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Química Orgânica - Uma Aprendizagem Baseada em Solução de Problemas Capítulo 9 Reações de Substituição Versão: Prof. Leandro Ferreira Pedrosa Universidade Federal Fluminense Química Orgânica I 2018 1 • Nas reações de substituição, um grupo é trocado por outro. • As reações de eliminação são caracterizadas pela formação de uma ligação . • Na química orgânica 95% das reações ocorrem entre um nucleófilo e um eletrófilo. Química Orgânica Reações de Substituição 2 • Um nucleófilo é um composto que ou tem carga negativa ou tem uma região de alta densidade eletrônica. • Um eletrófilo é um composto que ou é positivamente carregado ou tem uma região de baixa densidade eletrônica. • Quando um nucleófilo encontra um eletrófilo, pode ocorrer uma reação. Química Orgânica Reações de Substituição 3 • Em ambas as reações SN2 e SN1, um nucleófilo está atacando um eletrófilo, dando uma reação de substituição. • Isto explica a parte SN do nome. Mas o que significam o “1” e o “2”? • Precisamos examinar os mecanismos. Comecemos com o SN2: • O nucleófilo está atacando um composto que tem um átomo de carbono eletrofílico que está ligado a um grupo de saída (GS). Os Mecanismos SN2 e SN1 4 • Um grupo de saída é qualquer grupo que pode ser removido. • Duas funções importantes: 1) ele remove densidade eletrônica do átomo de carbono ao qual está ligado, tornando o átomo de carbono eletrofílico. 5 Grupo de saída 6 2) É capaz de estabilizar a carga negativa após ser retirado. • Os halogênios (Cl, Br e I) são grupos de saída muito comuns. • No mecanismo SN2 há duas setas curvas: uma indo de um par isolado no nucleófilo para formar a ligação entre o nucleófilo e o carbono, e a outra indo da ligação entre o átomo de carbono e o GS formando um par isolado no GS. Grupo de saída Três Evidências Experimentais que Suportam o Mecanismo de Reação SN2: 1. A velocidade da reação depende da concentração do nucleófilo e do eletrófilo (reação de segunda ordem). 2. A velocidade da reação com determinado nucleófilo diminui com o aumento do tamanho dos haletos de alquila (eletrófilo). 3. A configuração no produto substituído é invertida em relação à configuração no reagente eletrofílico quiral. 7 O Mecanismo SN2 • A reação de SN2 se passa numa única etapa de modo que não há intermediários (concertada). • O nucleófilo ataca o carbono tendo o grupo de saída, e desloca o grupo de saída (para não violar a regra do octeto). • Para que ocorra uma colisão produtiva o nucleófilo atinge o carbono no lado oposto ao do grupo de saída. • A explicação mais simples é que o grupo de saída bloqueia a abordagem do nucleófilo pela parte da frente da molécula. 8 O Mecanismo SN2 • A Teoria de Orbital Molecular também explica o ataque pelo lado de trás. • Para formar uma ligação, o LUMO de uma espécie deve interagir com o HOMO da outra. • Quando o nucleófilo aproxima-se do haleto de alquila, o orbital HOMO do nucleófilo deve interagir com o orbital antiligante * vazio (LUMO) da ligação C-Br. 9 O Mecanismo SN2 10 O Mecanismo SN2 11 • Considere a cinética da reação: Velocidade = k [eletrófilo][nucleófilo] • A velocidade da reação SN2 depende das concentrações de ambos os reagentes. • Se a concentração do nucleófilo é dobrada, a velocidade de reação dobra. • Se a concentração do eletrófilo é duplicada, a velocidade da reação também dobra. • Se as concentrações de ambos os reagentes são dobrados, a velocidade da reação quadruplica. O Mecanismo SN2 12 • Observe que a configuração no átomo de carbono fica invertida nesta reação. • A estereoquímica desta reação é a