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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FACULDADE DE BIOTECNOLOGIA ENGENHARIA DE BIOPROCESSOS RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: DEGRADAÇÃO DE CORANTES POR AÇÃO BACTERIANA ANDRE DA LUZ FREITAS, ELICE CRISTINA SANTOS DOS SANTOS, JONAS CUNHA DA SILVA, JOSÉ PUREZA DE CASTRO JÚNIOR, LUÍS EDUARDO DE OLIVEIRA TEIXEIRA Belém-PA Junho, 2018 2 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FACULDADE DE BIOTECNOLOGIA RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: DEGRADAÇÃO DE CORANTES POR AÇÃO BACTERIANA Relatório de aula prática realizada em 12/06/2018 apresentado como parte dos critérios de avaliação da Atividade Curricular EB01031 - Biotransformação de Compostos Orgânicos em Escala ministrada pelo Professor Agenor Valadares Santos. Belém-PA Junho, 2018 3 RESUMO A descarga de efluentes das indústrias têxteis é uma das maiores preocupações dos ambientalista em função dos corantes utilizados para colorir os tecidos. A aplicação de tratamento biológicos com bactérias é uma utilização economicamente viável e ambientalmente correta para o tratamento de descoloração desses efluentes. Nesse sentido, análises de teste de degradação de corante por um microrganismo de cepa 117 foram realizadas para a remoção de cor dos corantes amarelo, verde, laranja, azul e azul I. Após o isolamento da bactéria, foram feito três concentrações diferentes (0,1%, 0,5% e 0,05%) para verificar qual concentração do corante seria limitante para o crescimento do microrganismo. A bactéria 117 foi responsável por degradar significativamente a maioria das cores utilizados em diferentes concentrações no meio de cultura, demonstrando nos resultados a capacidade que esta tem de degenerar as tinturas presentes nos efluentes lançados pelas indústrias de material têxtil. Além disso, conclui-se que as faixas de concentrações darão uma resposta mais rápida quanto a degradabilidade desse material. Palavras-chave: Biodescoloração; Biotecnologia de bactérias, Corante, Indústrias têxteis. 4 1. INTRODUÇÃO 5 2. REFERENCIAL TEÓRICO 5 2.1. Corantes 5 2.2. Microrganismos na degradação de corantes sintéticos 6 3. OBJETIVOS 6 3.1. Objetivo geral 6 3.2. Objetivos específicos 6 4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL 7 4.1. Local 7 4.2. Materiais e métodos 7 4.2.1. Materiais 7 4.2.2. Métodos 7 4.2.2.1. Corantes 8 4.2.2.2. Meios de cultivo 8 4.2.2.3. Ensaios biológicos 8 4.2.2.4. Ensaios de descoloração 9 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 10 6. CONCLUSÃO 14 REFERÊNCIAS 15 5 1. INTRODUÇÃO A rápida industrialização deu origem a vários elementos indesejados que se acumularam na biosfera até níveis tóxicos para degradar o ambiente natural. Nesse sentido, o desenvolvimento científico são fatores-chave para o progresso da industrialização, mas, infelizmente, a maioria das indústrias nesses países não dispõe de instalações adequadas de tratamento de resíduos e libera grande quantidade de efluentes. Os efluentes têxteis não tratados ou parcialmente tratados são altamente tóxicos, pois contêm número de produtos químicos tóxicos e metais pesados. (SINGH, 2015). A forma de eliminar tais substâncias é um assunto muito trabalhado recentemente, levando a busca por novas técnicas e ferramentas que possam diminuir ou eliminar tais problemas. A utilização de microrganismos é largamente conhecida no processo de tratamento de efluentes, além de ser viável economicamente (VIEIRA, 2008). Baseado nas informações sobre o potencial de bactérias sobre a descoloração de corantes, testou-se a capacidade de descoloração de uma estirpe de um microorganismo desconhecido frente aos corantes de cor amarelo, verde, laranja, azul e azul I em diferentes concentrações dos corantes para testar a concentração máxima tolerada do microrganismo. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Corantes Os corantes são compostos orgânicos coloridos, naturais ou sintéticos, com a propriedade de conferindo sua cor às outras substâncias, como fibras têxteis. Corantes sintéticos são usado extensivamente para tingimento têxtil, impressão em papel, tingimento de couro, fotografia a cores e como aditivos em produtos petrolíferos devido à sua facilidade e eficácia de custos síntese, firmeza, alta estabilidade à luz, temperatura, detergente e ataque microbiano e variedade na cor em comparação com corantes naturais. 6 2.2. Microrganismos na degradação de corantes sintéticos O uso de microrganismos na degradação de corantes sintéticos tem se tornado atrativo por sua simplicidade e economia. Um grande número de microrganismos vêm sendo estudados para a descoloração de tinturas sintéticas (FORGIANI, 2006; CHEN, 2003). A eficiência do processo de descoloração depende da adaptação do microrganismo selecionado, e se bem analisado as melhores condições de descoloração e processo otimizado para tal, a eficiência de descoloração chega até 100% em muitos casos. Dentre os microrganismos relacionados com a descoloração de corantes têxteis, encontram-se as bactérias, fungos, algas e consórcios microbianos. A dificuldade na remoção desses poluentes está no isolamento desses microrganismos, no seu período de adaptação e na sua capacidade de descolorir estruturas diversas. (BANAT, 1996) 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo geral A finalidade dessa aula prática foi estudar a degradação de corantes por meio da utilização da cepa de bactéria 117 durante um período de uma semana. 3.2. Objetivos específicos Analisar por meio de método experimental a biotransformação de um composto por meio da utilização de determinada bactéria, no caso referente a cepa 117, bem como verificar a capacidade que os corantes possuem em se degradar. 7 4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL 4.1. Local As aulas práticas foram desenvolvidas no Laboratório de Biotecnologia de Enzimas e Biotransformações (LaBEB) no Instituto de Ciências Biológicas, e no Laboratório do prédio de Biotecnologia, localizados na Universidade Federal do Pará. 4.2. Materiais e métodos 4.2.1. Materiais ● Agitador magnético ● Água destilada ● Alça descartável (1𝜇𝐿) ● Autoclave ● Balança de precisão ● Béquer ● Corantes de cores amarelo, verde, laranja, azul e azul I ● Estufa ● Forno microondas ● Lamparina de vidro ● Pipeta descartável ● Pipeta de vidro (5 mL) ● Pipetador ● Placa de Petri ● Proveta de 50 e de 10ml ● Tubos de ensaio (15 unidades) 8 4.2.2. Métodos 4.2.2.1. Corantes Os corantes utilizados na aula prática foram nas cores: amarelo, verde, laranja, azul e azul I (referente ao azul utilizado em jeans); totalizando cinco tipos de colorações diferentes. Utilizou-se três diferentes concentrações (0,05%, 0,5% e 0,1%) desses corantes em relação a quantidade de meio de cultivo preparado. 4.2.2.2. Meios de cultivo A cepa 117 do microrganismo teste foi inoculada anteriormente em Placa de Petri utilizando o meio de cultura contendo ágar Luria Bertani (LB), um carboidrato gelatinoso com adição de LB, para a formação do gel para cultura e crescimento de bactérias. 