado ou o itálico. Se houver subtítulo, geralmente após dois pontos, tal subtítulo não deve receber destaque. Lembre-se de utilizar apenas a primeira letra maiúscula. Por exemplo: Número de edição O número da edição só aparecerá na referência caso conste no documento de origem e você julgue realmente necessá- rio. Os números devem ser em algarismos arábicos, seguidos da abreviatura “ed.”. Local, editora e ano de publicação Após a edição, se você colocar, ou após o título, caso opte por não inserir a edição, vem a imprenta: ou seja, o local, a editora e a data de publicação da obra que se referencia. Após a cidade, coloque dois pontos, o nome da editora, uma vírgula e o ano de publicação. tipos de referências Podemos incluir em nossos trabalhos, referên- cias de livros, revistas, softwares, CDs, DVDs, internet entre outras. Cada um desses su- portes de informação recebe um tratamento diferente, quando referenciados. Vamos obser- var como devemos incluí-los em nossa lista? Livros (considerados no todo) Metodologia da pesquisa 74 AUTOR. Título. Edição. Local: Editora, ano de publicação. Tipo de material. ALEXANDRIA, Suzana; NOGUEIRA, Sal- vador. 1910: o primeiro voo do Bra- sil. São Paulo: Aleph, 2010. 1 CD-ROM Livros digitais (considerados no todo) Livros disponíveis na internet (conside- rados no todo) AUTOR. Título. Edição. Local: Editora, ano de publicação (se houver). Dis- ponível em: <endereço eletrônico>. Acesso em: dia, mês, ano. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1989. Disponível em: <http://comunidades.mda.gov.br/ portal/saf/arquivos/view/ater/livros/ A_import%C3%A2ncia_do_Ato_de_ Ler.pdf> Acesso em: 03 abr. 2014.AUTOR DO CAPÍTULO. Título do capítulo. In: AUTOR DA OBRA. Título da obra. Local: Editora, ano de publi- cação. Número da página inicial-final do capítulo. SANTOS, José Luiz dos. O pensamen- to contábil na idade moderna. In: SCHMIDT, Paulo. História do pens- amento contábil. São Paulo: Atlas, 2006. p. 35-48. MARTÍNEZ, J. H. G.. Novas tecnologias e o desafio da educação. In: TEDESCO, J. C. (Org.). Educação e novas tecno- logias: esperança ou incerteza? São Paulo: Cortez, 2004. Capítulo de livro Quando usamos apenas um capítulo do livro em nosso trabalho, é necessário referenciar apenas aquele capítulo. Para isso, observe que o que deve ser negrita- do, continua sendo o título da obra e não o título do capítulo. Veja: Se o autor do capítulo for o mesmo da obra, você deve inserir após o “In:” seis travessões: Pós-Graduação | Unicesumar 75 AUTOR (Instituição de origem). Títu- lo do relatório. Local: editora, ano de publicação. Tipo de documento (se não constar no título). CONSELHO REGIONAL DE BIBLIOTE- CONOMIA. Relatório de gestão e balanço social 2008-2012. Curitiba: CRB, 2012. AUTOR. Título. Número de páginas. Monografia, Tese ou Dissertação (Área) – Unidade de ensino, Instituição, Lo- cal, Ano de publicação. Disponível em: <endereço eletrônico> Acesso em: data. BRUZAMOLIN, Anna Flávia. Con- tribuições para a melhoria da qual- idade do ensino superior do curso de administração. 134 f. Tese (Douto- rado em Educação) – Setor de Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. Dis- ponível em: <www.ufrgs.br/tesesedis- sertaçoes> Acesso em: 03 mar. 2014. AUTOR DO ARTIGO. Título do artigo. Título da publicação. Local de publi- cação, número do volume, número do fascículo, número da página inicial-fi- nal do artigo publicado, data. PORTILHO, Evelise Maria Labatut; ALMEIDA, Siderly do Carmo Dahle de. Avaliando a aprendizagem e o ensino com pesquisa no Ensino Mé- dio. Ensaio: aval.pol.públ.Educ. Rio de Janeiro, vol.16, nº.60, p.469-488, Set 2008. AUTOR. Título. Número de páginas. Monografia, Tese ou Dissertação (Área) – Unidade de ensino, Instituição, Local, Ano de publicação. BRUZAMOLIN, Anna Flávia. Con- tribuições para a melhoria da qual- idade do ensino superior do curso de administração. 134 f. Tese (Douto- rado em Educação) – Setor de Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. Relatórios Os relatórios são muito úteis para ela- boração de textos, principalmente, porque exibem dados precisos e organizados sobre uma instituição. Para referenciá-los, verifi- que a ordem: Monografias, dissertações e teses – ma- teriais impressos Monografias, dissertações e teses – ma- teriais online Artigo em Publicação periódica impressa Metodologia da pesquisa 76 Artigo em Publicação periódica online AUTOR DO ARTIGO. Título do artigo. Título da publicação. Local de pub- licação, número do volume, número do fascículo, número da página ini- cial-fi nal do artigo publicado, data. Disponível em: <endereço eletrônico> Acesso em: data. PORTILHO, Evelise Maria Labatut; ALMEIDA, Siderly do Carmo Dahle de. Avaliando a aprendizagem e o ensino com pesquisa no Ensino Mé- dio. Ensaio: aval.pol.públ.Educ. Rio de Janeiro, vol.16, nº.60, p.469-488, Set 2008. Disponível em: < http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex- t&pid=S0104-40362008000300009&l- ng=pt&nrm=iso> Acesso em: 03 abr. 2014. AUTOR DO ARTIGO. Título do artigo. Título do jornal. Local de publicação, data. Seção, suplemento, número ou título do caderno, número de páginas do artigo referenciado. ALMEIDA, Flávio Ferreira de. Minha história. Folha de São Paulo. São Pau- lo, 12 out. 2012. Seção Empreendedor Social, Caderno Ilustrada, p. 5-6. Artigo em jornal Ao elaborar sua lista de referências, verifi que atentamente se todos os autores citados no texto constam nas referências e vice-versa. Todos os au- tores listados, obrigatoriamente, de- verão ter sido mencionados no texto. Se você utilizou um livro em suas lei- turas, mas não o citou no texto, não pode constar na lista de referências. Pós-Graduação | Unicesumar 77 relato de caso A aluna, após cometer plágio e ser notificada, entra em contato com sua orientadora e diz “Professora, eu sei que não fiz nada errado. Vocês disseram que eu precisava entre- gar uma tal de monografia, mas não esclareceram que eu não deveria pedir para outra pessoa fazer para mim. Paguei quinhentão. Na verdade, ainda estou pagando porque, para mim, isso é muito dinheiro. A senhora sabe o que significa pagar tudo isto? Sabe a minha dificuldade pra tirar esse dinheirinho por mês, do salário pouco que ganho? Ah, nem deve saber. Se soubesse, não estaria me falando que não poderei receber meu diploma. E só agora a senhora me diz que copiar é crime e que eu copiei? Eu nem copiei nada não. Vou lhe dar o telefone da mulher que fez o trabalho e a senhora acerta isso com ela”. Tal aluna sente-se ameaçada e até mesmo desesperada, por