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UNIVERSIDADE ANHANGUERA –UNIDERP
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II
ALCOOLISMO E JUVENTUDE: limites e possibilidades de atuação do assistente social no combate ao consumo excessivo de álcool pelos jovens de Grajaú-MA
	
 
	
	Ana Paula das Neves Sousa
	RA:409375 
	Berlandia Martins dos Santos
	RA:409407
	Denise Lima Cardoso
	RA:409479
	Jéssica Rêgo Martins
Poliana Martins dos Santos
	RA:409596
RA:409722
Orientadora: Ana Clélia Torres Moura
	Grajaú, Novembro de 2016	
ALCOOLISMO E JUVENTUDE: limites e possibilidades de atuação do assistente social no combate ao consumo excessivo de álcool pelos jovens de Grajaú – MA
Ana Paula das Neves Sousa [1: Graduanda do curso de serviço social pela Universidade Anhanguera- Uniderp, pólo Grajaú-MA. E-mail: anna_paulasousa@hotmail.com]
Berlandia Martins dos Santos [2: Graduanda do curso de serviço social pela Universidade Anhanguera- Uniderp, pólo Grajaú-MA. E-mail: ]
Denise Lima Cardoso [3: Graduanda do curso de serviço social pela Universidade Anhanguera- Uniderp, pólo Grajaú-MA. E-mail: denise17j@hotmail.com]
Jéssica Rêgo Martins[4: Graduanda do curso de serviço social pela Universidade Anhanguera- Uniderp, pólo Grajaú-MA. E-mail: jessicaregojmartins@gmail.com5 Graduanda do curso de serviço social pela Universidade Anhanguera- Uniderp, pólo Grajaú-MA. E-mail: poli.martins@live.com]
Poliana Martins dos Santos [5: ]
RESUMO
O presente artigo teve como objetivo geral destacar o papel do assistente social no combate ao alcoolismo entre os jovens e para tal foi desenvolvido um estudo bibliográfico associado a uma pesquisa de campo a qual se deu durante o estágio supervisionado do curso de serviço social. Mediante os resultados obtidos percebeu-se que os jovens não tem uma noção ampla dos perigos relacionados ao consumo excessivo de álcool e o fazem nas mais diferentes situações, sejam em face de acontecimentos negativos seja para comemorar algo que vai de acordo com aquilo o que deseja. Assim, o assistente social assume importante papel neste contexto, visto que é ele o responsável por montar uma rede de proteção suficientemente envolvente que garanta ao jovem permanecer longe de certas situações de risco.
	
Palavras Chaves: Alcoolismo. Adolescência. Assistência Social
ABSTRACT
The present article had as general objective to highlight the role of the social worker in the fight against alcoholism among the youngsters and for this a bibliographic study was developed associated to a field research that occurred during the supervised stage of the social service course. Through the results obtained it was noticed that the young people do not have a broad notion of the dangers related to the excessive consumption of alcohol and they do it in the most different situations, either in the face of negative events or to celebrate something that goes according to what they want . Thus, the social worker assumes an important role in this context, since he is responsible for setting up a network of protection that is sufficiently involving the youth to stay away from certain risk situations.
Keywords: Alcoholism. Adolescence. Social assistance
1 INTRODUÇÃO
A fase da adolescência é permeada por inúmeros conflitos comuns nesse período de passagem da infância para a fase adulta. Tais conflitos são tantos que acabam desencadeando os sentimentos de incompreensão, revolta e não aceitação de regras em conjunto com a necessidade de se auto afirmar e diante disso, é bem comum que nessa fase os adolescentes passem a consumir álcool, principalmente pelo fato de esta ser uma droga lícita e de fácil acesso.
Aliado a este cenário, tem- se o fato de que nos lares brasileiros, os jovens crescem vendo familiares e amigos consumirem bebidas alcoólicas nas mais variadas situações, seja para comemorar uma conquista de algo que se almeja ou para tentar escapar de uma situação negativa. 
