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Resenha O Triunfo da Vontade - Alcir Lenharo

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS 
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA 
 
ALCIR DE LIMA 
VANDERLEI SEBASTIÃO DE SOUZA 
NAZISMO: O TRIUNFO DA VONTADE: RESENHA CRÍTICA 
1. INTRODUÇÃO 
É possível que o desconhecimento das condições judaicas e 
das minorias em território alemão tenha tornado a reação 
internacional? Como tal horror nazista pode ter acontecido? 
Os campos de extermínio não era algo velado ou escondido, 
pois já em 1941, sabia-se, pela imprensa norte-americana, que 
milhares de judeus de Varsóvia haviam sido mortos por inalação 
forçada de gases venenosos1, isso demonstra que a comunidade 
internacional sabia de tudo o que acontecia, até nos seus mínimos 
detalhes, como vemos na divulgação do jornal Daily News Bulletin, 
ao lado. 
Inclusive os próprios alemães tinham suas participações 
nesses eventos de horror. Sabiam do que estava acontecendo e 
reprimiam os judeus pelas premissas racistas que norteava a conduta 
individual e coletiva. A tolerância de tais acontecimentos pode ser 
compreendida pela coerção ideológica nazista desenvolvida pelo 
Estado, que conduzia o povo alemão a conviver num “sistema de 
delírio”2, sentindo-se vítima e atribuindo aos judeus toda a culpa das condições sociais. 
Entretanto, havia vários grupos determinas a ser carrasco nazista de prontidão. Tal horror se tornou um marco 
na história da Alemanha (e do mundo) que por uma dupla razão se manteve ausente dos livros didáticos: vergonha em 
carregar esse fardo; ou falta de vergonha, em não assumir uma culpa coletiva. No entanto, só interpretando a crise 
que o mundo capitalista vinha enfrentando para entender o fenômeno nazista. 
1.1. E OS ESTUDANTES? 
 Grupos de estudantes se organizavam numa Associação Geral, cuja primeira guerra foi marcada pelo 
pangermanismo e antissemitismo, mostrando-se favorável a Vitória de Hitler em 1933 conforme o espírito do 
pedagogo Friedrich Ludwig Jahn. 
 
 Estudante do 4º ano de História pela Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO-PR. 
 Professor Adjunto do Departamento de História da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO-PR) e do Programa de 
Pós-Graduação em História pela mesma instituição. Professor regente da disciplina História Contemporânea II, no curso de 
Licenciatura em História, campus Coronel Vivida – PR. 
 Trabalho apresentado a disciplina de História Contemporânea II, como obtenção da nota parcial do 1º Semestre/2018. 
1 LENHARO, Alcir. Nazismo: o triunfo da vontade. Ática, 1986. p. 08. 
2 Idem, ibidem, p. 09. 
Carta relatando a condição de Judeus em Varsóvia, no 
ano de 1941. Daily News Bulletin, EUA, Ago. 1941. 
 
 
Em 1813, Jahn e alguns de seus ginastas juntam-se aos exércitos voluntários de Lützow para participarem das 
chamadas “guerras de libertação” contra a França3, Jahn passou a ser visto como patrono pelos hitleristas. 
Com a crise agravada, a massa de jovens inclinada ao nazismo se torna a primeiro a sofrer com o desemprego, 
levando-os a se alistar no exército alemão. Os dados apresentados por Lenharo mostra que “menos de 10% de 
estudantes faziam resistência de caráter antinazista”, como o Grupo esquerdista Rosa Branca que panfletava “o 
espírito vive” e deixou a morte de alguns integrantes4. Talvez o temor a represálias levasse a sociedade a compactuar 
e concentrar seus investimentos nas promessas nazistas. 
1.2. E OS TRABALHADORES? 
Na interpretação marxista, os nazistas eram apenas um grupo de agentes capitalistas com um projeto de 
contrarrevolução ao comunismo internacional difundido a partir da Revolução Russa, em 1918, e eram patrocinados 
para tomarem o poder e o governassem para a burguesia que, democraticamente não conseguiam chegar ao poder, 
“apelavam para a ilegalidade”5. 
Como forma de atingir as massas, Lenharo diz que o nazismo estava “minado por dentro”6, ou seja, apoiava às 
bases proletárias servindo, na verdade, os interesses do oponente, a burguesia. Para compreender as atividades 
nazistas, a narrativa marxista não era suficiente, já que para essa, a convulsão das massas estava além da 
infraestrutura econômica como epifenômeno capaz de explicar o que ocorreu na Alemanha. O nacionalismo alemão 
está além de uma estrutura econômica e, segundo Wilhelm Reich, não se deve “ridicularizar a alma e a mente”7, pois 
são essas que movem de fato as ações humanas. O nacionalismo pode ser compreendido com um conjunto de 
“representações em torno das identidades nacionais, demarcando ainda um ‘território de imaginação’ por onde as 
disputas materiais e simbólicas se estabelecem”8. 
A hierarquia social refletia o modelo da família pequeno-burguesa, 
com estrutura familiar de obediência patriarcal e autoritária que também é 
copiada pelas famílias proletárias. Para explicar os aspectos da sociedade 
alemã, Lenharo utiliza o conceito de recalque sexual. 
Esse recalque canalizava os desejos dos trabalhadores na 
obediência, mesmo que as propostas do movimento nazista fossem 
propostas contra os próprios trabalhadores. Mas a mistificação das massas 
pelo nazismo ocorre principalmente em um momento de crise, desemprego 
e miséria e, já que a revolução proletária não ocorreu, a contrarrevolução 
nazista não poderia ser impedida. Ainda mais quando estrategicamente 
comprava as mentes com as propagandas financiadas pela burguesia. 
 
