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TRATADO DE DIREITO PRIVADO TOMO49

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TRATADO DE DIREITO PRIVADO
PARTE ESPECIAL
TOMO XLIX
Contrato de sociedade. Sociedades de pessoas.
TÍTULO LI
CONTRATO DE SOCIEDADE
PARTE 1
Sociedades e Associações em geral
CAPITULO 1
CONCEITO E NATUREZA DO CONTRATO DE SOCIEDADE EM GERAL 
§5.167. Dados históricos. 1. Antiguidade remota. 2. Direito grego.3.Direito romano. 4. Prestações §5.168. Conceito de sociedade. 1. Elementos para a definição. 2. Fim da sociedade e objeto social. 3. Pré-contrato. 4. Ação do sócio. 5. Fins comuns e atividade humana. 6. Objeto da sociedade 
§ 5.169.Natureza da sociedade. 1. Comunidade e sociedade.. 2. Bilateralidade e plurilateralidade. 3. Fim comum. 4. Comunidade eficacial. 5. Direito privado e direito público.... 
§ 5.170.Espécies de sociedades (sociedade universal, sociedade particular e outras sociedades) . 1. Extensão patrimonial da sociedade. 2. Sociedades civis e sociedades comerciais. ... 
§ 5.171.Associação e sociedade. 1. Precisões. 2. Conceito de associação. 3. Distinção. 4. Espécies de associações. 5. Sindicatos 
§ 5.172.Liberdade de associação e contrato de sociedade. 1. Princípio constitucional. 2. Violação da liberdade de associação. 3. Intervenção na economia. 4. Autorização e concessão 
CAPITULO II
NACIONALIDADE DAS SOCIEDADES E DAS ASSOCIAÇÕES 
§ 5. 173. Sociedade e nacionalidade. 1. Regra jurídica de competência. 2. Nacionalidade brasileira. 3. Sociedade de navegação aérea
§ 5. 174. Nacionalidade das associações. 1. Princípios gerais. 2. Distinções e nacionalidade
CAPÍTULO III
MUNDO FÁCTICO, MUNDO JURÍDICO E SOCIEDADES
§ 5.175. 5.176.
Precisões conceptuais. 1. Fatos e fatos jurídicos. 2. “Sociedade de fato” e teorias a respeito Sociedades irregulares e sociedades de fato. 1. Conceitos.2.Construção jurídica. 3. Sociedades irregulares e sociedades de fato. 4. Sociedades de fato ou sociedades irregulares do segundo grau. 5. Família e sociedade 
PARTE II
Sociedades de pessoas
CAPÍTULO 1
CONCEITO E NATUREZA DAS SOCIEDADES DE PESSOAS
§ 5.177.Conceito do contrato e da sociedade de pessoas. 1Conceitodo contrato. 2. Fontes do direito sobre sociedades de pessoas 
§ 5.178.Natureza do contrato e da sociedade de pessoas. 1Preci-soes. 2. Distinções relevantes
CAPÍTULO II
CONSTITUIÇÁO DA SOCIEDADE DE PESSOAS
§ 5.179.Espécies de constituição. 1. Constituição negocial e constituição legal. 2. Capacidade e forma; alterações. 3. Prova.4.Em que consiste a prestação de entrada. 5. Transferência da titularidade. 6. Sub-rogação real e lucros. 7. Prazo do contrato 
5.180. Espécies de sociedades quanto à estrutura e à organização .
1.Precisões. 2. Sociedades internas. 3. Ingresso de nôvo sócio. 4. Qualidade de sócio. 5. Responsabilidade limitada ou restrita e responsabilidade ilimitada e irrestrita. 6. Sociedade antes da personificação. 7. Personificação das Sociedades
CAPÍTULO III
VALIDADE DO CONTRATO SOCIAL E SOCIEDADE
§ 5.181.Validade e invalidade do contrato social. 1. Distinção entre contrato, estatutos e registo. 2. Nulidade e anulabilidade do contrato social
§5.182.Conseqüências da invalidade do contrato de sociedade. 1. Precisões. 2. Teorias sobre as conseqüências 3. Causas de nulidade e separabilidade
CAPÍTULO iv
EFICÁCIA DO CONTRATO SOCIAL
§ 5.183.Início e extinção da eficácia. 1. Início. 2. Extinção da eficácia. 3. Fontes dos poderes de órgão. 4. Poderes dos gerentes. 5. Oposição do sócio a atos do sócio gerente. 6. Abuso do poder de presentação. 7. Princípio da liberdade de escolha dos órgãos 
§ 5.184.Responsabilidade interna dos sócios. 1. Responsabilidade quanto à prestação feita. 2. Danos à sociedade ou a outros sócios. 3. Patrimônio da sociedade e gestão. 4. Danos a bens dos sócios. 5. Lucros ilícitos
§ 5.185.Órgãos da sociedade e administração. 1. órgãos e atividade
interna e externa. 2. Poder dos sócios e poder dos órgãos. 3.Responsabilidade da sociedade pelos atos dos órgãos.4.Aquisição de bens pelo órgão da sociedade. 5. Assembléia geral. 6. Administração da sociedade. 7. Responsabilidade dos sócios por atos de gerencia 
§ 5. 186. Penalidades. 1. Conceito de medidas penais estatutárias.2.Espécies de penalidades. 3. Natureza das penalidades sociais.4.Suporte fáctico da infração. 5. Função aplicativa da pena
CAPITULO V
EXTINÇÃO E LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE
§ 5.187.Causas de extinção. 1. Precisões. 2. Prazo e condição.3.Extinção do patrimônio social ou impossibilitação. 4. Conseguimento do fim social ou verificação da inexequibilidade.5.Falência de sócio e outros concursos de credores. 6. Incapacidade do sócio. 7. Morte de sócio. 8. Retirada do sócio. 9. Distrato. 10. Fusão e incorporação. 11. Causas afastáveis. 12. Causas contratualmente previstas 
§ 5.188.Prorrogação do contrato social. 1. Texto legal. 2. Fundamento do poder de prorrogação da duração da sociedade.3.Publicidade de prorrogação
§ 5.189.Liquidação da sociedade. 1. Relações jurídicas pendentes entre os sócios. 2. Restituições. 3. Dissolução por morte de sócio e liquidação. 4. Distrato e liquidação. 5. Liquidação judicial. 6. Liquidação e contratos inválidos de sociedade. 7. Sociedades de fato
CAPÍTULO vi
SOCIEDADES COMERCIAIS EM GERAL
§ 5.190. Comercialidade da sociedade. 1. Importância das sociedades comerciais. 2. Fontes do direito para as sociedades comerciais. 3. Ato constitutivo. 4. Registo das sociedades comerciais
§ 5.191.Capital social e entradas. 1. Capital e prestações dos sócios.2. Momento da prestação. 3. Responsabilidade do sócio quanto à entrada feita 
§ 5.192.Contrato social. 1. Precisões. 2. Registo comercial. 3Pres-supostos do contrato. 4. Personificação e registo
§ 5.193. Registo do contrato social. 1. Arquivamento e registo. 2.Prazo para o registo. 8. Antes do registo do contrato social. 4. Firma e composição. 5. Pressupostos da criação da firma. 6. Princípio da unicidade da firma. 7. Eficácia do registo da firma. 8. Eficácia em virtude da publicidade registária. 9. Exercício do direito a usar a firma.10.Permissão para uso de referência à firma extinta.
11.Alterações e substituições de firmas e denominações sedais. 12. Processo de inscrição. 13 Extinção das firmas e denominações. 14. Exercício do comércio sem nome comercial
§ 5.194.Registo das firmas sociais. 1. Preliminares. 2Falta do registo da firma. 3. Nome
§ 5.195.Validade e eficácia do contrato de sociedade comercial.1.Pressupostos de validade. 2. Direitos e deveres dos sócios. 3. Sócios administradores ou sócios gerentes. 4. Terceiros e relações jurídicas com a sociedade
§ 5.196.Personalidade das sociedades comerciais. 1. Registo. 2 Pluralidade de personalidades
§ 5.197.Dissolução da sociedade. 1. Causas de dissolução. 2. Prazo de duração. 3. Morte de sócio. 4. Distrato. 5.Denúncia cheia. 6. Despedida do sócio
§ 5.198.Conseqüências de dissolução. 1. Cessação da eficácia contratual. 2. Liquidação
PARTE III
Sociedade em nome coletivo
CAPÍTULO 1
CONCEITO E NATUREZA DA SOCIEDADE EM NOME COLETIVO
§ 5.199.Conceito da. sociedade em nome coletivo. 1. Precisões e dados históricos. 2. Conceito. 3. Nome e teorias sobre sociedade em nome coletivo
§ 5.200.Natureza da sociedade em nome coletivo. 1 . Principio da ilimítabilídade e da solidariedade dos sócios. 2. “Nome coletivo”, senso estrito
CAPÍTULO II
CONSTITUiÇÃO DA SOCIEDADE EM NOME COLETIVO
§ 5.201.Elementos subjetivos. 1. Pressupostos subjetivos. 2. Ato constitutivo. 3. Firma social. 4. Regras jurídicas sobre a firma
§ 5.202. Elementos objetivos. 1. Objeto da sociedade. 2. Capital.3.Duração da sociedade em nome coletivo. 4. Sede. 5. Parte nos lucros e perdas
§ 5.203. Modificabilidade do contrato de sociedade em nome coletivo -1.Consenso de todos os sócios. 2. Substituição de sócio.3.Cláusula eventual de substituição. 4. Prorrogação docontrato
§ 5.204.Sociedade em nome coletivo não-personificada e sociedade em nome coletivo personificada. 1. Antes da personificação.2.Personalidade da sociedade em nome coletivo 
CAPÍTULO III
VALIDADE E EFICÁCIA DO CONTRATO DE SOCIEDADE EM NOME COLETIVO
§ 5.205.Validade e invalidade. 1. Regras jurídicas comuns às sociedades. 2. Nulidade e anulação não-contagiante 
§ 5.206.Eficácia do contrato de sociedade em nome coletivo. 1. Penalidades. 2. Prestações dos sócios. 3. Relações jurídicas externas e responsabilidade ilimitada dos sócios. 4. Natureza da responsabilidade ilimitada. 5. Lucros e perdas. 
§ 5.207.Funções de gerência . 1. Distribuição das funções. 2. Precisões. 3. Sócio gerente e poderes de gestão. 4. Poderes do sócio gerente e terceiros 
§ 5.208.Relações jurídicas da sociedade. 1. Relações jurídicas internas. 2. Relações jurídicas dos sócios entre si. 3. Sócio retirado ou falecido e menor na firma. 4. Direitos da sociedade em nome coletivo. 5. Direitos dos socios à parte nos lucros. 6. Relações jurídicas externas. 7. Revogação judicial dos poderes de presentação. 8. Atos concluidos sem uso de firma social. 9. Atos ilícitos absolutos e atos ilícitos relativos. 10. Ações dos sócios contra a sociedade. 
