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CAP. 13 – A MAQUINARIA E A INDÚSTRIA MODERNA 1 DESENVOLVIMENTO DA MAQUINARIA “É duvidoso que as invenções mecânicas feitas até agora tenham aliviado a labuta diária de algum ser humano” (MILL apud MARX, 2016, p. 427). O objetivo do capital quando emprega a maquinaria é reduzir o trabalho necessário, através do barateamento das mercadorias, para aumentar o excedente, a mais-valia, e não a redução da jornada de trabalho. Diferentemente da manufatura, onde a força de trabalho era o ponto de partida da revolução do modo de produção, na indústria moderna, o instrumento de trabalho é a base da revolução do modo de produção. Com a maquinaria, os instrumentos que trabalhavam o artesão e o trabalhador manufatureiro são acoplados em um mecanismo, tornando-se instrumentos mecânicos. “A máquina-ferramenta é, portanto, um mecanismo que, ao lhe ser transmitido o movimento apropriado, realiza com suas ferramentas as mesmas operações que eram realizadas pelo trabalhador com ferramentas semelhantes” (MARX, 2016, p. 430). Isso causa uma grande modificação do processo produtivo, pois, mesmo que o homem seja o motor da máquina-ferramenta, o número de ferramentas que o homem opera sozinho é limitado pelos seus órgãos físicos. Todavia uma máquina-ferramenta opera simultaneamente um número de ferramentas imensamente maior que um trabalhador manual. Inicialmente a revolução industrial ocupa os trabalhadores com a função de força motriz das máquinas- ferramentas e com o trabalho de vigiar e corrigir os erros que a máquina pode produzir. Com o tempo, dada as imperfeições da força motriz humana torna-se necessária uma revolução das máquinas à vapor. “O aumento do tamanho da máquina-ferramenta e do número de instrumentos com que opera ao mesmo tempo exige um motor mais possante, que, para vencer a própria resistência, precisa de uma força motriz superior a força humana. Além disso, a força humana é um instrumento muito imperfeito para produzir um movimento uniforme e contínuo” (MARX, 2016, p. 432). Essas mudanças dão origem a grandes modificações técnicas na maquinaria. Forças motrizes utilizadas: trabalhadores, cavalos, hidráulica. “Só com a segunda máquina a vapor de Watt, a máquina rotativa de ação dupla, se encontrou um motor que produzia sua própria força motriz, consumindo para isso carvão e água, com potência que podia ser inteiramente controlada; um motor que poderia ser transferido de um lugar para o outro e que poderia servir de meio de locomoção, utilizável na cidade e não exclusivamente no campo como a roda hidráulica [...]” (MARX, 2016, p. 433). Esse motor independia das condições locais para seu funcionamento, podendo ser usado em diversos tipos de maquinaria. Este impulsionou a transferência das indústrias têxteis para as cidades. Um motor pode impulsionar ao mesmo tempo muitas máquinas-ferramentas. Marx distingue a cooperação de muitas máquinas e o sistema de máquinas. Na cooperação de muitas máquinas, o produto completo é feito por uma máquina que executa o mesmo trabalho de um artesão ou de uma manufatura, através da combinação de diferentes ferramentas incorporadas a esta. A fábrica que opera com o emprego dessa máquina o faz sob o regime de cooperação simples. Excluindo os trabalhadores nota-se uma aglomeração de máquinas da mesma espécie operando simultaneamente. Estas máquinas independentes entre si são impulsionadas pelo mesmo motor, recebendo seu movimento através de um mecanismo de transmissão que é, até certo ponto, comum a todas. Assim cada máquina constitui um órgão homogêneo do mesmo motor. No sistema de máquinas, cada máquina parcial fornece matéria-prima à máquina seguinte. Como todas funcionam ao mesmo tempo, assim como na manufatura, o produto encontra-se continuamente em todas as suas fases de transição, em todos os estágios de fabricação. “Quando a máquina-ferramenta, ao transformar a matéria-prima, executa sem a ajuda humana todos os movimentos necessários, precisando apenas da vigilância do homem para uma intervenção eventual, temos um