 
3 A participação de Jahn e seus ginastas nas guerras de libertação, bem como a própria atuação do grupo a que se uniram, o 
Lützower Freikorps, foi elevada pelos nacionalistas a ponto de se tornar uma “memória histórica de ‘liberação’ que projetava seus 
próprios entusiasmos na nação”. Ver em: SHEEHAN, J. J. German History: 1770-1866. Oxford: Clarendon Press, 1989. p. 386. 
4 LENHARO, op. cit. p. 13. 
5 Idem, ibidem, p. 14. 
6 Idem. 
7 REICH, Wilhelm. Psicologia de massas do fascismo. Porto, Publicações Escorpião, 1974. p. 10. In: LENHARO, op. cit. p. 15. 
8 MORENO, Jean Carlos. Revisitando o conceito de identidade nacional. Identidades brasileiras: composições e recomposições. São 
Paulo: Cultura Acadêmica, p. 7-30, 2014. p. 10. 
Recalque sexual: Na Psicologia a 
repressão (ou recalque) é uma 
defesa inconsciente e automática 
pelo qual as pessoas são forçadas 
reprimir seus desejos. 
O recalque sexual é uma condição 
pelo qual a pessoa reprime seus 
desejos sexuais, podendo manifestar 
a histeria ou exprimir suas pulsões 
através de outras ações. Para 
Lenharo, o recalque foi canalizado 
na obediência nazista. 
Ver em: PADILHA NETTO, Ney 
Klier; REZENDE CARDOSO, Marta. 
Sexualidade e pulsão: Conceitos 
indissociáveis em psicanálise?. 
Psicologia em Estudo, v. 17, n. 3, 
2012. 
 
 
2. A ESCALADA NAZISTA 
2.1. AS ORIGENS 
Para Lenharo, o Nazismo não era um partido com história 
política, mas que se apropria do discurso e métodos da esquerda para 
cooptar as massas. O Nazismo se distancia dos ideais comunistas 
pela filiação com os demais partidos e interesses num projeto 
contrarrevolucionário. Para se entender as diretrizes do programa 
nazista, basta observar seus 25 pontos, apresentados por Hitler, em 
1920. Na lista ao lado, podemos ver oito dos 25 pontos apresentado 
pelo programa, a qual cabe destacar os aspectos nacionalistas e 
racistas, como no caso do 3º ponto: “Exigimos a terra e o solo 
(colônias) para a alimentação de nosso povo e a ocupação de nossa 
população excedente”. Ou seja, a ideia de um “espaço vital” para o 
povo alemão. E o 5º ponto: “Qualquer pessoa que não seja cidadã só 
deve poder viver como hóspede na Alemanha e deve estar sob 
legislação estrangeira”. Como o povo Judeu não tinha um Estado 
que o protegia, estava sujeito aos feitos nazistas.Em 1919, com base na Revolução Russa, movimentos por 
toda Europa tentavam a implantação de um comunismo 
internacional. Na Alemanha, o movimento Spartakusbund 
(espartaquista) que tinham interesses revolucionários, é massacrado 
pelo Freikorps (corpo de voluntários), inclusive com o assassinato 
de Rosa Luxemburgo, uma importante teórica dos movimentos 
socialistas na Alemanha. Nesse mesmo contexto, Hitler se filiava ao 
Deutsche Arbeiterpartei (Partido dos Trabalhadores Alemães), no 
qual assumiu a direção em pouco tempo, organizando encontros 
políticos numa cervejaria hofbräuhaus para as orientações políticas, 
renomeando o partido para NSDAP, em 1920. 
 
 
 
Das Programm der NSDAP und seine 
weltanschaulichen Grundgedanken 
1. Wir fordern den Zusammenschluß 
aller Deutschen auf Grund des 
Selbstbestimmungsrechtes der Völker 
zu einem Groß-Deutschland. 
2. Wir fordern die Gleichberechtigung 
des deutschen Volkes gegenüber den 
anderen Nationen, Aufhebung der 
Friedensverträge von Versailles und 
St. Germain. 
3. Wir fordern Land und Boden 
(Kolonien) zur Ernährung unseres 
Volkes und Ansiedlung unseres 
Bevölkerungs-ÜberschussesDer 
Bauernstand soll wirtschaftlich und 
kulturell gehoben warden. 
4. Staatsbürger kann nur sein, wer 
Volksgenosse ist. Volksgenosse kann 
nur sein, wer deutschen Blutes ist, 
ohne Rücksichtnahme auf 
Konfession. Kein Jude kann daher 
deutscher Volksgenosse sein. 
5. Wer nicht Staatsbürger ist, soll nur 
als Gast in Deutschland leben 
können und muß unter 
Fremdengesetzgebung stehen. 
6. Das Recht, über Führung und 
Gesetze des Staates zu bestimmen, 
darf nur dem Staatsbürger zustehen. 
Daher fordern wir, daß jedes 
öffentliche Amt, gleichgültig welcher 
Art, gleich ob im Reich, Land oder 
Gemeinde, nur durch Staatsbürger 
bekleidet werden darf. 
7. Wir fordern, daß sich der Staat 
verpflichtet, in erster Linie für die 
Erwerbs- und Lebensmöglichkeit der 
Staatsbürger zu sorgen. Wenn es 
nicht möglich ist, die 
Gesamtbevölkerung des Staates zu 
ernähren, so sind die Angehörigen 
fremder Nationen (Nicht-
Staatsbürger) aus dem Reiche 
auszuweisen. 
8. Jede weitere Einwanderung Nicht-
Deutscher ist zu verhindern. Wir 
fordern, daß alle Nicht-Deutschen, 
die seit 2. August 1914 in 
Deutschland eingewandert sind, 
sofort zum Verlassen des Reiches 
gezwungen werden. 
 
