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ÉTICA E LEGISLAÇÃO ESTUDO COM ANIMAIS

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Ética, bem estar e legislação na 
experimentação animal 
Princípios éticos e políticos 
UTILIZAÇÃO DE ANIMAIS EM 
PESQUISA EXPERIMENTAL. 
ASPECTOS TÉCNICOS 
adequação dos modelos 
 animais às metodologias 
utilizadas 
benefícios decorrentes da utilização 
de modelos animais específicos em 
 relação ao estudo de determinadas 
 doenças humanas 
QUESTIONAMENTOS 
ASPECTOS ÉTICOS 
 
ASPECTOS POLÍTICOS 
 
homens e os animais 
a regulamentação de 
 leis que dizem respeito também 
à experimentação animal. 
 
MORALIDADE REGULAMENTAÇÃO 
Uso de animais em modelos 
experimentais 
Ciência Experimental 1620 – FRANCIS BACON 
Avanço fundamentais sobre biologia dos mamíferos Experimentos com animais 
Modelo experimental 
Representação de uma realidade 
 específica, passível de ser manipulada, 
 inferindo dados e testando hipóteses 
Teoria da Evolução: possibilidade da transferência 
 de um modelo para outro 
Darwin 
Princípios da discussão 
X 
• Michel Montaigne (1533-1595)  semelhança 
homens X animais (não supremacia do homem) 
 
 
• Importância: 
 
• Cientistas que estudam as reações dos animais 
reconhecem que eles possuem consciência e 
memória e são capazes de sofrer, sentir dor, ter 
medo e lutar tenazmente pela vida. 
 
• Necessidade do modelo animal  evitar 
experimentos em humanos 
Debates éticos 
Pensam Sentem 
Debates éticos 
• Importante papel do homem na filosofia moral; 
 
• “Ser ético é adotar, na prática, padrões de condutas 
fundamentados em opções morais feitas a luz de critérios 
racionais, por plena consciência e liberdade, e por cujas 
consequências se assume a responsabilidade.” 
 
• Radicalismo: supervaloriza ou desvaloriza 
 
• Proibição total de experimentos com animais tiraria a esperança de 
muitas pessoas que esperam pela cura e alívio de suas doenças. 
Tirar a esperança dessas pessoas acarreta granda carga de 
responsabilidade e quem o faz deve responder por isso. 
 
• Ponderação e bom senso 
Bem-estar Animal 
• Surge a partir dos problemas éticos; 
• Diferentes parâmetros entre os estudiosos; 
• Deve abranger todo ambiente artificial, critérios 
zoopatológicos, zootecnicos, fisiológicos e 
comportamentais; 
• Estudos com animais são inevitáveis porem: 
▫ ↓ número de animais 
▫ Substitui-los quando possível 
O conceito dos “3Rs” 
• Russel & Burch (1959)  The Principles of Humane 
Experimental Technique: 
 
• Refinar (Refinement) protocolos e procedimentos para 
minimizar dor e estresse  Bem-estar do animal; 
1. Tipos de estudo:estudos estressantes (dor como objeto de estudo) 
 estudos neutros (controle de condições adversas) 
2. Tópicos possíveis de intervir: 
 Procedimentos experimentais 
 Educação e treinamento 
 Enriquecimento ambiental 
 Eutanásia 
O conceito dos “3Rs” 
• Reduzir (Reduction) o número de animais usados em 
experimentos até um número consistente com a 
obtenção dos objetivos do estudo; 
1. Tratamentos estatísticos 
2. Escolha da espécie ou linhagem 
3. Uso compartilhado de animais 
4. Estratégia de pesquisa (plano piloto ou testes in vitro) 
• Substituir (Replacement) experimentos com animais 
por outros tipos de estudos, quando os objetivos 
científicos puderem ser alcançados sem a sua 
utilização; 
1. Substituição direta ou indireta; 
2. Substituição total ou parcial. 
 
Métodos alternativos na 
experimentação animal 
• Indica inovação ou mesmo substituição de métodos convencionais 
até então considerados práticas rotineiras. 
 
