Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Thiago Coelho (@taj_studies) CADERNO – PROCESSO PENAL I/ ROBERTO GOMES AULA 01 – OBSERVAÇÕES GERAIS DA DISCIPLINA 1. Observações gerais da disciplina: O Direito Processual Penal está para o Direito Penal assim como a Matemática está para a física; Disciplina com grande aplicabilidade no nosso cotidiano; Respostas fundamentadas; A 1ª avaliação (04/04) permitirá o uso da legislação e contará com casos práticos para solução; Assuntos pré-requisitos: Concurso de agentes, concurso de crimes, iter criminis, tipos de ação penal, prescrição e decadência; A 2ª avaliação (06/06): Morte súbita (cinco questões a serem respondidas em 15 minutos). O método de preparo deve ser resolver questões e ler legislação; Haverão dois blocos de fichamento – um para cada avaliação. O aluno deve encaminhar por e-mail no prazo determinado. Os fichamentos poderão promover aproximação em até 1,0 ponto (não é extra – caso o aluno não precise ou precise de menos, não desfrutará do 1,0 ponto); 2. Os fichamentos: Assuntos do primeiro fichamento (entrega na data da 1ª avaliação regular – 04/04 – até às 23:59h): Princípios*; Interpretação e aplicação do Direito Processual Penal (fontes, lei processual no tempo e espaço); Sujeitos processuais; *A lista de princípios será divulgada na Plataforma Ágata e em sala de aula; Assuntos do segundo fichamento (entrega na data da 2ª avaliação regular – 06/06 – até às 23:59h): questões e processos incidentais; teoria geral das provas e provas em espécie; Fonte: Arial 12; Thiago Coelho (@taj_studies) Especificação do nome do aluno, turma, processo penal I; A entrega dos fichamentos deverá ser feita pelo sistema Ágata e mediante envio para o e-mail institucional do professor; 3. Referências: Manual de Processo Penal e Execução Penal – Guilherme NUCCI; Curso de Direito Processual Penal – Nestor TAVORA Direito Processual Penal – Aury LOPES Jr.; Curso de Processo Penal – Eugênio Paccelli de OLIVEIRA; Curso de Processo Penal – Marcellus POLASTRI LIMA; Manual de Processo Penal – Renato BRASILEIRO; Processo Penal Didático – Fábio ROQUE, Klaus Negri COSTA; 4. Noções introdutórias: O Direito Penal apresenta cunho material, listando os tipos penais e algumas diretrizes práticas. O Direito Penal regula as condutas das pessoas, disciplinando os seus comportamentos de forma a proteger os bens jurídicos penais, de forma a evitar a sua violação e a sancionar aqueles que violam tais bens. Nos crimes ambientais é possível responsabilizar criminalmente as pessoas jurídicas (Lei nº 9.605 de 1998). Há crimes contra a ordem econômica, mas sem interferência do Direito Penal. Há um PL para estender tal responsabilidade em relação à ordem econômica no âmbito criminal, mas ainda não foi aprovado. Os bens precisam ser relevantes juridicamente e ter perfil constitucional. O Direito Penal é a Ultima ratio, atingindo apenas os bens jurídicos mais relevantes socialmente que justifiquem a sua intervenção (princípio da intervenção mínima). Os bens jurídicos são os mais diversos, entre os quais se destacam a vida, a saúde, a propriedade e a dignidade da pessoa humana. A nossa Constituição foi pautada em uma lógica capitalista. Os bens jurídicos não são plenos, uma vez que há limites para a sua manifestação. O direito à propriedade, por exemplo, deve atingir a uma finalidade social, uma vez que a posse não pode gerar uma ameaça à sociedade. A proteção dos bens penais se dá por meio da legislação – Código Penal e legislação extravagante. O Código Penal é dividido em Parte Geral (referente às normas explicativas, conceituais e de aplicação do Direito Penal) e em Parte Especial (art. 121 e seguintes – lista Thiago Coelho (@taj_studies) do maior número de crimes possíveis, ou seja, a descrição das condutas que não podem ou que devem ser realizadas cominadas com as respectivas sanções). Na parte especial, pode haver normas conceituais (exceção), como o conceito de funcionário público presente no art. 327 do CP. As leis extravagantes são a Lei de Drogas, a Lei de Crimes Ambientais, Lei de combate às organizações criminosas, Lei de crimes de sonegação fiscal e assim por diante. O Código Penal é aplicado subsidiariamente em relação à legislação especial. Art. 327 – CP: Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. O Direito Penal impõe as sanções mais severas à humanidade, o que é ilustrado na pena privativa de liberdade. Consoante os princípios da legalidade e da anterioridade, somente é crime aquilo que é tipificado previamente em lei como tal. Por mais que uma atitude gere repugnância social no aspecto moral (como relação sexual consentida entre familiares), isso não implica em uma intervenção do Direito Penal. O sujeito pode roubar um carro, mas não pode roubar dinheiro (subtrair, desviar). Roberto Gomes é extremamente exigente no que tange à linguagem jurídica, inclusive nas suas avaliações. O Direito Processual Penal é o meio de aplicação do Direito Penal no caso concreto. O Processo Penal cuida da persecução penal, isto é: a busca de elementos indiciários e probatórios que justifiquem a aplicação do Direito Penal no caso concreto. Elementos indiciários: Prova de que o fato existiu; Elementos probatórios: Prova de relação entre autoria e fato; Por exemplo, é através do Direito Processual Penal que se muda o status de inocente para culpado ou se mantém o status de inocente – seja pela não comprovação do fato, seja pela não comprovação da acusação, seja pela falta de provas suficientes. Para a próxima aula: O conceito clássico de Direito Processual Penal. Thiago Coelho (@taj_studies) AULA 02 – INTRODUÇÃO A DIREITO PROCESSUAL PENAL 1. Noções introdutórias – conceito: A doutrina, ao conceituar Direito Processual Penal, prioriza a vertente da persecução penal. Todavia, o conceito é mais amplo, devendo ser estendido. O Direito Processual Penal instrumentaliza o perseguido com instrumentos de oposição para a prossecução penal. Ora, se há um persecutor, há um perseguido. Destarte, um dos pilares do Direito Processual Penal é o direito de defesa. O Direito Processual Penal comporta o exercício da jurisdição e da aplicação do Direito Penal no caso concreto. No passado, as sanções eram mais “vinganças privadas”, ou seja, exercidas pelos próprios interessados. Hoje, esse papel é exercido pelo Estado (um terceiro imparcial). O Estado deve atestar o devido processo legal. Analise-se, primeiramente, o respeito às normas legais e, depois, o mérito. Aplicar uma sentença significa consentir que todo o processo foi feito dentro da legalidade. Quando o Estado autoriza a busca e apreensão em determinado domicílio com o intuito de levar uma faca usada em um crime, os agentes estatais não podem levar computador ou demais equipamentos, mas somente a faca. Caso contrário, ação de pegar outra coisa seria nula (excesso ilícito). Há a necessidade de se impor limites na atuação estatal. Tal limitação deve ser realizada pelos próprios órgãos. O Brasil é um dos poucos países no qual o delegado de polícia é uma pessoa formada em direito, medida necessária (embora criticada por uma parcela) para se coibir as arbitrariedades estatais. É o delegado de polícia, por exemplo, que vai constatar se o detido apanhou ou não. O Estado tem o papel do controle da legalidade. O reposicionamento do magistrado foi uma das principais transformações pós CF/88. Se ampliou a produção probatória, persecutória para quem deve fazê-lo. Ao Judiciário é atribuída somente a função de realizar o controle da legalidade. Delegado de polícia e promotor de justiça são agentes, por exemplo, interessados e próximos darealidade do caso concreto e que, portanto, devem participar. O atestado final (sentença) só acontece após constatado que todo o processo foi feito dentro da legalidade (devido processo legal). Logo, aplicar uma sentença significa consentir que todo o processo foi feito dentro da legalidade. Thiago Coelho (@taj_studies) O processo caminha em direção à prestação jurisdicional – para frente. Toda vez que uma nulidade processual é identificada, o processo anda na marcha contrária (para trás). Corrige- se, caso possível, o problema e o andar volta a ser para frente. O processo penal cuida de uma relação bastante complexa e instável, sendo responsável por deixar as condições adequadas para que não haja motivos para que a instabilidade se manifeste. Deve-se impor fronteiras à força do Estado (dizer como, quem, como, quando). Por exemplo: a quebra do sigilo de comunicações telefônicas é um procedimento bastante invasivo para os que se comunicaram e, de certo modo, representa uma instabilidade à privacidade dos cidadãos. É necessária a busca por paridade de armas (equivalência), um dos princípios que regula o Direito Processual. As partes devem estar equidistantes do magistrado e munidas com instrumentos similares. O magistrado não pode substituir as partes, não pode tender a ser parte. Na aplicação do direito é de suma importância quebrar concepções e perspectivas enraizadas no senso comum – tais como “quem cala consente” (na verdade, como regra, o silêncio é um indiferente jurídico – a pessoa não consente e nem discorda). 