CAPÍTULO iv
DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO DAS SOCIEDADES EM NOME COLETIVO
§ 5.209.Dissolução da sociedade em nome coletivo1. Causas de dissolução em geral. 2. Expiração do prazo fixado para a extinção e implemento de condição resilitiva3. Morte de um dos sócios . 4. Distrato. 5. Cláusulas. 6Renúncia do sócio. 7. Concurso de credores. 8. Denúncia cheia. 9. Causas especiais de dissolução
§ 5.210.Liquidação das sociedades em nome coletivo1. Regras jurídicas gerais. 2. Cláusula sobre liquidação
PARTE IV
Sociedade em comandita simples
CAPÍTULO 1
CONCEITOE NATUREZA DA SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES
§ 5.211. § 5.212.
Conceito de sociedade em comandita simples. 1. Precisões 2.Origem da sociedade em comandita. 3. Definição legal. 
Natureza da sociedade em comandita simples. 1. Caracteres principais. 2. Comercialidade e não-comercíalidade.3.Sociedade em comandita e outras sociedades
CAPÍTULO ii
CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES 
§ 5.213. Elementos do contrato social. 1. Preliminares. 2. Figurantes do contrato de sociedade em comandita simples. 3. Firma social. 4. Prestação do sócio comanditário . 5. Transferência de quota do sócio comanditário 
§ 5.214.personalidade jurídica e registo. 1. Personificação. 2. Registo 
CAPÍTULO III
VALIDADE E EFICÁCIA DE CONTRATO DE SOCIEDADE EM COMANDITA
§ 5.215. § 5.216.
Validade do contrato. 1. Figurantes, conteúdo e forma do contrato. 2. Invalídade e quota 
Eficácia do contrato social. 1. Preliminares. 2. Proibição de imissão. 8. Responsabilidade dos socios comanditantes.4.Responsabilidade dos sócios comanditários. 5. Ação do sócio comanditário a respeito de quotas. 6. Relações jurídicas externas
CAPÍTULO iv
DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES
§ 5.217. § 5.218.
Causas de extinção do contrato. 1. Causas de extinção, em geral. 2. Prorrogação
Consequências da dissolução da sociedade. 1Gerência.2.Lucros e perdas
PARTE V
§ 5.222.Relações juridicas entre os sócios e com terceiros. 1. Relações jurídicas entre os sócios. 2. Relações jurídicas dos socios com terceiros. 3. Quotas nos bancos 
CAPÍTULO 
DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE DE CAPITAL E INDÚSTRIA
§ 5.223.Dissolução da sociedade de capital e indústria. 1Causasde dissolução em geral. 2. Dispensa do sócio
§ 5.224.Liquidação da sociedade. 1. Liquidação em geral. 2Man-comunhão de lucros. 3. Sociedade irregular
PARTE VI
Sociedade em conta de participação
CAPÍTULO i
CONCEITO E NATUREZA DA SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO
Conceito de sociedade em conta de participação . 1. Precisões conceptuais. 2. Existência aformal. 3. Texto legal. 
Natureza do contrato de sociedade em conta de participação.
1.Negócio jurídico entre duas ou mais pessoas. 2. Exterioridade e interioridade. 3. Figurantes. 4. Indubitavel existência da figura contratual. 5. Sociedade em conta de participação e sociedade momentânea . 6. Juridicída de da sociedade em conta de participação. 7. Sindicatos financeiros. 8.Sociedade em conta de participação e outras figuras jurídicas
§ 5.225. § 5.226.
CAPÍTULO ii
Sociedade de capital e indústria
CAPÍTULO 1
CONCEITOE NATUREZA DA SOCIEDADE DE CAPITAL E INDÚSTRIA
§ 5.219. § 5.220.
Conceito de sociedade de capital e indústria. 1. Precisões.2.Conceito
Natureza do contrato de sociedade de capital e indústria.
1.Bilateralidade e plurilateralidade. 2. Prestação do sócio de indústria
CONCLUSÃO DO CONTRATO DE SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO
§ 5.227.Elementos subjetivos e objetivos do contrato. 1. Figurantes. 2. Objeto da sociedade em conta de participação. 3. Outras cláusulas contratuais
§ 5.228.Duração e constituição. 1. Prazo determinado e prazo indeterminado. 2. Contribuições. 3. Fração beneficiária nos lucros da sociedade. 4. Admissão de sócio participante inativo 
§ 5.229.Forma e registo. 1. Forma e prova. 2. Registo do contrato. 3. Direito fiscal 
CAPÍTULO II
CONSTITUIÇÃO, VALIDADE E EFICÁCIA DA SOCIEDADE DE CAPITAL E INDÚSTRIA
§ 5.221. Figurantes e prestações. 1. Figurantes. 2. Prestações . 3.Firma da sociedade de capital e indústria. 4. Contrato social e firma social
CAPÍTULO III
VALIDADE E EFICÁCIA DO CONTRATO DE SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO
§ 5.230. Validade do contrato. 7. Generalidades. 2. Capacidade.3. Lícitude. 4. Forma. 5. Regras jurídicas com sanção de nulidade. 6. Fraude à lei
5.231.Eficácia interna do contrato. 1. Distinção básica. 2.Relações jurídicas internas. 3. Administração. 4.Exclusão do sócio participante. 5. Juros da mora
§ 5.232.Relações jurídicas externas. 1. Precisões. 2. Efeito e quanto ao sócio participante ativo. 3. Ações proponíveis. 4.Concurso de credores
CAPITULO IV
DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO
§ 5. 233.Causas de dissolução. 1. Causas de dissolução comuns às sociedades de pessoas 2. Desconstituição por invalidade.3.Resilição e denúncia do contrato social. 4. Falência, liquidação coativa ou concurso civil de credores de sócio ou do sócio participante gerente
§ 5.234.Liquidação da sociedade em conta de participação. 1. Traços característicos. 2. Liquidante. 3. Participação nas perdas. 4. Métodos de contabilização 
PARTE VII
Sociedade por quotas, de responsabilidade limitada
CAPÍTULO 1
CONCEITO E NATUREZA DA SOCIEDADE POR QUOTAS,DE RESPONSABILIDADE LIMITADA
§ 5.235.Conceito de sociedade por quotas, de responsabilidade limitada. 1. Preliminares. 2. Legislação. 3. Direito brasileiro concernentes às sociedades por quotas, de responsabilidade limitada. 4. Personalidade jurídica 
§ 2.536.Natureza da sociedade por quotas, de responsabilidade limitada. 1. Elemento predominante do “intuitus personae”.
2.Sociedade comercial ou sociedade civil 
CAPÍTULO II
CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE POR QUOTAS, DE RESPONSABILIDADE LIMITADA
§ 5.237. Ato constitutivo. 1. Preliminares. 2. Denominação ou firma.3.Número de sócios. 4. Cláusulas contratuais. 5. Forma.6.Cláusulas subsidiárias ou direito dispositivo sobre cláusulas. 7. Registo do contrato social 
§ 5.238.Quotas sociais nas sociedades por quotas, de responsabilidade limitada. 1. Precisões. 2. Em que podem consistir as quotas. 3. Integralização das prestações das quotas. 4. Transferência das quotas. 4. Cotitularidade em quota. 6. Aquisição de quotas pela sociedade. 7. Direitos reais limitados sobre as quotas e medidas executivas e cautelares. 8. Gravação de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade das quotas 
§ 5.239.Mudança de tipo social e alterações do contrato social 1.Distinção. 2. Mudança de tipo social. 3. Alterações do contrato social. 4. Prorrogação do contrato social 
CAPÍTULOIII
VALIDADE E EFICÁCIA DO CONTRATO DE SOCIEDADE POR QUOTAS, DE RESPONSABILIDADE LIMITADA
§ 5.240.Pressupostos de validade do contrato de sociedade. 1. Capacidade, licítude e possibilidade. 2. Sócios comuneiros e assunção de dividas
§ 5.241.Invalidade do contrato de sociedade por quotas, de responsabilidade limitada. 1. Nulidade. 2. Anulabilidade. 3. Conseqüências da nulidade ou da anulação do contrato social. 
§ 5.242.Eficácia do contrato. 1. Efeitos comuns e efeitos específicos. 2. Deveres dos sócios em geral. 3. Exclusão de sócio remisso. 4. Ação de integralização das quotas. 5. Falência da sociedade. 6. Responsabilidade por atos ilícitos, relativos e absolutos.7.Direitos dos sócios 
§ 5.243.Gerência da sociedade. 1. Atribuição de gerência. 2. Poderes dos gerentes.3.Responsabilidade dos sócios gerentes e dos que deram nome à firma. 4. Sócio que usa indevidamente da firma.5.Caução exigível aos sócios gerentes.6.Função de gerência e delegação de poderes. 7. Responsabilidade dos sócios gerentes 
§ 5.244.Exclusão e retirada voluntária de sócio. 1. Pressupostos para a exclusão ou para a retirada. 2. Retirada do sócio divergente da alteração do contrato social 
CAPÍTULO iv
DISSOLUÇÃOE LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE POR QUOTAS, DE RESPONSABILIDADE LIMITADA
§ 5.245.Causas de dissolução. 1. Código Comercial, art. 335. 2. Dissolução da sociedade por quotas, de responsabilidade limitada. 3. Prazo determinado e condição. 4. Falência ou outro concurso de credores. 5. Dístrato. 6. Morte de um dos sócios. 7. Retirada de sócio. 8. Falência ou outro concurso de credores de algum sócio. 9. Dissolução da sociedade por prazo determinado, em virtude de sentença ... 
§ 5.246.Eficácia da dissolução da sociedade. 1. Eficácia em relação aos sócios e eficácia em relação a terceiros. 2. Liquidação
PARTE VIII
Sociedade cooperativa
CAPÍTULO 1
CONCEITO E NATUREZA DA SOCIEDADE COOPERATIVA
§ 5.247.Conceito. 1. Precisões. 2. Dados históricos. 3. Regramento jurídico das sociedades cooperativas. 4. Casos omissos na lei e nos estatutos
§ 5.248.Natureza e espécies de sociedades cooperativas. 1. Cooperatívidade e finalidade específica. 2. Pessoalídade da participação. 3. Sociedades cooperativas e outras figuras jurídicas. 4. Espécies de sociedades cooperativas conforme o fim.5.Sociedades cooperativas civis e comerciais. 6. Sociedades cooperativas mistas
CAPÍTULO II
CONSTITUIÇÃO E pERSONIFICAÇÃO DA SOCIEDADE COOPERATIVA
5.249.Elementos distintivos e organização. 1. Constituição. 2. Princípios básicos da sociedade cooperativa. 3. Sociedades cooperativas, seus figurantes e quotas 
5.250. Ato constitutivo da sociedade cooperativa. 1. Precisões. 2.Constituição e prova. 3. Forma e conteúdo. 4. Ato constitutivo e estatutos. 5. Denominação da sociedade cooperativa. 6. Sede. 7. Fim da sociedade cooperativa... 
