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A Importância da Leitura Ativa

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Você sabe ler?
“É uma loucura ter que ler tantos textos... 
Eu não estou entendendo nada!!!  
Leio, leio e não entendo nada!!!”
Maria Regina Bortolini
Essa é uma afirmação muito recorrente em alunos/as que estão se preparando para provas, organizando um seminário ou... Elaborando seu projeto de monografia. Ela se refere a uma dificuldade real que aflige muitos jovens universitários/as: a dificuldade de ler e compreender o que lê. Estudos demonstram que, embora a produção científica no Brasil tenha aumentado nos últimos anos, as dificuldades de leitura têm comprometido a qualidade e a difusão dos artigos publicados. As dificuldades na leitura e escrita de textos acadêmicos têm se colocado como um desafio nos cursos de graduação e pós-graduação. Ela seria mesmo uma das causas do desânimo geral frente ao estudo teórico e da profusão da prática de reprodução de material disponível na Internet. Não é preciso defender a necessidade da leitura na formação de qualquer pessoa em nossos tempos, ainda mais quando nos referimos a um estudante ou pesquisador. A atividade acadêmica exige a aquisição de conhecimentos científicos através de estudo e pesquisa. A leitura é à base de todo estudo e pesquisa. O conhecimento científico é resultado de um processo cumulativo de descobertas e invenções. Não há desenvolvimento, avanço no conhecimento científico sem o acesso e a apropriação do que já foi produzido.
Até hoje um mecanismo importante para a comunicação dos resultados de pesquisas tem sido o texto científico, seja a sua versão impressa ou digital. Segundo Markoni e Lakatos (apud CHATT, 2011) “a leitura favorece a obtenção de informações já existentes, poupando o trabalho de pesquisa de campo ou experimental”. Além disso, ela evita a abordagem ingênua de uma problemática, porque amplia nossa visão a partir de diferenciadas fontes de dados e enriquece a nossa reflexão a partir da apropriação e utilização de novos conceitos e teorias. Dessa forma, ela contribui para qualificarmos nossa produção escrita, pois, permite o progressivo domínio dos conhecimentos e da linguagem dos campos de estudos onde nos inserimos. Esse relativo domínio é condição para a atividade intelectual própria do mundo acadêmico. Um trabalho intelectual sistemático, voltado, em primeiro lugar, para a aquisição de informações, que serão apreendidas na construção de um conhecimento científico. E apropriar-se de uma informação tornando-a conhecimento significa compreendê-la em seu significado; analisá-la em seu conteúdo; procurar meios de verificá-la e convencer-se de sua veracidade; relacioná-la com conhecimentos anteriores, e; inseri-la em sua rede conceitual.[1: FURTADO, L. Leitura: diretrizes metodológicas para o estudo de textos acadêmicos. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/30323/1/LEITURA-DIRETRIZES-METODOLOGICAS-PARA-O-ESTUDO-DE-TEXTOS-ACADEMICOS/pagina1.html#ixzz1O4FUICHM Acesso em: 01/06/2011. ]
É possível perceber que a leitura com o objetivo de estudo exige certas habilidades específicas de modo a superar a leitura passiva e realizar uma leitura ativa do texto. A leitura passiva é aquela onde se decodifica as palavras, sem pensar sobre elas. É uma leitura superficial, fragmentada, descompromissada. Mas, ler de qualquer maneira, ler apenas trechos de um texto ou mesmo ler para memorização não são atitudes adequadas ao leitor que pretende realmente compreender um texto. A leitura adequada de um texto é aquela em que o leitor se esforça ao máximo para captar a mensagem que o autor tenta lhe transmitir para dialogar com ele, reinterpretando a sua contribuição. Na leitura ativa, o leitor está presente. Mobilizado com o que lê, ele faz conjecturas, comparações com outros textos, busca relacionar as informações com a realidade. Desejoso por saber mais, ele busca aprofundar sua compreensão da obra. O desenvolvimento de uma revisão bibliográfica, necessária para qualquer trabalho acadêmico, mas especialmente importante para consolidar a fundamentação teórica de uma monografia, envolve diferentes níveis/etapas de leitura.
