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temas e teorias da soc. cap (1)

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CAPÍTULO 1
Sociologia: aSpectoS introdutórioS
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Compreender a origem da nossa sociedade e as características da sociedade 
moderna que propiciaram o surgimento da Sociologia. 
 3 Definir Sociologia e distingui-la das demais ciências sociais ou humanas.
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 Temas e Teorias da Sociologia
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 Sociologia: aSpectoS introdutórioS
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 Capítulo 1 
contextualização
Neste momento inicial, você deve estar se perguntando: O que encontrarei 
pela frente? O que é e qual a utilidade da Sociologia? Estas e outras questões 
serão respondidas no decorrer deste caderno e, neste sentido, este primeiro 
capítulo acaba tendo um papel fundamental. 
Num primeiro momento, com o intuito de se compreender a origem da 
sociedade nos moldes do que temos hoje, se faz um resgate histórico dos 
modos de produção que antecederam o capitalismo. Este exercício se revela 
de grande valia para compreendermos que o nosso modo de convívio atual 
não é natural, mas sim fruto de um processo histórico e conduzido pela 
ação do homem através do tempo. Feito isso, será possível verificarmos as 
mudanças que conduziram e justificaram o nascimento do capitalismo e, como 
consequência, descobrirmos as razões para o surgimento da Sociologia, 
ciência que se propõe a estudar a sociedade. A partir daí, buscaremos 
compreendê-la enquanto ciência, conceituando-a e analisando, sobretudo, 
seu objeto de estudo. Buscaremos também diferenciá-la de outras ciências 
humanas, com o intuito de demonstrar aproximações e distanciamentos 
entre as várias áreas que buscam compreender o ser humano nos seus mais 
variados aspectos.
Imersos nessas questões iniciais, temos caminho aberto para continuar 
nossa jornada, buscando aprofundar-nos nos temas e teorias da Sociologia. 
Espero que esta primeira aproximação desperte interesses e curiosidades. E 
não se esqueça de que esta primeira etapa é de suma importância para que 
possamos dar continuidade aos nossos trabalhos. Anote suas dúvidas e os 
aspectos que você considera importantes, para aprofundá-los ou debatê-los 
com o grupo e/ou com o tutor. Vamos lá.
origem da noSSa Sociedade
Se pretendemos, neste capítulo, saber como nasceu a Sociologia é 
imprescindível, antes disso, procurarmos conhecer a origem do capitalismo. 
Compreendido como forma de organização da sociedade atual, salvo raras 
exceções, foi o responsável pelas condições sociais que justificaram o 
nascimento de uma ciência da sociedade. Conhecendo melhor sua origem 
e características, sem de dúvida teremos melhores condições de analisar e 
buscar compreender o nosso modo atual de convívio em sociedade.
Para dar início a esta nossa caminhada, é essencial esclarecermos uma 
pergunta importante, que move este estudo: Afinal, o que é o capitalismo? 
12
 Temas e Teorias da Sociologia
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Muitas são as pessoas que utilizam o termo, embora poucas tenham 
propriedade para explicar exatamente o seu significado. A partir dessa nossa 
reflexão inicial, que tem a intenção de expor os diferentes momentos que 
antecederam a lógica predominante, hoje você será uma dessas pessoas.
Um termo essencial nesta primeira análise é “modo de produção”, 
compreendido como tal, enquanto organização socioeconômica, associada 
a uma determinada etapa de desenvolvimento das forças produtivas e das 
relações de produção. Reúne as características do trabalho preconizado ou, 
como afirma Guareschi (2000), a maneira como as pessoas puderam ou 
tiveram de se organizar para sobreviver ao longo do tempo. Muitos poderão 
se perguntar: Isso é materialismo histórico ou uma análise marxista? Diante 
desta questão ele responde: “... bem, se por materialismo a pessoa entender 
que para viver a gente precisa comer, então realmente isso é materialismo” 
(GUARESCHI, 2000, p. 29). É inegável que, implícito à esta abordagem, está o 
pressuposto histórico, insinuação de que, para se compreender uma sociedade 
em sua essência e profundidade, é preciso ter acesso a como ela foi gerada. 
Isso nos leva a ter presente que as sociedades podem mudar, e, se são assim 
neste momento, houve um tempo em que não eram e haverá um tempo em 
que serão diferentes. De forma geral, é comum encontrarmos, antecedendo o 
modo de produção capitalista, o primitivo, o asiático, o antigo (ou escravista) e 
o feudal. Nós nos ateremos principalmente ao primitivo, também denominado 
“comunidade primitiva” ou “comunismo primitivo”, por ser a primeira forma de 
organização da sociedade; e ao modo de produção feudal, visto que é o que 
antecede o modo de produção que temos hoje, o capitalista.
a) A Comunidade Primitiva
Ao nos referirmos, neste momento, ao homem primitivo, imaginem aquele 
coberto de pele de animais e com um tacape nas mãos. É claramente notável 
que o convívio e o modo de organização da sociedade, naquele momento 
histórico, eram muito diferentes do que temos hoje. Vivia-se da caça, da 
pesca, e da coleta de frutos silvestres e raízes. Em grupos, os seres humanos 
se deslocavam de uma região para outra, assim que a natureza deixasse de 
oferecer o suficiente para a sobrevivência de todos. Eram nômades. 
Vale lembrar que, ainda hoje, em vários lugares do mundo, existem 
grupos que podem ser considerados nômades. São exemplos: os ciganos, os 
beduínos dos desertos do Oriente Médio e África, uma parcela da população 
tibetana, entre outros.