§ 5.251.Validade e invalidade do contrato social. 1. Pressupostos de validade. 2. Licitude 
5.252.Estatutos da sociedade. 1. Conceito. 2. Requisites dos estatutos. 3. Indicação do tipo social e da sede. 4. Capital social. 5. Admissão, retirada e exclusão de sócios. 6. Assembléia geral. 7. Atividade da sociedade cooperativa. 8. órgãos e deliberações. 9. Proibições comuns ao ato constitutivo e aos estatutos. Sociedades cooperativas e autorização do Govêrno. 11. Principio da estruturação equitativa.
§ 5.253.Registo do ato constitutivo e dos estatutos. 1. Registo e personalidade. 2. Formalidades registárias para a aquisição da personalidade jurídica. 3. Entrada e saida de sócios.4.Certificados. 5. Registo administrativo. 6. Falta do registo 2. Limites constituicionais
§ 5.254.Fiscalização. 1. Dados do problema. 
§ 5.255.Livros obrigatórios. 1. Precisões. 2. Decreto n 22.239,art. 16 § 5.256.Sociedades cooperativas centrais e federações. 1Princípioda unidade econômica. 2. Cooperativas centrais e federações de cooperativas 
§ 5.257.Assembléia geral das sociedades cooperativas. 1. Precisões.2.Organização da sociedade cooperativa. 3. Assembléia geral. 4. Assembléias gerais extraordinárias 
§ 5.258.Direção e administração. 1. Direção. 2. Responsabilidade das sociedades cooperativas. 3. Administração. 4. Conselho fiscal. 5. Outros órgãos 
§ 5.259.Admissão, retirada, exclusão coativa e morte do sócio.1.Qualidade de sócio. 2. Admissão de sócio. 3. Retirada de sócio. 4. Exclusão não-voluntária do sócio. 5. Morte do sócio 
§ 5.260. Fundo de reserva. 1. Conceito e natureza. 2. Destinação do fundo de reserva
CAPÍTULO III
VALIDADE E EFICÁCIA DO CONTRATO PLURILATERALDE SOCIEDADE COOPERATIVA
§ 5.262.Responsabilidade da sociedade, dos sócios e dos administradores. 1. Sociedade cooperativa e responsabilidade. 2. Deveres dos sócios. 3. Irresponsabilidade pessoal dos socios.4.Responsabilidade pessoal dos sócios por fôrça dos estatutos. 5. Responsabilidade dos administradores. 6. Sócio posteriormente incluido. 7. Transformação da sociedade cooperativa com responsabilidade pessoal em sociedade cooperativa sem responsabilidade pessoal, ou vice-versa 
CAPÍTULO IV
TRANSFORMAÇÃO, EXTINÇÃO E LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE COOPERATIVA
§ 5.263.Transformação da sociedade cooperativa em sociedade ordinária. 1. Posição do problema. 2. Duas soluções em conflito
§ 5.264.Extinção das sociedades cooperativas. 1. Causas de dissolução. 2. Registo da dissolução. 3. Conseqüências da perda da qualidade de sócio ou da morte do sócio 
CAPÍTULO V
ESPÉCIES DE SOCIEDADES COOPERATIVAS CONFORME O FIM
§ 5.265.Caracteres da sociedade cooperativa no tocante à atividade. 1.Espécies e atividade. 2. Objeto da sociedade
§ 5.266.Sociedades cooperativas de produção agrícola 1Fim da cooperação. 2. Decreto n. 22.239, art. 22
§5.267.Sociedades cooperativas de produção industrial. 1Conceito. 2. Sócios das sociedades cooperativas de produção industrial
§ 5.268.Sociedades cooperativas de trabalho. 1. Conceito de sociedade cooperativa de trabalho. 2. Pressupostos e natureza... 
§ 5.269.Sociedades cooperativas de beneficiamento de produtos. 1. Conceito. 2. Objeto
§ 5.270.Sociedades cooperativas de compras em comum. 1. Conceito.2.Objeto
§ 5.271.Sociedades cooperativas de vendas em comum. 1. Função alienativa. 2. Operações das sociedades cooperativas de vendas em comum
§ 5.272.Sociedades cooperativas de consumo. 1. Conceito. 2. Bens da sociedade e papel dos sócios
§ 5.273.Sociedades cooperativas de abastecimento. 1. Conceito2.Natureza das operações
§ 5.274.Sociedades cooperativas de crédito. 1. Conceito. 2. Espécies conforme a atividade dos sócios
§ 5.275.Sociedades cooperativas de seguros. 1Conceito. 2 Natureza da sociedade cooperativa de seguros
§ 5.276.Sociedades cooperativas de construção de casas populares.1.Conceito. 2. Decreto n. 22.239, nrt. 32520
§ 5.277.Outras sociedades cooperativas. 1. Sociedades cooperativas de editôres e de cultura intelectual. 2. Sociedades cooperativas escolares
§ 5.261. Validade do contrato de sociedade cooperativa. 1. Capacidade e qualidades exigidas. 2. Licitude e possibilidade.3.Forma 
CAPÍTULO 1
CONCEITO E NATUREZA DO CONTRATO DE SOCIEDADE EM GERAL
§ 5.167. Dados históricos 
1.ANTIQUIDADE REMOTA. No direito babilônico havia as sociedades. Os contratos eram, às vêzes, em duplicata, com as assinaturas das testemunhas (cf. J. ROULER-A. UNGNAD, flammltrabi’s Gesetz, 111, 178 s. e 246 s.). A morte do sócio extinguia a sociedade e procedia-se à liquidação com o herdeiro eu com os herdeiros.
2.DIREITO GREGO. Na Grécia, as sociedades publicas com os fins mais diversos (religiosos, políticos , industriais e comerciais, artísticos, esportivas e de diversões ). Tinham em Atenas como se fossem emanadas das entidades estatais, comose proviem das sociedades políticas. Prestava-Se atenção ao que há de idêntico no interesse comum, que há no Estado, nas confrarias, nos demos e nas tribos, e há na sociedade de navegadores, ou nas sociedades dos interessados em contactos de gente semelhantes.
A liberdade de associação , de fazer sociedades, chegou a altíssimo grau na Grécia. Guerreiros podiam associar-Se. Bem assim, marinheiros. O texto de SÓLON que se conhece por sua inserção no Digesto, devida a GAIO (L. 4, D., de et corporibus, 47, 22), mostra que havia plena liberdade de associação . Não importava para que fôsse: para refeições em comum para lugares de sepultura ou para atos religiosoS , ou para marinheiros(vaúrnt).
Era a associação, fundada na amizade, na compreensão, entre pessoas que se reúniam periodicamente , para repasto comum, ou para pique-fique; no passado, por vêzes apenas para que se pudessem alimentar em caso de ausência ou desgraça do chefe de família. Na base estava adiantamento, de jeito que se pode pensar em que para os primeiros empréstimos de amizade o aval desaparecia com o pagamento da divida (J. II. LIPSIUS, Das Attische Reeht und Rechtsverfahren, 730 sj. Em HOMERO (Odisséia, 1, 227), erano era a quota que os convivas pagavam para tomar parte em banquete de amigos e na festa. Também se empregou para designar a contribuição a favor de amigo comum, que se achava em situação difícil. No sentido de associação permanente, ~QUVOL era clube (PAUL VINOGRADOFF, Outiines of Historical , II, 122). Podia adquirir terreno, casa, móveis; e construir santuário. Havia re1açoes jurídicas entre êLe e os membros, ou entre duas ou mais entidades, inclusive como categoria corporativa. A deliberação por maioria era o. regra e proIbia-se a dissolução eta cláusula expressa (F. POLAND, Gesehlchte des griechischen Vereinswe, 275), o que bem mostra ser possível, na falta de vedação, dissolver-se a associação.
Nas assembléias elegiam-se os presidentes e os empregados. Tudo se passava como lá fora, nas dimensões do direito público, com os patriarcas e os demarcas. Havia membros da religião, principalmente nas associações femininas.
Os regulamentos, vó1tot. eram feitos pela sociedade e modificados ou feitos pela assembléia. A dyo0á das sociedades, compostas de alguns membros, decidia à semelhança do que fa?Ia o povo.
As sociedades com fins revolucionários foram por algumas leis proibidas, bem assim associações religiosas novas (E.ZIEBARTE, Da,s griechisebe Ver einswesens, 167 s.).
A opinião de P. FOUÇÂLiT (Des Associatiorts religieuset chez les Grees, 20 s.), sobre ter sido a entrada de cultos estrangeiros que suscitou a associação na Grécia, foi refutada por F. POLAND (Geschichte des griechichen Vereinswcsefls, 515). A primeira aparição de culto estrangeiro em Atenas, com a associação dos crentes, foi a do culto da deusa Bendis da Tráeia, no século V antes de Crista. As associações eram de caráter
místico. Mais tarde, uniões pitagóricas e de artistas dionisíacas a passaram das fronteiras portanto fora da observância das leis de cada pais.
As sociedades comerciais pululavam, mas não se cogitou de legislação especial. Como tôdas as outras, tinham personalidade jurídica. O fim era industrial, ou comercia], inclusive bancário e de transporte. Não havia a sociedade por ações, mas evitavam os riscos do investimento as pequenas quotas, que os Atenienses preferiam, principalmente nas empresas marítimas. Quase sempre, sociedade em comandita, de modo que os participantes tinham ação contra o sócio comanditário ou mesmo contra o gerente. Não eram de longa duração, por serem ocasionais e ligadas às operações que se tinham em vista, salvo se havia a permanência de organização, como acontecia como os bancos. Aliás, êsses não eram sociedades em conta de participação. Os membros respondiam pelas operações (cf.O.PERROT, Le Commerce de i’argent d te crédit & Athênes, 355). As sociedades para exploração de minas tinham papel relevante, na esteira do que aconselhava XENOFONTE. Havia o laço social para a pesquisa e o laço social, vínculo duradouro, para a exploração .
A temporaneidade das empresas resultava da falta de investimentos internacionais organizados (cf. E. FRIGNFrr, Hi.stoire de l’Assaciation cammerciale, 52).