LEITURA EXPLORATÓRIA: Após a determinação dos objetivos do estudo/pesquisa, a elaboração de um plano de trabalho e a identificação das fontes, de posse do material bibliográfico (artigos, livros, etc) já envolve uma leitura exploratória. Ela corresponde ao movimento de exploração do material disponível buscando avaliar, ainda preliminarmente, sua pertinência para o estudo/pesquisa. 
LEITURA EXPLORATÓRIA E SELETIVA: Faz parte desse tipo de leitura o exame do índice, da contracapa e orelhas do livro, uma leitura superficial da apresentação e/ou introdução, uma “folheada” nos capítulos e conclusões, de modo a ter uma visão global da obra. A pergunta básica deste nível é: “Sobre o quê trata este texto”? “Embora a leitura exploratória nos dê pistas sobre o conteúdo da obra, somente uma leitura mais cuidadosa permitirá saber se de fato aquele obra se adéqua aos propósitos do estudo/pesquisa desenvolvido”.
LEITURA SELETIVA: A leitura seletiva resulta de uma primeira apropriação do texto em seu conjunto. Ela permitirá algumas primeiras considerações e indagações sobre o conteúdo da obra, e a efetiva seleção do material com o qual se irá trabalhar. A pergunta fundamental deste nível é: “Esse texto pode ser útil ao meu estudo?”. 
Selecionados os textos, a próxima etapa será a leitura completa, a melhor que se pode fazer, de todo o material.  É um nível de leitura voltado para a identificação e compreensão das ideias-chaves, verificação de suas articulações de modo a construir uma síntese. 
leitura analítica: Envolve uma leitura analítica do texto, em busca de conhecimentos relevantes para o estudo. Nela o leitor deve buscar certo distanciamento de modo a “ouvir” o que o autor lhe diz antes de formular julgamentos sobre suas ideias/teorias. Mais adiante vamos dar orientações sobre como proceder nessa etapa para tirar o melhor proveito dela. Mas vale destacar que a pergunta deste nível é: “Que ideias e que argumentos defende esse autor?”. 
Finalmente, a última etapa de leitura se realiza efetivamente após a leitura de muitos textos sobre o tema/problemática de estudo, confrontando-os (colocando-os em relação uns com os outros), buscando verificar suas recorrências e discrepâncias, assim como relacioná-los com as questões que norteiam o estudo. 
A leitura interpretativa: A leitura interpretativa é o nível mais difícil de alcançar, pois exige maior maturidade intelectual. Quanto maior a bagagem de leituras do leitor, mais consistente será sua capacidade de interpretação. Nesta etapa, a pergunta é: “Onde se situa e quais as contribuições dessa obra/desse autor em relação ao campo teórico em geral e ao meu estudo em particular?”. Diante do exposto, você se sente competente para ler um texto científico? Pode parecer que o exercício de uma leitura assim tão metódica está distante de um estudante/pesquisador iniciante. Mas não é verdade. Essa competência pode ser desenvolvida a partir de certa disciplina e atitude intelectual. Algumas orientações práticas podem ser bastante úteis nesse sentido. A seguir vamos indicar alguns procedimentos para o bom aproveitamento da leitura de textos/artigos científicos.
1º passo: Reconhecimento do texto: 
Observar título e autor: O que informa o título? Às vezes o título expressa adequadamente a proposta e os resultados de estudo, às vezes ele é mais sugestivo, tem um caráter mais estilístico. Quem é o autor? É um pesquisador/estudioso conhecido? Está vinculado a uma reconhecida instituição de ensino e/ou de pesquisa?
