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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Centro de Engenharias Curso de Engenharia de Petróleo Trabalho da Disciplina de Locação Desenvolvimento e Otimização da Estratégia de Locação de Poços para um Reservatório de Petróleo Andriele Antolini Zambelli Pelotas, 2017 ii Andriele Antolini Zambelli Desenvolvimento e Otimização da Estratégia de Locação de Poços para um Reservatório de Petróleo Trabalho apresentado ao curso de Engenharia de Petróleo da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à aprovação na disciplina de Locação. Orientador: Prof. Valmir Francisco Risso Pelotas, 2017 iii Agradeço sempre à meus queridos pais por todo incentivo e apoio, aos meus irmãos que estão sempre ao meu lado e ao Prof. Dr. Valmir Francisco Risso, pela grande dedicação e orientações neste período de aprendizado. iv Se não puder te destacar pelo talento, vença pelo esforço. (Autor Desconhecido) v Resumo ZAMBELLI, Andriele Antolini. Desenvolvimento e Otimização da Estratégia de Locação de Poços para um Reservatório de Petróleo. 2017. 100f. Trabalho da disciplina de Locação. (Bacharel em Engenharia de Petróleo) – Centro de Engenharias, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2017. A atividade de Engenharia de Petróleo se vê cotidianamente envolvida numa série de problemas de otimização em vários contextos. Em todas as etapas da cadeia de trabalho da indústria de óleo e gás é possível dedicar-se a problemas que necessitam de otimização, em maior ou menor escala e com diferente grau de complexidade. A fase de estratégia de produção e locação dos poços de um reservatório de petróleo é uma etapa determinante e essencial para o seguimento do projeto, que influencia desde o primeiro ao último dia de produção do campo. Fazer a correta e mais eficiente locação dos poços para otimizar a produção e maximizar o retorno financeiro do projeto não é uma tarefa fácil, na fase inicial quando as informações disponíveis são mínimas, são empregadas ferramentas estatísticas para estimar como é o reservatório, como são as propriedades, tanto estáticas quando dinâmicas, das rochas e dos fluidos. A proposta desenvolvida neste trabalho é a utilização de mapas de qualidade para definir os locais do reservatório com maior aptidão a locação de poços. Foram criados quatro mapas de qualidade através de diferentes metodologias, o mapa analítico, por varredura, por produtores fixos e por produtores e injetores fixos. O último foi escolhido por representar mais fielmente o comportamento real de um reservatório, este possibilita definir onde os poços são melhores locados, assim como a vazão de injeção de fluido e a vazão de líquido de cada produtor, e ainda o simulador de fluxo da CMG é capaz de representar o comportamento do reservatório em fase de produção. Após definição do mapa de qualidade, ele foi utilizado como critério para distribuição dos poços produtores e injetores. Posteriormente serão desenvolvidas estratégias sendo que ao final de cada simulação será utilizado o cálculo do VPL como critério de comparação para se definir a melhor entre elas. Foram desenvolvidas então 26 estratégias, as quais retornavam um valor de VPL e este serviu de comparação entre cada uma. A otimização da quantidade de poços necessários no reservatório foi feita, assim como a definição das condições de operação de cada um. O valor inicial de VPL foi de US$ -1712.76 milhões e o da última estratégia foi de US$ 785.85 milhões, demonstrando que o desenvolvimento de estratégias em um projeto na área de petróleo é fundamental para torna-lo viável. Após a aplicação de todas as estratégias, o tempo ideal de projeto foi definido de acordo com o gráfico de fluxo de caixa atualizado referente à última e melhor das simulações. Palavras-chave: locação de poços, mapa de qualidade, estratégias de locação, VPL. vi Abstract ZAMBELLI, Andriele Antolini. Development and Optimization of Location Wells Strategies for a Petroleum Reservoir. 2017. 100p. Location Project (Bachelor in Petroleum Engineering) - Engineering Centre, Federal University of Pelotas, Pelotas, 2017. The Petroleum Engineering activity is daily involved in a series of optimization problems in various contexts. At all stages of the egg and gas industry, it is possible to focus on problems that require optimization, on a greater or lesser scale, and with a different degree of complexity. Being that it is a phase of strategy of production and location of the wells of an oil reservoir and a determinant and essential stage, that influenced from the first to the last day of production of the field. To make a correct and efficient rent of the wells to optimize a production and to maximize the financial return of the project is not an easy task, in the initial phase when the available information is minimum, statistical tools are used to estimate how the reservoir, as well as , Both static and dynamic, of rocks and fluids. The proposal was developed in the workplace for the application of quality maps to define reservoir locations with greater capacity to lease wells. Any created four quality maps through different methodologies, or analytical map, by scan, by fixed producers and by producers and fixed injectors. The last one was chosen because it represents more faithfully the real behavior of a reservoir, this allows to define where the wells are better leased, as well as a liquid injection and liquid emptiness flow of each producer, and the CMG flow simulator is Able to represent the behavior of the reservoir in the production phase. After defining the quality map, it was used as a criterion for the distribution of injecting products and markets. Subsequently, it is developed, it is successful, each time, the NPV calculation is used as the criterion of comparison to define the best among them. We then developed 26 strategies, which returned a value of NPV and this was a comparison between each. The optimization of the number of wells needed in the reservoir was made, as well as the definition of the operating conditions of each one. The initial value of NPV was US $ -1712.76 million and that of the last strategy was US $ 785.85 million, demonstrating that the development of strategies in an oil project is fundamental to make it viable. After applying all the strategies, the ideal design time was defined according to the updated cash flow chart referring to the last and best of the simulations. Key-words: well-location, quality map, location strategies, NPV. vii LISTA DE FIGURAS Figura 2. 1: Aplicações de simuladores numéricos de reservatórios (Fonte: Rosa,2011) ................................................................................................................ 12 Figura 2. 2: Variação da posição do poço para cada etapa de simulação. (Fonte: CAVALCANTE FILHO, 2005, p. 27). ......................................................................... 15 Figura 2. 3: a) Configuração direct-line, b) Configuração five-spot.(Fonte: FILHO, 2005) ......................................................................................................................... 16 Figura 2. 4: Exemplo de fluxo de caixa. (Fonte: Andriele Antolini) ............................ 18 Figura 4. 1: Fluxograma de realização deste projeto ..............................................41 Figura 4. 2: Gráfico de determinação da Compressibilidade. Fonte: ROSA, 2006 .... 42 Figura 4. 3: Esquema do mapa de qualidade por varredura utilizado. ...................... 45 Figura 4. 4: Modelo five-spot para mapa de qualidade por produtores e injetores fixos. .......................................................................................................................... 46 Figura 5. 1: Mapa estimado do topo do reservatório com raio de influência de 200 m e dimensões limitadas pela localização dos poços pioneiros....................................51 Figura 5. 2: Mapa de distribuição da profundidade de a) topo do reservatório e b) base do reservatório. ................................................................................................. 52 Figura 5. 3: Mapas de distribuição das propriedades a) saturação de óleo, b) saturação da água, C) permeabilidade, e D) porosidade. ......................................... 53 Figura 5. 4: Mapa de espessura do reservatório. ...................................................... 54 Figura 5. 5: Permeabilidade relativa em função da saturação de água em um sistema água - óleo. ............................................................................................................... 55 Figura 5. 6: Permeabilidade relativa em função da saturação de líquido em um sistema gás - óleo. .................................................................................................... 55 Figura 5. 7: Permeabilidade relativa em função da saturação de líquido em um sistema gás - óleo ..................................................................................................... 56 Figura 5. 8: PVT gerado pelo WinProp. ..................................................................... 56 Figura 5. 