2. Finalidade e limites: Finalidade imediata: Instrumentalizar a aplicação do Direito Penal no caso concreto; Finalidade mediata: Pacificação social; No que tange aos limites, podemos citar os limites constitucionais, ou seja, trazidos pela Constituição Federal em vigência. A prisão em flagrante somente pode ser realizada em determinadas circunstâncias, as quais serão aprofundadas em momento posterior do curso. Exceto por flagrante delito, não pode ocorrer nenhuma prisão sem ordem judicial fundamentada pela autoridade competente. É possível a utilização de vários elementos de força, contudo há limites à sua imposição. A casa é asilo inviolável, ou seja, ninguém pode entrar salvo em caso de flagrante delito, para prestar socorro ou por determinação judicial (esta somente durante o dia). Thiago Coelho (@taj_studies) Há limites impostos na própria regulação normativa. Por exemplo, para legislar sobre Direito Processual é necessário lei (e não decreto ou Medida Provisória). A Medida Provisória tem força de lei, mas não é lei, visto que muitas vezes precisa ser convertida em lei. O limite da reserva legal é um limite ao Direito Processual Penal – lei em sentido estrito e oriunda do Legislativo Federal (legislar sobre Direito Penal e Direito Processual Penal é competência privativa da União – admite delegação). Uma lei delegada delega aos estados, na vigência de circunstâncias necessárias, para que esses legislem sobre Direito Processual Penal nos limites impostos pela lei delegada que a autorizou (exceção). Há limites impostos na execução normativa. A ordem a ser cumprida é a lei. Quando não houver o respeito à ordem legislativa, há a função jurisdicional de declarar a nulidade dos atos. 3. Interpretação do processo penal: A atuação processual penal é limitada. Há vetores interpretativos para auxiliar na aplicação desse complexo sistema. Não se pode aplicar o Direito Processual Penal sem levar em consideração os princípios penais – sem descartar, obviamente, o direito positivo pois isso geraria instabilidade (insegurança jurídica). Os princípios devem ser aplicados casuisticamente, de forma razoável e proporcional. Os critérios estudados em “Introdução ao estudo do direito” são de suma importância na intepretação do Direito Processual Penal. Art. 3o – CPP: A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. No processo penal, a interpretação extensiva e a aplicação analógica são admitidas em benefício do júri (o qual pode ser benéfico ou maléfico ao réu) – essa é a posição dominante (porém não absoluta). 4. Lei processual penal no espaço: Art. 1o – CPP: O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; Thiago Coelho (@taj_studies) II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); III - os processos da competência da Justiça Militar; IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17); V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº 130) A redação deste artigo se apresenta equivocada. Redação mais plausível: O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código e por legislações extravagantes, salvo: O Brasil adere a tratados internacionais. Os tribunais internacionais somente julgarão situações negligenciadas ou não julgadas pela justiça brasileira em virtude do respeito à soberania nacional. A aplicação do direito é exercida em todo o Estado Brasileiro pelo nosso Judiciário. O Direito Processual Penal (compreendendo código e legislações extravagantes) é único, aplicando-se a todo território nacional. Destarte, a mesma legislação utilizada em um processo envolvendo tráfico de drogas é a mesma examinada em um processo envolvendo violência doméstica. A lei faz menção a exceções nos incisos, sendo as presentes nos incisos II-V bem estranhas. Essa parte é tão extensa que dá a entender que a legislação brasileira quase não se aplica. I – O Brasil pode abrir mão da legislação nacional para a aplicação da legislação processual penal de outro país; II – O Presidente da República é submetido às regras de impeachment e o julgamento tem natureza política. Os ministros do STF também são julgados diferentemente (o Senado julga no que tange aos crimes de responsabilidade); III – Há um Código Processual Militar que disciplina relações militares, contudo, trata- se de uma legislação nacional. Daí seria melhor o caput mencionar “legislações extravagantes” nacionais; IV – Esse tribunal não existe mais já que não foi recepcionado pela CF/88; V – Os crimes de imprensa geralmente são crimes positivados no Código Penal ou em legislação extravagante, o que demonstra a falta de sentido deste inciso; https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art86 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art89 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art89%C2%A72 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art100 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art122.17 http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=12837 Thiago Coelho (@taj_studies) Hoje, de acordo com Roberto Gomes, esse artigo “morreu”, isto é, deixou de ter sentido. Os incisos IV e V, consoante o STF, não foram recepcionados pela CF/88. 5. A lei processual penal no tempo: Art. 2º - CPP: A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior Adota-se a teoria do tempus regit actum (o tempo rege o ato). O Brasil adota a teoria do isolamento dos atos processuais. Ao surgir uma lei nova, ela se aplica ao processo em curso e os atos praticados se mantêm (perfeitos e acabados). Os atos futuros serão praticados conforme a nova lei. Há algumas teorias sobre a aplicação da lei processualpenal no tempo: Teoria das etapas processuais: A lei nova só passa a valer quando a etapa está finalizada; Teoria da integralidade: A nova lei atinge somente os processos novos; Teoria do isolamento dos atos processuais: Adotada no Brasil. Os atos futuros serão praticados consoante a nova lei, enquanto que os atos praticados sob vigência da lei anterior se mantêm; Para Rômulo Moreira (não adotado jurisprudencialmente), a teoria do isolamento dos atos processuais subordina-se à Constituição Federal, ou seja, deve respeitar as garantias processuais. Se a nova lei mitiga garantias processuais em certos atos, deve-se aplicar a lei anterior. O argumento utilizado é a legítima expectativa criada na defesa de se defender de determinada forma (por exemplo: o prazo foi modificado repentinamente de 15 para 5 dias, o que prejudica significativamente o planejamento da defesa). Em suma, a análise é realizada lei a lei – verificar se a lei, no ritual, alterou e causa prejuízos à garantias processuais. Esse debate foi trazido à tona no caso Isabella Nardoni. Essa posição não foi adotada pelo STF. Em 2008, com a reforma, ocorreu o fim do recurso de protesto por novo júri. Antes, nos crimes dolosos contra a vida, cabia recurso da sentença condenatória a partir de decisão condenatória proferida pelo júri. Esse recurso requeria um novo julgamento (recurso de clemência). Esse recurso deixou de existir após a compreensão de que este não tinha fundamento em relação ao tempo exigido da pena (20 anos). Quando Isabella Nardoni Thiago Coelho (@taj_studies) morreu, os autores alegaram que, quando o processo começou, eles tinham perspectiva nesse recurso de protesto por novo júri. Tal argumento não foi aceito (tempus regit actum). Para Antônio Vieira e Paulo Queiroz (também não adotado jurisprudencialmente), a lei processual que regula o processo deve ser a mesma lei no processo inteiro; as alterações somente se aplicariam a processos novos. Nesse sentido, só haveria retroatividade benéfica ao réu (iguala direito material e direito processual – ramos que caminham juntos). Depois mudaram, evoluíram: a lei nova só alcança fatos novos (a lei processual penal que deve regular o fato é a lei do tempo do fato). Essa posição, obviamente, foi refutada pelo Judiciário por ser, justamente, mais radical em comparação a do professor Rômulo, a qual também não foi aceita. 