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DIREITO PROCESSUAL PENAL – PONTO 09

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DIREITO PROCESSUAL PENAL – PONTO 09
Juizados Especiais Federais Penais. O Conciliador. Quebra de sigilo fiscal, bancário e de dados. Interceptações de comunicação.
Atualizado por Wilson Medeiros Pereira, outubro de 2010.
Atualizado por Gilberto Pimentel de M. Gomes Jr em agosto de 2012.
I – JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS PENAIS
1) Considerações iniciais
CF/88, Art. 98. A União, no Distrito Federal e no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
§ 1º. Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.(incluído pela EC n° 22/99) (Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Súmula 428, STJ: “Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.”
Na sua redação original, a CF/88 no seu art. 98 previu, inicialmente e tão-somente, a obrigação da União de criar os Juizados Especiais no âmbito da Justiça do Distrito Federal e Territórios. Posteriormente, querendo ampliar a experiência dos Juizados Especiais Federais no âmbito da Justiça Federal como forma de desafogar a Justiça Federal Comum, a EC n.º 22/99 inseriu um parágrafo único prevendo a possibilidade de sua criação no âmbito da Justiça Federal, sendo posteriormente renumerado para o § 1º por força da EC 45/04.
No plano infraconstitucional, o legislador editou a Lei n° 9.099/95 que somente abrangia os Juizados Especiais Estaduais (incluindo a Justiça do Distrito Federal) e, posteriormente, a 10.259/2001, específica, para o âmbito da Justiça Federal. Esta última Lei tratou, basicamente, sobre o processo civil, dispondo em um único artigo sobre matéria processual (Art. 2º – na sua redação originária) que ampliou o conceito de infração de menor potencial ofensivo, ao estendê-lo para os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, ou multa, sem fazer nenhuma ressalva quanto a questão do procedimento especial previsto no Art. 61 da Lei. 9.099/95. 
O art. 1º da Lei n° 10.259/2001 prevê que se aplica, subsidiariamente, o disposto na Lei n° 9.099/95. 
	Redação original
	Redação modificada
	Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por Juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo. (Vide Lei nº 10.259, de 2001)
	Lei 9.099/95, Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis. (Incluído pela Lei nº 11.313, de 2006)
	Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a um ano, excetuados os casos em que a lei preveja procedimento especial. (Vide Lei nº 10.259, de 2001)
	Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
	Redação original
	Redação modificada
	Art. 2o Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os feitos de competência da Justiça Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo.
Parágrafo único. Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, ou multa.
	Lei 10.259/01, Art. 2o. Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os feitos de competência da Justiça Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrente da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
Em razão disso, a doutrina e a jurisprudência do STJ e do STF passou a entender que, por força do princípio da isonomia, o conceito previsto na Lei 10.259/01 revogara o conceito previsto na Lei 9.099/95, inclusive quanto a ressalva do procedimento especial, aplicando-se no âmbito dos Juizados Especiais Estaduais. Sem embargo disso, o STF passou a conjugar a redação original do art. 2º da Lei 10.259/01 com a ressalva do procedimento especial previsto na redação originária do art. 61 da Lei 9.099/95. 
O entendimento anterior de que os procedimentos especiais não competiriam aos juizados especiais criminais foi superado com o advento da Lei 11.313/2006, que unificou no art. 61 da Lei 9.099/95 o conceito de infração de menor potencial para as “contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.”, sem adotar ressalva quanto ao procedimento especial. 
Os Juizados Especiais Criminais representaram uma verdadeira revolução no direito processual penal brasileiro ao adotar um modelo consensual de Justiça para os crimes de menor potencial ofensivo, flexibilizando o princípio da indisponibilidade da ação penal, priorizando-se as penas não privativas de liberdade, mas, também, a satisfação dos interesses do ofendido, que passa a ter papel ativo no processo penal. 
O Juizado Especial Criminal exige uma releitura dos conceitos de devido processo legal, presunção de inocência, ampla defesa e contraditório. 
A Lei 9.099/95 não presume a culpa, nem ignora a presunção de inocência (tanto a transação quanto a suspensão do processo asseguram a primariedade do autor do fato).
Apenas possibilita ao autor do fato subtrair-se do processo penal tradicional, conservador, oneroso e desgastante. A transação penal decorre da autonomia da vontade e é produto do exercício da ampla defesa. 
Segundo Pacelli, atualmente, há dois modelos de processo penal no Brasil, um condenatório e um consensual. 
2) A competência territorial dos Juizados Especiais é pautada pelo “lugar onde se cometeu à infração penal” (Atividade ou Execução – art. 63 da Lei 9.099/95). A norma apresenta diferença com a regra geral do art. 70 do CPP que é “do lugar onde se consumar a infração.” (Consumação)
	
	CP
	CPP
	LEI 9099
	TEMPO DO CRIME
	AÇÃO
(artigo 4O.) – Juizados também adotou
	
	
	LUGAR DO CRIME
	UBIQUIDADE
(artigo 6o. competência internacional)
	RESULTADO
(artigo 70. direito interno)
	ATIVIDADE
3) Conceito de infração de menor potencial ofensivo –
 
O art. 2º da Lei 10.259/01 prescreve que “Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os feitos de competência da Justiça Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência”. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006). 
Ou seja, não traz mais a definição de infração de menor potencial ofensivo, devendo ser buscada na Lei 9.099/95:
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penaise os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
Ocorre que as contravenções praticadas contra a União e suas entidades estão expressamente excluídas da competência da Justiça Federal � (A CF/88 previu uma verdadeira norma de exclusão de competência). Em razão disso, o conceito de infração de menor potencial ofensivo nos crimes de competência da Justiça Federal não abrange as contravenções penais. 
A jurisprudência dominante entende que estão excluídos do conceito de crimes de menor potencial ofensivo aqueles crimes cuja pena ultrapassar 02 anos, mesmo decorrente de concurso formal ou continuidade delitiva. Nesse sentido para os fins de suspensão do processo a Súmula n° 243 do STJ.
Súmula n.º 243 do STJ (DJU 05.02.2001) – O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.
4) Conexão de infração de menor potencial ofensivo com crime comum 
Havia uma controvérsia no caso de conexão de infração de menor potencial ofensivo com crime comum, se deveria reunir (art. 78 do CPP) ou separar (art. 79 do CPP), já que as normas do CPP eram silentes sobre a matéria. 
Embora a doutrina defenda a separação dos processos (cf. GRINOVER et alii, Juizados especiais criminais, 5. ed., São Paulo : RT, 2005, p. 71), prevaleceu na jurisprudência a solução oposta (vide abaixo, por exemplo, o crime de usurpação com o crime ambiental em concurso formal), aplicando-se analogicamente o entendimento cristalizado na Súmula 243 do STJ. Esta solução prejudicava muito o autor do fato, porque era excluído dos benefícios previstos na Lei 9.099/95, tais como composição civil dos danos e transação penal. 
CRIMINAL. HABEAS CORPUS. EXTRAÇÃO DE AREIA SEM AUTORIZAÇÃO DO ÓRGÃO COMPETENTE COM FINALIDADE MERCANTIL. USURPAÇÃO X EXTRAÇÃO. CONFLITO APARENTE DE NORMAS. INOCORRÊNCIA. DIVERSIDADE DE OBJETOS JURÍDICOS. CONCURSO FORMAL CONFIGURADO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
I - O art. 2º da Lei 8.176/91 descreve o crime de usurpação, como modalidade de delito contra o patrimônio público, consistente em produzir bens ou explorar matéria-prima pertencente à União, sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo. Já o art. 55 da Lei 9.605/98 descreve delito contra o meio-ambiente, consubstanciado na extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida.
II - Se as normas tutelam objetos jurídicos diversos, não há que se falar em conflito aparente de normas, mas de concurso formal, caso em que o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes.
III - Recurso conhecido e provido para cassar o acórdão recorrido, dando-se prosseguimento à ação penal.�
A Lei 11.313/06, adotando uma solução conciliadora, veio mudar este panorama em três pontos: 1) expressamente, mandou observar os fenômenos da conexão e continência regulados no CPP; 2) para não prejudicar o réu, mandou aplicar os institutos da transação penal e da composição civil dos danos quando o processo fosse atraído; 3) para a concessão dos benefícios devem as infrações serem analisadas de per si.
Art. 60. (...)
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis
OBS: Os requisitos da suspensão condicional do processo não foram alterados, já que se trata de um instituto de sobreprocesso, aplicável a todos as jurisdições penais, com exceção da militar (art. 90-A � da Lei 9.099/95). 
 
Luiz Flávio Gomes � anota as seguintes conclusões: 
1ª) A força atrativa, para a reunião dos processos (como não poderia ser diferente), é do juízo comum (estadual ou federal) ou do tribunal do júri (estadual ou federal). Ou seja: seguindo o disposto no art. 78 do CPP manda a nova lei que no caso de crimes conexos haja reunião dos processos na vara comum ou no tribunal do júri.