9: modelo de simulação 3D do reservatório. .............................................. 57 Figura 5. 10: Localização dos poços utilizado nos métodos de varredura e produtores fixos. ........................................................................................................ 59 Figura 5. 11: Malha gerada para o mapa de qualidade por produtores e injetores fixos. .......................................................................................................................... 59 viii Figura 5. 12: Curvas de produção usando o MQ de poços produtores e injetores fixos. A) oil rate SC, B) water rate SC, C) gas rate SC e D especial history. ............ 60 Figura 6. 1: Reservatório modelado em 3D...............................................................64 Figura 6. 2: Mapa de qualidade analítico. ................................................................. 65 Figura 6. 3: Mapa de qualidade por varredura .......................................................... 66 Figura 6. 4: Mapa de qualidade de produtores fixos. ................................................ 66 Figura 6. 5: - Reservatório 3D, com poços produtores fixos...................................... 67 Figura 6. 6: Mapas de qualidade por produtores fixos .............................................. 68 Figura 6. 7: - Reservatório 3D, com poços produtores e injetores fixos. ................... 68 Figura 6. 8: A e C referem-se ao MQ de produtores para a taxa e o acumulado de óleo respectivamente. B e D referem-se ao MQ de produtores e injetores fixos para a taxa e o acumulado de óleo respectivamente. ....................................................... 69 Figura 6. 9: Distribuição dos poços na 1° estratégia ................................................. 70 Figura 6. 10: Curvas de produção da 1° estratégia ................................................... 70 Figura 6. 11: Pressão da 1° estratégia. ..................................................................... 71 Figura 6. 12: Disposição dos poços da 11ª estratégia. ............................................. 76 Figura 6. 13: Produção de água do produtor 28. ....................................................... 80 Figura 6. 14: Poços horizontais da terceira camada ................................................. 82 Figura 6. 15: Determinação do tempo ideal de projeto. ............................................. 84 Figura 6. 16: Produção acumulada de óleo e água de cada estratégia .................... 85 Figura 6. 17: VPL e Np de cada estratégia................................................................ 86 Figura 6. 18: Fator de recuperação de cada estratégia. ............................................ 86 Figura 6. 19: VPL de cada estratégia. ....................................................................... 87 Figura 6. 20: Correlação entre n° de plataformas e produção de água. .................... 88 Figura 6. 21: Relação entre VPL e número de poços. ............................................... 88 ix LISTA DE TABELAS Tabela 2. 1: Classificação do °API .............................................................................. 9 Tabela 2. 2: Cálculo da Participação Especial. ......................................................... 31 Tabela 4. 1: Dados de entrada VPL..........................................................................49 Tabela 5. 1: Dados de entrada para o modelo do reservatório..................................50 Tabela 5. 2: Números de blocos nas direções X, Y e Z ............................................ 50 Tabela 5. 3: Coordenadas dos poços pioneiros e determinação das dimensões do reservatório. .............................................................................................................. 51 Tabela 5. 4: Dados de entrada para construção das curvas de permeabilidade relativa ....................................................................................................................... 54 Tabela 5. 5: Número de poços da 3ª a 11ª estratégia. .............................................. 62 Tabela 6. 1: Resultado da 1° estratégia.....................................................................71 Tabela 6. 2: Resultado da 2° estratégia. ................................................................... 72 Tabela 6. 3: Modificações de uma estratégia para outra ........................................... 72 Tabela 6. 4: Resultado da 3° estratégia. ................................................................... 73 Tabela 6. 5: Resultado da 4° estratégia. ................................................................... 73 Tabela 6. 6: Resultado da 5° estratégia. ................................................................... 73 Tabela 6. 7: Resultado da 6° estratégia. ................................................................... 73 Tabela 6. 8: Resultado da 7° estratégia. ................................................................... 74 Tabela 6. 9: Resultado da 8° estratégia. ................................................................... 74 Tabela 6. 10: Resultado da 9° estratégia. ................................................................. 74 Tabela 6. 11: Resultado da 10° estratégia. ............................................................... 74 Tabela 6. 12: Resultado da 11° estratégia. ............................................................... 74 Tabela 6. 13: Fator de recuperação da 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 7ª, 8ª, 9ª, 10ª e 11ª estratégias. ..................................................................................................................................75 Tabela 6. 14: Resultado da 12ª estratégia. ............................................................... 76 Tabela 6. 15: Resultado da 13ª estratégia. ............................................................... 76 Tabela 6. 16: Resultado da 14ª estratégia. ............................................................... 77 Tabela 6. 17: Resultado da 15ª estratégia, WCUT 0.5. ............................................. 78 Tabela 6. 18: Resultado da 16ª estratégia, WCUT 0.6. ............................................. 78 Tabela 6. 19: Resultado da 17ª estratégia, WCUT 0.7. ............................................. 78 x Tabela 6. 20: Resultado da 18ª estratégia, WCUT 0.8. ............................................. 78 Tabela 6. 21: Resultado da 19ª estratégia, WCUT 0.9. ............................................. 78 Tabela 6. 22: Fator de recuperação. ......................................................................... 79 Tabela 6. 23: Resultado da 20ª estratégia. ............................................................... 79 Tabela 6. 24: Resultado da 21ª estratégia. ............................................................... 80 Tabela 6. 25: Resultado da 22ª estratégia. ............................................................... 81 Tabela 6. 26: Resultado da 23ª estratégia. ............................................................... 81 Tabela 6. 27: Resultado da 25ª estratégia. ............................................................... 82 Tabela 6. 28: Resultado da 26ª estratégia. ............................................................... 83 Tabela 6. 29: Comparação entre a melhor e a pior estratégia. ................................. 89 xi LISTA DE EQUAÇÕES Equação 2. 1: Porosidade ........................................................................................... 5 Equação 2. 2: Medição da permeabilidade ................................................................. 6 Equação 2. 3: Compressibilidade ................................................................................ 6 Equação 2. 4: Função de correlação para curvas de pressão capilar ......................... 7 Equação 2. 5: Massa Específica ................................................................................. 8 Equação 2. 6: Densidade ............................................................................................ 8 Equação 2. 7: Volume específico ................................................................................ 9 Equação 2. 8: Peso específico .................................................................................... 9 Equação 2. 9: °API ...................................................................................................... 9 Equação 2. 10: Fator volume-formação do óleo........................................................ 10 Equação 2. 11: Razão de solubilidade ...................................................................... 10 Equação 2. 12: Fator volume-formação do gás......................................................... 11 Equação 2. 13: Fluxo de caixa líquido. ...................................................................... 18 Equação 2. 14: Lucro tributável. ................................................................................ 33 Equação 2. 15: VPL .................................................................................................. 34 Equação 2. 16: TIR ................................................................................................... 