3.DIREITO ROMANO. O contrato sem a origem hereditaria, com a universalidade, ou sem ela, inclusive para a exploração de uma só indústria ou de um só negócio, apareceu indubitàvelmente, por exigência das relações humanas. GAIO (Inst., 1111, 148) é expressivo; e o texto descoberto mostra que, no seu tempo, a sociedade de fundo hereditário, essa, já de muito desaparecera.
As partes dos sócios nos lucros e nas perdas eram, na dúvida, iguais (GAIO, Inst., III, 150; ULPIANO, L. 29, pr., Di, pra soda, 17, 2). Fêz-se convencionável a participação desigual nos lucros e nas perdas (GAIO, Inst., III, 149; ULPIANO, L. 29, pr., 171., ro soda, 17, 2), porém repelia-se, como nuMa, a societas leonina (CÂssio, L. 29, 2, D., pra soda, 17, 2).
A administração da sociedade tocava a todos os sócios, Laivo cláusula ou pacto em contrário. No tocante à eficácia quanto a terceiros, só a cessão podia fazer eficaz a respeito de todos os sócios o ato de um deles.
Com a economia agrária, compreende-se que, nos primeiros tempos, morto o pai, tivessem os filhos de manter a composse do patrimônio e explorá-lo em comum. Segundo o fragmento das Institutições de GATO, descoberto recentemente, as regras jurídicas sobre essas comunhões eram especiais: e. g., cada comuneiro podia, eficácias , dispor de bens pertencenteS a comunidade, como alienar por a coisa, ou manumitir escravo. Era possível, perante o pretor, por meio de certa legis adio, concluir comunidade com outras pessoas, figura que não se sabe bem qual seria (algo de in jure cessio).
Sociedade somente pode haver se há duas pessoas, pelo menos. Hoje, para algumas sociedades, as sociedades anônimas e as comanditas por ações, exige-se o mínimo de sete. MAR CrIO, na L. 85, D., de verbol significação , 50, 16, disse que, para NERÁÇIO , três pessoas podem fazer cailetiium, e era isso o que mais se seguia. Não se sabe porque houve tal preferência pelo mínimo de três.
4.PRESTAÇÕES. As prestações sociais são de atividade, ou de bens patrimonias. Sociedade universal é a sociedade em que entram todos os bens presentes (universal momentânea ), ou todos os bens futuros (universal de futuro), ou todos os bens presentes e os futuros (universal integral), ou sé os frutos, incluídos ou não os rendimentos (universal frútica). No direito civil brasileiro, há permissão de qualquer dessas espécies, sem que se tenha aderido à solução de proibirem a sociedade universal integral, a universal de futuro e a sociedade universal frútica, que foi a do Código Civil alemão, no § 310: “Contrato pelo qual uma das partes se vincula a transferir seu fúturo patrimônio ou parte de seu futuro patrimônio, ou gravá-lo com usufruto, é nulo”. O Código Civil francês, art. 1.836, só admite a sociedade universal de todos os bens presentes (art. 1.837) e a sociedade universal dos ganhos (art. 1.888). Se não se disse no contrato qual a espécie de sociedade universal, entende-se que se concluiu o contrato de sociedade universal de ganhos (art. 1.839). Cf. Código Civil espanhol, ad. 1.672.
No direito romano, a societas omnium bonorum exerceu papel de relêvo. Não era preciso que os bens fôssem transferidos especialmente ao patrimônio social. À conclusão do contrato social, tudo que era dos sócios exceto. os créditos (PAULO, L. 1, § 1, e L. 3, § 1, pr., D., pra soda, 17, 2) automáticamente entrava no patrimônio social. A L. 3, pr., refere-se aos créditos, mas frisa a prestação das actiones que correspondiam aos créditos (cf. P. VAN WARMELO, Aspects of Joint Ownership in Roman Law, Tijdschrift vor Rechtsgeschiedis, 25, 168 sj. Não havia automaticidade para os bens posteriormente adquiridos (PAPIMANO, L. 52, § 8, D., tira sacio, 17, 2; ULPIANO, L. 73). SALVATOBE RICCOBONO (Traditio ficta, Zeitschrift der Savigny-Stiftunv, 34,185. s.), que tantos outros seguiram (e. g., FRrPZ ScnULz, Einfiihntng in das Studium der )Jigesten, 84, nota 4, e HEINRICH SIBER, Rõmisches Redil, II, 206), tinha o conteúdo do fragmento de PAULO como justinianeu; mas, com o recente descobrimento de fragmente das Institutianes de GAIO, não se pode pensar que so houve a societas moderna baseada na comunhão hereditária, com a sarjetas omnium ôonorwm. O texto que se veio a conhecer alterou profundamente, e tinha de alterar, o que se afirniava sobre o cansartium.
O pacto de admissão do herdeiro do sócio era nulo (SAnLNO, L. 59, pr., O., pra sacia, 17, 2; ULPIANO, L. 35). Não se podia convencionar a continuação da sociedade com os sócios sobreviventes (L. 65, § 9, O., pro sacio, 17, 2).
A prestação podia consistir em coisa, ou em dinheiro, ou bens incorpóreos, ou em trabalho. Tanto podia ser da propriedade, como de direito real, ou de simples uso e fruição, sem a gravação de direito real (L. 58, pr. e § 1, e L. 52, D., pro soczo, 17, 2). Só o exame do caso concreto podia dar a conhecer, em caso de dificuldade, o que foi que se prometeu prestar. O trabalho podia não ter valor pecuniário, pôsto que mais freqUente fôsse o trabalho-valor. Podia ocorrer o negotium miztuin. cum donatione. O contrato de sociedade não deixava de ser contrato de sociedade somente pelo fato de não corresponder à prestação a participação de alguns sócios ou de um sócio. Nem obstava ao contrato de sociedade a cláusula que fazia diferente da participação nos lucros a participação nos danos, ou de só um dos sócios ter o risco (L. 29, § 2, e L. 30, O., pro saciO, 17, 2).
Na societas romana, a vinculação era de direito das obrigações, e não de direito das coisas. A comunhão, sim. 
2. FIM DA SOCIEDADE E OBJETO SOCIAL. O contrato de sociedade conclui-se para que duas ou mais pessoas se vinculem a prestações, versadas no interesse comum. Qualquer das prestações não pode ser só em proveito de quem a faz, ou de outra pessoa. A comunidade do interesse é elemento essencial ao conceito. Isso não afasta que a distribuição dos lucros possa ser de inspiração diferente.
O fim do contrato é a obtenção do que se reputa conseguivel com a comunidade das prestações. O fim, dito, às vêzes, “objeto”, há de ser licito e possivel.
O fim pode ser patrimonial, ou não-patrimonial (incremento da ciência, da arte, da moral, da religião, do direito, da política, ou da própria economia). Por vêzes, o caráter não era de enriquecimento, sem deixar de ser patrimonial, como acontece com os clubes de diversões, ou de amadores, ou de esportes, ou de lições.
A participação nas lucros, por parte dos empregados, não cria vinculo social (Tribunal de Justiça de São Paulo, 17 de março de 1896 e 10 de abril de 1897, O D., 79, 614 a.). Nem o empréstimo com participação nos lucras: trata-se de mútuo ou de empréstimo de uso ou de uso e fruição. Nem a outorga de poder (mandato ou outra figura) ou comisada para venda de mercadorias, com parte nos lucros (Relação do Rio de Janeiro, 22 de setembro de 1873, O D., 1, 478 s.). Nem a compra por duas ou mais pessoas de patrimônio ou massa, para que se dividam os lucros ou os lucros e perdas (Tribunal de Justiça de São Paulo, 19 de janeiro de 1898, O D., 78, 535).
1.
3.PRÉ-CONTRATO. Pode haver pré-contrato de sociedade ou de associação, uma vez que se precise o fim e se dêem as outras indicações . Ainda não se criou a sociedade, porque essa é efeito do contrato de sociedade, e não de promessa de contratar. Não há só a indenizabilidade dos danos, pelo inadimplemento do que se prometeu (sem razão, 3. HÉMAIW, Thé orle et Pratique des Nuilités de soetétés eI des Sociétés de falI. 165). O art. 1.006 e os §§ 1.0 e 2.~ do Código de Processo Civil podem ser invocados.
4.AÇÂO DO SÓCIO. Entre os sócios há relações jurídicas de direito das obrigações e de direito das coisas. Dai direitos, deveres, pretensões, obrigações e ações, que existem entre êles. No direito romano, a actio pra sacio tinha o caráter de ludicium bonae fidei. Por ela, o sócio pedia o que era seu, a parte nos lucros, a partição das perdas e dos danos que lhe houvessem causado. Tinha o demandado de ressarcir os danos que resultassem do dolo ou negligência grave (GAIO, L. 72, O., pra sacio, 17, 2; PAULO, L. 65, §§ 4 e 5). No direito pós-clássico, o sócio respondia pela falta da diligência que êle teria com os seus próprios negócios.
5. FINs COMUNS E ATIVIDADE HUMANA. O ser humano, produto da assembléia, como foi, não poderia ter somente fins individuais, somente ter por fito atingir o que interessa ao seu eu. Os fins coletivos, que dependem de cooperação de duas ou mais pessoas, inclusive de coletividades amplas, como o clã, a tribo, a nação, o Estado, têm a maior relevância na vida do homem. Em lugar de se aterem a prestar ou prometer prestar e quererem ou exigirem contraprestação, juntam-se, às vêzes, por meio de contrato, para que a atividade comum, que êles prometem, consiga os fins comuns.
Pode a sociedade não ter estrutura ou não ter satisfeito pressupostos para haver direção, com a submissão de tôdas as vontades à maioria, e nome que mostre a distinção entre o grupo e cada membro do grupo.
A atividade de um homem, mesmo com os seus empregados, pode não ser suficiente para se atingir o fim que se tem. Dai, a necessidade da associação e da sociedade. As regras jurídicas sobre as sociedades buscam solução aos problemas de organização e de comunhão das atividades humanas.