2ª) A nova lei tem aplicação imediata (entrou em vigor no dia 28.06.06, data de sua publicação). Lei processual nova que altera ou que fixa competência tem aplicação imediata, incluindo-se os processos em andamento. Exceção: a exceção que existe a essa regra reside no processo que já conta com decisão de primeira instância. Nesse caso, não se altera a competência recursal (não incide a lei nova para alterar a competência recursal).
3ª) Manda a nova lei que, na vara comum ou no tribunal do júri, sejam observados os institutos da transação penal e da composição dos danos civis. Em outras palavras: a reunião dos processos não constitui fato impeditivo para a aplicação desses institutos. A vara comum ou o tribunal do júri conta com competência para isso.
4ª) Não quer a nova lei que se adote, em relação às infrações de menor potencial ofensivo, outra política criminal distinta do consenso. Apesar da conexão ou da continência (entre a infração de menor potencial ofensivo e outra do juízo comum), em relação à primeira (menor potencial ofensivo) deve-se seguir a política do consenso (não a conflitiva).
5ª) Deve-se respeitar, de outro lado, a opção relevante que a lei dos juizados já havia feito em favor da vítima. Havendo possibilidade de composição civil dos danos, não há como evitar que isso possa acontecer. A velha reivindicação da vitimologia (reparação dos danos em favor da vítima) continua preservada, mesmo que haja conexão de infrações.
6ª) A reafirmação da lei nova em favor do consenso (mesmo havendo conexão) afasta qualquer possibilidade de sua exclusão, salvo quando presentes os impedimentos para a transação penal contidos na própria lei dos juizados (art. 76): ter o agente sido beneficiado com outra transação nos últimos cinco anos, ter condenação definitiva anterior etc.
7ª) Em síntese: já não é possível somar a pena máxima da infração de menor potencial ofensivo com a da infração conexa (de maior gravidade) para excluir a incidência da fase consensual. A soma das penas máximas, mesmo que ultrapassado o limite de dois anos, não pode ser invocada como fator impeditivo da transação penal. 
8ª) A infração de menor potencial ofensivo (conexa) deve, dessa maneira, ser analisada isoladamente (é esse o critério adotado para a prescrição no art. 119 do Código penal). Cada infração deve ser considerada individualmente.
9ª) A infração penal conexa de maior gravidade não pode ser invocada como fator impeditivo da incidência dos institutos da transação ou da composição civil. A lei assim determinou. De outro lado, no que se refere a essa infração de maior gravidade, recorde-se que o agente é presumido inocente. Ela não pode, desse modo, ser fator impeditivo da transação penal.
10ª) O juízo comum (ou do júri), que é o juízo com força atrativa, deve designar, desde logo, uma audiência de conciliação (que deve ser prioritária). Primeiro, deve-se solucionar a fase do consenso (transação penal e composição civil). Depois, vem a fase conflitiva relacionada com a infração de maior gravidade. O processo penal, nesse caso, passa a ser misto: é consensual e conflitivo. Consensual num primeiro momento e conflitivo após.
11ª) Pode ser que caiba, em relação à infração de maior gravidade, suspensão condicional do processo. Na mesma audiência de conciliação as duas questões podem ser tratadas. Mas isso pressupõe denúncia quanto à infração de média gravidade (pena mínima não superior a um ano admite a suspensão condicional do processo).
12ª) Não pode haver denúncia (ou queixa) de plano em relação à infração de menor potencial ofensivo. Quanto a ela rege a audiência de conciliação (ou seja: a fase consensual da lei dos juizados). O acusador deve formulardenúncia no que se refere ao delito maior e, ao mesmo tempo, fazer proposta de transação para o delito menor (ou fundamentar sua recusa nas causas impeditivas da transação constantes do art. 76).
13ª) Caso o juiz receba a denúncia, deve marcar prontamente a audiência de conciliação (para solucionar brevemente a infração de menor potencial ofensivo).
14ª) A recusa não fundamentada ou injustificada do órgão acusatório em oferecer proposta de transação é regida pelo art. 28 do CPP (cabe ao juiz enviar os autos do processo ao Procurador Geral de Justiça).
15ª) Nada impede que o juiz, desde que o réu tenha sido citado regularmente, logo depois de concluída a audiência de conciliação, faça o interrogatório do acusado (interrogatório relacionado com a infração conexa de maior gravidade).
16ª) Não havendo acordo penal em relação à infração de menor potencial ofensivo, cabe ao órgão acusatório aditar a denúncia (pode fazê-lo oralmente, reduzindo-se tudo a termo) para dela constar a infração menor.
17ª) Nesse caso, o processo terá prosseguimento normal, adotando-se o procedimento de maior amplitude (relacionado com a infração de maior gravidade). O procedimento sumaríssimo dos juizados não deve ser seguido na vara comum ou no júri.
18ª) Em se tratando de réu preso (pelo delito maior), o recomendável será fazer a audiência de conciliação na mesma data do seu interrogatório (por razões de economia processual).
19ª) Não é possível fazer transação penal em torno de sanção alternativa incompatível com a prisão cautelar (se o réu está preso pelo delito maior, não pode, por exemplo, cumprir prestação de serviços à comunidade).
20ª) No momento da transação penal, devem ser observadas as disposições contidas no art. 76 (incluindo-se as causas impeditivas da transação penal).
21ª) A condenação penal precedente, definitiva, por crime, a pena privativa de liberdade, só impede a transação penal durante o lapso de cinco anos (STF, 1ª Turma, HC 86.646-SP, rel. Min. Cezar Peluso, j. em 26.04.2006). Ultrapassado esse lapso temporal já não há impedimento para a transação penal.
22ª) O fato de não ser possível a transação penal não impede que haja composição civil dos danos em favor da vítima.
OBS: Questão interessante remanesce quando houver conexão de duas infrações penais de menor potencial ofensivo e ultrapasse o limite de 02 anos. A Lei 11.343/06 não tratou do tema. Se for adotado o entendimento da Súmula 243 do STJ, a competência seria do Juiz Federal Comum, mas ficaria obrigado a aplicar os institutos consensuais. Outra solução seria desprezar analisar cada infração per si, aplicando-se integralmente a Lei 9.099/95. Não há resposta na jurisprudência (também não encontrei decisões no TRF1 a respeito).
Este entendimento não é pacífico na doutrina: Nucci entende que o parágrafo único do art. 60 da Lei 9.099/95 é inconstitucional, pois a competência do Jecrim é de natureza constitucional, não podendo uma lei alterá-la. Quanto a transação penal e o concurso de crimes ele completa afirmando que "aquele que comete vários crimes punidos com pena máxima de dois anos, em concurso material, não pode seguir ao JECRIM para empreender inúmeras transações, uma para cada delito. Seria a consagração da falta de lógica, pois, caso condenado, utilizada, por exemplo, a somatória da pena mínima, ele pode atingir montantes elevados, que obriguem, inclusive, o magistrado a impor o regime fechado. Portanto, nada há, nesse cenário, de menor potencial ofensivo. Cuidando-se de concurso formal e crime continuado, deve-se analisar a pena máxima com o aumento máximo previsto para cada uma dessas formas de concurso (metade, para o concurso formal; dois terços para o crime continuado simples; o triplo para o crime continuado qualificado)." (Livro: Leis Penais e Processuais Penais Comentadas)
Ainda não tem Jurisprudência dos Tribunais Superiores ou do TRF1 sobre este assunto.
4) Hipóteses de exclusão dos juizados especiais
Caso o acusado não tenha sido citado o juiz encaminhará as peças existentes ao juízo comum (art. 66, par. único, da Lei 9099/95), já que os Juizados Especiais não admite citação ficta. Vai seguir o rito sumário (art. 528, do CPP).
OBS: Não se pode declinar, desde logo, caso o autor não seja notificado para audiência preliminar, pois o art. 79 da Lei 9.099/95 permite a renovação da composição civil dos danos e transação penal na audiência de instrução e julgamento.
No momento do oferecimento da denúncia se “a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do artigo 66 desta Lei.”
“Foro especial por prerrogativa de função: não se aplica o procedimento sumaríssimo da Lei n. 9.099/95, ressalvados os institutos da transação penal, da suspensão condicional do processo e da exigência de representação para a lesão corporal de natureza leve e a lesão corporal culposa.” (Capez). 