sistema automático, suscetível, entretanto, de contínuos aperfeiçoamentos” (MARX, 2016, p. 437). Os hábeis trabalhadores do período manufatureiro foram imprescindíveis para a composição da base técnica da indústria moderna. Seu trabalho construiu a maquinaria que eliminou a manufatura e o artesanato dos ramos em que se instalou. Contudo, o crescimento da indústria moderna ficou limitado enquanto a produção da maquinaria dependida do trabalho manual individual ou do trabalho coletivo. Até porque essa produção era muito cara. A partir do momento em que as máquinas passam a ser produzidas por máquinas muitas limitações da produção manufatureira das máquinas-ferramentas são eliminadas e o valor da maquinaria se reduz. Os instrumentos de trabalho ao incorporarem a maquinaria aparecem em tamanhos gigantescos. A revolução no modo de produção industrial acabou se espalhando para os demais, pois se uma indústria passa a utilizar maquinaria, sua produtividade eleva-se consideravelmente, aumentando a sua demanda por insumos produtivos de outros setores, esses só serão capazes de suprir tal demanda se adotarem maquinaria em sua produção. Além disso, a revolução no modo de produção exigiu uma revolução nos meios de comunicação e transporte dado grande volume e velocidade da produção fabril, para possibilitar o escoamento da produção. A cooperação necessária a produção manufatureira também se mante presente na indústria. A maquinaria só funciona por meio de trabalho coletivo. “O caráter cooperativo do processo de trabalho torna-se uma necessidade técnica imposta pela natureza do próprio instrumental de trabalho” (MARX, 2016, p. 442). 2 O VALOR QUE A MAQUINARIA TRANSFERE AO PRODUTO “O capital faz o operário trabalhar, agora, não com a ferramenta manual, mas com a máquina que maneja os próprios instrumentos. Um primeiro exame põe em evidência que a indústria moderna deve aumentar extraordinariamente a produtividade do trabalho, ao incorporar as imensas forças naturais e a ciência ao processo de produção; o que não está claro, entretanto, é se essa elevada produtividade não se realiza à custa de maior dispêndio de trabalho” (MARX, 2016, p. 443). A máquina não cria valor, mas transfere parte de seu valor ao produto, sua depreciação diária é dividida pelo número de produtos gerados diariamente. Assim, embora ela custe muito mais caro que os instrumentos do artesanato e da manufatura, ela produz muito mais mercadorias por dia do que estes. A diferença entre a utilização da máquina e seu desgaste é muito maior do que a dos instrumentos da manufatura. Quanto maior essa diferença, quanto maior sua produtividade, maior o serviço que presta gratuitamente. “Dada a proporção em que a maquinaria transfere valor ao produto, a magnitude do valor transferido depende da magnitude do seu próprio valor. Quanto menos trabalho contiver, tanto menos valor acrescenta ao produto. Quanto menos valor transfere, tanto mais produtiva é ela e tanto mais seus serviços se aproximam dos prestado pelas forças naturais” (MARX, 2016, p. 446). A produção industrial da maquinaria reduz o seu valor permitindo aumento da produtividade, pois requer menos trabalho. Comparando o preço das mesmas mercadorias produzidas pelos ofícios ou pelas manufaturas verifica-se que o valor transferido pelo instrumental ao produto cai em valor absoluto mais cresce relativamente, pois reduz-se v mais eleva-se c. A produtividade da máquina mede-se pela proporção em que ela substitui a força de trabalho humana. Marx cita muitos exemplos de máquinas comparando sua produtividade à força de trabalho substituída por elas. “[...] o arado a vapor executa, em uma hora, ao custo de 3 pence ou ¼ de xelim, tanto trabalho quanto 66 homens, no mesmo tempo, por 15 xelins” (MARX,2016, p. 448). Ressalta, porém, que esses 15 xelins consistem no trabalho pago destes 66 homens não incluindo a mais-valia criado por eles. “Se a máquina custa tanto quanto a força de trabalho que substitui, o trabalho nela materializado será sempre menor que o trabalho vivo por ela substituído” (MARX, 2016, p. 