6.OBJETO DA SOCIEDADE. O objeto somai é o que se prevê como atividade da sociedade. Há atos que a sociedade pratica sem estarem inclusos no objeto social e não estão, por isso mesmo, inclusos nas funções da gerência. A sociedade, pessoa jurídica, pode figurar em atos que o contrato não previu como de objeto social. Só há as limitações legais e a exigência de que os sócios ou os órgãos competentes os admitam. É raro que se haja dado aos sócios gerentes a legitimação para atos estranhos ao objeto social, ao fim da sociedade; então, se isso não ocorreu, só a assembléia de sócios pode permiti-los (SCHLINK, Die (JUra-vires Lebre im englischen Privatrecht, 1 s.). No direito inglês, há a teoria do “ultra vires”, segundo a qual se algum ato é estranho à atividade da sociedade, prevista no contrato, há exorbitância dos poderes de gestão e possivelmente da própria capacidade da pessoa jurídica. Assim, afasta-se a teoria da igualdade das pessoas, segundo a qual o que a pessoa física pode praticar também o pode a pessoa juridica, salvo limitação legal ou estatutária explícita. Naquela teoria, não há ratificação pelos sócios, em caso de infração, porque a mesma sociedade não o poderia, através de assembléia geral. Na própria Inglaterra, a nova legislação pôs de lado, em parte, a teoria. Mesmo sob aquela teoria, tinha-se de atender à diferença eventual entre a capacidade da sociedade e a competência do órgâo, ou de determinados órgãos, caso em que a sociedade se vincula perante os terceiros de boa fé (A. F. TOPRAM, Principles of Company Law, 24; FRIDMAN, Pie Law of Ageney, 234), ou ter havido ratificação. Não se pode negar a responsabilidade das sociedades pelos danos causados por seus órgãos, no exercício das suas funções, se o ato foi ato ilícito, nem a margem que as sociedades têm para atos que interessam à sua vida ou prosperidade, pôsto que não haja explicitude no que então se considera objeto da sociedade. Recorrer-se à responsabilidade pelo fato de ligação do agente à sociedade, responsabilidade indireta (vicarious liability), como se vê em PAJJMER, SMIrrHOFF e CURRY (Company Law, 20a ed., 90), não afasta que responda a sociedade por ser pessoa jurídica. Por outro lado, a lei vincula os empregadores e os que têm alguém como órgão (cf. Código Civil, arts. 1.521, III, e 1.523).
Objeto da sociedade não é só a atividade nos negócios específicos, é, também, a atividade que serve aos fins sociais, ou que é de supor-se que sirvam a êles. Daí não se pode estabelecer, a priori, quais são os atos exorbitantes, pois a troca de terrenos, por exemplo,pode ser útil, como pode ser útil o loteamento. São-no as emissões de ações a descoberto, ou sem deliberação da assembléia geral; não os atos que são cjnexos, sem serem infringentes da cláusula de objeto (objects-clause). Cp. CONNEL-PURSE (Companies and Company Law, 35). Compreende-se que as legislações dos Estados Unidos da América
(e.g., Vermont Public Act 1915, r. 141, § 15; Ortario Act 1916, n. 35, sect. 6; Virgina G.orporation Lavz 1956, ~ 5) tenham afastada a teoria do “idtrc-v ires”. No mesmo sentido, o Business Uniform Corporatiou Act de 1923 (National Conference ol Commissiofleers ou. Unitorm State Laws, 149).
§ 5.169. Natureza da sociedade
1.COMUNIDADE E SOCIEDADE. As relações jurídicas, em que a sociedade figura, resultam, em princípio, de contrato. Relações jurídicas semelhantes podem derivar de sucessão hereditária, de confusão, ou de incidência de regra jurídica que una duas ou mais pessoas. A comunhão de interesse surge de fatos assaz diversos (e. g., entre co-herdeiros), como pode emanar de algum contrato (e. g., casamento, sociedade). É antonomástico chamar-se comunidade à comunidade que não é social.
2.BILATERALIDADE E PLURILATERALDADE. ~ O contrato de sociedade é contrato a) bilateral ou b) plurilateral? Afirmam a)PAUL OERTMANN (Schuldrecht, 859), G. PLANCK (Koutmentar, III, 4a ed., 729) e HEINRICE DERNBURG (Bitrgerliches Recht, II, 2, 655), que, a despeito disso, nega a invocabilidade do § 320 do Código Civil alemão (art. 1.092, 1.a parte, do Código Civil brasileiro). Contra, EMIL STEINBACH (Rechísgeschtif te der wirtschaftiichen Organisation, 3 s.), II. TITZE (Die tinmõglichkeit der Leistung nach deutschem BGB., 309 s.), .JOSEF KOHLER (Lehrbuch, II, 279) e O’rTO VON GIERKE (Deutsehes Privatrechí, III, 830).
Primeiramente, precisemos que o adjetivo “bilateral”, como os adjetivos “unilateral” e “plurilateral”, referindo-se a negócio jurídico, necessáriamente alude a figurantes (dois, um, três ou mais). O número de figurantes é que importa. Posposto ou anteposto a contrato, que não pode ser negócio jurídico unilateral, já qualifica contrato, negócio jurídico bilateral ou plurilateral; portanto, somente se pode ligar a dever de prestar. A relação jurídica, o efeito, é que gera dever dos dois lados.
Como negócio jurídico, a sociedade é, sem exceção possível, bilateral (de dois sócios), ou plurilateral (de três ou mais sócios). Se o contrato (negócio jurídico bilateral ou plurilateral) é bilateral ou plurilateral (= gerador de relação jurídica obrigacional dos. dois lados, ou de três ou mais) éoutra questão, e só ai pode haver divergências. Evita, até certo ponto, confusões falar-se de contrato de intercâmbio, com bilateralidade ou plurilateralidade, ou de contratos que não são de intercâmbio (contratos unilaterais) ; mas a prestação para finalidade comum não faz não haver laços entre os sócios.
A sociedade é efeito do contrato de sociedade. O contrato de sociedade é para que se faça a sociedade, relação jurídica que dêle se irradie. O vínculo dos sócios é recíproco. Todos têm o dever de atividade ou contribuição para que se obtenha o fim comum. Cada sócio tem direito a que os outros cumpram, de modo que, se não há somente dois sócios, a plurilateralidade exsurge. Quando a sociedade exige que algum sócio ou alguns sócios adimplam o que prometeram, já a pretensão de contribuição está no patrimônio social, embora corresponda aos sócios em conjunto. Se algum dos sócios pode exigir a prestação, é para todos, e não para êle (GÚNTRER HAUPT-RUDOLF REINHAIUYP, Gesellschaftsreeht, 4~a ed., 31; ALFLIED HUECK, Geseilschaftsrecht, 4)’ ed., 36; HANS WÚRDINGER, Recht der Persondgesellsehaften, 47; HEINRICH LEHMANN, Geseilschaftsrecht, 65; KARL GEILER, J. v. Staudigers Kommentar, ~ 2)’ Parte, 9)’ ed., 41; JoHANNES FRIESECKE, Palandt Biirgerliches Gesetzbuch, 688; contra, PAUL RNOKE, Das Recht der Gesellschaft, 83).
Preliminarmente observemos que estamos a falar de contrato (de sociedade) bilateral ou plurilateral, e não só do negócio jurídico bilateral ou plurilateral, que há em todos os contratos. Sobre os negócios jurídicos bilaterais e plurilaterais, Tomo XXXVIII, §§ 4.185-4.264.
A prestação de um figurante não é, evidentemente, prestação para o outro figurante do contrata, mesmo se só há dois sócios. Porque a contribuição é para a finalidade comum, cada sócio ou a sociedade pode exigir o adimplemento para todos (sem razão, GÍINTHER HAUPT-RIJDOLF REINRARDT, Gesellsehaftsrecht, 4)’ ed., 31; JOSEF EssEIt, Schuldrecht, 408 a.).
Com a redução do número de sócios a dois, o contrato de sociedade não deixa de ser contrato de prestações comunizadas, para se tornar simplesmente intercambial. À bilateralidade pode corresponder contrato de sociedade como pede corresponder contrato de intercâmbio.
Na divergência, o grande mal estava em se partir do conceito de lateralidade (unilateralidade, bilateralidade, plurilateralidade) do contrato e querer-se que só os contratos de intercâmbio sejam bilaterais ou plurilaterais. De modo nenhum. Sejam dois ou mais de dois os sócios (seja bilateral ou plurilateral o contrato), o contrato de sociedade tem o elemento do fim comum, que retira a intercambialidade do contrato (A não presta a B, para que E preste a A, ou a terceiro, C; A presta a B para que as suas prestações tenham o destino que tende ao fim comum).
No contrato de compra-e-venda, A pode ser o comprador e E o vendedor, ou A e C os compradores e E o vendedor, ou A e C os compradores e E e D os vendedores. A bilateralidade permanece. No contrato de sociedade entre A, B e C, ou entre A, E, C e D, não: a plurilateralidade ressalta. Se alteração do contrato reduz o número de sócios a dois (A e E), nem por isso deixa de ser contrato de sociedade o que se fêz e alterou. Não mais se trata de contrato plurilateral (êrro grave de TULLIO AsCÂBELLI, Contratto plurilaterale e negozio plurilaterale, Foro Lombardo, 1939, 108 s.; Contratto plurilaterale; Comunione d’interessi; società di due soei; morte di un socio in una società personale di due soei, Rivista Trimestrale di DCritto e Procedura c-ivile, VII, 730 e 732 s., 723). Se não houve a alteração do contrato e algum sócio se retirou, ou deixou de ser sócio por outra causa, de jeito que permaneça a vaga, então, sim, se pode falar de persistência da plurilateralidade,
porque não bá só pluralidade possível por nova alteração do contrato, mas sim acidental desaparecimento.
O contrato de sociedade pode ser bilateral ou plurilateral. O contrato bilateral de sociedade pode modificar-se a ponto de se plurilateralizar. O contrato plurilateral de sociedade pode bilateralizar-se, o que implica alteração, ou sofrer a diminuição do número de sócios, com vagas que tenham ou possam ser preenchidas sem alteração do tipo do contrato.
O simples fato da diminuição acidental do número de sócios não torna bilateral o contrato de sociedade, porque, ex hypothesi, a pluralidade persiste, razão por que há vagas. Uma vez que não se alterou o contrato de sociedade, o ata constitutivo, obviamente continuou a pluralidade, acidentalmente atingida. Se, para a admissão de novos sócios (terceiro, ou outros), a alteração do ato constitutivo é indispensável, o contrato de sociedade tinha-se bilateralizado.
O contrato de sociedade pode ser contrato aberto ou contrato fechado. Se a falta de algum sócio ocorreu em sociedade de contrato aberto, há a abertura para outras pessoas e a vaga que advém somente tem relevância se concerne a número mínímo de sócios. A estruturação a porta aberta supõe o número variável de sócios, de modo que não se há de pensar em vaga. A estrutura fechada, mesmo se há número mínimo de sócios, permite que se cogite de vaga desde que a falta não diminua mais do que se pode admitir.
O contrato bilateral de sociedade pode ser plurilateralizado por alteração contratual, ou por ter o ato constitutivo previsto a plurilateralização.