INQUÉRITO. DEPUTADO FEDERAL. OMISSÃO DE GASTOS NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CAMPANHA. DENÚNCIA. RECEBIMENTO. PROPOSTA, ACEITA, DE SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. HOMOLOGAÇÃO. É de ser recebida a denúncia, quando atendidos os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal. Contudo, em face da concordância do denunciado com as condições propostas pelo Ministério Público para a suspensão do processo, defere-se a sustação do feito, nos termos em que se deu a transação. �
A conexão e a continência (inclusive nas hipóteses de concurso material, formal e crime continuado), não tem o condão de reunir processos sujeitos ao juizado com outros processos, uma vez que a regra dos juizados descende do texto constitucional. Deve-se fazer a cisão dos feitos. (Existe divergência – conforme item 3)
Não são aplicáveis as regras dos Juizados Especiais aos crimes militares em face de regra específica prevista no art. 90-A da Lei n° 9.099/95.
O reincidente pode ser processado perante os Juizados Especiais, mas não tem direito à transação penal, nem à suspensão do processo.
5) Critérios orientadores dos Juizados Especiais
	
	O art. 62 da Lei n° 9.099/95 dispõe: “O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos, sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.” A Lei fala em critérios, mas se trata claramente em princípios que diferenciam os juizados especiais criminais dos demais procedimentos processuais penais. São eles: 
Oralidade - Os atos são praticados oralmente, inclusive a denúncia, no entanto os que sejam essenciais são reduzidos a escrito (art. 65 § 3°) e gravados se necessário. 
Informalidade – Os atos processuais visam atingir a finalidade perseguida, sem possuir rigor formal, dispensando, inclusive o relatório das sentenças. Os atos processuais em outras comarcas poderão ser solicitados por qualquer meio de comunicação (art. 65, § 2°). 
A despeito da informalidade, a defesa técnica é indispensável por força de mandamento constitucional. Além disso, qualquer acordo (transação penal ou suspensão do processo) tem que passar pelo crivo do Juízo por força do controle jurisdicional indispensável. Em matéria cível, a parte pode se fazer representar pessoalmente, até o limite de 20 salários mínimos (no J.E.estadual).
Lei 9.099/95: Defesa Técnica e Audiência Preliminar [Informativo 437 do STF]
A presença de defesa técnica na audiência preliminar é indispensável à transação penal, a teor do disposto nos artigos 68, 72 e 76, § 3º, da Lei 9.099/95. Com base nesse entendimento, a Turma deferiu habeas corpus a paciente que não fora amparado por defesa técnica na audiência preliminar em que proposta e aceita a transação penal pela suposta prática do delito de desacato (CP, art. 331). Entendeu-se que os princípios norteadores dos juizados especiais, tais como oralidade, informalidade e celeridade,não podem afastar o devido processo legal, do qual o direito à ampla defesa é corolário. STF, HC 88.797/RJ, rel. Min. Eros Grau, 22.8.2006. 
c) Economia processual e celeridade – O processamento nos Juizados deve sempre perseguir o menor custo e a maior velocidade, mediante concentração dos atos, dentro do menor espaço de tempo possível. Evita-se o inquérito policial; pretende-se que através de acordos civis ou penais não seja formado processo, audiência única (concentração dos atos - mas a cisão não implica nulidade).
 
d) Princípios da finalidade e do prejuízo – Para que os atos processuais sejam invalidados, é necessário haver prova do prejuízo (art. 65 § 1°), não vigorando o sistema de nulidades absolutas do CPP (Capez).
6) Termo circunstanciado – Ao invés de inquérito policial, nas infrações de menor potencial ofensivo, após a ocorrência do fato delituoso é lavrado termo circunstanciado, por qualquer agente da polícia� (Militar ou Civil), que se encarrega de encaminhar a vítima e o autor do delito ao juizado, bem como providenciar os exames periciais necessários(Art. 69). O termo circunstanciado é um “relatório sumário, contendo a identificação das partes envolvidas, a menção à infração praticada, bem como todos os dados básicos e fundamentais que possibilitem a perfeita individualização dos fatos, a indicação das provas, com o rol de testemunhas, quando houver, e, se possível, um croqui, na hipótese de acidente de trânsito.” (Capez)
7) Prisão em flagrante – Realizada a conduta delituosa, caso o autor do fato se dirija ao Juizado Especial Criminal ou assuma o compromisso de comparecer no dia e hora designados, não será imposta a prisão em flagrante, nem sem exigirá fiança (art. 69, parágrafo único) 
OBS: Não é que não irá haver a prisão em flagrante, mas sim que ela não será lavrada se o autor for encaminhado diretamente ao Juizado ou, não sendo isso possível, assumir o compromisso de comparecer na audiência preliminar.
OBS2: No caso do delito do art. 28, caput, da Lei 11.343/06 a própria lei informa, no art. 48, § 2º, que “não se imporá prisão em flagrante”. Assim, existem entendimentos de que mesmo que o flagranciado não se comprometa em comparecer ao juizado não poderá ser preso.
 
7) Audiência preliminar: composição civil dos danos e transação penal
Comparecendo a vítima e o agente do delito ao Juizado e, se possível, o responsável civil, acompanhados de seus advogados, o Juiz esclarecerá a possibilidade de composição dos danos e aceitação imediata de pena não privativa de liberdade (art. 72). A fase conciliatória será conduzida por Juiz ou por conciliador, sob sua orientação (art. 73). 
Na audiência preliminar, há duas fases distintas do gênero conciliação: a) composição civil; b) transação penal. A composição civil dos danos depende da concordância mútua das partes e é homologada pelo juiz, tendo eficácia de título executivo. Caso o valor seja de até 40 vezes o salário mínimo executa-se no próprio Juizado (no Juizado Especial Federal o valor é de até 60 salários mínimos), caso seja superior manda-se para o juízo comum. Caso a ação penal seja pública condicionada à representação ou exclusivamente privada, a homologação do acordo implica a extinção da punibilidade (art. 74, par. ún.). 
Caso as partes não cheguem a um acordo sobre o valor da indenização civil passa-se à 2ª fase da audiência preliminar. Embora a lei somente se refira à proposta de transação penal na ação pública condicionada à representação e na ação pública incondicionada, admite-se também para ação penal privada. Neste sentido, Tourinho Filho �, Pacelli, Nucci e Grinover�.
HABEAS CORPUS. CRIME DE INJÚRIA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ARGÜIÇÃO DE ATIPICIDADE DA CONDUTA. AFERIÇÃO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. VIA INADEQUADA. CRIME CONTRA A HONRA. APLICAÇÃO DA LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS. TRANSAÇÃO PENAL. POSSIBILIDADE.
1, 2, 3. omissis
4. A Terceira Seção desta Egrégia Corte firmou o entendimento no sentido de que, preenchidos os requisitos autorizadores, a Lei dos Juizados Especiais Criminais aplica-se aos crimes sujeitos a ritos especiais, inclusive àqueles apurados mediante ação penal exclusivamente privada. Ressalte-se que tal aplicação se estende, até mesmo, aos institutos da transação penal e da suspensão do processo 
5. Ordem parcialmente concedida para anular a decisão que recebeu a queixa-crime a fim de que, antes, seja observado o procedimento previsto no art. 76, da Lei n.º 9.099/95. �
I. Suspensão condicional do processo e recebimento de denúncia. Cabível, em tese, a suspensão condicional do processo, é válido o acórdão que - não a tendo proposto o autor da ação - recebe a denúncia ou queixa e determina que se abra vista ao MP ou ao querelante para que proponha ou não a suspensão: não faria sentido provocar a respeito o autor da ação penal antes de verificada a viabilidade da instauração do processo. II. Suspensão condicional do processo instaurado mediante ação penal privada: acertada, no caso, a admissibilidade, em tese, da suspensão, a legitimação para propô-la ou nela assentir é do querelante, não, do Ministério Público. �
[Posição do resumidor original: Além do argumento literal. Para ação privada, não admitiria a transação, em face do princípio da disponibilidade (permitindo que o ofendido possa extinguir a punibilidade do agente pelo perdão e perempção), bem como pelo fato da proposta de transação penal ser prerrogativa do membro do ministério público. Poderia acrescentar que a ação penal privada não pode ser usada como instrumento de punição, já que vige o princípio da obrigatoriedade e da indivisibilidade.]
O Ministério Público ou querelante, assistido por advogado, propõe ao agente do delito a aplicação imediata de pena restritiva de direito ou multa (art. 76, caput). O MP age com certa dose de discricionariedade na apresentação da proposta (discricionariedade regrada), que é mitigada ou limitada aos requisitos legais.
Os requisitos legais para a celebração do acordo são: 1) tratar-se de crime de ação penal pública incondicionada ou condicionada à representação do ofendido; 2) não ter sido o agente beneficiado anteriormente no prazo de cinco anos pela transação; 3) não ter sido o autor da infração condenado por sentença definitiva a pena privativa de liberdade; 4) não ser caso de arquivamento do termo circunstanciado; 5) haver circunstâncias judiciais favoráveis, art. 59; 7) ser aceita a proposta por parte do autor da infração e de seu defensor (constituído, dativo e público). O STJ entende que se houver divergência entre o indiciado e advogado deverá prevalecer o do indiciado (HC 17165), interpretando o art. 89 § 7° da Lei 9.099/95. Em sentido diverso: Capez.