Identificar o tipo de texto: Que tipo de texto é? O texto técnico e a documentação são boas fontes para levantamento de dados, mas pouco provavelmente terão substancial fundamentação teórica.  Artigos de periódicos geralmente referem-se a pesquisas empíricas e podem ser úteis para comparar metodologias e resultados. Em ensaios e textos teóricos defende-se uma ideia por meio de argumentos, na ampla maioria, dedutivos, o que requer a formulação e articulaçãode conceitos.
Outras informações e referências: Que outras informações tenho deste texto? O ano de publicação pode indicar a atualidade dos dados que ele apresenta, a cidade e editora podem apontar sua vinculação a correntes de pensamento ou o contexto de sua elaboração, se fez parte de apresentação em congresso etc.
Ler o resumo: A partir do resumo, pode-se ter uma ideia do que trata o texto, quais os referentes teóricos usados pelo autor e ainda de resultados, quando referir-se a pesquisa empírica. 
Fazer uma leitura seletiva: Feita essa abordagem preliminar, é preciso fazer uma primeira leitura de todo o texto, para saber de sua pertinência.
2º Passo: Identificar ideias-chaves do texto:
Fazer leitura analítica;
Grifar o que parecer importante;
Distinguir as ideias principais e secundarias e;
Elaborar esquematização.
Ler procurando identificar as ideias defendidas pelo autor e os argumentos que usa em sua defesa. 
Marcar no texto as ideias identificadas. É preciso fazer isso de forma sistemática, ou seja, criar um sistema de marcação. Você pode sublinhar os trechos relevantes, indicar ao lado do trecho selecionado a que conceito ele se refere, pintar com canetas de diferentes cores as diferentes ideias apresentadas pelo autor, entre outras estratégias. Não faça as marcações numa primeira leitura pois você pode, na continuidade da leitura do texto,  reconsiderar a marcação feita. Evitar marcar demais, excluindo ideias repetidas. Marcar também palavras ou expressões não entendidas e buscar em outras fontes elementos que permitam a sua compreensão. 
Decompor o texto, parágrafo a parágrafo, desenvolvendo uma reflexão sobre as ideias, conceitos encontrados de modo a distinguir as ideias principais das secundárias, estabelecendo nexos entre elas. Atenção aos termos: “em síntese”, “concluindo”, “portanto”, “compreende-se assim”, eles ajudam a ver o que é mais importante nas palavras do próprio autor. Você pode usar diferentes formas de marcação para indicar a hierarquia das ideias. Como em uma constelação, a ideia principal está cercada de outros elementos que lhe servem de suporte explicando-a, apresentando provas, ilustrando-a. Sublinhar apenas as ideias principais, conceitos, detalhes importantes usando um traço e dois traços para a palavra-chave; passagens que se apresentam como todo importante, assinalar inteiramente com uma linha vertical à margem, ou dois traços, se for importantíssimo; dúvidas e ideias contraditórias usar interrogação; o que for passível de crítica, reparo ou insustentável também usar a interrogação.
Construir um esquema com as palavras-chave, que permita visualizar o modo como as ideias, conceitos foram articulados pelo autor, de forma a reconstruir o texto. 
Os artigos ou textos científicos, elaborados a partir de uma pesquisa empírica, geralmente apresentam certas características comuns. Eles são organizados a partir de sessões como: introdução, metodologia, resultados e discussão/considerações finais.
Introdução: Na introdução, há uma descrição sucinta sobre o que é conhecido e desconhecido sobre o tema do trabalho. É delimitado o objeto/problematização do estudo e indicados os referentes teóricos utilizados.
Metodologia: Na metodologia, são descritos todos os procedimentos de coleta e análise de dados realizados. Há uma caracterização do universo do estudo, do tipo de pesquisa e instrumentos adotados, critérios de amostragem e toda informação que demonstrem o caminho percorrido para a realização da investigação.
Resultados: Os principais achados da pesquisa são apresentados nos resultados a partir de categorias e ilustrados, muitas vezes, com o uso de tabelas e gráficos. Eles devem responder às questões que nortearam o estudo.
discussão/considerações finais: Finalmente, nas considerações finais faz-se uma reflexão/discussão acerca dos resultados, apontando lacunas, contribuições e desdobramentos do estudo. 