• Métodos alternativo: 
Técnicas in vitro; 
Alternativas computadorizadas; 
Orgãos de animais mortos (estudo de anatomia); 
 
• Problema: grande variabilidade dos testes in vivo e o medo de testes 
alternativos não sejam capazes de reproduzi-los 
Origem dos Comitês de Ética 
DECADA 1970 
 
 
estabelecimento de padrões bioéticos 
internacionais comuns. 
 
 
DECADA 1990 
A comunidade científica demonstrou e iniciou a adoção de padrões 
 para o tratamento destinados à experimentação científica. 
Estabelecimento dos Comitês de ética 
Padronizar e Inspecionar a 
Experimentação animal 
Muitas experiências têm ocorrido com animais de forma claramente mal planejada e 
mal conduzida, portanto, existe um grau variado de conhecimento, ética, coragem e 
vontade entre a comunidade científica. 
1991 –COBEA - 
Princípios éticos envolvendo animais 
1. Respeito ao animal; 
2. Sensibilidade do animal = homem (dor, memória, angustia e 
instinto de sobrevivência); 
3. Experimentador escolha melhor método de experimentação 
4. Avaliar a importância do estudo; 
5. Usar apenas animais em bom estado de saúde; 
6. Considerar métodos alternativos; 
7. Prevenir dor e angústia do animal; 
8. Assegurar sedação, anestesia, analgesia durante procedimentos 
dolorosos; 
9. Se dor e angústia intensa  sacrifício imediato; 
10. Alojamentos com condições de conforto e qualidade; 
11. Assistência profissional para atividades de transporte, 
acomodação, alimentação e atendimento de animais destinados a 
pesquisa; 
12. Capacitação de funcionários e pesquisadores no trato humanitário 
dos animais; 
 
• 2007 - Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (atual 
Sociedade Brasileira da Ciência de animais de Laboratório- SBCAL) 
– iniciou o cadastramento de instituições, biotérios e CEUA; 
• 2008 – Conselho Federal de Medicina Veterinária publica a 
Resolução 879 – visando o cadastramento dos CEUAs em 
instituições de ensino e pesquisa; 
• 2008 – Lei Federal 11.794 determina a manutenção e fiscalização de 
um cadastro nacional dos CEUAs; 
 
FUNÇÃO DOS CEUAs 
• Julgar o uso de animais em ensino e pesquisas experimentais. Uma 
comissão decide se o sofrimento causado aos animais pode ser 
justificado pelas contribuições do trabalho. 
 
 
 
Comitês de Ética no Uso de 
Animais 
Histórico na Regulamentação de 
Experimentos com animais 
• 1822  primeira lei contra crueldade com animais 
(Martin) 
• 1876  lei Britsh Cruelty to Animals Act 
• 1926  Hume funda a University of London Animal 
Welfare (atual UFAW) 
• 1986  nova lei Animal (Scientific Procedures) Act 
• Outros países da Europa foram criando suas leis 
• 1963  Guide for Laboratory Animal Facilities and 
Care 
• 1934  Brasil: decreto de Lei 24.645 (penalidades contra 
atos de crueldade com animais 
 
Legislação brasileira 
 Decreto Federal nº 24.645, de 1934 
 
 multas e detenção aos que praticassem atos de abuso ou crueldade em 
qualquer animal, reconhecendo timidamente as práticas efetuadas com 
interesse científico. 
 
Estabelece Medidas de Proteção aos Animais 
Art. 1º - Todos os animais existentes no País são tutelados do Estado. 
Art. 2º - Aquele que em lugar público ou privado, aplicar ou fizer maus 
tratos aos animais, incorrerá em multa e na pena de prisão celular de 2 a 
15 dias. 
 