Hofbrauhaus atualmente é uma das choperias mais frequentadas de 
Munique, na Alemanha. Fonte: Google Maps Pics. 
 
 
ADOLF HITLER: Hitler nasce em Braunan, no interior da Áustria, em 1889. Foi 
filho de um funcionário aduaneiro. Fez seus estudos para seguir a profissão do pai, 
mas queria ser pintor e artista. Até tentou entrar na Academia de Belas-Artes em 
Viena no ano de 1907, mas foi reprovado. Muitas interpretações biográficas e 
psicanalíticas na segunda metade do século XX tentam explicar o fenômeno nazista 
através da personalidade de Hitler e sua frustração de infância9. Entretanto, novas 
interpretações substituíram a clássica psicanálise social e se isolaram na 
interpretação individual de Hitler. Viena era um centro cultural e científico, que já 
apresentava o antissemitismo, tanto nos partidos nacionalistas como nos partidos 
socialista cristão, ambos antissocialista, apesar do nome do último. Hitler migra 
para Munique, em 1913, como forma de fugir do alistamento, mas com o advento 
da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), alista-se, e é ferido em combate. Recebe uma cruz de ferro e mais tarde 
a tornara honraria dos alemães na Segunda Guerra (1939-1945). No partido, Hitler conviveu com vários 
aristocratas e militares e com eles formavam repressivos movimentos anticomunistas, denominando o grupo 
como SA, oficializado e justificado como forma de defender os anseios nazistas. 
2.2. A CAMINHO DO GOLPE 
Em 1920, a direita monarquista tenta um golpe de Estado em Berlim, mesmo sem sucesso, conseguem o poder da 
Baviera com ajuda de grupos paramilitar e os Freikorps, que se aliaram ao Sozialdemokratische Partei Deutschlands 
(SPD), partido socialdemocrata alemão e faziam um bloco de oposição ao governo federal. 
Segundo Lenharo “Munique se torna o centro de atividades terrorista de direita”10, visto que o Exército alemão, 
limitado a 100 mil homens pelo Tratado de Versalhes, não tinha atuação política. A crise econômica e a hiperinflação 
do marco (moeda alemã) agravaram o desemprego e a miséria, em contraponto, as indústrias acumulavam riquezas 
com as exportações, já que haviam sido isenta de impostos. A crise se agrava e o nacionalismo desperta quando 
ocorre a ocupação Franco-Belga no Vale do Ruhr, em 1923, como previsto pelo tratado. 
O governo tentava estabilizar a moeda e negociava a saída dos invasores nos territórios perdido pelo tratado, 
mas o colapso se instaura quando um representante da esquerda socialdemocrata vence as eleições e os militares 
intervêm, dissolvendo os comitês. Nesse momento, Hitler se aproxima e “associa-se aos militares, monarquistas, 
autônomos, nacionalistas”11 e tentam um golpe de Estado, em 1923. Falho, acaba sendo condenado e preso por cinco 
anos, onde escreve o Mein Kapf (minha luta) e busca alcançar o poder por vias eleitorais. 
Os acontecimentos do fim do ano de 1923, por mais desagradáveis que pareçam, à primeira vista, 
olhados por um prisma mais elevado, foram quase necessários, pois realizaram, de um só golpe, a 
transformação das "Tropas de Assalto", que estavam sendo nocivas ao movimento. 
Ao mesmo tempo, esses acontecimentos criavam a possibilidade de uma reconstrução, a começar do 
ponto em que tínhamos sido forçados a nos desviar do caminho reto12. (p. 292) 
 
2.3. RUMO AO PODER 
 
9 GHIRELLI, Antonio. Tiranos; de Hitler a Pol Pot: os homens que ensangüentaram o Século 20. Difel, 2003. 
10 LENHARO, op. cit., p. 21. 
11 Idem, ibidem, p. 23. 
12 HITLER, Adolf; A. H. DE OLIVEIRA MARQUES. Minha luta: Mein kampf. 1983. p. 292. 
Hitler em cores: O Führer é visto na 
Alta Baviera no final da década de 1930 
em uma rara foto colorida tirada por 
seu fotógrafo pessoal Hugo Jaeger. 
 