35 Equação 4. 1: Equações utilizadas para calcular as curvas de permeabilidades e pressão capilar...........................................................................................................43 Equação 4. 2: Qualidade da célula. ........................................................................... 44 xii NOMENCLATURA Letras Latinas A Área m² q Vazão M³/d k Permeabilidade absoluta mD p Pressão psi d Densidade Letras Gregas ∅ Porosidade % 𝛾 Peso específico N/m³ 𝜇 Viscosidade cP 𝜌 Massa específica g/cm³ Siglas API – American Petroleum Institute BHP – Bottom – hole pressure 𝑐𝑓 – Compressibilidade efetiva (1/psi) Gp – Produção acumulada de gás Np – Produção acumulada de óleo 𝑉 𝑝 – Volume poroso = 𝑉𝑣 VPL – Valor Presente Líquido 𝑉𝑡 – Volume total 𝑉𝑣 – Volume de vazios Winj – Injeção acumulada de água Wp – Produção acumulada de água xiii GLOSSÁRIO Five-spot: configuração de poços em que no meio de quatro poços produtores se faz a locação de um injetor. Petróleo: substância oleosa constituída predominantemente por hidrocarbonetos. Poço: orifício perfurado no solo a fim de obter dados, obter ou injetar fluidos. Poço injetor: poço que injeta fluido a fim de manter ou aumentar a pressão no interior do poço, e assim melhorar a recuperação de petróleo de um reservatório. Poço produtor: poço que extrai os hidrocarbonetos. Recuperação: processo que utiliza a energia natural do reservatório ou energia adicional através de poços injetores. Reservatório: rocha porosa e permeável capaz de armazenar petróleo. VPL: O valor presente líquido (VPL), também conhecido como valor atual líquido (VAL) ou método do valor atual, é a maneira capaz de determinar o valor presente de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros apropriada, menos o custo do investimento inicial, ou seja, é uma fórmula financeira usada para avaliar a atratividade de um investimento. xiv SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1 1.1 Motivação ....................................................................................................... 3 1.2 Objetivo .......................................................................................................... 3 1.2.1 Objetivo específico .................................................................................. 4 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 5 2.1 Propriedades das rochas ............................................................................... 5 2.1.1 Porosidade .............................................................................................. 5 2.1.2 Permeabilidade ........................................................................................ 6 2.1.3 Compressibilidade ................................................................................... 6 2.1.4 Pressão Capilar ....................................................................................... 7 2.2 Propriedades dos Fluidos ............................................................................... 7 2.2.1 Viscosidade (𝜇) ........................................................................................ 8 2.2.2 Massa específica (𝜌) ................................................................................ 8 2.2.3 °API ......................................................................................................... 9 2.2.4 Fator volume-formação do óleo (Bo) ..................................................... 10 2.2.5 Razão de solubilidade (Rs) .................................................................... 10 2.2.6 Fator volume-formação do gás (Bg) ......................................................11 2.2.7 Molhabilidade......................................................................................... 11 2.3 Simulação Numérica de Reservatórios ........................................................ 11 2.4 Mapas de qualidade ..................................................................................... 13 2.4.1 Mapa de qualidade analítico .................................................................. 14 2.4.2 Mapa de qualidade por varredura .......................................................... 15 2.4.3 Mapa de qualidade por produtores fixos ................................................ 15 2.4.4 Mapa de qualidade por produtores e injetores fixos .............................. 16 xv 2.5 Estratégias de Produção .............................................................................. 16 2.6 Indicadores econômicos, custos e investimentos ........................................ 17 2.6.1 Fluxo de Caixa ....................................................................................... 17 2.6.2 Fluxo de Caixa Líquido (FCL) ................................................................ 18 2.6.3 Faturamento de um projeto de E&P ...................................................... 19 2.6.4 Preço e Fator de Qualidade ................................................................... 19 2.6.5 Investimentos Associados a E&P de um Campo ................................... 19 2.6.6 Bônus de Assinatura .............................................................................. 19 2.6.7 Aluguel de Área ..................................................................................... 20 2.6.8 Exploração ............................................................................................. 21 2.6.9 Perfuração ............................................................................................. 21 2.6.10 Completação.......................................................................................... 22 2.6.11 Equipamentos de Produção .................................................................. 22 2.6.12 Plataformas ........................................................................................... 24 2.6.13 Custos operacionais .............................................................................. 26 2.6.14 OpEx ...................................................................................................... 26 2.6.15 Produção de óleo, gás e água ............................................................... 26 2.6.16 Injeção de água e de gás ...................................................................... 27 2.6.17 Custos ................................................................................................... 27 2.6.18 Taxas governamentais .......................................................................... 28 2.6.19 Índices do Fluxo de caixa ...................................................................... 32 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 36 3.1 Mapas de qualidade ..................................................................................... 36 3.2 Aplicação do VPL como critério de avaliação econômica ............................ 37 4 METODOLOGIA ................................................................................................. 41 4.1 Construção do modelo do reservatório ........................................................ 42 4.2 Construção dos mapas de qualidade ........................................................... 44 xvi 4.2.1 Mapa de qualidade analítico .................................................................. 44 4.3 Estratégia de locação dos poços e análise VPL .......................................... 46 4.4 Dados de entrada VPL ................................................................................. 48 5 APLICAÇÃO ....................................................................................................... 50 5.1 Modelo de simulação ................................................................................... 50 5.2 Mapas de qualidade ..................................................................................... 57 5.3 Estratégias ................................................................................................... 60 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 64 6.1 Características do modelo de reservatório gerado ....................................... 64 6.2 Análise dos mapas de qualidade ................................................................. 64 6.3 Estratégias para otimização da produção .................................................... 69 6.3.1 Primeira estratégia: five-spot ................................................................. 69 6.3.2 Segunda estratégia: MQ ........................................................................ 71 6.3.3 Da terceira à décima primeira estratégia: Definição e refinamento do número ideal de poços........................................................................................ 72 6.3.4 Décima segunda e décima terceira estratégia: reposicionamento......... 75 6.3.5 Décima quarta estratégia: recompletação manual................................. 77 6.3.6 Décima quinta à décima nona estratégia: recompletação utilizando o comando MONITOR ........................................................................................... 77 6.3.7 Vigésima estratégia: Recompletação manual e automática .................. 