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O CAPITAL RESUMO CAP 4

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CAP 4 - COMO O DINHEIRO SE TRANSFORMA EM CAPITAL 
 
1 A FÓRMULA GERAL DO CAPITAL 
A circulação de mercadorias é o ponto de partida do capital. 
O dinheiro é a primeira forma em que o capital aparece. 
O dinheiro que é apenas dinheiro se distingue do dinheiro que é capital, através da diferença na forma de 
circulação. 
A forma simples de circulação das mercadorias é M - D – M. Nesta o objetivo é vender algum valor de uso 
para comprar outro. 
A outra forma de circulação é D – M – D, comprar para vender. Esta é a forma de circulação que transforma 
o dinheiro em capital. 
Percorre duas fases opostas, na primeira fase, D – M, a compra transforma dinheiro em mercadoria, na 
segunda M – D, a venda transforma mercadoria em dinheiro. 
As duas formas de circulação têm características em comum, ambas se decompõem em dinheiro e 
mercadoria, compradores e vendedores, o que as distinguem sãos os diferentes objetivos. 
O resultado de todo o processo é a troca de dinheiro por dinheiro, D - D. 
Como não faria sentido trocar um montante de dinheiro por outro idêntico, a fórmula do capital é D – M – 
D’. 
Onde D’ = D + ∆D, ou seja, igual à soma de dinheiro originalmente adiantada mais um acréscimo (∆D), esse 
acréscimo é a mais-valia, ou valor excedente. 
“O valor originalmente antecipado não só se mantém na circulação, mas nela altera a própria magnitude, 
acrescenta uma mais-valia, valoriza-se. E esse movimento transforma-o em capital” (MARX, 2016, p. 183). 
Dinheiro valorizado, adiantado, é capital, dinheiro gasto com valores de uso não é capital. 
O possuidor do dinheiro que o coloca nesse movimento conscientemente é o capitalista que busca a 
apropriação crescente da riqueza abstrata, busca o lucro crescente e não um lucro isolado, busca o 
interminável processo de obter lucros. 
O capital se acumula de um ciclo para o outro. 
A fórmula geral D – M – D’ – servindo para o capital comercial e industrial. 
D – D’ – é a fórmula do capital a juros, ou usura. 
 
2 CONTRADIÇÕES DA FÓRMULA GERAL 
O que distingue a forma de circulação do capital da simples é a ordem inversa da sucessão das fases opostas, 
venda e compra. Contudo, essa inversão só existe para um dos 3 participantes do negócio. 
O que sucede na circulação simples, é a substituição de um valor de uso por outro. “O mesmo valor, a mesma 
quantidade de trabalho social cristalizado, permanece nas mãos do possuidor de mercadoria, primeiro na 
figura de sua mercadoria, depois na do dinheiro em que ela se transforma e, em seguida, na da mercadoria 
a que o dinheiro se reconverte. Essa mudança de forma não implica nenhuma alteração na magnitude do 
valor” (MARX, 2016, p. 188). 
Marx considera, em toda a obra O Capital, a lei de trocas embasadas pelo justo valor, ou seja, cada mercadoria 
é trocada, por seu equivalente (medido em quantidade de trabalho). 
A mais-valia pode se realizar na circulação, mas ela não é gerada nesta, e sim, na produção. 
Marx critica os economistas clássicos e contemporâneos que explicam o surgimento da mais-valia na 
circulação, ao confundirem valor de uso com valor de troca. 
“Se o valor de uso é mais útil ao comprador do que ao vendedor, sua forma dinheiro é mais útil ao vendedor 
do que ao comprador. Se assim não fosse, não a venderia” (MARX, 2016, p. 190). 
“Os representantes consequentes da ilusão de que o valor excedente (mais-valia) decorre de um acréscimo 
nominal de preços, ou privilégio do vendedor de vender caro a mercadoria, pressupõem, por isso, a 
existência de uma classe que apenas compra sem vender, e, por conseguinte, só consome sem produzir” 
(MARX, 2016, p. 192). 
De modo semelhante, a mudança da distribuição do valor não cria valor. 
 “A soma dos valores em circulação não pode, evidentemente, ser aumentada por uma mudança em sua 
distribuição. [...] A totalidade da classe capitalista de uma país não pode burlar-se a si mesma” (MARX, 
2016, p. 193). 
Da circulação apenas não se origina valor, sem a circulação não há valor. O valor é criado na esfera da 
produção e realizado na circulação. 
“Nosso possuidor de dinheiro, que, no momento, prefigura o capitalista, tem de comprar a mercadoria pelo 
seu valor, vendê-la pelo seu valor e, apesar disso, colher, no fim do processo, mais valor do que nele lançou. 
Sua metamorfose em capitalista deve ocorrer dentro da esfera da circulação e, ao mesmo tempo, fora dela” 
(MARX, 2016, p. 197). 
 