3º passo: Armazenar e organizar os dados
FICHAR O TEXTO: Existem diferentes formas de armazenar os dados, informações e conhecimentos obtidos com as leituras.  Os “fichamentos” são registros escritos, que procuram sintetizar o conteúdo da obra. Existem diferentes tipos de fichamentos, que vamos estudar na próxima aula. Por agora, é importante você saber que para fazer um fichamento, seja qual for o modelo, você vai precisar: 
Anotar a referência bibliográfica (de preferência no padrão ABNT); 
Resumir ideias principais e hierarquizá-las; 
Elaborar uma síntese do texto; 
Transcrever algumas citações literais entre “”, sem esquecer de anotar a página de onde ela foi retirada.
Organizar os fichamentos: Depois de elaborados, os fichamentos devem ser reunidos por área de afinidade (mesmos temas, autores, teorias etc). Assim organizados eles podem ser revistos para que se elabore um plano provisório de redação do trabalho científico. Viu?! Certa orientação na leitura de um texto é o que faz a diferença entre a dificuldade em compreendê-lo ou apropriar-se dele. Somente a sua devida apropriação é que vai permitir a aprendizagem de novos conceitos, a ampliação de nossa interpretação da realidade. Nossas leituras, as ideias que aprendemos, são poderosas lentes que usamos para ver/ler o mundo e poderosas armas para dizermos/escrevermos o que pensamos deste mundo. 
Já dizia Paulo Freire: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não pode prescindir da continuidade da leitura daquele (A palavra que eu digo sai do mundo que estou lendo, mas a palavra que sai do mundo que eu estou lendo vai além dele). (...) Se for capaz de escrever minha palavra estarei, de certa forma transformando o mundo. O ato de ler o mundo implica uma leitura dentro e fora de mim. Implica na relação que eu tenho com esse mundo”. (Paulo Freire – Abertura do Congresso Brasileiro de Leitura –  Campinas, novembro de 1981).
DIFERENTES TIPOS DE FICHAMENTO: Após a leitura cuidadosa da referências que fundamenta o trabalho monográfico, seja no momento de elaboração do projeto ou da monografia, deve-se fazer algum tipo de registro do texto lido. É que todo tipo de registro de nossas impressões sobre uma leitura é de algum modo um exercício intelectual de síntese e interpretação da obra. Esse exercício é muito importante para a apropriação do conteúdo da obra mas também para a realização das análises que a pesquisa vai envolver. Já vimos que não basta uma leitura para a nossa compreensão mais completa e crítica de um texto, e quando estamos fazendo o registro do que lemos estamos “relendo” este texto ao nosso modo, organizando nossas idéias acerca da nossa compreensão do texto, definindo o que consideramos central e periférico na tese apresentada, refletindo sobre a contribuição do texto ao nosso trabalho. 
Uma boa estratégia nesse momento é sublinhar algumas frases e expressões que melhor sintetizam as informações lidas. “O número de frases ou expressões destacadas deve ser reduzido, destacar somente a idéia que mais chamou a atenção evitar sublinhar idéias repetidas, sublinhar textos que representam uma idéia central.” Outra técnica muito útil é indicar ao lado de parágrafos, trechos significativos, os temas a que se referem. Alguns pesquisadores gostam ainda de usar filipetas coloridas (cada cor um tema) coladas as páginas. Todas essas são técnicas para organizar a leitura e facilitar a localização de informações. Faz-se necessário as técnicas para organizar a leitura, pois, a leitura não registrada tende a perder-se no tempo. No desenvolvimento de um projeto de pesquisa frequentemente lemos mais de 10 títulos, geralmente todos em torno de um mesmo tema/assunto. Ao final de tantas leituras as referencias a conceitos, teorias podem se perder, confundimos a que autor se refere essa ou aquela ideia, já não temos certeza acerca de uma ou outra especificidade, enfim... nossa memória não dá conta de guardar tantas informações. 
