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As festas religiosas

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As festas religiosas, como uma prática cultural e também como manifestação de determinada cultura, são na atualidade práticas que permanecem com a população devota, neste exemplo a festa de São Gonçalo, e que por meio da fé e conhecimentos herdados de seus antepassados perpetuam a tradição através de rituais que homenageiam o santo. Desta maneira, pretendemos apresentar um esboço inicial do festejo de São Gonçalo, festa esta realizada na Comunidade São Gonçalo Beira Rio em Cuiabá, estado de Mato Grosso. Comemorada no dia dez de janeiro e que reúne centenas de famílias. Em trabalho de campo da disciplina Geografia Cultural na localidade e por meio de entrevista com festeiros obtivemos informações sobre a festa e outras manifestações culturais presentes na comunidade. Palavras-chave: Bairro São Gonçalo Beira Rio; festa; São Gonçalo. Introdução As festas religiosas, em Mato Grosso são importantes manifestações da cultura popular e, em grande parte, estão ligadas diretamente com ao catolicismo popular e, tradicionalmente, costuma homenageá-los. No Brasil, a igreja católica possui grande influência dos povos que o colonizaram e que trouxeram também suas culturas, a exemplo do povo português que legou ao Brasil a religião católica entre outras práticas culturais. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo principal descrever, mesmo que em um esboço, a realização da festa de São Gonçalo, tradicionalmente realizada pela capela de mesmo nome e que está localizada no bairro São Gonçalo Beira Rio, fundado no século XVIII, localizado à margem esquerda do rio Cuiabá, a 11 quilômetros do centro principal de Cuiabá, próximo à barra do rio Coxipó, no Distrito do Coxipó da Ponte. Materiais e métodos O trabalho realizou-se através de levantamento bibliográfico, registros fotográficos do bairro São Gonçalo Beira Rio, pesquisa in loco, onde em visita à comunidade tivemos contato com os festeiros. Desta maneira, possibilitou a realização de uma breve entrevista por meio de “prosa”. E também, com a ajuda de um gravador e autorização dos entrevistados, podemos transcrever as entrevistas realizadas com os festeiros e contribuir com informações sobre a festa de São Gonçalo. Revisão de literatura A pesquisa in loco foi inspirada em Wagner e Mikesell (1962, p. 36), onde é relatado que “o estudo da paisagem cultural proporciona uma base para a classificação regional, possibilita uma compreensão sobre o papel do homem nas transformações geográficas e esclarece certos aspectos da cultura”. De acordo com McDowell (1995, p. 161), a “cultura é um conjunto de idéias, hábitos e crenças que dá forma ás ações das pessoas e á sua produção de artefatos materiais, incluindo a paisagem e o ambiente construído”. Tratando-se de São Gonçalo, Januário (2006, p. 177) informa que “o santo é considerado o protetor dos ossos e dos navegantes, em algumas comunidades rurais o seu culto está relacionado com a cura de inúmeras doenças e com as promessas de facilitar o casamento”. Segundo Romancini (2005), a comunidade Gonçalo Beira Rio destaca-se pela manutenção de suas atividades culturais como, por exemplo, a cerâmica artesanal e os instrumentos musicais: viola de cocho, tamborim ou mocho e o ganzá, que acompanham as danças do siriri, do cururu e de São Gonçalo. Estas manifestações revelam a influência luso-indígena que caracteriza o período da mineração em Mato Grosso e da influência paraguaia e boliviana nesta região (DIEGUES JÚNIOR, apud ROSENDAHL e CORRÊA, 2000). Resultados e Discussão Segundo informações da moradora e festeira, N. C. A., na comunidade de São Gonçalo Beira Rio o festejo de São Gonçalo é realizado no dia dez de janeiro. Os festeiros são os responsáveis pela preparação da festa e ajudam na organização e na compra dos materiais utilizados para a realização da comemoração. Em momentos próximos do festejo, os festeiros reúnem-se e distribuem as funções para a arrecadação de recursos para a realização da festa. Além da ajuda dos festeiros, há também a colaboração de outros fiéis ou devotos que contribuem com doações, como uma forma de agradecimento pelas graças alcançadas. Com o dinheiro arrecadado na festa é retirado o valor