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Resumo de DIP G2

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DIP G2 
Tratados
Os Tratados como fonte de DIP
(Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969
Em 1969 foi feita a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados. Além dos Estados, outras pessoas de Direito Internacional podem celebrar tratados, como as organizações internacionais. A codificação do Direito Internacional é um processo riquíssimo, mas isso não significa que venhamos a ter um código de Direito Internacional. Além da de 1969, há outras Convenções importantíssimas que são utilizadas até hoje, como as Convenções de Haia de 1889 e 1907 sobre Direito dos Mares e a Conferência de Genebra sobre guerra aérea e terrestre. 
Sob um ponto de vista geral, o movimento codificador começou em 1889. A Liga das Nações fracassou em tentar dar continuidade a isso, porém o movimento ganhou proporções importantes com a ONU, que criou a Comissão de Direito Internacional. A Comissão tem o papel de codificar e desenvolver progressivamente o Direito Internacional. Codificar significa reunir em papel os costumes e desenvolver, ir além da compilação. A Comissão encontra-se subordinada à Assembléia Geral e apresenta uma restrição à matéria sobre a qual é competente, não pode trabalhar em matéria de Direitos Humanos e Direito de Guerra. Ela discute determinados temas propostos pela Assembléia Geral ou de sua escolha e nomeia um relator, quando o projeto estiver pronto, ele é encaminhado à Assembléia Geral, que decide se será feita uma Convenção especialmente para tal tema ou se o projeto será aprovado na Assembléia Geral mesmo. Uma convenção tipicamente codificadora é a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961. Em 1958 realizou-se a primeira Conferência das Nações Unidas sobre Direito do Mar – Convenções de Genebra. 
Âmbito da Convenção 
( Aplica-se tratados entre Estados.
( Não se aplica:
 - a tratados entre Estados e Organizações Internacionais (Convenção de 1986);
 - a acordos orais
 - aos efeitos dos conflitos armados sobre os tratados
 - à sucessão de Estados (Convenção de Viena sobre Sucessão de Estados em Matéria de Tratados, 1978)
 - à responsabilidade do Estado por descumprimento de tratados
Da mesma forma, em matéria de tratados, as normas eram apenas consuetudinárias, ou seja, surgiam dos costumes de uma certa sociedade, não passando por um processo de criação de lei, até a Convenção de Viena de 1969. No entanto, essa Convenção aplica-se somente a tratados celebrados entre Estados. A Convenção também não se aplica aos acordos orais, a exemplo do acordo realizado aqui no Rio entre Chile, Espanha e Grã-Bretanha sobre extradição do Pinochet, nem aos efeitos dos conflitos armados nos tratados, pois se estaria, neste último caso, trabalhando sobre um aspecto proibido pela Carta da ONU. Os dois outros aspectos são abordados em convenções específicas. 
Tratado: definição
( Convenção, artigo 2º, alínea 1, a: “tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica;
Como regra, o tratado só vincula as partes contratantes, porém o Estado que não é parte desse tratado pode segui-lo como norma costumeira. 
O uruguaio Jiménez de Aréchaga divide as codificações em declaratória, que consolida a norma internacional costumeira; cristalizadora, quando ainda não há uma prática consolidada e o tratado vem a cristalizá-la, e a constitutiva, quando não há regra e o tratado estabelece algo completamente novo. A conferência sobre direito do mar estabelece que o mar territorial, sobre o qual o Estado tem total soberania, se estende por 12 milhas náuticas. Mais 200 milhas de zona econômica exclusiva, com o direito de exploração como a pesca. Essa convenção se enquadraria no tipo de codificação declaratória, pois a norma do mar territorial já existia como costume. 
Em 1986 foi feita uma nova convenção sobre direito dos tratados que regulamenta aqueles tratados envolvendo as organizações internacionais, ampliando a matéria sobre a qual elaborava a Convenção de 69. Convenção sobre o reconhecimento dos Estados recebeu muitas críticas, pois só veio em 78, atrasada em relação ao período de descolonização, que se deu essencialmente nos anos 60. 
Inúmeras resoluções da Assembléia Geral, que tinham um caráter meramente recomendatório, tornaram-se obrigatórias. É o que se chama de Soft Law (Lei Branda). Algumas resoluções têm efeito ad intra, efeito interno, ou ad extra, efeito externo, que são as que costumam criar obrigações para os Estados membros. Por exemplo, a que determina a contribuição dos Estados membros. Por outro lado, em algumas organizações os tratados determinam obrigações (pré-requisitos) para que os países entrem como membros. A Organização de Aviação Civil estabelece normas técnicas, que se forem aprovadas pela maioria dos Estados membros, tornam-se obrigatórias para todos, mesmo os que forem contra. Isso só é possível porque os Estados deram à organização essa competência.
Tratados: atos de celebração
( Adoção do texto;
( Autenticação do texto;
( Manifestação do consentimento em obrigar-se por um tratado
Tais atos são precedidos pela NEGOCIAÇÃO – artigo 2º, 1 ,e: “Estado negociador” significa um Estado que participou na elaboração e na adoção do texto do tratado; 
Negociação
( Princípio da boa-fé
- Negociação exigida por acordo anterior ou resolução de órgão internacional: a má-fé durante a negociação pode comprometer a responsabilidade do Estado.
- A concordância em negociar um tratado compreende a abstenção de qualquer ato que possa frustrar o objeto do tratado, mesmo durante a negociação. 
 A definição de tratado determina que o tratado deva ser regido pelo Direito Internacional. A regra disso é que os Estados podem fazer contratos entre si não regidos pelo Direito Internacional. Os instrumentos a que a definição faz referência são, por exemplo, os mecanismos de retificação ou os limites fronteiriços que os Estados estabelecem. O princípio que rege a negociação dos tratados é o da boa-fé. Enquanto ocorre a negociação, o Estado não pode fazer nada contrário ao que está sendo negociado. 
Plenos Poderes
( Artigo 2, 1, c: “plenos poderes” significa um documento expedido pela autoridade competente de um Estado e pelo qual são designadas uma ou várias pessoas para representar o Estado na negociação, adoção ou autenticação do texto de um tratado, para manifestar o consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado ou para praticar qualquer outro ato relativo a um tratado; 
( Representação expressa: artigo 7, 1, a 
( Representação implícita: artigo 7,1, b;
( Competência concedida diretamente pelo DI: artigo 7, 2
( Um ato relativo a conclusão de um tratado praticado por uma pessoa não habilitada deve ser confirmada posteriormente pelo Estado (artigo 8) – ad referendum
( Credenciais: autorizam somente a participar de uma conferência e a assinar a Ata Final.
 
Quando começou a intensificação das relações internacionais, era o Chefe do Executivo que podia negociar e assinar o tratado. Como passar do tempo, ele deixa de fazê-lo e passa a responsabilidade a pessoas que recebem como que uma procuração para agir em nome do Estado: é o agente plenipotenciário. Ao mesmo tempo desenvolvia-se o instituto da ratificação. O Chefe do Executivo só podia negar uma ratificação se seu agente plenipotenciário agiu um sentido contrário a suas instruções. A convenção não especifica qual órgão ou pessoa do Estado é competente para expedir o documento de plenos poderes, pois isso é matéria de direito constitucional interno. Pela Constituição do Brasil, a autoridade competente para isso é o Presidente da República. A “comissão organizadora” do tratado verifica se o representante tem os plenos poderes. 
Pelo artigo 7º da convenção, a representação expressa é a de quem apresente plenos poderes. A implícitaé quando a prática o Estado dispensa os plenos poderes ou quando por algum motivo não houve tempo ou não foi possível expedir o documento de plenos poderes. Chefe de Governo, Chefe de Estado e Ministro das Relações Exteriores estão dispensados dos plenos poderes, assim como chefe de missão diplomática para junto ao país a que foi designado. Se o ato for praticado por alguém sem os plenos poderes, o Estado deve confirmar posteriormente. Esse tipo de ato se chama de assinatura ad referendum, sujeita à confirmação. 
Adoção do texto 
( Artigo 9º - 1. A adoção do texto do tratado efetua-se pelo consentimento de todos os Estados que participam da sua elaboração, exceto quando se aplica o disposto no parágrafo 2. 
2. A adoção do texto de um tratado numa conferência internacional efetua-se pela maioria de dois terços dos Estados presentes e votantes, salvo se esses Estados, pela mesma maioria, decidirem aplicar uma regra diversa.
Manifestação do Consentimento
( Artigo 11 – O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado pode ser manifestado pela assinatura, troca dos instrumentos que constituam o tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão ou por quaisquer outros meios, se assim for acordado.
Todos os Estados devem adotar a negociação, deve haver um consentimento entre os negociadores. Nas conferências, deve ter uma aprovação de dois terços dos Estados para a adoção dos tratados. Mesmo assim, a adoção do tratado ainda á um projeto, ele ainda deve ser ratificado. Quando não se consegue chegar aos dois terços, não há nem mesmo um projeto de tratado. Os que não adotam o projeto não o assinam. Adotado o texto, ele deve ser assinado, o que autentica o texto, mas ainda não o torna obrigatório. Normalmente, a assinatura é feita pelos representantes, se ele não tiver os plenos poderes sua assinatura é ad referendum ou é posta apenas sua rubrica, aceita pelos outros negociadores mediante a confirmação da autoridade competente do Estado. Há ainda outra modalidade de assinatura que é a assinatura ad diferida, quando o Estado não participou da negociação, mas assina o projeto de tratado já pronto. Ele constará como tratante originário. A partir da assinatura, entende-se que o Estado concorda com a matéria disposta no tratado. Se os Estados negociadores assim concordarem, só a assinatura já torna o tratado obrigatório. Em termos clássicos, é a ratificação que torna o tratado compulsório, mas os negociadores podem escolher o meio que preferirem. 