verificar que, por um ato que teoricamente acredita que não cometeu, pois não sabia que aquilo era crime, perderá o seu diploma. Metodologia da pesquisa 78 Nesta unidade, distinguimos diferentes pos- sibilidades metodológicas para trabalhar na coleta e análise de dados de pesqui- sas. Inicialmente, observamos que elas se dividem em três grupos principais: pesqui- sas exploratórias, descritivas e explicativas. Essa classificação permite que se estabeleça qual será o marco teórico da pesquisa. É im- portante lembrar que essa divisão não deve ser engessada, pois muitas pesquisas cabem em mais de um modelo, em função de suas características. Também foi possível compreender conceitos e diferenças entre pesquisa biblio- gráfica, documental, experimental, pesquisa de campo, estudo de caso, pesquisa-ação, pesquisa participante e análise de conteúdo. Quanto à análise dos dados coletados, vimos que eles seguem rigoroso planejamento, obe- decendo a uma ordem: seleção, codificação e tabulação. Após a manipulação dos dados e obtenção dos resultados, segue a análise e in- terpretação desses, sendo tal análise o núcleo da pesquisa. A interpretação inclui uma ati- vidade de caráter intelectual, que busca atribuir significado às respostas obtidas, es- tabelecendo elos com outros conhecimentos subjacentes. Nessa fase, é importante que o pesquisador estabeleça ligação entre os dados obtidos e a teoria lida e exposta na fundamentação teórica do trabalho. Verificamos ainda que adotar uma norma é fator essencial para acrescentar valor e cre- dibilidade ao trabalho acadêmico. As normas considerações finais Pós-Graduação | Unicesumar 79 apresentadas nesta unidade relacionam-se às citações, apresentação das referências e estrutura dos textos. Sobre as citações, vimos que elas podem se apresentar de modo direto, como cópia literal de um texto por nós escolhido, ou uma parte dele (mantendo a mesma grafia, a mesma pontuação e o mesmo idioma de nosso texto), de modo indireto, quando estamos redigindo nosso texto e em de- terminado ponto nos baseamos em ideias de outros autores, reproduzindo o sentido que eles apresentavam e, por último, como citação de citação, quando não consegui- mos acesso à obra original do primeiro autor e consideramos aquela citação fundamental para nosso trabalho. Na sequência da unidade, observamos a norma que se ocupa dos elementos que devem obrigatoriamente ser incluídos nas referências. Tal norma também tem por função fixar a ordem dos elementos das referências, estabelecendo as devidas con- venções paratranscrever adequadamente a informação advinda da fonte de informa- ção consultada. Para finalizar, constatamos a impor- tância de adequar nossas produções às normas de editoração de texto e, também, o cuidado com a clareza, a coesão, a co- erência e os aspectos gramaticais, como aspectos fundamentais para o entendimen- to das nossas ideias. Metodologia da pesquisa 80 1. Tipo de pesquisa que se ocupa em agregar maior intimidade ao problema em questão, tornando-o mais claro e específico. Essa pesquisa permite que se considerem diversos aspectos di- ferentes do foco de estudo. Em geral, envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram ou têm contato com as questões prá- ticas que envolvem o problema de pesquisa e permitem a análise de exemplos. Esse é um conceito para: a. Pesquisa explicativa. b. Pesquisa exploratória. c. Pesquisa descritiva. d. Pesquisa analítica. 2. Esta técnica exige dois passos essen- ciais: a observação do fenômeno, seguida de entrevista. A observação é utilizada para se obter aspectos da realidade, de acordo com os sentidos do observador, de modo a permitir a identificação e provas sobre o ob- jetivo do estudo. Ela possibilita que o pesquisador chegue a determina- das conclusões, apenas observando o comportamento e as atitudes típicas de determinado grupo. Esta técnica é a: a. Observação direta intensiva. b. Entrevista. c. Questionário. d. História da arte. 3. A citação pode ser indireta, quando incluímos em um texto por nós pro- duzido uma informação retirada de alguma fonte, ou direta, quando co- piamos trechos retirados de outros materiais com a finalidade de res- paldar, ilustrar ou esclarecer o tema atividades de autoestudo Pós-Graduação | Unicesumar 81 apresentado. Sobre as citações, assi- nale V para Verdadeiro e F para Falso. I. A citação direta é a cópia literal de um texto por nós escolhido, ou uma parte dele, mantendo a mesma grafia, a mesma pontuação e o mesmo idioma. Nada pode sofrer alteração. II. As citações indiretas podem ser curtas, quando se apresentam com até três linhas, ou longas, quando tem mais de três linhas. III. A citação longa (com mais de três linhas) deve figurar em um pará- grafo distinto daquele que estamos escrevendo, com um recuo de dois centímetros, a partir da margem es- querda, com uso de aspas. IV. A paráfrase deve manter aproximada- mente o mesmo tamanho da citação do autor, sendo colocada no texto sem aspas e sem necessidade de inclusão do número da página de onde foi tirada. a. V, V, F, F. b. F, F, V, F. c. V, F, F, V. d. F, F, V, V. 4. Usamos este tipo de citação quando não conseguimos acesso a obra origi- nal do primeiro autor e consideramos aquela citação fundamental para nosso trabalho. É importante tentar buscar a obra original, pois assim, podemos entender, na íntegra, quais eram as ideias daquele autor. Estamos falando de: a. Citação de citação. b. Citação longa. c. Citação direta. d. Citação indireta. 3 TRABALHOS CIENTÍFICOS: ESTRUTURA, FORMA E CONTEÚDO Professora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Estrutura dos trabalhos científicos • Elementos pré-textuais • Elementos textuais • Elementos pós-textuais • Redação e Editoração de textos • Comunicação da pesquisa • Conceito de trabalho científico Objetivos de Aprendizagem • Conhecer as normas que fundamentam a redação e a editoração dos textos acadêmicos. • Distinguir os diferentes elementos que compõem a es- trutura dos trabalhos acadêmicos. • Analisar a importância da comunicação da pesquisa, por meio de publicação em eventos, artigos de revistas, pu- blicação de livro etc. • Compreender as principais características de um traba- lho monográfico. • Identificar os princípios gerais, para elaboração de traba- lhos acadêmicos, visando sua apresentação à instituição. • Distinguir os diferentes elementos que compõem a es- trutura dos trabalhos acadêmicos. • Analisar a importância da comunicação da pesquisa, por meio de publicação em eventos, artigos de revistas, pu- blicação de livro etc. Qualquer