449). Quando o preço da força de trabalho cai imensamente há possibilidade da inviabilização do uso da maquinaria. “Em velhos países civilizados, a aplicação da máquina em alguns ramos provoca tal excesso de trabalho (dedundancy of labour, diz Ricardo) em outros ramos que, nestes, a queda do salário abaixo do valor da força de trabalho impede a aplicação de máquinas, tornando-a muitas vezes impossível, supérflua, do ponto de vista do capital, cujo lucro deriva não da diminuição do trabalho empregado, mas da diminuição do trabalho pago” (MARX, 2016, p. 450). A redução do trabalho infantil foi conquistada, não só com o pleno vigor da lei fabril, mas com a utilização de máquinas para substituir os trabalhadores de tempo parcial. “Na Inglaterra, em vez de cavalos, empregam-se ainda, ocasionalmente, mulheres para sirgar os barcos nos canais, pois o trabalho necessário para produzir cavalos e máquinas é uma grandeza matemática bem definida, e o necessário para manter as mulheres da população excedente não chega a merecer consideração. Por isso, é a Inglaterra, o país das máquinas, o lugar do mundo onde mais vergonhosamente se dilapida a força humana de trabalho em tarefas miseravelmente pagas” (MARX, 2016, p. 451). 3 CONSEQUENCIAS IMEDIATAS DA PRODUÇÃO MECANIZADA SOBRE O TRABALHO São consequências da produção mecanizada sobre o trabalho: A. Apropriação pelo capital das forças de trabalho suplementares: o trabalho das mulheres e das crianças; B. Prolongamento da jornada de trabalho; C. Intensificação do trabalho. A - APROPRIAÇÃO PELO CAPITAL DAS FORÇAS DE TRABALHO SUPLEMENTARES: O TRABALHO DAS MULHERES E DAS CRIANÇAS Tornando desnecessária a força muscular a maquinaria permite o emprego de mulheres e crianças nas fábricas. Com isso reduz-se o valor da força de trabalho que, enquanto somente o homem trabalhava, constituída do valor necessário a produção e reprodução da força de trabalho do homem e de sua família. Com a introdução das mulheres e crianças no mercado, o valor da força passa a ser o valor de produção e reprodução de sua força individual, este valor ainda se reduz por não ser necessário gastos com aprendizagem de um ofício completo ou parcial. Mesmo que quatro forças, de uma família, custem mais do que uma força masculina, ainda é compensador, pois estas produzem 4 vezes mais-valia do que uma única força de trabalho. “Desse modo, a máquina, ao aumentar o campo específico de exploração do capital, o material humano, amplia, ao mesmo tempo, o grau de exploração” (MARX, 2016, p. 452). Marx descreve como o capital procurava crianças com aparência de mais de 13 anos, que conseguissem um atestado médico desta idade para trabalharem a jornada completa, e não o tempo parcial. Aborda a imensa mortalidade infantil nos distritos industriais, principalmente de crianças de menos de 1 ano, em virtude de descuido, de fome ou de envenenamento, tendo como denominador comum, as mães exploradas pelo sistema fabril. Em contraposição discute que nos distritos agrícolas em que as mulheres pouco trabalham a mortalidade infantil é menor. A ignorância dos adolescentes intensificada pela atividade no sistema fabril levou ao parlamento inglês a criar leis de ensino obrigatório para menores de 14 anos concedido pelo industrial, 3 horas por dia ou 150 horas a cada semestre (30 dias seguidos). Estes resistiram a esta lei como demonstra os relatórios dos inspetores fabris. Segundo os inspetores, era comum certificados de frequência escolar subscritos com uma cruz por professores que não sabiam escrever. Um inspetor relata que encontrou um professor que não sabia ler, mas que justificou sua posição por saber contar, coisa que as crianças não sabiam. Existiam muitos atestados de frequência escolar sem que as crianças tivessem recebido ensino algum. “[...] Numa segunda escola, a sala de aula tinha 151 pés de comprimento por 102 pés de largura e continha 75 crianças [...] Mas não é apenas nesses lugares miseráveis que as crianças recebem atestados de frequência escolar e nenhum ensino; existem muitas escolas com professores competentes, mas seus esforços se perdem diante do perturbador amontoado de meninos de todas as idades, a partir de 3 anos. Sua subsistência, miserável, depende totalmente do número dos pence recebidos do maior número possível de crianças que se consegue empilhar num quarto. Além disso, o mobiliário escolar é pobre, há falta de livros e de material de 1 4,5 metros. 