Assinatura 
( Os tratados multilaterais contêm disposições relativas à assinatura, indicando o lugar, a data de abertura para a assinatura, o período em que está aberto à assinatura.
( Esgotado o prazo para assinatura, o Estado que tiver interesse em ingressar no tratado deve aderir.
( O tratado pode estar aberto à assinatura de qualquer Estado ou somente a certas categorias de Estados.
( Há tratados sem prazo para a assinatura.
Geralmente o Estado negocia e assina o tratado. Existe a possibilidade de assinatura ad referendum e assinatura diferida. Com exceção dos acordos do Executivo e dos acordos por troca de notas, a assinatura não torna o tratado obrigatório. Depois da assinatura, há um procedimento interno. No Brasil, o tratado é enviado pelo Executivo, se ele desejar, ao Legislativo, de acordo com o artigo 49, I, CF. A Constituição não deixa claro se o Executivo pode celebrar tratado entre Executivo (acordo executivo). O Congresso Nacional, em seguida, pode aprovar o tratado por decreto legislativo, enviando-o de volta ao Executivo, que o ratifica se quiser e quando quiser. O Congresso somente resolve definitivamente a questão quando não prova o tratado. Os atos unilaterais são de competência unicamente do Executivo, portanto somente ele pode ratificar um tratado, isso é um ato discricionário. 
Inúmeros tratados têm prazo de assinatura. Se o país perder esse prazo, ele ainda pode enviá-lo ao Legislativo e, aprovado, aderir ao tratado. A adesão e ratificação têm os mesmos efeitos. A Constituição espanhola determina quais os tratados que devem ser enviados ao Parlamento, classificando-os quanto a sua matéria. Até mesmo algumas denúncias devem passar pelo Parlamento. 
Assinatura 
( Simples: o tratado deverá ser ratificado, aceito ou aprovado pelo Estado. Não gera obrigação para o Estado, salvo a abstenção de boa-fé de atos de frustrem o objeto e a finalidade do tratado.
( Definitiva: usada em tratados bilaterais, prevendo a entrada em vigor imediatamente após a assinatura.
A assinatura simples exige a ratificação e a definitiva a dispensa, pois gera obrigações por si só. 
Ratificação
( Origens.
( Constitucionalismo: participação do Poder Legislativo.
( Informa aos demais Estados o compromisso de adquirir obrigações emanadas do tratado.
( Pode ter condições ou limitações:
( Tratado sobre Proibições ou Restrições do Emprego de Certas Armas Convencionais que Podem ser Consideradas Excessivamente Nocivas ou de Efeitos Indiscriminados (1980): aceitação de, no mínimo, dois Protocolos da Convenção.
( “Artigo 14, 1 – O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela ratificação:
a) quando o tratado disponha que esse consentimento se manifesta pela ratificação;
b) quando fique estabelecido, de outra forma, que os Estados negociadores acordaram em que a ratificação seria exigida;
c) quando o representante do Estado assine o tratado, sob reserva de ratificação;
d) quando a intenção do Estado de assinar o tratado, sob reserva de ratificação, decorra dos plenos poderes de seu representante ou tenha sido manifestado durante a ratificação.
2- O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela aceitação ou aprovação, em condições análogas àquelas aplicáveis à ratificação”.
A ratificação nasceu do desinteresse e da falta de tempo do Chefe do Executivo para assinar pessoalmente os tratados. Assim, surgiu a figura do agente plenipotenciário e, conseqüentemente, da ratificação. A partir do século XIX, ela passou a ser obrigatória, pois com a formação do Estado moderno apareceu o Legislativo, ou seja, ela é decorrente do movimento constitucionalista. A troca ou depósito dos instrumentos de ratificação é o que torna o tratado obrigatório. A ratificação pode ter condições ou limitações, como aceitar apenas x números de protocolos. Ela é um ato internacional. A figura do depositário é importantíssima, ele é o responsável por avisar aos Estados que, por exemplo, completou-se o número mínimo de ratificações. 
Adesão
( Ato em que um Estado que não assinou um tratado expressa seu consentimento em ser parte, depositando um “instrumento de adesão”.
( Tem o mesmo efeito jurídico da ratificação, aceitação ou aprovação.
( Pode ser feita antes da entrada em vigor do tratado.
Na adesão, quando o Estado não assinou antes, ele não consta como membro originário, apenas adere ao tratado. Quando se fala em ratificação, parte-se do pressuposto de que houve uma assinatura anterior, qualquer uma das três possíveis, mesmo que o Estado não tenha participado das negociações. Os efeitos finais, de qualquer forma, são os mesmos. Na prática brasileira, quando o Legislativo aprova um tratado, já está implícito que há também a aprovação para o Estado denunciar o tratado se for esse o caso.
Aplicação provisória do tratado (art. 25)
( 1. Um tratado ou uma parte do tratado poderão ser aplicados provisoriamente enquanto não entrar em vigor, se:
_ A) o próprio tratado assim dispuser; ou
_ B) os Estados negociadores assim acordarem por outra forma.
( 2. A não ser que o tratado disponha ou os Estados negociadores acordem de outra forma, a aplicação provisória de um tratado ou parte de um tratado, em relação a um Estado, termina se esse Estado notificar aos outros Estados, entre os quais o tratado é aplicado provisoriamente sua intenção de não se tornar parte no tratado.
( Um Estado pode aplicar provisoriamente um tratado emvigor quando se compromete unilateralmente a dar efetividade provisória às obrigações estabelecidas no tratado.
( O término da aplicação provisória obedece ao disposto no art. 25,2.
Um tratado pode ser provisoriamente aplicado enquanto não entra em vigor.
Se o Executivo enviar um tratado ao Congresso e ele não passar, ele só poderá ser enviado novamente na mesma legislatura, isto é, nos quatro anos do período de mandato. Uma vez que o tratado entre em vigor na ordem internacional, deve sair um decreto promulgando-o e ambos são publicados no Diário Oficial. A assinatura de um tratado possui certo simbolismo, por isso muitas vezes os Estados preferem a assinatura ad diferida à adesão. Aplicação provisória de um tratado termina se esse Estado notificar aos outros sua falta de intenção em ratificá-lo.
Reserva
( CV, ARTIGO 2,1,d: “Reserva significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar os efeitos jurídicos de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado”.
( Só se aplicam a tratados multilaterais.
( Sistemas:
_ Clássico
_ Americano
_ Parecer da CIJ
_ Regras da Convenção (artigos 19 a 23)
( Possibilidades de um tratado, quanto às reservas (artigo 19) :
_ Proíbe todas as reservas;
_ Proíbe reservas a certas disposições, entendendo-se como implicitamente autorizadas as não proibidas;
_ Autoriza unicamente determinadas reservas, entendendo-se as não autorizadas como proibidas;
_ Silencia sobre as reservas, podendo ser formuladas as reservas compatíveis com o objeto e a finalidade do tratado.
Reserva: aceitação e objeção (artigo 20)
( Uma reserva autorizada não requer aceitação posterior; 
( Quando resulta do número limitado de contratantes e do objeto e finalidade do tratado, que a aplicação do tratado em seu conjunto é condição essencial do consentimento de cada uma delas em obrigar-se pelo tratado: aceitação unânime (princípio da integralidade);
( Aceitação da reserva por outro contratante torna o autor da reserva parte no tratado em relação ao aceitante;
( A objeção não impede a entrada em vigor do tratado entre o Estado que apresentou a reserva e o que objetou, salvo se este manifestar-se contrariamente;
( Tratado constitutivo de OI: aceitação do órgão competente.
( Uma reserva será considerada aceita por um Estado se ele não objetá-la, quer no vencimento do prazo de 12 meses que se seguiu à data na qual recebeu a correspondente notificação, quer na data em que expressar seu consentimento em obrigar-se por um tratado, se esta for posterior (art. 20,5).
Efeitos das reservas
( Entre os Estados que não formularam reserva: aplica-se o tratado integralmente;
( Entre o Estado que formulou a reserva e o que a aceitou: aplica-se o tratado modificado pela reserva;
( Entre o Estado que formulou a reserva e o que a objetou, mas não se manifestou no sentido de não considerar o primeiro como parte no tratado: aplicam-se somente as disposições que não foram objeto de reservas; 
( Entre o Estado que formulou reserva e o que a objetou, não considerando o primeiro como parte no tratado: não se aplica o tratado.
Retirada da reserva e das objeções
( As reservas podem ser retiradas a qualquer tempo, sem que sejam consultados os Estados que a aceitaram;
( As objeções às reservas podem ser retiradas a qualquer momento.
Um Estado pode assinar um tratado ou até mesmo ratificá-lo sem concordar com uma parte do tratado, isso caracteriza a reserva: o Estado avisa que tal parte não é aplicável ou que entende certo aspecto de determinada forma. Ela é uma declaração, um ato unilateral que pode ser próprio ou impróprio. As reservas só se aplicam aos tratados multilaterais, pois num tratado bilateral ela é um convite à retomada de negociações. S e essa possibilidade não for prevista no tratado, ela tem que ser apreciada pelos outros contratantes. Para quem não fez a reserva, o tratado continua a ser aplicado integralmente. 
