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Tratados de Vestfália

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O TRATADO DE VESTFÁLIA : UMA COMUNIDADE DE ESTADOS ANTI-HEGEMÔNICA
	O século XVII assistiu ao efetivo estabelecimento de uma Europa de Estados legitimamente independentes que se reconheciam uns aos outros como tais. Eles ainda se sentiam como partes do todo maior que havia sido a cristandade latina, e a interação entre eles era agora de tal ordem que cada Estado, especialmente aqueles mais poderosos, sentia-se obrigado a levar em conta as ações dos demais. Eles reconheciam que, uma vez que as limitações medievais haviam desaparecido ou haviam se tornado irrelevantes, novas regras e procedimentos eram necessários para regular suas relações. Nas palavras de Hedley Bull eles precisavam constituir uma nova sociedade internacional.
	O aspecto decisivo desse processo foi o acerto legal negociado em Vestfália em meados do século, depois da exaustiva Guerra dos Trinta anos. Embora tenha sido um acerto negociado, mais que uma imposição, em grande medida constituiu no registro das conquistar dos vencedores. O veredito bem conhecido de Verônica Wedgwood de que "a paz foi totalmente ineficaz para a solução dos problemas da Europa" refere-se à reorganização do mapa e às reivindicações dos príncipes. Não obstante, as negociações de Vestfália representaram na prática algo de novo e de significativo: o primeiro congresso geral das verdadeiras potências da Europa. Os eleitores e todos os príncipes e cidades imperiais do Sacro Império Romano que eram capazes de conduzir uma política externa independente foram separadamente representados nas negociações. 
	A ordem de Vestfália, negociada pelos governantes soberanos, legitimou uma colcha de retalhos de independências na Europa. As fronteiras que separam os Estados daqueles soberanos eram claramente desenhadas, com uma linha grossa, e o que acontecesse dentro daquela linha era da competência exclusiva daquele Estado. A soberania, sobretudo quando aplicada aos principados do império, legitimava a ruptura da igreja universal agora se refletia na ruptura da estrutura laica da Euorpa. Ademais, neste momento, também foi construído o serviço diplomático.
	É necessário mencionar aqui uma nova instituição. O século XVII concebeu um novo conceito de direito internacional, como um conjunto de regras concebidas por e para príncipes soberanos para regular seus negócios uns com os outros. Os Estados da Europa governados por príncipes já haviam começado a desenvolver esses arranjos e práticas, baseados no sentido prático. A tarefa de formular e codificar as práticas existentes num corpo de direito internacional foi assumida principalmente pelos Estados protestantes da coalização anti-hegemônica, especialmente os Países Baixos.
	O conceito de nações distintas ou de povos dentro da cristandade, baseado na língua e na cultura comuns, existia na Idade Média. Ser espanhol, francês, inglês, alemão ou italiano tinha um significado étnico que transcendia à fidelidade política. Agora, as populações contidas nos leviatãs da Europa Ocidental e setentrional desenvolviam uma lealdade primordial para com o Estado e entre si. Ser membro de um mesmo corpo reforçava politicamente o antigo conceito da nação e dava-lhe um novo significado.

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