inversão de configuração, consistente com um mecanismo concertado. • É como um guarda-chuva virando em um vento forte. • Esta reação é dita estereoespecífica, porque a configuração do produto depende da configuração do material de partida. O Mecanismo SN2 13 • Substituintes volumosos ligados ao carbono eletrofílico torna mais difícil o ataque do nucleófilo, retardando a velocidade da reação de substituição. • O efeito estérico que diminui a reatividade é chamado de impedimento estérico. O Mecanismo SN2 14 • Com um substrato terciário, o estado de transição é tão alto em energia que a reação ocorre muito lentamente para observar. O Mecanismo SN2 • O impedimento estérico na posição b também pode diminuir a taxa de reação. 15 • Nesta reação, há duas etapas. • A primeira etapa tem o GS se afastando por si só, sem nenhuma ajuda do nucleófilo que está atacando. • O carbocátion gerado é atacado pelo nucleófilo na segunda etapa. • Esta é a principal diferença entre reações SN2 e SN1. O Mecanismo SN1 16 • Portanto, a velocidade da segunda etapa é irrelevante. Velocidade = k [substrato] O Mecanismo SN1 • A velocidade da reação depende somente da concentração do substrato. • A primeira etapa é muito lenta e a segunda etapa é muito rápida. 17 • O carbocátion possui hibridização sp2 (geometria triangular plana). • Quando o nucleófilo ataca, não há preferência quanto ao lado que ele pode atacar, e temos ambas as configurações possíveis em quantidades iguais. • Metade da molécula teria uma configuração e a outra metade teria a outra configuração (mistura racêmica). O Mecanismo SN1 18 O Mecanismo SN1 19 O Mecanismo SN1 • Nas reações SN1, o nucleófilo não ataca o substrato diretamente. • Uma vez formado o carbocátion, o nucleófilo ataca muito rapidamente. • O fator dominante e a estabilidade do carbocátion. • Carbocátions são estabilizados por grupos alquílicos vizinhos. 20 O Mecanismo SN1 21 O Mecanismo SN1 22 O Mecanismo SN1 A hidroxila é um péssimo GS. O grupo OH pode ser protonado, tornando-se um excelente GS. 23 O Mecanismo SN1 • Toda vez que o nucleófilo é neutro, uma transferência de prótons é necessária no final do mecanismo. • Reações onde o solvente funciona como nucleófilo, são chamadas de reações de solvólise. 24 O Mecanismo SN1 Rearranjos de carbocátion durante uma reação SN1. • Os carbocátions são suscetíveis a rearranjo via deslocamento de hidreto ou de metila. 25 O Mecanismo SN1 • Em reações onde um rearranjo de carbocátion é possível, uma mistura de produtos é geralmente obtida. • A distribuição do produto (proporção de produtos) depende da rapidez com que o rearranjo ocorre e da rapidez com que o nucleófilo ataca o carbocátion. Produto se o carbocátion é capturado pelo nucleófilo antes rearranjo. Produto se o carbocátion é capturado pelo nucleófilo depois rearranjo. 26 O Mecanismo SN1 • Se o rearranjo ocorrer mais rapidamente que o ataque do nucleófilo, então o produto rearranjado predominará. • Se o nucleófilo ataca a carbocátion mais rápido do que o rearranjo, então o produto sem rearranjo predominará. • Na maioria dos casos, o produto rearranjado predomina. • Um rearranjo de carbocátion é um processo intramolecular, enquanto o ataque nucleofílico é um processo intermolecular. • Em geral, os processosintramoleculares ocorrem mais rapidamente que os processos intermoleculares. 27 • Possíveis etapas adicionais Se o substrato for um álcool, então o grupo OH deve ser protonado antes. Se o carbocátion inicialmente formado pode reorganizar e gerar um carbocátion mais estável, então um o rearranjo ocorrerá. Se o nucleófilo é neutro, uma transferência de prótons é necessário para remover o carga positiva gerada. 