Respeitando as regras específicas de cada um, os entendimentos referente a suspensão do processo e da transação são intercambiáveis.
Suspensão do Processo e Art. 64, I, do CP
A condenação criminal já alcançada pelo período depurador de 5 anos do art. 64, I, do CP não impede a concessão, ao acusado, em novo processo penal, do benefício da suspensão condicional do processo (Lei 9.099/95, art. 89: “Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano... o Ministério Público... poderá propor a suspensão do processo... desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime...”). Com base nesse entendimento, a Turma deferiu habeas corpus impetrado em favor de acusado pela suposta prática do crime de aborto que tivera seu pedido de sursis negado em razão da existência de anterior condenação pelo delito de receptação, cuja pena fora extinta há mais de 5 anos. Não obstante o silêncio normativo, e considerando que as normas de Direito Penal hão de ser interpretadas sistematicamente, entendeu-se que a exigência do art. 89 da Lei 9.099/95 deve ser conjugada com o disposto no inciso I do art. 64 do CP [“Para efeito de reincidência não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinçãoda pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer a revogação.”]. HC deferido para anular o processo contra o paciente desde a data de sua audiência e determinar a remessa dos autos ao Ministério Público do Estado de São Paulo, para que, afastado o óbice do caput do art. 89 da Lei 9.099/95, seja analisada a presença, ou não, dos demais requisitos necessários à concessão do sursis processual. Precedentes citados: HC 80897/RJ (DJU de 1º.8.2003) e HC 86646/SP (DJU de 9.6.2006). HC 88.157/SP, rel. Min. Carlos Britto, 28.11.2006. 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO - BALIZAS - APRECIAÇÃO. Incumbe ao julgador apreciar o concurso dos requisitos previstos no artigo 89 da Lei nº 9.099/95, não implicando invasão do espaço destinado ao Ministério Público a glosa de proposta efetuada. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO - CONDIÇÕES - PRESUNÇÃO DE NÃO-CULPABILIDADE. O requisito de não estar sendo o acusado processado não encerra a presunção de culpabilidade, mas dado relativo a certa política criminal adotada. �
A proposta é feita oralmente ao autor do delito, especificando-se todas as suas condições. O juiz fiscaliza os requisitos legais, no entanto, não é obrigado a aceitá-la e caso venha a discordar pode remeter os autos ao Procurador-Geral, por analogia ao art. 28 do CPP. Embora o juiz não possa modificar a proposta do MP, salvo na hipótese de a pena de multa ser a única aplicável o juiz pode reduzi-la até a metade (art. 76, § 1°). 
Da sentença de homologação, é possível a interposição de recurso de apelação, no prazo de 10 dias. 
8 - Descumprimento do acordo da Transação Penal
 Em caso de descumprimento do acordo homologado, não se pode falar em conversão da pena restritiva de direitos em liberdade. O STF tem o entendimento de que deve ser declarado insubsistente o acordo, retornando-se ao status quo antes (oferecimento da denúncia ou queixa pelo autor).
Existia uma divergência em saber se quando fosse descumprido o acordo se poderia oferecer a denúncia ou se estaria impedido. Existia a posição jurisprudencial de que a homologação da transação fazia coisa julgada material, por isso não poderia oferecer denúncia. No entanto, houve julgamento em 2009, em sede de repercussão geral, no RE nº 602072 confirmando a posição acima:
Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, reconheceu a existência de repercussão geral, reafirmou a jurisprudência da Corte acerca da possibilidade de propositura de ação penal quando descumpridas as cláusulas estabelecidas em transação penal (art. 76 da Lei nº 9.099/95) e negou provimento ao recurso. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Eros Grau e, neste julgamento, o Senhor Ministro Carlos Britto. Plenário, 19.11.2009.
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TRANSAÇÃO PENAL. DESCUMPRIMENTO. ACORDO. POSIÇÃO DO STJ
A Turma concedeu a ordem e reiterou o entendimento segundo o qual não cabe o oferecimento de denúncia tanto no caso de não-pagamento da pena de multa substitutiva, quanto no de aplicação da pena restritiva de direito de prestação pecuniária, resultantes de transação. HC 60.941-MG, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 21/9/2006.
TRANSAÇÃO PENAL. DESCUMPRIMENTO.
Faz coisa julgada formal e material a sentença que homologa a aplicação de pena restritiva de direitos decorrente de transação penal (art. 76 da Lei n. 9.099/1995). Assim, transcorrido in albis o prazo recursal e sobrevindo descumprimento do acordo, mostra-se inviável restabelecer a persecução penal. Precedentes citados: HC 91.054-RJ, DJe 19/4/2010; AgRg no Ag 1.131.076-MT, DJe 8/6/2009; HC 33.487-SP, DJ 1º/7/2004, e REsp 226.570-SP, DJ 22/11/2004. HC 90.126-MS, 6ª Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 10/6/2010.
TRANSAÇÃO PENAL. DESCUMPRIMENTO. ACORDO. JULGADOS DO TRF1
No TRF1, encontrei a seguinte decisão, tendo por relator OLINDO MENEZES. HC - HABEAS CORPUS – 200501000687850 (DJ DATA:13/01/2006).
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. EXAURIMENTO DE TRANSAÇÃO PENAL. REINÍCIO DA AÇÃO PENAL. COAÇÃO ILEGAL. 1. Segundo os precedentes, a sentença que homologa a transação penal é de natureza condenatória, gerando eficácia de coisa julgada, formal e material, em ordem a impedir a propositura ou o andamento da ação penal pelo mesmo fato, mesmo na hipótese de descumprimento, situação processual que, se configurada, traduz coação ilegal. 2. O cumprimento de acórdão do tribunal, em recurso criminal de decisão que remetera os autos ao juizado especial criminal federal, dando pela competência da vara federal criminal comum, pressupõe tempo processualmente hábil. Tendo havido transação penal, de resto já exaurida, torna-se impossível o reinício da ação penal sem ofensa ao princípio do non bis in idem. 3. Ordem de habeas corpus que se concede.
PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. ART. 289, § 2º, DO CÓDIGO PENAL. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE TRANSAÇÃO PENAL. NATUREZA. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. EFICÁCIA DE TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO.
1. Em havendo a transação penal sido homologada, como se deu no caso em apreciação (fls. 27/28), a sentença que a homologa, prevista no art. 76, § 5º, da Lei n.º 9.099/95, apresenta natureza condenatória, gerando eficácia de coisa julgada material e formal e obstando a instauração de ação penal em desfavor do apontado autor do fato tido por delituoso, na hipótese de descumprimento do acordo homologado. Precedente jurisprudencial da 5.ª Turma do egrégio Superior Tribunal de Justiça.
(...)
4. Uma vez homologada a sentença de transação penal, constitui-se ela em título executivo judicial hábil a embasar eventual execução penal, incumbindo ao Estado exigir o que foi materialmente composto na transação penal, não mais se apresentando juridicamente possível a instauração de ação penal, em face de seu eventual descumprimento. Precedentes jurisprudenciais do egrégio Superior Tribunal de Justiça.
5. Recurso parcialmente provido.
(RSE 2008.35.00.016842-0/GO, Rel. Desembargador Federal I'talo Fioravanti Sabo Mendes, Quarta Turma,e-DJF1 p.166 de 05/05/2009)
CONSTITUCIONALIDADE DO INSTITUTO DA TRANSAÇÃO PENAL
Em relação à sua constitucionalidade, existem três fundamentos bastante convincentes:
A própria Constituição Federal prevê a transação penal no art. 98.
Não há ofensa ao devido processo legal nem ao princípio da presunção de inocência, pois, na transação penal, não se discute a culpabilidade do autor do fato, ou seja, ele não se declara em nenhum momento culpado, não havendo, tampouco, efeitos penais ou civis, reincidência, registro ou antecedentes criminais.
Não existe nenhuma possibilidade de se aplicar ao autor do fato, por força da transação penal, pena privativa de liberdade, pois é absolutamente impossível, à luz do nosso direito positivo, converter-se a pena restritiva de direitos ou a multa transacionada e não cumprida em pena de privação da liberdade, pois não haveria parâmetro para a conversão (no primeiro caso – art. 44, § 4º, CP) e porque o art. 182 da Lei de Execuções Penais foi expressamente revogado (no segundo caso). 
9 – EFEITOS DA SENTENÇA – A natureza jurídica da sentença que acerta a transação penal é homologatória, não é sentença condenatória nem absolutória. A sentença homologatória tem como efeitos: a) não gera maus antecedentes; b) não serve como título executivo no juízo cível; c) não gera reincidência; d) a transação efetuada com um dos co-autores ou partícipes não se estende nem se comunica aos demais; e) o juiz acaba sua função jurisdicional, limitando-se a atuar no feito em caso de erro material ou embargos declaratórios.