No sistema clássico, a reserva deve ser aceita por todos os contratantes, pois se um Estado negasse a reserva, o que apresentou era retirado do tratado. Segue a regra da unanimidade. No sistema interamericano, o tratado é aplicado integralmente a todos. Existe a possibilidade de aceitar a reserva ou negar a reserva. Entre que a formulou e quem a aceitou, aplica-se o tratado com reserva. Entre quem a formulou e quem a negou, não havia tratado. A reserva só pode ser feita ou no momento de assinatura ou no momento de ratificação ou na adesão. Sendo a reserva um ato internacional, o Congresso Nacional não pode fazer reserva, no máximo podemos chamá-la de ressalva. As ressalvas serão transferidas ao poder Executivo, que decidirá se deseja ratificar o tratado modificado ou não, se sim, ele formulará a reserva. O Legislativo ainda pode discordar de uma reserva feita pelo Executivo. Se o Congresso fizer uma ressalva ou discordar de uma reserva, o processo só poderá seguir adiante no molde aprovado pelo Legislativo. 
O parecer da CIJ é diferente. Se o tratado permitir a reserva, ela se aplicará ao país que a formulou, se ele não permitir a reserva, ela não será permitida. O problema está nos casos em que o tratado é omisso quanto a isso. Nesses casos, é necessário verificar a compatibilidade da reserva com a essência (objeto e finalidade) do tratado. Aqui, há três possibilidades: aceitar a reserva; negar, mas reconhecer sua compatibilidade com o tratado, e negar e achá-la incompatível com o tratado. Entre quem a formulou e quem aceitou, aplica-se o tratado modificado. Entre quem a formulou e quem a negou, mas reconheceu a compatibilidade, aplica-se o tratado original, menos a cláusula com reserva, entre quem a formulou e quem negou e achou incompatível, não se aplica o tratado. 
Reservas: princípios norteadores
( Princípio da integralidade dos tratados.
( Princípio da universalidade dos tratados.
O sistema de reservas é regido pelos princípios da integralidade do tratado, pelo qual se busca aplicar o tratado da forma mais integral possível, e da universalidade, pelo qual se procura aplicar o tratado entre o maior número de pessoas possível. O primeiro restringe e o segundo expande, é necessário buscar um equilíbrio entre os dois princípios. 
Reserva posterior à ratificação, aceitação, aprovação ou adesão
( Prática do Secretário Geral da ONU.
( A reserva somente será aceita em depósito se todos os demais contratantes não a objetarem.
( O prazo de manifestação é de 12 meses, a partir do recebimento da notificação do Secretário Geral.
( A mesma prática ocorre quando há uma substituição de reserva.
O estoppel é quando o Estado deixa de realizar um ato em dado momento, significando aceitação. Ele é a perda da faculdade de realizar um ato processual, seja pelo decurso do prazo (preclusão temporal), pela prática de ato incompatível com aquele que se pretendia praticar (preclusão lógica) ou pela falta de um ato anterior que autoriza o posterior (preclusão consumativa). Isso pode ocorrer com a reserva, pois ela pode ser feita mesmo após a ratificação, embora isso não esteja resolvido na Convenção de Viena. Desta maneira, a reserva posterior à ratificação é prática do Secretariado Geral da ONU. Aqueles que já fazem parte do tratado têm um prazo para se manifestar a respeito da reserva. Não o fazendo, significa que aceitam, é o estoppel – como que uma aceitação tácita.
Pela cláusula si omnes, um tratado só entra em vigor se todos os Estados envolvidos ratificarem.
Entrada em vigor do tratado
( Na data e na forma prevista no tratado;
( Pelo consentimento de todos os negociadores;
( Ao ingressar um Estado após a entrada em vigor, o tratado será aplicado imediatamente, salvo disposição em contrário.
( Aplicação provisória: artigo 25.
O tratado e o direito interno
( Os tratadosdevem ser respeitados, mesmo que conflitam com o direito interno de alguns Estados.
( CV, artigo 27 – “Uma Parte não pode invocar as disposições de seu direito interno como justificativa para o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46”.
( CV, artigo 46, 1- “Um Estado não poderá invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que essa violação seja manifesta e diga respeito a uma regra de seu direito interno de importância fundamental”.
( Projeto de Convenção sobre responsabilidade do Estado por atos internacionalmente ilícitos, artigo 3: “A qualificação de ato do Estado como internacionalmente ilícito rege-se pelo direito internacional. Tal qualificação não é afetada pela qualificação do mesmo ato como lícito pelo direito interno”
Aplicação do tratado no tempo
( Artigo 28 – Irretroatividade.
( Nada impede que as Partes admitam a retroatividade do tratado.
Um tratado, em regra, não retroage, mas isso pode ocorrer caso as partes assim concordarem. Um tipo de tratado que normalmente retroage é o da extradição. Não há obrigação de extraditar, somente de analisar o pedido. 
Aplicação territorial dos tratados
( A regra geral é de que o tratado se aplica a todo o território das Partes contratantes.
( Cláusula colonial.
( Cláusula federal.
Quanto à aplicação territorial, a não ser que intenção diversa transpareça do tratado ou seja estabelecida de outra forma o tratado é vinculante para cada parte em todo território desta. Existem duas cláusulas especiais: a cláusula colonial, comum no período colonial, que estabelece se o tratado se aplicará ou não às colônias, e a cláusula federal, que resguarda a responsabilidade da federação quanto ao cumprimento de um tratado por parte de um de seus Estados membros. Somente a União pode assinar tratados, por mais que se trate de uma federação, ela apenas reconhece a competência de seus Estados membros, e estes, que devem aplicar o tratado. 
A Carta da ONU tem primazia em relação a qualquer tratado.
 
As normas imperativas (ius cogens) são estabelecidas pela doutrina, elas não estão prescritas em nenhum tratado. Qualquer tratado que viole norma imperativa é nulo (artigo 53) e se tal norma for superveniente, o tratado será finalizado (artigo 64). 
Um tratado, mesmo que não adotado, pode ser constatado como costume. 
	· Codificação declaratória: recolhe a norma costumeira internacional
	· Codificação constitutiva: cria norma costumeira internacional
· Codificação cristalizadora: prática embrionária que é convencionada e, assim, consagrada como costume.
O tratado deve ser registrado no Secretariado das Nações Unidas, caso contrário não pode ser invocado.
Tratados sucessivos sobre o mesmo assunto
( Carta da ONU, artigo 103 – “No caso de conflito entre as obrigações dos Membros das Nações Unidas em virtude da presente Carta e as obrigações resultantes de qualquer outro acordo internacional, prevalecerão as obrigações assumidas em virtude da presente Carta”
( O tratado expressa sua subordinação a tratado anterior ou posterior ou que não deve ser considerado incompatível com outro tratado: suas disposições serão aplicadas.
( Todas as Partes no tratado anterior o são também no posterior, sem que o anterior termine ou tenha sua aplicação suspensa (artigo 59): o tratado anterior será aplicado no que for compatível com o posterior.
( Se as disposições do tratado posterior são incompatíveis com o anterior, este deve ser considerado como terminado (artigo 59) – derrogação tácita
( Quando nem todos os Estados são Partes nos dois tratados:
_ Nas relações entre os Estados Partes em ambos, o anterior só será aplicado no que for compatível com o anterior;
_ Nas relações entre um Estado que é Parte em ambos os tratados e outro Estado que só é Parte em um tratado: os direitos e obrigações recíprocos se regerão pelo tratado em que ambos forem Partes.
Interpretação dos tratados
( Critério objetivo: o texto do tratado aparece como expressão autêntica da vontade das Partes, utilizando-se a primazia do mesmo para a interpretação.
( Critério subjetivo: recorre à intenção das Partes como elemento distinto do texto e o recurso aos trabalhos preparatórios e a qualquer outra manifestação das intenções dos contratantes.
( Critério teleológico: atribui importância fundamental aos objetivos e fins declarados e manifestos no tratado.
( CV, artigo 31 – boa-fé, sentido corrente dos termos, o objeto e a finalidade do tratado, qualquer acordo entre as Partes, a conduta destas e qualquer regra de DI aplicável nas relações entre elas.
( Meios suplementares: artigo 32.
Efeitos dos tratados para terceiros Estados
( CV, artigo 2, 1, h: “’ Terceiro Estado’ significa um Estado que não é Parte no tratado”.
( Regra geral: um tratado não cria nem obrigações nem direitos para um terceiro Estado, sem seu consentimento (artigo 34).
( Tratado que cria obrigações para terceiros: se as Partes têm a intenção de criar a obrigação, e o terceiro aceita expressamente por escrito a obrigação – a revogação ou modificação da obrigação depende do consentimento do terceiro Estado.
( Tratado que cria direitos para terceiros: se as Parte têm a intenção de criar o direito e se o terceiro consente – consentimento presumido. A revogação do direito pressupõe o consentimento do terceiro.
( Nada impede que uma regra prevista no tratado torne-se obrigatória para um terceiro, como norma costumeira.
( Situações especiais:
_ Tratados que produzem efeitos erga omnes;
_ Tratados constitutivos de OI: elas têm personalidade efetiva que não é objeto de reconhecimento expresso por terceiros Estados.
_ Carta da ONU, ARTIGO 2, 6: “A Organização fará com que Estados que não são Membros das Nações Unidas ajam de acordo com esses princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e da segurança internacionais”.
