Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

QUESTÃO SOCIAL NA 
CONTEMPORANEIDADE
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
Professora Esp. Daniela Sikorski
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; SIKORSKI, Daniela; CUNHA, Maria Cristina Araújo de 
Brito. 
 
 Questão Social na Contemporaneidade. Daniela Sikorski; 
Maria Cristina Araújo de Brito Cunha. 
 Reimpressão - 2018.
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. 
 169 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Questão. 2. Social. 3. Contemporaneidade. 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0320-8
CDD - 22 ed. 300
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdo
Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais
Daniel F. Hey
Coordenador de Conteúdo
Maria Cristina de Brito Cunha
Design Educacional
Ana Claudia Salvadego
Iconografia
Amanda Peçanha dos Santos
Ana Carolina Martins Prado
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Melina Belusse Ramos
Qualidade Textual
Hellyery Agda, Daniela Ferreira dos Santos, Yara 
Martins Dias, Hellyery Agda g. Silva
Ilustração
Melina Belusse Ramos
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
A
U
TO
R
A
S
Professora Esp. Daniela Sikorski 
Especialista em Política Social e Gestão de Serviços Sociais pela Universidade 
Estadual de Londrina (UEL) e graduação em Serviço Social pela Universidade 
Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Discente dos cursos de Gestão Educacional 
(pós-graduação) e Processos Gerenciais (graduação) na Unicesumar. Tem 
experiência profissional na área de Serviço Social na Educação, Terceiro 
Setor, Responsabilidade Social e Gestão na Área da Saúde.
http://lattes.cnpq.br/7555727127923107
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
Mestre em Gerontologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo (PUC/SP). Especialista em Administração de Recursos Humanos pela 
Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Graduada em Serviço Social pela 
Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Coordenadora do Curso de 
Serviço Social no Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Unicesumar.
http://lattes.cnpq.br/5055081415728722
SEJA BEM-VINDO(A)!
Seja bem-vindo(a), caro(a) aluno(a)! 
Esta etapa que iniciamos agora é muito importante, pois trataremos da Questão Social 
e o Serviço Social. O objetivo é refletirmos acerca do surgimento da questão social e 
as suas manifestações no meio urbano e rural, bem como a sua relação com o serviço 
social.
Nos países capitalistas, e isto não exclui o Brasil, podemos perceber a questão social 
como elemento fundante do serviço social, enquanto especialização ao trabalho hu-
mano.
Para a superação das problemáticas postas a partir das questões sociais é necessário 
muita criatividade, competência, leitura crítica e, sobretudo, a soma de esforços na mes-
ma direção por parte de todos os envolvidos: governo, organizações e diversos profis-
sionais que atuam no mercado de trabalho. 
Todos necessitam da nítida compreensão de que a sociedade é dinâmica, a clareza de 
que o processo histórico nos diz muito sobre a sociedade que temos hoje, tanto nos fala 
dos avanços como nos sinalizam muito bem quanto às origens das problemáticas que 
enfrentamos, seja econômica como social. 
Os profissionais envolvidos diretamente com o trabalho com as demandas sociais que 
são geradas pelas expressões da questão social em nossa sociedade precisam ter claro 
que mesmo a questão social sendo a mesma ao longo dos tempos, ela assume caracte-
rísticas diferentes em cada realidade, manifesta-se de formas diferentes de acordo com 
as relaçõessócio-econômicas estabelecidas e a cada dia novos conflitos surgem acres-
centando novos elementos as questões sociais.
Estaremos juntos nas próximas páginas e buscaremos refletir acerca das questões so-
ciais e suas expressões. Esses foram apenas questionamentos iniciais. Sendo assim, bom 
trabalho, boa leitura, e aproveite este momento, pois as discussões propostas neste ma-
terial darão o norte do agir profissional, bem como uma melhor compreensão de como 
surgiu a profissional e como hoje ela é gestada no contexto social.