Morissawa (2001) e Schmidt (2002) fazem um interessante levantamento 
das características desse período primitivo. Durante dezenas de milhares de 
13
 Sociologia: aSpectoS introdutórioS
13
 Capítulo 1 
anos os homens viviam em comunidades. Não havia propriedade privada, ou 
seja, as terras e as riquezas não pertenciam apenas a uns poucos indivíduos. A 
propriedade era coletiva, tudo o que era produzido pela comunidade pertencia 
aos habitantes da mesma. Ninguém queria ou pensava em ter mais do que o 
outro. Praticamente não havia o “meu” nem o “seu”, mas sim o “nosso”. Alguns 
historiadores chamam esse tipo de sociedade de comunidade primitiva, ou 
mesmo, comunismo primitivo.
A palavra “comunidade” lembra que havia cooperação e igualdade entre 
todos os indivíduos. A palavra “primitiva” não quer dizer “atrasada” ou “pouco 
aperfeiçoada”. Nesse caso, primitiva quer dizer apenas que era a forma de 
organização da sociedade dos primeiros seres humanos.
Com o passar do tempo as comunidades foram crescendo. Nesse 
momento, foram obrigados a começar a dividir tarefas: uns plantavam, 
outros cuidavam dos rebanhos e outros ainda, fabricavam os utensílios e 
instrumentos de trabalho necessários. Nesse momento tem-se o surgimento 
da dita divisão do trabalho. No entanto, tudo o que era produzido devia 
satisfazer as necessidades da própria comunidade, não havia excedentes. 
Estava presente o que costumamos chamar hoje de economia de 
subsistência. Fora a divisão do trabalho, fica claro que, até então, não 
havia nada em comum com o que temos hoje. 
A divisão do trabalho pode ser considerada um processo extremamente 
importante, visto que possibilitou o aprimoramento de muitas técnicas e, em 
consequência, proporcionou um aumento significativo da produção, inclusive 
mais do que a comunidade precisava. Começaram logo a surgir excedentes, 
sobras, que levaram ao aparecimento do comércio; no início, era apenas a 
troca entre comunidades. 
Em pouco tempo, inevitavelmente, surgiu o dinheiro. Nem sempre as 
trocas comerciais eram possíveis, nem sempre o que uma comunidade 
produzia interessava à outra. O dinheiro foi inventado exatamente para facilitar 
o comércio. Com ele, era possível comprar qualquer mercadoria. É claro 
que, naquele tempo, não se tinha as notas de papel e as moedas que temos 
hoje. O dinheiroera algo raro, que todos desejavam ter, como alguns metais 
preciosos: ouro, prata e outros.
As comunidades foram crescendo e mais alimentos eram necessários para 
garantir a sobrevivência de todos, entre outras coisas. Como o sucesso de 
uma plantação, por exemplo, depende muito da água, as comunidades foram 
se concentrando às margens de volumosos rios. Surgiram assim as primeiras 
grandes civilizações. A realização de grandes obras deu origem a uma divisão 
mais ampla do trabalho. Havia aqueles que eram responsáveis pelo trabalho 
Durante dezenas de 
milhares de anos os 
homens viviam em 
comunidades.
14
 Temas e Teorias da Sociologia
14
manual (carregando fardos, quebrando pedras, por ex.), enquanto outros 
elaboravam os projetos e planejavam o trabalho (trabalho intelectual). 
Surgiu, então, uma primeira significante desigualdade social, verificada a 
partir da apropriação do conhecimento. Uma minoria decidia e mandava, 
enquanto uma grande maioria obedecia e colocava as mãos à obra. 
Também não é preciso dizer que essa minoria tinha enormes privilégios. 
Tivemos, naquele momento, o surgimento do modo de produção asiático, 
a forma mais primitiva de sociedade de classe.
Você consegue perceber alguma semelhança com os dias de hoje?
Com o passar do tempo, uma das maiores mudanças percebidas é 
o enorme crescimento da população. O tempo da pequena aldeia, em que 
todos se conheciam, acabou passando. A vida comunitária começou a se 
dissolver. As pessoas começaram a se dividir em subgrupos, cada família e 
cada aldeia já não era mais tão conhecida e não se tinha mais a cumplicidade 
e a cooperação até então presentes. A partir de então, cada grupo acabou 
tendo um funcionamento bastante próprio e preocupava-se basicamente com 
as suas questões. Por exemplo, se uma enchente destruísse a plantação de 
uma família, a família vizinha já não ajudava mais, cedendo comida. Enquanto 
umas famílias começavam a passar dificuldades, outras prosperavam.
As famílias e as aldeias começaram a se diferenciar pela riqueza. As 
primeiras diferenças eram fruto do acaso, dos incontroláveis fenômenos 
naturais (enchente, praga de gafanhotos, etc.). As diferenças entre ricos e 
pobres surgiram, então, por fatores impossíveis de serem controlados. Aos 
poucos, as famílias que prosperavam não queriam compartilhar suas riquezas 
com as outras. Famílias erguiam cercas para garantir que outras não viessem 
compartilhar seus bens. Estava nascendo, naquele momento, a propriedade 
privada. As terras, as casas e os rebanhos de animais domesticados passaram 
a pertencer apenas a uma única comunidade ou, então, a uma única família. 
Foram vários os reflexos associados. A propriedade privada aumentou o 
egoísmo e o isolamento entre as pessoas, submetidas, então, a um intenso 
processo de individualização. 
Estava pronta uma das grandes bases do capitalismo (a existência de 
propriedade privada). Aquele momento fundamental da história é por muitos 
considerado essencial para todas as adversidades que presenciamos hoje. Já 
em Santo Ambrósio constata-se uma leitura crítica em relação a este tema. 
Para ele, a natureza colocou tudo em comum, para uso de todos: Ela criou o 
direito comum, a usurpação criou o direito privado. Thomas Morus, autor da 
célebre obra “A Utopia”, descreve, nesta obra, o funcionamento de uma ilha, 
um Estado imaginário, onde não existe propriedade privada, nem dinheiro, e 
onde as pessoas vivem extremamente felizes. Segundo ele, em todo lugar 
Modo de produção 
asiático, a forma mais 
primitiva de sociedade 
de classe.