 
O NSDAP começa a se estruturas organizadas, subdividia em alas que contemplavam todas as categorias 
sociais, como a Hitlerjugend (Juventude hitlerista). Os nazistas alcançam as massas, principalmente pela categoria 
dos trabalhadores e alcançam um surpreendente número de filiados, ano após ano. O SPD, confiante no Plano 
Dawes, consegue uma boa coalização entre os representantes dos partidos burgueses e vencem as eleições em 1928, 
apostando na socialdemocracia. Nos finais da década de 1920, a Alemanha 
recebe vultosas quantias da Inglaterra e EUA para recuperar sua moeda, 
estabilizar sua economia e ascender às atividades capitalistas, vivendo num 
clima de otimismo. Porém, com a crise de 1929, o desemprego aumenta e a 
burguesia industrial exige diminuição dos salários e aumento da jornada de 
trabalhos (antes garantidas pela constituição). É quando o gabinete da 
socialdemocracia cai e o novo ministro, Brüning, passa a governar por 
decreto. A Alemanha volta ao colapso. 
2.4. OS NAZISTAS À DIREITA 
A crise volta a favorecer a atuação dos nazistas e as ideias dos irmãos Strasser, da ala à esquerda do partido, 
queria a nacionalização dos monopólios, um projeto de reforma agrária e um Estado corporativo, ações que 
contradiziam o pensamento de Hitler e também o afastava dos meios legalistas pelo qual havia escolhido para chegar 
ao poder. Enquanto os irmãos Strasser direcionavam o partido para a ala da esquerda, Hitler forçava aliança com 
burgueses que, após a crise de 1929, o partido já se inclinava à direita. É quando os nazistas começam a ascender no 
poder, aumentando o número de representantes no parlamento, enquanto aesquerda, representada pelo Partido 
Comunista e pequena coligações com socialdemocratas, perde a forças sociais, como reflexo da inclinação social ao 
radicalismo. A socialdemocracia via o nazismo e o comunismo como uma afronta de igual porte à república. Mas na 
“queda de braço” entre nazistas e comunistas, não se pode considerar a desunião da esquerda como motivo de 
ascensão nazista, mas sim pela força e organização do partido atuando através dos recursos populistas e 
propagandistas. 
A posição dos nazistas oferece maior controle do poder, especialmente durante de embate contra os 
comunistas, deixando centenas de mortos e feridos. A união da direita garante não apenas uma posição privilegiada 
aos nazistas, como consegue a nomeação de Hitler a Chanceler (1º ministro) da Alemanha, em 1933. 
2.5. ORDEM NA CASA 
Após um incêndio no Reichtag (Assembleia Nacional), a culpa é lançada 
aos comunistas. Mesmo sem apoio da maioria dos ministros, Hitler faz um 
decreto de emergência suspendendo as liberdades, já que esse contava com a 
força policial e os meios de comunicação, como também o apoio de Göring, 
ministro do interior na Prússia. 
Tem-se início a ditadura nazista, iniciando um expurgo público e 
administrativo a esquerdistas e judeus, presos nos Lager (campos de 
concentração). Cria-se também a Gestapo (polícia secreta do Estado), a 
esterilização a doentes hereditários e Câmara Cultural do Reich, sob controle de 
O PLANO DAWES Foi um plano 
criado por Charles G. Dawes com o 
objetivo de viabilizar o pagamento 
das dívidas que a Alemanha 
possuía ao fim da Primeira 
Guerra, decorrentes do Tratado de 
Versalhes. 
Decreto do Incêndio do Reischstag 
["Reichstagsbrandverordnung"], 28. 
Fevereiro, 1933. 
 
 
Goebbels. Hitler temia o seu membro do partido e líder da SA, o comandante Röhm, então sob boatos de um Golpe 
de Estado, Hitler em apoio a SS, massacra Röhm e outros inimigos, consolidando seu domínio totalitário. 
2.6. UMA ECONOMIA DENTRO DA GUERRA 
A política externa Nazista iniciou com a saída da Alemanha das 
Ligas das Nações e mais tarde financiam a morte de Dollfuss, Primeiro-
Ministro austríaco. Como já pretendido pelos 25 pontos do NSDAP, ocorre 
o descumprimento do Tratado de Versalhes quando Hitler aprova a 
produção armamentista e formação do exército alemão. Há também a 
aprovação de leis racistas contra judeus, que não poderiam se relacionar 
com cidadãos de “sangue alemão”13. Em 1936, os nazistas ocupam a 
Renânia e formam o Eixo com a Itália de Mussolini e cedem apoio à Franco, na guerra civil espanhola. 
Com relação ao trabalho, Hitler incentivava a Frente de 
Trabalho com duas organizações: Força para Alegria e Beleza 
do Trabalho. A primeira incentivava o turismo interno e externo 
do trabalhador alemão e levava artes e espetáculos para o 
trabalho; na segunda, visava-se criar um “soldado do 
trabalho”14, com boa musculatura e eliminação de gorduras 
supérfluas para sustentar a economia de guerra, através de 
espaços para atividades físicas no trabalho. 
3. A POLÍTICA COMO ESPETÁCULO 
3.1. A POLÍTICA ESTETIZADA 
O fascismo não tinha interesse em alterar o regime de 
propriedades (como era o interesse comunista), mas apenas estetizava a vida política dos cidadãos. A arte e a política 
eram produtores de uma forma de governo. Essa forma, almejada pelos nazistas, foi um Estado às caras da Nação. Ou 
seja, o Estado deveria cumprir o que era bom para o povo alemão, apenas o alemão. Ora, quem não era alemão, logo 
perdia seus direitos ou era submetido a tal. O ressentimento antipolítico gerado pela crise, considerava a redenção 
nacional através da arte. Isto é, nas palavras de Thomas Mann, quando escreve na sua 
obra Considerações de um apolítico (1918), ele compartilha a aspiração alemã de se 
colocar acima da realidade política, colocando a cultura alemã acima da cultura política 
ocidental. A forma da política nazista estava acima da política convencional, pois a 
supremacia alemã apenas conduzia o Estado conforme seus interesses. 
3.2. A CELEBRAÇÃO DAS MASSAS 
 Ao tratar das ações sociais, diversos eventos foram propagados pelos nazistas 
em prol do impacto social. A morte de Wessel, chefe da SS, foi um acontecimento 
importante para as propagandas de Goebbels, que tornou Wessel num mártir do 
 
