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Documentário Nunca me sonharam

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Documentário Nunca me sonharam. Direção: Cacau Rhoden. Produção: Maria Farinha Filmes, duração:1h20’, 2017. 
Bruna Pereira Gaudard
O documentário Nunca me sonharam foi produzido pela Maria Farinha filmes com parceria do Instituto Unibanco, que tem uma proposta, através de vários meios, contar histórias que provoquem sentimentos nas pessoas e as façam acreditar no poder de transformação do mundo. No documentário em questão, convidam a quem o assiste, a pensar sobre o ensino médio e o espaço escolar sob diferentes pontos de vista, principalmente dos estudantes. Há também relatos dos diretores, professores de escola e especialistas.
O documentário em questão tem várias falas importantes sobre a educação e o espaço escolar, a começar pelos jovens, que já no início falam da adolescência, sobre o que gostam de fazer, seus sonhos e expectativas. Falam também que o Estado não olha pelos jovens. E a partir disso, pode-se pensar na questão do protagonismo dos jovens para uma melhoria no ambiente escolar, pois os mesmos não se sentem contemplados pelas políticas do governo. No documentário, os alunos falam também que tem muita vontade de transformar as coisas ao seu redor, pois tem muitas coisas pra dizer e muita revolta dentro de si, eles querem participar do agora. Nesse sentido, é de muita importância a estruturação de canais de diálogo com os jovens e ouvir o que eles tem a dizer, pois é no ambiente escolar que o aluno tem oportunidade de crescer e ser protagonista da sua história. E quando um jovem sabe que pode opinar, debater, seja sobre coisas corriqueiras ou no que diz respeito a estrutura geral da escola, ele se coloca como agente transformador do mundo, peça do processo educacional. 
Outro ponto importante a ser discutido, vem da fala de professores e especialistas na área, que diz respeito a oportunidades e meritocracia. Muitas pessoas difundem ideias que se uma pessoa quer algo, ela tem que batalhar por isso, e que todos tem oportunidades iguais. E isso é muito comum na mídia, que divulga casos de pessoas que subiram na vida sendo muito pobres pra reforçar isso. E então o documentário vai descontruir essa ideia, visto que em vários momentos mostra através do relato de jovens e especialistas que os jovens pobres, negros e de escolas públicas, por exemplo, tem outra realidade que um jovem branco, rico e que estuda na melhor escola particular da cidade. Como diz uma especialista, é importante dizer que existem juventudes brasileiras. E como as pessoas desse documentário disseram, inclusive um jovem, há um descaso com as instituições públicas. E há um dado interessante que 82% das crianças são de escolas públicas e através dos próprios jovens, sabemos que as vezes não tem aula, não tem professor. Logo, os alunos apresentam base e formações distintas, além da oferta do ensino ser desigual, por isso a ideia de meritocracia é cruel. 
Ainda no documentário, há outra questão de extrema importância, que diz respeito a evasão escolar. Há relatos dos jovens que dizem que saíram das escolas porque trabalhar é mais importante, ou que sofreram discriminação, além das meninas que se tornaram mães cedo. Os dados estão aí para que a gente possa refletir, e eles mostram que mais da metade da população de jovens e crianças trabalhando são negras e pobres. Os meninos conseguem trabalhos como autônomos ou em comércio das cidades e as meninas muitas vezes como faxineiras (inclusive podemos pensar no padrão escravocrata) ou também em comércios e isso acaba virando um dos principais motivos do abandono da escola, pois muitos, segundo o próprio documentário mostra falam ‘’o que a escola vai me dar?’’. Outro ponto de grande importância diz respeito a escola não ser um ambiente atrativo para alunos negros e não contemplar as identidades. Não existe uma grade de conteúdo e atividades na escola que exalte a cultura negra. Muitos alunos falam que sofrem discriminação. Logo, fica cada vez mais necessário que as escolas trabalhem a tolerância, a fim de combater esse preconceito social e histórico. Além disso, pode-se falar na questão da violência, muitos jovens entram pro mundo do tráfico e do crime. Se a escola não é um ambiente acolhedor, pra muitos jovens o mundo do crime é, porque eles podem vestir roupas e tênis de marca, se sentir poderoso, entre outras coisas. Logo, como uma própria especialista diz, a escola salva vidas. 
Porém, como a escola pode salvar vidas sendo um ambiente opressor? Essa é uma questão que é colocada. A própria arquitetura da escola é opressora. É comparada com uma prisão. A estrutura das escolas em maioria, é precária, carecem de reformas, de cadeiras confortáveis pros alunos, de iluminação boa e de recursos bons. Os alunos e especialistas falam do modelo bancário da educação, termo usado por Paulo Freire pra dizer que os educadores fazem depósitos nos educandos e esses só recebem. Ou seja, o professor fala e os alunos escutam. Esse modelo não é nenhum pouco atrativo, justamente pelos jovens ter essa necessidade de transformar o mundo, da revolta, eles querem aulas onde podem questionar, debater, querem aulas diferentes, querem saber porque usar a matemática, física, química e como aquilo influencia na vida. Pros alunos não interessa uma educação mecânica, que praticamente os obriga a decorar conteúdos e formulas pra tirar uma nota numa prova. Por isso é de extrema importância aulas de campo, aulas diferentes, interdisciplinaridade, entre outras coisas que partam da realidade e contexto social dos alunos. Como é possível ver no documentário, um professor leva os alunos para uma aula numa praia da cidade pra explicar conteúdos de física sobre a agua. 
Concluindo, esse documentário mostra que os jovens tem sonhos, querem ter uma profissão, querem estudar, querem ajudar as pessoas da família, mas os caminhos que eles tem que percorrer são muito complicados. Por isso esse documentário nos faz refletir o quão poderosa é a educação e o espaço escolar, pois ele salva vidas, faz as pessoas entenderem o mundo que vivem e seus direitos. Logo, precisa-se de uma educação transformadora, que trabalhe com as desigualdades sociais e raciais e o respeito as diferenças, independente do seu pertencimento étnico-racial e que principalmente se preocupe com os sonhos desses jovens. 
Uma crítica que pode ser feita a esse documentário, apesar da rica importância dele através de suas falas (de jovens e especialistas) que nos ajudam a pensar é que o Instituto Unibanco financiou o mesmo. Sabemos do debate sobre a privatização do ensino e como isso influencia na perda de gestão própria, voltada para os reais problemas e anseios da sociedade. A lógica da educação não deve ser nunca mercantil e sim ser voltada para a formação de sujeitos histórico-críticos. Logo pra isso acontecer a escola tem que ser realmente pública com gestão pública.

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