3 COMPRA E VENDA DA FORÇA DE TRABALHO 
A mudança do valor do dinheiro que se pretende transformar em capital não pode ocorrer no próprio dinheiro, 
pois este, ao servir de meio de compra ou de pagamento, apenas realiza o preço da mercadoria. Também não 
ocorre na circulação que transforma mercadoria em dinheiro sem mudar seu valor. 
A mudança ocorre no valor de uso da mercadoria comprada inicialmente. Na esfera da produção. 
“Para extrair valor do consumo de uma mercadoria, nosso possuidor de dinheiro deve ter a felicidade de 
descobrir, dentro da esfera da circulação, no mercado, uma mercadoria cujo valor de uso possua a 
propriedade peculiar de ser fonte de valor, de modo que consumi-la seja realmente encarnar trabalho, criar 
valor, portanto” (MARX, 2016, p. 197). 
Essa mercadoria especial é a capacidade (ou força) de trabalho. 
“Por força de trabalho ou capacidade de trabalho compreendemos o conjunto das faculdades físicas e 
mentais existentes no corpo e na personalidade viva de um ser humano, as quais ele põe em ação toda vez 
que produz valores de uso de qualquer espécie” (MARX, 2016, p. 197). 
Para que o possuidor de dinheiro encontre a força de trabalho como mercadoria é preciso que esta seja 
ofertada por um trabalhador livre nos dois sentidos, o de dispor, como pessoa livre, de sua força de trabalho 
como sua mercadoria, e o de estar livre, inteiramente despojado de todas as coisas necessárias à 
materialização de sua força de trabalho, não tendo, além desta, outra mercadoria para vender. 
“A natureza não produz, de um lado, possuidores de dinheiro ou mercadorias e, do outro, meros possuidores 
das próprias forças de trabalho. Essa relação não tem sua origem na natureza, nem é mesmo uma relação 
social que fosse comum a todos os períodos históricos. Ela é, evidentemente, o resultado de um 
desenvolvimento histórico anterior, o produto de muitas revoluções econômicas, do desaparecimento de 
toda uma série de antigas formações da produção social” (MARX, 2016, p. 199). 
Só aparece o capital quando o possuidor de meios de produção e de subsistência encontra o trabalhador livre, 
no mercado, vendendo sua força de trabalho. 
A força de trabalho, como todas as mercadorias, tem valor de uso e valor de troca. O valor de troca é 
determinado pelo tempo necessário à sua produção e reprodução, ou seja, o valor da força de trabalho é o 
valor dos meios de subsistência necessários para a conservação e reprodução do seu possuidor. 
A soma dos meios de subsistências deve ser suficiente para manter o nível de vida normal do trabalhador. 
Como o proprietário da força de trabalho é mortal, as forças de trabalho retiradas do mercado por desgaste, 
ou por morte, têm de ser incessantemente substituídas, pelo menos por um número igual de novas forças de 
trabalho. 
“A soma dos meios de subsistência necessários à produção da força de trabalho inclui também os meios de 
subsistência dos substitutos dos trabalhadores, os seus filhos, de modo que se perpetue no mercado essa 
raça peculiar de possuidores de mercadorias” (MARX, 2016, p. 202). 
𝑤 = 
365 𝐴 + 52 𝐵 + 4𝐶 + 𝑒𝑡𝑐.
365
 
Onde: 
W = Valor da força de trabalho; 
A = valor das mercadorias de consumo diário; 
B = Semanais; 
C = trimestrais. 
Ou seja, para obter o verdadeiro valor diário da força de trabalho soma-se o valor de todos os meios de 
subsistência necessários consumidos durante o ano pelo trabalhador e divide-se essasoma por 365. 
O mínimo valor da força de trabalho é determinado pelo valor da quantidade diária de mercadorias 
indispensável para que o portador da força de trabalho, o ser humano, possa continuar vivendo, ou seja, 
pelos meios de subsistência imprescindíveis. Se o preço da força de trabalho baixa a esse mínimo, baixa 
também seu valor, e ela só pode vegetar ou atrofiar-se. Mas o valor de uma mercadoria é determinado pelo 
tempo de trabalho requerido para que seja fornecida de acordo com sua qualidade normal” (MARX, 2016, 
p. 203). 
Supondo que essa média diária das mercadorias necessárias represente 6 horas de trabalho social, e se o dia 
de trabalho for de 12 horas, a força de trabalho não representará diariamente senão uma semijornada de 
trabalho social médio, ou seja, precisaria somente de 6 horas de trabalho para pagar a força de trabalho seu 
justo valor. 
Essa soma representa o valor diário da força de trabalho. Se estas 6 horas são representadas por uma quantia 
de R$ 3,00. E se o possuidor da força de trabalho oferece-a por R$ 3,00 ao dia, então o preço da venda é 
igual ao valor. 
Por toda a parte, o trabalhador adianta ao capitalista o valor de uso da força de trabalho; deixa o comprador 
consumi-la antes de ter recebido seu preço, concedendo sempre crédito ao capitalista. 
“Seu valor de uso, que o comprador recebe em troca, revela-se na sua utilização real, no processo que a 
consome. Todas as coisas necessárias a esse processo, tais como matéria-prima etc., compra-as o dono do 
dinheiro no mercado e as paga pelo seu preço exato. O processo de consumo da força de trabalho é, ao 
mesmo tempo, o processo de produção de mercadoria e de valor excedente (mais-valia)” (MARX, 2016, p. 
205-206). 
“A esfera que estamos abandonando, da circulação ou da troca de mercadorias, dentro da qual se operam 
a compra e a venda da força de trabalho, é realmente um verdadeiro paraíso dos direitos inatos do homem. 
Só reinam aí liberdade, igualdade, propriedade e Bentham” (MARX, 2016, p. 206). Liberdade, pois, as 
trocas, os contratos, ocorrem por livre vontade das partes, partes constituídas de pessoas livres e 
juridicamente iguais. Igualdade, pois, estabelecem relações mútuas apenas como possuidoras de mercadorias 
e trocam equivalentes. Propriedade, pois cada um dispõe do que é seu. Bentham, pois cada um cuida de si, 
dos interesses individuais. 
“Ao deixar a esfera da circulação simples ou da troca de mercadorias [...] parece-nos que algo se 
transforma na fisionomia dos personagens do nosso drama. O antigo dono do dinheiro marcha agora à 
frente, como capitalista, segue-o o proprietário da força de trabalho, como seu trabalhador. O primeiro, 
com um ar importante, sorriso velhaco e ávido de negócios; o segundo, tímido, contrafeito, como alguém 
que vende a própria pele e apenas espera ser esfolado” (MARX, 2016, p. 206).

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