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A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL – YOLANDA GUERRA (RESUMO)

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A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL – YOLANDA GUERRA RESUMO
Com o objetivo de refletir a instrumentalidade no Serviço Social não só como os instrumentos para se objetivar as finalidades do assistente social dentro do âmbito profissional, mas também como uma propriedade construtiva da profissão, que é construída e transformada no contexto histórico, a autora ressalta também a instrumentalidade como uma condição concreta para o reconhecimento, não só do Serviço Social, mas como qualquer outra profissão como trabalho social. É através da instrumentalidade e do trabalho que não apenas a natureza, a realidade e a sociedade humana são transformadas, mas também o próprio homem e os outros, realizando assim a práxis. Sendo assim, é através dessa relação entre trabalho(e sua instrumentalidade) e a praxis que o homem reafirma sua postura teleológica. 
Qual a relação entre postura teleológica e instrumentalidade? É através do desenvolvimento do trabalho que se desenvolvem as relações sociais e o próprio processo de reprodução social, através de mediações(ideologia, política, teoria, o Estado, etc) que objetivam a organização da sociedade e suas relações. Sendo assim, através da instrumentalidade, não transforma apenas a natureza e seus objetos afim de atingir seus objetivos, mas também as próprias relações sociais, interferindo na reprodução social. Dessa forma, nas palavras da própria autora, “(...)os homens tornam-se meios/instrumentos de outros homens.”. Um exemplo dessa relação é a própria transformação do trabalho humano em mercadoria na sociedade capitalista, de modo que essa “instrumentalização de pessoas” torna-se condição de sobrevivência dentro da ordem burguesa, que converte instituições e práticas sociais em instrumentos para a manutenção da reprodução do capital. 
Serviço social e instrumentalidade
O Serviço Social surge com a necessidade de intervenção do Estado nas refrações da questão social, através das políticas sociais, sendo através da sua formulação e, principalmente, da sua implementação que o Assistente Social se insere no emrcado de trabalho. Tendo em vista que as políticas sociais objetivam o atendimento das demandas das classes mais vulnerabilizadas de forma fragmentada, as políticas sociais são utilizadas como forma de controle social e de reprodução da força de trabalho e do capital. Sendo assim, o assistente social, na sua condição de trabalhador assalariado, tem sua intencionalidade mediada pela lógica institucional e pelas condições da profissão. Dessa forma, a autora ressalta o resgate da natureza e da configuração das políticas sociais para a reflexão do significado sócio-histórico da instrumentalidade como condição para o exercício profissional do Serviço Social. Assim, a política social, com sua natureza focalista, produz uma dinâmica que interfere no cotidiano profissional do assistente social limitando sua atuação a intervenções microscópicas e singulares, além de exigir a adoção de instrumentos que proporcionem resolução pontual e imediata das demandas. 
A autora estabelece três níveis para se pensar a instrumentalidade como condição socio-histórica da profissão: 
1) a instrumentalidade do Serviço Social face ao projeto burguês: como instrumento da manutenção da ordem burguesa e controle social
2) da instrumentalidade das respostas profissionais: que se espressam através das funções que são requisitadas ao profissional(execução, operacionalização e implementação das políticas públicas), no horizonte do exercício profissional(no cotidiano das classes vulnerabilizadas) e nas modalidades de intervenção exigidas por essas classes sociais(intervenções segmentadas e desconectadas das estruturas sociais). As respostas exigidas da profissão são, nesses três casos, isoladas e imediatistas, medidas em sua aparência, sendo medidas pela eficácia de acordo com a racionalidade burguesa. 
Quais os níveis em que tem se manifestado a instrumentalidade do Serviço Social? 
O exercício profissional não se resume a dar às demandas respostas instrumentais, já que reconhecer e atendê-las em sua dimensão técnico-operativa não significa necessáriamente ser funcional à manutenção da ordem burguesa. Isso acontece quando a intervenção é reduzida à sua dimensão instrumental. As expressões da questão social colocam à profissão demandas que exigem ações profissionais que não sejam apenas imediatas, mas que estejam conectadas com projetos profissionais e dimensões teórico-metodológicas e com princípios ético-políticos. Dessa forma, o Serviço Social realiza a interlocução com o acervo teórico das ciências humanas para realizar uma ação profissional qualificada, mas também produz conhecimento através da pesquisa e da intervenção. Além disso, a autora coloca também uma terceira condição da instrumentalidade: a de ser uma mediação entre a ação profissional e o cotidiano. 
A instrumentalidade do exercício profissional como mediação: ela permite a passagem de ações instrumentais para um exercício profissional crítico e competente, tornando-se um espaço no qual movimenta-se a cultura profissional. A cultura profissional incorpora em si conteúdos teórico-críticos projetivos, o que permite ao profissional a negação de sua ação instrumental e imediata e a sua reelaboração de forma que as respostas às demandas sejam mais qualificadas, e não inspiradas apenas ela razão instrumental, sendo necessário que essa instrumentalidade da profissão seja inspirada numa razão dialética. 
Serviço Social e razão dialética: o Serviço Social, apesar de seu surgimento dentro de uma lógica de controle social e reprodução da ordem burguesa, amplia suas funções até colocar-se no âmbito da defesa de direitos sociais e humanos, da democracia e do acesso universal a bens e serviços, através de forças progressistas e emancipatórias, próprias da razão dialética. É através da pressão dessas forças progressistas que o Serviço Social realiza a revisão de seus fundamentos e legitimidade, questionando diversos aspectos da profissão e amplie as bases sobre as quais se desenvolve a instrumentalidade da profissão. Disso tudo resulta um profissional que realiza uma intervenção e análise das demandas de forma mais qualificada, que reconheça a dimensão política da profissão e que procure realizar ações que sejam instrumentais para a superação da ordem do capital.

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