79 6.3.8 Vigésima primeira estratégia: otimização local ...................................... 80 6.3.9 Vigésima segunda estratégia: 2 sondas de perfuração ......................... 81 6.3.10 Vigésima terceira e vigésima quarta estratégias: injeção de gás .......... 81 6.3.11 Vigésima quinta estratégias: poços horizontais ..................................... 82 6.3.12 Vigésima sexta estratégias: poços mistos ............................................. 83 6.3.13 Definição do tempo de projeto ............................................................... 83 6.3.14 Comparação dos resultados .................................................................. 84 xvii 7 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 90 8 PRÓXIMAS ETAPAS .......................................................................................... 92 REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ......................................................................... 93 ANEXOS ................................................................................................................... 97 1 1 INTRODUÇÃO A atividade de Engenharia de Petróleo se vê cotidianamente envolvida numa série de problemas de otimização em vários contextos. Em todas as etapas da cadeia de trabalho da indústria de óleo e gás é possível dedicar-se a problemas que necessitam de otimização, em maior ou menor escala e com diferente grau de complexidade. A busca por projetos otimizados e eficientes na produção e desenvolvimento de reservas de petróleo se presenta como um problema desafiador dentro da indústria de Óleo & Gás, uma vez que envolve um número muito elevado de fatores (técnicos, econômicos e estratégicos) e os seus resultados são bastante compensadores. Além disso, os projetos de Exploração e Produção exigem um comprometimento de capital muito elevado, por um longo período e dentro de um cenário de muitas incertezas, por isso a correta locação dos poços é determinante para o seguimento do projeto. Nafase de exploração de um reservatório de petróleo existem diversas incertezas referentes à sua delimitação espacial e suas propriedades estáticas, devido ao baixo número de poços perfurados (é comum menos do que 4). A. Louis et al., 2000 demostra em seu trabalho que os dados sísmicos de poço e superfície são as principais fontes para atualizar o conhecimento e combinar os modelos, de um objeto geológico, através dos dados rígidos que eles fornecem, são os únicos pontos de controle direto. A escolha e a qualidade dos dados são questões fundamentais para a compreensão do objeto geológico em questão e para os resultados dos próximos estudos. Os dados são particularmente cruciais nas fases de Exploração e Avaliação (E & A), para reduzir as incertezas para um nível aceitável para a tomada de decisão em relação ao desenvolvimento potencial. Ainda para amenizar esse problema são utilizados métodos de interpolação de dados, que possibilitam estimar as características de qualquer local do reservatório através da pouca informação disponível. Também são utilizados simuladores numéricos de fluxo para prever qualquer comportamento que o reservatório possa ter, conforme as incertezas que ainda existem e de acordo com a estratégia de produção empregada. Mesmo quando são conhecidas as características do reservatório, é preciso desenvolver a estratégia de produção que maximize os lucros. A elaboração dessa estratégia envolve uma avaliação criteriosa de todo o corpo do reservatório, a fim de 2 determinar os locais onde, se perfurados poços, a produção terá o melhor desempenho possível. Um poço mal locado pode fazer com que a produção de água seja muito elevada, que não extraia o máximo de óleo possível, ou ainda que seja um poço seco. Concomitante a isso, também é preciso estimar o custo financeiro de todo o projeto, para que o saldo final seja positivo, pois pode ocorrer de que o custo da máxima produção inviabilize o projeto, obrigando os engenheiros a optarem por uma estratégia mais modesta de explotação. Somente quando essas duas condições forem atendidas, o gestor do reservatório estará apto a decidir sobre os procedimentos que serão aplicados/ou não. A metodologia mais prática e comum na indústria do petróleo que facilita a distribuição dos poços (produtores e injetores) é o uso de mapas de qualidade (ex: Figura 1.1), que são representações 2D das respostas do reservatório e suas incertezas (CRUZ et al., 2004). Conforme a estratégia de produção é modificada, os parâmetros econômicos do projeto (VPL) também se alteram, e estes são decisivos para a escolha da locação de poços, pois avalia a melhor relação custo-benefício. Figura 1. 1: Exemplo de Mapa de Qualidade de um reservatório de petróleo. Fonte: CAVALCANTE FILHO, 2005, p. 10. Para realizar tais análises são necessários softwares. Neste trabalho será utilizado um simulador de fluxo para facilitar o trabalho de distribuição dos poços (fluxograma simplificado é apresentado na Figura 1.2). Também será utilizado o MATLAB para construção e posterior análise dos mapas de qualidade gerados, e o 3 Excel para análise econômica. O uso dessas ferramentas é uma prática indispensável, pois além de barata é eficiente, contribuindo para a previsão e risco nos projetos de engenharia de petróleo. Figura 1. 2: Fluxograma do trabalho para o estudo de locação de poços. a) Modelo geoestatístico de subsuperfície. b) Locação inicial dos poços em modelo estático. c) Otimização através da movimentação dos poços de acordo com a posição inicial. Fonte: CULLICK et al., 2005, p. 6 1.1 Motivação As principais razões que motivaram o desenvolvimento deste trabalho são: A locação dos poços produtores e injetores de forma ineficiente pode inviabilizar todo o projeto. Por isso, é necessário conhecer o máximo possível de informação a respeito das propriedades do reservatório e dos hidrocarbonetos; As operações na área da engenharia de petróleo tem custo bastante elevado, podendo chegar a casa dos bilhões de dólares, por isso a otimização da produção e as decisões de locação de poços devem ser tomadas com o máximo de certeza possível; Por ser um trabalho de um curso de graduação, todo conhecimento adquirido ao realiza-lo é de grande valia, além de ser capaz de aproximar da prática profissional. 1.2 Objetivo Adquirir conhecimento sobre locação de poços, simulação numérica, análise econômica e assim obter aprovação na disciplina. 4 1.2.1 Objetivo específico O presente trabalho tem por objetivos: Entender como analisar e decidir qual a melhor estratégia de locação de poços produtores e injetores em campos de petróleo; Determinar os melhores locais para maximizar o potencial produtivo total de cada poço, enquanto os custos totais das perfurações são minimizados. Avaliar se a localização dos poços é também a posição de maior rentabilidade do projeto por meio da análise do resultado das planilhas de VPL; Aprender a controlar a produção e injeção nos poços, através da interpretação de gráficos de pressão, Np, Nw, Ng; Utilizar softwares de simulação numérica de fluxo para, através dos mapas de qualidade gerados, determinar aonde serão locados os poços produtores e injetores, visando as áreas mais produtivas do reservatório; 5 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo serão expostos conceitos fundamentais para o entendimento do desenvolvimento deste trabalho. 2.1 Propriedades das rochas Segundo Rosa et al., 2011 a maioria dos depósitos comerciais de petróleo ocorre em reservatórios formados por rochas sedimentares clásticas e não clásticas, principalmente em arenitos e calcários. E as principais propriedades que a rocha precisa ter para ser um bom reservatório são boas condições de porosidade e permeabilidade, sendo estas explicadas a seguir. 2.1.1 Porosidade A porosidade de uma rocha determina a capacidade que a rocha possui de armazenar fluidos, sendo assim, esta é uma das propriedades com maior importância para a engenharia de reservatório. Ela é representada pela letra grega Phi (Ф) e pode ser calculada através da razão entre o volume de vazios (Vv) e o volume total (Vt) da rocha, o Vv é também é conhecido como volume poroso, expresso na fórmula abaixo: Ф = Vv Vt Equação 2. 1: Porosidade A porosidade pode ser classificada como absoluta ou afetiva diferindo apenas no Vv considerado, pois a porosidade absoluta considera o todo o volume de vazios existente na rocha, enquanto a porosidade efetiva considera apenas o volume de vazio dos poros interconectados. Por isso a engenharia de reservatório prima pela porosidade efetiva, já que é esta que representa o espaço que os fluidos podem ocupar e se deslocar pelo meio poroso. A porosidade pode ser desenvolvida durante a deposição do material sedimentar, sendo denominada de porosidade primária, como também pode resultar 6 de processos geológicos subsequentes, assim sendo chamada de porosidade secundária. 2.1.2 Permeabilidade A permeabilidade de um meio poroso é uma medida da capacidade que a rocha possui de deixar os fluidos se deslocarem em seu interior. Dessa forma um bom reservatório precisa obrigatoriamente ter uma permeabilidade mínima suficiente para que os fluidos possam escoar, caso contrário a produção só será possível após o emprego de alguma técnica de recuperação terciária. A medição dessa propriedade não é muito simples e graças a experimentos de Henry Darcy que hoje conhecemose utilizamos a fórmula expressa a segui: 𝑞 = 𝐾. 