 
Art. 3º - Consideram-se maus tratos: 
 
I - praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer animal; 
II - manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a 
respiração, o movimento ou o descanso, ou os privem de ar ou luz; 
III - obrigar animais a trabalhos excessivos ou superiores às suas forças e a 
todo ato que resulte em sofrimento para deles obter esforços que, 
razoavelmente, não se lhes possam exigir senão com castigo; 
IV - golpear, ferir ou mutilar, voluntariamente, qualquer órgão ou tecido de 
economia (exceto a castração); 
V - abandonar animal doente, ferido, extenuado ou mutilado, bem como 
deixar de ministrar-lhe tudo que humanitariamente se lhe possa prover, 
inclusive assistência veterinária;VI - não dar morte rápida, livre de sofrimento prolongados, a todo animal cujo 
extermínio seja necessário para consumo ou não; 
VII - abater para o consumo ou fazer trabalhar os animais em período 
adiantado de gestação; 
VIII - atrelar, no mesmo veículo, instrumento agrícola ou industrial, bovinos 
com eqüinos, sendo somente permitido o trabalho em conjunto a animais da 
mesma espécie; 
 
 
 Lei Federal nº 6.638, de 1979 
 
 voltou à questão do uso de animais em pesquisa e estabeleceu normas para 
a prática didático-científica da vivissecção de animais. 
 
• A lei permitiu a prática de vivissecção em todo o território nacional, 
• estabeleceu critérios para sua execução, 
• pontificou a necessidade de registro dos biotérios e centros de pesquisa 
• uso obrigatório de anestésicos durante os procedimentos. 
 
 No entanto, a lei não foi regulamentada e, dessa forma, não pode ser aplicada. 
 
 
Legislação brasileira 
• Em 1991 Princípios éticos do COBEA 
 
• Em 1995 Projeto de Lei conhecido como Lei Arouca; 
 
• Em 1997 um projeto de lei prevê a criação do Conselho 
Nacional de Experimentação Animal (CONCEA) e exige, 
como condição indispensável para o credenciamento das 
instituições, a constituição prévia de Comissões de Ética 
no Uso de Animais (CEUA). 
 
• Em 2003 foi aprovado um novo projeto de lei, com 
restrições pela Comissão de Defesa do Consumidor, 
Meio Ambiente e Minorias, tendo sido recomendado o 
aperfeiçoamento das proposições, a fim de incorporar 
padrões internacionais de respeito aos animais. 
 
 
 
 
Lei 11794/08 | Lei nº 11.794, de 8 de outubro de 
2008 
 
• A criação e a utilização de animais em atividades de ensino e 
pesquisa científica, em todo o território nacional, obedece aos 
critérios estabelecidos nesta Lei. 
• Pontos importantes: 
1. Restringe o uso de animais de laboratório à: 
1. estabelecimentos de ensino superior 
2. estabelecimentos de educação profissional técnica de nível médio 
da área biomédica 
2. Pesquisa científica: relacionadas com ciência básica, ciência 
aplicada, desenvolvimento tecnológico, produção e controle 
da qualidade de drogas, medicamentos, alimentos, 
imunobiológicos, instrumentos, ou quaisquer outros 
testados em animais, conforme definido em regulamento 
próprio. 
3. Lei aplica-se aos animais das espécies classificadas como filo 
Chordata, subfilo Vertebrata. 
 
 
 
 
Cria o Conselho Nacional de Controle de 
Experimentação Animal (CONCEA) 
 
• Compete ao CONCEA: 
I - Formular e zelar pelo cumprimento das normas relativas à utilização 
humanitária de animais com finalidade de ensino e pesquisa científica; 
 
II - Credenciar instituições para criação ou utilização de animais em ensino e 
pesquisa científica; 
 
III - Monitorar e avaliar a introdução de técnicas alternativas que substituam 
a utilização de animais em ensino e pesquisa; 
 
IV - Estabelecer e rever as normas para uso e cuidados com animais para 
ensino e pesquisa. 
 
V - estabelecer e rever normas técnicas para instalação e funcionamento de 
centros de criação, de biotérios e de laboratórios de experimentação animal, 
bem como sobre as condições de trabalho em tais instalações; 
 
VI - estabelecer e rever, periodicamente, normas para 
credenciamento de instituições que criem ou utilizem 
animais para ensino e pesquisa; 
 
VII - manter cadastro atualizado dos procedimentos de 
ensino e pesquisa realizados ou em andamento no País, 
assim como dos pesquisadores; 
 
VIII - apreciar e decidir recursos interpostos contra 
decisões das CEUAs; 
 
IX - elaborar seu regimento interno; 
 
• O CONCEA será presidido pelo Ministro de Estado da 
Ciência e Tecnologia e integrado por um representante 
do: 
a) Ministério da Ciência e Tecnologia; 
b) Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq; 
c) Ministério da Educação; 
d) Ministério do Meio Ambiente; 
e) Ministério da Saúde; 
f) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; 
g) Conselho de Reitores das Universidades do Brasil - CRUB; 
h) Academia Brasileira de Ciências; 
i) Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência; 
j) Federação das Sociedades de Biologia Experimental; 
l) Colégio Brasileiro de Experimentação Animal; 
m) Federação Nacional da Indústria Farmacêutica; 
 n) 2 (dois) representantes das sociedades protetoras de animais 
legalmente estabelecidas no País. 
 