4.2.2.3. Ensaios biológicos Quanto a inoculação da bactéria 117 realizadadia 12 de junho de 2018, inicialmente separou-se cinco tubos de ensaio que serviram como controles com três diferentes concentrações (0,05%, 0,5% e 0,1%), sendo cada controle respectivo a uma coloração, totalizando quinze tubos de ensaios referentes ao controle (Figura). Nesse caso, o controle tinha em sua composição apenas o corante e o meio de cultivo Caldo LB. Em seguida, uma colônia referente à cepa da bactéria 117 foi retirada da Placa de Petri, onde ela tinha sido crescida anteriormente para se realizar a prática, com auxílio de uma alça descartável estéril e inoculada em tubos de ensaio contendo as concentrações e a composição citada no preparo do controle, para essa etapa se fez necessário o uso de lamparina com o intuito de evitar possíveis contaminantes, bem como usar uma alça para cada tubo. Esse processo foi repetido para os quinze tubos de ensaios. Após essa etapa de inoculação, os tubos de ensaio foram mantidos numa estufa a 30 ºC durante sete dias, sendo verificada a descoloração a cada 24 horas. Importante destacar que o controle 9 passou por todos os procedimentos que os tubos que receberam o inóculo passaram. Figura. Tubos de controle não inoculados. 4.2.2.4. Ensaios de descoloração Com auxílio de uma balança de precisão foi possível retirar 3,5g de corante da cor amarela (as outras cores foram preparadas semelhantemente pelos outros grupos que optaram pelas cores: verde, laranja, azul e azul Índigo) e despejados em 35mL de água previamente aquecida em forno microondas e misturado em beckers e agitado com o auxílio de um agitador magnético. Esse preparo foi base para a obtenção de das outras concentrações como a de 0,1; 0,5 e 0,05% a) Concentração de 0,5% Para chegar a concentração de 0,5% , com auxílio de uma pipeta de 20𝜇𝐿foi retirado uma alíquota de 1,75mL da da solução inicial de 10% e diluiu-se em 33,25 mL de LB dentro de um bécker. Desse volume, 20 mL foram distribuídos igualmente entre 5 tubos de ensaio e os 15 mL restantes utilizados para a concentração de 0,1%. b) Concentração de 0,1% Utilizando como base o volume de 15mL a 0,5%, com auxílio de uma pipeta de vidro de 5 mL, foi retirado alíquota de 7 mL que em seguida foi diluído até alcançar o total de 35mL. Ao obter a concentração de 0,1% foi retirado 7 mL do 10 restante dos 15 mL a 0,5% que foi diluído com água destilada até alcançar o volume de 35mL. c) Concentração de 0,05% Para esta concentração foi retirado uma alíquota de 0,175mL da solução inicial e transferido para um becker. Na sequência, o volume de 34,825 mL de meio LB foi adicionado. Os ensaios foram feitos em quintuplicata, no qual 4 mL foram transferidos para cada tubo. Assim, os tubos de ensaio, incluindo o controle e os que iriam receber o inóculo, contendo as diferentes concentrações dos cinco tipos de corante foram levados para serem autoclavados com o intuito de utilizá-los na prática de inoculação da bactéria 117 posteriormente. 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 1º Dia (13/06): No primeiro dia não houve diferenças significativas na coloração entre o controle e o inoculado, pois a bactéria 117 ainda estava em fase de adaptação ao meio. Figura. Tubos inoculados após 24h 2º Dia (14/06): No segundo dia é possível notar que as menores concentrações (0,05%) de alguns corantes já começam a ficar um pouco turvas devido a ação da bactéria 117. 11 Figura. Tubos inoculados após 48h 3º Dia (15/06): No terceiro dia, os corantes verde e o azul I (Jeans) de concentração 0,5% e 0,05%, sofreram leve descoloração. É possível observar a associação da biomassa bacteriana 117 com o corante verde a 0,1% no sobrenadante do tubo, sendo possível inferir que a bactéria não foi capaz (até o momento) de biotransformar esse composto corante. Figura. Tubos Inoculados após 72h 4º Dia (16/06): Sábado (dia não letivo) 5º Dia (17/08): Domingo (dia não letivo) 12 6º Dia (18/06): No sexto dia, os corantes amarelo e verde sofreram uma maior degradação, enquanto que o corante vermelho não passou por uma degradação significativa. Figura. Tubos inoculados após 144h 7º Dia (19/06): No sétimo dia, não houve mudanças significativas em relação ao dia anterior, com destaque para uma formação precipitada no tubo laranja a 0,05%, provavelmente resultado de biomassa bacteriana associada ao corante. Figura. Tubo inoculados após 168h 8º Dia (20/06): No oitavo dia, a maioria dos corantes sofreu algum tipo de descoloração de maior ou menor intensidade, com exceção do corante vermelho. 