𝐴. (∆𝑝) µ. 𝐿 Equação 2. 2: Medição da permeabilidade em que q representa a vazão medida em cm³/s, K representa a permeabilidade medido em Darcy, ∆p representa o diferencial de pressão medido em atm, A representa a seção transversal medido em cm², µ representa a viscosidade do fluido medida em cp e L representa o comprimento do meio poroso medido em cm. 2.1.3 Compressibilidade A compressibilidade é a variação fracional em volume da rocha pela variação da pressão. Pode ser uma variação do volume do material sólido, do volume total ou do volume poroso da rocha. Esta propriedade influencia diretamente na porosidade, pois quanto maior for a profundidade em que a rocha sedimentares já se encontrou maior é compactação sofrida por ela e, dessa maneira, menor é a porosidade das mesmas. A engenharia de reservatório da maior importância para a variação do volume poroso (𝑉𝑝), devido a chamada compressibilidade efetiva da formação ou dos poros, definida na equação abaixo: cf = 1 𝑉𝑝 . 𝜕𝑉𝑝 𝜕𝑝 Equação 2. 3: Compressibilidade 7 2.1.4 Pressão Capilar A pressão capilar é proporcional à altura de elevação de um fluido em um capilar, ou seja, o deslocamento de fluidos dentro dos poros pode ser facilitado ou dificultado conforme essa propriedade. E pode ser considerada como sendo a diferença de pressão existente entre duas fases decorrentes das tensões interfaciais. A curva de pressão capilar de um reservatório depende da permeabilidade desse reservatório. Assim, medições de pressão capilar realizadas com amostras de diferentes permeabilidades oriundas de um mesmo reservatório resultam em diferentes curvas de pressão capilar (Rosa et al., 2006). Isso será possível ser observado com o decorrer do trabalho. E para correlacionar essas várias curvas de pressão capilar é usada a função J de Leverett demostrada abaixo: 𝐽 = 𝑃𝑐. √𝑘 Ф ⁄ ơ. cos Ɵ Equação 2. 4: Função de correlação para curvas de pressão capilar Em que Pc é pressão capilar, k é permeabilidade, Ф é porosidade, ơ é a tensão interfacial entre o fluido e a formação e Ɵ é o ângulo de contato entre os fluidos, é este ângulo que vai determinar qual fluido é o molhante e qual é o não molhante. A molhabilidade está melhor explicada na seção 2.2.7. 2.2 Propriedades dos Fluidos Os fluidos desempenham papel importante para se obter informações sobre o comportamento dos reservatórios, e precisam ser analisados em cada campo de estudo, pois o mesmo fluido pode ter comportamento diferente em diferentes tipos de rochas. Porém nem sempre é possível determinar experimentalmente através de análise laboratorial suas propriedades, por motivos econômicos e/ou operacionais. Dessa forma em alguns casos pode-se recorrer a literatura utilizando equações de estado ou estimativas como ábacos, por exemplo, para tentar chegar o mais próximo possível dos valores reais. Entre tantas propriedades que podem ser determinadas nos fluidos, existem algumas que dever ser consideradas para a construção de um modelo de simulação, 8 as quais são: viscosidade (𝜇), massa específica (𝜌), °API, fator volume-formação do óleo (Bo), razão de solubilidade (Rs), fator volume-formação do gás (Bg), e molhabilidade. 2.2.1 Viscosidade (𝜇) A viscosidade dita se o fluido vai escoar com maior ou menor facilidade, ou seja, ela caracteriza a resistência de um fluido ao escoamento, sendo assim uma característica muito importante para determinar o processo do transporte do óleo. Esta não é uma propriedade constante e pode variar com a pressão e temperatura, além disso, em se tratando de hidrocarbonetos líquidos esta propriedade também pode variar conforme a quantidade de gás em solução. Se o óleo não tiver gás dissolvido consigo ele é chamado de óleo morto. 2.2.2 Massa específica (𝜌) É a razão entre a massa (m) e o volume (V) da substancia e, no SI, representa a quantidade de kg de massa que ocupa 1m³ de volume, a fórmula para medição desta propriedade pode ser visualizada abaixo: 𝜌 = 𝑚 𝑉⁄ Equação 2. 5: Massa Específica A massa específica influencia outras propriedades dos fluidos como a densidade (d), que é a razão entre a massa específica do fluido em questão com uma massa específica já conhecida (normalmente utiliza-se a massa específica da água que equivale a 1 g/cm³), o volume específico, que é o inverso da massa específica e também tem relação com o peso específico (γ), que pode ser calculado multiplicando a massa específica com a gravidade, as fórmulas destas propriedades físicas podem ser visualizadas abaixo: 𝒅 = 𝝆 𝝆𝒑𝒂𝒅𝒓ã𝒐 Equação 2. 6: Densidade 9 ʋ = 𝟏 𝝆 Equação 2. 7: Volume específico 𝜸 = 𝝆. 𝒈 Equação 2. 8: Peso específico 2.2.3 °API O ° API é uma propriedade adimensional e representa a densidade do óleo. Esta é uma medida experimental e usada apenas na indústria do petróleo. Esta propriedade está relacionada com a massa específica do óleo, porém não está diretamente relacionada com a viscosidade deste (petróleo grosso ou fino), apesar de possuir uma correlação física, já que quando o óleo é pesado ele tende a ser mais viscoso pelo tamanho dos hidrocarbonetos que o compõem. Como pode ser observado na tabela abaixo, extraída das aulas da disciplina de Química do Petróleo, ministradas pelo professor doutor Antônio Carlos da Silva, demostra que quanto maior for o °API mais leve é o óleo. É importante lembrar que os óleos mais leves são considerados de melhor qualidade. Tabela 2. 1: Classificação do °API °API Classificação °API ≥ 40 extra leve 40 > °API ≥ 33 leve 33 > °API ≥ 27 médio 27 > °API ≥ 19 pesado 19 > °API ≥ 15 extra pesado °API < 15 asfáltico Este parâmetro pode ser calculado através da fórmula abaixo: Equação 2. 9: °API 10 Em que densidade API é calculada considerando a densidade relativa 60/60, representada por D60/60, que é a razão entre densidade absoluta do petróleo a 60 oF e a densidade absoluta da água nesta mesma temperatura. 2.2.4 Fator volume-formação do óleo (Bo) Por definição, fator volume-formação do óleo (Bo) é a razão entre o volume que a fase líquida (óleo mais gás dissolvido) ocupa em condições de pressão e temperatura quaisquer e o volume do que permanece como fase líquida quando a mistura alcança as condições-standard (Rosa et al., 2011). Bo = 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 + 𝑔á𝑠 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑜 𝑛𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çõ𝑒𝑠 𝑝, 𝑇 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 𝑛𝑜 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 (𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜 𝑛𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çõ𝑒𝑠 𝑠𝑡𝑎𝑛𝑑𝑎𝑟𝑑) Equação 2. 10: Fator volume-formação do óleo O fator volume-formação do óleo expressa na verdade que volume da mistura numa condição de pressão e temperatura qualquer deve ser retirado do reservatório para se obter uma unidade de volume de óleo nas condições-padrão (Rosa et al., 2011). 2.2.5 Razão de solubilidade (Rs) A razão de solubilidade é um parâmetro que expressa a quantidade de gás presente no líquido. Por definição, razão de solubilidade (Rs) de uma mistura líquida de hidrocarbonetos, a uma certa condição de pressão e temperatura, é a relação entre o volume de gás que está dissolvido, expresso em condições-standard, e o volume de óleo que será obtido da mistura, também expresso em condições-standard (Rosa et al., 2011). Dessa forma a equação desta propriedade pode ser visualizada abaixo: 𝑅𝑠 = 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑑𝑒 𝑔á𝑠 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑙𝑣𝑖𝑑𝑜 (𝑐𝑜𝑛𝑠𝑖çõ𝑒𝑠 − 𝑠𝑡𝑎𝑛𝑑𝑎𝑟𝑑) 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 ó𝑙𝑒𝑜 𝑛𝑜 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 (𝑐𝑜𝑛𝑠𝑖çõ𝑒𝑠 − 𝑠𝑡𝑎𝑛𝑑𝑎𝑟𝑑) Equação 2. 11: Razão de solubilidade 11 2.2.6 Fator volume-formação do gás (Bg) É a relação entre o volume que o gás ocupa em uma determinada condição de pressão e temperatura (V) e o seu volume nas condições-standard (Vo), expresso na fórmula a seguir: Bg = 𝑉 𝑉𝑜⁄ Equação 2. 12: Fator volume-formação do gás 2.2.7 Molhabilidade A molhabilidade é uma propriedade que resulta da iteração da rocha com o(s) fluido(s). No contexto da engenharia de petróleo, molhabilidade é a tendência de a rocha reservatório estar preferencialmente em contato com um determinado fluido mesmo tendo a presença de outros. É o ângulo de contato entre o fluido e a rocha (Ɵ) que demostra qual dos fluidos vai molhar preferencialmente a superfície sólida, quando o Ɵ for menor que 90° diz-se que o fluido é molhante, já quando esse Ɵ for maior que 90° o fluido é considerado não molhante. 2.3 Simulação Numérica de Reservatórios A simulação numérica é feita para se estimar características e prever comportamentos de um reservatório de petróleo visando aumentar a eficiência técnica e econômica do campo. O esquema da figura abaixo da uma boa ideia da importância da simulação de numérica no estudo de reservatórios. Pode-se verificar que para o modelo matemático convergem informações desde a geologia até informações a respeito da completarão do poço. 12 Figura 2. 