13 LENHARO, op. cit., p. 31. 
14 Idem, ibidem, p. 34. 
A SA (“tropas de assalto”) foi um 
grupo paramilitar, comandado 
principalmente por Ernst Röhm, e 
tinha objetivo de proteger os altos 
dirigentes do partido Nazista. 
Já a SS surgiu como guarda pessoal 
de Adolf Hitler, e se tornou, mais 
tarde, uma das maiores 
organizações nazistas. 
Cartazes de propagandas do programa nazista Frente de 
Trabalho. À direita se refere a Beleza do Trabalho; à esquerda 
refere-se a Força para Alegria. Fonte: acervo Google imagens. 
Figura de Wessel retratada no 
cartaz nazista. Germany archive 
online. 
 
 
movimento nazista. Todas as cenas, todos os acontecimentos eram minimamente preparados por Hitler. Desde a 
organização decorativa, as bandeiras, flores, tudo era previsto para causar impacto psicossocial, quase ritualístico. 
Impactar era a força simbólica que tanto coagia como sustentava a grandeza da ideologia nazista. O próprio discurso 
hitlerista buscava assumir um clima de histeria, arquitetado pela violência verbal ou pelo caráter emotivo. Essas 
características são explicadas através do entendimento epistemológico da história política de Pierre Ansart, que 
afirma que em todas as ações política, “devemos considerar o ódio, a inveja, o rancor, o ciúme, o desejo de vingança 
e os fantasmas da morte”15, pois fazem parte da estrutura psicológica humana, logo, discursos persuasivos capazes de 
atingir essas estruturas se tornam mais eficazes. O massacre da liderança da AS, a queima de livros e perseguição de 
grupos de esquerda, se confundia num cerimonial de “batismo de sangue”16 que simbolizava, entre outras coisas, a 
purificação do espirito nacionalista e a supremacia do povo alemão. 
3.3. O CULTO DOS MORTOS E DOS VIVOS 
Nas cerimônias fúnebres a política estetizada alcançava seus melhores resultados. A martirização de militantes 
mortos, vítimas do Putsch de Munique, em 1923, são homenageados por Hitler como heróis, em 1935. Uma 
cerimônia que além de efeitos políticos simbólicos no presente em que viviam, foi uma forma de “exorcizar”17 e 
corrigir historicamente, como forma de resinificar o passado. Essa memória heroica dos mártires excitava os vivos 
em formar uma comunidade mística do Reich. A vontade do Führer se tornara quase a vontade de Deus; e a figura de 
Hitler, quase divina. 
4. O TRIUNFO DA BELEZA 
4.1. A ARTE DA PROPAGANDA 
Hitler já pensava na propaganda, quando escreveu o Mein Kampf, 
Dediquei-me, nos primeiros tempos da minha atividade partidária, à 
propaganda. Por essa propaganda dever-se-ia conseguir, pouco a pouco, um 
pequeno núcleo de indivíduos, convencidos da nova idéia [sic], os quais 
formariam assim o material que, mais tarde, poderia fornecer os primeiros 
elementos de uma organização. Visávamos mais a propaganda do que a 
organização18. 
 Sobre a propaganda, concebia duas funções: o direcionamento às massas, que mesmo após a vitória deveria 
ser difundida para consolidar apoio; e a composição estética, adotando mínimos detalhes para não ficar maçante, já 
que a população tinha capacidade de recepção muito limitada19. O essencial das propagandas era atingir o coração das 
grandes massas, mesmo que para isso fosse preciso usar calúnia, mentiras ou levas as informações aos limites da 
verdade. As propagandas deveriam ser apelativas ao emocional, já que “(...) o povo, na sua grande maioria, é de 
índole feminina tãoacentuada, que se deixa guiar, no seu modo de pensar e agir, menos pela reflexão do que pelo 
sentimento”20. Na concepção de Hitler, as massas eram vistas pela sua “índole feminina”, sujeitas ao emocional ao 
invés do racional. Isso reflete no machismo transcendendo ao núcleo familiar, impondo sua dominação patriarcal no 
meio público. Segundo Alice Costa (2000), a “organização sexual hierárquica da sociedade é tão necessária ao 
 