investigação científica tem por finalidade comuni- car os processos e os resultados ou conclusões que o seu autor chegou, para um público específico, que se interessa por aquela área de conhecimento. Os trabalhos podem ser divulgados de diversos modos: por meio de um artigo, que possa ser publica- do em periódico, por meio de monografia, com claros objetivos acadêmicos (conclusão de curso de graduação, dissertação de mestrado ou tese de doutorado), ou, ainda, por uma obra que se deseja publicar. O que se verifica como ponto comum em qualquer tipo de tra- balho científico é seu caráter monográfico, ou seja, discorre-se sobre o problema delimitado e desenvolvido com atitude cien- tífica. O termo monografia relaciona-se, então, a um problema e não, como comumente se pensa, com o fato de ser escrito por uma pessoa. Por isso, a definição do problema é tão impor- tante em uma pesquisa. Tudo se relaciona a ele. A pesquisa só existe a partir dele. 3 TRABALHOS CIENTÍFICOS: ESTRUTURA, FORMA E CONTEÚDO Professora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Estrutura dos trabalhos científicos • Elementos pré-textuais • Elementos textuais • Elementos pós-textuais • Redação e Editoração de textos • Comunicação da pesquisa • Conceito de trabalho científico Objetivos de Aprendizagem • Conhecer as normas que fundamentam a redação e a editoração dos textos acadêmicos. • Distinguir os diferentes elementos que compõem a es- trutura dos trabalhos acadêmicos. • Analisar a importância da comunicação da pesquisa, por meio de publicação em eventos, artigos de revistas, pu- blicação de livro etc. • Compreender as principais características de um traba- lho monográfico. • Identificar os princípios gerais, para elaboração de traba- lhos acadêmicos, visando sua apresentação à instituição. • Distinguir os diferentes elementos que compõem a es- trutura dos trabalhos acadêmicos. • Analisar a importância da comunicação da pesquisa, por meio de publicação em eventos, artigos de revistas, pu- blicação de livro etc. Metodologia da pesquisa 84 texto redação e editoração do Ao escrever trabalhos científi cos, deve-se, obrigatoriamente, observar algumas características específi cas, como o cuidado e o rigor com a norma culta da língua. É normal que as pessoas apresen- tem modos diferentes, tanto ao falar quanto ao escrever, porém, cuidados com a clareza, coesão, coerência e aspectos gramaticais são fundamentais para o entendimento das ideias do autor. Vamos aqui discorrer um pouco sobre a importância de obedecer a pequenas regras que podem valorizar muito o traba- lho produzido. Pós-Graduação | Unicesumar 85 Quando elegemos um tema para um traba- lho monográfico, fazêmo-lo porque temos certa intimidade com ele. Não adianta es- colher um tema porque o consideramos “da moda” ou porque “todo mundo está falando daquele assunto”. Como falamos anterior- mente, precisamos ter afinidade com o tema e uma boa leitura prévia, pois, assim, a escrita transcorrerá com maior facilidade. Ter coerência na elaboração de um texto significa deixar as ideias claras, facilitando a compreensão de quem o lê. Todo o con- teúdo produzido deve ser fundamentado em dados, em referências que confirmem e validem sua escrita. Outro ponto fundamentalna escrita de um A fim de facilitar a leitura e o entendimento do conteúdo que se quer expor, são impor- tantes os aspectos abaixo: a. Apresentar as ideias de modo claro, coerente e objetivo, conferindo a devida ênfase às ideias e unidade ao texto. b. Evitar comentários irrelevantes, acumulação de ideias e redundâncias. c. Usar um vocabulário preciso, evitando linguagem rebuscada e prolixa. d. Usar a nomenclatura técnica aceita no meio científico. e. Evitar termos e expressões que não indiquem claramente proporções e quantidades (médio, grande, bastante, muito, pouco, nem todos, muitos deles, a maioria, metade e outros termos ou expressões similares), procurando substitui-los pela indicação precisa em números ou porcentagem, ou optando por associá-los a esses dados. f. Evitar adjetivos, advérbios, locuções e pronomes que indiquem tempo, modo ou lugar de forma imprecisa, tais como: aproximadamente, antigamente, em breve, em algum lugar, em outro lugar, adequado, inadequado, nunca, sempre, raramente, às vezes, melhor, provavelmente, possivelmente, talvez, algum, pouco, vários, tudo, nada e outros termos similares. g. Evitar o uso de gírias e expressões pouco éticas ou deselegantes. (UFPR, 2011, p. 11). coerência e clareza Metodologia da pesquisa 86 trabalho científico é o cuidado com a con- jugação verbal. Assim, os verbos devem ser utilizados na forma impessoal: Analisou-se Observou-se Adotou-se Verifica-se E nunca Analisamos Observamos Adotamos Verificamos O verbo na primeira pessoa pode ser usado com cautela em justificativas, relatórios de participação em eventos e memorial. Ao final de uma produção de texto, seja de uma página ou de duzentas, é preciso reler atentamente tudo o que foi colocado, observando possíveis erros gramaticais e falta de clareza na expressão das ideias. Observe atentamente as marcações do corretor au- tomático de seu editor de texto (em geral word), pois quase sempre ele acerta. A editoração é a apresentação do texto para básicas de modo a auxiliar na formatação de seus textos, tomando por base as normas da ABNT. Layout da página Procure sempre utilizar papel branco em tamanho A4, orientação “retrato”, margens su- perior e esquerda: 3 cm, inferior e direita: 2 cm. Entrelinhamento O espaço entre as linhas deve ser de 1,5 cm para o texto de modo geral, simples (ou 1cm) para citações longas, resumos, referências, notas de rodapé, um espaçamento duplo, para separar as referências entre si e dois espaços de 1,5, para separar os títulos das seções. Fontes As fontes mais empregadas em trabalhos são a Arial e a Times New Roman. No texto, de modo geral, a fonte utilizada é tamanho 12 e, nas citações longas e notas de rodapé, pode-se utilizar o 10 ou 11. Parágrafos Os parágrafos devem ser justificados à direita, com margem à esquerda de 1,25 cm. As ci- tações longas devem ser transcritas a 4 cm da margem esquerda. Paginação Os trabalhos devem ser paginados sempre em algarismos arábicos. A capa não deve ser contada, nem numerada. As demais páginas pré-textuais são contadas, mas não numeradas – folha de rosto, dedicatória, publicação. Cada instituição costuma adotar orientações próprias que, por vezes, divergem das diretrizes apontadas pela ABNT, portan- to, é necessário estar atento às indicações de normas para publicação da instituição para onde você está escrevendo. Vamos enumerar aqui algumas normas editoração de texto Pós-Graduação | Unicesumar 87 agradecimentos, sumário e listas. As páginas de texto, desde a introdução, devem ser nu- meradas em algarismos arábicos, no canto superior direito da página. As páginas pós- -textuais, como referências, apêndices e anexos, devem ser numeradas na sequên- cia do texto. Títulos das seções Ao fazermos nossos objetivos específicos, em nossos projetos de pesquisa, devemos pensar nos títulos que vão compor nosso trabalho, pois cada objetivo, invariavelmen- te, será uma seção. Assim, as seções devem obedecer a uma sequência lógica de ideias, com títulos claros e bem específicos. Os títulos das seções devem ser tipogra- ficamente diferenciados, obedecendo-se sua hierarquia. Por exemplo: 1. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 1.1 A EDUCAÇÃO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO 1.1.1 A educação no Brasil Observe que, conforme hierarquicamente estabelecemos os títulos, a formatação deles é diferenciada. A seção primária destaca-se em letras maiúsculas e negritadas. A seção secundária apresenta-se com letras mai- úsculas, porém, sem negrito e a terciária apresenta-se somente com a primeira letra da primeira palavra em maiúscula, toda em negrito. Os agradecimentos, lista de ilustrações, listas de abreviaturas e siglas, resumo, sumário, re- ferências, glossário, apêndice, anexo e índice não recebem indicativo numérico. São cen- tralizados e grafados em letras maiúsculas negritadas. Plágio não é somente a cópia fiel e não autorizada da obra de outra pessoa −seja ela artística, literária ou cientí- fica. É também, e mais comumente, a cópia “da essência criadora sob veste ou forma diferente” (pg. 65 JOA), isto é, a apropriação indevida da produção de outrem, mascarada por um modo distinto de escrever ou pela versão para outro idioma, entre várias pos- sibilidades. Leia o texto na íntegra, na página da PUC RJ, disponível em: <http://www. puc-rio.br/sobrepuc/admin/vrac/pla- gio.html>. Metodologia da pesquisa 88 trabalhos científicos Muitos alunos, ao terminarem o curso, julgam que TCC é o mesmo que monografia, confun- dindo esses conceitos. TCC é um Trabalho de Conclusão de Curso, que pode ser uma mo- nografia, mas também pode ser um artigo, um relatório ou ainda outro tipo de docu- mento, contanto que esteja previsto no currículo do curso. Há uma grande confusão também entre projeto e TCC. Quando o professor solicita o projeto, o aluno pensa que ele já é o trabalho de conclusão e fica nervoso quando o professor explica que o projeto não é ainda o trabalho. São duas fases dis- tintas. O projeto é o desenho do que será realizado no TCC. Ele serve para antecipar fatos ao pesquisador, clareando o caminho que pretende trilhar. Após a realização do projeto, que prevê tema, problema, objetivo geral, objetivos específicos, justificativa, metodologia, fun- damentação teórica e cronograma, é que o pesquisador pode iniciar o processo de escrita do TCC. A monografia apresenta algumas características: a. Trabalho escrito, sistemático e completo. b. Tema específico ou particular de uma ciência ou parte dela. c. Estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários aspectos e ângulos do caso. d. Tratamento extenso em profundidade, mas não em alcance (nesse caso é limitado). e. Metodologia específica. f. Contribuição importante, original e pessoal para a ciência. A monografia implica graus de originalidade, mas até certo ponto, uma vez que é impossí- vel obter total novidade em um trabalho. Isso é relativo, pois a ciência, sendo acumulativa, está sujeita a contínuas revisões (LAKATOS; MARCONI, 2008, p. 237). estrutura do trabalho científico A ABNT NBR 14724 de 2011 se ocupa de espe- cificar os princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos (trabalhos de con- clusão de cursos, teses, dissertações e outros), visando sua apresentação à instituição (banca, comissão examinadora de professores, espe- cialistas designados e/ou outros). A estrutura dos trabalhos acadêmicos compreende elementos pré-textuais, elemen- tos textuais e pós-textuais, conforme segue:Elementos pré-textuais: Capa Folha de rosto (obrigatório) Errata (opcional) Folha de aprovação (obrigatório) Dedicatória (opcional) Agradecimentos (opcional) Pós-Graduação | Unicesumar 89 Epígrafe (opcional) Resumo na língua vernácula (obrigatório) Resumo em língua estrangeira (obrigatório) Lista de ilustrações (opcional) Lista de tabelas (opcional) Lista de abreviaturas e siglas (opcional) Lista de símbolos (opcional) Sumário (obrigatório) Elementos textuais Introdução Desenvolvimento Conclusão Elementos pós-textuais Referências (obrigatório) Glossário (opcional) Apêndice (opcional) Anexo (opcional) Índice (opcional) Vamos entender como cada um desses itens deve ser apresentado? Elementos pré-textuais Capa: elemento obrigatório. As informações são apresentadas na seguinte ordem: a. nome da instituição (opcional). b. nome do autor. c. título: deve ser claro e preciso, identificando o seu conteúdo e possibilitando a indexação e recuperação da informação. d. subtítulo: se houver, deve ser precedido de dois pontos, evidenciando a sua subordinação ao título. e. local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado. f. ano de depósito (da entrega). Folha de rosto: Elemento obrigatório. Segue a ordem: a. nome do autor. b. título. c. subtítulo, se houver. d. natureza: tipo do trabalho (tese, dissertação, trabalho de conclusão de curso e outros) e objetivo (aprovação em disciplina, grau pretendido e outros), nome da instituição a que é submetido, área de concentração. e. nome do orientador e, se houver, do coorientador. f. local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado. g. ano de depósito (da entrega). Errata: Elemento opcional. Deve ser inserida logo depois da folha de rosto, contendo ini- cialmente a referência do trabalho seguida do texto da errata. BRUZAMOLIN, Anna Flávia. Contribuições para a melhoria da qualidade do ensino superior do curso de administração. 