Diante disso, para o jovem, ingerir bebida alcoólica parece estar associado com status, suposto amadurecimento e possibilidade de mais relações pessoais e afetivas. Por essas razões, é preciso apostar fortemente na prevenção do alcoolismo desde a infância, esclarecendo aos jovens o risco de marginalização social a que estão sujeitos mediante o consumo desregrado de substâncias alcoólicas e todos os aspectos negativos relacionados a esta prática. 
Neste cenário, tem-se a seguinte problemática a ser investigada: Qual o papel do assistente social diante dos recorrentes casos de alcoolismo por parte dos adolescentes na cidade de Grajaú-MA?
Para responder a este problema, objetivou-se de modo geral destacar o papel do assistente social no combate ao alcoolismo entre os jovens e de modo mais específico compreender a importância de uma relação afetiva positiva nos grupos familiares e sociais para o afastamento do risco do alcoolismo; verificar de que forma o assistente social atual diretamente na prevenção do alcoolismo entre os jovens e elencar os aspectos positivos observados mediante as ações do assistente social no combate ao álcool.
Este trabalho assume importância por tratar de um tema bastante delicado e que vem crescendo nos últimos anos, mostrando o panorama atual da questão do alcoolismo entre os jovens, o que pode suscitar uma maior reflexão no sentido de minimizar os alarmantes dados neste sentido.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A adolescência
A fase da adolescência é tida como um marco crucial na vida do ser humano, visto que se configura como uma espécie de linha divisória que separa a fase infantil da vida adulta. Esta fase é permeada por uma profunda insegurança, pois apesar de ser algo almejado quando se é criança, a adolescência traz consigo diversos conflitos internos por ser marcada por inúmeras transformações que de acordo com Roos (2002) são perturbadoras, porém, necessárias a fim de que o adolescente estabeleça a própria identidade.
Dentre os principais conflitos que o adolescente vivencia em seu processo de maturidade e preparo à vida adulta, destaca-se o rompimento de laços emocionais seja com amigos ou mais comumente com a própria família, a descoberta da sexualidade, a vontade de vivenciar a liberdade em seu sentido mais amplo, o que por outro lado é acompanhado por um sentimento de fragilidade diante das responsabilidades que a vida lhe aponta o que pode ocasionar constantes confrontos com aqueles que o cercam.
Destaca-se, porém, que este período pode ser vivenciado com menor ou maior risco de envolvimento com fatores negativos, tais como a violência, uso de drogas e problemas afins, dependendo das condições ambientais, familiares e sociais a que o indivíduo está exposto.
Em decorrência de tais desequilíbrios e instabilidades é bastante comum que o adolescente se recolha ao “seu universo particular”, na tentativa de se proteger diante das situações e acaba por se refugiar em grupos de colegas da mesma faixa etária e que vive a mesmas incertezas eu ele.
Não há uma definição exata acerca do período exato que dura a adolescência, visto que cada indivíduo vive esta fase de modo bastante particular o que pode prolonga-la ou não. O fato é que o período de maio conflito, de acordo com Souza (2002) se dá por volta dos 18 anos que é quando o jovem apresenta comportamentos típicos da adolescência tais como a necessidade de experimentar coisas novas e potencialmente perigosas, entre elas o álcool e outras drogas.
Laranjeira e Pinsky (2001) complementam esta ideia afirmando que essa atração por experiências novas por parte do jovem, ocorre em decorrência da pouca capacidade que o mesmo possui de enfrentar situações de estresse, de ser contrariado e fatores relacionados a estes, o que acaba tornando o adolescente mais suscetível em relação às drogas, conforme dito antes, especialmente o álcool por este reunir características tais como o fato deser considerada uma droga lícita, de baixo custo e fácil acesso.
2.2 O consumo do álcool 
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas é tido como um grave problema de saúde pública. Este fato por ser decorrente do estilo de vida da atualidade, o qual é marcado por altos níveis de estresse, de ansiedade, autoestima reduzida, depressão, problemas amorosos ou financeiros, dentre outros ( SOUZA, 2002).
Em estudo realizado por Roos (2002) constatou-se que existe um alto consumo de bebidas alcoólicas entre a população adulta de modo geral, mas que, contudo, o problema é ainda mais preocupante entre os jovens visto que começam a beber cada vez mais cedo e em quantidade cada vez maiores, o que leva a um comprometimento físico e mental dos mesmos.