1: Aplicações de simuladores numéricos de reservatórios (Fonte: Rosa,2011) De acordo com Risso, 2007 a análise dos resultados de uma simulação permite definir um plano de desenvolvimento para o reservatório que otimize uma função-objetivo econômica ou técnica possibilitando também avaliar o comportamento do reservatório com maior confiabilidade. É com o auxilio da simulação que se projeta o Valor Presente Líquido (VPL) importantíssimo indicador econômico, o qual representa a viabilidade ou não de um projeto. Neste trabalho serão utilizados dois simuladores numéricos, o MATLab e o CMG Launcher. O software MATLab é voltado para o cálculo numérico e é capaz de, por meio de algoritmos, integrar análise numérica, cálculo com matrizes, processamento de sinais e construção de gráficos. 13 Já o CMG Launcher é um simulador de fluxo e é capaz de modelar corretamente cada processo da produção de um reservatório. O tratamento matemático de um simulador de fluxo pode ser feito por três modelos: Modelo tipo Beta ou Volumétrico (Black Oil): envolve funções da pressão e temperatura do reservatório, além de admitir que cada um dos fluidos (água, óleo ou gás) seja constituído de um único componente; Modelo Composicional: não considera somente a pressão e temperatura do reservatório, mas também as diferentes composições dos fluidos eventualmente presentes no meio poroso; Modelo térmico: considera os efeitos de variações de temperatura no interior do reservatório, e são necessariamente composicionais. 2.4 Mapas de qualidade O mapa de qualidade é uma ferramenta que, usando um simulador numérico, integra todas as propriedades estáticas da rocha e do fluido, mais as interações dinâmicas que ocorrem entre elas durante o escoamento. Dessa forma, o potencial produtivo de cada região de um dado reservatório de petróleo é medido e representado na forma de um mapa, onde o engenheiro de reservatórios pode identificar as regiões de maior e menor potencial para alocação de poços produtores ou injetores. O grau de qualidade citado deve ser medido através de uma função objetivo, tal qual o Np ou o VPL, calculado para cada poço alocado na região que este representa. Alguns trabalhos da área de exploração já vêm usando mapas de qualidade, construídos através da combinação de dados geológicos, tais como porosidade, permeabilidade, saturação de óleo e outros, a fim de identificar em grandes áreas a probabilidade de existência ou não de hidrocarbonetos. Segundo CRUZ et al. (1999), dentre as principais aplicações deste mapa pode-se citar: • Determinação da melhor locação dos poços no reservatório, considerando ou não as incertezas presentes no processo e ajudando, desta forma, a aumentar a eficiência e rapidez do processo de otimização; • Determinação de um cenário representativo quando se trabalha sob alto nível de incerteza, construindo um mapa para cada cenário e escolhendo aquele que 14 apresente um resultado mais aproximado do mapa de qualidade médio (média aritmética dos mapas gerados para cada cenário); • Classificação dos diversos cenários incertos para diversos propósitos pela soma do valor total das qualidades de cada ponto da malha do mapa de qualidade; e • Comparações entre reservatórios diferentes se forem usadas às mesmas condições de operação de poços e o mesmo tempo de simulação na geração dos mapas. Mapas de qualidade podem ser gerados por quatro diferentes métodos, os quais são: analítico, por varredura, por produtores fixos e por produtores e injetores fixos. Estes serão explicados a seguir. 2.4.1 Mapa de qualidade analítico O mapa de qualidade analítico é uma imagem que considera as características (espessura, porosidade, permeabilidade e saturação,) estáticas do reservatório, neste método não são locados poços, somente as imagens das propriedades físicas são utilizadas. O método analítico baseia-se na solução analítica para produtividade de poços horizontais proposta por BABU e ODEH (1989), e consiste no cálculo de equações matemáticas realizadas até que todo o campo seja avaliado e a qualidade medida sob toda a área do reservatório é a taxa de produção de óleo do poço. A solução analítica considera que o poço está perfurado em um volume de drenagem em formato de caixa. NAKAJIMA, 2003, mostra que este método consiste de inicialmente extrapolar por toda a área de estudo os dados coletados nos poços pioneiros, para estimar o valor de cada propriedade para cada célula da malha, assim, é gerado um mapa de qualidade para cada propriedade. Na sequência, é determinado o mapa de qualidade médio de todo o reservatório, que é resultado da multiplicação de todas as propriedades adimensionalizadas. O que compromete a validade desse mapa é por ele desconsiderar o aspecto dinâmico das propriedades utilizadas, sendo que isso pode facilmente ser determinado com uso de simuladores numéricos. 15 2.4.2 Mapa de qualidade por varredura Desenvolvido por CRUZ et al. (1999, 2004), o método de geração do mapa de qualidade por simulação utiliza o resultado de diversas simulações de escoamento do fluido dentro do reservatório considerando a existência de apenas um poço produtor completado em todas as camadas de óleo, com fechamento automático da camada quando o limite estabelecido de corte de água (ou gás) é atingido. O tempo de produção, variável dependente do tamanho e das características físicas da rocha reservatório, deve ser suficiente para que o campo seja produzido até o abandono definitivo. Cada vez que um caso é simulado, a posição do poço produtor é alterada a fim de cobrir toda a área da malha horizontal que representa a rocha reservatório, como mostra a Figura abaixo. Neste caso, o poço varia de posição pelo reservatório a cada simulação, como representado na Figura abaixo. A cada simulação calcula- se a qualidade do poço (VPL ou outra função-objetivo utilizada), que corresponde à qualidade do bloco onde este se localiza. Figura 2. 2:Variação da posição do poço para cada etapa de simulação. (Fonte: CAVALCANTE FILHO, 2005, p. 27). 2.4.3 Mapa de qualidade por produtores fixos Esta metodologia consiste em espalhar poços produtores por toda a malha do reservatório e abri-los no mesmo momento para determinação dos locais com maior potencial produtor. Este tipo de mapa de qualidade permite avaliar uma serie de outros critérios em cada poço, além do Np, por exemplo, a queda na pressão e estabilidade na produção, os quais são critérios essenciais para o prosseguimento da extração de óleo e gás. Esse método, diferentemente do anterior, tem como objetivo testar a eficiência de um poço quando sob influência de outros que estejam 16 próximos a ele, e assim, o impacto da produção da região de acordo com o valor da qualidade (Np ou VPL) dos poços. O que pode ocorrer neste caso é um poço que tinha grande produção no método por varredura, não ser mais tão eficiente devido a influencia dos que estão ao seu redor, ou o contrário, o posicionamento de outros poços melhorar a eficiência da região. 2.4.4 Mapa de qualidade por produtores e injetores fixos Assim como no caso anterior, todos os poços são abertos no mesmo momento, a diferença é a presença de poços injetores entre os produtores, de modo a manter a pressão constante. Neste caso, o critério mais importante para avaliação é a taxa de produção do Np de cada poço. A disposição dos poços injetores na malha pode ser de duas maneiras: direct line ou five-spot. Como mostra a figura abaixo, na primeira configuração os poços produtores e injetores são intercalados entre si, já na segunda, um injetor é locado no centro de quatro produtores. Figura 2. 3: a) Configuração direct-line, b) Configuração five-spot. (Fonte: FILHO, 2005) 2.5 Estratégias de Produção Segundo Nakajima et al (2003) a definição de uma estratégia correta de produção é uma das mais importantes tarefas na gestão de um reservatório, uma vez que afetando o comportamento do m esmo, isto influenciará na tomada de decisões, análise econômica e, consequentemente, a atratividade do projeto. A estratégia de explotação de um campo compreende variáveis como a boa colocação, número e tipo de poços, condições operacionais, 17 características do reservatório e o cenário econômico para o projeto. A análise torna-se mais complexa quando poços horizontais são considerados na estratégia de produção, devido à sua interação de forma diferente com o reservatório, o que exige ferramentas para auxiliar o processo de tomada de decisões para assim descartar a s alternativas me nos atraentes fornecendo uma análise com um número reduzido de soluções. Além disso, conforme Guimarães (2005) nesta fase decisões importantes devem ser tomadas para o prosseguimento do projeto, como a escolha do tipo de plataforma, número de poços, capacidade de produção e injeção, capacidade de processamento de fluidos (óleo, gás e água). Segundo Cavalcante Filho (2005), uma estratégia de produção deve ser capaz de obter um equilíbrio entre: Maximizar o VPL, a TIR e o índice de retorno de investimento; Maximizar a produção de óleo no tempo de projeto; Minimizar a perfuração de novos poços aproveitando aqueles já existentes; Minimizar os riscos envolvidos. 