das despesas com banda, bebidas, comida e outros, e o restante é utilizado na manutenção da igreja. A festa se inicia no sábado com a concentração dos participantes na casa de um dos festeiros e procissão às oito horas da manhã em direção à igreja, onde o padre aguarda a chegada de todos para dar início à celebração da Santa Missa. Depois da missa é servido o tradicional “chá com bolo” e logo começam os preparativos para o almoço. No inicio da noite ocorre o levantamento do mastro e, logo em seguida, ao adentrar a igreja se realiza a dança de São Gonçalo. Essa dança é um bailado realizado pelos participantes dispostos em filas paralelas, separados por sexo, posicionados em frente ao altar com a imagem do santo. Os passos são geralmente para frente e para trás, e se alternam conforme a canção e a região. Essa dança é realizada frequentemente nos municípios de Cuiabá, Santo Antônio de Leverger, Rosário Oeste, Cáceres e em Diamantino. Na festa ocorrem outras danças tradicionais como o siriri. Com o término das danças tem-se por continuidade do festejo o “bailão”, e esse congrega ritmos tradicionais da música cuiabana como o “lambadão” e o “rasqueado”. No domingo se tem a continuidade da festa, em que durante a manhã ocorre um torneio de futebol que reúne a comunidade e também os preparativos para o almoço que, tradicionalmente, é à base de carne de panela acompanhada de macarrão com frango, arroz branco, feijão e salada. Em seguida, inicia-se a matinê com um grande baile que se estende ao entardecer. Considerações O festejo de São Gonçalo assim como outros festejos é uma importante manifestação cultural não só para o estado de Mato Grosso, como para o Brasil. São essas manifestações realizadas de geração em geração apresentando de certa forma uma ligação com a igreja católica e traços do período colonial. É de imenso orgulho ainda podermos encontrar essas expressões culturais nos dias atuais, e, desfrutar das comemorações que são realizadas com muita alegria e fé, pois em muitos casos vemos culturas que se extinguem por influência da modernização, pelo descaso da população que não reconhece a sua beleza, valor ou simplesmente pelo desinteresse. Há na população mais jovem o emprego do termo “brega” para manifestações culturais desta natureza, e os mesmos atribuem aos mais idosos essas práticas, sendo assim, muitas vezes os mais jovens optam por músicas divulgadas pela mídia. Entretanto, é valido ressaltar que apesar de tratar-se de uma festa tradicionalmente religiosa realizada pela igreja católica, nada impede que pessoas de outras religiões possam participar da festividade. Outro fato que cabe destaque à análise é ao segmento do poder público, o qual possui grande influência na manutenção e na gestão das culturas, por meio de investimentos necessários. Vale salientar que é dever do poder público, neste caso o municipal, apoiar e incentivar as comunidades para fortalecimento e perpetuação das tradições e costumes, em que não ocorre desta forma em função da negligência de setores do poder público, e também da iniciativa privada (patrocínios, incentivos), assim como a falta de investimentos que propiciem a continuação das práticas da cultura popular. Referências JANUÁRIO, E. R. S. As vidas do ribeirinho: história, meio ambiente e cotidiano na comunidade ribeirinha de São Gonçalo. Cuiabá/Cáceres: Ed. UNEMAT, 2006. LOUREIRO, R. Cultura Mato-grossense: festas de santos e outras tradições. Cuiabá: Entrelinhas, 2006. OLIVEIRA, G. G. G. et al. São Gonçalo. In: GRANDO, B. S. Cultura e dança em Mato Grosso: catira, curissé, folia de reis, cururu, siriri, rasqueado, dança cabocla na região de Cáceres. Cuiabá: Ed. UNEMAT, 2005, p. 51- 54. ROMANCINI, S. R. Paisagem e simbolismo no arraial pioneiro São Gonçalo em Cuiabá - MT. Espaço e Cultura. v. 19 - 20, p.79 – 85. Rio de Janeiro: UERJ/NEPEC, 2005. ROSENDAHL, Zeny; CORRÊA,Roberto L. Heterogeneidade e transformação espacial no Brasil. Espaço e Cultura. Rio de Janeiro: UERJ, RJ, n. 9 e 10, p. 57-64, jan./dez. de 2000. SANTOS, G. Cultura popular e Tradição oral na festa de São Gonçalo Beira Rio. Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura In: V ENECULT – ENCONTRO DE ESTUDOS MULTIDISCIPLINARES EM CULTURA, Bahia, 2009. WAGNER, P.

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