 A problemática do álcool não é um assunto recente, visto que ao longo da história as pessoas geralmente fazem uso de substâncias que alteram o comportamento, pensamentos e emoções, porém, o que gera forte preocupação é o potencial entorpecente das mesmas que é cada vez maior e quase sempre se inicia a partir do consumo do álcool (MENEGHETTI, 2004).
Outro aspecto que merece destaque aqui é o fato de que a discussão acerca do consumo de álcool entre os adolescentes no Brasil é um tema controverso, visto que ao passo que a legislação vigente, por meio da Lei 9.294, proíbe veementemente a venda de bebidas alcoólicas para menores de idade, esses mesmos adolescentes têm livre acesso ao consumo de álcool no ambiente familiar nas diversas situações.
De modo semelhante, Martinelli (2004) revela em seu estudo que diversos fatores contribuem para que um adolescente apresente tendência a se juntar àqueles que bebem, sendo os pais fundamentais neste aspecto, pois a partir do momento em na vida social dos pais o álcool se encontra muito presente, inevitavelmente esta prática vai ser assumida naturalmente pelos filhos.
Em resumo, a sociedade de maneira generalizada condena o consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens, porém cai em contradição ao veicular propagandas alusivas e mesmo estimulantes neste sentido, os pais dizem não aceitar que os filhos se envolvam com o álcool precocemente, mas no entanto levam os jovens consigo para os bares onde os mesmos passam a ver que aquela prática é algo comum seja para atenuar a tristeza em face de algum problema ou para comemorar algo que se almejou que acontecesse.
2.3 Os efeitos psicossociais do alcoolismo na adolescência 
Até bem pouco tempo atrás, acreditava-se que o alcoólatra era indivíduo viciado, desencorajado de promover uma mudança em sua condição e por isso tratado com desprezo. Ao longo do tempo, com base em inúmeras de pesquisas a esse respeito, comprovou-se que o alcoólatra é um indivíduo doente, e também confirmou- se que as classes sociais atingidas pelo alcoolismo são as mais diversas. 
De acordo com Alonso-Fernandez (1991) os alcoolistas apresentam traços bastante característicos tais como a vivência da solidão, uma certa desesperança diante da vida e a falta de perspectiva para o futuro, algo extremamente lamentável se pensarmos isto no contexto da adolescência que é uma fase que inspira vivacidade de um modo geral. 
No que diz respeito à experiência com a solidão, Alonso-Fernandez alerta para a condição de isolamento do adolescente em face do consumo do álcool que passa a ser extremamente resistente a toda e qualquer manifestação de carinho, visto que percebe os outros como uma ameaça por sempre lhes repreender quanto ao uso do álcool.
Esse processo gera um conjunto de reações emocionais bastante complexos que faz com que o jovem alcoolista se sinta inferiorizado física, psicológica e intelectualmente falando, passando a nutrir um comportamento violento, desinteressado perante à vida, especialmente em relação aos estudos, e passe a ter uma rotina completamente desregrada.
 Percebe-se ainda um estado de tédio o qual se dá pela ausência de tolerância às frustrações, remetendo o sujeito ao mecanismo de repressão como forma de defesa por não suportar as tensões emocionais produzidas pela pressão das próprias necessidades individuais ( ARANTES, 2003).
O jovem alcoolista passa, então, a viver de maneira passiva sem nenhuma perspectiva que o direcione a um futuro, a um sonho de prosperidade, sujeitando-se à neutralidade e se aprisionando ao estado de desesperança-desengano puro que, em alguns casos, pode até culminar em atos suicidas propositais ou eventuais como é o caso dos acidentes de transito ocasionados por embriaguez ao volante.
 Laranjeira (2001), enfatiza que na vida do adolescente alcoolista é comum o estreitamento da sociabilidade e o enfraquecimento dos relacionamentos interpessoais. O autor acredita que a fragilidade dos vínculos sociais se origina principalmente das circunstâncias sociais em que esses vínculos se formam e se mantêm. 
Souza (2002) considera a questão da vida do alcoolista como uma estrutura social em que a não socialização ocorre em face da falta de capacidade do sujeito para competir na sociedade em função de repetidos fracassos no mundo social, por sua conduta de desvio e por não ter conseguido agir de maneira sábia diante da liberdade que a adolescência lhe proporcionou.