Famílias erguiam 
cercas para garantir 
que outras não 
viessem compartilhar 
seus bens. Estava 
nascendo, naquele 
momento, a 
propriedade privada.
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 Sociologia: aSpectoS introdutórioS
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 Capítulo 1 
em que vigora a propriedade privada, onde o dinheiro é a medida de todas 
as coisas, parece ser bem difícil concretizar um regime político baseado na 
justiça e na prosperidade. Rousseau, um dos precursores da Revolução 
Francesa, também denunciou as consequências da apropriação privada da 
terra. Em seu famoso livro “Discurso sobre a origem e os fundamentos da 
desigualdade entre os homens”, afirma que o primeiro homem que, depois 
de cercar um pedaço de terra, atreveu-se a dizer: ‘isto é meu’, e encontrou 
gente inocente o suficiente para acreditar nele, é o grande responsável por 
todos os crimes, guerras, assassinatos, miséria e os horrores que a raça 
humana presencia hoje.
O que se vê presente nesses vários discursos é a crítica à propriedade 
privada.
E você, acha que essas críticas têm fundamento?
Caso queira ter acesso às obras completas de Thomas Morus e Rousseau, 
siga as referências dos livros citados. Eles podem ser facilmente encontrados.
MORUS, Thomas. A utopia. Porto Alegre: L&PM, 1997.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem da desigualdade 
entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
Compreendida essa nova característica da sociedade, temos o surgimento 
do primeiro elemento fundamental do capitalismo e podemos avançar em 
direção ao surgimento da lógica que temos hoje e, mais especificamente, para 
o contexto propiciador do surgimento da Sociologia. Com o surgimento da 
propriedade privada e mais do que isso, com o aumento das famílias nobres, 
eram necessárias mais terras e mais gente para cultivar as mesmas. Esses 
problemas, por algum tempo, foram resolvidos pelas chamadas “guerras de 
conquista”, onde se guerreava com povos vizinhos e as terras conquistadas 
eram repartidas entre os nobres e o povo derrotado escravizado. Emerge, 
nesse período, o chamado modo de produção antigo (ou escravista). Os 
meios de produção (terras e instrumentos de produção) e os escravos eram 
propriedade da nobreza.
Após a prevalência da sociedade escravista, temos o surgimento da 
sociedade feudal. Estamos cada vez mais próximos do momento atual. 
Nesse sentido, por essa lógica processual, podemos afirmar que a sociedade 
feudal antecedeu a sociedade capitalista, e aí reside a importância de melhor 
compreendermos as características, desta forma bastante específica, de a 
sociedade se organizar, em determinado momento histórico.
Emerge, nesse 
período, o chamado 
modo de produção 
antigo (ou escravista). 
Os meios de produção 
(terras e instrumentos 
de produção) e 
os escravos eram 
propriedade da 
nobreza.
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 Temas e Teorias da Sociologia
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b) O Feudalismo
Antes de caracterizar o Feudalismo, é importante saber em que época 
ele se desenvolveu e, inclusive, onde. Segundo Meksenas (2001), podemos 
dividir o Feudalismo em dois períodos: do século V ao século X d.C. (entre os 
anos 401 a 1000 aproximadamente), e do século XI ao século XVI d.C. (entre 
1001 e 1600). O primeiro período refere-se ao apogeu da sociedade feudal, e 
o segundo à sua decadência. A Europa é considerada o berço da sociedade 
feudal, onde, geograficamente, tudo começou. A Europa passou a viver, então, 
uma nova fase histórica, a Idade Média.
A Europa da Idade Média tinha um modo de organizar o trabalho e 
a produção econômica bem diferente do que existia na antiguidade. A 
maneira de como a economia funcionava, nesse período, recebeu o nome 
de Feudalismo. A base da economia feudal era agrária. Quase todo mundo 
morava no campo, vivendo da agricultura e da criação de animais e a 
produção dos bens de consumo se dava através do trabalho artesanal. A 
riqueza mais importante naquele momento era a terra. Surgiram, então, 
grandes latifúndios, grandes propriedades rurais, chamadas feudos. 
Cada um desses feudos, que variavam em extensão, possuía um único 
proprietário: o senhor feudal que, para utilizá-lo de modo produtivo 
“alugava” suas terras aos camponeses, chamados servos. Além dos 
senhores feudais (proprietários das terras) e dosservos (arrendatários 
das terras), existia ainda uma outra classe social: o clero, composta por 
membros da igreja, instituição mais influente da época. Clero e senhores 
feudais constituiam a chamada nobreza. Estudando esse período, encontra-
se a presença de camadas sociais (castas) bem definidas.
O servo não recebia nenhum salário. Era autorizado a utilizar um pedacinho 
de terra do feudo; no entanto, ficava obrigado a pagar tributos para o nobre. 
Os tributos se davam de várias formas. O servo podia pagar um imposto em 
produtos, podendo ceder metade de tudo o que plantasse, por exemplo. Podia 
pagar, cedendo sua mão de obra (trabalhava de graça durante alguns dias nas 
plantações do senhor feudal). Mais tarde, por volta dos séculos XIV e XV, as 
obrigações feudais passaram a ser pagas em dinheiro (SCHMIDT, 2002).
Fica evidente, diante do que foi apresentado até agora, de que não existe 
uma forma social homogênea. A servidão prevalece. Schmidt (2002) afirma que 
o servo não era um escravo, não pertencia ao nobre, não podia ser comprado 
nem vendido, mas também não era livre. Não podia escolher o tipo de trabalho 
que faria, muitas vezes, e só podia sair dos limites do feudo com autorização 
do nobre. Sem escolha: desde o nascimento, estava destinado a trabalhar para 
pagar tributos feudais. Os servos levavam uma vida muito difícil. Trabalhavam 
todos os dias, muitas horas ao dia, e sem descanso. Quando crianças, jamais 
A Europa da Idade 
Média tinha um 
modo de organizar o 
trabalho e a produção 
econômica bem 
diferente do que existia 
na antiguidade. A 
maneira de como a 
economia funcionava, 
nesse período, 
recebeu o nome de 
Feudalismo. 