 
COMISSÕES DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS - 
CEUAs 
 
• É condição indispensável para o credenciamento das instituições com 
atividades de ensino ou pesquisa com animais a constituição prévia de 
Comissões de Ética no Uso de Animais - CEUAs. 
 
• As CEUAs são integradas por: 
• I - médicos veterinários e biólogos; 
• II - docentes e pesquisadores na área específica; 
• III - 1 (um) representante de sociedades protetoras de animais 
legalmente estabelecidas no País, na forma do Regulamento. 
 
 
• Compete às CEUAs: 
• I - cumprir e fazer cumprir, no âmbito de suas atribuições, o disposto nesta 
Lei; 
• II - examinar previamente os procedimentos de ensino e pesquisa a serem 
realizados na instituição à qual esteja vinculada; 
• III - manter cadastro atualizado dos procedimentos de ensino e pesquisa 
realizados, ou em andamento, na instituição, enviando cópia ao CONCEA; 
• IV - manter cadastro dos pesquisadores que realizem procedimentos de 
ensino e pesquisa, enviando cópia ao CONCEA 
• -expedir certificados que se fizerem necessários perante órgãos de 
financiamento de pesquisa, periódicos científicos ou outros; 
• VI - notificar imediatamente ao CONCEA e às autoridades sanitárias a 
ocorrência de qualquer acidente com os animais nas instituições 
credenciadas, fornecendo informações que permitam ações saneadoras. 
 O descumprimento às disposições desta Lei na execução de atividade de ensino e 
pesquisa determinará a paralisação de sua execução, até que a irregularidade seja 
sanada, sem prejuízo da aplicação de outras sanções cabíveis. 
 
Regula as condições para criação e uso de animais 
para ensino e pesquisa cientéfica 
• Restritas às instituições cadastradas no CONCEA; 
• Deve ser instituida pelo menos 1 CEUA; 
• Eutanásia de acordo com as recomendações para a 
espécia, após o final do experimento ou quando 
sofrimento intenso; 
• Se não devera ser concedida responsabilidade para 
pessoas idôneas ou entidades protetoras. 
• Fotografa, gravar ou filmar  evitar repetições 
• Número de animias e tempo do experimento  apenas o 
necessáriopara atingiro resultado 
 
Regula as condições para criação e uso de animais 
para ensino e pesquisa cientéfica 
• Dor ou angústia  sedação, anestesia ou analgesia; 
• Se objeto de estudo está relacionado a dor autorização específica 
do CEUA; 
• vedado uso de bloqueadores neuromusculares ou relaxantes 
muscular em substituição à analgésicos ou anestésicos; 
• Proibida reutilização de animais 
• Procedimentos traumáticos  um anestésico seguido de eutanásia 
(sem recobrar consciência); 
• Respeitar regulação na estrutura física de biotérios e laboratórios; 
• Restringir ou proibir dor, dependento do objetivo do estudo; 
• Toda pesquisa deverá ser supervisionada por profissional de nível 
superior vinculado à instituição credenciada no CONCEA 
 
 
Penalidades 
• Advertência 
• Multa 
• Interdição temporária 
• Suspensão de financiamentos provenientes de 
fontes oficiais; 
• Interdição definitiva 
• Se pessoa física: 
▫ Interdição definitiva da atividade regulada nesta 
Lei. 
“A não-violência leva-nos aos mais altos 
conceitos de ética, o objetivo de toda 
evolução. 
Até pararmos de prejudicar todos osoutros seres do planeta, nós 
continuaremos selvagens”. 
Thomas Edison (1847-1931)

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