134 f. Tese (Doutorado em Educação) – Setor de Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. FOLHA LINHA ONDE SE LÊ LEIA-SE 26 11 Autoria interna Auditoria interna Metodologia da pesquisa 90 Folha de aprovação: Elemento obrigatório. Deve ser colocada depois da folha de rosto, deve conter o nome do autor do trabalho, título do trabalho e subtítulo (se houver), natureza (tipo do trabalho, objetivo, nome da instituição a que é submetido, área de concentração), data de aprovação, nome, titulação e assinatura dos componentes da banca examinadora e instituições a que per- tencem. A data de aprovação e as assinaturas dos membros componentes da banca exami- nadora devem ser colocadas somente após a aprovação do trabalho. Dedicatória: elemento opcional. Deve ser inserida após a folha de aprovação. Agradecimentos: elemento opcional. Devem ser inseridos após a dedicatória. Epígrafe: elemento opcional. Elaborada con- forme a ABNT NBR 10520. Deve ser inserida após os agradecimentos. Podem também constar epígrafes nas folhas ou páginas de abertura das seções primárias. Resumo na língua vernácula: elemento obrigatório. Elaborado conforme a ABNT NBR 6028. É uma síntese do trabalho. Tem por intuito informar o leitor. Na primeira frase, deve constar o assunto, na sequência, o(s) ob- jetivo(s) do estudo, a metodologia adotada na pesquisa, os resultados e as considera- ções finais (conclusão). Deve ser digitado em espaço simples e sem abertura de parágrafos e ter entre 250 e 500 palavras (esse número pode variar de acordo com as normas da ins- tituição em que se vai publicar o trabalho). Não se deve esquecer das palavras-chave. E lembre-se: • Em resumo não se faz citações. • Palavras-chave: são termos que possibilitam a recuperação de um documento. Coloque no máximo três. Resumo em língua estrangeira: elemen- to obrigatório. Elaborado conforme a ABNT NBR 6028. A instituição pode solicitar que seja elaborado em espanhol, em inglês ou em francês. Devem acompanhar o resumo, as palavras-chave, também transcritas na língua estrangeira escolhida. Lista de ilustrações: elemento opcional. Feita de acordo com a ordem em que se apre- senta no texto, com cada item designado por seu nome específico, travessão, título e res- pectivo número da folha ou página em que se encontra. Lista de tabelas: elemento opcional. Elaborada de acordo com a ordem apre- sentada no texto, com cada item designado por seu nome específico, acompanhado do respectivo número da página em que se encontra. Lista de abreviaturas e siglas: elemento opcional. É a relação alfabética das abrevia- turas e siglas utilizadas no texto, seguidas das palavras ou expressões corresponden- tes grafadas por extenso. Pós-Graduação | Unicesumar 91 Sumário: elemento obrigatório. Elaborado conforme a ABNT NBR 6027. Elementos textuais Introdução: A introdução deve apresentar, de forma clara, coerente e simples, o tema sobre o qual o pesquisador se debruçou, o problema que pretende elucidar com a pes- quisa, os objetivos a atingir, a importância e sua relação com o assunto (que é a justifica- tiva para o estudo), a metodologia adotada, uma rápida apresentação de trabalhos que fundamentaram a pesquisa e, ao final, deve dar um panorama geral e breve do que será discutido em cada capítulo. Na introdução, deve-se transcrever os itens do projeto (tema, problema, justificativa, objetivos, metodologia, exceto o cronograma e as referências), em forma dissertativa, isto é, retiran- do os itens. Mas não se esqueça dos princípios básicos da construção de textos da língua portuguesa: a coerên- cia, a coesão e a unidade textual. Desenvolvimento: o desenvolvimento cor- responde ao corpo do trabalho, é o texto em si, excetuando a introdução e a conclu- são. Assim, devem constar a Fundamentação Teórica, a Metodologia e, quando for uma pesquisa de campo, a Análise e Interpretação dos Dados. Na Fundamentação Teórica, observe os pontos abaixo: • Para a produção de um texto acadêmico, é necessário realizar um levantamento bibliográfico ou “estado da arte”: um estudo aprofundado da bibliografia selecionada que discute o tema escolhido. • Ao trazer ideias já discutidas por teóricos da área de estudo, quer na íntegra ou parafraseadas, lembre-se que é imprescindível citar adequadamente a fonte, apresentando: autor, data e número da página de onde foi retirado o texto do outro autor. Desse modo, para que possamos elaborar o desenvolvimento, é preciso que recorramos à literatura pertinente, buscando o emba- samento necessário para o nosso estudo. É no processo de escrita do desenvolvimento que utilizamos as citações, que servem para abalizar ou contradizer aquilo que escreve- mos. É isso que acrescenta cientificidade ao texto acadêmico. Considerações Finais ou Conclusão: o momento da escrita das considerações finais é, sem dúvida, o mais esperado durante todo o processo de escrita do trabalho e, até mesmo, do curso que se está realizan- do. No entanto, encerrar um trabalho exige um esforço de concentrar tudo que se ob- servou, estudou, pesquisou e elaborou, de forma concisa e pontual. Por esse motivo, as citações devem ser evitadas, pois é o momento de encerrar um Metodologia da pesquisa 92 trabalho, expondo nele suas aprendizagens, verificando se os objetivos propostos lá na introdução foram atingidos. Se a escrita não estiver fluindo, expe- rimente fazer uma lista com os principais tópicos do trabalho,seguido de um resumo de cada um. Depois, retire os títulos dos tópicos e procure fazer um texto dissertati- vo com os resumos elaborados. Lembre-se ainda de inserir os principais dados que o levaram àquelas conclusões. Outro ponto importante é enfatizar qual foi a contribuição do trabalho para a área de estudo e quais as lacunas que não puderam ser preenchidas e que abrem espaço para novas pesquisas na área. De modo geral, as considerações devem apresentar: • Breve resumo de cada capítulo abordado. • Síntese dos resultados alcançados. • Sugestões para outras pesquisas. Todo corpo do trabalho, enfim, esteve voltado para responder às questões iniciais, elencadas no projeto de pesquisa. Ao final da pesquisa, o aluno precisará fechar todas essas questões em aberto e ele fará isso na conclusão: a. Sua pesquisa resolve, amplia a compreensão, mostra novas relações ou mesmo descobre outros problemas em relação ao problema originalmente escolhido? b. Sua hipótese, ao final, foi confirmada ou refutada pela pesquisa? c. Os objetivos gerais e específicos previamente definidos foram alcançados? d. A metodologia de trabalho escolhida foi suficiente para a consecução de seus propósitos? Houve necessidade, ao longo da pesquisa, de adotar outras técnicas ou procedimentos para lidar com situações não previstas? e. A bibliografia previamente selecionada correspondeu a suas expectativas? f. Da leitura, análise, comparação e síntese de diferentes autores sobre o mesmo tema qual é sua postura diante desse tema, terminado o trabalho de pesquisa? A conclusão é, portanto, um resumo mar- cante dos argumentos principais, é