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 Sociologia: aSpectoS introdutórioS
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 Capítulo 1 
iam à escola e muitos morriam cedo, de doença ou de fome. Os nobres, por 
sua vez, tinham uma vida confortável, não precisavam trabalhar para viver.
Uma questão surge: Com tantas dificuldades e injustiças, por que os 
servos não se revoltavam? Uma possível explicação é que os senhores 
feudais tinham seus próprios exércitos particulares, isto, sem contar a questão 
religiosa. A maioria dos servos acreditavam que estariam cometendo um grave 
pecado se tentassem destruir a ordem feudal da sociedade. Para eles, Deus 
havia determinado que existiria uma divisão entre os homens e as pessoas 
deviam se conformar com isso.
Meksenas (2001) expõe ainda outras características gerais presentes 
naquele momento. A produção agrícola era deficiente. Baseava-se em 
técnicas bastante rudimentares, o que explica, inclusive, poucos excedentes; 
isto é, havia pouco alimento para ser comercializado. O comércio era quase 
inexistente. Todos os bens necessários para a sobrevivência eram produzidos 
no interior de cada feudo. A maioria das explicações se dava pela religião, 
influindo significativamente no progresso da ciência, o qual se dava de forma 
lenta naquela época. Na medida em que a fé cristã explicava tudo o que se 
passava na sociedade, não havia necessidade de um método científico de 
observação, baseado na comparação, análise e classificação dos fenômenos.
A população e a produção de alimentos, com o passar do tempo, acabou 
crescendo a tal ponto, que os feudos começaram a produzir mais do que 
necessitavam. O que fazer com essa produção excedente? Surgiu, então, algo 
novo, o comércio. 
São vários os reflexos associados a este fato, e é o que pretendemos 
compreender, a partir de agora.
Antes, dê uma olhada na página seguinte. Estamos prestes a chegar ao 
capitalismo propriamente dito. Nela você encontrará uma síntese do que vimos 
até agora e um pouco do que veremos a seguir. Temos um esquema com uma 
linha do tempo e os respectivos modos de produção (comunismo primitivo, 
asiático, antigo, feudal e capitalista). Busque perceber as características 
bastante peculiares de cada período.
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19
 Sociologia: aSpectoS introdutórioS
19
 Capítulo 1 
c) A Decadência da Sociedade Feudal e o Mercantilismo
Para Meksenas (2001), é a partir do século XI que começam a surgir 
alterações sociais, políticas e econômicas tão significativas, que justificam a 
defesa do término do feudalismo. Tais mudanças prolongam-se até o século 
XVI, quando nasce a propriamente dita “sociedade capitalista”. 
A partir da crescente modernização das técnicas agrícolas e a existência 
de um excedente de alimentos, estes passam a ser comercializados. Essa nova 
“vida comercial” faz com que as cidades passem a crescer e a se desenvolver 
e muitos servos passam a deixar o campo, em busca de novas oportunidades 
nas cidades. Temos então o auge do Mercantilismo (séculos XV ao XVIII), 
isto é, um novo modo de viver, que nasce a partir do Feudalismo, mas é 
completamente diferente deste: o início da vida urbana, início das grandes 
invenções (imprensa, bússola, novos medicamentos, etc.). O comércio torna-
se o centro de tudo (MEKSENAS, 2001).
Será dentro desse novo modo de vida que surgirá uma nova classe social, 
composta por comerciantes muito ricos, os chamados burgueses. Com a 
pretensão de acumular riquezas e desenvolver ainda mais suas atividades 
comerciais, começaram a surgir as manufaturas. 
Por manufatura entende-se um primeiro modelo de indústria, tal qual a 
conhecemos hoje. Instalada em um imenso salão, havia as máquinas manuais, 
dispostas em filas, conduzidas pelos antigos servos que, aos poucos, foram se 
transformando em operários. 
 
Fato importante de se destacar é o confronto que se estabeleceu entre 
a nascente classe burguesa e a antiga nobreza feudal. Os senhores feudais 
opunham-se aos burgueses, visto que esta nova lógica fazia com que os 
servos deixassem o campo, buscando a vida nas cidades. Diante disto, os 
senhores feudais ficavam sem mão de obra em suas terras. Lentamente foi se 
percebendo que a burguesia saiu vitoriosa e os poucos resquícios da nobreza 
feudal acabaram aderindo a essa nova formação social. 
Temos agora todos os elementos para o surgimento do capitalismo e da 
Sociologia.
Temos então o auge 
do Mercantilismo 
(séculos XV ao XVIII), 
isto é, um novo modo 
de viver, que nasce a 
partir do Feudalismo, 
mas é completamente 
diferente deste: o 
início da vida urbana, 
início das grandes 
invenções (imprensa, 
bússola, novos 
medicamentos, etc.).
20
 Temas e Teorias da Sociologia
20
Atividade de Estudo
Diante do que foi apresentado até agora, descreva pelo menos três características 
presentes em cada um desses momentos, compreendidos como fundamentais 
para o que temos hoje.
 Comunidade primitiva Feudalismo Mercantilismo
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__________________ __________________ __________________
o naScimento do capitaliSmo e o
Surgimento da Sociologia
Expostas as formas de organização da sociedade que antecederam o 
que temos hoje, é possível compreender com maior facilidade o momento 
em que passamos a ingressar no modo de produção capitalista. É o que 
buscaremos a seguir.
a) O Capitalismo e os Novos Problemas Sociais
Como afirma Meksenas (2001), entre os séculos XIII e XIX tivemos a 
Revolução Industrial, momento em que a indústria têxtil inovou com o tear a 
vapor. Para Sell (2006), o mundo presencia uma das mais intensas, rápidas e 
profundas transformações sociais que a história já vivenciou. A mecanização 
das máquinas alterou significativamente as formas de interação humana, 
aumentando a produtividade e consolidando uma nova classe social: os 
trabalhadores. Estes não terão outro recurso para sobreviver, senão a venda 
de sua capacidade de trabalho à burguesia, em troca de um salário. 