De outra forma, se temos registradas nossas leituras na forma de resumos, resenhas ou fichamentos, é mais fácilrecordar e organizar as idéias, localizar contribuições e retomar as obras se necessário. Assim que o registro das leituras é importante tarefa para o pesquisador. 
Resumos: O resumo é a apresentação concisa, sintética do conteúdo de um livro, capítulo, artigo, tese. Ele pode ser mais ou menos extensivo e completo em relação à obra de acordo com o objetivo de sua elaboração, envolve leituras e releituras da obra original de modo a permitir uma apropriação progressiva de seu conteúdo, a distinção entre o que é central e periférico, e a seleção daquilo que parece ser mais importante. Apresenta a ideia central, o propósito da obra, os conceitos/questões/partes principais que estruturam o texto, podendo ou não respeitar o ordenamento dado pelo autor. Seu registro pode ser feito na forma de texto simples ou fichamento (como veremos a seguir). 
RESENHAS: Frequentemente nos referimos a resenhas como “resumos críticos”. É que, de fato, a principal distinção entre resumos e resenhas refere-se ao caráter analítico e crítico que as resenhas necessariamente têm e que os resumos geralmente não tem.  Dessa forma, as resenhas mais que uma síntese do conteúdo da obra implicam em uma necessária contextualização do texto no conjunto da obra do autor e do campo a que se refere, assim como na análise do seu valor acadêmico, de sua contribuição para o estudo, gerando algum tipo de posicionamento pessoal diante do trabalho. As Resenhas implicam em domínio mais extensivo do tema e obras do autor, em capacidade para fazer comparações, estabelecer relações, construir proposições, exigem uma maturidade intelectual maior, são próprias de pesquisadores/estudiosos mais experientes. Embora existam diferentes modelos/tipos de resenhas, que implicam em diferentes características, geralmente seu texto tem um caráter mais dissertativo. Veja as concepções de Pedro Demo sobre a Resenha: [2: DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2000.]
Neste livro o autor apresenta os pressupostos, os conceitos e procedimentos de sua proposta de uso da pesquisa como metodologia pedagógica na educação básica e na universidade. Diferentemente de outras obras em que faz análise mais epistemológica, nesta obra Demo procura discutir sua proposta num plano mais didático.  Na primeira parte do livro, Demo discorre sobre os quatro pressupostos da sua proposta, a saber: a pesquisa como a especificidade própria da educação escolar e acadêmica, o reconhecimento de que o questionamento reconstrutivo, com qualidade formal e política é o elemento central do processo de pesquisa, que a pesquisa precisa fazer-se atitude cotidiana de professores e alunos, considerar a educação como processo de formação da competência histórica humana.  Define os modos como essa proposta se aplica a formação básica indicando os elementos e passos para a sua implementação, seja a partir da construção do aluno ou do professor. 
Na segunda parte apresenta os pressupostos de sua proposta para o ensino superior, na formação do cidadão e do profissional competente. Dispõem também as bases gerais para um currículo intensivo, que ressignifique os papeis de professores e alunos, reorganize os currículos e a relação teoria/prática a partir da pesquisa.   Embora não faça citação explícita é fácil perceber certa busca pela articulação entre matrizes distintas como a do discurso da competência, de forte concepção tecnicista e liberal, e aquela que valoriza a dimensão política e um projeto emancipatório para a escola/universidade, como as teorias críticas. Embora se possa considerar controvérsia essa tentativa, a obra coloca-se como importante referência na discussão sobre as relações entre pesquisa e educação.  