Bons estudos!
Profª Daniela Sikorski.
Profª Maria Cristina A. B. Cunha.
APRESENTAÇÃO
QUESTÃO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
15 Introdução
16 Adquirindo Novos Conhecimentos e Recapitulando Alguns 
Acontecimentos Acerca da Questão Social no Mundo
17 Questão Social e a História 
22 Revolução Industrial 
25 Lei dos Pobres 
31 Nova Lei dos Pobres (Inglaterra - 1834) 
32 As Workhouses 
38 Considerações Finais 
44 Referências 
45 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE II
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
48 Introdução 
49 A Questão Social na Sociedade Capitalista 
54 A Questão Social no Processo de Industrialização do Brasil 
60 A Questão Social no Brasil nas Décadas de 20 e 30 (Século XX) 
72 Considerações Finais 
79 Referências 
81 Gabarito 
UNIDADE III
CONCEITUANDO A QUESTÃO SOCIAL
85 Introdução
86 Reflexões Recentes 
93 Questão Social e Nova Questão Social - Reflexões e Conceitos 
102 Refletindo Sobre o Objeto de Serviço Social 
105 Considerações Finais 
113 Referências 
115 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE IV
MANIFESTAÇÕES DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA SOB O OLHAR 
DO SERVIÇO SOCIAL
119 Introdução
120 Questão Social – Serviço Social e Sua Intervenção 
130 O Cenário Atual e suas Incidências na Questão Social 
132 Considerações Finais 
139 Referências 
140 Gabarito 
UNIDADE V
BUSCANDO RESPOSTAS ÀS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO 
BRASIL
143 Introdução
144 Questão Social e Serviço Social 
153 A Família Atingida pelas Questões Sociais – Breve Explanação 
160 Considerações Finais 
167 Referências 
168 Gabarito 
169 Conclusão
U
N
ID
A
D
E I
Professora Esp. Daniela Sikorski
QUESTÃO SOCIAL NO 
MUNDO 
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Atualizar os conhecimentos acerca de alguns acontecimentos 
históricos mundiais que contribuirão para o entendimento da 
questão social hoje e o serviço social.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Adquirindo novos conhecimentos e recapitulando alguns 
acontecimentos acerca da questão social no mundo.
 ■ Questão Social e a história
 ■ Revolução Industrial
 ■ Lei dos Pobres
 ■ Nova Lei dos Pobres (Inglaterra – 1834)
 ■ Workhouses
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), atualmente, falamos muito em globalização e sistema capita-
lista, neoliberalismo, porém se observarmos o constante crescimento da economia 
veremos que este avanço não contribuiu para amenizar ou eliminar as desigual-
dades e disparidades sociais presente na sociedade. Vemos a crescente pobreza, 
ocasionada por falta de emprego, o que acaba desencadeando problemas habi-
tacionais, de saúde, assistência social, violência, entre outros.
O avanço econômico não gerou avanço e desenvolvimento social, e em alguns 
momentos até o agravou, deixando muitos indivíduos à mercê da própria sorte. 
Desta maneira, iniciamos nossa disciplina com reflexões acerca dos acontecimen-
tos mundiais relacionados ao trabalho, principalmente, a transição do sistema 
feudal para o capitalista, no qual veremos um pouco mais sobre a Revolução 
Industrial, a criação das Workhouses e a Lei dos Pobres de 1601 e 1834. 
Alguns pontos devem ser bem observados nesta unidade: a máxima do capi-
tal: aumentar o lucro, reduzindo as despesas, isso provocou no homem a ideia de 
que para conseguir o que se queria (lucro) podia-se tudo, inclusive, passar por 
cima dos valores humanos. A distribuição de renda se torna concentrada nas 
mãos de poucos, proporcionando um desequilíbrio econômico e, por consequ-
ência, social, pois o indivíduo trabalhador mesmo cumprindo com suas funções, 
não possuía condições de no final do mês prover o necessário. E ainda com a ilu-
são de que vida próspera para todos estava na cidade, muitas famílias começam a 
abandonar o campo, depositando suas esperanças nos centros urbanos, aconte-
cendo assim um aumento significativo na demanda de mão de obra, o aumento 
da população urbana, e o retrato do despreparo das cidades no recebimento des-
tas famílias. Assim, agrava-se a questão social tanto na cidade quanto no campo.