2.6 Indicadores econômicos, custos e investimentos 2.6.1 Fluxo de Caixa Segundo Zdanowicz, 1998 fluxos de caixa é o meio pelo qual o administrador financeiro apura os ingressos e desembolsos financeiros da empresa em dado período. O fluxo de caixa é essencial e está presente em todos os projetos na indústria do petróleo, já que é uma ferramenta básica para o planejamento financeiro de uma empresa. O fluxo de caixa típico de um projeto de E&P é caracterizado por elevado volume de capital investido nas fases iniciais, com perfuração de poços pioneiros, sísmica, aluguel da área de exploração, entre muitos outros gastos iniciais, como pode ser observado na figura abaixo, a qual não está com uma escala fidedigna e serve apenas em nível de explicação. 18 Figura 2. 4: Exemplo de fluxo de caixa. (Fonte: Andriele Antolini) Para o projeto ser rentável a soma das áreas das barras acima da linha em preto, na figura acima, deve ser maior que a soma abaixo da mesma. 2.6.2 Fluxo de Caixa Líquido (FCL) Representa o fluxo de caixa com os impostos e depreciações já descontados. A fórmula de calcular este parâmetro está expressa na equação abaixo: Equação 2. 13: Fluxo de caixa líquido. Onde: LT = Lucro tributável IR = Soma das alíquotas de imposto de renda e contribuição social sobre lucro líquido; ID = Investimentos Depreciáveis. 19 2.6.3 Faturamento de um projeto de E&P A única parte capaz de gerar receita em um projeto de exploração e produção na área de óleo e gás é a comercialização dos hidrocarbonetos produzidos. 2.6.4 Preço e Fator de Qualidade Como qualquer tipo de produto os preços do petróleo também dependem quase totalmente do mecanismo oferta X demanda, lembrando que a OPEP pode influenciar nas ofertas alterando as cotações. Há duas referencias mundiais de qualidade do óleo que servem como base para calcular o preço do petróleo de diversas reservas, sendo o tipo Brent e o WTI, ambos são leves, ou seja, possuem um alto °API. Óleos mais pesados que os de referencia possuem preços menores, enquanto os mais leves possuem preços maiores, uma vez que os óleos mais leves são de melhor qualidade. 2.6.5 Investimentos Associados à E&P de um Campo Os custos que envolvem projetos na área do petróleo são valores extremamente altos e compreendem as despesas nas fases de exploração, produção, desenvolvimento e abandono do projeto. É válido notar que os investimentos em E&P de gás natural são indissociáveis dos investimentos em E&P de petróleo, pois a tecnologia, os equipamentos e os processos são os mesmos, além do fato de parte das reservas mundiais de gás natural se encontrarem em reservatórios nos quais o gás está associado a petróleo (o chamado gás associado); e segundo a ANP, no Brasil, por exemplo, atualmente 77,88% da produção de gás é de gás associado. 2.6.6 Bônus de Assinatura De acordo com o Art 2º da lei n° 12.351, de 22 de dezembro de 2010, o bônus de assinatura corresponde a um valor fixo devido à União pelo contratado, a ser pago no ato da celebração e nos termos do respectivo contrato de partilha de produção. Na lei nº 12.734, de 2012 é dito que o bônus de assinatura não integra o custo em óleo e corresponde a valor fixo devido à União pelo contratado, devendo 20 ser estabelecido pelo contrato de partilha de produção e pago no ato da assinatura, sendo vedado, em qualquer hipótese, seu ressarcimento ao contratado. Sendo que deste valor, uma parcela será destinada a ANP, de acordo com as necessidades operacionais da mesma O valor é pago no ato da assinatura do contrato de concessão. 2.6.7 Aluguel de Área O pagamento pela ocupação ou retenção de área deverá ser feito anualmente, em montante fixado em razão da quilometragem quadrada, ou fração, da superfície do bloco. O valor devido deve ser majorado sempre que houver prorrogação da fase de exploração. A finalidade desta participação, conhecida internacionalmente como rental fees, é o de encorajar a devolução da área de exploração, quando não tiverem sendo realizados os esforços exploratórios (GUTMAN, 2007). Segundo oArt. 177. Da Constituição Federal de 1988 Constituem monopólio da União: I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; (Vide Emenda Constitucional nº 9, de 1995) II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem; V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados. VI - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal . (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006) 21 2.6.8 Exploração Esta é a fase que possui os maiores custos e também uma das mais incertas pela falta de conhecimento real do campo. A exploração tem inicio com o estudo da área, analisando a possibilidade de haver hidrocarboneto na região com o auxilio de processos geofísicos e se confirmada à presença de óleo é feito a perfuração de poços pioneiros. Esta etapa é uma etapa de conhecimento do local e objetiva a aquisição de dados, dessa forma os custos são referentes, principalmente, a sísmica e perfuração dos poços pioneiros. De acordo com os estudos de Chopra, et. al, 2010 os atributos sísmicos são particularmente eficazes na extração de características sutis de dados relativamente isentos de ruído. Apesar de os equipamentos modernos de aquisição sísmica possuírem alto valor agregado o ganho de tempo e a precisão do resultado torna o emprego da sísmica fundamental e atrativa para qualquer projeto no setor petrolífero. A sísmica permite conhecer a parte interna do subsolo, o tipo de rocha, a espessura das camadas, a forma das camadas entre outras informações valiosas para o seguimento do projeto. A sísmica obtém esses resultados em um curto período de tempo e não é necessário fazer a perfuração do solo. Segundo Kimura. R., 2005 a perfuração de um poço nem sempre revela a presença de petróleo no subsolo, onde mais de 80% dos poços pioneiros no Brasil e no mundo não resultam em descobertas aproveitáveis. Apesar de uma perfuração não obter sucesso, esta pode fornecer indicadores e informações importantes para o prosseguimento das perfurações, porque permitem maiores informações sobre a área explorada. Os poços pioneiros têm por objetivo testar áreas ainda não produtoras. Com estes estudos é possível estimar volume da reserva e o custo de produção do petróleo naquele campo, informações necessárias para a decisão de prosseguimento ou não do projeto. 2.6.9 Perfuração A perfuração consiste da utilização de ferramentas adequadas para abertura de poços em subsuperfície. Esta é a segunda etapa na busca pelo chamado Ouro 22 Negro, já que a primeira é determinar o local exato a ser perfurado através de estudos geológico e geofísicos. Na indústria de petróleo e gás, a perfuração de poços é realizada por meio de uma sonda de perfuração. Nesta etapa, as rochas são perfuradas pela aplicação de força e rotação a uma broca fixada na extremidade de uma coluna de perfuração, a qual consiste basicamente de comandos (tubos de paredes espessas) e tubos de perfuração (tubos de paredes finas). Durante o processo, formam-se cascalhos que são removidos através da injeção de fluido de perfuração ou lama para escoamento dos detrimentos através do anular do poço (QUEIRÓZ GALVO). A lama de perfuração ainda possui outro propósito de impedir que a água subterrânea, óleo e / ou gás cheguem à superfície durante a fase de perfuração. Almeida, 2003 afirma que os custos de perfuração de um poço de petróleo variam de acordo com a região explorada. O custo pode ser de até cinco milhões de dólares em terra e vinte milhões no mar. Devido aos elevados riscos inerentes a esta atividade, dificilmente as instituições financeiras financiam este tipo de operação. Desta forma, os empreendedores necessitam de um alto grau de autofinanciamento. 2.6.10 Completação Depois de perfurado o poço precisa ser deixado com condições adequadas para operar de forma segura durante toda sua vida produtiva necessitando, dessa forma, da completação. É nesta fase que se instala no poço os equipamentos necessários para se extrair o óleo com segurança e também os equipamentos de monitoramento do poço. A completação não é exclusiva de poços produtores, ela também é feita em poços de observação e injeção. E como a maioria das atividades da engenharia de petróleo, a completação depende de vários fatores principalmente da pressão do reservatório e da presença ou não de água de produção. 2.6.11 Equipamentos de Produção São muitos os equipamentos e os custos para a produção de óleo e gás, alguns dos principais equipamentos de produção serão mencionados e descritos a seguir. 