A mecanização das 
máquinas alterou 
significativamente as 
formas de interação 
humana, aumentando 
a produtividade e 
consolidando uma 
nova classe social: os 
trabalhadores.
21
 Sociologia: aSpectoS introdutórioS
21
 Capítulo 1 
São inúmeras as mudanças ocorridas a partir de então, segundo 
(MEKSENAS, 2001, p. 47):
Esta aparente sociedade democrática torna-se, ao contrário 
do Feudalismo, uma organização social extremamente 
dinâmica e movimentada; a própria noção de tempo é 
alterada: “tempo é dinheiro”. A visão do mundo torna-se 
individualizada e competitiva: “cada um por si e Deus por 
todos”. Nasce a idéia moderna de progresso;aparecem 
novos inventos: a locomotiva, a energia elétrica, o telégrafo, 
o microscópio, etc. 
A Revolução Industrial tem papel fundamental na Sociologia, visto que 
ela é considerada o marco para o que conhecemos hoje por capitalismo. 
Para Catani (2003), das teorias que procuram explicar o que é o capitalismo 
destacam-se duas, representadas por Max Weber (1864-1920) e por Karl Marx 
(1818-1883). A primeira é chamada culturalista e a segunda, histórica, em 
razão dos diferentes pontos de vista dos quais elas partem para explicar os 
mesmos conceitos. 
A primeira corrente busca explicar o capitalismo através de fatores externos 
à economia. Para M. Weber, o capitalismo se constitui, sobretudo, num modo 
bastante particular de pensar as relações sociais, uma “mentalidade”, um 
“espírito” capitalista. Segundo ele, existe capitalismo onde quer que a provisão 
industrial das necessidades de uma comunidade seja executada pelo método 
da empresa, pelo estabelecimento capitalista racional e pela contabilidade do 
capital (CATANI, 2003).
A segunda corrente parte de uma perspectiva histórica. Marx define o 
capitalismo como sendo um determinado modo de produção de mercadorias, 
gerado historicamente, desde o início da Idade Moderna, e que encontra sua 
plenitude no intenso processo de desenvolvimento industrial inglês, chamado 
Revolução Industrial. Vale ressaltar que, por essa concepção, o capitalismo 
significa não apenas um sistema de produção de mercadorias, como também 
um determinado sistema, em que a força de trabalho passa a ser também uma 
mercadoria. Para que exista capitalismo, faz-se necessária a concentração da 
propriedade privada dos meios de produção em mãos de uma classe social, e 
a presença de uma outra classe para a qual a força de trabalho acaba sendo a 
única fonte de subsistência. Marx ressalta que esses requisitos se estabelecem 
através de um processo histórico e a partir das antigas relações econômicas 
presentes no Feudalismo.
Foram vários os entraves decorrentes do capitalismo em seu início. Para 
Martins (1994), a desaparição dos pequenos proprietários rurais, dos artesãos, 
e a imposição de prolongadas horas de trabalho, salários extremamente 
baixos, entre inúmeras outras alterações, trouxeram efeitos adversos à maioria 
Marx define o 
capitalismo como 
sendo um determinado 
modo de produção 
de mercadorias, 
gerado historicamente, 
desde o início da 
Idade Moderna, e que 
encontra sua plenitude 
no intenso processo 
de desenvolvimento 
industrial inglês, 
chamado Revolução 
Industrial.
22
 Temas e Teorias da Sociologia
22
da população. Enquanto os empresários construíam verdadeiros impérios, os 
trabalhadores passavam por muitas dificuldades. As consequências da rápida 
industrialização e urbanização, levadas a cabo pelo sistema capitalista, foram 
tão visíveis, quanto trágicas: aumento assustador da prostituição, do suicídio, 
do alcoolismo, da criminalidade, da violência, etc. 
Os salários dos trabalhadores eram tão baixos que eles eram obrigados 
a colocar os filhos ainda menores para trabalhar também. As jornadas de 
trabalho variavam entre 14, 16 e até 18 horas diárias. Suas casas eram 
cortiços. Milhões de pessoas se encontravam doentes pelo excesso de 
trabalho e a maioria dos trabalhadores não chegava aos 50 anos de idade. Era 
fato comum as pessoas morrerem de fome. 
Eram conhecidos como cortiços as habitações coletivas da maioria dos 
trabalhadores da época, muito semelhantes às favelas encontradas hoje 
em dia.
Segue abaixo um trecho de um jornal operário chamado “Fanfulla” de 11 
de outubro de 1904 trazido por Pinheiro e Hall (1981). Este texto retrata as 
condições de moradia do trabalhador brasileiro no início deste século.
UM CORTIÇO (1904)
Casario de um andar, composto de duas filas de aposentos baixos, 
sujos, úmidos, minúsculos, pouco arejados, limitando uma série de pequenos 
pátios. Eis como geralmente se apresenta um cortiço. Em cada cubículo, 
verdadeira colméia humana, com freqüência comprime-se toda uma família 
de trabalhadores, às vezes composta de oito ou nove pessoas. No patiozinho 
comum a todos os moradores do cortiço é que se tem verdadeiro conhecimento 
do horror da situação miserável dessa gente. Quando não é um pântano, 
é um montão de imundícies, todos os despejos do dia aí são recolhidos e, 
em meio a toda essa sujeira, da qual emana odor nauseabundo, as crianças 
raquíticas pelo ambiente malsão passam as horas brincando, enquanto as 
mulheres se espiolham ou lavam trapos, e as comadres avivam as brigas 
costumeiras. Como é triste pensar que muitas famílias de trabalhadores 
vivem em tais tugúrios onde, entre a falta de ar puro, a tísica e a tuberculose, 
alcançam um fácil triunfo que facilmente se explica à vista de tais condições 
de vida. Diante deste quadro desolador, o fato é que os índices de mortalidade 
infantil alcançam, em São Paulo, uma porcentagem muito elevada. Não é para 
satisfazer um supérfluo sentido de estética que escrevemos, mas sim por um 
profundo sentimento de humanidade, pelo respeito que desejamos em relação 
à vida e pelo melhoramento do bem-estar da classe trabalhadora.