Emenda e modificação de tratados
(A prática internacional aponta o emprego das expressões:
Revisão, para mudar o tratado em sua totalidade; e
Emenda, para a mudança de alguma(s) disposição(ões) do tratado.
(Convenção de Viena:
Emenda: mudança de alguma(s) disposição(ões) do tratado que afeta a todos os Estados Partes;
Modificação: acordo celebrado unicamente entre algumas Partes para modificar o tratado.
Emenda
( A Parte II da Convenção é aplicada na emenda dos tratados.
( A proposta de emenda deverá ser notificada a todos os contratantes, que terão o direito de participar:
_ Na decisão em relação à proposta e
_ Na negociação e conclusão de qualquer acordo relativo à emenda.
( Qualquer Estado que possa vir a ser Parte no tratado poderá tornar-se Parte no tratado emendado.
( O acordo de emenda só obriga os Estados que o aceitarem – aplica-se a regra de acordos sucessivos sobre o mesmo assunto.
( O Estado que ingressar no tratado após a entrada em vigor do acordo de emenda será considerado:
_ Parte no tratado emendado;
_ Parte no tratado não emendado em relação
Modificação
( Celebração de acordos para modificar o tratado somente entre algumas Partes, quando houver previsão ou não for proibida.
( Se não houver proibição:
- A modificação não deve prejudicar o gozo pelas outras Partes contratantes dos direitos que derivem do tratado, nem o cumprimento de suas obrigações;
- A modificação não deve atingir uma disposição cuja derrogação seja incompatível com a execução efetiva do objeto e da finalidade do tratado em seu conjunto.
( As outras Partes devem ser notificadas da intenção de modificação e dos dispositivos a serem atingidos por ela.
Nulidades
( As disposições de um tratado nulo carecem de força ab initio e todo Estado Parte pode exigir que seja restabelecido o statu quo ante.
( A Convenção prevê as seguintes hipóteses de nulidade:- Violação das disposições do direito interno referentes à competência para celebrar tratados (artigo 46);
- Inobservância de uma restrição específica dos poderes para manifestar o consentimento do Estado (artigo 47);
- Erro de fato (artigo 48);
- Dolo (artigo 49);
- Corrupção do representante do Estado (artigo 50);
- Coação sobre o representante de um Estado (artigo 51);
- Coação sobre um Estado pela ameaça ou uso da força (artigo 52);
- Incompatibilidade com norma de ius cogens (artigos 53 e 64).
IUS COGENS
( Artigo 53 – “É nulo um tratado que, na época de sua conclusão, esteja em conflito com uma norma imperativa de direito internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de direito internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados em seu conjunto, como uma norma da qual não se admite derrogação e que só pode ser modificada por uma nova norma de direito internacional geral da mesma natureza”.
( Artigo 64 –” Se aparecer uma nova norma imperativa de direito internacional geral, todo tratado existente que estiver em conflito com essa norma torna-se nulo e termina”.
( Artigo 66, a – “Qualquer Parte na controvérsia sobre a aplicação ou a interpretação dos artigos 53 ou 64 poderá, mediante um pedido, submetê-lo à decisão da Corte Internacional de Justiça, a não ser que as Partes decidam, de comum acordo, submeter a controvérsia à arbitragem”.
( Artigo 71, 1 – “No caso em que um tratado seja nulo em virtude do artigo 53, as Partes são obrigadas a: 
- A) eliminar, na medida do possível, as consequências de qualquer ato praticado em virtude de uma disposição que entre em conflito com a norma imperativa de direito internacional geral;
- B) adaptar suas relações mútuas à norma imperativa de direito internacional geral”.
( 2 – No caso em que um tratado se torne nulo e termine, em virtude do artigo 64, a terminação do tratado:
- A) libera as Partes de continuar a aplicar o tratado;
- B) não prejudica qualquer direito, obrigação ou situação jurídica das Partes, criados pela execução do tratado antes da terminação; entretanto, esses direitos, obrigações ou situações só podem ser mantidos posteriormente na medida em que sua manutenção não entre em conflito com a nova norma imperativa de direito internacional geral”(efeito ex nunc).
Consequências da declaração de nulidade
( O efeito da invalidade é ab initio;
( Restabelecimento do statu quo ante – os atos praticados de boa-fé, antes da nulidade ser invocada não serão afetados;
( Nas hipóteses de dolo, corrupção do agente negociador, coação sobre o representante do
Estado ou sobre o próprio Estado, a Parte causadora não pode exigir o restabelecimento do statu quo ante;
( Tratado multilateral: as disposições só se aplicam às relações entre o Estado cujo consentimento está viciado e os demais Estados Partes.
( A declaração de nulidade não prejudica o dever de um Estado de cumprir toda a obrigação enunciada no tratado, a que esteja submetido em virtude do DI, independentemente do tratado.
( Em princípio, a nulidade deve ser alegada em relação à totalidade do tratado.
( A nulidade pode ser alegada em relação a certas disposições do tratado se:
- As cláusulas são separáveis do resto do tratado;
- Não seja injusto continuar executando o resto do tratado; e
- Resulte do tratado ou seja estabelecido de outra forma que a aceitação em questão não constitui para a outra ou outras Partes uma base essencial para seu consentimento em obrigar-se pelo tratado em seu conjunto.
( Se a causa de nulidade for a coação sobre o representante do Estado, a coação sobre o Estado pela ameaça ou uso da força ou a incompatibilidade com norma imperativa, não é admitida a divisibilidade das disposições do tratado.
Efeitos da nulidade: ESTOPPEL
( Artigo 45 – “Um Estado não poderá mais invocar uma causa de nulidade, de terminação, de retirada ou de suspensão da aplicação de um tratado, em virtude dos artigos 46 a 50 ou dos artigos 60 e 62, se, depois de ter conhecimento dos fatos, esse Estado:
- A) aceitou, expressamente, considerar que o tratado é válido, permanece em vigor ou continua sendo aplicado, conforme o caso; ou
- B) Deve, em virtude de sua conduta, ser considerado como tendo aquiescido em que o tratado é válido, permanece em vigor ou continua sendo aplicado, conforme o caso”.
( O Estoppel só é admitido nos seguintes casos de nulidade: violação de norma de direito interno concernente à competência para celebrar tratados, inobservância da restrição específica dos poderes para manifestar o consentimento do Estado, erro, dolo e corrupção do representante do Estado.
 Terminação dos tratados
( Artigo 42,2: “A terminação, a denúncia ou a retirada de um tratado só poderão ocorrer em virtude da aplicação das disposições de um tratado ou da presente Convenção. A mesma regra aplicar-se-á à suspensão da aplicação do tratado”.
( Conforme as disposições do tratado ou a qualquer momento, pelo consentimento de todas as Partes, após consulta aos outros contratantes.
( Exime as Partes de seguir cumprindo o tratado, sem afetar qualquer direito, obrigação ou situação jurídica das Partes, criadas em virtude o tratado e durante a sua vigência.
( Um tratado multilateral não termina pela redução do número de Estados tornar-se inferior ao necessário para sua entrada em vigor, salvo se o tratado assim dispuser.
( Tratado não contém cláusula de denúncia ou retirada:
- A denúncia e a retirada só são admitidas se as Partes tiveram a intenção de admiti-las.
- O direito de denúncia ou retirada puder ser inferido da natureza do tratado.
- A notificação da denúncia ou da retirada deve ser feita com aviso prévio de 12 meses.
Suspensão da execução
( Em relação a todas ou a uma Parte:
_ De conformidade com o tratado.
_ A qualquer momento, pelo consentimento de todas as Partes, após consulta aos outros contratantes.
( Por acordo entre duas ou mais Partes:
_ Se a possibilidade de suspensão estiver prevista no tratado;
_ Se não for proibida pelo tratado e não prejudicar direitos nem o cumprimento das obrigações pelas outras Partes e não for incompatível com o objeto e a finalidade do tratado.
Conclusão de um tratado posterior sobre o mesmo assunto
( Todas as Partes concluem tratado posterior, o anterior extingue-se:
_ Se resultar do tratado posterior ou for intenção das Partes;
_ As disposições do tratado posterior forem incompatíveis com o anterior.
( O tratado anterior pode ter sua execução suspensa, quando se depreender do tratado posterior ou estiver estabelecido de outra forma que essa era a intenção dos contratantes.
Violação substancial de um tratado (art. 60,3)
( Rejeição do tratado, não autorizada pela Convenção de Viena.
( Violação de dispositivo essencial para a consecução do objeto e da finalidade do tratado.
( Tratado bilateral:
_ Autoriza a alegação pela outra Parte de violação como causa de extinção ou suspensão do tratado.
( Tratado multilateral:
_ As outras Partes, por unanimidade, podem suspender, no todo ou em parte, ou extinguir o tratado:
( Nas relações entre elas e o autor da violação ou entre todas as Partes.
_ Uma Parte especialmente prejudicada pela violação pode invocá-la para suspender a execução do tratado, no todo ou em parte, nas suas relações com o autor da violação.
_ Qualquer Parte, exceto o autor da violação, pode invocar a violação como causa para suspender a execução, no todo ou em parte, se a violação modificar a situação de cada um dos contratantes.
