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Controle de vocabulário Recuperação da informação Arquivologia Aguiar
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Manuela Eugênio Maia
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geográfica e conteúdo (assuntos) caso o documento apresente esses aspectos, vale ressaltar que o componente temático de um documento arquivístico é circunstancial, ou seja, o conteúdo de um documento arquivístico pode não refletir uma temática. Ele reflete as atividades, funções e contexto da sua fonte produtora. 199 É importante ressaltar que a utilização dos instrumentos de pesquisa e os planos de classificação são comumente utilizados nos arquivos permanentes, e que o conteúdo temático só tem sentido também no arquivo permanente. Na fase do arquivo corrente a informação arquivística possui um valor primário e tem a função de responder aos objetivos para o qual foram criados, ou seja, o documento reflete o valor administrativo, legal, financeiro, fiscal, etc. e não temático. O que caracteriza seu conteúdo são os indícios e os aspectos que o referenciam, esclarecem e justificam a sua constituição e origem, a sua função e uso. Já os documentos armazenados nos arquivos permanentes refletem o valor secundário da informação arquivística, atributo de testemunho. Nessa fase podem ser identificados pontos de acesso temáticos/assuntos em potencial que poderão ser ativados com a finalidade de (re)significar o documento arquivístico para fins de pesquisa, histórica, científica, social, cultural e organizacional. Por isso, é legítimo apontar o uso do vocabulário controlado como instrumento para servir de mapa terminológico e de relações entre os termos adotados para fins de recuperação da informação temática a partir dos pontos de acesso, denominado descritores Monção (2006) em sua dissertação buscou compreender como se dá a viabilidade da noção do 'Assunto' na Arquivística, compreendida como um método organizativo a ser considerada nos processos de organização e recuperação de informações arquivísticas, se a área tem como base organizativa o princípio da proveniência, orgânico-funcional/estrutural. A autora considera que o método organizativo baseado unicamente no princípio orgânico-institucional [...] deixa de lado de atender demandas informacionais de diferentes perfis de interessados: o pesquisador em geral, o historiador e o cidadão. [...]. Com efeito o método se exime de assumir compromisso social. Sob uma perspectiva sociocultural e histórica, o método priva a sociedade de usufruir do 200 conhecimento do teor de seus conteúdos [...] (MONÇÃO, 2006, p. 68). Considerando que a noção de Assunto encontra-se em fase de aceitação e institucionalização cognitiva na comunidade científica da Arquivística em nível nacional e internacional. Monção (2006) pressupõe como hipóteses que a noção de Assunto está inserida na literatura e está em uso e também presente nas atividades de organização de acervos arquivísticos. Em suas considerações finais a autora afirma que o assunto permeia as atividades organizativas da Arquivística. Monção (2006) aponta a multidimensionalidade da noção de Assunto na área, ora entendida como “valor acessório, ora como complementador, ora ela é relacionada ao conteúdo do documento ora ao seu contexto, [...]” (MONÇÃO, 2006, p. 70). A área ao ignorar a noção de assunto como elemento informativo potencial, acaba por contribuir para a redução nos processos de transferência e uso da informação, por não ampliar as possibilidades de busca e recuperação, e não provocar nem garantir o uso social dos conteúdos arquivísticos em sua totalidade. Em função desta concepção podemos afirmar que tanto os tradicionais instrumentos de pesquisa e os planos ou quadros de classificação não contemplam as demandas sócio-culturais de diversos públicos potenciais, ou seja, não consideram a multiplicidade de linguagens e vocabulários envolvidos nos processos de produção, organização, representação e recuperação. Sua construção e uso orientam-se mais para assegurar o preservacionismo documentário do que para ampliar e provocar a usabilidade informacional. Recomenda-se apenas que exista um instrumento principal que descreva a ordem estrutural do acervo, para registrar e explicar o sistema que lhe deu origem, ou seja, que esclareça o respeito à proveniência. Outra recomendação importante é que os instrumentos de pesquisa sejam concebidos como um 201 sistema, com referências cruzadas e pontos de acesso estabelecidos (HAGEN, 1998, p.3). Na perspectiva da recuperação da informação arquivística, as recomendações mencionadas por Hagen (1998) leva-nos a apontar o vocabulário controlado como uma solução viável para “nomear as atividades/funções” (SMIT, KOBASHI, 2003, p. 20). “Utilizando-se de um sistema de referência comum e compartilhado (vocabulário controlado), tanto para organizar quanto para recuperar documentos estocados no arquivo” (idem, p.17). Por possibilitarem uma visão integrada e ampla das características orgânico-funcionais e estruturais da informação arquivística nos processos de busca e recuperação da informação arquivística. E ainda possibilitar o estabelecimento de procedimentos de controle de vocabulário para minimizar as variáveis lingüísticas e terminológicas. Isso porque “todas as variáveis evocam questões de linguagem e sua adequação a culturas locais, ou seja, a composição sociocultural e socioprofissional dos usuários do sistema”. (SMIT, KOBASHI, 2003, p. 21) 202 5 O CONTROLE DE VOCABULÁRIO COMO DISPOSITIVO METODOLÓGICO PARA A ORGANIZAÇÃO, REPRESENTAÇÃO E RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA 5.1 Controle de vocabulário: a contribuição da Terminologia Ao considerar que as práticas documentárias no contexto arquivístico se desenvolvem no universo da linguagem – a questão da linguagem percorre todo o ciclo documentário (produção, registro, organização, disseminação, recuperação e assimilação). Decorre, daí a importância do controle de vocabulário como um recurso normativo para nomear as atividades e os procedimentos funcionais, os tipos documentais e os órgãos que compõem a estrutura organizacional de uma instituição, com a função de assegurar o compartilhamento e uso da informação orgânico-funcional mediada por uma linguagem consistente comum a todos. Do ponto de vista do ciclo documentário arquivístico, pode-se dizer que a utilização de uma linguagem normalizada de acordo com o contexto e a cultura organizacional de uma instituição é um dos fatores determinantes para garantir a dinâmica e a totalidade do ciclo documentário (produção, organização, disseminação). A complexidade da estrutura orgânico-funcional (departamentos e setores) de uma instituição, aliada as características e especificidades funcionais de cada um desses órgãos produtores de informação, acaba por vez, refletindo em linguagens específicas e dificultando o compartilhamento da informação orgânico-funcional mediada por uma linguagem institucional comum a todos, mesmo considerando que a informação orgânica não é pensada nem produzida isoladamente. Assim, nomeiam-se procedimentos e atividades funcionais e tipos documentais utilizando-se da linguagem natural que acabam ocasionando dispersão terminológica e dificultando o compartilhamento da informação orgânico-funcional. Para agravar ainda mais a questão da linguagem, tem-se a 203 influência e às vezes a imposição das linguagens especializadas das áreas jurídica, fiscal-financeira e administrativa, técnicas dentre outras. Mesmo considerando que as práticas informacionais perpassam pela linguagem, a questão é pouco percebida pelas instituições, os ruídos e as inconsistências ocorridas nos processos de compartilhamento e transferência