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GRUPO DE ESTUDOS SOBRE FRATURA DE MATERIAIS DEMET/EM/UFOP DESCONTINUIDADES ESTRUTURA DE MATERIAIS Cristais perfeitos Resistência coesiva teórica e real Tipos de descontinuidades Descontinuidades eletrônicas Descontinuidades pontuais Descontinuidades lineares Descontinuidades superficiais Descontinuidades volumétricas DESCONTINUIDADES (DEFEITOS) Tipos de descontinuidades cristalinas. DESCONTINUIDADES ELETRÔNICAS Figura no MEV de um circuito integrado, composto por silício e interconexões metálicas. Três tipos diferentes de cartões de memória. Um cartão de memória sendo inserido em uma câmara digital. Um cartão de memória para celular. O funcionamento de nossos cartões de memória modernos, usados para armazenar informações digitais, depende das propriedades elétricas do silício, um material semicondutor. Uma motivação para este estudo Estruturas de bandas de energia nos sólidos Gráfico esquemático da energia dos elétrons em função da separação interatômica para um agregado de 12 átomos (N=12). Conforme os átomos se aproximam, cada um dos estados atômicos 1s e 2s se divide para formar uma banda de energia eletrônica consistindo em 12 estados. (b) A energia eletrônica em função da separação interatômica para um agregado de átomos, ilustrando como é gerada a estrutura da banda de energia na separação de equilíbrio em (a). (a) Representação convencional da estrutura da banda de energia eletrônica para um material sólido na separação eletrônica de equilíbrio. As várias estruturas possíveis de bandas eletrônicas nos sólidos a 0K. (a) Estrutura de banda eletrônica encontrada em metais (ex.: cobre), onde existem, na mesma banda, estados eletrônicos disponíveis acima e adjacentes aos estados preenchidos. (b) Estrutura de banda eletrônica de metais (ex.: magnésio), onde existe uma superposição das bandas mais externas preenchidas e vazias. (c) Estrutura de banda eletrônica característica dos isolantes (ex.: diamante); a banda de valência preenchida está separada da banda de condução vazia por um espaçamento entre bandas relativamente grande (> 2eV). (d) Estrutura de banda eletrônica encontrada nos semicondutores, que é a mesma exibida pelos isolantes, exceto pelo fato de que o espaçamento entre bandas é relativamente estreito (< 2eV). Banda de valência Ev Ec Ec Ev Ev Ev Ec Ec Os materiais semicondutores podem ser ou elementos (ex.: Si e Ge) ou compostos com ligações covalentes. Nesses materiais, além dos elétrons livres, os vazios (buracos = elétrons ausentes na banda de valência) também podem participar no processo de condução. A condutividade elétrica de semicondutores não é tão elevada quanto a dos metais. Entretanto, eles possuem algumas características elétricas que os tornam úteis para certas aplicações. Um semicondutor intrínsico consiste em um material no qual o comportamento elétrico está baseado na estrutura eletrônica inerente ao material puro, e as concentrações de elétrons e de vazios são iguais. Por outro lado, as propriedades elétricas desses materiais são extremamente sensíveis à presença de pequenas concentrações de impurezas. Assim, quando essas características são ditadas por átomos de impurezas, o semicondutor é chamado de extrínsico. Neste caso, o semicondutor pode ser do tipo n ou do tipo p, dependendo se os elétrons ou os vazios, respectivamente, são os portadores de carga predominantes. Semicondutores Intrínsicos e Extrínsicos Exemplos de materiais semicondutores intrínsicos. Semicondutores Intrínsicos Semicondutores intrínsicos são caracterizados a 0K por uma banda de valência cheia, separada da banda de condução por uma estreita faixa, geralmente menor do que 2eV. Típicos materiais intrínsicos são o Si e o Ge, mas existem também compostos com este comportamento. Conceito de um “vazio” Em semicondutores intrínsicos, para cada elétron excitado para a banda de condução existe um estado eletrônico vazio na banda de valência. Pode-se tratar este estado como um vazio ou buraco. Este vazio é tratado como um elétron, de mesma carga elétrica mas de sinal oposto. Sob a influência de um campo elétrico, elétrons e vazios se movem em direções opostas. Semicondutores extrínsicos A condutividade elétrica de um semicondutor pode