FICHAMENTO: Chama-se fichamento porque durante muito tempo o registro das leituras feitas era feito em fichas de papel cartão, que eram arquivadas, em arquivos concretos. Hoje, praticamente não se usa mais esse tipo de recurso. Todo tipo de fichamento é feito em documentos digitais, e seu arquivamento se dá em arquivos virtuais. De qualquer modo podemos dizer que certa formatação e tipos de fichamentos de antes ainda são usuais. Todo fichamento deve conter um cabeçalho que permita facilmente localizar a obra e seu conteúdo. Assim, indica-se que, seja qual for à modalidade de fichamento, que as “fichas” /arquivos de registro contenham: Exemplo:
	Assunto: 
Pesquisa e Educação
	Área de Conhecimento:
Educação
	Autor (a)
DEMO, Pedro
	Temática mais especifica dentro do assunto:
Educar pela pesquisa
	Referencia bibliográfica completa, com a autoria, titulo o local de publicação, a editora e o ano da publicação:
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2000.
	Corpo do texto: o conteúdo do fichamento propriamente dito.
Neste livro o autor apresenta os conceitos e procedimentos de sua proposta de uso da pesquisa como metodologia pedagógica na educação básica e na universidade...
	Indicação sobre a obra: comentários sobre o autor, sobre a posição que o texto/livro ocupa no campo de conhecimento onde se insere ou na obra do autor, para que tipo de estudo ela é indicada, etc...
Essa obra é referência na discussão sobre as relações entre pesquisa e educação
	Localização: onde ela pode ser encontrada.
Biblioteca da Faculdade de Educação da UFRJ 
FICHA BIBLIOFRAFICA: Serve especialmente como instrumento para localizar obras. Ela faz apenas uma apresentação geral da obra. Seu texto é breve e apresenta pontualmente os principais elementos de conteúdo.
	Pesquisa e Educação
	Educação
	DEMO, Pedro
	Educar pela pesquisa
	DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2000.
	O livro se insere no debate sobre as relações entre a pesquisa e a educação. Adota abordagem própria do campo educacional. Apresenta os pressupostos teóricos da proposta de uso da pesquisa como metodologia pedagógica; Discorre sobre os desafios para implementação da proposta na educação básica e no ensino superior. Ideia central da tese: questionamento reconstrutivo; Indica os procedimentos/atitudes necessárias para a implementação da proposta.
	Essa obra é referncia na discussão sobre as relações entre pesquisa e educação
	Biblioteca da Faculdade de Educação da UFRJ 
FICHA DE CITAÇOES: Nos trabalhos acadêmicos em geral é muito comum recorrer-se a citações. As citações podem ser diretas (literais) ou indiretas (parafrasear). Nas citações diretas/ literais faz-se a reprodução fiel de frases ou sentenças do autor, consideradas relevantes para o estudo. Nas citações indiretas /parafrasear toma-se a ideia do autor, mas a partir de um texto próprio. 
CITAÇÕES DIRETAS/LITERAIS: Até três linhas as citações diretas/literais devem vir acompanhadas de aspas. “O que distingue a educação escolar e a acadêmica de outras tantas maneiras de educar, é o fato de estar baseada no processo de pesquisa e formulação própria.”. (DEMO, 2002, P.1). Citações com mais de três linhas devem ser formatadas em destaque, com recuo de 4 cm, letra tamanho 10, espaçamento simples e alinhamento a direita. Mais de três linhas as citações diretas/literais devem vir destacadas com 4 cem de recuo, letra tamanho 10, espaçamento simples. 
O critério diferencial da pesquisa é o questionamento reconstrutivo que engloba teoria e pratica, qualidade formal e politica, inovação e ética (...) não basta à qualidade formal (...) é essencial não perder de vista que conhecimento é apenas meio. A pesquisa inclui sempre a percepção emancipatória do sujeito que busca fazer e fazer-se oportunidade, à medida que começa e se reconstitui pelo questionamento sistemático da realidade. (p7-8)
Citações indiretas/parafrasear: Demo defende que a educação escolar e acadêmica se diferencia de outras formas da educação porque ambas estão baseadas no processo de pesquisa e formulação própria. (2002, p1)
A ficha de citações procura fazer um apanhado do conteúdo da obra a partir de citações diretas/literais. Esse tipo de fichamento é muito útil ao longo da elaboração deum trabalho monográfico, porque permite fazer uso das citações/referências sem ter que a todo momento recorrer ao texto original.
