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Resenha crítica sociologia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
FUNDAMENTOS DE SOCIOLOGIA
PROFº Drº GILSON MACEDO ANTUNES
ALUNAS: ELINE SOUZA MATEUS E MARIA EDUARDA RAMOS PEREIRA
Resenha Crítica do Artigo: 
“A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA CRIMINAL NUMA ÁREA METROPOLITANA”
O artigo foi escrito por Luís Flávio Sapori com base em sua pesquisa sobre a justiça criminal e aborda a temática da eficiência administrativa durante a conduta dos processos jurídicos nas varas públicas, especificando e explicando a atuação dos membros envolvidos utilizando de grandes nomes da sociologia como Max Weber e Blumberg para exemplificar a sua tese. A estrutura textual é composta por uma linguagem formal e rebuscada, classificada na 1ª pessoa do singular. Somado às poucas páginas que o artigo apresenta, a estrutura dividida em secções torna a leitura fluida e rápida.
Sapori apresenta inicialmente algumas definições necessárias para a compreensão do texto como os conceitos de audiência e despacho de processo, assim com as funções dos defensores públicos, juízes e promotores, definições essas que promovem um maior entendimento do leitor, mas que ainda sim não atende totalmente ao público que não tenha um conhecimento mínimo dos procedimentos que compõem o Código de Processo Penal e faz questão de lembrar em suas notas ao final do texto. Além disso, mostra como os conceitos de eficiência e linha de montagem, proveniente das teorias administrativas, foi aplicado dentro das varas, em especial, as criminais e as consequências positivas e negativas dessa abordagem jurídica, utilizando exemplos da teoria de Blumberg para exemplificar e fazer analogia com o sistema judiciário brasileiro. O texto apresenta trechos de entrevistas e depoimentos acerca da violação de algumas regras processuais e como isso influencia diretamente no comportamento dos atores em questão (juízes, promotores e advogados) para obter um processo jurídico mais eficiente.
O autor aborda de forma clara as dificuldades do processo jurídico nas varas criminais obstruídas pelo próprio sistema, o qual recebe uma alta demanda de processos e os profissionais não conseguem dar conta de toda ela. Por isso, como foi bem analisado as instituições está adotando medidas que acelerem o julgamento desses processos como foi exemplificado no artigo o caso de utilização de acordos informais e ritos sumários aos invés de seguir as normas da justiça, ou seja, ignoram as doutrinas jurídicas e a jurisprudência abreviando o rito processual para que os casos sejam resolvidos no menor espaço de tempo possível. Isso quer dizer que os casos não são tratados de forma individual e suas individualidades são deixadas de lado, faz com que aumente a produtividade porém reduz as alternativas de ação que poderiam ser adotadas.
O fato é que o sistema é formalizado e possui uma estrutura burocrática e os atores envolvidos possuem um objetivo em comum que é a eficiência, porém acabam negando a estrutura burocrática formalizada pois usam de informalidades na busca da eficiência e violam o ritualismo burocrático presente no código de processo penal, além de não serem orientadas por objetivos consistentes e é aí que mora um grande paradoxo. Muito além da eficiência as varas criminais devem atentar para os princípios do devido processo legal, do estado da inocência, do contraditório, da verdade real, pois o respeito a ele pode ser compreendido como um objetivo permanente do sistema. Portanto, a busca pelo bom nível de produtividade implica na desconsideração do que possa haver de específico nos processos e talvez assim venha a causar grandes problemas acarretados por uma decisão mal tomada ou uma ação não necessária. Vale salientar que a eficiência anda de mãos dadas com a eficácia e que ambas possuem uma relação fundamental, de que adianta ser eficiente se não é eficaz?
Se não houver uma facilitação do processo, o acúmulo de casos será excepcional e não haverá condições jurídicas e humanas (sabendo que os atores legais não têm condições de arcar com toda a demanda) para lidar com esse acúmulo. Por outro lado, esses atores precisam estar cientes que se negando a dedicar um tempo melhor para o estudo dos processos, a ter um olhar minucioso sobre as causas e a estudar mais alternativas de ação eles estão contribuindo de forma direta para que a burocracia funcione de forma errada, além de assumir o risco de erro em sentenças cujo os casos não foram devidamente estudados. Por isso, é realmente preciso encontrar uma maneira eficiente de driblar e/ou manipular essa demanda de processos, sem ferir as regras jurídicas, para que se possa manter a ordem sob a perspectiva da lei e cumprir com as prescrições normativas garantindo a eficácia e a eficiência do sistema judicial brasileiro.

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