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Obras Representativas dos Movimentos Literários Brasileiros
Centro Universitário Anhanguera de Niterói – UNIAN
Letras: Português-Inglês
Literatura Brasileira
	
OBRAS REPRESENTATIVAS DOS MOVIMENTOS LITERÁRIOS BRASILEIROS
Tutora a Distância e Presencial: Luciana Pereira
“A literatura é um fenômeno estético. É uma arte da palavra. Não visa a informar, ensinar, doutrinar, pregar, documentar. Acidentalmente, secundariamente, ela pode fazer isso, pode conter história, filosofia, ciência, religião. O literário e o estético inclui precisamente o social, o histórico, o religioso, etc., porém transformando esse material em estético”. 
Afrânio Coutinho.
	
	Niterói/RJ	
Outubro de 2015
INTRODUÇÃO
É importante que se questione e se pense sobre o que vem a ser uma obra literária. Muito se tem discutido sobre esse assunto, mas não há um consenso em torno de uma definição única sobre o que é literatura. Na bibliografia especializada em teoria da literatura, encontramos inúmeros conceitos sobre a arte literária. Essa pluralidade de definições e visões sobre o objeto estético-literário demonstra que o homem pensa e interpreta a literatura de modos diferentes, dependendo da corrente filosófica (Marxismo, Estruturalismo, Formalismo, Psicologismo, etc.) a que esteja ligada, bem como do contexto sócio-histórico em que esteja inserido (Renascimento, Romantismo, Contemporaneidade, etc.). 
Percebemos que a ligação entre literatura e realidade social se apresenta de modo orgânico e vital, visto que o escritor, produtor literário, enquanto ser histórico, não se desvincula de seu tempo e de seus semelhantes, escrevendo sobre o que é Literatura Brasileira através da realidade da qual faz parte. O escritor recorta do real determinados acontecimentos e situações, plasmando os a partir da forma literária (romance, conto, novela, poema, drama, tragédia, comédia). Ocorre, portanto, uma ficcionalização da realidade, visto que esta adentra o universo das palavras, da literatura. Essa transferência da realidade para a ficção ocorre segundo a visão de mundo do escritor, ou seja, ele poderá representar a realidade sócio-histórica de diferentes maneiras. Operará uma transfiguração do real segundo sua visão da existência, que poderá se efetivar como trágica, cômica, cética, otimista, mística, realista, romântica, entre outras possibilidades.
A questão da literatura enquanto conhecimento sobre o humano também é colocada, demonstrando que a obra literária é uma meditação sobre a existência, à medida que representa no plano da ficção, da literatura, o homem estabelecendo relações de ordem objetiva, social, política com o outro. A obra literária, portanto, pode ser entendida como um produto socioestético à proporção que é articulado por um ser social, o escritor, que escreve sobre determinada realidade a partir de uma ótica e uma escrita pessoal. Autor, obra e público formam um conjunto imprescindível para que a obra se configure enquanto produto social capaz de interferir na realidade. A obra literária tem o poder de modificar a realidade porque leva a pensar e a questionar sobre a condição social do ser humano e este, em pensando, pode ativar determinadas mudanças no comportamento e nas práticas sociais.
REALISMO, NATURALISMO E PARNASIANISMO
Das muitas bandeiras que o Modernismo defendeu, em sua primeira fase, destaca-se o combate às características estéticas tradicionais e conservadoras (cujo melhor exemplo era o Parnasianismo). Foi a chamada fase heroica do Modernismo brasileiro. 
Na concepção dos parnasianos o conceito da poesia está muito ligado a visão "arte pela arte", ou seja, a pretensão da universalidade através da utilização da linguagem objetiva que promove a contestação dos sentimentos e também a excessiva busca pela perfeição formal. O poeta Oswald de Andrade sintetiza muito bem essa característica parnasiana quando diz que: "Só não se inventou uma máquina de fazer versos já que havia o poeta parnasiano".
Profissão de Fé.