Veja Agora um Exemplo da ficha de Citações: 
	Pesquisa e Educação
	Educação
	DEMO, Pedro
	Educar pela pesquisa
	DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2000.
	“O que distingue a educação escolar e a acadêmica de outras tantas maneiras de educar, é o fato de estar baseada no processo de pesquisa e formulação própria.” (P.1)” Todas as citações devem estar entre aspas, evitando sua futura apropriação indevida. Após a citação deve ser indicado o números da página onde ela se situa, para facilitar sua localização, se necessário. 
“O critério diferencial da pesquisa é o questionamento reconstrutivo que engloba teoria e pratica, qualidade formal e politica, inovação e ética.” (P.1)
“Não basta a qualidade formal (...) Qualquer supressão ou complementação deve ser indicada. Quando suprimida palavra ou pequeno trecho pode-se usar (...) é essencial não perder de vista que conhecimentos é apenas meio.” (P.7)
	“A pesquisa inclui sempre a percepção emancipatória Quando a supressão for de um ou mais parágrafos deve-se indicar com uma linha completa de pontos. do sujeito que busca fazer e fazer-se oportunidade, à medida que começa e se reconstitui pelo questionamento sistemático da realidade [questionamento reconstrutivo As palavras usadas para completar o trecho citado devem vir entre colchetes [xxx] Vide exemplo].” (p.8)
	Biblioteca da Faculdade de Educação da UFRJ 
Veja Agora um Exemplo de ficha de citações:
	Pesquisa e Educação
	Educação
	DEMO, Pedro
	Educar pela pesquisa
	DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2000.
	“A característica emancipatória da educação, portanto, exige a pesquisa como seu método formativo, pela razão que somente um ambiente de sujeitos gesta sujeitos”; DEMO (2000 p.8). 
O Autor ressalta a importância da pesquisa como formadora da consciência critica dos sujeitos, apontando a necessidade destas duas instâncias – educação e pesquisa – caminharem lado a lado. O texto é elaborado pelo pesquisador/leitor a partir da sua interpretação.
	Essa obra é referência na discussão sobre as relações entre pesquisa e educação.
	Biblioteca da Faculdade de Educação da UFRJ 
FICHA DE RESUMO: Diferentemente da ficha de citações, é uma ficha que procura apresentar efetivamente o conteúdo da obra. Não há praticamente distinção entre fichas resumo e resumos, propriamente ditos. Assim, como de praxe, o resumo pode restringir-se aos aspectos mais gerais ou discorrer sobre todo o conteúdo da obra. Não precisa obedecer a estrutura da obra, mas deve contemplar as principais ideias do autor. No entanto, também de modo diferente ao da ficha de citações, neste fichamento o texto é elaborado pelo pesquisador/leitor a partir da sua interpretação da obra. Deve ser um texto sintético e claro, por isso ele muitas vezes vai envolver certa seleção do conteúdo podendo ou não, segundo o caso substituir a (re)leitura do texto original. Sempre que ele for mais geral, vai assumir um caráter mais indicativo, exigindo a recorrência à obra original. Sempre que for mais extensivo ganhará mais autonomia em relação à obra original.  É o modelo mais usual. Exemplo:
	Pesquisa e Educação
	Educação
	DEMO, Pedro
	Educar pela pesquisa
	DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2000.
	                Apresentação dos conceitos e procedimentos de sua proposta de uso da pesquisa como metodologia pedagógica na educação básica e na universidade. 
                A primeira parte discorre sobre os quatro pressupostos da proposta, a saber: a pesquisa como a especificidade própria da educação escolar e acadêmica, o reconhecimento de que o questionamento reconstrutivo, com qualidade formal e política é o elemento central do processo de pesquisa, que a pesquisa precisa fazer-se atitude cotidiana de professores e alunos, considerar a educação como processo de formação da competência histórica humana.  ...
O texto é elaborado pelo pesquisador/leitor a partir da sua interpretação.