10 - Procedimento Sumaríssimo – Caso não ocorra a composição civil dos danos [somente na ação penal privada ou pública condicionada a representação] nem a transação penal (por não ter sido aceita ou por se tratar deação privada) abre-se a oportunidade para que o Ministério Público oferte sua denúncia ou o ofendido apresente sua queixa. A denúncia deve ser ofertada oralmente (art. 77) ou se o Ministério Público entender complexa a causa, poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes ao Juízo comum. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo e se entregará cópia ao acusado que será citado e cientificado do dia e hora da audiência de instrução e julgamento (art. 78). A citação do acusado deverá ser feita pessoalmente (no próprio juizado ou por mandado).
O número de testemunhas é de 05 (cinco), por parte. Dispensa-se o formal exame de corpo de delito, substituindo-se por boletim médico ou prova equivalente (art. 77, § 1°). A defesa deve apresentar o rol testemunhas da defesa dentro de 05 (cinco) dias antes da realização da audiência de instrução e julgamento. 
Aberta a audiência de instrução e julgamento haverá o seguinte rito: 1) será dada a palavra ao defensor para responder à acusação. 2) Caso a denúncia seja rejeitada, cabe apelação com prazo de 10 (dez) dias, se for aceita a denúncia não cabe recurso. 3) A vítima é ouvida. 4) Nessa ordem, as testemunhas de acusação e defesa são ouvidas (O acusado deve trazer suas testemunhas à audiência, ou requerer a sua intimação, com antecedência mínima de 5 dias) e, por fim, o interrogatório do acusado. 5) Em seguida passa-se aos debates orais (por analogia ao sumário o prazo de 20 minutos para cada parte) e à prolação da sentença. O assistente pode ser admitido após o recebimento da denúncia. As provas são produzidas em audiência, podendo ser limitadas a critério do juiz, quando as achar excessivas.
No rito sumaríssimo, antes do recebimento da peça vestibular, abre-se para a defesa a possibilidade de oferecer por escrito sua defesa. O réu somente é interrogado após a oitiva das testemunhas arroladas pela acusação e defesa. 
11 - Recurso 
Os recursos do juízo monocrático são dirigidos à Turma Recursal (órgão de segunda instância dos Juizados Especiais, composto por três juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição), excluindo-se o prolator da decisão recorrida. O julgamento realizado pelas turmas recursais dispensa o acórdão. 
Obs.: Lembrar da criação de cargos de juiz federal de turmas recursais de Juizados Especiais.
a) Apelação: deve ser interposta no prazo de 10 (dez) dias, acompanhada das razões. Se a apelação não estiver acompanhada de razões terá que ser apresentado no decêndio legal para ser conhecida. A apelação terá cabimento nas seguintes hipóteses: a) rejeição da denúncia ou queixa; b) sentença homologatória da transação; c) sentença de mérito. 
b) Embargos de declaração: podem ser opostos no prazo de 05 (cinco) dias, suspendendo o prazo para interposição de outro recurso e são cabíveis nas hipóteses da sentença ou acórdão apresentar obscuridade, contradição, omissão ou dúvida.
Além disso, das decisões das Turmas Recursais é cabível a interposição de recurso extraordinário, inclusive HC, não sendo cabível – no entanto – a interposição de recurso especial. 
Para Cezar Roberto Bitencourt e Ada Pelegrini Grinover, a previsão destes recursos na Lei 9.099/95 não exclui a possibilidade de interposição dos recursos previstos no CPP. 
As turmas recursais também têm competência para julgar habeas corpus e mandado de segurança relativos a atos dos juizados. Já a revisão criminal é da competência do TRF ou TJ (???). 
Ao contrário do RE, o REsp somente é cabível de julgamento de TJ ou TRF.
Habeas Corpus contra Turmas Recursais: Antigamente era o STF (Súmula 690 do STF: Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais), mas mudou de orientação sem, no entanto, cancelar a súmula .
Ato de Turma Recursal de Juizado Especial Criminal e Competência
O Tribunal, por maioria, mantendo a liminar deferida, declinou da sua competência para o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, a fim de que julgue habeas corpus impetrado contra ato da Turma Recursal do Juizado Criminal da Comarca de Araçatuba - SP em que se pretende o trancamento de ação penal movida contra delegado de polícia acusado da prática do crime de prevaricação — v. Informativo 413. Entendeu-se que, em razão de competir aos tribunais de justiça o processo e julgamento dos juízes estaduais nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (CF, art. 96, III), a eles deve caber o julgamento de habeas corpus impetrado contra ato de turma recursal de juizado especial criminal. Asseverou-se que, em reforço a esse entendimento, tem-se que a competência originária e recursal do STF está prevista na própria Constituição, inexistindo preceito que delas trate que leve à conclusão de competir ao Supremo a apreciação de habeas ajuizados contra atos de turmas recursais criminais. Considerou-se que a EC 22/99 explicitou, relativamente à alínea i do inciso I do art. 102 da CF, que cumpre ao Supremo julgar os habeas quando o coator for tribunal superior, constituindo paradoxo admitir-se também sua competência quando se tratar de ato de turma recursal criminal, cujos integrantes sequer compõem tribunal. Vencidos os Ministros Sepúlveda Pertence, Cármen Lúcia e Celso de Mello que reconheciam a competência originária do STF para julgar o feito, reafirmando a orientação fixada pela Corte em uma série de precedentes, no sentido de que, na determinação da competência dos tribunais para conhecer de habeas corpus contra coação imputada a órgãos do Poder Judiciário, quando silente a Constituição, o critério decisivo não é o da superposição administrativa ou o da competência penal originária para julgar o magistrado coator ou integrante do colegiado respectivo, mas sim o da hierarquia jurisdicional. STF, HC 86.834/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 23.8.2006.
Ato de Turma Recursal de Juizado Especial Criminal: RMS e Competência do STF
Não cabe ao STF o conhecimento de recurso ordinário interposto contra decisão denegatória de mandado de segurança emanada de turma recursal de juizado especial criminal. Com base nesse entendimento, a Turma negou provimento a agravo regimental em recurso ordinário em mandado de segurança em que se alegava o cabimento do recurso. Entendeu-se que a Constituição é taxativa (art. 102, II, a) quanto à interposição de recurso em mandado de segurança, o qual só cabe contra acórdão de tribunal superior, e que, apesar de as turmas recursais funcionarem como segunda instância recursal, enquadram-se como órgãos colegiados de primeiro grau. Ademais, afastou-se a pretensão de interpretação, por analogia, com o recurso em habeas corpus interposto contra órgão colegiado de 1º grau, haja vista tratar-se de orientação superada em face do que decidido, pelo Plenário, no HC 86.834/SP (j. em 23.8.2006), no sentido de que compete aos tribunais de justiça processar e julgar habeas corpus impetrado contra ato de turma recursal de juizado especial criminal.
RMS 26.058 AgR/DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 2.3.2007. (RMS-26058, Informativo STF 457).
12 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO – A suspensão condicional do processo é hipótese prevista no art. 89 da Lei 9.099/95 e não foi alterada pela vigência da Lei n° 10.259/01. Por essa norma o membro do Ministério Público pode, ao propor a denúncia, ofertar a suspensão do processo, mediante condições pelo prazo de 02 a 04 anos. A proposta de suspensão somente é cabível na hipótese do eventual beneficiário atender aos seguintes requisitos: a) não estar sendo processado; b) não ter sido condenado por outro crime somado aos demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do CP: I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício). 
A pena mínima arbitrada na condenaçãonão pode ser superior a 01(um) ano. As infrações não são consideradas isoladamente, mas sim de acordo com o concurso de crime ou causa de aumento de pena. Nesse sentido Súmula n° 243 do STJ: “O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de 01 (um) ano.” SÚMULA Nº 723 do STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.
Não é necessário que o crime em foco seja de menor potencial ofensivo. Caso o membro do Ministério Público deixe de fazer a proposta, aplicar-se-á por analogia o disposto no art. 28 do CPP. Nesse sentido, a Súmula n° 696 do STF: “Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.” 
STF: Mesmo que a pena mínima seja superior a um ano se for cominada, alternativamente, pena de multa cabe a suspensão condicional do processo. (HC 83926/RJ).
 
Uma vez aceita a proposta de suspensão condicional do processo, formulada pelo Ministério Público, esta se torna irretratável, salvo em caso de comprovado vício de consentimento, como erro ou coação. 