Proibição de suspensão
( Artigo 60, 5 – As regras sobre suspensão por violação substancial do tratado “não se aplicam às disposições sobre proteção da pessoa humana contidas em tratados de caráter humanitário, especialmente às disposições que proíbem qualquer forma de represálias contra pessoas protegidas pelos referidos tratados”.Impossibilidade de Execução (artigo 61)
( AD IMPOSSIBILIA NEMO TENETUR
( Extinção ou retirada do tratado se a impossibilidade resultar:
_ Da destruição ou desaparecimento definitivo de um objeto indispensável à execução do tratado.
( Se a impossibilidade for temporária: suspensão da execução do tratado.
( Se a impossibilidade derivar da violação do tratado ou de outra obrigação internacional, a
Parte violadora não pode alegar a terminação do tratado.
Efeitos da terminação, denúncia ou retirada
( Em princípio, devem estar previstos no tratado.
( Libera as Partes de cumprirem o tratado.
( Efeito ex nunc - não prejudica qualquer direito, obrigação ou extinção jurídica da Partes, criados pela execução do tratado, antes de sua extinção.
Ruptura de relações diplomáticas ou consulares
( Artigo 63 – o tratado continua em vigor e Partes devem cumpri-lo, salvo se a existência de tais relações for indispensável para a aplicação do tratado.
( Artigo 74 – A ruptura ou a inexistência de tais relações não impedem a conclusão de tratados.
Depósito, registro e publicação dos tratados
( Artigo 76 – A indicação do depositário pode ser feita no próprio tratado ou de qualquer outra forma, podendo recair sobre um ou mais Estados, uma Organização Internacional ou o principal funcionário administrativo de uma Organização Internacional.
Funções do Depositário
( Guardar o texto original do tratado e os plenos poderes.
( Preparar cópias autenticadas do texto original e remetê-los às Partes.
( Receber todas as assinaturas do tratado, bem como receber e guardar todos os instrumentos e notificações pertinentes.
( Examinar se uma assinatura, um instrumento, uma notificação ou comunicação estão em boa e devida forma.
( Informar aos contratantes (e possíveis contratantes) dos atos, comunicações e notificações.
( Informar aos Estados com direito a serem partes no tratado da data de recebimento ou depósito do número de assinaturas, ratificações, aceitações, aprovações ou adesões necessárias para a entrada em vigor do tratado.
( Registrar o tratado junto à Secretaria Geral das Nações Unidas.
REGISTRO
( Convenção: artigo 80.
( Carta da ONU: Artigo 102.
_ Resolução 97(I), de 14/12/1946, da
AG/ONU
Costume
Estatuto da CIJ
( Artigo 38, 1, b: “O costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito”.
( Elemento material: uso constante e uniforme.
( Elemento subjetivo: opinio iuris – a convicção da obrigatoriedade jurídica da prática.
Elemento Material
 
( A prática que tradicionalmente foi considerada é a do Estado, através de seus órgãos.
( Desenvolvimento das OIs: a prática desenvolvida por Organizações Internacionais ou em seu interior pode dar origem à formação de norma consuetudinária.
( A prática deve ser constante e uniforme.
( Generalidade da prática: o costume obriga a todos os Estados ou somente aqueles que contribuíram para sua formação?
( Doutrina do objetor persistente.
( Costume negativo, formado pela abstenção reiterada de algum comportamento: Caso
Lotus
Elemento Subjetivo
( Negado por Kelsen e Guggenheim: não existe qualquer critério que permita determinar quais sejam os atos psíquicos que conferem à prática o valor de costume.
( DI contemporâneo: aumentou a importância do elemento subjetivo, ao mesmo tempo em que diminuíram as exigências quanto à antiguidade da prática
O costume é uma prática geral aceita como sendo direito, criada a partir das ações dos Estados e das organizações internacionais (destas com outros ou dentro delas). Materialmente, para se caracterizar uma prática como sendo um costume é necessário constatar seu uso constante e uniforme. Subjetivamente, é preciso que haja a convicção da obrigatoriedade jurídica dessa prática. Ele produz obrigações a todas as nações, a não ser quando uma norma está sendo criada e um Estado sistematicamente objetar à sua criação, ou seja, o objetor persistente vai funcionar como uma reserva quando for uma prática adotado em um tratado, e aquela prática pode virar um costume, e como desde o começo ele se posiciona contra, aquela prática não vai valer pra ele, mas ele pode também objetar a uma prática reiterada. Assim quando ela entrar em vigor não produzirá obrigações a esse Estado. Isso se chama doutrina do objetor persistente e só diz respeito ao costume geral. 
O costume negativo é aquele formado pela abstenção de algum comportamento. O elemento subjetivo diminuiria sofreu um aumento de importância no Direito Internacional, o que diminuiria as exigências quanto à antiguidade da prática. As integrações entre o costume e o tratado manifestam-se na codificação do Direito Internacional. O desenvolvimento progressivo engloba as convenções sobre matérias que ainda não estão regulamentadas ou plenamente desenvolvidas pelo Direito Internacional. Já a codificação é a formulação e a sistematização mais precisas de regras internacionais naqueles campos em que já existe uma ampla prática dos Estados, precedentes e doutrinas. 
	O costume pode ser regional, nesse caso limita os Estados obrigados a ele. Um exemplo disso é o asilo diplomático, existente em diversas partes do mundo, porém muito mais comum na América Latina. O Estado que alega perante outro costume particular deve demonstrar que o último contribuiu para a formação do costume. 
Personalidade Internacional – Estado como pessoa de Direito Internacional Público
Estado
( Pessoa primária e plena do DI.
( Comunidade composta por um território e uma população submetidos a um poder político organizado e cuja nota característica é a sua soberania.
- Perspectiva declaratória
- Ótica processual
O sistema interamericano não prevê a personalidade internacional do indivíduo, ele deve ser representado pela Comissão Interamericano de Direitos Humanos perante a Corte. Muitos dizem que por esse motivo o indivíduo teria a personalidade matizada, só podendo exercer sua personalidade em algumas situações específicas. O Pacto de Direitos Civis e Políticos, por outro lado, permite que os indivíduos dos Estados que dele fazem parte apresentem reclamações à Comissão de Direitos Humanos, mas isso não possui caráter de julgamento. A responsabilidade do indivíduo foi institucionalizada no Tribunal Penal Internacional, somente nos crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
Estado como pessoa de DIP
Convenção sobre Direitos e Deveres dos Estados, adotada na 7º Conferência Interamericana (Montevidéu, 1933), art.1º:
( “O Estado, como pessoa de Direito Internacional, deve reunir as condições seguintes:
_ População permanente;
_ Território determinado;
_ Capacidade de entrar em relações com outros Estados”.
O Estado, além da dupla função, é figura formadora das demais pessoas de Direito Internacional – organizações internacionais; ou seja, ele é pessoa primária e plena do Direito Internacional. A questão do Conde Bernadote resolve o debate a cerca da personalidade internacional das organizações. Estado é uma comunidade composta por um território e uma população submetidos a um poder político organizado e cuja nota característica é a soberania. A convenção de Montevidéu estabelece como pré-requisito para a constituição de um Estado uma população permanente, território determinado e capacidade de ter relações internacionais. A imagem de um Estado foi sendo construída paulatinamente. Na Idade Média essa discussão ficou centralizada na questão da jurisdição, como nas investiduras – quem nomeia bispos, o príncipe ou o Papa. Esse debate deu origem ao conceito de soberania e de Estado. 
Hoje, encontra-se em voga a expressão “Estado falido” para designar os Estados cujo governo não mais possui controle total sobre seu território. A conferência de Montevidéu elimina a questão da soberania de dentre os elementos constitutivos do Estado, contemplando principalmente os aspectos da existência de uma população permanentee de um território onde o Estado exerça seu poder de jurisdição – a soberania adquire uma conotação territorial e econômica, deixando de ser essencialmente política. Para o Direito Internacional, a população e o território são realmente os aspectos que contam, apesar de que para alguns setores do Direito Internacional as características desses elementos são importantes. Governo efetivo e independente, que significa na prática soberania interna e independência externa (falta de subordinação internacional), é um dos aspectos que caracterizam a soberania. 
População
_ Conjunto de pessoas que habitam de modo permanente o território do Estado e estão, em geral, unidas pelo vínculo da nacionalidade.
_ São irrelevantes, sob o aspecto da personalidade, o tamanho da população, sua densidade ou a homogeneidade nos aspectos étnicos, culturais ou linguísticos, bem como fatores como distribuição de renda, acesso à saúde ou à educação.
_ O Estado também exerce competência sobre não nacionais (estrangeiros e apátridas) residentes em seu território.
_ A competência sobre os estrangeiros evidencia que a competência territorial prevalece sobre a pessoal.
_ As competências exercidas sobre nacionais podem ocorrer fora do território do Estado: alto mar, Antártida, espaço exterior.
A população deve habitar permanentemente o território e possuir vínculo de nacionalidade – não diz respeito ao conceito de nação. São brasileiros os nascidos no Brasil, desde que os pais não estejam a serviço de país estrangeiro – ius solium. Também os filhos de pai ou mãe brasileiros a serviço do governo brasileiro, no exterior, são brasileiros – ius sanguilis. Ainda, os nascidos no estrangeiro de pai ou mãe brasileira desde que registrados em repartição brasileira ou que venham a residir no Brasil e optem a qualquer momento depois de atingida a maioridade pela nacionalidade brasileira.