O traço mais característico da poética parnasiana presente no poema Profissão de fé de Olavo Bilac e o culto excessivo pela forma perfeita, pela utilização de rimas raras e perfeitas, possui um cunho metalinguístico, apresenta uma linguagem excessivamente formal, presa às regras, à metrificação rígida, vocábulos extremamente refinados e complexos, tornando a poesia uma atividade da elite intelectual brasileira. A sintaxe poética também obedecia as regras gramaticais da época para, desta forma, adequar-se as normas consagradas da escrita. Essas eram algumas das regras estabelecidas pelos parnasianos para que a poesia fosse completa e perfeita.
Os seguintes versos podem comparar o culto excessivo á forma:
 “Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e enfim,
No verso de ouro, engasga a rima,
Como um rubim”
Olavo Bilac compara o poeta com o ourives. Para ele, as profissões, tanto a ourivesaria quanto a poesia buscam a perfeição, por meio de um trabalho árduo e difícil.
Bilac acentua a importância das palavras precisas, do cuidado com as frases e realça o polimento dos versos, para que o poema se torne uma espécie de objeto precioso, semelhante a uma joia rara. O trabalho artesanal a que o poeta parnasiano atribui às palavras é para o autor semelhante ao do ouvires, perseverante, delicado e cheio de dedicação e minuciosidade.
De acordo com Bilac, a preocupação primeira do poeta parnasiano deveria ser a de produzir uma poesia formalmente perfeita, isto é, utilizando uma linguagem elaborada, rimas perfeitas, sintaxe tradicional, não se atendo ao conteúdo das palavras sendo superficial. Sua real preocupação era com o estilo e não com a profundidade das ideias e sentimentos do poeta. A meu ver, o parnasianismo peca neste sentido, pois se apega muito ao estilo e esquece-se do verdadeiro sentido da poesia que é tocar os sentimentos das pessoas.Levar o leitor a um transbordamento de emoções.
Os Sapos
“Os Sapos” – poema concebido por Manuel Bandeira – constitui uma crítica ao estilo explorado pelos poetas e composições parnasianas. A crítica presente neste poema é contra concepção adotada pelos parnasianos da “arte pela arte”, é um manifesto do poeta inconformado diante dos modelos e limitações da estética parnasiana, do endeusamento a forma que é reduzida a “forma” em busca do estilo poético perfeito e do total desligamento com a realidade do nosso país. Adotando valores europeus e fechando os olhos para os problemas locais, ou seja, substituindo o país concreto pela antiguidade Greco-Romana os poetas parnasianos camuflam a realidade pintando o Brasil através da perspectiva das belezas naturais e do patriotismo.
Nos versos a seguir verificamos esta crítica:
“Clame a saparia
Em críticas céticas
Não há mais poesia
Mas há artes poéticas...”
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei norma:
Reduzi sem danos
A fôrma a forma.”
Nessa perspectiva pode ser visto como uma paródia do poema “Profissão de fé”, de Olavo Bilac, na medida em que se distancia ideologicamente do proposto por esse texto literário, o que se evidencia desde a primeira estrofe do poema modernista, pois nela, os termos mitológicos são substituídos pela prosaica presença dos sapos, o que pode representar, metaforicamente, que aqueles que se julgam deuses, criaturas sublimes, que possuem “status” elevado, não passam de seres rebaixados, que vivem à margem dos rios, no brejo, em outras palavras, à margem da sociedade.
Os Sapos
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos,os sapos.
A luz os deslumbra. (...)
Em ronco que a terra,
Berra o sapo boi:
“_Meu pai foi à guerra!”
“_Não foi!”. “_Foi!”.“_Não foi!”
Aqui encontramos elementos que simbolizam as inovações pretendidas pelos poetas que representam o movimento modernista. Nesta nova concepção, a poesia passa a ter um objetivo definido não caracterizado por uma arte passiva que apenas descreve sem se aprofundar nas questões humanas. O modernismo mostra preocupação com a realidade (social, política, econômica). A poesia modernistarevela interesse com o conteúdo e principalmente com a liberdade de expressão, condena a formalidade imposta pelos parnasianos preocupados demasiadamente com o estilo obedecendo assim somente às regras e às normas.
SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA
Denominamos Neorrealismo o tipo de Realismo em que o caráter cientificista e determinista do Naturalismo do século XIX é substituído por um enfoque político, de problemas regionais como a condição e os costumes do trabalho rural, a seca, a miséria etc.
Tais Problemas, vistos na perspectiva da luta de classes, da opressão do homem pelo homem que caracteriza a sociedade capitalista, ganham conotação universal e atemporal, saindo do pitoresco e do localismo tradicionais em nossa produção regionalista.
Nesse panorama tão diversificado, destaca-se a prosa regionalista do Nordeste, conhecida como prosa neorrealista. Essa foi a tendência que alcançou maior repercussão e importância na época, por ter assumido uma visão crítica das relações sociais, focalizando os problemas da seca, do coronelismo e da decadência do modelo oligárquico patriarcal, com a extinção dos antigos engenhos açucareiros.
Romances caracterizados pela denúncia, na prosa houve grande interesse por temas nacionais, uma linguagem mais brasileira com um enfoque mais direto dos fatos marcados pelo Realismo-Naturalismo. Na prosa, atingiu-se elevado grau de tensão nas relações do "eu" com o mundo; é o encontro do escritor com seu povo. Havia uma busca do homem brasileiro nas várias regiões, por isso, o regionalismo ganhou importância, com destaque às relações da personagem com o meio natural e social (seca, migração, problemas do trabalhador rural, miséria, ignorância).
Além do regionalismo, destacaram-se também outras temáticas como o romance urbano e psicológico, o romance poético-metafísico e a narrativa surrealista.
Refletindo as preocupações sociais e políticas que agitavam o Brasil na época, desenvolveu-se um tipo de ficção que encaminhou para o documentário social e romance político. A publicação, em 1928, de A bagaceira, de José Américo de Almeida, costuma ser indicada como marco inicial dessa série de obras cuja intenção básica foi a denúncia dos problemas sociais econômicos do nordeste, dos dramas dos retirantes das secas e da exploração do homem num sistema social injusto. Seus principais foram: José Lins do Rego, tendo sido descendente de grandes proprietários canavieiros do nordeste. que compôs os chamados romances do ciclo da cana-de-açúcar; Érico Veríssimo, nasceu no Rio Grande do Sul, jornalista, romancista, cujas obras foram classificadas em três fases(urbana, histórica, política); Rachel de Queiroz, nasceu em Fortaleza, retomando o tema da seca, dando-lhe maior dimensão social, sem deixar de lado a análise psicológica em sua obra; Jorge Amado, nasceu na Bahia, é o autor mais adaptado da televisão brasileira, quase sempre interessado em abordar problemas sociais e políticos 
Considerado o maior representante da geração neorrealista nordestina, sua obra é considerada como "clássica" pela qualidade literária. Seus romances tratam tanto do social (miséria, fome, seca, latifúndio), como do psicológico (opressão, medo, angústia etc.). Linguagem condensada, sem retórica, obra neorrealista: romance crítico, de tensão entre a personagem e o meio (natureza e sociedade), romance de esquerda. Em março de 1936, sob suspeita de ter participado da ANL (Aliança Nacional Libertadora), Graciliano foi preso durante um ano sem acusação formal. A experiência na prisão foi relatada em "Memórias do Cárcere".
Principais obras: São Bernardo, Vidas Secas, Memórias do Cárcere, Angústia.
O grande marco dessa safra de romances, possivelmente, seja a obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, publicada no ano de 1938. No livro, deparamos com a família de retirantes formada por Fabiano, Sinhá Vitória, seus dois filhos e a tão humana cadela Baleia. A linguagem objetiva do romance parece metaforizar a própria ressequidão daquele ambiente.
MODERNISMO E SUAS CORRENTES
O modernismo brasileiro possui três fases ou gerações chamadas de 1º, 2º e 3º geração. A 1º geração do modernismo é marcada pela semana da arte moderna (1922 – 1930) e também chamada de fase da destruição porque é uma fase de experimento, agitando e chocando com as outras correntes existentes no momento. Os pioneiros e inovadores que apoiaram essa corrente foram: Oswald de Andrade e Mario de Andrade.