Suspensão Condicional do Processo e Cabimento de HC
É cabível pedido de habeas corpus em favor de beneficiado com a suspensão condicional do processo (Lei 9.099/95, art. 89), porquanto tal medida, por se dar depois do recebimento da denúncia, não afasta a ameaça, ainda que potencial, de sua liberdade de locomoção. Com base nessa orientação, a Turma conheceu de writ impetrado em favor de presidente de agremiação de futebol, denunciado pela suposta prática de homicídio, na modalidade de dolo eventual (CP, art. 121 § 2º, I), pela circunstância de, não obstante ciente da cardiopatia de atleta do clube, permitir que este jogasse, vindo a óbito durante a realização de uma partida. No caso, o STJ, de ofício, concedera habeas para assentar a incompetência do tribunal do júri para julgar o feito, ao fundamento de restar configurado não crime doloso contra a vida, mas, sim, descrita imputação culposa. Em decorrência disso, o parquet oferecera proposta de suspensão condicional do processo ao paciente, que a aceitara. Alegava-se, na espécie, falta de justa causa para o início da persecução penal. No mérito, indeferiu-se o writ ao entendimento de que o remédio constitucional do habeas corpus — via estreita de conhecimento que se presta a reparar hipóteses de manifesta ilegalidade ou de abuso de poder — não pode substituir o processo de conhecimento. Em conseqüência, afastou-se a pretendida exclusão do paciente da persecução penal por se considerar que, na hipótese, o exame das alegações ensejaria o revolvimento de fatos e provas.
HC 88503/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 6.3.2007. (HC-88503, 1ª Turma) (Informativo STF 458).
Lei 9.099/95. Revogação de “Sursis”. Período de Prova. Extinção de Punibilidade – 2
A suspensão condicional do processo pode ser revogada, mesmo após o termo final do seu prazo, e antes que tenha sido proferida sentença extintiva da punibilidade, se constatado o não cumprimento de condição imposta durante o curso do benefício. Com base nesse entendimento, ao retomar julgamento sobrestado em 19.10.2004 — v. Informativo 366, a Turma indeferiu habeas corpus em que se pretendia fosse declarada a extinção da punibilidade em processo no qual a suspensão condicional, anteriormente concedida, fora revogada, após ultrapassado o período de prova, com base no § 3º do art. 89 da Lei 9.099/95, em razão de o paciente estar sendo processado por outro crime no curso do prazo do sursis. Ressaltou-se descaber cogitar de prorrogação do período de prova, tendo em conta não ser a regra do art. 81, § 2º, do CP extensível, analogicamente, a ponto de alcançar situação que possui regência especial (Lei 9.099/95, art. 89), até porque, no primeiro caso, tem-se pena em execução. STF, HC 84.746/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 4.10.2005.
Suspensão condicional do processo e recebimento da denúncia
INFO STF 557
(...) Preliminarmente, o Tribunal, por maioria, acolheu questão de ordem suscitada pelo Min. Gilmar Mendes, relator, para que o Plenário passasse ao exame da denúncia e, caso se decidisse pelo seu recebimento, fosse aberta a vista às partes, pela relatoria, para a manifestação quanto à proposta de suspensão condicional do processo. No caso, o parquet propusera a suspensão do processo (...).Entendeu-se constituir direito do denunciado obter do órgão julgador, monocrático ou colegiado, a manifestação prévia sobre a necessária existência de justa causa para a ação penal, daí nascendo, caso o juízo de delibação resulte positivo, a oportunidade de optar o réu entre a suspensão ou o processamento, com isso se evitando que o denunciado sofra indevido constrangimento, causado pela obrigatoriedade de manifestar concordância ou discordância com a proposta do Ministério Público, antes mesmo de saber da validade da inicial acusatória, o que poderia redundar no recebimento de denúncia inepta ou sem base empírica nos autos a justificar o ato. Pet 3898/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 27.8.2009. (Pet-3898)
13- PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL NA APLICAÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS
	Deve ser coibida a imposição de obrigação de dar cestas básicas, em decorrência de transação penal. Trata-se de ato ilegal e inconstitucional.
	Não há pena sem prévia lei que a preveja. Como é cediço, as penas alternativas à prisão são: multa, prestação de serviços, perda de bens e valores, prestação pecuniária, limitação de fim de semana e interdição temporária de direitos.
	A lei 9099/95 não conferiu ao Ministério Público nem ao juiz o poder escolher a pena alternativa que lhe parecer mais adequada, simpática, interessante ou eficaz. Há uma discricionariedade limitada pela lei.
	O juiz pode impor a prestação de cestas básicas como condição judicial da suspensão condicional do processo (art. 89, § 2º, 9099/95), desde que a medida seja compatível com o fato e a situação pessoal do acusado. 
Há liberdade na imposição das condições judiciais, pois não apresentam a natureza de pena, logo, não se sujeitam à reserva legal.
 II - CONCILIADOR
Com a Lei 9.099/95, aplicada subsidiariamente aos JEF’s, pela primeira vez na nossa história permite-se ao Juiz Criminal tentar uma conciliação entre os envolvidos no fato infracional quanto à satisfação do dano.
Não se trata da restituição facultada pelo art. 120 do CPP e que ocorre nos crimes contra o patrimônio (composição civil ex delicto), mas de reparação, ressarcimento, satisfação, enfim. Tanto assim que, homologado o acordo, na ação privada ou pública condicionada, ele implicará a renúncia ao direito de queixa ou representação.
O conciliador, verdadeiro auxiliar da Justiça, atua justamente nessa fase de composição civil (art. 72 da Lei 9.099), como um pater familiae, tentando harmonizar as partes envolvidas. Para tanto, precisa agir com bom senso, imparcialidade, neutralidade e independência, atentando à situação econômica do autor do fato, podendo até apresentar um projeto de acomodação. Não atua na etapa da transação penal, pois nessa a lei dá lugar ao Ministério Público e, demais disso, o autor do fato terá assistência do advogado.
Diz o art. 73 � da referida Lei que a conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação. Na verdade, por se cuidar de atividade exaustiva, a exigir muito tempo e paciência, recomenda-se entregar a tarefa a um conciliador, ficando ao juiz apenas o mister de orientá-lo sobre como agir. Outrossim, dependendo do caso concreto, pode o juiz, após o insucesso de suas propostas, perdera imparcialidade na segunda etapa. Ocorre que, na Justiça Estadual, principalmente nas comarcas do interior, é difícil haver a figura do conciliador, ficando mesmo a cargo do Juiz conduzir as tratativas.
Seu recrutamento, segundo a Lei, dá-se preferencialmente entre bacharéis em Direito, ficando à lei estadual (ou federal, no caso dos JEF’s) fixar os parâmetros. Pode o Juiz, p. ex., oficiar à OAB requerendo a lista dos advogados inscritos na Subseção, ou valer-se da lista geral de Jurados (se estes podem julgar crimes dolosos contra a vida, que é o mais, podem também o menos). Sua remuneração dependerá do que dispuser a lei local, cabendo a esta, pelo menos, considerar sua função como serviço público relevante, estabelecendo-lhe presunção de idoneidade moral e assegurando-lhe prisão especial (aqui o benefício depende de lei federal).
“Assim teremos um sistema político bem participativo, permitindo-se aos cidadãos integrar-se direta e pessoalmente em um dos três Poderes em que se triparte a soberania nacional. A participação popular na administração da Justiça é por demais benéfica, pois o estranho às lides forenses tem muito mais liberdade de agir, de sugerir composição, o que muitas vezes faltaria àquele acostumado a seguir os ditames da lei” (Tourinho Filho, Comentários...).
A Lei 9.099/95 expressamente proíbe sejam os conciliadores recrutados entre os que desempenhem funções na administração da Justiça Criminal (o mesmo ocorre com os Jurados), pois, do contrário, seria prejudicado o andamento dos feitos, e, além disso, aquelas funções cartorárias só podem ser exercidas por eles, ao contrário da conciliação.
Segundo a Lei n.º 10.259/2001 (Juizados Especiais Federais), art. 18, caput, cabe ao Juiz presidente do Juizado designar os conciliadores, pelo período de dois anos, admitida a recondução, sendo gratuito o exercício dessas funções e assegurando-se os direitos e prerrogativas do Jurado (art. 437 do CPP).
III – QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO, FISCAL E DE DADOS
CRFB/88, Art. 5º (omissis), X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
CR/88, Art. 5º (omissis), XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; 
A polêmica em torno da existência direito constitucional ao sigilo bancário parte da interpretação dos incisos X e XII do art. 5º da Constituição da República. Os partidários da posição negativista partem de um voto proferido pelo Ministro Francisco Rezek, acompanhado pelo Min. Sepúlveda Pertence, no MS 21.729/DF de que, em última análise, estaria se protegendo a contabilidade das empresas.