A competência territorial do Estado prevalece sobre a pessoal, podendo o Estado julgar não nacionais que tenham cometido crime em seu território. Em alto mar, mar territorial e espaço aéreo correspondente, a competência é do Estado de matrícula da embarcação ou aeronave. O direito de passagem, definido na 2ª Convenção de Viena, inclui apenas a passagem inocente (sem danos ambientais, por exemplo) e o Estado não pode cobrar, devendo avisar sobre os perigos da região. Tanto que o aborto e a jogatina são permitidos dentro do navio dependendo de sua matrícula, desde que esteja em alto mar, mesmo parando aqui. Há determinados crimes que podem ser julgados por qualquer Estado, por exemplo, se houver suspeita de trabalho escravo, de tráfico de drogas, de pirataria – qualquer navio de qualquer Estado pode prender e julgar. 
Observação:
Debate a cerca dos Direitos Humanos, universalismo versus particularismo. Posição conciliadora defende que os Direitos Humanos são universais embora haja particularidades a cada região e cultura. Podem as resoluções da ONU valorar os Direitos Humanos? Como, por exemplo, quando das sanções com relação ao Iraque após a invasão do Kuwait, que acabaram com os índices sociais no país. 
A população, quando se trata dos elementos constitutivos do Estado, tem que ser sedentária, não importando a quantidade. Numa federação, a soberania do Estado encontra-se nas mãos da União, por isso, diante da ordem internacional o Estado se apresenta como unitário. Pela cláusula federal, a União deve prover todos os meios necessários para que as unidades federais apliquem o tratado. Os micro-Estados também possuem personalidade internacional, pois para isso basta que tenha população permanente e território mais ou menos determinado. Na tipologia européia, esses Estados são chamados de Estados exíguos. Eles não tinham muito poder de ação na ordem internacional, mas hoje já fazem parte das organizações internacionais. As características da população permitem averiguar o nível de desenvolvimento social do país, por exemplo. 
Território
( Espaço físico onde o Estado exerce a plenitude de suas competências, com a exclusão de qualquer outro Estado.
( Base espacial do Estado: deve ter uma constância suficientemente certa.
( São irrelevantes, do ponto de vista da personalidade do Estado, a extensão do território, se é contínuo ou não, se tem ou não litoral, bem como os recursos existentes no solo e subsolo.
( Abarca o território terrestre, o marítimo e o aéreo.
( Está delimitado por fronteiras.
( É irrelevante a existência de conflitos sobre limites, salvo se afetar a totalidade do território do Estado: China e Taiwan.
( Res. 2625 (XXV): “Todo Estado tem o dever de abster-se de recorrer à ameaça ou ao emprego da força para violar as fronteiras internacionais de um outro Estado ou como meio de solucionar os litígios internacionais, inclusive os litígios territoriais e as questões relativas às fronteiras dos Estados” ...
( “O Território de um Estado não pode ser objeto de uma aquisição por um outro Estado como consequência do recurso à ameaça ou utilização da força...”.
O território também é um elemento constitutivo do Estado, basta que ele exista, em princípio, delimitado. O território é o espaço físico onde o Estado exerce a plenitude de suas competências, com a exclusão de qualquer outro Estado. Ele é a base espacial do Estado e deve ter certa constância. Suas características permitem o agrupamento de acordo com os aspectos territoriais específicos, juntando os Estados com características similares. No mar territorial o Estado sofre uma limitação a sua soberania, que é o direito de passagem inocente. Ele pertence ao direito costumeiro, ou seja, mesmo que o Estado não faça parte de tratados que o institua ele deve permitir a passagem inocente. Já o direito de sobre vôo, no espaço aéreo correspondente, não é costumeiro, foi instituído mediante um tratado. Isso significa que o Estado tem total soberania sobre seu espaço aéreo. A passagem no mar territorial deve não só ser inocente, mas também sem custos, sem causar dano ambiental (o credor), sem parar (somente em caso de avaria da embarcação). 
A princípio o território deve ser delimitado por fronteiras, que são os limites territoriais do Estado. Conflitos de fronteira não interferem na personalidade internacional do Estado, a não ser que ele diga respeito a todo território, como no caso de Taiwan e da China. A conquista de território, constituída na sua aquisição mediante o uso da força, é fortemente proibida no Direito Internacional.
Governo
( Organização política capaz de estabelecer e manter a ordem interna e apta para participar nas relações internacionais de forma independente.
( Manifesta-se através de órgãos encarregados de exercer a atividade social e política do Estado, tanto no interior de suas fronteiras quanto no exterior, através da criação de normas jurídicas que se imponham à população e à própria organização governamental em geral.
( Deve ser EFETIVO: ter condições de desenvolver as funções estatais na esfera interna e assumir e respeitar compromissos celebrados com outras pessoas de DIP.
( Os “estados falidos” (Líbano, Somália, Serra Leoa, etc.) não perdem sua condição de Estado.
( Res. 2625 (XXV): “Todos os Estados devem também abster-se de organizar, ajudar, fomentar, financiar, encorajar ou tolerar atividades armadas subversivas ou terroristas destinadas a mudar pela violência o regime de um outro Estado, bem como intervir nas lutas internas de outro Estado”.
( “... Todos os povos têm o direito de determinar seu estatuto político, em total liberdade e sem ingerência externa, e perseguir seu desenvolvimento econômico, social e cultural, e todo Estado tem o dever de respeitar este direito em conformidade com as disposições da Carta”.
Quanto ao governo, ele é definido como a organização política capaz de estabelecer e manter a ordem interna e apta para participar nas relações internacionais de forma independente. O governo manifesta-se através de órgãos e normas jurídicas que se imponham à população e àorganização governamental em geral. O governo deve ser efetivo, ou seja, ter condições de desenvolver as funções estatais na esfera interna e assumir e respeitar compromissos celebrados na esfera externa. Há inúmeros Estados em que é difícil visualizar qual o governo oficial, o que exerce controle na totalidade do território. O que acontece é que, mesmo não tendo controle sobre o território por inteiro, ainda há um governo oficial, que representa o Estado na ordem internacional, um governo efetivo mesmo que em certos aspectos seja impossível falar em efetividade. Pode-se reconhecer os beligerantes pelo próprio governo ou por terceiros, através de um pronunciamento de neutralidade quanto aos dois ou mais combatentes – direito a autodeterminação dos povos. 
Charles Rousseau defende que se mude o termo soberania por independência, mas essa característica é compreendida mais como aspecto externo. A soberania é importante no sentido da igualdade jurídica dos Estados. Ela não depende de nenhuma outra ordem jurídica ou de qualquer Estado ou grupo de Estados, estando unicamente subordinada ao Direito Internacional. Questiona-se se os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança violam o direito de igualdade soberana entre os Estados membros da ONU, prevista na sua cara constitutiva (artigo 2º, I). Isso se deve ao fato de, pela igualdade soberana dos Estados, eles desfrutam de direitos e deveres iguais e são membros iguais da comunidade internacional. O artigo 2º, VII da referida Carta determina o domínio reservado do Estado, assuntos de competência exclusiva dele. A ONU ou qualquer organização não pode interferir em determinados assuntos internos do Estado e nem o obrigar a submeter certas matérias à apreciação internacional. 
Soberania do Estado
( Não depende de nenhuma outra ordem jurídica ou de qualquer Estado ou grupo de
Estados, estando unicamente subordinado ao DI.
( “Direito a exercer - em uma zona do globo – com exclusão de qualquer outro Estado, as funções estatais” (Max Huber, Caso da Ilha das Palmas, 1928).
( A soberania é um princípio constitucional da ordem internacional.
( Carta da ONU, art. 2º, alíneas 1 e 7.
( Igualdade soberana: “os Estados desfrutam de direitos e deveres iguais e são membros iguais da comunidade internacional, não obstante as diferenças de ordem econômica, social, política ou de outra natureza.
Em particular, a igualdade soberana contém os seguintes elementos:
a) os Estados são juridicamente iguais;
b) cada Estado desfruta dos direitos inerentes à plena soberania;
c) cada Estado tem o dever de respeitar a personalidade dos outros Estados;
d) a integridade territorial e a independência política do Estado são invioláveis;
e) cada Estado tem o direito de escolher e de desenvolver livremente seu sistema político, social, econômico e cultural;
f) cada Estado tem o dever de desempenhar plenamente e de boa-fé as suas obrigações internacionais e de viver em paz com ou outros Estados” (Res. 2625 (XXV)).
( Independência:
- Exclusividade de competência no território estatal, com a exclusão dos demais Estados: inviolabilidade das fronteiras.
- Autonomia de competência que compreende a liberdade de decisão do Estado, segundo seu critério.
- Plenitude de competência é indeterminada ratione materiae.
A soberania, hoje, é essencialmente territorial e quem a exerce é o governo. Para Bodin, o Estado soberano é aquele superior na ordem interna e independente na ordem externa. A independência do Estado lhe confere a exclusividade de competência dentro de seu território, a inviolabilidade de suas fronteiras e a sua liberdade de decisão. No entanto, ele é também aquele vinculado diretamente à ordem internacional – princípio da soberania relativa. Daí retiramos dois aspectos importantes: o Estado é quem constrói a ordem internacional e ele não pode alegar seu direito interno para deixar de cumprir seus compromissos internacionais (direito dos tratados).
Soberania: dimensão territorial
( Manifestação mais expressiva da soberania.
( A autoridade estatal monopoliza todos os poderes sobre as pessoas, atos e coisas em seu território, legislando, julgando e executando seus ordenamentos.