Os contextos históricos do modernismo foram a crise econômica, a revolta tenentista, fundação do partido comunista, São Paulo como centro econômico e cultural e a semana de arte moderna. Suas características são baseadas na experimentação, pesquisa estética, rompimento do acadêmico, rompimento com as estruturas do passado criando-se uma nova arte brasileira e busca do original, de uma língua brasileira, nacionalismo (crítico e ufanista), paródia e humor, espaço urbano e a liberdade formal.
Oswald de Andrade foi um dos agitadores desta corrente sendo polêmico, nacionalista, contra convenções, satírico e irônico. Duas de suas obras podem ser citadas, como exemplo, Memórias Sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande. Essas obras tinham como características a mistura de gêneros, recortes, imagens e destrói a retórica.
Mario de Andrade foi outro agitador desta corrente sendo um mentor intelectual, utilizava a pesquisa estética, técnico, impulso inconsciente e valorizava São Paulo. Pauliceia Desvairada é uma de suas obras que fala de São Paulo como uma cidade em movimento que contém o Prefácio Interessantíssimo, “quando sinto a impulsão lírica, escrevo sem pensar tudo o que meu inconsciente me grita. Penso depois” (...), significando que primeiro ele escreve o que sente e depois recorta tirando o que é desnecessário. Macunaíma, sendo uma prosa, tem como características da valorização do anti-herói, o herói sem nenhum caráter e síntese étnica.
As Subcorrentes da Primeira Geração Modernista
Denominam-se Pau-Brasil (1924) e Antropofagia (1928) as principais subcorrentes de nossa primeira geração modernista, em sua vertente de nacionalismo crítico.
A Poesia Pau-Brasil reúne os nomes de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, pintora que chega a Europa logo após a Semana de Arte Moderna, aderindo por completo ao modernismo e ilustrando os poemas da fase Pau-Brasil de Oswaldo de Andrade.
O movimento de Antropofagia, que aprofunda e amplia as propostas já presentes em Pau-Brasil, conta com um grupo maior, que se agrega a Oswaldo de Andrade e Tarsila do Amaral, autora de um quadro inspirador das ideias antropofágicas, o Abaporu (aba = homem; poru = que come). Aquela figura monstruosa, com os pés enormes plantados no chão brasileiro, onde também há um cacto, sugeriu a Oswaldo a ideia da terra, do homem nativo, selvagem, antropófago.
Os integrantes da subcorrente antropófaga pretendem manter com as vanguardas e com a cultura europeia em geral uma relação que Oswaldo de Andrade denominou antropofágica: de deglutição, devoração crítica de suas influências de modo a recriá-las, tendo em vista a redescoberta do Brasil em sua autenticidade e primitiva.
A expressão “antropofagia” se refere a uma prática dos rituais indígenas, transformando-se em metáfora da devoração simbólica das influencias europeias defendidas por Oswaldo de Andrade.
A essas subcorrentes se opõem o Verde-amarelismo (1925 – 1926) e o Grupo da Anta (1926 – 1929), que defendem um nacionalismo ufanista, exaltando o primitivismo e a ingenuidade da “mãe-pátria” e mantendo uma postura conservadora, direitista. Daí a proximidade entre seus adeptos, apresentando um nacionalismo estético e pitoresco.
Nos fragmentos do Prefácio interessantíssimo, de Mario de Andrade, publicados em Paulicéia Desvairada (1922), o autor se aproxima da radicalidade irracionalista da arte, cuja dimensão irônica aparece no adjetivo “interessantíssimo” desse “Prefácio Manifesto”. Em outro importante texto teórico, a Escrava que não é Isaura (1925), o escritor mantém o mesmo espírito demolidor, agora atravésda parodia do titulo de uma obra de nosso Romantismo, em sua vertente regionalista, A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. No final do texto, a frase com que declara o encerramento do “Desvairismo” (“Em arte: escola = imbecilidadede muitos para vaidade dum só”) acentua a presença da referida vanguarda, em sua negação da criação de escolas poéticas, discípulos etc.