28 • O carbocátion 3º tem energia mais baixa que o carbocátion 2º. • Ea para o rearranjo de carbocátions é muito pequena é o processo muito rápido. • Os íons oxônio possui energia mais baixa que os carbocátions (o átomo de O tem o octeto completo, já o carbocátion não). 29 • São 4 os fatores que influenciam as reações de substituição: Substrato (Eletrófilo) Nucleófilo Grupo de saída Solvente Se a substituição está ocorrendo em um centro de quiralidade, devemos esperar inversão de configuração (SN2) ou racemização (SN1). Se o substrato é suscetível ao rearranjo de carbocátion, devemos esperar rearranjo (SN1) ou se o rearranjo não é possível (SN2). Fatores que afetam as reações SN1 e SN2 30 O SUBSTRATO • A identidade do substrato é o fator mais importante na distinção entre SN2 e SN1. • SN2 Problemas de impedimento estérico no estado de transição • SN1 Estabilidade do carbocátion. Fatores que afetam as reações SN1 e SN2 31 • Substratos metil e primário favorecem SN2, enquanto substratos terciários favorecem SN1. • Substratos secundários podem prosseguir através dos 2 mecanismos. • Halogenetos alílicos e haletos benzílicos podem reagir via SN2 ou SN1: • Podem reagir através de um mecanismo SN2 porque são relativamente livres de impedimento estérico. Fatores que afetam as reações SN1 e SN2 32 • Reagem através de um mecanismo SN1 porque a perda de um GS gera uma carbocátion estabilizado por ressonância: • Em contraste, halogenetos de vinila e haletos de arila não são reativos em reações de substituição: Fatores que afetam as reações SN1 e SN2 33 • As reações SN2 geralmente não são observadas em centros hibridizados sp2, porque o ataque do lado de oposto é estéreo impedido. • Haletos de vinila e haletos de arila também não são reativos para SN1, porque a perda de um GS geraria uma carbocátion instável. Fatores que afetam as reações SN1 e SN2 34 O NUCLEÓFILO • A velocidade de uma reação SN2 depende da concentração do nucleófilo. • Pela mesma razão, as reações SN2 também dependem da força do nucleófilo. • Um nucleófilo forte irá acelerar a taxa de uma reação SN2, enquanto um nucleófilo fraco irá desacelerar a taxa de uma reação SN2. • Uma reação SN1 não é afetada pela concentração ou força do nucleófilo porque o nucleófilo não participa do passo determinante da taxa. Fatores que afetam as reações SN1 e SN2 35 O nucleófilo tem o seguinte efeito na competição entre SN2 e SN1: • Nucleófilo forte favorece o SN2. • Nucleófilo fraco desfavorece o SN2 (e, portanto, permite a competição com SN1 com sucesso). • A força de um nucleófilo é determinada por muitos fatores. Fatores que afetam as reações SN1 e SN2 36 O GRUPO DE SAÍDA • Os mecanismos SN1 e SN2 são sensíveis à identidade do grupo de saída. • Se o grupo que está saindo é ruim, então nenhum dos dois mecanismos pode operar. • As reações SN1 são geralmente mais sensíveis ao GS do que as reações SN2. • A etapa determinante da taxa de um processo SN1 é a perda de um GS para formar uma carbocátion. Fatores que afetam as reações SN1 e SN2 37 • A taxa desta etapa é muito sensível à estabilidade do carbocátion e também é sensível à estabilidade do GS. • O GS deve ser altamente estabilizado para que um processo SN1 seja efetivo. • Bons GS são as bases conjugadas de ácidos fortes. • Ex: O iodeto (I−) é a base conjugada de um ácido muito forte (HI) • O iodeto é uma base muito fraca porque é altamente estabilizado. • O iodeto (I−) é um dos melhores grupos de saída. Fatores que afetam as reações SN1 e SN2 38 39 • Os GS mais comumente usados são haletos e íons