6. Como a lei híbrida é aplicada no Direito Processual Penal? Como regra, tem-se a aplicação das normas da seguinte forma: Direito Penal: tempo do crime; Direito Processual Penal: tempo do ato; Normas híbridas ou mistas são aquelas que possuem tanto conteúdo material quanto conteúdo processual. O problema é quando a lei processual contempla um cunho material maléfico. Para o STF, não se pode aplicar uma lei processual que cause prejuízo pois violaria a CF/88. Dessa forma, somente se aplica a lei processual para processos e fatos novos. Alguns doutrinadores enxergam isso como um ativismo judicial (o Judiciário substituindo funções do legislativo). Esse debate foi trazido à tona com um caso pautado na análise do art. 366 do CPP. Até 1996, o processo seguia a revelia do réu que foi citado e não compareceu. Isso violava o Pacto de San Jose da Costa Rica pois o indivíduo tem direito à ampla defesa (dimensões técnica – entre advogado e cliente – e pessoal – interrogatório para que o réu apresente a sua versão dos fatos). Pode-se abrir mão da defesa pessoal (desde que o réu saiba que o processo existe), mas não da defesa técnica. Se o réu for citado pessoalmente e não comparecer, o processo segue. Se a citação foi por edital, não se pode dar prosseguimento sem que o indivíduo compareça ou nem constitua advogado – o processo é suspenso e a prescrição é suspensa. A lei não diz até quando e, por isso a doutrina considera que o prazo é o período máximo da prescrição do crime. Suspender processo é instituto de direito processual, mas suspender prescrição é instituto de direito material. Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 366 – CPP: Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) Para os processos que iniciaram antes e estavam em curso em 1996, a Suprema Corte decidiu que a lei só se aplica a fatos posteriores a 1996. Nessa perspectiva, as leis híbridas só se aplicam, caso prejudiciais, a fatos posteriores à vigência da lei . As normas previstas no Código de Processo Penal de natureza híbrida devem respeitar o princípio que veda a aplicação retroativa da lei penal quando seu conteúdo for prejudicial ao réu. 7. Fontes do Direito Processual Penal: Constituição Federal; Lei; Tratados internacionais; Súmulas (as vinculantes são fontes primárias); Analogia; Costumes; Jurisprudência; Doutrina; Princípios gerais do direito; Para a próxima aula: Princípios do Direito Processual Penal. AULA 03 – PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 1. Princípios: Princípio trata-se de um elemento nuclear do microssistema jurídico voltado para a aplicação e interpretação deste. A violação a um princípio, muitas vezes, causa mais prejuízo do que a violação à lei. A violação a um princípio explicita uma violação à própria essência do ordenamento jurídico. Os princípios se encontram expressos na Constituição Federal e em demais dispositivos normativos. É na Constituição, por exemplo, que se encontram princípios norteadores do http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 Thiago Coelho (@taj_studies) Direito Ambiental, bem como princípios norteadores do exercício dos direitos da criança e do adolescente. É comum há existência de sistemas fundados em elementos principiológicos. A doutrina atual é rica em trazer princípios, o que conduz a um inchaço do nosso ordenamento e a uma insegurança jurídica. A seguir serão tratados alguns princípios importantes do Direito Processual Penal: Oficialidade: Jurisdição e persecução não se confundem. A distinção entre jurisdição e persecução pauta- se na ideia de inércia. Enquanto que a jurisdição é inerte, a persecução é um instrumento de ação/busca/coleta/movimento. A jurisdição é o repositório de teses – por isso é inerte, visando a, inclusive, garantir a sua imparcialidade. O art. 26 do CPP não foi recepcionado em virtude do entendimento do não cabimento do juiz iniciar processo. Ademais, tal artigo confronta o art. 129, I da Constituição Federal, que garante que a ação penal pública se inicia com atuação do Ministério Público. Apesar de tal entendimento, o nosso ordenamento consagra o Habeas corpus. A jurisdição é “dizer o direito”, isto é, aplicar o direito no caso concreto. O julgador substitui a vontade das partes, buscando extrair o império do ordenamento sobre aquele caso. Tal decisão é independente da vontade das partes e as elas sobrepõe-se. A persecução tem o papel de movimentar, de fazer andar, de buscar. Ademais, o persecutor, diferentemente da jurisdição (imparcial subjetiva e objetivamente), é somente imparcial subjetivamente. A persecução é parcial objetivamente, uma vez que apresenta uma tese. Quando uma vítima procura o Ministério Público e o promotor resolve que vai a juízo, pois os elementos a ele trazidos lhe convenceram daquele fato, tem-se uma tese. A persecução é parcial objetivamente e leva os fatos até a jurisdição para que esta “diga o direito”. A persecução, via de regra, acontece de ofício. Roberto Gomes considera que o Processo Penal deve ser mais compatível com o ordenamento jurídico brasileiroatual (pós 88), a partir da mitigação de antinomias e lacunas, munindo-o com instrumentos eficazes para a investigação. Thiago Coelho (@taj_studies) A persecução, por regra, é oficial. A função, seja judicial ou extrajudicial, de buscar de elementos probatórios e indiciários que justifiquem uma futura ação penal é, por regra, de atuação de órgão público. O órgão público, desse modo, tem maior distanciamento do fato e tende à imparcialidade subjetiva. Quem faz a persecução é a polícia – civil e federal – nos crimes comuns; a polícia militar estadual e a polícia das forças armadas, nos crimes militares. Podem também realizar a persecução penal casas legislativas, através das CPI’s; o Ministério Público e demais órgãos do Estado. A persecução judicial – a busca por condenar alguém – é feita, via de regra, pelo Ministério Público. O MP vai a juízo almejando à responsabilização penal de alguém, seja nas ações penais incondicionadas ou ações penais condicionadas à representação do ofendido ou à requisição do Ministério da Justiça (art. 129, I, CF c/c art. 257, I, CPP). Nos casos de ação penal privada, a persecução penal em juízo é do ofendido. O legitimado para ingressar com uma ação penal privada e perseguir a condenação em determinados crimes – como injúria, calúnia, difamação, contra a propriedade intelectual, de dano – é do ofendido. Logo, o princípio da oficialidade conhece a exceção: persecução em juízo nos casos de ação penal privada. Oficiosidade: A atuação dos órgãos persecutórios acontece, como regra, ex officio – independentemente de autorização da vítima ou de quem quer que seja. Ainda que a vítima não queira, o órgão persecutor, após tomar conhecimento de forma lícita do fato, pode realizar a persecução penal. Ex: A foi vítima de homicídio tentado. A denuncia, imaginando que o autor é o seu antigo desafeto (C), e inicia-se a persecução penal. Depois se constata, através de provas, que o principal suspeito é o filho de A, B, que estava endividado com agiotas e pretendia a herança do pai para quitar as suas dívidas. A resolve abdicar da ação penal. Todavia, a ação penal, neste caso, é pública incondicionada – não admite retratação da vítima. Cabe a A, mantendo o interesse na não condenação do seu filho, fazer um discurso benevolente em relação a B durante o processo penal (mudar a sua versão inicial). Não se aplica o princípio da oficiosidade para os fatos de ação penal pública condicionada à representação e para os fatos de ação penal privada. Nestes casos (minoria), só se pode atuar com provocação. A provocação é condição para atuação, não importa o quão grave o fato é. Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 5º - CPP: § 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. § 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. Os parágrafos 4º e 5º corroboram as exceções supramencionadas. Ação penal pública condicionada >> Representação do ofendido; Ação penal privada >> Requerimento da vítima/ofendido; No caso de morte ou ausência, poderão suceder o ofendido/vítima: CADI – Cônjuge, ascendente, descendente e irmão. Art. 31 – CPP: No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. AÇÃO PENAL PRIVADA AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA Fase investigativa: Preciso requerimento; Fase judicial: Não há exceção. Não se aplica pois é função da vítima; Fala-se em perdão (durante o processo) – ato bilateral. Exceção: Tanto na fase investigativa, quanto judicial: necessário requerimento do ofendido ou ministério da justiça. Fala-se em retratação, como regra, até o oferecimento da denúncia. Consoante o art. 25 do CPP, a retratação da vítima pode acontecer, no caso de ação penal pública condicionada, até o oferecimento da denúncia (princípio da indisponibilidade da ação penal pública). Art. 25 – CPP: A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. Quando o fato envolver violência ou grave ameaça à mulher o prazo é até o recebimento da denúncia. Para proteger a mulher, a Lei Maria da Penha explicita um ritual para verificar se a retratação é espontânea ou feita sob coação do agressor. Thiago Coelho (@taj_studies) A audiência de retratação consta no art. 16 da Lei 11.340, a Lei Maria da Penha, e é feita quando a mulher, vítima de ameaça reconsidera a representação feita contra o agressor, perante um juiz e a um membro do Ministério Público. Essa audiência, conforme já dito, deve ser feita antes do recebimento da denúncia pelo Ministério Público. Art. 16 – Lei Maria da Penha: Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. OBS: Deve-se ter atenção ao uso dos termos jurídicos. Na música Rita, de Tierry, o compositor diz “Oh Rita, volta, desgramada. Volta, Rita, que eu perdoo a facada”. Será que Tierry poderia, de fato, perdoar Rita? Caso de homicídio tentado: Não se admite retratação (ação penal pública incondicionada); Caso de lesão corporal gravíssima: Não se admite retratação (ação penal pública incondicionada); Caso de lesão corporal leve: Admite-se retratação até o oferecimento da denúncia (ação penal pública condicionada à representação da vítima); Não há como o crime se encaixar como de ação penal privada, logo, não se pode falar em “perdão do ofendido” na facada. Errou, do ponto de vista jurídico, Tierry; Obrigatoriedade da ação penal pública: O princípio da obrigatoriedade da ação penal pública determina que a atuação do Ministério Público no cumprimento do dever de ação penal pública está pautada em contornos vinculados à presença de elementos de justa causa, tendo em vista a persecução em juízo. Presentes os elementos – indício de autoria e prova da existência do fato – que autorizam o exercício da ação penal, o Ministério Público deve proceder à ação, não comportando, desse modo, juízos discricionários sobre o início da ação penal, quando os referidos elementos estiverem presentes. Em suma, presentes os requisitos deve se propor a ação (não há discricionariedade). O princípio em questão conhece exceções, a saber, as decorrentes de negócios jurídicos penais (transação penal, ANPP e colaboração premiada). Isso não se constata em um inquérito policial, o qual, mesmo com vários elementos que explicitem um crime de dano, por exemplo, se submete à discricionariedade da vítima na ação penal privada – a qual manifestará o interesse de prosseguir ou não. Thiago Coelho (@taj_studies) Exceções: Mesmo com todos os elementos presentes e sem fatos impeditivos, caso o indivíduo esteja em certas circunstâncias, tem-se uma escolha consensual. Tais circunstâncias são expressas em lei. Por isso se fala em “discricionariedade regrada” ou “obrigatoriedade mitigada” quando se admite o uso de negócios jurídicos penais. Parcela minoritária da doutrina afirma que o princípio da obrigatoriedade não existe mais na sua concepção inicial. Tal obrigatoriedade é mitigada por institutos (transação penal, ANPP e colaboração premiada). Há uma discricionariedade de se escolher o melhor a ser feito. Para a próxima aula: Transação Penal, ANPP e colaboração premiada; Indisponibilidade da ação penal pública; Transcendência da ação penal; AULA 04 – PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 1. Obrigatoriedade x discricionariedade da ação penal pública: Não há uma discricionariedadedo Ministério Público, estando este vinculado aos elementos da ação penal (é o diferente do constatado com a vítima nos casos de ação penal privada e ação penal pública condicionada à representação da vítima). Há, contudo, exceções. O negócio jurídico penal é estabelecido em lei, somente sendo possível quando há elementos suficientes para deflagrar a ação penal contra outrem. Ao invés de iniciar um processo, pode-se optar por uma solução consensual do conflito. O legislador dá um espaço discricionário, porém este é limitado (obrigatoriedade mitigada ou discricionariedade regrada). Antigamente, vigorava o direito de vingança e, posteriormente, se consolidou a pena-prisão. No final dos anos 70 e no início dos anos 80 surgiu o órgão judiciário de pequenas causas, em virtude de uma demanda dos estados. Facilitou, assim, o acesso à justiça, fomentando a Thiago Coelho (@taj_studies) realização de acordos. Na área criminal, o juizado de pequenas causas era destinado às infrações de menor potencial ofensivo, admitindo-se uma margem de discricionariedade no que tange a esse conceito. Em 1995, foi promulgada a Lei 9.099/95, uma lei processual da União que cria as regras processuais para implementar no âmbito dos estados. A Lei 10.259/01, uma lei também federal, implementou as condições para a criação dos juizados especiais cíveis e criminais. A lei promulgada em 2001 adaptou a anterior para a realidade da União. A Lei 9.099/95 trouxe procedimentos especiais a determinados crimes, porém com o recorte específico para os estados-membros. Nesse sentido, os delitos com pena inferior ou igual a 1 ano eram considerados de menor potencial ofensivo. A lei de 2001 trouxe um conceito novo: são delitos de menor potencial ofensivo as contravenções penais ou crimes cuja pena máxima abstrata é igual ou inferior a 2 anos. Diante do descompasso entre as duas leis (violação do princípio do igualdade), dava a entender ser mais benéfico cometer crimes estaduais. As cortes superiores entenderam pelo princípio da igualdade e pela modificação do conceito de infrações de menor potencial ofensivo trazido pela lei de 2001 – a nível federal ou estadual, independentemente de procedimento especial. A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) trouxe expresso a vedação da aplicação da Lei 9.099/95 e, em 2022, ocorreu tal problema no que tange aos crimes contra a criança e o adolescente. Conceito hoje de infrações de menor potencial ofensivo: As contravenções penais, independentemente da pena; Crimes cuja pena máxima abstrata é igual ou inferior a 2 anos; Desde que não haja vedação da aplicação da pena por lei especial (Estatuto do Idoso, ECA, Lei Maria da Penha, etc); A Lei 9.099/95 criou institutos despenalizantes (que mitigam a necessidade de intervenção processual penal), tais como a composição civil dos danos, a transação penal e a suspensão condicional do processo. FATO SUSPOSTAMENTE DELITUOSO PROCEDIMENTO INVESTIGATIVO AUDIÊNCIA PRELIMINAR. Se o acordo civil lograr êxito, teremos efeitos diferentes. Na ação penal privada, homologa- se o acordo e o executa. Tal acordo civil consiste em uma renúncia do direito de queixa. Thiago Coelho (@taj_studies) São as seguintes exceções do princípio da obrigatoriedade: Transação Penal: Composição entre vítima e autor do fato. Cabe a transação penal no caso de ação penal pública condicionada, caso não haja acordo. A transação penal é um acordo a ser realizado em um negócio jurídico penal entre o Ministério Público e o suposto autor do fato. Tal acordo é submetido a condições (requisitos positivos e negativos). Não se admite pena de prisão pois esta pressupõe um processo condenatório. Pode-se tentar penas restritivas de direito ou de multa. ANPP: Acordo de não persecução penal. Trata-se de um acordo (negócio penal), cabível somente em ação penal pública, voltado para não iniciar um processo penal acusatório. Deve-se estabelecer algumas condições, tais como: pena inferior a 4 anos, sem violência ou grave ameaça (incluindo o ambiente doméstico), confissão, adequação, reparação do dano, não reincidência. Há semelhanças com a ANPP. Porém, a transação penal só se aplica a delitos de menor potencial ofensivo. Colaboração/delação premiada: Não é um acordo com finalidade sancionatória. É um acordo penal destinado a conseguir provas, ou seja, à obtenção de provas. Negocia-se para obter provas. Visa-se a aumentar os aspectos subjetivos. O acusado colabora com a produção de provas na medida em que também recebe alguns benefícios (vantagens). 