23 A árvore de natal é um equipamento composto de uma série de válvulas e é capaz de controlar o fluxo de produção de fluidos do poço. Esta pode ser de dois tipos: seco, em poços onshore, ou molhado, em poços offshore, sendo este último o tipo mais usado na indústria atualmente. Segundo Morais, 2015 a árvore de natal molhada é um equipamento instalado sobre a cabeça do poço, no leito marinho, composta por conectores e válvulas para o controle do fluxo de petróleo-gás-água extraídos do poço. É projetada para suportar as elevadas pressões e temperaturas do poço e as altas pressões hidrostáticas e baixas temperaturas do ambiente marinho. Pode ser instalada por mergulhadores, em profundidades de até 300 metros, ou por meio de Veículo de Operação Remota (ROV) em águas profundas e ultraprofundas. O blow out preventer (BOP) são extremamente importantes para a segurança da tripulação, da plataforma e do próprio poço, e possuem a função principal de impedir que os fluidos da formação atinjam a superfície de maneira descontrolada. Os risers são tubulações que interligam a cabeça do poço de petróleo, que se encontra no fundo do mar nos sistemas de Produção Offshore, a plataforma. Essas estruturas ficam continuamente sujeitas às ações dinâmicas de ondas, correntes marítimas e movimento da plataforma, podendo ter o seu comportamento influenciado pelo grande número de esforços a que são submetidos. Quanto à finalidade, um riser pode ser de perfuração, completação, injeção, produção e de exportação. Estes equipamentos são peças fundamentais no que tange a exploração de petróleo e gás, porém são peças críticas do sistema, devido aos esforços e condições de operação. Manifold, constituído basicamente por um arranjo de tubulações, no qual concentra a produção de várias árvores de natal, é um equipamento de passagem e de manobra da produção ou injeção, em que o óleo é agrupado em um mesmo coletor, podendo ser comparado a uma caixa coletora, ou do tipo de injeção, podendo ser comparado a uma caixa distribuidora. Na edição 227 da revista Petroquímica o gerente de Tecnologia Submarina do Centro de Pesquisas da Petrobras explica que o uso de manifolds submarinos são recomendados quando se reúnem diversos poços em uma mesma regiãoe longe da plataforma de processo, ganhando com a redução do número de linhas flexíveis – dutos submarinos – e de umbilicais de controle. “Sua vantagem é reduzir o custo do sistema, pois, ao invés 24 de diversos dutos ligando os poços individualmente à plataforma, teremos apenas um duto coletor, reduzindo também as cargas na plataforma”, explica Cezar Paulo. Linhas de fluxo são linhas de tubulação que são construídas para direcionar o fluxo dos fluidos à plataforma. Os Pipe Lines fazem a conexão entre os dutos rígidos e as linhas flexíveis. 2.6.12 Plataformas Plataformas são grandes estruturas usadas no mar para abrigar os trabalhadores e as máquinas necessárias para a perfuração de poços e/ou produção de óleo. A seguir é explicado cada diferente tipo de plataforma segundo dados obtidos através do site da Petrobras. As plataformas fixas funcionam como uma estrutura rígida, fixadas no fundo do mar por um sistema de estacas cravadas. São próprias para águas rasas, em lâmina de água de até 300m (profundidade no local da instalação/operação). Possuem atividades de perfuração e produção, mas não possuem capacidade de armazenamento, sendo assim o escoamento é feito através de oleodutos. A instalação é mais simples, demostrando uma vantagem nesse tipo de plataforma, e ainda permite que o controle dos poços seja feito na superfície. As plataformas autoeleváveis são utilizadas para perfurar poços em águas rasas, até 150m. Estas são compostas por uma balsa e três ou mais pernas de tamanhos variáveis, que se movimentam até atingirem o fundo do mar, posteriormente à plataforma é elevada a uma altura acima da superfície. Possuem atividades de perfuração, porém não possuem atividade de produção, capacidade de armazenamento, nem equipamentos de escoamento da produção. A facilidade para mudar de locação e o comportamento de estrutura fixa, representam vantagem nesse tipo de plataforma, esta também permite que o controle dos poços seja feito na superfície. As plataformas semissubmersíveis são utilizadas para perfurar poços em águas profundas, com mais de 2.000 m, graças aos sistemas de ancoragem modernos. Estas são Plataforma flutuante, estabilizada por colunas. Podem ser ancorada no solo marinho ou dotada de sistema de posicionamento dinâmico, que mantém a posição da plataforma de forma automática. Possuem atividades de perfuração e produção, mas também podem ser só de perfuração ou perfuração. 25 Não possuem capacidade de armazenamento, sendo assim o escoamento da produção pode ser feito através de oleodutos ou em navios e posterior descarregamento nos terminais. A vantagem é a grande mobilidade que possui, podendo mudar rapidamente de um campo a outro. As plataformas Floating Production Storage and Offloading (FPSO) também são utilizadas para perfurar poços em águas profundas, com mais de 2.000 m. Estas também são flutuante, convertida a partir de navios petroleiros, na maioria dos casos. Assim como a semissubmersível, é ancorada no solo marinho. Tem grande mobilidade e são usadas principalmente em locais mais isolados, com pouca estrutura para a instalação de uma plataforma fixa. Não possuem atividades de perfuração, mas possuem atividade de produção, capacidade de armazenamento, posteriormente O óleo é exportado para navios petroleiros, que o descarregam nos terminais, ou seja esta unidade pode produzir, armazenar e transferir petróleo. A capacidade de armazenamento permite que opere a grandes distâncias da costa, onde a construção de oleodutos é inviável. O controle dos poços é feito no fundo do mar. As plataformas FPSO monocoluna diferem da FPSO por possuírem o casco redondo, o que gera maior estabilidade. As plataformas Tension Leg Wellhead Platform (TLWP) também são utilizadas para perfurar poços em águas profundas de até 1.500m. É conhecida como “flutuante quase fixa” porque é flutuante, mas tem um sistema de ancoragem com pernas fixas por estacas no fundo do mar. Com isso o controle dos poços pode ser feito na superfície. Possuem atividade de produção, enquanto a atividades de perfuração é feita somente para manutenção dos poços e não possuem capacidade de armazenamento, sendo assim o óleo é escoado para uma plataforma de produção (FPSO), que realiza o processamento e o exporta através de navios. As plataformas do tipo navio sonda podem operar em águas ultraprofundas, alcançando mais de 2.000 m de lâmina d’água, estas são flutuante com casco em forma de navio, usadas para perfuração de poços. A sonda é ligada a uma torre e desce até o local da perfuração por uma abertura no casco. Pode ser ancorada no solo marítimo ou dotada de sistema de posicionamento dinâmico, que mantêm a posição da embarcação de forma automática através dos sensores acústicos e propulsores, os quais anulam os efeitos dos ventos e das ondas. Estas possuem 26 apenas atividade de perfuração, não possuindo as atividades produção, armazenamento e escoamento. O controle dos poços é feito no fundo do mar. A vantagem destas plataformas é a maior autonomia para perfurar em grandes distâncias da costa. É importante salientar que a capacidade de processamento de líquido diário varia de acordo com as especificações de cada plataforma. 2.6.13 Custos operacionais O planejamento e previsões de custos são muito utilizados nos estudos de viabilidade econômica de projetos e nos orçamentos das empresas, sejam elas da indústria do petróleo ou não. São custos referentes a manutenção da produção e demais operações necessárias durante a fase de produção do Campo. 2.6.14 OpEx Segundo Ravagnani, 2008 o OpEx (Operational Expenditure) ocorrem durante a vida útil do projeto e dividem-se em custos fixos e custos variáveis. Os custos fixos compreendem as despesas independentes do nível de produção, por exemplo, gastos com seguros de instalações, aluguéis etc. Já os custos variáveis, associados à produção, compreendem a mão de obra, materiais, suprimentos e insumos consumidos no processo produtivo. Gastos com investimentos compreendem as despesas relacionadas à exploração, avaliação, desenvolvimento, investimentos adicionais em recuperação suplementar, entre outros. 2.6.15 Produção de óleo, gás e água São muitos os custos operacionais para a produção de óleo e gás, sendo um dos mais dispendiosos os custos com o tratamento destes. Outro grande gasto com a produção é em relação a água, já que esta precisa ser bem manuseada e tratada para evitar multas ambientais. O gasto com produção de óleo gira em torno de US$ 6,00 por barril, com gás US$ 0,005 por barril e com água US$ 0,5 por barril, porém esses valores são valores médios os quais podem variar de uma plataforma para outra. 27 2.6.16 Injeção de água e de gás Os projetos de injeção de água, de uma maneira geral, são compostos das seguintes partes: sistema de captação de água, que podem ser poços no caso de se injetar água subterrânea, ou um conjunto de bombas para o caso de se utilizar água de superfície ou água do mar; sistema de tratamento de água de injeção; sistema de injeção de água propriamente dito, que é composto por bombas, linhas, e poços de injeção; e sistema de tratamento e descarte de água produzida. Em certos casos, algumas dessas partes são dispensáveis (Thomas, 2004). O custo de injeção de água gira em torno de US$ 0,5 por barril. O gás é injetado no reservatório com a utilização de compressores que fornecem as pressões e as vazões de acordo com cada necessidade. As instalações para uma injeção de gás se diferenciam basicamente de outros
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