( Desenvolvimento das funções estatais e proteger os direitos dos Estados estrangeiros.
( O Estado pode afirmar sua competência sobre atos que se iniciaram em seu território e consumaram-se no exterior (territorialidade subjetiva), ou vice-versa (territorialidade objetiva) ou pela produção de efeitos diretos, substanciais e previsíveis (doutrina dos efeitos).
A Carta da ONU fala em igualdade entre os Estados no âmbito da organização, mas discute-se o fato de haver cinco membros permanentes no Conselho de Segurança. A explicação é que quando da formação das Nações Unidas, em São Francisco, os Estados delegaram a esses a função de proteção da paz e segurança internacional. Outro aspecto importante da soberania é a jurisdição doméstica do Estado. Há três critérios para se determinar quais os assuntos de competência do Estado: jurídico (tudo o que não for regulado por norma internacional), político e [Celso Mello]. 
Há outro autor que faz uma divisão diferente: matéria exclusiva da ordem internacional, exclusiva da ordem interna e um terceiro campo, que seria a matéria de competência da ordem internacional, mas que deixa em aberto um espaço de atuação para o Estado, por exemplo, o Direito Ambiental e os Direitos Humanos. Quanto à não ratificação do Protocolo de Kyoto por parte dos EUA, isso não constitui um ilícito internacional, pois o Estado tem sua soberania, ele escolhe os tratados de que fará parte. Poder-se-ia alegar que é uma norma costumeira e por isso os EUA devem seguir as normas do protocolo, mas cairíamos na questão do objetor permanente, quem desde o início da formação de um costume objeta a ele. Com isso, os EUA, que sempre disseram que não fariam parte do protocolo não teriam que obedecer às suas normas, nem mesmo como direito consuetudinário. 
Aspecto Econômico da Soberania
( Res. AG/ONU 1803 (XVII), de 1962 - Soberania sobre os recursos naturais.
( Res. AG/ONU 3201 (S-VI), de 1974 - Declaração e Programa de Ação para uma
Nova Ordem Econômica Internacional.
( Res. AG/ONU 3281 (XXIX), de 1974 – Carta de Direitos e Deveres Econômicos dos
Estados.
( A ordem neoliberal.
Posteriormente o conceito de soberania passou a ter uma essência econômica, de autodeterminação e de soberania sobre os recursos econômicos do Estado, com três resoluções muito importantes votadas pela Assembléia Geral. Não obstante, é a dimensão territorial a manifestação mais expressiva da soberania. Questiona-se se realmente o Estado monopoliza o poder sobre todas as coisas e pessoas em seu território. Há quem não esteja submetido à jurisdição do Estado, mesmo estando em seu território, como os agentes diplomatas. Também há coisas, como navios particulares no mar territorial, que não estão submetidos à sua jurisdição. O Papa, por exemplo, goza de imunidade total (jurisdição e inviolabilidade).
A partir do século XX, quando os Estados passam a negociar como particulares, passam a fazer a diferenciação quanto à imunidade do Estado. Antes ela era total em relação a outro Estado (princípio da igualdade soberana entre os Estados, pelo qual não se pode julgar um igual), um Estado não podia ser julgado em tribunal de outro. Atualmente, diferencia-se os atos de império, quando se reconhece que o Estado está exercendo a sua soberania, e os atos de gestão, quando o Estado age como uma empresa privada. Somente no primeiro caso se reconhece a imunidade de um Estado relativamente ao outro.
A Res. Assembléia Geral/ONU 1803/ 62 sobre Soberania sobre os Recursos Naturais, juntamente com outras, foi a responsável por conferir aquele caráter econômico ao conceito de soberania. Nesse período, houve uma pressão muito intensa por parte do Grupo dos 77 que ficou responsável pela elaboração da agenda da reunião extraordinária da AssembléiaGeral, que seria sobre a crise energética (petróleo). Constatou-se que a independência política não era suficiente para estimular o desenvolvimento econômico dos países subdesenvolvidos. Então, esse grupo pregou a formação de uma NOEI, que culminou com a Res. Assembléia Geral/ONU 3201/74 e 3281/74 – Declaração e Programa de Ação para uma Nova Ordem Econômica Internacional e Carta de Direitos e Deveres Econômicos dos Estados. 
Várias políticas, como cooperação Sul-Sul, foram instituídas nessas Resoluções no sentido de ajudar e, de certa forma, favorecer os países subdesenvolvidos. Discutia-se a implementação de políticas econômicas diferenciadas de acordo com os países pondo fim ao tratamento de nação mais favorecida. Pretendia-se derrogar esse tipo de instituição em favor do Sistema Geral de Preferência, regido pelo princípio da desigualdade compensatória. Neste sistema, as relações eram tratadas bilateralmente, uma de suas políticas dizia respeito à taxação de produtos importados. O tratamento de nação mais favorecida, diferentemente, determinava que se concedesse o melhor benefício a um determinado Estado, quer dizer, se um Estado aceitava taxar um produto de outro de certa forma, a taxação desse produto oriundo da nação mais favorecida deveria ser inferior. Ela deveria ocorrer do momento de estipulação da nação mais favorecida em diante e era relativa a um aspecto econômico específico, como no exemplo. 
O estado representa os interesses dos grupos políticos e econômicos dominantes. 
No Pacto de Direitos Civis e Políticos foi instituído que o Estado deve aplicá-lo imediatamente a toda a extensão de seu território, já no de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais estabeleceu-se que ele deve ser aplicado paulatinamente até o limite dos recursos internos disponíveis. Quem decide quais são esses recursos e como eles serão empregues são os grupos internos dominantes, ou seja, o governo. A grande diferença entre esses dois pactos, que gera essa diferenciação na forma de aplicação do tratado, é que o primeiro institui direitos negativos e o segundo, direitos positivos, que exigem um agir do Estado.
Existe uma dependência interna de um Estado com relação a outro, por exemplo, quando se trata de alimentação. Essa dependência pode ocorre de uma forma negativa, como quando um Estado tinha um acordo de fornecimento de determinado produto a um preço menor para outro Estado e, acabando o contrato, o Estado comprador já parou de produzir o produto e passa a ser obrigado a comprá-lo mais caro do Estado vendedor, que geralmente é um país rico. Outro tipo de dependência é aquela que diz respeito ao auxílio tecnológico e científico. Esse tipo de dependência, por exemplo, influencia as decisões e posturas do Estado dependente na ordem internacional. 
O Estado surge e tem sua personalidade internacional, a não ser quando se trata de Estado com regime que vai contra as normas imperativas de Direito Internacional, por exemplo, um Estado com regime racista (Rodésia), o que por sua vez não impede o reconhecimento deste Estado por parte de outros e que estes estabeleçam relações com aquele. Quando surge um novo Estado na ordem internacional, este precisa ser reconhecido. O reconhecimento é um ato livre pelo qual um ou vários Estados constatam a existência sobre um território determinado de uma sociedade humana politicamente organizada, independente de qualquer outro Estado existente, capaz de observar as prescrições do Direito Internacional, e manifestam, conseqüentemente, a vontade de considerá-la como membro da sociedade internacional. 
Ele pode ser tácito, com o simples estabelecimento de relações econômicas ou diplomáticas com o novo Estado ou com o voto favorável à entrada de um Estado numa organização internacional; ou expresso. Este pode ser recíproco, individual ou coletivo (mediante tratado).
Um dos principais institutos do Direito Internacional é o Instituto de Direito Internacional, do qual só pode fazer parte um membro de cada nacionalidade. Na reunião de 1986, o Instituto definiu o reconhecimento. Ele não se confunde com a existência do Estado. Quando o Estado possui aquelas características essenciais, ele já é Estado e possui personalidade internacional. O reconhecimento nada mais é do que a admissão dessa personalidade por outro Estado específico. 
O reconhecimento possui algumas características próprias. Ele é um ato livre e discricionário, discricionariedade essa que está limitada pela necessidade de observância das normas imperativas de Direito Internacional e pela necessidade de verificação dos elementos constitutivos do Estado. Sem que estejam presentes esses elementos, o reconhecimento se torna um ato de intervenção. Ele é incondicional, porque os Estados não podem impor condições, os únicos entes que podem impor condições ao reconhecimento são as organizações internacionais. É também irrevogável, um ato unilateral e retroativo. 
Além disso, ele produz conseqüências importantes, como a homologação de sentença estrangeira – possibilita o uso das capacidades legais do Estado reconhecido. Quando ocorre o reconhecimento, pode haver o estabelecimento de relações diplomáticas, que mesmo que venham a ser rompidas futuramente não prejudicam o ato de reconhecimento. Além disso, o reconhecimento permite ao Estado que reconhece o desenvolvimento de suas relações comerciais e o aumento de sua influência, possibilita ao reconhecido fazer valer seus direitos na ordem internacional (responsabilidade internacional) e permite que o Estado reconhecido se beneficie de privilégios concedidos mutuamente entre os Estados. No âmbito interno, o reconhecimento permite demandar perante tribunais de outros Estados a imunidade de jurisdição e execução, capacidade processual, direitos sobre propriedade e a validade dos atos legislativos, executivos e judiciários – homologação de sentença estrangeira. 
O reconhecimento de Estado implica o reconhecimento do primeiro governo que estiver à frente do Estado. É diferente do reconhecimento de governo, necessário quando ocorre uma mudança interna de governo sem seguir o processo instituído pela Constituição. Nessas situações, é preciso reconhecer a legitimidade do novo governo. 