	Essa obra é referência na discussão sobre as relações entre pesquisa e educação.
	Biblioteca da Faculdade de Educação da UFRJ 
FICHA DE ESBOÇO: Assemelha-se a ficha resumo, mas procura ser mais detalhada e, portanto, é mais extensa, tomando praticamente cada página da obra original. Por isso, nela são feitas indicações das páginas onde se podem encontrar os temas relatados. É o modelo ideal para quem está iniciando os estudos e fazendo a revisão de bibliografia acerca de tema específico, pois além de revisar todo o conteúdo da obra, dispõe das páginas de referência. Além disso, sua elaboração um pouco mais extensiva normalmente permite a apropriação do texto da ficha na construção do texto monográfico. EXEMPLO
	Pesquisa e Educação
	Educação
	DEMO, Pedro
	Educar pela pesquisa
	DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2000.
	1/6/7
6/8/9/11
Mais detalhada
	Neste livro o autor apresenta os conceitos e procedimentos de sua proposta de uso da pesquisa como metodologia pedagógica na educação básica e na universidade. 
Na primeira parte Demo discorre sobre os quatro pressupostos da sua proposta. Ele explica a proximidade entre pesquisa e educação defendendo que a pesquisa como a especificidade própria da educação escolar e acadêmica, posto que a superação da educação bancária só se realiza através da Assumpção de educar pela pesquisa.
Reclama o reconhecimento de que o questionamento reconstrutivo, com qualidade formal e política é o elemento central do processo de pesquisa, instrumento para a superação do modelo educacional da cópia.
...
Indicações das paginas.
	Essa obra é referencia na discussão sobre as relações entre pesquisa e educação.
	Biblioteca da Faculdade de Educação da UFRJ
FICHA ANALITICA: A ficha analítica aproxima-se das resenhas. É uma ficha voltada para pesquisadores mais experientes, que já tem relativo domínio de um campo de estudo. Ela exige capacidade de crítica da obra tendo em vista o conjunto dos trabalhos do autor ou do campo específico de saber. Nela será feita uma análise da obra, apresentados comentários sobre como o autor desenvolve seu trabalho, comparação com outras obras, indicação de lacunas, etc. Veja o Exemplo da Ficha de Analítica.
	Pesquisa e Educação
	Educação
	DEMO, Pedro
	Educar pela pesquisa
	DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2000.
	Neste livro o autor apresenta os pressupostos, os conceitos e procedimentos de sua proposta de uso da pesquisa como metodologia pedagógica na educação básica e na universidade.  Diferentemente de outras obras (Apresentados comentários sobre como o autor desenvolve seu trabalho) em que faz análise mais epistemológica, nesta obra Demo (Comparação com outras obras) procura discutir sua proposta num plano mais didático.  Não explicita os autores (Indicação de lacunas) que usa como referencia a sua construção.
	Essa obra é referencia na discussão sobre as relações entre pesquisa e educação.
	Biblioteca da Faculdade de Educação da UFRJ 
ARQUIVAMENTO: Bem... sejam quais forem os modelos de resumos, resenhas ou fichamentos adotados, eles devem ser arquivados de modo organizado para que seja possível sua fácil localização quando necessário. Assim, seja na forma de documentos materiais ou virtuais o pesquisador deve criar um sistema de arquivamento que deve ser sempre obedecido. Se o arquivamento for material, o pesquisador deve dispor de gaveta, pasta, caixa, recipiente próprio para o acondicionamento dos documentos e organizá-los em ordem alfabética segundo algum critério objetivo: títulos das obras, áreas de interesse, autores, etc. Ou uso de adesivos coloridos pode facilitar a separação dos agrupamentos de documentos. Se for fazer arquivamento virtual, como praticamente todos os sistemas operacionais trabalham com pastas dearquivamento de documentos, o pesquisador pode criar pastas segundo o critério escolhido e alocar-las no desktop em pasta própria com o título FICHAMENTOS ou RESUMOS ou RESENHAS.

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