ser aumentada por intermédio da adição de impurezas. Tem-se assim um semicondutor extrínsico. As impurezas têm a função de fornecer níveis de energia ao semicondutor dentro de sua faixa proibida, facilitando a passagem de elétrons para níveis mais energéticos, e conduzindo melhor a corrente elétrica. Os semicondutores extrínsicos podem se classificar em tipo n e tipo p, conforme a impureza adicionada. No primeiro caso as impurezas são doadoras de elétrons, e a faixa de energia adicionada se encontra próxima da faixa de condução. No segundo caso as impurezas são receptoras de elétrons, e a faixa de energia adicionada se encontra próxima da faixa de valência. Modelo de um semicondutor do tipo n. Modelo de um semicondutor do tipo n. Modelo de um semicondutor do tipo p. Modelo de um semicondutor do tipo p. Resistividade de vários materiais e do silício com vários graus de dopagem Mobilidade eletrônica Diagrama esquemático que mostra a trajetória de um elétron defletido por eventos de espalhamento. Quando um campo elétrico é aplicado, uma força atua sobre os elétrons livres; como consequência todos eles sofrem aceleração em uma direção oposta à do campo, em virtude de suas cargas negativas. Em contrapartida, forças de fricção se opõem a essa aceleração, resultantes do espalhamento dos elétrons por descontinuidades da rede cristalina. Existe, no entanto, um movimento líquido resultante dos elétrons na direção oposta ao campo. Esse fluxo de carga é a corrente elétrica. Mobilidade eletrônica – caso dos metais Uma vez que as descontinuidades cristalinas servem como centros de espalhamento para os elétrons de condução nos metais, o aumento de seu número aumenta a resistividade (ou diminui a condutividade). A concentração dessas descontinuidades depende da temperatura, da composição e do grau de deformação plástica da amostra do metal. Resistividade elétrica em função da temperatura para o cobre e três ligas Cu-Ni, uma das quais foi deformada. As contribuições térmica, das impurezas e da deformação estão indicadas para -100oC. Mobilidade eletrônica – caso dos semicondutores intrínsicos Com o aumento da temperatura, a concentração de portadores intrínsicos (elétrons e vazios) aumenta drasticamente, pois desta forma mais energia térmica está disponível para excitar os elétrons da banda de valência para a banda de condução. A concentração de portadores no Ge é maior do que no Si, devido ao menor espaçamento entre bandas do Ge: em qualquer temperatura, mais elétrons serão excitados através de seu espaçamento entre bandas. Concentração de portadores intrínsicos (escala logarítmica) em função da temperatura para o germânio e o silício. a) Região extrínsica: o material é do tipo n (impureza doadora) e a concentração de elétrons é constante. Os elétrons na banda de condução são excitados a partir do estado doador da impureza, e uma vez que a concentração de elétrons é aproximadamente igual ao teor da impureza, virtualmente todos os átomos da impureza foram ionizados. Além disso, as excitações intrínsicas através do espaçamento entre bandas são insignificantes em comparação a essas excitações devido aos doadores extrínsicos. b) Região de congelamento: a concentração de elétronscai drasticamente com a diminuição da temperatura. A energia térmica é insuficiente para excitar os elétrons do nível doador da impureza para a banda de condução. c) Região intrínsica: as concentrações de portadores de carga, resultantes das excitações dos elétrons através do espaçamento entre bandas, primeiro tornam-se iguais e então superam por completo a contribuição devido aos portadores doadores. Concentração de elétrons em função da temperatura para o silício (do tipo n) dopado com 1021 m-3 átomos de fósforo (impureza doadora), e para o silício intrínsico (linha tracejada). Mobilidade eletrônica – caso dos semicondutores extrínsicos A condutividade (ou resistividade) de um material semicondutor, além de depender da concentração dos portadores de carga, também é uma função de sua mobilidade, ou seja, da facilidade com que elétrons e vazios são transportados através do cristal. Essa mobilidade é função da presença das mesmas descontinuidades responsáveis pelo espalhamento dos elétrons nos metais: vibrações térmicas e átomos de