Parece-me, antes de qualquer outra coisa, que a questão jurídica trazida à Corte neste mandado de segurança não tem estatura constitucional. Tudo quanto se estampa na própria Carta de 1988 são normas que abrem espaço ao tratamento de determinados temas pela legislação complementar. É neste terreno, pois, e não naquele da Constituição da República, que se consagra o instituto do sigilo bancário – do qual já se repetiu ad nauseam, neste país e noutros, que não tem caráter absoluto. Cuida-se de instituto que protege certo domínio – de resto nada transcendental, mas bastante prosaico – da vida das pessoas e das empresas contra a curiosidade gratuita, acaso malévola, de outros particulares, e sempre até o exato ponto onde alguma forma de interesse público reclame sua justificada prevalência.
Não que ainda não se tenha tentado levar ao texto constitucional a garantia do sigilo bancário, o qual sucedeu, sem êxito, em 1984 (...). O empreendimento frustrou-se, e a mesma lei de 31 de dezembro de 1964, sede explícita do sigilo bancário, disciplina no seu artigo 38 exceções, no interesse não só da justiça, mas também no do parlamento e mesmo no de repartições do próprio governo – mal se entendendo porque um diploma ulterior, como a Lei Complementar 75/93 não as poderia modificar ou estender.
Tenho dificuldade extrema em construir sobre o artigo 5o, sobre o rol constitucional de direitos a mística do sigilo bancário somente contornável nos termos de outra regra da própria Carta. O inciso X afirma invioláveis "a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas", valores que não têm merecido, diga-se de passagem, maior respeito por parte da sociedade brasileira de nossa época – e dos meios de comunicação de massa, que em última análise atendem à demanda e ao gosto, ainda no que têm de menos nobre ou construtivo, dessa mesma sociedade.
O inciso X do rol de direito fala assim, numa intimidade onde a meu ver seria extraordinário agasalhar a contabilidade, mesmo a das pessoas naturais, e por melhor razão a das empresas. (...).
Do inciso XII, por seu turno, é de ciência corrente que ele se refere ao terreno das comunicações: a correspondência comum, as mensagens telegráficas, a comunicação telefônica. Sobre o disparate que resultaria do entendimento de que, fora do domínio das comunicações, os dados em geral – e a seu reboque o cadastro bancário – são invioláveis, não há o que dizer. O funcionamento mesmo do Estado e do setor privado enfrentaria um bloqueio. A imprensa, destacadamente, perderia sua razão de existir.
A mais alentada e notória obra doutrinária de análise da Constituição brasileira de 1988 deixa claro o significado restrito dos "dados" a que se refere o inciso XII, e ainda mais o restringe ao associá-lo tão-só a certa espécie de alta tecnologia na comunicação interbancária de informações contábeis.
Embora não conste expressamente no texto constitucional, parcela da doutrina e jurisprudência considera o sigilo bancário direito fundamental implícito, extraído a partir do direito à privacidade � e à intimidade (right of privacy). Embora jamais tenha sido considerado um direito absoluto, sempre se entendeu, antes do avento da LC 105/2001, pela necessidade de prévia decisão judicial para a sua quebra, excetuando-se ordem proveniente de Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI e consentimento do seu titular. 
Contudo, ao contrário da interceptação telefônica que está submetida ao postulado da reserva de jurisdição, vale dizer, compete ao Poder Judiciário dizer a primeira e última palavra sobre a matéria, a Constituição confere ao legislador liberdade de conformação para plasmar o instituto, podendo opor-lhe restrições, desde que sejam razoáveis e não impliquem abolição do instituto. Desta forma, esta garantia não prescinde do exame da legislação infraconstitucional atinente à matéria. 
Pois bem, na época dos fatos, o sigilo bancário estava regulado pelo art. 38 da Lei 4.595/64, sendo posteriormente revogado pela Lei Complementar 105/2001 que, sem alterar este dever legal e também contratual, veio a dar um tratamento mais amplo e abrangente a matéria, flexibilizando-o em diversas situações. No novel diploma normativo, avulta, dentre outras novidades, a ampliação dos poderes de fiscalização do Banco Central (BACEN) e do Fisco com a possibilidade de este último obtenha diretamente dados bancários sem prévia autorização judicial, monitoramento das transações bancárias por órgãos públicos (COAF), cuja constitucionalidade está sendo examinada pelo STF através das ADIns n.ºs 2.386, 2.390, 2.397 e 2.406.
OBS.:STF - RE 389.808
1) Julho 2003: Min. Marco Aurélio concede liminar afirmando que o acesso a dados bancários pelo Fisco exige autorização judicial;
2) Novembro de 2010: TP/STF não referenda liminar na AC 33: acesso a dados bancários pelo Fisco não exige autorização judicial pois se trata de mera transferência de sigilo: de bancário a fiscal;
3) Dezembro de 2010: TP/STF dá provimento a RE 389808: volta à posição inicial da liminar Min. Marco Aurélio: o acesso a dados bancáriospelo Fisco exige autorização judicial pois a quebra do sigilo bancário se submete a reserva de jurisdição
Ementa do RE 389.808, Julgamento: 15/12/2010, Tribunal Pleno do STF:
SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção – a quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão equidistante – o Judiciário – e, mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual penal. SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – RECEITA FEDERAL. Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídico-tributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte.
Consoante escólio de Nelson Abrão �, “o sigilo bancário se caracteriza como sendo a obrigação do banqueiro – a benefício do cliente – de não revelar certos fatos, atos, cifras ou informações de que teve conhecimento por ocasião do exercício de sua atividade bancária e notadamente aqueles que concernem a seu cliente, sob pena de sanções muito rigorosas, civis, penais ou disciplinares”.
A inviolabilidade do sigilo de dados (que abarca sigilo bancário e fiscal) representa complemento ao direito à intimidade e vida privada art. 5°, X, CR), sendo ambas previsões de defesa da privacidade. Salienta Tercio Sampaio Ferraz que “No recôndito da privacidade se esconde pois a intimidade. A intimidade não exige publicidade porque não envolve direitos de terceiros. No âmbito da privacidade, a intimidade é o mais exclusivo dos seus direitos.” 
Resumindo, o sigilo bancário é um direito fundamental implícito extraído a partir do Art. 5º, X da CR/88, dever legal (LC 105/01) e contratual da Instituição financeira. 
Em relação a natureza, pode-se fazer o seguinte quadro sinoptico:
	Registro Público � �
	Arquivos cadastrais em geral mantidos por entidades privadas (telefônico e etc.) 
	Sigilo Bancário, telefônico (das ligações telefônicas) e fiscal
	Qualquer pessoa pode consultar. Não cabe invocar proteção constitucional da privacidade em relação a registros públicos.
	Há uma discussão sobre a necessidade ou não de decisão judicial. Situa-se em uma zona cinzenta.
	Em regra, pode ser obtido mediante decisão judicial.
As autoridades tributárias podem ter acesso a esses dados
*Lembrar do RE 389.808
Atualmente, a LC n.º 105/01 alberga as seguintes hipóteses de relativização do sigilo bancário:
Comissão Parlamentar de Inquérito federal ou estadual � – Como o art. 58, § 3º, da CF/88 assegurou a CPI os mesmos poderes instrutórios da autoridades judiciais, submete-se aos mesmos limites a elas impostas. Tem que expender com base em fundamentação concreta e o requerimento deve ser aprovado pela maioria absoluta da Comissão. Não pode ser adotado como 1ª medida investigatória para investigar o fato determinado. Não pode ser decretada individualmente pelo Presidente ou Turma;(art. 4º, § 1º, da LC nº 105/01) 
LC 105/01, Art. 4o – O Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários, nas áreas de suas atribuições, e as instituições financeiras fornecerão ao Poder Legislativo Federal as informações e os documentos sigilosos que, fundamentadamente, se fizerem necessários ao exercício de suas respectivas competências constitucionais e legais.
§ 1o As comissões parlamentares de inquérito, no exercício de sua competência constitucional e legal de ampla investigação, obterão as informações e documentos sigilosos de que necessitarem, diretamente das instituições financeiras, ou por intermédio do Banco Central do Brasil ou da Comissão de Valores Mobiliários.
§ 2o As solicitações de que trata este artigo deverão ser previamente aprovadas pelo Plenário da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, ou do plenário de suas respectivas comissões parlamentares de inquérito. 
Ordem judicial – proferida pelo Juiz penal competente mediante decisão fundamentada baseada em indícios razoáveis de autoria e materialidade, justificando a necessidade da medida e delimitando o período investigado (não pode abranger toda a vida bancária do indivíduo). A lista dos crimes previstos na LC 105/01 não é taxativa porque utiliza os vocábulos “qualquer ilícito” e depois “especialmente” . Pode ser deferida em sede de inquérito policial ou processo judicial (ação civil ou penal). É mister fazer uma distinção ente entre necessidade e indispensabilidade da medida:
Necessidade – utilidade para investigação ou instrução
Indispensabilidade – inexistência de outro meio de investigação ou instrutório.