síntese interpretativa dos elementos dispersos pelo trabalho, ponto de chegada das deduções lógicas, baseadas no desenvolvimento. Deve levar à convicção os hesitantes, se, porventura, ainda houver, e isso você só conseguirá se reservar para a conclusão aquilo que seja realmente essencial para a compreensão do tema. Isso quer dizer que o resumo conclusivo deve ser enérgico, breve, exato, firme e convincente (CERVO, BERVIAN, 2003, p. 146). Pós-Graduação | Unicesumar 93 Elementos pós-textuais Evidentemente, são os elementos que figuram após o desenvolvimento de todo o trabalho e que apresentam características específicas, sendo alguns tópicos opcionais e outros obri- gatórios. São elementos pós-textuais: Referências: a lista de referências é obri- gatória em qualquer tipo de trabalho e nela devem figurar apenas os materiais que foram citados ao longo do trabalho. As referências utilizadas como leitura e estudo não podem figurar aqui. Como vimos, podemos fazer uso de diversas outras fontes que não apenas bibliografia, entre elas: softwares, cds, dvds, internet, para citar algumas. Logo, o nome da lista deve ser apenas “Referência”, não in- cluindo a palavra “bibliográfica” já que não estamos falando apenas de livros. Em geral, oriento a abrir outro docu- mento com o nome referências e, enquanto escreve o texto, no momento em que incluir uma citação, já coloque a referência dela na lista. Ao final do trabalho, bastará colocar a lista em ordem alfabética, retirando os títulos que estiverem em duplicidade. Isso facilita muito e evita que obras que tenham sido citadas sejam esquecidas no momento de fazer a lista. Essa lista apresenta duas funções pri- mordiais: demonstrar quais foram as obras utilizadas para dar sustentação teórica ao trabalho e, ainda, permitir que os leitores possam consultar essas fontes para comple- mentar a leitura. Glossário: é um elemento opcional. Objetiva apresentar palavras que não sejam de uso comum do leitor e que, por isso, causam dúvida a respeito de seu significado. A lista, tal qual as referências, deve ser apresenta- da em ordem alfabética, facilitando a busca. Apêndice: o apêndice é também um ele- mento opcional e nele devem ser inseridos documentos elaborados pelo próprio autor do trabalho. É importante classificar o apên- dice, utilizando uma letra maiúscula, seguida do nome do apêndice, sempre centralizado. Por exemplo: APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROPRIETÁRIOS DE SUPERMERCADOS DA REGIÃO CENTRAL DE PORTO ALEGRE Anexos: são também elementos opcio- nais e apresentam documentos e textos que não foram elaborados pelo autor do trabalho. Seguem a mesma apresentação do apêndice: ANEXO A – LEGISLAÇÃO VIGENTE Índice: último elemento opcional. Tem por objetivo organizar sistemática e alfabetica- mente termos, frases ou palavras. Metodologia da pesquisa 94 Depois de um exaustivo trabalho de pes- quisa, que envolve muito estudo, escolha de fontes que propiciem a adequa- da fundamentação teórica da pesquisa, levantamento e tabulação de dados e, fi- nalmente, a cuidadosa escrita de tudo que foi visto, é necessário pensar que não se pretende, de modo algum, que tudo isso fique escondido em uma gaveta, após a defesa para uma banca. A disseminação de seu trabalho propiciará que tantos outros pesquisadores, alunos e leitores de modo geral possam ter acesso a tudo que você produziu. Em geral, nossa tendência é pensar que ninguém dará importância a tudo que reali- zamos e que o trabalho todo se encerra com a apresentação final. É preciso, após a apre- sentação, buscar um meio de divulgar seu trabalho. As formas mais comuns de se fazer isso é redesenhar o trabalho, para o formato de artigo científico, para publicação em con- gressos ou em revistas especializadas. Cada evento ou revista publicará suas normas para apresentação de trabalho e isso é um primeiro passo para que seu artigo seja aceito. Cada instituição estabe- lece suas próprias normas e elas devem ser comunicação da pesquisa Você sabe a diferença entre anexo e apêndice? Anexo é um texto ou documento que não foi elaborado pelo autor do trabalho, já o Apêndice é um texto ou documento que precisou ser elaborado pelo autor do trabalho. Em geral, figuram como apêndices as entrevistas ou questionários realizados para obter dados para o trabalho, relatórios de visita, ou seja, documentos criados pelo próprio autor. Já os anexos podem ser leis, documentos ou outros textos, elaborados por outros autores, mas que consideramos importante colocar no trabalho, validando-o. E a diferença entre sumário e índice? Sumário é a enumeração das principais divisões, seções e outras partes de um documento, na mesma ordem em que a matéria nele se sucede. Índice, por sua vez, é uma enumeração detalhada, em ordem alfabética, dos nomes de pessoas, nomes geográf icos, acontecimentos etc., com a indicação de sua localização no texto (informação verbal, por telefone) (MONTEIRO, 1998). Pós-Graduação | Unicesumar 95 rigorosamente atendidas. Vamos tomar o SciELO, que já foi anterior- mente citado na unidade II, como exemplo, por apresentar diversos periódicos que pu- blicam artigos científicos e que aceitam submissão de trabalhos. Em revista brasileira de economia, disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?scrip- t=sci_serial&pid=0034=7140-&lng=pt&nrm- iso>, podemos observar, no menu ao lado esquerdo da tela, um ícone que dá acesso a “instrução aos autores”: Siga todas as instruções disponíveis no site, pois isso aumenta consideravelmente suas chances de ver seu artigo publicado lá. No caso específico dessa revista, as principais re- comendações são: Os artigos submetidos a RBE devem obe- decer às seguintes regras de apresentação dos originais: • Na submissãoinicial, os artigos devem ser enviados em PDF; • Se aprovado, a editoração para publica- ção só será gratuita para o artigo enviado em formato LaTeX (classe article). Para arquivos em formato DOC (Microsoft Word) ou RTF, será cobrada uma taxa de R$ 12,00 (doze reais) por página. Nenhum outro formato será aceito. • Os artigos deverão ser acompanhados de resumos em português e em inglês, com no máximo 100 (cem) palavras com indicação de palavras- chave e códigos de classificação JEL; • Na primeira página devem constar as seguintes informações sobre o autor: nome, instituições a que está vin- culado e endereço para correspondência; • As referências bibliográficas dos artigos devem ser elaboradas de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, NBR-6023) e apresentadas no final do texto. Quando