Vamos aproveitar para somarmos conhecimento, muitos deles já se encon-
tram na sua memória, basta fazer um pouco de esforço e retomar estes fatos. 
Sendo assim, vamos ativar a memória e mãos à obra!
Introdução
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
15
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E16
ADQUIRINDO NOVOS CONHECIMENTOS E 
RECAPITULANDO ALGUNS ACONTECIMENTOS 
ACERCA DA QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
Neste início de leitura, creio que seja pertinente um primeiro exercício de refle-
xão, que consiste em refletir acerca da seguinte citação: “Aqueles que esquecem 
o passado estão condenados e repeti-lo” (SANTAYANA, 1905 apud SCHIMDT, 
1986, p.98).
O questionamento é: o que realmente quer dizer e o que significa para esta 
nossa discussão e, especificamente, para este capítulo a colocação deste autor? 
Aproveite este momento, pois nenhuma citação aparece em um texto por acaso ou 
mero enfeite, cada citação possui um significado e merece atenção, pois nos auxilia 
no entendimento do assunto, ela nos abre as portas da reflexão e do conhecimento.
©
Ily
a 
Bo
yk
o
Questão Social e a História
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
17
Após este exercício, partiremos em um passeio histórico, retomando con-
teúdos já vistos em outras oportunidades, no próprio curso de Serviço Social e 
até mesmo em nossa vida escolar do ensino médio ou cursinho pré-vestibular, 
o que muda agora é como nós estaremos analisando os acontecimentos históri-
cos e o processo de surgimento das questões sociais no mundo (primeiramente). 
Estaremos mais que envolvidos com a questão histórica, aliás, ela (a histó-
ria) é mais que necessária para que possamos compreender como e por que temos 
e vivenciamos o mundo como ele é hoje.
 Não podemos apenas passar uma “borracha” em tudo o que já foi constru-
ído ou simplesmente achar que os acontecimentos passados não influenciam 
nas nossas vidas. Não podemos desconsiderar as tentativas de melhorar as con-
dições de vida realizadas por nossos antepassados, os erros e acertos e a busca 
constante por um mundo melhor e que atendesse as suas necessidades.
Desta maneira, aproximaremo-nos um pouco mais da história, no que se 
refere ao surgimento da questão social, as instituições de apoio ao necessitado 
na Inglaterra (as Workhouses); estaremos ampliando nosso conhecimento acerca 
da chamada Lei dos Pobres (Poor Law) e ainda retomar alguns pontos no que se 
refere a Revolução Industrial.
Vamos, então, ampliar nosso conhecimento? Aproveitem a leitura!
QUESTÃO SOCIAL E A HISTÓRIA
Quando falamos em questão social não estamos abordando nenhum tema recente 
ou algo novo.O surgimento da questão social está inserido em um contexto 
histórico, ligado a uma gama de relações – mais especificamente trabalhistas. 
Relações contraditórias, desiguais e que geraram mudanças na realidade social da 
época onde estava inserida. 
Assim, você pode compreender que a questão social deve ser apreendida 
a partir de como as relações se configuram e se apresentam na sociedade e 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
como acontece, o enfren-
tamento da questão 
social (quais mediações 
são buscadas) tanto no 
âmbito social quanto no 
âmbito político. 
Tenha claro que 
neste momento, estare-
mos falando sobre uma 
realidade que não é a 
brasileira e sim inglesa, 
contudo, esta realidade 
nos serve de ponto de partida, pois muito dos seus feitos refletiram em todo 
mundo e são percebidos até os dias atuais.