23
 Sociologia: aSpectoS introdutórioS
23
 Capítulo 1 
Com base no texto anterior, pode-se concluir que não só a Europa vivia os 
problemas trazidos pelo capitalismo, mas também o Brasil. Ao iniciar o século 
XX, já encontramos o nosso país organizado nos padrões capitalistas.
Nos dias de hoje as condições de vida dos trabalhadores melhoraram?
Em suma, em decorrência desse novo modo de produção, o capitalista, 
surgem inúmeros problemas sociais. Qual a importância desses acontecimentos 
para a Sociologia? A profundidade das transformações em curso e os inúmeros 
problemas sociais colocam a sociedade em um plano de análise, visto que ela 
passa a constituir um “problema”, um “objeto” a ser investigado.
Atividade de Estudo
A partir das informações trazidas no tópico “O capitalismo e os novos 
problemas sociais”, responda:
1) Quando nasceu o capitalismo?
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2) Afinal, como pode ser definido o capitalismo?
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3) Quais os problemas sociais presenciados no início do capitalismo?
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24
 Temas e Teorias da Sociologia
b) O Nascimento da Sociologia
Segundo Martins (1994), o surgimento da Sociologia ocorre em um contexto 
histórico bastante específico, momento este onde se tem a desagregação 
da sociedade feudal e a consolidação da lógica capitalista. A sua criação 
representa o resultado da elaboração de umconjunto de pensadores que se 
empenharam em compreender as novas situações que estavam em curso. As 
transformações econômicas, políticas e culturais que se aceleraram, a partir 
dessa época, colocavam situações novas a serem analisadas e problemas 
inéditos a serem superados. Por conseguinte, o surgimento da Sociologia 
prendeu-se aos abalos provocados pela revolução industrial, pela efetivação 
do modo de produção capitalista e, mais do que isto, pelas novas condições 
de existência por ele criadas. Nisbet, citado por Sell (2006), em seu estudo 
das origens do pensamento sociológico, afirma que a Sociologia é uma 
“ciência da crise”. Surgiu com o intuito de contribuir para o estabelecimento 
de uma nova harmonia social.
Com o surgimento do método científico, os intelectuais do século XIX 
tinham à disposição uma nova concepção para interpretar a sociedade e 
enfrentar os dilemas que o mundo moderno impunha. A Sociologia, enquanto 
ciência da sociedade, passou a ter pela frente três questões centrais para 
responder: 1) Quais as causas das transformações sociais em curso?; 2) 
Quais as características da sociedade moderna?; 3) O que fazer diante dos 
problemas sociais? (SELL, 2006).
Segundo afirma Sell (2006), como qualquer ciência, ela não é fruto do 
mero acaso. Seu surgimento foi uma tentativa de responder às necessidades 
dos homens naquele momento histórico controverso, quando mais 
preocupante que as grandes mudanças econômicas eram seus efeitos 
deletérios, como a pobreza e uma série de outros fenômenos sociais novos 
e preocupantes. É importante salientar que, embora houvesse consenso de 
que se tinha inúmeros problemas com o advento do Capitalismo , as soluções 
apresentadas para os mesmos eram bastante diferentes. Por isso, pode-se 
dizer que, naquele momento, havia várias leituras do que estava acontecendo 
e, como consequência, as soluções apresentadas pelos vários pensadores 
eram distintas. Isto justifica, inclusive, o próximo capítulo. Existem várias 
teorias sociológicas, leituras diferenciadas a respeito do mesmo objeto de 
estudo; no caso da Sociologia, da sociedade em que vivemos.
 
Como diz Sell (2006), além da Revolução Industrial, trazendo mudanças 
de ordem econômica, e considerada o marco para o surgimento do modo de 
produção capitalista, outros acontecimentos podem ser destacados como 
fundamentais e marcantes para o surgimento da Sociologia: a revolução 
francesa e a revolução científica. A revolução francesa é considerada como um 
O surgimento da 
Sociologia prendeu-
se aos abalos 
provocados pela 
revolução industrial, 
pela efetivação do 
modo de produção 
capitalista e, mais 
do que isto, pelas 
novas condições de 
existência por ele 
criadas.
25
 Sociologia: aSpectoS introdutórioS
25
 Capítulo 1 
acontecimento de ordem política de significativa importância, visto ter trazido 
novos ideais políticos e inaugurado novas formas de organização do poder. 
Já a revolução científica diz respeito a uma nova forma de explicar o mundo, 
baseada no iluminismo. Todas estas transformações mexeram profundamente 
com o que se tinha até aquele momento, desencadeando novas relações 
econômicas, novas formas de luta política e, ainda, uma nova visão de mundo.
O iluminismo pode ser considerado um movimento intelectual, que tinha 
como objetivo entender e organizar o mundo a partir da razão.
A Sociologia não é a única ciência social envolvida com a compreensão 
da vida social moderna. Aplicando o método científico ao estudo dos diferentes 
aspectos da vida social, foram fundadas várias disciplinas que tratam do 
homem em sociedade. Entre as principais estão a História (estuda o homem 
e suas ações no tempo e no espaço), a Economia (estuda as atividades 
humanas ligadas à produção, distribuição e consumo de bens e serviços), a 
Antropologia (pesquisa as diferenças culturais entre os vários agrupamentos 
humanos) e a Ciência política (estudo da política, dos sistemas políticos, das 
organizações e dos processos políticos).