na utilização do Latex, as referências bi- bliográficas deverão estar em um arquivo .bib separado, para serem processadas pelo programa BibTeX; • Os trabalhos deverão ser enviados, ex- clusivamente, através do sistema de submissão eletrônica deste site (RBE1). Importante salientar ainda que, se você tiver pressa na publicação, deve optar por algum evento na área. Eles são muito mais rápidos para dar retorno sobre a possibilidade da publicação. Lembre ainda que, se enviar um artigo para determinada revista, você não pode enviar o mesmo artigo simulta- neamente para outra revista, nem mesmo para eventos na área, pois se exige publica- ção inédita. Muitas vezes, a publicação em 1 RBE. Normas para colaborações. Disponível em: <http:// www.anped.org.br/rbe/normas-para-colaboracoes>. Acesso em: 02 abr. 2014. Metodologia da pesquisa 96 um periódico científico importante da área pode levar até mais de um ano para ser lido pelos pareceristas. Por isso, a recomendação expressa de não se ter pressa nesse caso. Outro ponto a se observar é a classificação qualis da revista que você escolheu para enviar seu trabalho. Aparecerá como resultado, uma lista com as diversas áreas de formação e a qualificação em cada área. Observe que, para Administração, Ciências Contábeis e Turismo, a classificação é B1. Para saber o qualis de deter- minada revista, acesse o site: <http://qualis.capes.gov.br/ webqualis/publico/pesquis- aPublicaClassificacao.seam;- jsessionid=2756B792B64B- 113F11CA09A4A64AE923. q u a l i s m o d c l u s - ter-node-64?conversation- Propagation=begin> e digite o número do ISSN do periódi- co a ser pesquisado, compos- to por dois blocos de quatro dígitos e separado por um hífen. No caso da Revista de Economia Contemporânea, o ISSN é 1415-9848. Pós-Graduação | Unicesumar 97 Qualis é o conjunto de procedimentos utilizado pela Capes para estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação. Tal processo foi concebido para atender as necessidades específicas do siste- ma de avaliação e é baseado nas in- formações fornecidas por meio do aplicativo Coleta de Dados. Como re- sultado, disponibiliza uma lista com a classificação dos veículos utilizados pelos programas de pós-graduação para a divulgação da sua produção. A estratificação da qualidade dessa produção é realizada de forma indireta. Dessa forma, o Qualis afere a qualidade dos artigos e de outros tipos de pro- dução, a partir da análise da qualidade dos veículos de divulgação, ou seja, periódicos científicos. A classificação de periódicos é realiza- da pelas áreas de avaliação e passa por processo anual de atualização. Esses veículos são enquadrados em estratos indicativos da qualidade - A1, o mais elevado, A2, B1, B2, B3, B4, B5, C - com peso zero. Continue a leitura em CAPES. Qualis periódicos. Disponível em: <http:// www.capes.gov.br/avaliacao/qualis>. O Qualis Periódicos está dividido em oito es- tratos, em ordem decrescente de valor: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C. Os quatro primeiros estratos ficaram assim classificados: A1-Fator de Impacto igual ou superior a 3,800. A2-Fator de Impacto entre 3,799 e 2,500. B1-Fator de Impacto entre 2,499 e 1,300. B2-Fator de Impacto entre 1,299 e 0,001 . Como a classificação para o periódico de nosso exemplo é B1, significa que ele figura entre os quatro primeiros estratos e isso é bem interessante para seu currículo. Ao terminar um curso de pós-gradu- ação, o aluno “A” escreveu um artigo como trabalho de conclusão de curso e o apresentou para a apreciação de uma banca de defesa. O trabalho foi devidamente aprovado e recebeu in- dicação para ser publicado. O aluno, ao receber tal incumbência, entrou em contato com algumas revistas qualifi- cadas para encaminhar seu texto. Ao enviar, escolheu uma revista e, após seis meses, o artigo não foi publicado. O autor queria, então, saber se poderia enviar para outra revista. Enquanto a primeira revista não der parecer favorável ou negativo ao autor, ele não pode encaminhar o mesmo artigo a outro periódico, sob pena de não conseguir publicar em nenhum. A demora é normal. Certos periódicos levam um ano ou mais para dar retorno aos pesquisadores. Metodologia da pesquisa 98 Observamos nesta unidade que o que se ve- rifica como ponto comum em qualquer tipo de trabalho científico é seu caráter monográ- fico, no sentido da escolha de um problema que será o mote da pesquisa. Distinguimos que a estrutura dos traba- lhos acadêmicos compreende elementos pré-textuais, elementos textuais e pós-tex- tuais, sendo que nos pré e pós-textuais figuram elementos obrigatórios e elemen- tos opcionais. Vimos, ainda, a importância que se deve atribuir não apenas ao momento da escrita, mas, principalmente, ao momento da dis- seminação do estudo, o que possibilta que outras pessoas tenham acesso a ele. Para divulgar o trabalho, notamos que é essencial obedecer rigorosamente às normas de publicação sugeridas pelo evento ou pelo periódico, sendo este o primeiro passo para submissão desse trabalho. Um ponto importante a considerar é que, se houver pressa na publicação, deve-se eleger algum evento (congresso, seminá- rio, semana acadêmica) na área. Eles são mais ágeis para dar resposta sobre a publi- cação. Recomendamos ainda que os artigos não devem ser enviados simultaneamente a outros eventos ou periódicos, tendo em vista que se exige publicação inédita e, ainda que fosse duplamente publicado, não agregaria valor ao seu currículo. considerações finais Pós-Graduação | Unicesumar 99 1. Muitos alunos, ao terminarem o curso, julgam que TCC é o mesmo que mo- nografia, confundindo conceitos. TCC é um Trabalho de Conclusão de Curso que pode ser uma monografia, mas também, pode ser um artigo, um relatório ou ainda outro tipo de do- cumento, contanto que esteja previsto no currículo do curso. A monografia apresenta algumas características es- senciais, entre elas: I. Trabalho escrito, sistemático e completo. II. Tema específico ou particular de uma ciência ou parte dela. III. Estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários aspectos e ângulos do caso. IV. Tratamento extenso em profundida- de, mas não em alcance (nesse caso é limitado). a. Apenas as alternativas I e II estão corretas. b. Apenas as alternativas II e IV estão corretas. c. Apenas as alternativas I e III estão corretas. d. Todas as alternativas estão corretas. 