LC 105/01, Art. 1o. (omissis), § 4o A quebra de sigilo poderá ser decretada, quando necessária para apuração de ocorrência de qualquer ilícito, em qualquer fase do inquérito ou do processo judicial, e especialmente nos seguintes crimes:
I – de terrorismo;
II – de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins;
III – de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado a sua produção;
IV – de extorsão mediante seqüestro;
V – contra o sistema financeiro nacional;
VI – contra a Administração Pública;
VII – contra a ordem tributária e a previdência social;
VIII – lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores;
IX – praticado por organização criminosa.
O Ministério Público não pode quebrar diretamente o sigilo bancário (não está abrangido pelo poder de requisição previsto no art. 129, VIII da CF/88) , devendo formular representação dirigida ao juiz competente. Se for verba pública, existe uma decisão do STF afirmando que pode requisitar diretamente por força do princípio da publicadade da Administração Pública. Se foi a autoridade policial que formulou representação, o MP deverá sempre ser ouvido antes do deferimento da medida. Isto porque não há risco de ineficácia da medida, já que os dados se encontram armazenados. (Art. 6º, XVIII, da LC nº 75/93)
No HC nº 59.257-RJ (2006) o STJ entendeu que para quebrar o sigilo deve ter a fundamentação necessária indicando indícios mínimos da prática de operações ilegais, não podendo investigar irrestrimamente a vida dos cidadãos.
 
Fiscalização efetuada pelo BACEN e CVM, no âmbito de sua competência, em relação as entidades fiscalizadas, não podendo abranger o sigilo dos clientes destas entidades. Quando realizar liquidação extrajudicial �, pode examinar a documentação dos clientes da instituição em estágio de liquidação. 
CRIMINAL. RMS. LAVAGEM DE DINHEIRO. QUEBRA DE SIGILO. LEGALIDADE. BLOQUEIO DE VALORES. AUSÊNCIA DE INQUÉRITO POLICIAL OU AÇÃO PENAL EM CURSO. IRRELEVÂNCIA. LEVANTAMENTO DOS VALORES BLOQUEADOS. DECISÃO PASSÍVEL DE RECURSO PRÓPRIO. IMPROPRIEDADE DO MANDADO DE SEGURANÇA. SÚMULA 267/STF. RECURSO DESPROVIDO.
I. Hipótese em que o Banco Central do Brasil, em conformidade com o disposto no art. 38 da Lei 4.595/64 informou ao Ministério Público Federal acerca das operações efetuadas pela empresa com suspeita de irregularidades.
II. A medida assecuratória de bloqueio dos valores da conta corrente e do contrato de câmbio da empresa recorrente antes mesmo de instaurado o inquérito policial é legítima, na medida em que efetuado em face de procedimento administrativo e em consideração à gravidade dos fatos relatados e à presença do fumus boni iuris e do periculum in mora, como exige a medida assecuratória.
III. O levantamento do bloqueio, com a restituição dos valores apreendidos, podendo ser postulado mediante recurso próprio, inviabiliza seu requerimento pela via do mandamus. Incidência da Súmula 267/STF.
IV. Recurso desprovido. �
Fiscalização efetuada pela Administração Tributária, “quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente” (Art. 6º da LC 105/01). Nesta hipótese, a autoridade fiscal fica obrigado a manter sigilo agora sob o manto do sigilo fiscal previstono Art. 178 e ss do CTN. Há um entendimento no STJ sobre a CPMF que praticamente sepultou a idéia de que a autoridade fiscal necessitava de prévia autorização judicial para acessar os dados bancários.
LC 105/01, Art. 6o – As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. 
Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária.
Quinta Turma
CRIME. ORDEM TRIBUTÁRIA. LEGALIDADE. PROVAS OBTIDAS. CPMF.
Os impetrantes pretendem a concessão da ordem para que sejam anulados o inquérito policial e os atos dele decorrentes, pois baseados em prova supostamente ilícita, já que o uso dos dados da CPMF do paciente ocorreu em período em que esse procedimento era expressamente proibido pelo § 3º do art. 11 da Lei n. 9.311/1996, que vigeu até a edição da Lei n. 10.174/2001. Mas a 5ª Turma denegou a ordem ao entendimento de que é possível a retroação da Lei n. 10.174/2001 para englobar fatos geradores ocorridos em momento anterior à sua vigência. Conforme entendimento do STJ o referido dispositivo legal tem natureza procedimental; portanto, com aplicação imediata, é passível de alcançar fatos pretéritos. Assim, não há constrangimento ilegal na investigação da suposta prática, no ano de 1998, de crime contra a ordem tributária, pois decorrente de atividade legalmente autorizada à fiscalização tributária; logo, lícita a prova produzida. HC 31.448-SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 23/8/2007 (Informativo STJ 328). 
Informações prestadas ao COAF 
LC 105/01, Art. 1o. (omissis), § 6o O Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários e os demais órgãos de fiscalização, nas áreas de suas atribuições, fornecerão ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF, de que trata o art. 14 da Lei no 9.613, de 3 de março de 1998, as informações cadastrais e de movimento de valores relativos às operações previstas no inciso I do art. 11 da referida Lei.
Lei 9.613/98, Art. 10. As pessoas referidas no art. 9º: (...) I - identificarão seus clientes e manterão cadastro atualizado, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes; 
Consentimento do ofendido
Ainda:
LC 105/01, Art. 1o. (omissis), § 3o Não constitui violação do dever de sigilo:
I – a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil;
II - o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil;
III – o fornecimento das informações de que trata o § 2o do art. 11 da Lei no 9.311, de 24 de outubro de 1996;
Lei 9.311/96, Art. 11 (omissis), § 2° As instituições responsáveis pela retenção e pelo recolhimento da contribuição prestarão à Secretaria da Receita Federal as informações necessárias à identificação dos contribuintes e os valores globais das respectivas operações, nos termos, nas condições e nos prazos que vierem a ser estabelecidos pelo Ministro de Estado da Fazenda. 
§ 3o A Secretaria da Receita Federal resguardará, na forma da legislação aplicável à matéria, o sigilo das informações prestadas, facultada sua utilização para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a impostos e contribuições e para lançamento, no âmbito do procedimento fiscal, do crédito tributário porventura existente, observado o disposto no art. 42 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e alterações posteriores. (Redação dada pela Lei nº 10.174, de 2001)
IV – a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa;
V – a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados;
VI – a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o e 9 desta Lei Complementar.
As características básicas dos sigilos bancário e fiscal são(Moraes):
“A quebra do sigilo bancário ou fiscal só deve ser decretada em caráter de absoluta excepcionalidade, quando existentes fundados elementos de suspeita que se apóiem em indícios idôneos, reveladores de possível autoria de prática ilícita por parte daquele que sofre a investigação.
Individualização do investigado e do objeto da investigação.
Obrigatoriedade de manutenção do sigilo em relação às pessoas estranhas ao procedimento investigatório.
Utilização dos dados obtidos de maneira restrita, somente para a investigação que lhe deu causa.
Os sigilos bancário e fiscal são relativos e apresentam limites, podendo ser devassados pela Justiça Penal ou Civil, pelas Comissões Parlamentares de Inquérito e pelo Ministério Público uma vez que a proteção constitucional do sigilo não deve servir para detentores de negócios não transparentes ou de devedores que tiram proveito dele para não honrar seus compromissos;
O princípio do contraditório não prevalece na fase inquisitorial, permitindo-se a quebra do sigilo sem oitiva do investigado.”�
Sigilo Fiscal
Está, basicamente, previsto no art. 198 do CTN:
CTN, Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. (Redação dada pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
§ 1o Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos previstos no art. 199, os seguintes: (Redação dada pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
I – requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça; (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
II – solicitações de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública, desde que seja comprovada a instauração regular de processo administrativo, no órgão ou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informação, por prática de infração administrativa. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
§ 2o O intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Administração Pública, será realizado mediante processo regularmente instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à autoridade solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência e assegure a preservação do sigilo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
§ 3o Não é vedada a divulgação de informações relativas a: (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
I – representações fiscais para fins penais; (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
III – parcelamento ou moratória. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
OBS: Os documentos podem instruir a representação fiscal para fins penais 
IV – INTERCEPTAÇÕES DE COMUNICAÇÕES.
A Interceptação de Comunicações Telefônicas, assim como a busca e apreensão, não é propriamente um meio de prova, mas sim um meio de consecução da prova. Fala-se em Meio Eletrônico de Obtenção de Provas. 
A prova é o resultado da Interceptação, portanto feita a Interceptação, ou seja, gravadas as respectivas conversas, será elaborado um Laudo de Degravação, isto é, as gravações

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