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A LEI MARIA DA PENHA E A AMPLA

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A LEI MARIA DA PENHA E A AMPLA DEFESA E CONTRADITORIO
RAMON PRATES BATISTA
A LEI MARIA DA PENHA E A AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO
Monografia apresentada à FUPAC - Fundação Presidente Antônio Carlos, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.
Orientador: Matheus Miranda de Oliveira
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR 
Segundo a norma do artigo 5º da Lei 11.340/2006, compreende a violência domestica como toda espécie de agressão vindo de ação ou omissão dirigida contra a mulher em um ambiente doméstico, baseada no gênero, que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.
Logo a lei Maria da Penha surgiu para suprir essa falha em nosso ordenamento, combater o chamado “feminicídio”, as mulheres sendo vítima de agressão e violência em seu âmbito familiar e doméstico, pelos seus companheiros, ou seja, surge para diminuir e combater principalmente os homicídios dessa modalidade.
PROBLEMA
Sabe-se que a Lei Maria da Penha surgiu com o objetivo de diminuir a violência praticada contra à mulher no âmbito doméstico. Contudo, verifica-se que a violência doméstica não diminui após a entrada em vigor da Lei, em 2006.
Considerando a ineficácia da Lei Maria da Penha para redução da criminalidade que se propõe, questiona-se a legitimidade da flexibilização de garantias constitucionais
Até que ponto o ordenamento jurídico brasileiro, autoriza que se diminuiam as garantias constitucionais em busca de uma proteção mais efetiva à mulher.
HIPÓTESE
Sabemos que a ampla defesa e o contraditorio são conquistas e representam um avanço historico da humanidade. Assim, não é legitimo a diminuição da referida conquista sem uma justificativa forte. 
Portanto, É ilegítimo flexibilizar garantias consitucionais em nome de medidas que não são eficazes para o combate da violência doméstica contra a mulher. 
JUSTIFICATIVA
É notorio com a redução das garantias constitucionais, provoca o aumento da sensação de insegurança. Assim, o trabalho se justifica pela importancia de manter e respeitar as garantias constitucionais, pois flexibilizar a base do nosso ordenamento juridicio por uma lei que não funciona na pratica, não se justifica. 
A diminuição das garantias, pode provocar o que vem ser chamado de “vingança pela lei maria da penha”, onde é ultilizado a lei indevidamente, ocasionando diversos efeito negativos, como a maior incidencia da falsa denunciação caluniosa.
METODOLOGIA
Tourinho Filho declina pela inexistência do contraditório nos inquéritos policias, sendo, por isso, questionável a imposição de medida protetiva pelo delegado de polícia.
Deste modo, quanto às divergências em torno da ampla defesa, ou seja, quanto a não obrigatoriedade do agressor na audiência, alguns doutrinadores entende que o princípio da ampla defesa e do contraditório é ferido, dentre estes ressalta-se a opinião de Guilherme de Souza Nucci (2007, p.54):	
Se o agressor já estiver indiciado e, especialmente, se possuir advogado constituído, não nos parece correto que a audiência seja designada sem a sua intimação (tanto do agressor, quanto do defensor). Fere-se o princípio constitucional da ampla defesa. 
INEFICÁCIA DA LEI 11.340/06 
Segundo o estudo Instituto de pesquisas economias aplicadas
Taxa de mortalidade por violência domestica contra a mulher foi elevada em todos os estados do Brasil, e mesmo com a vigência da lei não demonstrou um resultado prático.
A LEI 11.340/06 X AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO
A Constituição Federal é o alicerce principal do nosso ordenamento jurídico e dela se emana as nossas principais bases jurídicas, ou seja, conforme a norma do artigo 5º, incisos LIV e LV, é assegurado a ampla defesa e o contraditório no qual a lei fere de com suas Medidas Protetivas de Urgencia (MPU).
A LEI 11.340/06 X AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO
Diante da falta de critérios para aplicação de tais medidas a Juíza de Direito Soraya Moradillo Pinto da 4ª Vara Crime da Comarca de Salvador, trata o tema da seguinte forma:
A Lei Maria da Penha, editada às pressas para atender pacto internacional, ofende princípio constitucional ao tratar de forma diferenciada a condição de homem e mulher criando uma desigualdade familiar. Entretanto, ela se encontra em vigência, deixando os seus aplicadores cheios de dúvidas, em decorrência do pecado processual gerado pela sua omissão.
A LEI 11.340/06 X AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO
Segundo a magistrada o tema é controverso, pois a aplicação das medidas protetivas de urgência deveria ter um caráter provisório, mas, entretanto, devido ao decurso do processo fica aguardando a chegada e fechamento do inquérito policial, delongando o tempo, e as medidas são de cunho de natureza civil aplicadas pelo juiz criminal, e assim dificulta a aplicação do direito constitucional da ampla defesa e contraditório.