15 ANSART, Pierre. História e Memória dos ressentimentos. In: BRESCIANI, Stella e NAXARA, Márcia (orgs). Memória e (RES) 
Sentimento: Indagações sobre uma questão sensível. Campinas: Editora Unicamp, 2001. p. 15. 
16 LENHARO, op. cit. p. 48. 
17 Idem, ibidem, p. 49. 
18 HITLER, op. cit. p. 307. 
19 LENHARO, op. cit. 1986. 
20 HITLER, op. cit. p. 102. 
 
 
domínio político, pois se alimenta do domínio masculino na estrutura familiar (esfera privada) e na lógica 
organizacional das instituições políticas (esfera pública) construída a partir de um modelo masculino de dominação 
(arquétipo viril)”21. 
4.2. O CULTO DO CLASSICISMO 
A arquitetura e os efeitos 
visuais (como no cinema) deveriam 
destacar a grandiosidade do regime, 
de uma raça, de uma nação, mas 
principalmente do orgulho em ser 
alemão. Olhando para as 
arquiteturas greco-romanas, o desejo 
do partido era deixar as futuras 
ruínas, ou seja, pensavam em deixar 
registrado na história a força do 
poder nazista, pois viam o esplendor 
da cultura neoclássica como 
resistente a qualquer contradição 
cultural (dadaísmo, cubismo, 
expressionismo) nem mesmo ruiu ao 
comércio judeu. Outra característica é o ruralismo, visto como fortalecimento da raça, já que no campo as famílias 
tinham desejos de ter filhos, já que nas metrópoles, segundo Feder, causava a “morte da nação”22. 
4.3. PROPAGANDA EM MOVIMENTO 
O cinema foi “um dos meios mais modernos e científicos de influenciar 
as massas”23. Durante os 12 anos de regime nazista, 1350 filmes foram 
produzidos e todos mantinham as características ideológicas do partido: sempre 
exaltando o patriotismo heroico do alemão, a figura onipotente de Hitler, a 
força da sociedade alemã, entre outros elementos de ufanismo exacerbado. Os 
inimigos do Estado alemão eram vistos como estratégicos que a todo o 
momento estariam tentando dominar a Alemanha. 
4.4. O TRIUNFO DA MENTIRA 
O racismo impetrado nos filmes retratava os judeus em figuras 
animalescas, inumanas, como os ratos, que viviam na imundice e se 
aproveitavam, sempre por trás dos acontecimentos arquitetando privilégios em 
cima dos povos alemães. Na maioria das vezes os Judeus são retratados como 
um animal perigoso. Observa-se a tentativa de desumanizar os judeus e deixar 
 
21 COSTA, Ana Alice. Gênero, poder e empoderamento das mulheres. V. 8, p. 08-14, 2000. p. 12. 
22 LENHARO, op. cit. p. 51. 
23 Idem, ibidem, p. 52. 
Alemanha, Terceiro Reich - Rally de Nuremberg, 1937. Desfile das 'Unidades de Combate NS' no 
campo de rally; Da esquerda para a direita: o chefe de gabinete da SA, Victor Lutze, Adolf Hitler, 
e o chefe da SS, Heinrich Himmler. Getty Image licence. 
 “Documentário” O Eterno Judeu (Der 
ewige Jude), de 1940, que apresentava o 
povo judeu como um inimigo a ser 
vencido. 
 
 
de vê-los como ser humano, ou seja, como igual. Isso faz com que várias violências e desrespeitos a seus direitos 
humanos sejam socialmente aceitos e sejam naturalizados. A contradição ocorre quando retratam a carnificina aos 
animais feitos para o comércio em prol dos judeus, enquanto os campos de concentração transformavam-se em 
enormes matadouros humanos. 
5. O HOMEM NOVO NAZISTA 
5.1. UMA OUTRA MORAL 
Os instrumentos ideológicos serviam para formar uma consciência de supremacia alemã, cujo Hitler sempre 
era apresentado como modelo a ser seguido. A vida sexual de Hitler era camuflada, pois se demonstrava um puritano, 
desprendendo-se de atributos eróticos para fortalecer sua ligação com as massas, afirmando não casara para melhor se 
dedicar à Alemanha. Apesar da aparência moral alemã como símbolo da sua supremacia, o alto escalão que rodeava 
Hitler foi exemplo de uma paradoxal dualidade moral nos padrões requeridos. Nota-se que a moralidade exigida era 
apenas usada como mecanismo de poder, já que os dirigentes do partido não respeitavam os preceitos exigidos, mas 
tornava norma disciplinar que deveria ser aderida e respeitada pelas massas. 
5.2. APELO AO SACRIFÍCIO E A VIOLÊNCIA 
Os apelos nazistas buscavam despertar a dedicação total ao Führer, inclusive morrer pela Alemanha se fosse 
necessário. A população era conduzida e cumpria, talvez por coerção ou pela repressão, todas as ordens recebidas. A 
partir de 1936, todos os jovens eram obrigados a participar dos Jovens Hitleristas, como forma de incorporação da 
ideologia nazista, ao mesmo tempo o desejo velado em constantes reservas humanas para fins de guerra. 
5.3. A GLORIFICAÇÃO DA VIDA RURAL 
O anticapitalismo romântico se mostrava avesso às industrializações da cidade alemãs, com fins de exaltar a 
pureza dos costumes rurais. Os camponeses passam a ser glorificados como reserva moral da Alemanha. O trabalho é 
retratado num tom medievalista e quase irreal, com uma mistificação da vida no campo. 
5.4. A VÊNUS NAZISTA 
Se a terra é tida como parte de um 
glorioso império nazista, o novo homem que 
ressurge também é associado a esse meio. Um 
exemplo é a mulher camponesa que conjuga o 
“sangue e solo”24. A condição feminina é 
apresentada “dessexualizada” para salientar a 
pureza e a fecundidade da raça e da terra alemã. 
A guardiã da raça ariana era a companheira do 
homem, confinada ao lar e reprodutora. Se 
fugisse disso, seria um comportamento infame 
dos judeus e comunistas dos tempos de Weimar. 
A pedagogia nazista expunha o lema feminino 
KKK – Kinder (criança), Kirche (igreja) e Küche 
 