À pluralizabilidade e à possibilidade de vagas pode corresponder patrimônio social fixo, com variabilidade do número de prestações.Os sócios são A, 13 e C, com as quotas ad, 1w, cf, para que, à entrada de D, a prestação d, que A fizera, passe a ser atribuida a D, e, à entrada de E, a prestação e, que fizera 13, passe a ser atribuida a E. Cláusula contratual pode estabelecer que, ao deixar de ser sócio A, a quota passe a ser de B, ou de E e C, ou de quem suceda a A. Se inicial-mente os sócios eram apenas A e 13, com as quotas ac e bd, ou acd e bei, para que outros sejam admitidos, a pluralidade é finalistica, de modo que a bilateralidade é temporária . A
transformação prevista no contrato de sociedade é mediante a porta aberta ou a parta semi-aberta (admissão dependente de aprovação dos dois sócios, ou dos sócios existentes).
As leis soem estabelecer a pluralidade necessária do contrato social (e. g., para as sociedades por ações, mínimo de sete sócios).
O interesse em ser comum o fim faz ser comum o interesse. O conteúdo do interesse de cada sócio há de ser qualitativamente idêntico, o que faz elemento essencial, no contrato de sociedade e, pois, na sociedade mesma, que é efeito, a igualitariedade qualitativa (cf. VITTORIO SALANDRA, II contratto plurilaterale e la società de due soci, Rivistct Trimestrale di Diritto e Proeednra Civile, III, 888). Quantitativamente, os interesses podem ser desiguais (diferenciados pelos valôres das quotas, cu da participação nos lucros e nas perdas).
Temos de refusar a afirmação de FRANCESCO MESSINEO (La Struttura della Società e 41 cd. Contratto plurilaterale, flivista di Diritta c-ivile, 1948, 85 s.; Dotirina generale dei Contratto, 8a ed., 47, 62 s.) de não haver consenso no contrato plurilateral, porque as manifestações de vontade são em sentido paralelo. De início, observemos que o paralelismo, a que o jurista italiano alude, é de flagrante artificiosidade. Se A, 13 e C querem constituir sociedade, não querem em sentido de linhas paralelas, mas sim de linhas convergentes: há a contactuação das linhas e houve o consenso. Tanto há in idem placitum cousensus no contrato de compra-e-venda, ou em qualquer outro negócio jurídico bilateral, como há no contrato de sociedade. Não há só o consentir (cum-sentire) se dois se acordam, também o há no acôrdo de três ou mais. No negócio jurídico unilateral, sim, não há consensus: só há sentire de uma pessoa, e aí, sim, houve erros crassos de terminologia no Código Civil italiano, arts. 891. (assentimento seria, e não consentimento), 894 e 895 (casos de assistência, e não de consentimento),. porém não em todos os casos que o jurista italiano exprobrou.
Quanto à tese de FRANCESCO MESsINEO de não ser contrato o negócio jurídico de criação de sociedade, deu-lhe resposta cabal GIUSEPPE FERiU <Società come contratto, Diritto e Pratica commerciale, 1943, 1, 6 5.; Studi in memoria. de FRANCESCO FERRARA, 1, 259 s.). Se a lei pode criar sociedade entre duas ou mais pessoas, e. g., desapropriar o edifício tombado e fazet sócios, por lei, os que foram condôminos, para os proveitos e despesas do uso e fruição do bem, é outro problema; mas de modo nenhum deixa margem à tese absurda, que é a de FRANCESCO MESSINEO.
No contrato de compra-e-venda, no de troca e noutros semelhantes, as prestações são antagônicas, porque se intercambia. No contrato de sociedade, o fim comum pré-elimina o antagonismo: há bilateralidade do contrato, ou há plurilateralidade, mas há o plus da destinação; falta a enantiomorfia, porque a separação do patrimônio pelo fim comum impede que o sócio fique em frente do outro sócio, todos miram o fim comum. Há convergência, em vez de divergência prestacional.
No contrato de intercâmbio, as figuras são as seguintes:
Outorgante (e. g., vendedor) ~ Outorgado (e. g., comprador) ou Outorgantes (e. g., vendedores) ~ Outorgados (e. g., compradores>
Nos negócios jurídicos plurilaterais, as direções mudam; porém não há, nunca, paralelismo, salvo se há pluridade de negócios jurídicos.
Nas sociedades, pois que, nelas, não há o elemento de intercambialidade. o fim comum muda a posição das setas:
Assim é a figura, se só os órgãos sociais podem exigir o cumprimento dos deveres de cada sócio. Se qualquer dêles o pode, a figura é complexa, porque, além do que acima se tem, há > de cada sócio para qualquer dos outros, pôsto quê a prestação seja para o patrimônio da sociedade.
3. FIM COMUM. O fim comum, na sociedade, é construtivo, porque põe em comunhão , ou cooperação, o que não estava em tal situação jurídica. O contrato plurilateral, com que se divide o bem comum, é desconstitutivo, razão por que não se pode negar a comunidade de interesses, nem a igualitariedade qualitativa, sem que se possa pensar em sociedade. No plano da comunhão de fim, a sociedade é criadora; a divisão do entre condôminos, ou co-herdeiros, ou entre compossidores, não no é: o resultado é individual, exatamente porque houve a divisão. (Dizer-se que a divisão é antítese perfeita do contrato plurilateral, importa reduzir-se o contrato plurilateral ao contrato de sociedade, que pode ser bilateral ou plurilateral e não é a única subespécie de contrato plurilateral. Sem razão, GIUSEPPE OSTI, Contratto, Novíssimo Digesto Italiano, IV, 474, nota 8, que, aliás, aludia a desconstitutividade do contrato, o que nada tem com o ser unilateral, bilateral ou plurilateral.
O distrato contrato é. Pode ser negócio jurídico bilateral ou plurilateral, mas supõe o contrato, que êle desconstitua, o que não ocorre no contrato de divisão, porque não se trata de desfazer contrato, mas situação jurídica que, por vêzes, nao resultou, sequer, de contrato. Se o contrato de divisão é entre três ou mais pessoas, há contrato plurilateral, como ocorre com o contrato de sociedade: a diferença não está na estrutura negocial, nem na estrutura contratual, mas sim no fim comum, ali divisório, aqui, societário.)
O contrato de sociedade, como qualquer outro contrato, que possa ser plurilateral, tem de ser entre três ou mais figurantes, em posições próprias. (Os três ou mais compradores, ou os três ou mais vendedores, que contrataram a compra do prédio, em igualdade de frações, ou sem igualdade, não são figurantes em posição própria: há uma chave, por trás da qual êles estão. Os dois figurantes, no contrato de sociedade, estão em situação própria. Se são três ou mais os figurantes, há posição própria, e o contrato é plurilateral.) Há contratos de sociedade que não são plurilaterais e contratos plurilaterais que não são de sociedade ou de associação. Esse é um ponto que escapou a muitos juristas (e. g., KARL WIELAND, Iclandeisrecht, 1, 453 s.; MATTEO FERRANTE, Ii Negozio ginridico Concetto, 115 sj. Principalmente, tem-se de repelir a identificação entre contrato plurilateral e contrato de sociedade ou de associação, dito contrato associativo (cf. GIUSEPPE FERIU, Contratto plurilaterale, Novíssimo Digesto Italiano, IV, 681).
4.COMUNIDADE EFICACTIAL. Há o fim comum, há duas ou mais pessoas que o querem atingir, mas, para isso, é preciso que o contrato de sociedade surta os efeitos que se quiseram resultantes do contrato, ou que dêles tenham, por lei, de resultar. Assim, não há somente a reciprocidade de deveres de prestação, porque o fim comum determina que se crie a comunidade, de jeito que há interesses que deixaram de ser individuais, para serem, também êles, comuns. Daí o problema de técnica legislativa que concerne ao atendimento e à defesa. dos interesses comuns. São exemplos as regras jurídicas do Código Civil, arts. 1.373, 1.379, 1.380, 1.383, 1.386, 1.387, 1.396 e 1.397. As regras jurídicas que sejam dispositivas permitem cláusulas pré-excludentes, mas, se o afastamento do ius dispositivo é tal que se tira ao figurante do contrato qualquer influência na atividade social e qualquer fiscalização, não se há de pensar em sociedade (Jos. SCHAFIIEIJTLE, Gesellschaftsbegriff und Erwerb in das Gesellschaftsvermõgen 29). Não há so as relações jurídicas entre os sócios. Há a comunidade, que pode vir a personificar-se Para isso, há ter os seus órgãos. Os sócios estão vinculados a atividade e gestão que tenham por fito obtera finalidade social. Há algo a mais, que caminha para a sociedade, que é efeito, e para a pessoa jurídica, de modo que se parte do Direito das Obrigações, para se ir ao que concerne à Parte Geral, aos sujeitos e aos patrimônios. Sai-se da comunidade e vai-se à sociedade, para que se chegue à personalidade: ao elemento comum patrimonial adita-se o elemento comum às pessoas, mas para que se crie outra pessoa.
O elemento de vinculação recíproca, com o propósito da obtenção do fim comum, permite que se possa pensar em sociedade que a lei crie, em vez de o contrato constituí-la; e ao mesmo tempo a diferencie da comunidade jurídica simples, isto é, das comunhões que advêm de aquisição, em comum, de direitos (e. g., comunhão conjugal, comunhão hereditária). A comunhão não só permanece no plano patrimonial, atinge as pessoas. Se fôsse concluído contrato, ou se a lei criasse vinculação apenas oriunda de comunhão patrimonial, não haveria, em tal espécie, sociedade.
Se há decretação de nulidade, ou de anulação, qualquer que seja a causa, do contrato de sociedade, há a liquidação, porque falta o elemento da comunidade pessoal.
Não se pode falar de relação fáctica de sociedade se o contrato de sociedade é nulo ou anulado. Num e noutro caso não se reconhece o efeito do contrato de trabalho, ou do contrato de sociedade; reconhece-se que algo ocorreu, que entra no mundo jurídico para os efeitos que se lhe têm de atribuir. As relações jurídicas, a despeito de não se poderem considerar emanadas do contrato de sociedade, derivam do fato de ter havido prestações e contactos eficaciais. A relação é, portanto, jurídica, e não fáctica.
Nas “sociedades”, a que não se reconhece o vínculo contratual ou requisito para existir, não se pode deixar de considerar o que ocorreu entre os que seriam membros (cf. ALFRED HUECK, Das Rechi der offenen Handelsgesellscha.ft, 2a ed., 44 s., 56. 
O contrato de sociedade não é contrato a favor da sociedade futura. ~ constitutivo da sociedade. Os figurantes criam- na, dão-lhe os pressupostos para o registo e a personificação, e para que, desde a criação, tenha direitos e deveres perante êles e os possa exercer.