Em seguida, vamos ler um pouco mais sobre a Lei dos Pobres (Poor Law) 
(1601 e 1834), uma vez que ela simbolizou um marco no enfrentamento das 
questões sociais da Inglaterra e contribuiu para reflexão histórica da profissão.
É importante termos sempre em mente que a leitura não só amplia nosso 
conhecimento como também contribui para nossa visão de homem e de mundo, 
sem contar que quem lê, escreve e reflete muito melhor, sem contar no aperfei-
çoamento do vocabulário e melhora nos níveis de discussão.
Gosto sempre de começar o estudo sobre a questão social a partir da cita-
ção, a seguir, ela apresenta brevemente como a sociedade entendia o mundo e 
suas realações, leia atentamente e, em seguida, prosseguiremos:
Desde o final do século XIX, o mundo imaginava que o ano 2000 seria 
o coroamento do processo civilizatório. Daí a grande questão social do 
século XXI: impedir que a desigualdade, já transformada em diferen-
ça nos dias atuais, chegue a se transformar em uma dessemelhança. O 
século XVIII descobriu a igualdade dos direitos dos homens. O século 
XIX iniciou a marcha para a sua construção. O século XX descobriu e 
iniciou a marcha para a construção do direito à igualdade, até mesmo 
no consumo supérfluo. A revolução iluminista do século XVIII trouxe 
o sonho. A revolução industrial do século XIX trouxe a possibilidade 
da igualdade nos direitos. Com a revolução consumista, o século XX 
trouxe a possibilidade de redefinição do propósito igualitário rumo ao 
Questão Social e a História
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
19
direito à igualdade, no lugar de apenas a igualdade ao direito. A huma-
nidade, que buscava a igualdade dos direitos, passou a buscar a igual-
dade do consumo, no mundo capitalista ou socialista. Antes, o mundo 
se dividia em países, agora o mundo se divide em grupos sociais, os 
incluídos e os excluídos (BUARQUE, 2004, p. 01-08).
Neste momento, vamos observar o contexto histórico do surgimento da ques-
tão social no mundo, observando que este não é um fenômeno exclusivamente 
brasileiro, ele se apresenta em todo o mundo, e em cada lugar assume carac-
terísticas diferenciadas conforme a realidade de cada lugar, de cada cultura. 
Destarte algumas colocações se fazem relevantes em relação aos direitos 
sociais no mundo do trabalho, uma vez que toda questão social surge de uma 
necessidade que foi ferida, ou melhor, que não está sendo sanada, isto necessa-
riamente, implica na “violação de algum direito social”, contudo, fique atento: 
pois os direitos sociais nem sempre foram assim entendidos, aliás, de todos os 
direitos, os sociais foram os últimos a serem reconhecidos.
Direitos Civis: Este elemento é composto dos direitos necessários à liberda-
de individual, como liberdade de ir e vir, liberdade de imprensa, de pensa-
mento e religiosa, o direito à propriedade, o de estabelecer contratos e o 
direito à justiça. As instituições mais intimamente ligadas aos direitos civis 
são os Tribunais de Justiça.
Direitos Políticos: Este elemento diz respeito à participação no exercício do 
poder – o direito de votar e de ser votado. São instituições correspondentes 
aos direitos políticos do Parlamento e as instituições de governo.
Direitos Sociais: O elemento social da cidadania se refere a tudo o que vai 
desde um mínimo de bem-estar econômico e segurança até o direito de 
levar a vida de acordo com os padrões que prevalecem na sociedade. As 
instituições mais ligadas a este elemento social são o sistema educacional e 
os serviços sociais.
Fonte: Adaptado de Dias (2005, p.124).