Neste aspecto, cabe citar a importância do fortalecimento dos vínculos familiares a fim de fornecer ao jovem a ideia de “pertencimento/acolhimento” pois quanto mais envolvido o mesmo estiver no núcleo familiar e fraterno, desde que não haja relação direta com o consumo de álcool como atividade de lazer como citado no tópico anterior, mais fácil será a reabilitação do jovem alcoolista.
2.4 O papel do assistente social no contexto do alcoolismo
O Serviço Social caracteriza-se como uma profissão interventiva dentro da realidade humana e social. O Assistente Social é o profissional que tem em mente o bem-estar coletivo e a integração do indivíduo na sociedade e deste modo, de acordo com Martinelli (2004) o atendimento ao dependente alcoólico se dá geralmente em grupo a fim de que todos socializem seus problemas, medos e angústias, ampliando assim seus conhecimentos sobre o alcoolismo, criando um espaço terapêutico que possibilite a reflexão da situação enfrentada o que facilitará a mudança de comportamento. 
O Assistente Social pode atuar como um norteador no que tange às questões de reintegração do indivíduo alcoolista na sociedade, podendo inclusive atuar em âmbito familiar a fim de orientar os demais participantes dessa comunidade a entenderem o problema aproximando-os do dependente, visto que na maioria das vezes este é rejeitado pela própria família, pelo fato de ser visto como um estorvo incapaz de se reabilitar, ou ainda como um irresponsável que não quer assumir responsabilidades perante a vida.
Neste contexto, cabem ao Assistente Social a orientação e o encaminhamento do dependente a um núcleo de tratamento, sempre relacionando o tratamento com o apoio familiar, o qual é imprescindível para o sucesso de qualquer ação empreendida neste sentido (ROOS, 2002). 
A motivação do Assistente Social quando trabalha com o dependente alcoólico é a sua reinserção e seu reajuste na sociedade, não restringindo o seu trabalho apenas a orientação ao tratamento, mas também posterior a isso, como é o caso do auxílio ao ex-dependente, especialmente ao jovem, à procura de emprego, cursos e outras formas de inserção na comunidade que este participa.
Em cada acompanhamento feito pelo Assistente Social, é adotada uma técnica adequada para o cada caso que se apresenta, onde o profissional colhe dados e informações necessárias para um melhor atendimento e /ou percepção das necessidades a serem trabalhadas com o indivíduo e seus familiares, a nível de orientação sobre as formas de aceitação e como conviver com uma nova realidade em função do problema enfrentado (VASCONCELOS, 2006). 
Para que essa diretriz possa ser atingida é necessário que o Assistente Social acompanhe a evolução do paciente, realizando consulta social para dar encaminhamento às situações detectadas, esperando contar com o apoio da equipemultidisciplinar. 
Em contato direto com os familiares, o profissional de Serviço Social toma conhecimento das suas inquietações e receios em relação ao indivíduo acompanhado e este por sua vez tem que adquirir subsídios para, a partir daí, mediar a relação paciente e família, a fim de evitar a rejeição familiar, para que suas intervenções se efetivem em qualidade de vida para cada um que depende de suas ações assistenciais, algo que sem dúvida, reveste esta profissão de grande sentido no contexto gera
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O artigo foi desenvolvido por meio de uma revisão bibliográfica a qual foi feita por meio do conteúdo de livros, documentos e material eletrônico disponível em sites acadêmicos, tais como SCIELO e afins, associado a uma pesquisa de campo realizada em um bairro periférico do município de Grajaú-MA.
A pesquisa bibliográfica em meio eletrônico foi orientada pelas palavras-chave: adolescência, serviço social e alcoolismo em todas as fontes e índices de língua portuguesa nos últimos cinco anos, buscando-se assim captar o maior número de artigos publicados no período proposto que abordassem o tema alvo desta pesquisa. 