2. Princípio da indisponibilidade da ação penal pública: Na ação penal pública, há a vedação da desistência em relação a uma ação proposta, bem como a desistência em relação ao recurso interposto. Thiago Coelho (@taj_studies) O Ministério Público não pode desistir da ação proposta nem do recurso que haja interposto (arts. 42, 576 e 385, CPP). Na ação penal privada, a qual é disponível, pode-se dispor oferecendo o perdão ou por meio da perempção. A perempção é um descuido com o processo. Pedir absolvição não se confunde com desistência. A desistência se relaciona ao não julgamento do mérito; o pedido de absolvição é um pedido de mérito. Exceções: Discricionariedade regrada e indisponibilidade mitigada a) A suspensão condicional do processo: A suspensão condicional da pena pressupõe a aplicação de uma pena, a qual terá os seus efeitos suspensos em virtude do preenchimento de determinados requisitos (art. 77 – CP). A suspensão condicional do processo é um instituto despenalizante, quando o processo já está instalado. Art. 89 – Lei 9.099/95: Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). Iniciado o processo e este é suspenso, caso o indivíduo cometa novo crime, o processo volta a correr; caso cometa contravenção penal, pode voltar a correr. Se não cumpriu as condições impostas, o processo volta a correr; se cumpriu, extingue-se a punibilidade. b) Colaboração premiada: Se voltada para a obtenção de provas, mitiga o princípio da obrigatoriedade; se voltado para a desistência do processo, mitiga o princípio da indisponibilidade da ação penal pública. c) Retratação ou renúncia da vítima na Lei Maria da Penha (art. 16 – Lei 11.340/2016): A vítima tem o poder de desautorizar o processo já iniciado. Art. 16 – Lei Maria da Penha: Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, Thiago Coelho (@taj_studies) em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. 3. Princípio da intranscendência penal: O princípio da intranscendência penal consiste em determinar que a ação penal não poderá alcançar pessoa diversa da responsável pelo fato delituoso. Nesse sentido, a ação penal não pode ser proposta em face de alguém diverso do alcance da responsabilização penal pelo fato delituoso. É decorrência dos seguintes princípios do Direito Penal: Da pessoalidade/responsabilidade subjetiva: A pena só alcança quem praticou o fato; Da individualização da pena: A pena é aplicada de acordo com a responsabilidade de cada um, ainda que mais de uma pessoa participe do mesmo fato; AULA 05 – PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL E SISTEMAS PROCESSUAIS 1. Princípios: O processo penal regula os meios para perseguir a prova eficiente voltada para a aplicaçãode pena. A atividade estatal deve ser eficiente e, diante disso, os meios de persecução penal devem ser adequados e eficientes para que se alcance determinada pessoa como forma, inclusive, de fortalecer o sistema penal. O exercício da persecução penal não pode ocorrer de forma ilimitada, existindo limites pautados em garantias dos perseguidos. Ex: A interceptação telefônica só pode ocorrer mediante decisão judicial. Desse modo, o microssistema penal é pautado em princípios (devido processo legal, juiz natural, ampla defesa, contraditório, duplo grau da jurisdição, oficialidade, oficiosidade,...). O exercício da persecução penal é limitado, uma vez que se trata de um exercício de poder. A nulidade insustentável não impede que se prossiga até a condenação. Contudo, há ocasiões graves, como a incompetência absoluta, a qual pode ser decretada de ofício (princípio da competência-competência). Thiago Coelho (@taj_studies) Os princípios se relacionam constantemente e visam a evitar arbítrios por parte do Estado. Visa-se a equilibrar a eficiência persecutória e os meios de defesa. 2. Sistemas processuais: Sistemas processuais correspondem à forma de estruturação da persecução penal. Sistema inquisitivo: Originou-se na Idade Média, como o próprio nome sugere pois remonta à Santa Inquisição. Na Idade Média, entregava-se a um representante único institucional as funções de levantamento de todos os elementos probatórios e da aplicação do direito. As condições políticas, históricas e ideológicas estão altamente compatíveis com a ideia inquisitiva. Desse modo, o sistema inquisitivo se consolidou, principalmente, na Idade Média. O sistema inquisitivo se consolidou como extremamente formal, sem contraditório ou ampla defesa, uma vez que as decisões eram proferidas por um único indivíduo. O sigilo do sistema inquisitivo consiste no sigilo do procedimento. Só se recebia o resultado do procedimento (a decisão). A Santa Inquisição, por exemplo, realizava execuções em praça pública (resultado das decisões). Não há partes, logo, não há obrigação das partes, mas apenas de quem persegue. Por conseguinte, há uma subordinação inquisitória, uma desigualdade processual entre autor e réu. A confissão era suficiente para a condenação. A tortura era um meio de prova para buscá-la (o que jamais seria aceito atualmente devido ao ferimento a diversas garantias fundamentais). O ordenamento jurídico brasileiro, atualmente, não admite esse poder atribuído à confissão, a qual, por exemplo, não prevalece em relação a provas periciais. As confissões podem ser coercitivas, realizadas com o intuito de evitar punição mais gravosa, por crimes que não se cometeu ou para buscar fama – algumas das razões que justificam o cuidado do nosso Direito em relação à confissão. Já passamos da ideia da “confissão como prova-mãe”. Sistema acusatório: Thiago Coelho (@taj_studies) Nas antigas civilizações, consolidou-se um paradigma excludente de cidadania. Nesse sentido, uma minoria controlava uma massa de pessoas, evidenciando uma segregação de direitos e deveres. Aqueles que eram considerados cidadãos gozavam de privilégios. A origem do sistema acusatório remonta ao Direito grego, o qual se desenvolve através participação direta do povo no exercício da acusação e como julgador. Aqueles que eram considerados cidadãos (integrantes do “povo”) exerciam diretamente a acusação. Há uma ideia de que tal sistema leva ao aumento da criminalidade. Tal discurso foi difundido em Roma, o que fez com que os romanos migrassem para o modelo inquisitivo. Com o passar do tempo passou a haver uma coexistência entre os interesses do povo e os interesses maiores. Inicia-se uma harmonia entre os sistemas inquisitivo e o acusatório. No sistema acusatório há a presença de contraditório e ampla defesa, bem como papéis distintos para as partes. Desse cenário, emerge a igualdade entre autor e réu (paridade de armas). O processo, como regra, é público, ocorrendo a obediência a garantias fundamentais (juiz natural, ampla defesa, contraditório, duração razoável do processo, entre outros). Sistema misto: Há quem fale em um “sistema misto” – uma simbiose entre os dois sistemas explicados acima – fase inquisitiva (fase preliminar) + fase acusatória (fase de julgamento). O Brasil não adota o modelo misto. 3. O sistema processual adotado pelo Brasil: Temos uma fase pré-processual (inquisitorial) e uma fase processual (acusatória). O nosso inquisidor é o delegado de polícia, o qual busca elementos que comprovem a existência do fato. A fase processual se refere à ação penal, que existe caso haja denúncia. O nosso Código de Processo Penal foi promulgado em 1941 e vigorou durante toda a Ditadura Militar. Tal diploma tinha uma inspiração inquisitiva notória e marcante. Roberto Gomes considera uma falta de sentido a manutenção desse CPP, sendo plausíveis as recentes adaptações à perspectiva neoconstitucional. Ademais, o CPP foi recepcionado como um Decreto-Lei, uma medida extremamente arbitrária. Thiago Coelho (@taj_studies) O interrogatório até 2008 era o primeiro ato (traço marcante inquisitivo). A partir desse ano, o réu só se manifesta a partir da ciência de tudo que está sendo alegado contra ele. A CF/88 tem um propósito marcante acusatório, tendo em vista a garantia e direitos fundamentais expressos e implícitos. O sistema adotado pelo Brasil, segundo STF e legislação positiva, é o acusatório. Entretanto, não se tem um consenso doutrinário. Art. 129 – CF: São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; Art. 3º-A – CPP: O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) (Vide ADI 6.298) (Vide ADI 6.300) (Vide ADI 6.305) Trata-se de um sistema acusatório com inspiração diversa de outros sistemas acusatórios. Consoante Fábio Roque, o sistema expressa a cultura de um povo. Nesse viés, levanta-se o questionamento: “adotamos um sistema ou um princípio acusatório?”. Princípio aqui é visto como um norte interpretativo do sistema de um país. O STF deve interpretar em breve o art. 3º-A do CPP. Os futuros desdobramentos dependem dessa decisão. A depender da interpretação, poder-se-á compreender que o Brasil adota um sistema anômalo – acusatório com diversas passagens inquisitivas. Para questões discursivas e objetivas, hoje, devemos ratificar que o Brasil adota o sistema acusatório. 