2 3,05 metros. ensino e uma esfera viciada e fétida exerce efeito deprimente sobre as infelizes crianças. Estive em muitas dessas escolas e nelas vi filas inteiras de crianças que não faziam absolutamente nada, e a isto se dá o atestado de frequência escolar; e esses meninos figuram na categoria de instruídos de nossas estatísticas” (HORNER apud MARX, 2016, p. 458). Na Escócia aos industriais procuram crianças que não precisam frequentar a escola. Além disso, os capitalistas se opunham à educação dos trabalhadores pois poderiam torna-los, perigosamente, independentes. A contratação de mulheres e crianças pelo capital quebra a resistência que o trabalho masculino opunha na manufatura, rompem-se as barreiras de exploração do trabalho. B - PROLONGAMENTO DA JORNADA DE TRABALHO A maquinara é o meio mais poderoso aumentar a produtividade do trabalho. Possibilita a prorrogação da jornada de trabalho além dos limites estabelecidos pela natureza humana, pois, o movimento e atividade do instrumento de trabalho tornou-se independente do trabalhador. A máquina passa a ser alimentada por um movimento perpétuo. Como a produtividade da maquinaria está em razão inversa ao valor que ela transfere ao produto. Quanto maior o período em que ela funciona, mais produto será gerado e menor será a proporção de valor acrescida a cada mercadoria. Além do desgaste provocado pelo uso, a máquina perde valor de troca, com a redução de custo de sua produção e com o surgimento de modelos mais aprimorados, a isso Marx chama de desgaste moral. “Quanto mais curto o período em que se reproduz seu valor global, tanto menor o perigo do desgaste moral, e, quanto maior a duração da jornada de trabalho, tanto mais curto aquele período. [...] Prolongando-se a duração diária do trabalho, amplia-se a escala de produção, permanecendo invariável a parte do capital dispendida na maquinaria e construções. Aumenta, então, a mais-valia, ao mesmo tempo que diminuem os gastos necessários para obtê-la” (MARX, 2016, p. 466-463). Ao deixar a fábrica o trabalhador torna inútil um capital de alto custo, a máquina. Por isso, a resistência dos capitalistas para redução da jornada, ou pelo fim dos turnos e fixação de horário de almoço, etc. A maquinaria produz mais-valia relativa diretamente, ao depreciar a força de trabalho; indiretamente, ao baratear as mercadorias que entram na reprodução dessa força. Em suas primeiras aplicações esporádicas, aumenta a produtividade do trabalhador reduzindo o valor da mercadoria individual ante a social, capacitando o capitalista a cobrir o valor diário da força de trabalho com menor porção do valor do produto diário. Neste caso, o capitalista em lucros extraordinários em virtude do monopólio do novo modo de produção que produz com um valor unitário inferior ao social. Com a generalização do uso da máquina cai o valor social do produto da máquina. Contudo, a ampliação do trabalho excedente, com redução do necessário, provocada pela maquinariaocorre juntamente com a redução do número de trabalhadores ocupados nas fábricas. A maquinaria transforma parte do capital variável, trabalho vivo, em capital constante, que não produz mais- valia. A massa de mais-valia só pode aumentar, dada redução do capital variável, com a expansão da taxa de exploração da força de trabalho. Assim, sem saber da contradição existente na produção mecanizada, o capitalista é impelido a prolongar desumanamente a jornada de trabalho, ampliando a taxa de mais-valia, para compensar a redução do número de trabalhadores produtores dessa mais-valia desempregados pela máquina. “[...] ao recrutar para o capital camadas da classe trabalhadores que antes lhe eram inacessíveis e ao dispensar