Você deve estar se perguntando: Em que medida a Sociologia se diferencia 
das ciências sociais acima citadas? Para Habermas, citado por Sell (2006), o 
marco distintivo da Sociologia reside no fato de ela não ter se fixado em apenas 
uma das dimensões da vida social moderna, como fazem as outras ciências, 
tal qual a Economia (que trata da produção de bens), a Ciência política (que 
trata do poder) ou a Antropologia (que trata da cultura). Ao contrário de suas 
vizinhas, a Sociologia tem como objetivo compreender a vida social de forma 
global, buscando explicar a sociedade como um todo. Neste sentido, podemos 
dizer que a Sociologia é uma “teoria da sociedade”. A Sociologia pode ser 
considerada uma ciência social, cujo objeto de estudo é a sociedade moderna. 
Em outros termos, a Sociologia é uma teoria da modernidade.
De forma geral, então, chegamos à conclusão de que a Sociologia 
estuda a sociedade com o objetivo de compreender como ela funciona e 
como as pessoas se relacionam, dentro dos incontáveis “recortes” possíveis 
e estudados por esta ciência, que tem um objeto de estudo amplo e complexo.
Para responder ao conjunto de questões que se colocam na modernidade, 
em 1830, Augusto Comte apresentou, em seu livro “Curso de Filosofia 
Positiva”, a ideia de fundar uma “Física Social”, um saber encarregado de 
aplicar o método científico para o estudo da sociedade. Este pensador francês 
lutava para que, em todos os ramos de estudo, se obedecesse à preocupação 
da máxima objetividade. Em 1839, Augusto Comte alterou o nome desta 
ciência para “Sociologia” (do latim socius e do grego logos), significando estudo 
 A Sociologia pode 
ser considerada uma 
ciência social, cujo 
objeto de estudo é a 
sociedade moderna. 
Em outros termos, 
a Sociologia é uma 
teoria da modernidade.
26
 Temas e Teorias da Sociologia
26
do social, nome que perdura até hoje. Augusto Comte ganhou importância e 
o estudo de seu pensamento acabou sendo obrigatório, por ser considerado o 
fundador da Sociologia (SELL, 2006).
Segundo Martins (1994), o termo “física social” acaba sendo bastante 
sugestivo diante da intenção de Comte. Ele expressa claramente o desejo de 
construir uma ciência que estuda o social nos mesmos moldes das ciências 
físico-naturais. Esta Sociologia, de inspiração positivista, propõe o estudo 
dos fenômenos sociais a partir de um saber “neutro” e puramente “objetivo”, 
semelhante ao adotado na Química ou na Física, por exemplo. 
Augusto Comte é considerado o fundador do positivismo. Termo complexo 
e com reflexos em várias áreas, designa uma corrente de pensamento que 
prevê que a ciência é a única explicação legítima da realidade. Na Sociologia, 
defende a noção de que a mesma deve adotar os mesmos métodos das 
ciências da natureza.
Mesmo que se tenha consenso de que as ideias de Augusto Comte 
estejam superadas, elas lançaram as bases para a Sociologia, e, mais do que 
isto, foram de fundamental importância no sentido de defini-la e propor um 
método para o estudo dos fenômenos sociais, o que até então não havia sido 
feito. O conhecimento científico se coloca no lugar da Filosofia, conhecimento 
predominante durante toda a idade antiga e a idade média. O surgimento da 
ciência moderna tem reflexos em todas as áreas, inclusive na Sociologia.
A aplicação da observação e da experimentação, ou seja, do método 
científico para a explicação dos fenômenos, trouxe grandes progressos. 
De forma geral, podemos dizer que a ciência procura seguir quatro passos 
fundamentais: observação dos fenômenos; construção de hipóteses; 
experimentação; generalização (a partir do estudo de um caso particular 
o pesquisador supõe que aquela explicação se aplique também a outros 
casos idênticos). Mesmo existindo grandes diferenças entre os métodos de 
pesquisa nasciências exatas e nas ciências sociais (ou humanas), tem-se 
em comum o método experimental, a validação empírica dos resultados 
da investigação. Entender o que é ciência e o que ela já significou é 
fundamental ao buscar compreender o surgimento da ciência sociológica. 
Não foram apenas os “fatos novos” que deram origem à Sociologia, 
mas também uma nova maneira de analisar estes fatos: a aplicação dos 
princípios científicos ao estudo da vida social (SELL, 2006).
Em relação ao objeto de estudo da Sociologia e o que interessa aos 
sociólogos, é extremamente válido o texto de Rose, adaptado por Oliveira 
(1998, p. 15-16):
 Augusto Comte 
ganhou importância 
e o estudo de seu 
pensamento acabou 
sendo obrigatório, 
por ser considerado 
o fundador da 
Sociologia.
Não foram apenas 
os “fatos novos” 
que deram origem 
à Sociologia, mas 
também uma 
nova maneira de 
analisar estes fatos: 
a aplicação dos 
princípios científicos ao 
estudo da vida social.
27
 Sociologia: aSpectoS introdutórioS
27
 Capítulo 1 
O QUE INTERESSA AOS SOCIÓLOGOS
 
Os indivíduos, em todo o mundo, vivem em grupo. E as conseqüências da 
vida em grupo são o objeto de estudo da Sociologia.