2. Qualis é o conjunto de procedimentos utilizados pela Capes para estrati- ficação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós- graduação. Sobre o qualis, é correto afirmar que: I. Tal processo foi concebido para atender as necessidadesespecíficas do sistema de avaliação e é baseado nas informações fornecidas por meio do aplicativo Coleta de Dados. II. O Qualis afere a qualidade dos artigos e de outros tipos de produção, a partir da análise da qualidade dos veículos de divulgação, ou seja, periódicos científicos. III. A classificação de periódicos é realiza- da pelas áreas de avaliação e passa por processo anual de atualização. Esses veículos são enquadrados em estra- tos indicativos da qualidade - A1, o mais elevado; A2; B1; B2; B3; B4; B5; C - com peso zero. a. Apenas as alternativas I e II estão corretas. b. Apenas a alternativa II está correta. c. Apenas as alternativas I e III estão corretas. d. Todas as alternativas estão corretas. atividades de autoestudo Metodologia da pesquisa 100 Espero que você tenha gostado e aprendido com a leitura deste livro, ou que, ao menos, tenha despertado em você a vontade de aprender mais sobre o assunto, pois um assunto nunca se esgota. Basta acrescentar- mos o nosso olhar, as nossas aprendizagens anteriores, a nossa prática. O que se pretendia com a escrita desse material era servir de apoio para a construção de suas pesquisas, mostrando, essencial- mente, o quanto é importante desenvolver pesquisa em nosso país e disseminá-la. Vamos rever alguns pontos que apresentamos. Em nossa primeira unidade, intitulada “Ciência e conhecimento científico”, refleti- mos sobre o real significado e importância do conhecimento, considerando uma visão da história da humanidade, distinguindo diferentes tipos de conhecimento e seus des- dobramentos, pois há uma visão distorcida sobre a ciência, que se chama cientificismo ou positivismo, em que se valoriza a ideia de que a ciência está acima de todas as outras formas de conhecimento. Também, foi possível examinar alguns conceitos de ciência e seus principais aspectos e métodos, essencialmente o indutivo, o dedutivo, o hi- potético dedutivo e o dialético. Ainda nessa unidade, observamos como fundamentar nossos trabalhos, verificando quais fontes tem caráter científico e podem, de fato, agregar valor. Na segunda unidade, “Elaboração de pro- jetos e fontes de pesquisa”, pretendeu-se explanar sobre a importância de desenvol- ver um projeto, sempre que se quer realizar uma pesquisa científica, pois ele é o mapa que define onde podemos chegar com a pesquisa que queremos fazer. Para poder ela- borar um bom projeto, que contemple todas as nossas necessidades, devemos seguir uma estrutura que facilitará nosso poste- rior estudo, escrita e disseminação de nossa pesquisa. Também, viabilizou-se observar a importância de trazer o olhar de diferentes autores sobre o tema em que nos debruça- mos, pois isso agrega valor de autoridade para fundamentar nossas ideias. Como não basta colocar as citações, é preciso saber como grafá-las, nesta unidade, disponibili- zamos algumas regras básicas para fazer uso delas. Por último, nesta unidade, observamos diversos métodos e técnicas que comumen- te utilizamos em nossas pesquisas, para a coleta de dados, verificando como esses dados podem ser analisados e apresentados em nossas publicações. Especialmente neste livro, apresentamos a pesquisa bibliográfica, a documental, a experimental, a pesquisa de conclusão Pós-Graduação | Unicesumar 101 campo, o estudo de caso, a pesquisa-ação, a pesquisa participante e a análise de con- teúdo. Se você tiver interesse e pesquisar, observará que existem ainda outras classi- ficações que podem melhor se adequar ao tipo de pesquisa que pretende desenvolver. Por último, na unidade III, intitulada “Trabalhos científicos: estrutura, forma e conteúdo”, foram apresentadas as principais características de um trabalho monográfi- co e seus conceitos, identificando alguns princípios gerais pra a elaboração de traba- lhos acadêmicos. Outro ponto de destaque é verificar quais elementos devem compor a estrutura de tais trabalhos e, principalmente, a relevância em se comunicar a pesquisa rea- lizada, disseminando o conhecimento obtido, para que outras pessoas possam também aprender com ele. Falando em regras básicas, nesta unidade, também vimos diversas normas que fundamentam a redação e a edi- toração de nossas pesquisas. Ao produzir este material, estava pensan- do em contribuir com o desenvolvimento de seus trabalhos, mas gostaria de lembrá-lo que não houve a pretensão de esgotar tal assunto. Na verdade, temos aqui uma breve visão do que é pesquisar... Espero contribuir para fomentar em você o desejo de sempre aprender e buscar mais conhecimento. Siderly do Carmo Dahle de Almeida ATIVIDADES DE AUTOESTUDO UNIDADE 1 Questão 1 – a Questão 2 – d Questão 3 – c ATIVIDADES DE AUTOESTUDO UNIDADE 2 Questão 1 – b Questão 2 – a Questão 3 – c Questão 4 – a ATIVIDADES DE AUTOESTUDO UNIDADE 3 Questão 1 – d Questão 2 – d gabaritos Metodologia da pesquisa 102 ALMEIDA, S. Avaliando a aprendizagem e o ensino com pesquisa no Ensino Médio. Curitiba: 2006. 94 f. Dissertação. Programa de Pós Graduação em Educação, Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR. ANDER-EGG, E. Introdução ao trabalho social. Petrópolis: Vozes, 1995. ANDERY, M. A. et al. O mito explica o mundo. In:_____. Para compreen- der a ciência: uma perspectiva histórica. Rio De Janeiro: Garamond, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documen- tação. Artigo em publicação periódica científica impressa – Apresentação. NBR 6022. Rio de Janeiro, 2003. _______. Informação e documentação. Citações em documentos – Apresentação. NBR 10520. Rio de Janeiro, 2002. _______. Informação e documentação. Numeração progressiva das seções de um documento escrito – Apresentação. NBR 6024. Rio de Janeiro, 2003. _______. Informação e documentação. Projeto de pesquisa — Apresentação. NBR 15287. Rio de Janeiro, 2011. _______. Informação e documentação. Publicação periódica científica impressa – Apresentação. NBR 6021. Rio de Janeiro, 2003. _______. Informação e documentação. Referências – Elaboração. NBR 6023. Rio de Janeiro, 2002. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2000. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 2003. ELLIOT, J. Recolocando a pesquisa-ação em seu lugar original e próprio. In: GERALDI, C. M. G.; FIORENTINI, D.; PEREIRA, E. M.A. (Orgs.). Cartografias do trabalho docente. Campinas: Mercado das Letras, 1998, p. 137-152. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. HESÍODO. Os trabalhos e os dias. 3 ed. São Paulo: Iluminuras, 1996. 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