sulfonato. • Quanto mais fraca for a base, melhor ela será como grupo de saída. • Entre os íons sulfonato, o melhor GS é o grupo triflato (OTf), mas o mais comumente usado é o grupo tosilato (OTs). Fatores que afetam as reações SN1 e SN2 40 O EFEITO DO SOLVENTE • Solvente prótico é passível de formar ligação de hidrogênio entre um oxigênio, nitrogênio ou flúor. • Solvente aprótico não doadores de ligação de hidrogênio. Estes solventes geralmente têm altas constantes dielétricas e altas polaridades. • Solvente prótico pode prejudicar uma reação SN2, porque solvata fortemente o nucleófilo (por interação íon- dipolo e ligação de hidrogênio), deixando-o menos livre para atacar diminuindo a velocidade da reação. Fatores que afetam as reações SN1 e SN2 41 • Solventes próticos - Diminui a velocidade da reação SN2 Fatores que afetam as reações SN1 e SN2 42 • Solventes polares apróticos - Favorece a SN2. Os cátions são solvatados, mas ânions não são. Como resultado, os nucleófilos são mais ricos em energia quando colocados em um solvente polar aprótico. Fatores que afetam as reações SN1 e SN2 43 • Favorece SN1. Solventes próticos favorecem SN1 estabilizando intermediários polares e estados de transição. • Favorece SN2. Solventes apróticos polares favorecem SN2 aumentando a energia do nucleófilo, dando um Ea menor. Fatores que afetam as reações SN1 e SN2 44 • Os haletos de alquila secundários, assim como os haletos benzílicos e alílicos, podem sofrer tanto reações SN1 quanto SN2. • As condições reacionais determinam quais reações predominam. A concentração do nucleófilo A reatividade do nucleófilo O solvente da reação • SN2 é favorecida por uma alta concentração de um bom nucleófilo. • SN1 é favorecida por uma baixa concentração de um nucleófilo ou por um nucleófilo fraco. Competição entre reações SN1 e SN2 45 • PROBLEMAS. Identifique se é mais provável que cada um dos substratos vistos a seguir participe de uma reação SN2 ou SN1. Exercícios 9.6 No composto visto a seguir, circule os GS que são benzílicos ou alílicos: 46 • Para cada composto visto a seguir, determine se o GS, ao sair, formaria um carbocátion estabilizado por ressonância. Se não tiver certeza, tente representar estruturas de ressonância do carbocátion que você obteria se o grupo de saída fosse retirado. Exercícios 47 • Identifique se cada um dos nucleófilos vistos a seguir favorecerá uma reação SN2 ou SN1. Exercícios 48 • Identifique o melhor grupo de saída em cada um dos compostos vistos a seguir: Exercícios 49 • Identifique o melhor grupo de saída em cada um dos compostos vistos a seguir: Exercícios 50 • Compare as estruturas do 3-metoxi-3-metilpentano e do 3- iodo-3-metilpentano e identifique que composto tem maior probabilidade de sofrer uma reação SN1. • Quando o 3-etil-3-pentanol é tratado com excesso de cloreto, não é observada nenhuma reação de substituição, porque o hidróxidoé um mau grupo de saída. Se você quisesse forçar uma reação SN1 utilizando o 3-etil-3- pentanol como substrato, qual reagente você utilizaria para mudar o grupo de saída para um grupo de saída melhor e fornecer íons cloreto ao mesmo tempo? Exercícios 51 • Preveja se a reação vista a seguir vai ocorrer via mecanismo SN2 ou SN1: Exercícios • Para a reação vista a seguir, examine todos os reagentes e condições e determine se a reação se processará via SN2 ou SN1, ou ambos ou nenhum deles. 52 • Para cada reação vista a seguir, examine todos os reagentes e condições e determine se a reação se processará via SN2 ou SN1, ou ambos ou nenhum deles. Exercícios 53 FIM
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