Deste modo, quanto às divergências em torno da ampla defesa, ou seja, quanto a não obrigatoriedade do agressor na audiência, alguns doutrinadores entende que o princípio da ampla defesa e do contraditório é ferido, dentre estes ressalta-se a opinião de Guilherme de Souza Nucci (2007, p.54):	
Se o agressor já estiver indiciado e, especialmente, se possuir advogado constituído, não nos parece correto que a audiência seja designada sem a sua intimação (tanto do agressor, quanto do defensor). Fere-se o princípio constitucional da ampla defesa. O ato de retratação da representação pode implicar na extinção da punibilidade, logo, de interesse do agente do delito. 
Na mesma linha de pensamento de Guilherme Nucci, alude Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto que:
Assim, embora, tecnicamente, ainda não haja a figura do réu (posto que a denúncia não foi recebida), convém que seja o denunciado intimado a comparecer; velando, o juiz, e o promotor de justiça, para que a presença do denunciado não sirva de instrumento de constrangimento para a ofendida.
A lei traz um serie de violações aos princípios constitucionais como a presunção de inocência, a legalidade e o princípio da ampla defesa e do contraditório, conforme previsto na norma do artigo 20 da lei 11.340/06:
Art. 20: Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, e ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. (BRASIL, Lei 11.340 de 7 de agosto de 2006).
A norma do artigo 20, combinado com o artigo 42 da referida lei trouxe hipóteses do cabimento de prisão preventiva juntamente com o art. 313 do CPP a possibilidade de prisão provisória do agressor:
Art. 313: Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.(BRASIL, Decreto-lei nº 3.689 de 3 de outubro de 1941).
Nota-se diversos benefícios a proteção da mulher em combate a violência doméstica, que conforme o entendimento dos magistrados a palavra da vítima deve ser levada em consideração e com maior peso, devido ao crime sempre ocorre no íntimo do lar onde não a testemunhas.
Entretanto, diante da valoração da palavra da vítima sem nenhum critério, abre um leque de margens para uma falsa denúncia de crime, onde a suposta vítima raramente seria enquadrada por este delito, pois ela não presta compromisso de dizer a verdade. Veja-se:
““HABEAS CORPUS. CRIME DE FALSO TESTEMUNHO. PRISÃO EM FLAGRANTE. VÍTIMA QUE FALTA COM A VERDADE EM JUÍZO. DECLARAÇÕES PRESTADAS NA CONDIÇÃO DE MERO INFORMANTE. FATO ATÍPICO. I- A VÍTIMA NÃO PRESTA AS DECLARAÇÕES SOB COMPROMISSO DE DIZER A VERDADE, MAS NA CONDIÇÃO DE MERO INFORMANTE, NÃO PRATICANDO, POR ISSO, CRIME DE FALSO TESTEMUNHO, NO CASO DE FALTAR COM A VERDADE EM JUÍZO. II- ORDEM CONCEDIDA. UNÂNIME” (Distrito Federal, Tribunal de Justiça, Relator: Des. José Divino de Oliveira, HC 20050020098385
DF, 2005)
A desnecessidade de oitiva da parte contraria quando da imposição de medidas protetivas à mulher, conforme a legislação o juiz pode conceder de oficio conforme previsto na norma do artigo 19 da Lei Maria da Penha :
Art. 19: As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida.
§ 1º:  As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado. (BRASIL, Lei 11.340 de 7 de agosto de 2006).
A palavra da vítima na referida lei para crimes cometidos no âmbito familiar, realmente tem a sua importância:
“Entre a versão das vítimas e a negativa do acusado, prevalece o relato das vítimas, quando ausentes qualquer motivação para injustamente acusar. Comprovada autoria e materialidade dos delitos de lesão corporal e violência doméstica, estando presentes todos os elementares do tipo denunciado, impositiva a condenação. Apelação improvida” (TJRS, Ap. Crim. 71001343433, Rel. Ângela Maria Silveira, j. 13.08.2007, DJ 16.08.2007)
Observa-se até que ponto que a palavra da vítima deve ser levada como verdade absoluta dos fatos. A medida protetiva de urgência é uma medida cautelar, que deve ser tratada como decorrência da esfera civil, levando em conta o interesse de agir, para que as testemunhas tragam a verdade dos fatos, ou demonstrem os requisitos mínimos para aplicação da cautela.
É necessário que o judiciário aplique medidas, a fim de evitar efeitos colaterais, não previsto pela lei e não desejados pelos seus criadores. Não deve-se retirar o direito de um ser humano sem a referida justificativa, observado o direito da dignidade da pessoa humana.
CONCLUSÃO
Sabe-se que a ampla defesa e o contraditório é uma conquista e representa um avanço histórico da humanidade. Assim, não é legitimo a diminuição da referida conquista sem uma justificativa forte. Uma vez que a lei Maria da Penha não vem apresentando efetividade, a aplicação de suas medidas protetivas em prejuízo das garantias constitucionais representa um retrocesso no direito.
"A Justiça baseia-se no conjunto de valores de uma sociedade numa determinada época. Se não temos uma sociedade suficientemente evoluída, então a Justiça é falha, simples assim". (Branco, Augusto - Pensador)

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