O ingresso na ONU não implica em reconhecimento do Estado por parte dos membros da organização e nem em criação do Estado, é apenas um ingresso. A expressão “Estado”, no artigo 3º da Carta, não mostra precisão técnica, na Conferência de São Francisco participaram Ucrânia e Bielorússia que, na época, faziam parte da URSS e, portanto, não eram Estados independentes. Já no artigo 4º, a Carta explicita que somente Estados poderão entrar na ONU. Esse artigo foi objeto de dois pareceres da CIJ. Diziam respeito a Formosa, que representava a China na ONU. A China comunista dizia que a China era uma só, o Japão contestava o território de Formosa e Formosa se dizia independente. Os pareceres da Corte estabeleceram que as condições no referido artigo são exaustivas (imprescindíveis) e que a recomendação do Conselho de Segurança deve ser favorável para que a Assembléia Geral possa aprovar a entrada do país na ONU.
O ex-presidente Jânio Quadros iniciou um estilo de política externa que, continuando com Jango, se chamou de política externa independente. Isso se traduziu numa aproximação com o terceiro mundo. Passamos, por exemplo, a não apoiar a política colonialista de Portugal com relação à África. Com o primeiro governo ditatorial, de Castelo Branco, seguimos uma política de alinhamento automático aos EUA, o que mostra a nossa grande dependência americana – voltamos a apoiar a política colonialista de Portugal. Com Costa e Silva continuamos a apoiar a política portuguesa, continuando no governo Médici. Chegando ao governo Geisel, nos deparamos com um momento difícil na ordem internacional. Ele iniciou uma política chamada de pragmatismo responsável, o que significou um retorno à política externa independente. Sua primeira medida nesse sentido foi reconhecer a China. Estourou a Revolução dos Cravos,conseqüência da guerra colonial portuguesa. Isso acelerou a independência africana. Moçambique conseguiu sua independência e foi reconhecida por nós. Em seguida houve a questão de Angola, em que grupos diferentes lutavam entre si pelo poder. O Brasil reconheceu a independência de Angola, o que significa dizer que reconheceu o governo que estava na capital (MPLA), com Agostinho Neto sendo apoiado pela URSS. Isso demonstra claramente o fator político por detrás do reconhecimento: o Brasil pretendia, assim, enfatizar sua política externa mais independente. Isso é uma exceção à regra do reconhecimento do primeiro governo efetivo. 
A natureza do reconhecimento é declaratória. No entanto, a teoria constitutiva defende que o reconhecimento cria a personalidade internacional do Estado. Isso permitiria que os Estados já existentes controlassem o surgimento de novos Estados. No entanto, há uma contradição inerente a essa teoria, pois ela defende que o reconhecimento é bilateral, mas sendo ele constitutivo, como poderia o Estado contratar (ato internacional) se ainda não tem sua personalidade? A teoria predominante é a explicitada na Carta da OEA, que defende que o Estado existe politicamente antes do reconhecimento, mas que por ele um Estado aceita a personalidade política do novo Estado. Essa posição se chama declaratória. Existe ainda a teoria mista ou conciliatória, que defende a posição declaratória, mas admite que o reconhecimento institui direitos e deveres para os novos Estados. 
O reconhecimento é de competência do Executivo, pois é um ato internacional e é ele o órgão responsável pela política externa. Na Liga das Nações, a entrada de um novo Estado na Liga configuraria um reconhecimento tácito por parte dos outros Estados membros. Na ONU não, o ingresso é apenas um ingresso. Ele se dá mediante a aprovação do Conselho de Segurança e da Assembléia Geral e o preenchimento dos requisitos citados no artigo 4º. Poder-se-ia dizer que o ingresso implica o reconhecimento por parte da organização, independentemente dos Estados membros, uma vez que ela possui uma personalidade jurídica independente deles. 
Normalmente, o reconhecimento expresso ocorre por tratado que fale do reconhecimento (bilateral ou multilateral), por acordo... O tácito é quando se celebra um tratado, por exemplo, pois isso constitui direitos e deveres para os Estados contratantes. Mesmo assim, pode-se, num tratado multilateral, fazer reserva quanto ao reconhecimento de determinado Estado participante do tratado, assim, não há compromisso estabelecido entre o Estado novo e esse contratante. Ele também pode ocorrer através do estabelecimento de relações diplomáticas. Ele ainda pode ser de facto, que a doutrina entende como provisório, ou de iure, permanente; condicional, vinculado a uma condição imposta por uma organização internacional ou pelo Direito Internacional.
O Direito Internacional como um todo reconhece que o reconhecimento não pode ser prematuro, pois, sem aqueles elementos constitutivos, o reconhecimento vem a ser uma interferência nos assuntos internos do Estado. Além disso, reconhece-se que não se deve reconhecer Estados que se fundem em princípios colonialistas ou racistas, contra o Direito Internacional, em geral. 
Com o reconhecimento, o Estado passa a ter imunidade de jurisdição (o Estado reconhecido não pode estar submetido a tribunais de outro Estado). Isso tem sido amenizado para evitar danos que possam vir a ser causados a particulares. Sendo o reconhecimento um ato retroativo, também se busca amenizar os prejuízos, pois todas as ações do Estado desde que ele se constituiu passam a valer. A teoria constitutiva admite a retroatividade, o que constitui outra contradição, pois o Estado que reconhece passaria a admitir as ações de um ente sem personalidade jurídica. 
O governo de facto é o que chega ao poder violando a Constituição e o de iure, o que chega pela forma legal. Quando um novo grupo chega ao poder violando a ordem legal, é necessário que a comunidade internacional reconheça esse grupo como sendo legítimo (a combinação dos dois aspectos é fundamental). Em princípio, o Direito Internacional é neutro em relação aos eventos internos, isso constitui uma exceção devido à sua importância à ordem internacional. O reconhecimento de governo é o ato pelo qual se dá a conformidade para continuar as relações habituais com um novo regime. Ele deve recair sobre o governo efetivo, apesar de às vezes isso ser de difícil identificação, principalmente devido ao fator político presente no ato do reconhecimento. Novamente, o reconhecimento é um ato livre e discricionário. 
O reconhecimento de governo é só de governo. No continente latino-americano há uma grande produção de teorias sobre o reconhecimento de governo justamente devido à nossa fragilidade política. Essas teorias, no entanto, tendem a restringir o reconhecimento de governo, que deve ser aquele com efetividade, ou seja, ao qual não haja resistência ou ela seja mínima. Além disso, deve ser um governo que cumpra com as obrigações internacionais, pois os compromissos são assumidos em nome do Estado, que é uma entidade permanente. Pragmaticamente, esse elemento refere-se aos credores internacionais.
Há diferentes modos de aquisição de território, um deles é pela ocupação. Procura-se saber qual foi o primeiro ocupante para se descobrir quem tem o direito real sobre ele. O que se tinha era a admissão de aquisição pela conquista. Muitas vezes num tratado de paz, o Estado perdedor da guerra passa o território ao vencedor. Na medida em que há a proibição do uso da força, essa forma de aquisição não é mais admitida. 
O Estado estrangeiro goza de imunidade de jurisdição, que diz respeito aos atos de império. Por exemplo, atividade da embaixada não pode ser julgada no tribunal local, pois é a representação diplomática daquele país. A exceção à imunidade de jurisdição é a ação trabalhista. Mas ela é válida apenas para o ato de conhecimento, mesmo que a pessoa ganhe, não pode entrar com uma ação de execução para pedir o pagamento.
Direitos Fundamentais dos Estados
VII Conferência Internacional Americana (montevidéu, 1933)
( Convenção sobre Direitos e Deveres dos Estados:
( Existência política independente do reconhecimento;
( Inviolabilidade do território;
( Igualdade jurídica;
( Exercício da jurisdição;
( Direito à independência e conservação. 
Carta da OEA, Capítulo IV – Direitos e Deveres Fundamentais dos Estados
( Art. 10 – Igualdade jurídica.
( Art. 13 – Existência política independe do reconhecimento.
( Art. 15 – Proteger e desenvolver sua existência.
( Art. 16 – Exercício da jurisdição nos limites do território estatal e sobre todos os habitantes.
( Art. 17 – Desenvolver a vida cultural, política e econômica.
( Art. 21 – Inviolabilidade do território.
( Art. 22 – Legítima defesa.
Declaração de Direitos e Deveres dos Estados-AG/ONU-Res. 375 (IV), 1949
( Direito à independência.
( Direito ao exercício da jurisdição no território nacional.
( Direito à igualdade jurídica.
( Direito à legítima defesa.
Os direitos fundamentais do Estado são aqueles sem os quais o Estado perderia sua personalidade. Um deles é a igualdade jurídica dos Estados, consagrado, inclusive, pela Carta da ONU. Ele é quem garante a imunidade de jurisdição. A Res. Assembléia Geral/ONU 349/49 também estabelece alguns direitos fundamentais. O direito à independência possui dois aspectos: interno e externo (independência com relação aos outros Estados). O domínio reservado (artigo 2º, VII, Carta da ONU) determina os assuntos de jurisdição interna. O que é diferente da jurisdição externa, que trata de assuntos de competência do Estado, mas voltados para a ordem internacional, como aquilo relativo à política externa dos Estados. A jurisdição doméstica englobaria a interna e a externa, diz respeito a tudo que é de competência do Estado. A própria ordem internacional estabelece quais são esses assuntos, sendo necessário perceber

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