trabalhadores substituídos pelas máquinas, produz uma população trabalhadora excedente” (MARX, 2016, p. 465). Essa é o exército industrial reserva, importante para a redução do preço da força de trabalho. Cita Aristóteles e Antípatros, que sonhavam com as máquinas que libertaria os escravos e homens do trabalho excessivo. “Ah! Esses pagãos! Nada entendiam de economia política nem de cristianismo [...] não entendiam que a máquina fosse o meio mais eficiente de prolongar a jornada de trabalho. Desculpavam a escravatura de uns para assegurar o pleno desenvolvimento humano de outros. Mas pregar a escravatura das massas, para transformar alguns parvenus ou semicultos em ‘eminente industriais da fiação’, ‘grandes fabricantes de salsichas’ e ‘prestigiosos comerciantes de graxa’, era uma tarefa para a qual não possuíam a necessária ‘bossa’ cristã” (MARX, 2016, p. 466). C - INTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO O prolongamento desmedido da jornada encontrará seu fim com a legislação que limita a jornada de trabalho. A extração da mais-valia relativa se dará pelo aperfeiçoamento das máquinas para intensificar o trabalho, aumentando a produtividade deste de modo a obter em 10 horas de trabalho produção igual ou superior à obtida em 12 horas. A intensificação do trabalho inicialmente ocorreu naturalmente, pois, “A capacidade de operar da força de trabalho está na razão inversa do tempo em que opera. Por isso, dentro de certos limites, o que se perde em duração, ganha-se em eficácia” (MARX, 2016, p. 468). A redução da jornada provocou um aumento da regularidade, uniformidade, ordem, continuidade e energia do trabalho acarretando aumento da produtividade deste. “Em 11 horas, produziu-se mais do que antes em 12, em virtude, exclusivamente, do maior afinco dos trabalhadores e da maior economia de seu tempo. Enquanto recebiam a mesma retribuição e ganhavam uma hora de tempo livre, recebia o capitalista a mesma quantidade de produto e poupava os gastos de carvão, gás e outros itens durante uma hora” (MARX, 2016, p. 470). Além dessa intensificação natural, ocorreu um acréscimo na velocidade das máquinas. “As máquinas-ferramenta, com os aperfeiçoamentos, diminuem de tamanho, aumentando a velocidade e eficácia, conforme sucede com o moderno tear a vapor; ou ampliam, com seu corpo, o tamanho e o número das ferramentas com que operam, como sucede com a máquina de fiar; ou elevam a velocidade dessas ferramentas por meio de imperceptíveis alterações de pormenores [...]” (MARX, 2016, p. 470). Assim, intensifica-se o trabalho nas fábricas. Conforme relata um fabricante inglês, em 1836: “Comparado com o de antigamente, aumentou muito o trabalho que hoje se executa nas fábricas, em virtude da maior atenção e atividade exigidas do trabalhador pelo grande aumento da velocidade das máquinas” (MARX, 2016, p. 471). Marx cita diversos relatos de inspetores de fábrica que enfatizam a elevação da velocidade das máquinas e os aperfeiçoamentos – impulsionados pela redução da jornada de trabalho, que permitiram elevar a produtividade do trabalho, reduzir o número de trabalhadores e produzir mais em menos tempo – com exemplos de máquinas modificadas comparando sua produção anterior e posterior às mudanças. “Por isso, os inspetores de fábricas, embora louvem incansavelmente e com razão os resultados favoráveis das leis fabris de 1844 e 1850, confessam que a redução da jornada de trabalho provocou uma intensificação do trabalho que destrói a saúde do trabalhador e, portanto, a própria força de trabalho” (MARX, 2016, p. 476). Segundo Marx (2016, p. 476): “Não existe a menor dúvida de que a tendência do capital, com a proibição legal definitiva de prolongar a jornada de trabalho, é de compensar-se com a elevação sistemática do grau de intensidade do trabalho e de converter todo o aperfeiçoamento da maquinaria em meio para absorver maior quantidade de força de trabalho. Essa tendência logo atingirá um ponto crítico em que será inevitável nova redução das horas de trabalho”.
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