4. Sistema preliminar de investigações: O sistema preliminar de investigações é composto por procedimentos e instituições capacitadas para entregar a justa causa para a investigação criminal. O mais famoso sistema preliminar de investigações é o inquérito policial. Para além do inquérito policial (IP), temos, por exemplo, o inquérito policial militar (IPM). Estrutura estatal que se vale de mecanismos investigativos para elucidar uma investigação fática, almejando a encontrar os elementos de justa causa, a qual deve estar presente na ação penal (art. 395, III, CPP). Há um sistema de segurança pública – conjunto de órgãos que exercem a segurança pública. Por exemplo, iluminar determinados bairros ou incentivar a realização de jogos esportivos https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art20 https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5840274 https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5840552 https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5840552 https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5844852 Thiago Coelho (@taj_studies) noturnos ao se constatara forte ocorrência de crimes sexuais à noite nessa região. Nem tudo a polícia dará conta. Existem as polícias ostensivas e polícias investigativas. A polícia ostensiva ocorre de forma visível visando à prevenção de determinados crimes (ex: Polícia Militar – via de regra). A polícia investigativa investiga os crimes e também auxilia o Poder Judiciário (ex: Polícia Civil dos estados, Polícia Federal, Polícia Militar – investigação de crimes militares). A polícia penal surgiu com a EC 104/2019 c/c art. 144, VI, CF/88 (ex: agentes penintenciários). À guarda municipal cabe, exclusivamente, a preservação do patrimônio. Não é competência da guarda municipal prender suspeitos de envolvimento em tráfico de entorpecentes, por exemplo. Para a próxima aula: Procedimentos investigativos. Avaliação é pautada em casos práticos e compatível com o abordado em sala (ex: o delegado A podia prender X pautando-se no princípio Y?, “pode o diplomata iraniano ser processado no Brasil?”...). AULA 06 – SISTEMA PRELIMINAR DE INVESTIGAÇÕES E INQUÉRITO POLICIAL 1. Sistema preliminar de investigações: O Ministério Público só pode acusar quando tem elementos para acusar. O art. 395, III do CPP afirma que um dos motivos para rejeitar a peça acusatória trata-se da ausência de justa causa. Não se pode iniciar um processo condenatório sem elementos de plausividade, ou seja, sem sustentação prática. Em síntese, precisa de justa causa para o início de uma ação penal. Art. 395 – CPP: A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). O legislador exige um obstáculo para o início da ação penal (justa causa), o qual precisa ser conhecido para que se possa ir a juízo. Para isso, há o sistema preliminar de investigações, o qual é formado por instruções e procedimentos que permitem ao titular da ação penal formar a sua opinião de ir a juízo ou não. Thiago Coelho (@taj_studies) A segurança almejada é aquela que une a segurança efetiva e a sensação de segurança. A segurança não se resume apenas à intervenção policial, mas também a outros fatores (transporte público, iluminação, saneamento básico, fluxo de pessoas...). Um dos meios de garantir segurança trata-se do exercício da persecução penal adequada. Para que se inicie o processo penal condenatório é necessário justa causa, a qual normalmente só é conseguida caso haja procedimento administrativo (meio pelo qual enseja a justa causa). Desse modo, dentro do sistema de segurança pública temos funções de Estado persecutórias (atuação investigativa) e não persecutórias (atuação ostensiva ou preventiva). A atuação ostensiva (preventiva) é voltada para inibir a prática criminosa ou para intervir durante a execução criminosa. Tal atuação é exercida pela Polícia Rodoviária Federal (âmbito federal), pela Polícia Militar dos estados e do DF (âmbito estadual/distrital) e pelas unidades especializadas (tendo em vista a insuficiência dos anteriores); A atuação investigativa busca elucidar os fatos. A polícia investigativa busca elucidar os fatos, sendo o “braço de execução” do Judiciário. No Brasil, os mesmos agentes – a Polícia Federal (no âmbito da União) e a Polícia Civil (no âmbito dos estados, DF e municípios) – realizam, simultaneamente, a polícia investigativa e a polícia judiciária. A investigação se dá através do termo circunstanciado (menor potencial ofensivo) e do inquérito policial (demais fatos); A Polícia Penal apresenta atuação híbrida, estando ainda em construção já que não foi até o momento devidamente fundamentada. Por enquanto há uma discricionariedade acentuada dos entes da federação para moldar a atuação da Polícia Penal. A guarda municipal, prevista constitucionalmente, dedica-se à segurança pública no que tange à preservação do patrimônio. Entretanto, às vezes, acaba realizando abordagens (vide a época do carnaval), o que tem sido bastante refutado pelo STJ. No que tange à prática de crimes militares, temos o CPM e o CPPM. A polícia militar tem tanto função ostensiva como, excepcionalmente, função investigativa diante de crimes militares. 2. Órgãos específicos de investigação: O sistema de investigação é formado por instituições que são de segurança pública e por instituições que não são de segurança pública. Thiago Coelho (@taj_studies) SISTEMA DE INVESTIGAÇÃO: INSTITUIÇÕES DE SEGURANÇA PÚBLICA + DEMAIS INSTITUIÇÕES Órgãos de segurança pública: Polícia Federal (União); Polícia Civil (estados, DF e municípios); Polícia Militar (diante de crimes militares). Instituições que não são de segurança pública, mas investigam: Ministério Público: É responsável pelo PIC (procedimento investigatório criminal). Esse procedimento é instaurado pelo membro do Ministério Público e tem como objetivo apurar a ocorrência de infrações penais de natureza pública (regulado na resolução 181 do Conselho Nacional do Ministério Público). Parte da doutrina critica tal regulação (ato administrativo), exigindo lei para regulamentar a atuação do Ministério Público através do PIC. Em um Estado Democrático de Direito, quem exerce o poder deve ser controlado (não necessariamente pelo próprio Estado); CPI’s: Existem as comissões permanentes e as transitórias. Entre as transitórias, se situam as CPI’s (a qual pode ser estabelecida em uma das casas legislativas ou ser mista). A CPI é a comissão que faz o inquérito parlamentar. Art. 58, § 3º - CF: As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Investiga alguma questão específica e pública (relacionada às atividades do Estado); Prazo certo e determinado; Criada em conjunto ou separadamente pelas casas legislativas (SF e CN); Requerimento de 1/3 dos parlamentares de uma das casas ou das duas em conjunto + indicar o fato determinado do poder público que se deseja investigar + prazo certo de vigência; Thiago Coelho (@taj_studies) Conclusões (não vinculantes) podem ser encaminhadas ao Ministério Público, o qual avalia o procedimento; Exemplo marcante: CPI da Covid-19; Poderes de investigação próprio das autoridades judiciais: A CPI age como se fosse um “delegado de polícia” (conduz o inquérito, investigando a notícia-crime apresentada); Direito público das minorias, uma vez que a maioria não deseja ser investigada; As CPI’s, além dos poderes autoexecutórios, podem já atuar com poderes do juiz, tais como: Requisitar informações e documentos de repartições públicas; Determinar perícias ou diligências (CPI que investiga, por exemplo, pedofilia no Brasil); Inquirir testemunhas – a testemunha não pode negar nenhuma presença e tem o dever de falar a verdade sob pena de ser presa por falso testemunho; Realizar oitiva de investigados (impossibilidade de autoincriminação – direito de permanecer calado com o fito de não produzir provas contra si mesmo); Quebrar sigilo bancário, fiscal e de dados; As CPI’s não podem, necessitando de autorização judicial para: Quebra de sigilo das comunicações telefônicas (realizar interceptação telefônica); Prisão preventiva e temporária – salvo em crime de “falso testemunho” em flagrante; Busca e apreensão no asilo inviolável (domicílio) – art. 5º, XI, CF; Impedir a presença de advogados dos depoentes; Investigar atos de conteúdo jurisdicional (HC 79.441); OBS: Sigilo telefônico (saber para quem X ligou) não se confunde com o sigilo das comunicações telefônicas (saber o que X tratou quando ligou para Y). A quebra do sigilo das comunicações telefônicas (interceptação telefônica) pela CPI somente pode ocorrer mediante autorização judicial. OBS: Um gestor público convocado como testemunha não pode deixar de falar e, por conseguinte, não pode ficar em silêncio. O advogado desse gestor pode solicitar um habeas corpus preventivo junto ao STF, justamente por buscar defendê-lo e evitar que ele seja incriminado com base no que diz. 3. Inquérito policial: Thiago Coelho (@taj_studies) Um dos procedimentos investigatórios é o termo circunstanciado, o qual se destina aos crimes de menor potencial ofensivo (contravenções penais, crimes cuja pena máxima abstrata seja igual ou inferior a 2 anos e não há vedação da aplicação da pena por lei especial). Para as infrações relevantes, temos o inquérito policial. Conceito