24 LENHARO, op. cit. p. 69. 
No primeiro: “Nós estamos jogando fora. Nós escolhemos a lista 2 nacional-
socialistas.”; no segundo cartaz: “Mãe e mulheres que trabalham. Crianças, 
igreja e cozinha. nacional-socialistas lista 8”. Cartazes da campanha política 
para o NSDAP de Adolf Hitler, 1932. Getty image licence. 
 
 
 
(cozinha). Essa orientação segue até 1941 quando as mulheres começam fazer parte das fábricas para alimentar a 
economia de guerra. 
5.5. A CIÊNCIA A SERVIÇO DO RACISMO 
A política demográfica nazista incentivava a procriação para que a raça ariana se expandisse através do 
controle biológico. Mulheres se deixavam engravidar por soldados da SS para se profissionalizar como prostitutas-
reprodutoras. O interesse de Himmler foi de estimular as pesquisas científicas para se obter crianças arianas do sexo 
masculino, para que pudesse ser futuros soldados. Entretanto, sem abrangência científica sobre os resultados 
esperados, passou-se a cooptar e sequestrar crianças de outras nacionalidades cujos traços arianos se apresentassem. 
5.6. HOMOSSEXUALIDADE E PROSTITUIÇÃO 
O homossexual era culpado por desperdiçar sua energia de maneira improdutiva, por não se enquadrar ao 
perfil viril do herói ariano e por isso sofria repressão. Já a homossexualidade feminina não recebia coerção física, 
apenas moral, já que apesar de sua condição sexual, ainda poderia gerar filhos, enquanto os homens não. Após o 
imperativo de eliminar Röhm, a homossexualidade também deveria ser 
eliminada, vista como inimiga da nação por seu álibi degenerado. 
5.6.1. A dupla moralidade: ao que se refere às prostitutas, 
mesmo que fossem vistas como imorais ao partido nazista, ainda 
exerciam um papel de utilidade pública: a procriaçãoda raça. O projeto 
científico de procriação em massa, como expresso por Hitler no Mein 
Kampf: “Se se realizar com método um plano de procriação dos mais 
sadios, o resultado será a constituição de uma raça que trará em si as 
qualidades primitivas, evitando assim a degradação física e intelectual de 
hoje”25. Esse discurso se forma com sentido diferente da tradição das 
sociedades himenólatras ocidentais. O desejo de casamentos e procriação 
precoce entre as famílias era desejado como forma de regenerar a raça. 
Do outro lado, a vida sexual heterossexual, os adultérios, as relações pré-
conjugais, e a virgindade deixava de ser valorizada. 
5.6.2. Desigualdade racial e espaço vital: entre os nazistas, acreditava-se que a Desigualdade racial e o 
espaço vital eram o motor da história das sociedades humanas. Enquanto a reprodução da raça é ilimitada, o espaço 
vital é limitado, logo, a guerra por espaço vital é inevitável. E o que fazer com as raças inferiores nos espaços vitais 
alemães? Assimilar ou aniquilar? Entre transformar esses povos em escravos modernos, buscou-se outra solução. 
Para Hitler, foi a “solução final”, isto é, os campos de concentração para extermínio em massa. 
6. A CIVILIZAÇÃO DA SUB-HUMANIDADE 
6.1. A GRANDE GUERRA DAS RAÇAS 
A preservação ou conquista do espaço vital só se daria pela guerra. É quando a anexação de territórios passa a 
ser propagandeada como fins de recuperação do espaço vital perdido pelo Tratado de Versalhes e a invasão polonesa 
justificada através da libertação das minorias alemãs, oprimidas pelas elites que as tentavam subjugar. Na invasão da 
 
25 HITLER, op. it. p. 214. 
Himenólatras são aquelas 
sociedades que criam normas 
religiosas, sociais, culturais, 
jurídicas, entre outras, para a 
preservação da virgindade. São 
inúmeras as justificativas que se 
atribuem à himenolatria, entre as 
quais se destacam aquelas 
relacionadas à manutenção dos 
valores morais e de controle social 
da sexualidade. Ver em: VANNINI, 
Ismael Antônio. Irene perdeu a flor: 
crimes de sedução e defloramento 
na (RCI) Região Colonial Italiana do 
Rio Grande do Sul–colônia de 
imigração de Guaporé–1938–1958. 
XV Encontro regional de História. 
Curitiba, 2016. p. 05. 
 