O interesse pelos grupos é o que diferencia os sociólogos dos outros 
cientistas sociais. Entre outras coisas, os sociólogos querem saber: Por que 
grupos como a família, a tribo ou a nação sobrevivem através dos tempos até 
mesmo durante as guerras ou revoluções? Por que um soldado deve lutar e 
enfrentar a morte quando poderia esconder-se ou fugir? Por que o homem se 
casa e assume responsabilidades de família quando poderia, com a mesma 
facilidade, satisfazer seus impulsos sexuais fora do casamento? Que efeitos 
produz a vida em grupo sobre o comportamento dos membros do grupo? Será 
que as pessoas que vivem em tribos pré-letradas, isoladas, se comportam 
diferentemente das que vivem em Nova Iorque ou num subúrbio parisiense?
Os sociólogos se interessam igualmente pelas causas das mudanças 
ou da desintegração nos grupos. Por exemplo, querem saber por que alguns 
casamentos terminam em divórcio. Querem saber por que há um maior número 
de divórcios em alguns países do que em outros, porque o número de divórcios 
aumenta ou diminui com o tempo. Querem saber, ainda, se o comportamento 
das pessoas se modifica depois de uma mudança do campo para a cidade ou 
da cidade para os subúrbios.
Os sociólogos também estudam o relacionamento entre os membros de 
um grupo e entre grupos. Qual é o relacionamento entre marido e mulher e 
entre pai e filhos atualmente? Esse relacionamento assemelha-se ao da família 
tradicional, é o mesmo em qualquer cultura? Quais as causas do conflito entre 
brancos e negros? O trabalho, a indústria, e o governo dos Estados Unidos 
estarão relacionados entre si da mesma forma que os grupos similares na 
Austrália ou na Rússia? Por que alguns grupos da sociedade possuem mais 
bens materiais e mais prestígio que outros?
 
Sobre este assunto leia:
ROSE, Caroline B. Iniciação ao estudo da Sociologia. Rio de Janeiro: 
Zahar, 1967.
O que se pode perceber com facilidade, a partir do texto anterior, é a 
enormidade de temas e objetos com o qual a Sociologia pode e acaba se 
ocupando atualmente. A Sociologia volta-se o tempo todo para os problemas 
que o homem enfrenta no dia a dia de sua vida em sociedade. São muitas 
as situações sociais, situações que só podem ser explicadas pelas relações 
que indivíduos ou grupos de indivíduos estabelecem entre si, mas que não 
28
 Temas e Teorias da Sociologia
28
podem ser compreendidas se os tomamos isoladamente. Tais situações não 
dizem respeito apenas à ação individual e, por isto, são objeto de estudo da 
Sociologia. No último capítulo serão trazidos alguns temas emergentes em 
Sociologia nos dias atuais.
Quanto às perspectivas para o profissional da área, parece serem 
otimistas, principalmente no que diz respeito à docência, haja vista que a 
obrigatoriedade do ensino da disciplina no ensino médio é uma realidade e 
uma conquista recente. Quanto à relevância e importância da área, parece 
que esta ainda não está clara para a maioria das pessoas. Esta situação 
nos coloca um grande desafio. A mudança de crenças e a conquista de 
espaços poderão ocorrer, dependendo muito do tipo de intervenção que 
iremos fazer no cotidiano, mostrando a importância deste saber nos vários 
espaços que ocupamos.
Atividade de Estudo
Com base na resposta abaixo, é possível afirmarmos que a Sociologia é fruto 
do nosso tempo. Veja:
1) Como nasceu a Sociologia?
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______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
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2) Como a Sociologia pode ser definida e quem pode ser considerado o seu 
fundador?
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______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________
3) Partindo da constatação de Robert Nisbet de que a Sociologia pode ser 
considerada uma “ciência da crise”, que fenômenos atuais você considera 
preocupantes e por isso acredita que justifica um “olhar” da Sociologia?
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________
29
 Sociologia: aSpectoS introdutórioS
29
 Capítulo 1 
algumaS conSideraçõeS
Diante do que foi colocado neste capítulo, é possível fazermos algumas 
inferências. A Sociologia surgiu para dar conta de um momento de intensas 
transformações e adversidades. Tem o propósito de analisar este momento 
sob o viés da ciência e, mais do que isso, propor encaminhamentos para 
a superação das novas problemáticas. Temos o surgimento do modo de 
produção capitalista a partir das mudanças ocorridas, principalmente a partir 
da Revolução Industrial. Percebe-se, pois, a concretização de uma lógica, 
lógica esta que perdura até hoje.
Com um foco bastante amplo, o estudo da sociedade, nos dias de hoje, 
se propõe a analisar as questões que se colocam no nosso cotidiano e 
que trazem alterações significativas no nosso convívio em sociedade. Uma 
característica comum às várias áreas que compõem as ciências sociais, é o 
fato, deveras importante, de não existir uma única Sociologia, ou melhor, um 
olhar único e consensual sobre os variados fenômenos que são seu objeto 
de estudo. A partir desta verificação, estamos preparados para conhecer as 
teorias sociológicas clássicas, as principais e diferentes compreensões de 
sociedade e a contribuição das mesmas para esta ciência.
referênciaS
CATANI, Afrânio Mendes. O que é capitalismo. 34. ed. São Paulo: 
Brasiliense, 2003.
GUARESCHI, Pedrinho Alcides. Sociologia crítica: alternativas de mudança. 
48. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. 38. Ed. São Paulo: 
Brasiliense, 1994.
MEKSENAS, Paulo. Aprendendo Sociologia: a paixão de conhecer a vida. 
8. ed. São Paulo: Loyola, 2001.
MORISSAWA, Mitsue. A história da luta pela terra e o MST. São Paulo: 
Expressão Popular, 2001.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. 24. ed. São Paulo: 
Ática, 2003.
30
 Temas e Teorias da Sociologia
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PINHEIRO, Paulo Sérgio; HALL,Michael M. (Orgs.). A classe operária no 
Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1981.
SCHMIDT, Mario Furley. Nova história crítica. São Paulo: Nova Geração, 
2002.
SELL, Carlos Eduardo. Sociologia clássica. 4. ed. Itajaí: Ed. Univali, 2006.

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