13 Figura. Tubos inoculados após 192h Como pode ser observado nas figuras, em relação ao controle houve uma degradação por conta das altas temperaturas causadas pela autoclave, apesar disso, a biodegradação dos corantes inoculados pela cepa 117 degradou significativamente a maioria das cores em alguma concentração, com exceção do corante vermelho, provavelmente pela sua composição química específica. A biodegradação completa de algumas cores em determinadas concentrações deu-se em tempo menor que 3 dias, o que torna o microrganismo um candidato em potencial para estudos mais detalhados posteriores. Outro fator importante, é que a descoloração por bactérias é diretamente influenciada por fatores que afetam a produção de proteínas totais, como temperatura, tamanho do inóculo e o pH de meio de cultivo (DANESHAR, 2007; YESILADA; ASMA; CING, 2003). Além disso, as análises de absorbância, potencial hidrogeniônico (pH), Demanda química de Oxigênio (DQO), Análise de Biomassa, Determinação de proteínas totais poderiam ter sido utilizadas para maiores detalhes quantitativos sobre a degradação dos corantes. Da mesma forma, testes de Toxicidade podem ser interessantes para avaliar se os metabólitos gerados pelo microrganismo possui algum grau de toxicidade, ou se o produto resultado da biodegradação traz ameaça ao meio ambiente. Vale ressaltar que demais testes de descoloração utilizando maiores e menores concentrações do corante por um maior período de tempo podem servir para avaliar melhor a concentração máxima tolerada pelos microrganismos. O teste serviu como um teste preliminar simples e de baixo custo sobre a descoloração do microrganismo utilizado. Para a otimização do processo, vale adicionar fontes de nitrogênio e carbono para maior crescimento da biomassa e dessa forma maior degradação dos corantes. 14 6. CONCLUSÃO Os resultados obtidos no presente estudo conduziram à seguintes conclusões: O teste serve como uma alternativa preliminar de baixo custo e simplicidade, no entanto, análises mais sofisticadas levando em conta a toxicidade do produto gerado, análises de absorbância, potencial hidrogeniônico (pH), Demanda química de Oxigênio (DQO), Análise de Biomassa, e Determinação de proteínas totais poderiam detalhar com mais precisão as mudanças pela biodegradação. Além disso, é preciso realizar um estudo de otimização do processo de degradação, levando em conta fatores como as fontes de carbono e fontes de nitrogênio, salinidade, pH, temperatura, diferentes concentrações do corante e presença ou ausência de oxigênio para determinação das condições ótimas de crescimento do microrganismo, sendo também essencial a busca por outros microrganismos capazes de degradar de forma mais eficaz tais corantes com maior eficiência, menor tempo e custo.15 REFERÊNCIAS BANAT, I. M.; NIGAM, P.; SINGT, D.; MERCHANT, R. Microbial Descolorization of Textile-dye containning Effluents: a review: Bioresource Technology, Oxford, volt. 58, p.217-227. 1996. CHEN, B. Y.; CHANG.J. S.; BASU, J. K.; DASGUPTA, S. Treatment of a textile effluent: application of a combination method involving and nanofiltration. Desalination, Amsterdam, v. 174, p.73-85, 2005. DE MOURA, Guilherme Fier et al. Seleção de Endofíticos com Potencial Biotecnológico na Biorremediação de Corante Têxtil. VIEIRA, Felipe Dias Pacheco. Descoloração e degradação de corantes têxteis por cianobactérias. 2007. SOLÍS, Myrna et al. Microbial decolouration of azo dyes: a review. Process Biochemistry, v. 47, n. 12, p. 1723-1748, 2012.
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