Daí ser absurdo falar-se de contrato a favor de terceiro, que seria o de sociedade: a sociedade não é terceiro; a sociedade é criação do contrato. As vinculações dos sócios tiveram por fito criá-la; se não a criaram, ela não é. Por isso, quando se fala de saciedade de fato, assunto de que cogitaremos, tem-se de ter tôda a atenção para a íntima contradição, que há na expressão: sociedade de fato é a sociedade que não é sociedade; não foi criada: o que no mundo jurídico seria sociedade lá não chegou. 
5. DIREITO PRIVADO E DIREITO PÚBLICO. Há a) as associações e as sociedades públicas, isto é, de direito público, b) as associações e sociedades privadas, isto é, de direito privado, e) as associações e as sociedades que entram no direito privado mas criadas pelo Estado, d) as que entram e são consideradas elimináveis (o contrato é anulável), e) as que não entram no direito. As associações e sociedades d) permanecem no mundo fáctico e não são associações ou sociedades se só consideramos associações ou sociedades as que resultam de contrato existente. As associações e sociedades e) supõem contrato existente e nulo.
Para que as sociedades tenham personalidade, é preciso que satisfaçam exigências legais, quase sempre que se registem. A sociedade que consta de contrato de sociedade, porém ainda não se personificou, tem trato especial, de que falaremos com minúcias .
§ 5.170. Espécies de sociedades (sociedade universal, sociedade particular, e outras sociedades)
1. ExTENSÃO PATRIMONIAL DA SOCIEDADE. O problema legislativo que logo surge é o da admissão ou vedação das sociedades universais. Ou se limita, ou não se limita a autonomia da vontade. Diz o Código Civil, art. 1.867: “As sociedades são universais, ou particulares” Essa solução não é tolerada por alguns sistemas, como o Código Civil argentino, art. 1.651, o chileno, art. 2.056, e o alemão, ~ 810.
Lê-se no Código Civil argentino, art. 1.651: “Es nula la sociedad de todos los bienes presentes e futuros de los socios, o de todas las ganancias que obtengam; pero pedrA hacerse sociedad de todos los bienes presentes designándolos; y tambien de las ganancias, cuando elías sean de ciertos y determinados bienes”. O Código Civil alemão, § 310, diz ser nulo o contrato pelo qual um dos figurantes se vincula a transmitir o seu patrimônio futuro, ou parte do seu patrimônio futuro ou gravar com usufruto o patrimônio. Há, portanto, diferença entre as duas soluções vedativas.
A solução permissiva veio, para o direito brasileiro, das Ordenações Filipinas, Livro IV, Título 44, § 1; e há, no Código Civil, a regra jurídica segundo a qual o contrato de sociedade universal determina com a conclusão, a transmissão da propriedade e da posse dos bens, reciprocamente “sem ser necessária alguma apreensão corporal, ou ato algum”. Apenas havemos de interpretar o art. 1.873 do Código Civil de acôrdo com a teoria da posse que se criou no Código Civil, com a abstração do animus e do corpus. De início, observemos que não se cogita, no art. 1.378, de sociedade de bens determinados futuramente adquiridos; mas sim da sociedade que abranja todos os bens, presentes e futuros, e não de sociedade de todos os bens presentes, ou só de todos os bens futuros, ou só dos frutos e rendimentos.
Diz o Código Civil, art. 1.373: “Se a sociedade fôr de todos os bens, o domínio e a posse dêles tornar-se-ão comuns independentemente de tradição real, salvo o direito de terceiros”. O que se estatui é explicitação da solução que só seria normal no sistema brasileiro, que abstrai, na teoria da posse, do animus e do corpus, com transmissão automática da propriedade, à semelhança do que se passa na comunhão entre cônjuges. Uma vez que se concluiu o contrato de sociedade universal senso estrito (“de todos os bens”), tudo ocorre como se fôsse intrínseca ao contrato bilateral ou plurilateral a cláusula de transmissão do domínio e da posse. Não é preciso que se faça o registo, por exemplo, de cada bem imóvel, nem que pratique ato que signifique transmissão da posse. Contudo, o registo é indispensável, para que se possa alegar contra terceiros ter havido a transmissão do domínio e da posse.
Estatui o Código Civil, art. 1.369: “O simples ajuste de sociedade universal, sem outra declaração, entende-se restrito a tudo o que no futuro ganhar cada um dos associados”. O legislador, uma vez que admitiu a sociedade universal, tinha de redigir regra jurídica sobre o que se há de considerar bem social e o que não se há de considerar. A regra jurídica dispositiva que a desse como abrangente de todos os bens, presentes e futuros, seria desaconselhável. Na L. 7, pro socio, 17, 2, a solução foi a de regra jurídica dispositiva: se não se disse qual a extensão, entendia-se que apanhava todos os adquiridos (quae ex quaestu veniunt).
Quanto à sociedade particular, estabelece o Código Civil, art. 1.370: “A sociedade particular só compreende os bens ou serviços especialmente declarados no contrato”. Para que a sociedade se tenha por particular, é preciso que se apontem os bens que se hão de pôr em comum, inclusive serviços. Não basta que se diga “particular”; pôsto que particular seja a sociedade constituída, especialmente, para determinada empresa, ou para exploração de determinada indústria., ou profissão. Cf. Código Civil francês, arts. 1.370 e 1.371. Uma vez que se precisou qual o objeto da atividade social, o que se colima é o atingimento do fim comum, e isso não importa que se tenha como capital o que os sócios venham a adquirir. Assim, lê-se no Código Civil, art. 1.371: “Também se considera particular a sociedade constituída especialmente para executar em comum certa empresa. explorar certa indústria, ou exercer certa profissão”.
2. SOcIEDADES CIVIS E SOCIEDADES COMERCIAIS. As sociedades de direito privado que não têm fim comercial, isto é, que se não fazem comerciantes, como acontece tambémcom as pessoas físicas., são ditas sociedades civis. O que determina ser tida como comerciante a pessoa física tem a mesma influência no tocante às pessoas jurídicas. Observe-se, todavia, que a comercialidade e a civilidade podem anteceder à personificação. Antes mesmo de se tornar pessoa, a sociedade já é civil ou comercial. À lei cabe delimitar o círculo jurídico das sociedades comerciais. A estrutura social não é, no direito brasileiro, elemento diferencial. Se é certo que as leis comerciais cogitam, peculiarmente, das espécies estruturais das sociedades comerciais, nem por isso se obsta a que se componham, à semelhança das sociedades comerciais, sociedades hão de ser classificadas como civis.
Tem-se, hoje, de atenuar a diferença, que se criou, entre as sociedades civis e as comerciais. A unificação do direito privado é inevitável. As discussões em tôrno da natureza da diferença estão superadas. ~ Comerciam os clubes que dão refeições e aposentos? ~ Comerciam os clubes que vendem os objetos necessários aos jogos e às diversões?
Diz o Código Civil, art. 1.364: “Quando as sociedades civis revestirem as formas estabelecidas nas leis comerciais, entre as quais se inclui a das sociedades anônimas, obedecerão aos respectivos preceitos no em que não contrariem os dêste Código; mas serão inscritas no registo civil, e será civil o seu fôro”. A atitude do legislador provém do Esbôço de TEIxERÁ DE FREITAS, arts. 3.087-3.096, que frisou a independência das sociedades, civis e comerciais, em relação à estrutura da sociedade (coletiva, seja ou não em nome coletivo; em comandita, simples ou por ações; anônimas ou companhias; em conta de participação; de capital e indústria).
No Código Civil, não se atendeu, especialmente, a que há empresas cuja propriedade é separada da direção, com órgãos particulares, distintos das pessoas que compõem a sociedade, e a que algumas instituições há que mais se devem considerar associações do que sociedades.
§ 5.171.__ASSOCIAÇÃO E SOCIEDADE
A remissão do art. 1.364 do Código Civil às leis comerciais pode fazer surgir dificuldade na classificação da sociedade como civil ou como comercial, mas o critério para a solução cifra-se na indagação da existência dos requisitos para se considerar comerciante a sociedade.
Diz o Código Civil, art. 1.365: “Não revestindo nenhuma das formas do artigo antecedente, a sociedade reger-se-á pelo <que neste Capítulo se prescreve”. O que se há de entender éque primeiro se tem de verificar se foi seguida a estruturação conforme as leis comerciais. Se nas leis comerciais não há regras jurídicas sobre a espécie, tem-se de atender tão-só ao Código Civil, arts. 1.363-1.409.
A ligação entre sociedades para atos de exploração, ou de distribuição, em comum ou como nova entidade, é traço marcante da economia contemporânea. Cartéis e trustes provêm ‘dessa tendência. Nos negócios jurídicos de incorporação para construção de edifícios, diferentes gêneros de indústria e comércio por vêzes se unem, com personificação por cima (suprapersonificação, sobrepersonificação), ou sem ela. Outrossim, nos negócios de aluguer de edifícios, em comum (cf.J.FLECBTHEIM, Deutsches Kartellrecht, 1, 12).
§ 5.171. Associação e sociedade
1.PRECISõES. A cada momento assiste-se ao emprego das expressões “associação e “sociedade’~ como se fossem sinônimos. Muitas vêzes, como se a “associação” correspondesse ‘qualquer constituição de negócio jurídico associativo e a sociedade” somente determinado negócio jurídico associativo (e. g., a associação teria fim altruístico, ao passo que a sociedade o teria egoístico). Chegou-se a sustentar que a associação se designaria por ter membros variáveis e haver, nas sociedades, a invariabilidade dos sócios (e. g., FRANCESCO FERRARA, <Teoria deite Persone giuridice, 497 s.). Também se pretendeu que na associação se tenha o gôzo imediato das utilidades, ao passo que na sociedade haja o gôzo através de dividendos (TULIO ASCARELLI, Società, Associazioni, Consorzi, cooperative e transformazione, Revista dei Diritto Commerciale, 1949, II, 425), ou, na associação, a predeterminação da quota das utilidades e, na sociedade, não (DOMENICO RUmNO, Le Associazioni
non ricono~iute 15 s.). Pensou-se também em haver atividade produtiva, na sociedade, e satisfativa, na associação. Sobre o assunto, Tomo 1, § 82, 1.
A expressão “associação” é empregada, às vêzes, em sentido vastíssimo, como na Constituição de 1946, art. 141, § 12. Basta que haja união voluntária, com fim comum. Então, pode não haver a economicidade. Tanto se refere às vinculações pessoais como às pessoais e reais, às duradouras e às acidentais. Não se confundem, porém, com as simples resiloções. Nem quanto às associações nem quanto às sociedades, o elemento da personalidade é essencial: apareceu, historicamente, depois; e, em princípio, se não se faz necessária à criação a personalidade, continua de ser ulterior à criação.