de inquérito policial: É um procedimento administrativo preparatório destinado a elucidar um suposto fato delituoso identificando elementos de autoria e de existência do fato (justa causa da ação penal). Destarte, o procedimento administrativo investigatório é facultativo (porque presidido), destinado a elucidar um suposto fato hipoteticamente delituoso, buscando a identificação dos elementos de autoria e de existência deste. Trata-se de um conjunto de atos interligados com o fim de reunir elementos, compreender o fato e entregar ao titular da sentença. O procedimento em questão tem por características: Escrito (art. 9º, CPP): Traz mais segurança jurídica e veracidade. Hoje, com o avanço da tecnologia, falamos em inquérito audiovisual (mais verossímil) e digitado; Sigiloso (art. 20 e 201, § 6º, CPP c/c art. 7º, XIV, Lei 8906/94) + súmula vinculante 14: É a regra, porque, efetivamente, às vezes é necessário quebrar o sigilo, sem comprometimentos; Oficial: A persecução penal investigativa é realizada por órgãos oficiais; Oficioso (art. 5º, §§ 4º e 5º, CPP): Via de regra, o inquérito policial é submetido por oficiosidade, ou seja, pode ocorrer de ofício (casos de ação penal pública incondicionada); Dispensável (facultativo) para o acusador (art. 12, CPP), pois não é pressuposto da ação penal (basta justa causa); Indisponível (art. 17, CPP): O art. 28, alterado em 2019, está com a eficácia suspensa (reatroatividade dos efeitos dos anos 40). O delegado pode indeferir, mas uma vez deferido, se encontra vinculado; Inquisitivo: O inquérito policial não é contraditório, direito que só se concretiza na fase judicial; Discricionário (art. 14 c/c art. 107, CPP): O delegado de polícia tem discricionariedade investigativa (escolhe os caminhos da investigação/sua linha de investigação) salvo o que é imposto por lei; De instauração obrigatória quando presentes os elementos que o justifiquem. O delegado de polícia está vinculado a elementos que dão razão à investigação (não pode atuar de forma pessoal); Thiago Coelho (@taj_studies) Com valor probatório relativo (art. 155, CPP), ou seja, não se pode pautar a condenação exclusivamente no inquérito policial (são necessárias outras provas); Os vícios nele existentes, via de regra, não maculam a ação penal. Há, contudo, vícios que não são sanáveis pois desnaturam completamente a ação penal (ex: a coletânea apenas de provas ilícitas pelo inquérito policial); Art. 28 – CPP: Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. (redação vigente hoje – 31/03/2023) Para a avaliação: Respostas objetivas e fundamentadas para casos práticos, respeitando os termos jurídicos. MATERIAIS EXTRAS: MONITORIA I – PROCESSO PENAL I (25/03): PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA PRECRIÇÃO: 1. Prescrição – conceito: É a perda da pretensão punitiva do Estado (Ius puniendi) em decorrência do tempo. 2. Prescrição da pretensão punitiva em abstrato: É calculada com base na pena: essa ainda não foi aplicada ou foi, mas a acusação recorreu. Thiago Coelho (@taj_studies) Para análise da PPPA, temos que utilizar a pena máxima do crime, incluindo as qualificadoras, majorantes (causas de aumento) e minorantes (causas de diminuição). Em seguida, devemos efetuar o “encaixe” no art. 109 do CP. Ex: Furto simples (pena máxima: 4 anos prescreve em 8 anos) x Furto qualificado (pena máxima: 8 anos prescreve em 12 anos). Crimes imprescritíveis (CF/88): Racismo; Injúria racial (julgado recente pelo STF); Ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; Art. 109 – CP: A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). PENA (em ano) PRESCRIÇÃO PENA > 12 20 ANOS 8 < PENA ≤ 12 16 ANOS 4 < PENA ≤ 8 12 ANOS 2 < PENA ≤ 4 8 ANOS 1 ≤ PENA ≤ 2 4 ANOS PENA < 1 3 ANOS Qualquer que seja o prazo prescricional, ele será reduzido pela metade (1/2) desde que o agente seja menor de 21 anos na época do fato ou maior de 70 anos na data da sentença (art. 115, CP). Thiago Coelho (@taj_studies) 3. Prescrição da pretensão punitiva retroativa: Ocorreu a aplicação da pena e transitou em julgado para a acusação, mas a defesa recorreu. Analisa-se a prescrição com base na pena aplicada in concreto. Art. 110 – CP: A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. 4. Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final: Como regra, inicia quando o crime se consumou. Há exceções: Art. 111 – CP: A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: I - do dia em que o crime se consumou; II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. V - nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam violência contra a criança e o adolescente, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência Regra: Consumação do crime; Tentativa: Quando se cessou a tentativa (último ato); Crimes permanentes (“c r i m e”): Quando cessou a permanência (ex: sequestro e cárcere privado); Bigamia e falsificação de assentamento do registro civil: Quando se tornou conhecido;https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14344.htm#art31 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14344.htm#art34 Thiago Coelho (@taj_studies) Crimes contra a dignidade sexual: Quando a vítima completa 18 anos (proteção ao hipervulnerável); 5. Causas suspensivas e interruptivas de prescrição: Suspensão: Volta a correr de onde parou; Interrupção: O prazo zera, voltando do início, independentemente de onde estiver; Causas impeditivas da prescrição Art. 116 – CP: Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. Causas interruptivas da prescrição Art. 117 – CP: O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II - pela pronúncia; III - pela decisão confirmatória da pronúncia; https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2 Thiago Coelho (@taj_studies) IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; (Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007). V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) VI - pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) Para a avaliação, é importante ter atenção às questões com data. Identificar o pior cenário possível de condenação do crime e checar o prazo expresso no art. 109 é fundamental. § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Nos crimes conexos (ex: ocultação de um cadáver do homicídio), estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Como já dito, na interrupção o prazo é zerado. Art. 118 – CP: As penas mais leves prescrevem com as mais graves. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 119 – CP: No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Consoante o art. 118, as penas mais leves prescrevem com as mais graves (multa e restritiva de direito com a privativa de liberdade), exceto no que tange ao concurso de crimes. Na hipótese de concurso de crimes, analisa-se a prescrição de cada um separadamente. 6. A prescrição da pretensão punitiva superveniente: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11596.htm#art2 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11596.htm#art2 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9268.htm#art1 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9268.htm#art1 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art117 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art117 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art117 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art117 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art118 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art118 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art119 Thiago Coelho (@taj_studies) Diferentemente da retroativa (que é calculada da sentença para trás), é calculada da sentença para frente. Já há pena aplicada, a acusação não recorreu, mas a defesa recorreu. As causas impeditivas e suspensivas também vão incidir na prescrição da pretensão punitiva. 