Ao afirmar não ser futurista, como o tinha denominado Oswaldo de Andrade, mas ter pontos de contato com o futurismo; ao revelar-se ainda ligado ao passado e confuso diante dos movimentos artísticos de sua época, Mario Andrade comprova a honestidade intelectual que sempre o distinguiu e privilegiou, na liderança incontestável que manteve.
A fórmula “Arte, que, somada a lirismo, dá Poesia” ilustra a incorporação crítica das vanguardas, uma vez que nela o Lirismo, isto é, o momento “surrealista” da inspiração, constitui apenas uma das faces da criação artística. A outra face consiste no trabalho reflexão, de “polimento” dos versos, por meio da interferência da razão. Enquanto a menção à impulsão lírica revela a antecipação do conceito de “escrita automática”, proposto pelo surrealista André Breton, em 1924, na referência à dimensão racional do trabalho artístico percebe-se a influencia de Paul Dermée, poeta de uma vanguarda construtiva, denominada “espírito-novista”, estudado por Mario.
A distinção entre o belo da natureza (imutável, objetivo, natural) e o belo da arte (arbitrário, convencional, ilusório) também retoma a influencia vanguardista, agora vista em termos genéricos.
Além de diferenciar arte e lirismo, transformando-os em etapas do processo criativo, Mario de Andrade criou, a partir se seus conhecimentos musicais emprestados à literatura, a polifonia poética com harmonias, tornando-se assim polifônico.
A criação de uma linguagem brasileira, com a incorporação de elementos da oralidade, da fala popular ao texto literário, faz parte do grande projeto nacionalista de Mario de Andrade, também defendido pelos outros escritores da primeira geração modernista. No texto Fragmentos do Prefacio Interessantíssimo, o escritor já executa o seu intento – por exemplo, grafando conforme a pronuncia palavras como “milhor”, “si” etc.
O Manifesto da Poesia Pau-Brasil defende uma poesia de exportação, a partir das seguintes ideias: “valorização dos estados brutos da cultura coletiva, decomposição irônico-paródica dos suportes intelectuais da cultura brasileira, conciliação entre a floresta e a escola, ou seja, imbricar a cultura nativa com outra atitude, intelectualizada”.
O Manifesto Antropófago propõe um “mergulho nas fontes primitivas para articulá-las a uma reflexão, de matriz anarquista e contestadora, que faz do riso e da utopia uma forma de combate”.
Manifesto Pau-Brasil
Publicado em 1924 no jornal "O Correio da Manhã", enfatizava a necessidade de criar uma arte baseada nas características do povo brasileiro, com absorção crítica da modernidade europeia. Além de ter provocado discussões sobre o surgimento da consciência nacional, o Manifesto Pau-Brasil conseguiu atualizá-la; rediscutindo a realidade com uma linguagem novíssima. Tão importante para a poesia modernista, já trazia no seu bojo os germes que gerariam o antropofagismo. O Manifesto Pau-Brasil reivindicava uma linguagem natural, avesso ao bacharelismo e pedantismo, conclamava a originalidade nativa. O primitivismo como imaginação, liberdade de espírito, a junção do moderno e do arcaico brasileiro culminando com uma revolução artística nacionalista tendo por base suas raízes primitivas.
Manifesto Pau-Brasil estava intimamente ligado aos poemas do volume de intitulado Poesia Pau-Brasil. Além disso, eram várias as reflexões que o manifesto continha de cunho estético, isto é, direcionadas especificamente à poesia. É claro, em sua linguagem telegráfica e aforismática, o manifesto vinha carregado do espírito de época do qual Oswald é devedor: as vanguardas.
As prosas de Clarice Lispector e Guimarães Rosa
A prosa da terceira fase do modernismo, também chamado de pós-modernismo, por muitos que estudam a história da literatura brasileira é,em sua maior parte, uma continuação das duas fases anteriores em termos dos assuntos mencionados.
Porém, na forma de se aproximar a esses temas e a desenvolvê-las, é algo que distingue a terceira fase do modernismo das anteriores. Os escritores dessa fase contribuem com novos aspectos à literatura brasileira que vão enriquecendo o conteúdo total da história literária no Brasil. 