Se a sociedade ou associação, devidamente. constituída, não satisfaz requisito para se personificar, não se torna salvo se regra jurídica especial, ou se o próprio contrato lhe deu prazo para adquirir personalidade ou dissolver-se sociedade de fato, ou não reconhecida.
De ordinário, nas associações, o patrimônio não é comum aos sócios: a corporação independe dos sócios e subsiste às mudanças. Não há a disponibilidade dos meios econômicos. Não se diga que essa posição seja por cima dos sócios ou que reforça a pessoa jurídica, nem que seja diferente a personificação.
O que se regula, nas associações e nas sociedades, é a vontade diferente, unitária, que se criou, ou que as manifestações. de vontade criaram. A personificação é plus. O que importou foi o fato de ser necessária, para determinado fim, solidariedade humana.
2.CONCEITO DE ASSOCIAÇÀO. Associação, em sentido lato, é a organização estável de duas ou mais pessoas, para se conseguir fim comum. Com isso, de certo modo se extrapola o conceito, que deveria limitar-se à participação de sócio, de associado. Em vez disso, faz-se compreensivo de comunhões hereditárias e acidentais, de sindicato, de partidos políticos e de quaisquer sociedades. O que liga tôdas as espécies é o fato de estabilidade, razão por que a simples “reunião”, transitória e instável, como é, não se pode ter como associação.
Sem que se repila, de todo, o emprêgo do termo, quando não suscite confusões, o sentido próprio é aquêle que evita, por exemplo, porem-se sob o mesmo nome o que é comunidade sem associatividade e o que é, verdadeiramente, associação. A comunidade, só por si, não associa. A sociedade, sim; de modo que o problema, quanto ao conceito de associação senso estrito, consiste em saber-se qual a diferença entre associação e sociedade.
Elemento essencial à comunidade, à associação senso estrito e à sociedade, é a pluralidade de sujeitos (comuneiros, associados, sócios). A associação supõe a presença dos. associados, a existência de órgão diretor e de assembléia, a que se atribuem as principais deliberações sociais. O fim comum há de existir. Se desaparece, extingue-se a associação. Outro elemento é o patrimônio, pôsto que não se possa afastar a possível criação de associação sem patrimônio.
Na Lei n. 173, de 10 de setembro de 1893, empregou-se a expressão “associação”, no sentido de entidades que se fundassem “para fins religiosos, científicos, artísticos, políticos, ou de simples recreio”, mas a interpretação do art. 1.0 não podia deixar de fora as associações “para fins morais” ou “juridicos”. Apenas se pré-excluia, com evidente precisão conceptual, a entidade para fins econômicos, por se tratar de processo social de adaptação. Mas, no art. 15, se tais associações não adquiriam a personalidade jurídica, haviam de reger-se “pelas regras das sociedades civis” (art. 15). De modo nenhum se estatuíra que fôssem, por isso, sociedades, mesmo se estruturadas como sociedades por ações (art. 16).
3. Associação. Se na associação se atribui todo o lucro de cada negócio jurídico, feito através dela, a cada associado de que proveioa prestação (e. g., associação em tipografia, de cujas edições tenham os lucros, individualmente, os autores; exposição de quadros ou esculturas, cujos preços, ou os lucros, sejam pagos aos pintores ou escultores, individualmente), tem-se discutido se há associação ou sociedade.
4.ESPÉCIES DE ASSOCIAÇÕES. Há associações. regidas pelo direito privado (ditas associações de direito privado ou associações privatisticas), associações regidas pelo direito público (ditas associações de direito público ou associações publicísticas e associações de utilidade pública. As duas últimas espécies são inconfundíveis, pôsto que haja utilidade pública na segunda e seja reconhecido à terceira o caráter de utilidade pública. O ato pelo qual se reconhece o caráter de utilidade não é somente declarativo; há atribuição, em virtude do que se reconheceu, razão para que a eficácia seja ex nunc, e não ex tunc, como se fôsse apenas declarativo.
A classificação das associações, no que concerne à facultatividade (voluntariedade) e à ausência de facultatividade (avoluntariedade), distingue as associações em facultativas, legais (ditas, imprôpriamente, obrigatórias) e coerciva.s. Para que exsurja a associação facultativa, é preciso que os associados a constituam, com portas abertas a outros associados, que posteriormente manifestam a vontade de associar-se. Para que exista associação legal, basta que se haja composto o suporte fáctico para que a lei considere criada a associação. No suporte fáctico, não é elemento essencial a manifestação de vontade de associar-se, para qualquer dos membros. Para que haja associação coerciva, tem-se de supor que de alguma regra jurídica se irradiam dever e obrigação de duas ou mais pessoas associarem-se.
Conforme o território e o plano estatal, as associações são locais (estaduais, distritais, territoriais, municipais), nacionais, internacionais e supraestatais.
No que se refere aos sujeitos, as associações são simples ou complexas. Simples, quando, para que se faça parte da associação, é preciso que se satisfaçam requisitos subjetivos (pessoais ou não). É o que acontece com as associações de empregados e os sindicatos de empregados, as associações de empregadores e os sindicatos de empregadores, os clubes e grêmios de coestaduanos.
As associações são perpétuas ou temporárias (com termo, ou condição resilitiva; ou a termo ou sob condição resilitiva, mas prorrogável).
As associações ou são de direito privado, ou de direito público (estatal), ou de direito público interestatal, ou de direito das gentes. A teoria do fim entende que é o fim, privado ou público, que determina ser ou de direito privado, ou de direito público, a associação. Assim pensavam VITToRIO EMANUELE ORLANDO (Principi di Diritto amministrativo, 146) e CUIDO ZANOBINI (Corso di Diritto amministrativo, J, 7Y ed., 124 s.). Nem sempre a associação privatística tem fim privado; nem sempre a associação publicística tem fim público. A associação de direito privado pode ter fim de proteção a inválidos, do lugar ou transeuntes, a acidentados de determinado lugar, ou de esporte. A associação de direito público pode ter por fim seguros de empregados ou funcionários, ou de pessoas que se transportem em aeronaves. A teoria da direção ou ligação distingue a associação de direito público como a que fica sob a direção ou a ligação ao Estado, mesmo se autárquica, e a associação de direito privado como a que não está sob o poder, o contrôle, do Estado (FORTI, Lezioni di Diritto administrativo’, 175). A despeito da referência à ligação, quando se abstrai das regras jurídicas de contrôle das associações privadas, a teoria falha. Há a teoria do império (e. g., GEORO .JELLINEK, System der subjeictiveu õffentlichen Rechte, 263). O Estado tem a função de traçar os limites do direito privado e, pois, os do direito público. O que é tido como publicístico não pode ser privatístico. Associações de fins privados, associações sem império e associações que não são controladas pelo Estado podem ser consideradas pelo sistema jurídico como associações de direito público. O problema é de inre condito, e não de jure condendo. Chamariamos a tal teoria teoria dos limites no sistema. É a verdadeira. O Estado é que pode levar em consideração o fim, o império e o contrôle.
As associações podem ser simples ou complexas (federações, confederações), como são as associações de trabalhadores, as de empregadores e os partidos políticos.
Quanto às finalidades, são culturais, esportivas, religiosas, morais, jurídicas , ou políticas.
A associação pode ser reconhecida ou não-reconhecida.
Para essa, há o interesse comum, que é relevante para o direito; apenas o Estado lhe recusa personalidade jurídica, ou porque falte algum pressuposto, ou porque não se tenha requerido o reconhecimento. Se dizemos que também são associações não reconhecidas aquelas para as quais não se satisfez requisito registário, ou outro requisito sem ser o de reconhecimento, para a aquisição da personalidade jurídica, estamos a dilatar
O conceito de não-reconhecimento. Antes do reconhecimento, se fosse é exigido para que se faça associação a reunião , ou antes de alguma outra formalidade, que bastasse, a associação é associação de fato, por faltar a inteira juridicidade, e não qualquer juridicidade. Dissemos “por faltar a inteira juridicidade”, porque, de regra, há algo que entrou no direito (e. g., o contrato, que precisava ou ainda precisava de aprovação estatal). O que importa é que haja mais do que reunião . Por outro lado, a diferença entre associação e sociedade tem de ser atendida. Elemento comum, negativo, entre sociedades irregulares e associações irregulares é o de não terem a personalidade que poderiam ter.
Quanto à capacidade civil, os sistemas jurídicos não são coincidentes a respeito do regramento. Nega-a, de todo, o sistema francês. Dão-lhe alguma, material e processual, e. g., o sistema alemão e o brasileiro (Código Civil, art. 20, §§ 1.0 e 2.0) -A concepção alemã influiu no Código Civil italiano, arts. 86-38, e no Código de Processo Civil italiano, art. 754. Sobre o assunto, Tomo 1, § 88.
Para que surja associação não-reconhecida, é preciso que tenha havido conclusão do contrato, porém não se afasta que se haja concluído pactum de contra flendo cum tertio, que vincule os interessados. Por outro lado, o contrato de associação pode ser concluído com a adesibilidade por outros interessados. Depende do que se estabeleceu para as adesões e inclusão dos interessados; e. g., conforme cláusula de integração de três em três aderentes.
Se o ato constitutivo deu poderes de presentação ou de representação aos que dirigem a associação, êsses poderes podem ser exercidos, como quaisquer outros, tanto mais quanto os terceiros não têm de conhecer o que internamente possa destoar da outorga. Quem opera em nome e por conta da associação é responsável, seja como órgão ou não no seja (DOMENICO RUBI-NO, Le Associazioni nou riconosciute, 2~a ed., 257).
Os membros da associação, que alegam ofensa a direito de sócio, podem oferecer ou aceitar compromisso, ou podem suscitar o juízo arbitral, se foi previsto em lei, no ato constitutivo ou nos estatutos (cf. ALEXANDER LEIST, Die Strafgewalt moderner Verem, 175 e 102).
A autonomia das associações para a concepção e a feitura dos seus estatutos não é ilimitada, embora se atribua a Orlo vON GIERKE (fie Genossenschaftstheorie, 186). Só existe, em extensão, a deliberabilidade pelos órgãos da associação se a lei (assim, ALEXANDER LEIST, Untersuchungen zum inneren Vereinsrecht, 1 e 172), ou o ato constitutivo, ou os estatutos não a limitaram. O limite pode advir de regra jurídica positiva (~ impositiva) ou negativa (= proibitiva), pois o que importa é que seja ius cogens.
A ação para que se reconheça a qualidade de associação é a ação declaratória. Todavia, se houve exclusão, ou se se atribui ter havido retirada espontânea do membro, tem-se de propor a ação constitutiva negativa, para que, desconstituído o ato do órgão ou o ato do preposto, se declare ao

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