Em seguida foi feita a elaboração de instrumentos que organizem adequadamente a extração das informações dos estudos selecionados no intuito de facilitar a análise e avaliar adequadamente o nível das evidências pesquisadas na amostra selecionada a fim de determinar a confiança dos resultados e fortalecer as conclusões sobre o estado atual do tema investigado (MENDES; SILVEIRA E GALVÃO, 2008).
Em um primeiro momento, após a seleção dos documentos que compuseram o estudo, foi feita uma lista do material captado seguida do fichamento do mesmo. Com base na referida lista e fichamento, foi elaborado um quadro contendo informações pertinentes à análise a qual se pretendia fazer e em seguida passou-se à descrição das informações que é o que se apresenta no tópico posterior.
Quanto à pesquisa de campo, a mesma foi realizada através de uma entrevista informal com a assistente social do bairro alvo da pesquisa e 30 jovens que residam ali, de modo que tudo o que foi coletado está incorporado ao texto contido nos resultados deste trabalho, sem, contudo, apresentar as falas dos entrevistados, visto que foi realizada de maneira informal.
Após tratamento dos dados, os mesmos foram analisados e transcritos e em seguida discutidos com base nas afirmações dos autores sobre o tema.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Mediante a leitura dos artigos selecionados para compor este trabalho, bem como no desenvolvimento da ação promovida durante o período de estágio junto à equipe de Assistência Social do Bairro Expoagra, no município de Grajaú-MA foi possível perceber que as contribuições do Assistente Social do alcoolismo entre os adolescentes são demonstradas através de sua competência em realizar análises abrangentes da realidade, além de possuírem o devido conhecimento referente a todos os aspectos que permeiam essa grande problemática do nosso cotidiano.
Os achados revelam ainda que o olhar crítico e interventivo do Assistente Social provoca a busca por uma compreensão maior do contexto que se apresenta e que nem sempre é percebido logo de início.
Mediante o encontro com os jovens proporcionado pelo período de estágio foi possível constatar que conforme citado por diversos autores como Iamamoto e Guizard, existem características e fragilidades envolvidas no processo de envolvimento do jovem com o álcool que somente são percebidas ao passo que o profissional de Assistência Social se propõe a desvendar olhares, decifrar comportamentos, investigar contextos sociais, enfim, características que não são reveladas verbalmente mas que precisam ser notadas a fim de que as ações empreendidas junto aos adolescentes produzam o efeito desejado.
Percebeu-se ainda que, infelizmente, a maioria dos jovens não tem a real noção do risco a que estão expostos pelo consumo do álcool e veem esta prática como algo normal, de maneira tal que se acaso se comportarem diferente podem sofrer rejeição por parte dos colegas, ou seja, desejam estar no mesmo patamar que os demais como se consumir álcool fosse uma forma de estar inserido em determinado meio social.
Muitos jovens da comunidade pesquisada não tem sequer o conhecimento de seus direitos sociais, a exemplo de um lazer considerado “sadio” e na maioria das vezes nem chegam a usufruir deles, sendo importante mencionar que o Assistente Social também é o responsável por apontar quais os caminhos a seguir, visto que conforme afirma Oliveira (2008) este profissional detém o conhecimento das possibilidades jurídicas e da rede de proteção de direitos sociais o que permite que o mesmo desempenhe um papel de agente transformador no que diz respeito à defesa de direitos da criança e do adolescente, os mantendo afastados de problemas como o álcool, algo que infelizmente não é fácil.
A leitura de alguns artigos e a observação prática revelam ainda uma limitação do controle dos pais perante os filhos, visto que muitos deles não reconhecem nos pais a autoridade que deveriam, o que pode ser em decorrência de diversos aspectos, como a ausência de diálogo ou mesmo à falta de uma conduta positiva como exemplo, visto que muitos pais aconselham os filhos a não fazerem algo sendo que eles mesmos o fazem.
Outro aspecto que merece atenção é o campo das informações prestadas aos jovens no que diz respeito ao consumo excessivo de álcool, fato este destacado aqui, porque se percebe que na maioria das vezes, o único profissional que se esforça para se aproximar da realidade dos jovens a ponto de ser compreendido de fato, é o Assistente Social, quando na verdade isso deveria ser um esforço conjunto da equipe multidisciplinar, dos pais, pois significa criar laços que possibilitam dividir experiências e contribuir efetivamente na vida das pessoas.