 
Rússia, precisou-se a mistificação invertida: “do invasor ao invadido”26, sobre pretexto de que a Rússia, judaico-
bolchevista, invadiria a Alemanha. Quando a derrota dos alemães era evidente, Hitler concluiu que o povo alemão 
não estava à altura, cabendo a vitória ao povo mais forte: o russo. 
6.2. OS HOMENS SUPÉRFLUOS 
Ao analisar os campos de concentração, Hannah Arendt conclui a instrumentalidade que obtivera no regime 
nazista, sob qual funcionava um laboratório, experimentações e também a aniquilação. As pessoas eram despojadas 
de humanidade nos campos. Perdeu-se a individualidade e todas as pessoas eram homens supérfluos condicionados a 
uma identidade coletiva inimiga. O próprio conceito de homicídio perdeu o sentido quando não havia mais oposição 
interna, já não temendo mais uma hostilização sobre a morte. Auschwitz criou um complexo industrial conduzido 
pela SS, uma máquina de extermínio que, de diferentes formas, conduzia os inimigos a morte. O trabalho forçado, em 
alguns casos, garantiu a economia de guerra ativa. 
6.2.1. O envenenamento vai crescendo continuamente...: o antissemitismo criou uma condição que ia além 
da opinião pública, mas que definia todo um estilo de vida. O passado individual dos alemães era vasculhado como 
garantia da ausência de elementos judaicos, ou estrangeiros, policiando as pessoas a adotarem o antissemitismo como 
princípio de formação individual. As propagandas eram encarregadas de formar a opinião pública de modo a 
considerar os judeus como responsáveis pela caótica situação do país e da população. E dos judeus se estendia a 
ciganos, homossexuais, maçons e todas as minorias consideradas hostis pelo Nazismo. 
6.3. A PULSÃO PELA MORTE 
Na Alemanha nazista, a história fora substituída pelo mito. Para Horkheimer, o fascismo é anti-histórico, já 
que ao dizer História, eles na verdade estão dizendo mitologia. O mito se propaga e o heroísmo de guerra é 
encorajado, já que não há “nada mais nobre do que morrer à frente de uma centena de homens”27. Segundo Hitler, 
[...] assim como outros povos não desistem, por si, de expandir o seu poder e são levados a isso por 
circunstâncias exteriores sob pena de diminuírem de importância. Assim também o povo alemão não 
renuncia espontaneamente a sua aspiração, nem se deixa reprimir. Se mais fraco, deverá ser repelido 
por forças maiores, mas só desaparecerá com a extinção da raça28. 
Essa pulsão pela morte desdobra-se até o momento em que ocorre a invasão dos russos ao bunker de Berlim e 
Hitler, juntamente com parte do seu alto escalão dirigente, é forçado a suicidar-se. 
 
 
26 LENHARO, op. cit. p. 74. 
27 Idem, ibidem, p. 86. 
28 HITLER, op. cit. p. 350. 
 
 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ANSART, Pierre. História e Memória dos ressentimentos. In: BRESCIANI, Stella e NAXARA, 
Márcia (orgs). Memória e (RES) Sentimento: Indagações sobre uma questão sensível. Campinas: 
Editora Unicamp, 2001. 
COSTA, Ana Alice. Gênero, poder e empoderamento das mulheres. V. 8, p. 08-14, 2000. 
Disponível em: http://pactoglobalcreapr.files.wordpress.com/2012/02/5-empoderamento-ana-
alice.pdf. Acesso em: 19 de Jul. 2018. 
FEDER, Gottfried. Das Programm der NSDAP und seine weltanschaulichen Grundgedanken. 
1932. Disponível em: http://www.honestly-concerned.org/Temp/NSDAP-Parteiprogramm.pdf. 
Acesso em: 16 de Jul. 2018. 
GHIRELLI, Antonio. Tiranos; de Hitler a Pol Pot: os homens que ensangüentaram o Século 20. 
Difel, 2003. 
HITLER, Adolf; A. H. DE OLIVEIRA MARQUES. Minha luta: Mein kampf. 1983. Disponível 
em: http://sanderlei.com.br/PDF/Adolf-Hitler/Adolf-Hitler-Mein-Kampf-PT.pdf. Acesso em: 18 de 
Jul. 2018. 
JEWISH TELEGRAPHIC AGENCY (Org.) 300 Jews Die Daily in Warsaw Ghetto. Daily News 
Bulletin. New York, NY, 1941. Disponível em: https://www.jta.org/1941/08/17/archive/300-jews-
die-daily-in-warsaw-ghetto. Acesso em: 17 de Jul. 2018. 
LENHARO, Alcir. Nazismo: o triunfo da vontade. Ática, 1986. 
MORENO, Jean Carlos. Revisitando o conceito de identidade nacional. Identidades brasileiras: 
composições e recomposições. São Paulo: Cultura Acadêmica, p. 7-30, 2014. 
PADILHA NETTO, Ney Klier; REZENDE CARDOSO, Marta. Sexualidade e pulsão: Conceitos 
indissociáveis em psicanálise?. Psicologia em Estudo, v. 17, n. 3, 2012. 
REICH, Wilhelm. Psicologia de massas do fascismo. Porto, Publicações Escorpião, 1974. 
VANNINI, Ismael Antônio. Irene perdeu a flor: crimes de sedução e defloramento na (RCI) 
Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul–colônia de imigração de Guaporé–1938–1958. XV 
Encontro regional de História. Curitiba, 2016.

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