impurezas. Nos semicondutores extrínsicos, a mobilidade dos elétrons e vazios independe da concentração do dopante numa certa faixa, passando a diminuir com o aumento do teor de impurezas. Dependência das mobilidades dos elétrons e dos vazios (escala logarítmica) em relação à concentração de dopantes, tanto doador quanto receptor (escala logarítmica) para o silício à temperatura ambiente. Dependência em relação à temperatura das mobilidades (a) dos elétrons e (b) dos vazios para o silício dopado com várias concentrações de doadores e receptores. Ambos os conjuntos de eixos estão em escala logarítmica. Nos semicondutores extrínsicos, a dependência da mobilidade dos elétrons e vazios com a temperatura é independente da concentração de receptores/doadores abaixo de um certo valor, passando a diminuir com o aumento da temperatura (maior espalhamento térmico dos portadores). E le ct ro n m o b il it y ( m 2 /V – s) Dispositivos Semicondutores (a) Junção p-n: diodo retificador, células solares, diodos de emissão de luz (LED). Trata-se de um monocristal (contornos de grãos interferem negativamente na condução elétrica) dopado, de modo a ser do tipo n em um dos lados e do tipo p no outro lado (a presença de uma superfície entre duas seções tornaria o semicondutor muito ineficiente). (b) Fluxo para a frente: vazios (p) e elétrons (n) são atraídos para a junção, criando um fluxo de portadores de carga , evidenciado por uma corrente considerável e uma baixa resistividade. (c) Fluxo reverso: os portadores de carga são afastados da junção, criando polarização e tornando a junção altamente isolante. Dispositivos Semicondutores (a) Junção p-n-p (ou n-p-n): transistor. Uma região base muito fina do tipo n está localizada entre as regiões emissora e coletora, ambas do tipo p. O circuito que inclui a junção emissor-base (junção 1) possui fluxo para a frente, enquanto uma voltagem de fluxo reverso é aplicada através da junção base-coletor (junção 2). (b) Na junção 1 grande fluxo de vazios entra na região de base, atravessa essa região fina, e vai para a junção 2. Se a voltagem for aumentada na junção 1, grande aumento na corrente será notado na junção 2. Ocorrerá também um grande aumento na voltagem através do resistor de carga. Dessa forma, um sinal de voltagem que passa através do transistor será amplificado. Diagrama esquemático de um transistor de junção p-n-p e do seu circuito associado, incluindo as características da voltagem em função do tempo para a alimentação e a saída, que mostram a amplificação da voltagem. Os transistores são usados em amplificadores, porque uma pequena variação na corrente da base resulta em uma grande variação na corrente do coletor. (a) Um transistor pnp. O emissor fortemente dopado emite vazios que atravessam a fina base e vão para o coletor. (b) Símbolo de um transistor pnp em um circuito. A seta aponta na direção da corrente convencional, que é a mesma dos vazios emitidos. (a) Um transistor npn. O emissor fortemente dopado emite elétrons que atravessam a fina base e vão para o coletor. (b) Símbolo de um transistor npn em um circuito. A seta aponta na direção da corrente convencional, que é oposta à direção dos elétrons emitidos. Dispositivos Semicondutores MOSFET: metal-oxide-semiconductor field-effect transistor. Dispositivos Semicondutores Chip microprocessador, MEV, 2000X. Conectores de alumínio (branco) e camada de silício dopado (cinza). Chip microprocessador, MO, 50X. Conectores de alumínio (branco) e dispositivos semicondutores (quadrados). • A.F.Padilha: Materiais de Engenharia – Microestrutura e Propriedades, Hemus, 2000. • W.D.Callister e D.G.Rethwisch: Ciência & Engenharia de Materiais, 8a Edição, GEN/LTC, 2012 • R.E. Reed-Hill, R,Abbashian, L.Abbashian : Physical Metallurgy Principles, 4th Edition, Cengage Learning, 2009. • R.E.Smallman e A.H.W.Ngan: Physical Metallurgy and Advanced Materials, Elsevier, 2007. • G.E.Dieter : Mechanical Metallurgy, 3rd Edition, McGraw-Hill Book Co., 1988. • M.A.Meyers & K.K.Chawla : Mechanical Behavior of Materials, 2nd Edition, Cambridge University Press, 2009. • J.P.Bailon e J.M.Dorlot: Des Materiaux, 3th Edition, École Polytechnique de Montréal, 2000. Bibliografia
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