7. A prescrição da pretensão executória: Há sentença condenatória com trânsito em julgado para ambas as partes – acusação e defesa. O cálculo do prazo prescricional se dá em cima da pena aplicada na sentença (pena concreta). *Conta a partir do TJ para a acusação, embora não seja um consenso, uma vez que parte da doutrina adere à perspectiva de que é necessário do TJ para ambas as partes. ENTRE O (A) E O (A) PPP em abstrato FATO TJ ACUSAÇÃO PPP retroativa TJ ACUSAÇÃO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA PPP superveniente TJ ACUSAÇÃO TJ FINAL (PARA AMBAS AS PARTES) PPE TJ ACUSAÇÃO* CUMPRIMENTO DA PENA 8. A prescrição da pena de multa (art. 114 – CP): Se for a única cominada ou aplicada: 2 anos; Se aplicada alternativa ou cumulativamente com pena privativa de liberdade: Mesmo prazo prescricional estabelecido para a pena privativa de liberdade; 9. PPP virtual (?): Ex: Houve o recebimento da denúncia e longe da sentença ser proferida, a advogada percebe que já passou 7 anos da data do recebimento da denúncia e a audiência nem foi marcada. Thiago Coelho (@taj_studies) Pode-se solicitar a prescrição virtual (pautada em uma raciocínio lógico que antevê uma situação futura). O STJ não admite a PPP virtual (hipotética pautada no “achismo”). Súmula 438, STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal. DECADÊNCIA: 1. Conceito: Perda do direito de ação pelo ofendido, em razão de prazo fixado em lei. Ação penal pública incondicionada: O Ministério Público é parte e a ação independe de representação do ofendido (vontade da vítima), desde que o fato se torne conhecido de forma lícita. Como regra, a ação penal pública incondicionada é oficial, obrigatória e indisponível; Ação penal pública condicionada à representação: A representação da vítima é condição necessária para o início da investigação e para a continuação do processo (ex: ameaça – art. 147, CP). O MP também é parte e este realiza a denúncia caso compreenda a justa causa. A representação é irretratável após oferecida a denúncia pelo MP; Ação penal privada: Trata-se de um exemplo de renúncia do Estado do seu direito de punir. Cabe ao titular propor ou não o direito de ação através da queixa-crime (este é exercido acompanhado de um advogado). O direito de começar e continuar a persecução penal é do ofendido (ex: crimes contra a honra); Decadência do direito de queixa ou de representação Art. 103 – CP: Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art103 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art103 Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 100, § 3º - CP: A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Públiconão oferece denúncia no prazo legal. Não há decadência nos crimes de ação penal pública incondicionada. Nem sempre a decadência corre primeiro que a prescrição. Pode ser que a prescrição corra antes da decadência (ex: crime cujo autor não foi identificado e prescreveu). PEREMPÇÃO: Só se aplica aos crimes de ação penal privada. Trata-se de um desleixo que implique em renúncia do direito de ação. Art. 60 – CPP: Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. MONITORIA I – PROCESSO PENAL I (31/03) – VINICIUS E JESSICA DIREITO PROCESSUAL PENAL Finalidade imediata: Instrumento de aplicação do Direito Penal no caso concreto; Finalidade mediata: Pacificação social; PERSECUÇÃO PENAL A busca de elementos indiciários e probatórios que justifiquem a aplicação do Direito Penal no caso concreto. Elementos indiciários: Prova de que o fato existiu; Elementos probatórios: Prova de relação entre autoria e fato; Thiago Coelho (@taj_studies) QUEM PODE LEGISLAR SOBRE DIREITO PENAL É competência privativa da União por meio de lei em sentido estrito (art. 22, I, CF). Admite delegação. A LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO Regra da aplicação: princípio da territorialidade. Exceções: art. 1º, I-V, CPP; Tratados, convenções e regras de Direito Internacional (ex: diplomatas); Pessoas que, em razão do cargo, apresentam ritos especiais; Crimes militares – os militares apresentam ritos específicos; Os incisos IV e V não foram recepcionados pela CF/88; A LEI PROCESSUAL NO TEMPO Vigência do “tempo rege o ato”; O Brasil adota a teoria do isolamento dos atos processuais – a lei nova se aplica ao processo em curso, respeitando os atos já realizados; No que tange à lei híbrida, prevalece a lógica do direito material, ou seja, retroatividade para beneficiar o réu (lei do tempo do crime); Nessa perspectiva, as leis híbridas só se aplicam, caso prejudiciais, a fatos posteriores à vigência da lei; Posições minoritárias interessantes (não adotadas pela jurisprudência): Rômulo Moreira: Submissão da teoria dos atos processuais às garantias processuais previstas na Constituição; Paulo Queiroz: A lei nova só se aplica a fatos novos (a lei processual penal que deve regular o fato é a lei do tempo do fato); PRINCÍPIOS – EQUILÍBRIO ENTRE EFICIÊNCIA PERSECUTÓRIA E MEIOS DE DEFESA DOS PERSEGUIDOS Obrigatoriedade: Nos casos de ação penal pública incondicionada, o MP tem que oferecer a denúncia e dar início à persecução penal em juízo (não age por conveniência e oportunidade); Exceções: Transação penal (ação penal pública condicionada à representação): Acordo prévio ao processo entre vítima e suposto Thiago Coelho (@taj_studies) autor do fato, sendo vedada a pena de prisão pois esta pressupõe um processo contraditório; ANPP (acordo de não persecução penal): Acordo cabível somente em ação penal pública, voltado para não iniciar um processo penal acusatório. São os seguintes os requisitos: Crime sem violência ou grave ameaça; Confissão; Adequação; Reparação do dano; Não reincidência; Não ser caso de arquivamento; Colaboração/delação premiada: É um acordo entre MP e autor com a finalidade de se obter provas; Oficialidade: De regra, a persecução penal é feita por órgãos públicos. Exceção: persecução em juízo nos casos de ação penal privada; Oficiosidade: A persecução penal, como regra, é realizada de ofício (ação penal pública incondicionada); Exceções: ação penal pública condicionada (representação do ofendido – ex: boletim de ocorrência) e ação penal privada (requerimento da vítima/ofendido); Indisponibilidade da ação penal pública: Uma vez iniciada a ação penal, não pode ocorrer a desistência (o processo deve ser conduzido até o final); Exceções: Suspensão condicional do processo (SURSIS): Se o indivíduo cumpriu as condições, extingue-se a punibilidade; Colaboração premiada: Se voltado para a desistência do processo, mitiga o princípio Thiago Coelho (@taj_studies) da indisponibilidade da ação penal pública; Retratação ou renúncia da vítima com base na Lei Maria da Penha: A mulher se retrata em audiência perante um juiz e a um membro do MP, sendo o prazo até o recebimento da denúncia; Instranscendência: A pena não deve passar da pessoa do condenado e cada indivíduo responde na medida da sua contribuição para o delito; + 26 princípios do fichamento (podem ser cobrados na avaliação); SISTEMAS PROCESSUAIS Inquisitivo: Extremamente formal, sem contraditório ou ampla defesa, sigilo do procedimento, não há obrigação das partes e a confissão é suficiente para a condenação; Acusatório: Presença de contraditório e ampla defesa, papéis distintos para as partes, paridade de armas, como regra o processo é público e há a obediência a garantias fundamentais; Nosso CPP é marcadamente inquisitivo, já a CF, acusatória; STF: O Brasil adota o sistema acusatório (não é consenso doutrinário – parte defende que se trata de um sistema anômalo); Brasil: fase pré-processual (inquisitorial) + fase processual (acusatória); SISTEMA PRELIMINAR DE INVESTIGAÇÕES Justa causa: condição para o início da ação penal; O sistema preliminar de investigações é formado por instruções e procedimentos que permitem ao titular da ação penal formar a sua opinião de ir a juízo ou não; Atuação ostensiva (preventiva): Voltada para inibir a prática criminosa ou para intervir durante a execução criminosa – Polícia Rodoviária Federal (União), Polícia Militar dos estados e do DF (âmbito estadual/distrital) e unidades especializadas; Atuação investigativa: Busca elucidar os fatos – Polícia Federal (União), Polícia Civil (estados, DF e Thiago Coelho (@taj_studies) municípios) e Polícia Militar (casos de crimes militares); ÓRGÃOS ESPECÍFICOS DE INVESTIGAÇÃO PARA ALÉM DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA Ministério Público: Responsável pelo PIC (procedimento investigatório criminal) e tem como objetivo apurar a ocorrência de infrações penais de natureza pública; CPI’s: Comissão temporária destinada à apuração de fato de interesse público e específico instaurada pelas casas do Legislativo em conjunto ou separadamente (quórum de 1/3). Há poderes próprios das autoridades judiciais, com as seguintes vedações (necessidade de intervenção do Judiciário): Quebra de sigilo das comunicações telefônicas (interceptação telefônica); Prisão preventiva e temporária – salvo em crime de falso testemunho em flagrante; Busca e apreensão domiciliar; Impedir a presença de advogados dos depoentes; Investigar atos de conteúdo jurisdicional; TERMO CIRCUNSTANCIADO Se destina aos crimes de menor potencial ofensivo (contravenções penais, crimes cuja pena máxima abstrata seja igual ou inferior a 2 anos e não há vedação da aplicação da pena por lei especial). INQUÉRITO Conjunto de procedimentos meramente administrativos em prol da celeridade do processo; Visa a reunir elementos, compreender o fato e entregar ao titular da sentença;
Compartilhar