As maiores tendências na prosa dessa fase consistem em duas: a prosa psicológica e a regionalista. Cada um desses temas não são inovadores, entretanto recebem uma nova avaliação, aperfeiçoamento e novas características por autores dessa fase. 
Guimarães Rosa escreve prosa regionalista e focaliza no universalismo do sertão nordestino e a filosofia a respeito do ser humano usando o sertanejo como modelo.
Clarice Lispector é um desses autores que demonstram a sua habilidade de escrever prosa psicológica a respeito dos temas de filosofia e existencialismo (além de outros) usando um monólogo interior.
A terceira margem do rio – Guimarães Rosa
O texto é retirado do livro primeiras estórias, em 1962, e nesse conto existe uma família que vive próxima de um rio. Num belo dia, sem explicação, o pai resolve partir de casa indo em direção ao rio numa canoa que ele manda construir, ele não da satisfação nenhuma, simplesmente diz que vai para o rio nessa canoa.
O filho, o narrador da estória, pede para ir com o pai, porém ele não permite. Depois disso, o pai parte nessa canoa e fica para sempre no rio. Com essa decisão, a família se rompe. O filho fica o tempo todo se perguntando, constantemente, sobre essa decisão. No final dessa estória, o filho conclui que o pai já esta velho demais, estando à beira da morte, e resolve assumir o lugar do pai. Quando o pai finalmente resolve ceder, chegando próximo ao rio, o filho desiste e foge.
Após esse episódio, o filho o tempo todo sofre de uma culpa que ele não sabe dizer qual é a fonte dessa culpa. 
Guimarães Rosa tem a linguagem do maravilhamento e da transcendência porque ele fala de acontecimentos implausíveis, como o exemplo do pai.
Com a sensibilidade que ele aborda aos assuntos sobre os quais ele fala, na verdade ele expressa através da linguagem que ele usa. É uma linguagem que vem do fundo, da alma e da raiz do Brasil, mas também é uma linguagem global porque ele falava 19 línguas. Ele, para compor, também inventava palavras e tinha um jeito particular de estabelecer à gramática.
E o que é esse rio? Será que é a morte? Será que é a vida? Esse rio é a terceira margem. É um lugar que esta entre o rio e a margem, onde o Guimarães Rosa vive. É um lugar, como ele fala no texto “quando nada esta acontecendo, há um milagre que não estamos vendo.” O milagre para ele, é simplesmente o fato de estarmos aqui e que tudo o que uma pessoa faz, é um milagre como se todos nós estivéssemos nesse rio.
Mal-estar de um anjo - Clarice Lispector
Uma das escritoras da terceira fase no modernismo é Clarice Lispector. O estilo dela é bem distinto e começa a ir mais além à sua profundidade, com respeito à prosa psicológica. Lispector escreve de uma maneira que faz com que o leitor se examine interiormente e fala quase diretamente com o individuo. Nos contos dela podemos analisar esta ocorrência de perto.
Além dessa autoanálise, outra característica das obras de Clarice Lispector é a narração distinta dos seus contos e romances. Lispector narra o seu conto de um modo que não segue uma ordem cronológica. Isto pode ser visto em várias obras literárias, incluindo o conto chamado Felicidade Clandestinas e Laços de Família.
Outra característica das obras de Lispector é que a escritora raramente usa o diálogo no conteúdo nos seus contos e romances. Ela utiliza o monólogo interior nas suas obras, empregando o aspecto de introspecção e conversa consigo mesma e com o leitor trazendo a reflexão profunda.
Isto é demonstrado bem claramente noseu conto chamado O mal-estar de um anjo. Ela conta:
“Dentro de um cinismo cada vez melhor, pensei: cada um tem o anjo que merece, veja que anjo lhe coube: estou cobiçando por pura curiosidade um vestido que nem sequer vi. Agora quero ver como é que sua alma vai se arrumar com a ideia de um anjo interessado em roupas. Parece-me no meu orgulho, eu não queria ter sido escolhida para servir de anjo à tolice ardente de uma senhora.”
Esse monólogo interior se identifica por um monólogo indireto onde um autor onisciente apresenta um material não falado como se fosse diretamente da consciência da protagonista e com comentário e descrição guia o leitor através dele.