Acerca deste aspecto, Duavy et al (2007) menciona que no universo assistencial há carência de profissionais que queiram “mergulhar no universo do outro”, o que faz da Assistência Social algo ímpar e imprescindível no contexto do alcoolismo na adolescência, visto que esta profissão se interessa não somente por fatores externos, ou seja, pura e simplesmente pelo fato de um adolescente ser alcoolista, mas também por fatores internos envolvidos em determinada situação, ou seja, busca saber o que desencadeou o processo do alcoolismo na situação, visto que o Assistente Social compreende que o mundo social reflete o mundo individual e vice-versa.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A questão social do adolescente é uma das áreas que mais provoca discussões acerca da busca de meios que possibilitem uma melhor qualidade de vida a esse público, seja por meio de ações preventivas ou mesmo de reabilitação como nos casos de alcoolismo exacerbado.
Atualmente é possível falar que existe um esforço para se dar uma resposta satisfatória para a manutenção, aumento e garantia da qualidade de vida dos jovens, porém, apesar das inúmeras mudanças implementadas com vistas a isso, ainda há muito a ser trabalhado nesse aspecto, pois é clara a discrepância existente entre aquilo que deveria ser e o que de fato é constatado.
Sabe-se que a questão do alcoolismo na adolescência está diretamente relacionado às condições e qualidade de vida dos jovens no que diz respeito à realidade a que estão expostos e assim, a qualidade de vida passa a ter um significado mais amplo, subjetivo e dependente de vários aspectos, e um deles é o fato de conhecer seus próprios direitos e limites, sendo necessário exercer com sabedoria a sua própria liberdade.
Sugere-se, portanto, que na implementação de ações que objetivem minimizar os alarmantes casos de alcoolismo estre os adolescentes, que sejam considerados os anseios e as diferenças de cada um e que a educação em saúde se mantenha cada vez mais presente neste contexto, valorizando não somente o que se apresenta claramente, mas também desvendando algo que esteja em oculto, mas que possa colaborar paraum entendimento global das condições que levam o jovem a recorrer ao álcool com frequência.
Assim, através de ações tanto coletivas quanto individualizadas, será possível garantir a melhoria da qualidade de vida dos jovens afastando-os da vulnerabilidade de consumo do álcool, promovendo ao mesmo o acesso a direitos básicos e igualdade em termos gerais, uma luta árdua travada pelos Assistentes Sociais.
REFERÊNCIAS
ALONSO-FERNÁNDEZ, F. A personalidade prealcoolica. São Paulo: Artes Médicas,1991
ARANTES, Valéria Amorim. et al. Afetividade: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 2003.
DICIONÁRIO AURÉLIO. Novo dicionário da língua portuguesa. Editora Nova Fronteira. 1 cd-rom. 2010.
DUAVY, L. M. et al. A percepção da mulher sobre o exame preventivo do câncer cérvico-uterino: estudo de caso. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3,maio/jun. 2007.
IAMAMOTO, M. V.; Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica, 19 ed. São Paulo: Cortez , [Lima, Peru]: CELATS p. 2005
 LARANJEIRA, R.; PINSKY, I. Conhecer e enfrentar: Alcoolismo. 7.ed. São Paulo: Contexto, 2001.
MARTINELLE, Maria Lúcia. Serviço Social: Identidade e Alienação,16ª Edição, Editora Cortez, 2004
MENEGHETTI, Antonio. Nota sobre “afetividade e adolescência”. 3ª ed. Recanto Maestro, 2004. 
OLIVEIRA, M.T. O exercício profissional do assistente social na saúde: algumas reflexões éticas. Revista Serviço Social & Saúde, ano VI, n. 6 , p. 21-34. 2008 
ROSS, Kathleen. Alcoolismo como lidar com o problema. São Paulo: Connection Books, 2002.
 SOUZA, Sérgio. A pessoa que você ama bebe demais. Petrópolis – SP: Editora Voz, 2002.
VASCONCELOS, M. A. A prática do Serviço Social – Cotidiano, formação e alternativas na área da saúde. São Paulo: Cortez, 5ª ed., 2006

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