Podemos ver a influência da filosofia e o propósito da sua existência. Lispector usa a estória para refletir junto com o leitor a respeito da situação no qual se acha e filosofa a cerca de um anjo.
Durante a pequena convivência das duas mulheres no táxi, a narradora questiona a sua postura espontânea, pois conhecer um pouco aquela mulher que lhe chamava de anjo e exigia muito além de uma carona, a incomodou demais. Ela não aceitou aquela gratidão, pois uma atitude boa e simples resultou num rótulo difícil: “sou boa; sou anjo; sou perfeita; nunca posso ser má; não sou humana.” E com um desenrolar de pensamentos, Clarice constrói a tensão da mulher da maneira magnífica e única que só ela sabe fazer, que nos faz ser também aquela mulher que arranca a enorme asa de anjo que ganhou sem pedir, totalmente indignada com sua maldade embrulhada nas asas de ser anjo sem querer.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Modernismo foi importante porque veio cortar o vínculo com o passado, ou seja, a literatura brasileira estava presa a moldes arcaicos da literatura estrangeira. O Modernismo cortou esses laços e inovou a literatura brasileira criando uma literatura essencialmente nacional. 
As antigas escolas como Simbolismo, Parnasianismo, tiveram que se afastar para que o novo adentrasse ao país. Os autores brasileiros buscavam pelo moderno, original e polêmico, com o nacionalismo em suas múltiplas facetas. A volta das origens, através da valorização do indígena e a língua falada pelo povo, também foram abordados. 
Contudo, o nacionalismo foi empregado de duas formas distintas: a crítica, alinhado a esquerda política através da denúncia da realidade, e a ufanista, exagerado e de extrema direita. Devido à necessidade de definições e de rompimento com todas as estruturas do passado foi a fase mais radical, assumindo um caráter anárquico e destruidor. Assim, o modernismo representou a valorização do Brasil e o nascimento de sua cultura, desvencilhado de modelos estrangeiros. 
Tais características ficam explicitas em suas três gerações, trazendo, com isso, a busca por melhores formas de se desfazer das “marcas antigas”, e substituir por novas formas, possivelmente melhores de chegar ao progresso, aonde as pessoas viessem a se adaptarem as suas visões de mundo e aceitassem que o novo também seria bom e belo, desprendendo-se ao máximo de heranças Parnasianas, revolucionando-se, contudo, as artes plásticas, a literatura, o design e até mesmo a organização social.
REFERÊNCIAS
BANDEIRA, Manuel. 50 poemas escolhidos pelo autor. Rio de Janeiro: Ática. 2006.
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.
CASTRO, Luana. Terceira Geração Modernista. Disponível em: http://www.brasilescola.com/literatura/a-literatura-contemporaneageracao-45.htm. Acesso em 07 de setembro de 2015.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. São Paulo: Ática, 1985.
LISPECTOR, Blog Clarice. Mal-estar de Um Anjo. Disponível em: http://claricelispector.blogspot.com.br/2008/01/mal-estar-de-um-anjo.html. Acesso em 07 de setembro de 2015.
MAIA, João Domingues. Português: volume único. São Paulo: Parma, 2001. Série: Novo Ensino Médio.
MACIEL, Luiz Carlos Junqueira. Volúpia constelada: uma leitura de Melhores Poemas de Manuel Bandeira. In: Cadernos de Literatura Comentada. Belo Horizonte: Horta Grande, 2003.
NASCIMENTO, Anderson Ulisses S. Modernismo - Geração de 45. Disponível em: http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentos-literarios/modernismo-geracao-de-45.html. Acesso em 05 de setembro de 2015.
NOGUEIRA, Arnaldo Jr. Releituras. Textos. Disponível em: http://www.releituras.com/guimarosa_margem.asp. Acesso em 07 de setembro de 2015.
SANTOS, Estela. 10 melhores livros da Literatura Brasileira, segundo os colaboradores do Homo Literatus. Disponível em: http://homoliteratus.com/10-melhores-livros-da-literatura-brasileira-segundo-os-colaboradores-do-homo-literatus/. Acesso em 02 de setembro de 2015.

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