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
Logo, começare-
mos pela IDADE 
MÉDIA. No final 
da Idade Média, o 
trabalho consistia 
em uma estrutura 
familiar, esta estru-
tura que prevalecia 
na sociedade, em 
que o espaço tempo-
ral de trabalho era o 
dia, ou seja, o traba-
lhador iniciava suas 
atividades laborativas com o nascer do sol e parava seus trabalhos somente ao 
anoitecer. Consideravam-se muito as forças místicas da natureza, eram muito 
comum os trabalhadores se orientarem e regularem suas vidas a partir da natu-
reza. O espaço físico do trabalho era o lar, a residência e os arredores da casa 
familiar (os agricultores, os sapateiros e os alfaiates). 
É importante ressaltar como o trabalho feminino e o trabalho infan-
til estão presentes nessa sociedade. As necessidades de sobrevivência 
e as obrigações servis contribuem para isso. As crianças, desde que já 
possam exercer alguma atividade laborativa, ingressam no mundo do 
trabalho para auxiliar na economia familiar. Nessa lógica, quanto mais 
filhos, maior poderia ser o aproveitamento produtivo. Pelo menos era 
assim que se apresenta aquela sociedade e, de maneira não muito dis-
tante, podemos observar a mesma lógica sendo empregada nas comu-
nidades rurais mais atrasadas atualmente (SAUCEDO; NICOLAZZI Jr. 
In: GEDIEL, 2001, p. 84). 
Com o passar dos tempos, o comércio e o constante crescimento urbano vão 
ganhando destaque no final da Idade Média, no qual gradativamente as cidades 
vão se tornando espaço de trabalho, pois é neste espaço que ocorrem as trocas 
(produtos agrícolas, artesanato etc.) e todo tipo de negócio. Estas transações ocor-
riam tanto durante o dia como a noite, em casa ou nas fábricas, rompendo neste 
final da Idade Média toda estrutura feudal vigente, pois surge o sistema capitalista.
©
sh
ut
te
rs
to
ck
Questão Social e a História
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
21
A evidência mais marcante, 
com o advento do sistema capi-
talista é a transformação das 
relações sociais, antes se tinha 
a relação senhor X servo, e com 
o novo sistema temos, o burguês 
X proletário. Outra característica 
é o início da produção em larga 
escala, lembrando que antes as 
produções eram baseadas na 
estrutura familiar sem muitos 
recursos. Priorizava-se o uso e, 
agora, a troca, aparecendo o que 
Marx chamava de mais valia. 
Relações estabelecidas ao longo dos tempos. Perceba que sempre se apre-
sentou uma constante oposição que podemos resumir entre “opressores e 
oprimidos”.
Homem livre X Escravo
Patrício X Plebeu
Barão/Senhor X Servo 
Burguesia (patrão) X Proletariado (empregado)
Fonte: Marx e Engels (1848, on-line)1.
©User
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E22
Outro aspecto que permanece com o sistema capitalista é que assim como na 
estrutura feudal, todosos membros da família eram trabalhadores, sujeitos aos 
mesmos trabalhos, sem distinção. O que diferenciava era que a grande busca por 
mulheres e crianças se dava por conta do baixo custo da mão de obra (mulheres 
recebiam salários bem menores que os homens), representando uma maneira de 
baratear os custos de produção e outro motivo era que estes dois grupos (mulhe-
res e crianças) eram “facilmente” disciplinados e fáceis de dominar.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial começou na Inglaterra (XVIII), alterando as relações e 
condições de trabalho, “inchando” as cidades com a vinda das famílias do campo 
em busca de condições melhores de vida.
Aumentar lucros e diminuir despesas, este era (é) o princípio do sistema 
capitalista, portanto, os proprietários buscam novas tecnologias para suas fábri-
cas, exploram seus operários com carga horária de trabalho exorbitante, salários 
irrisórios e locais insalubres, tudo isto para justificar o aumento da produção de 
mercadorias e o aumento do lucro para os proprietários.
A questão social, originalmente expressa no empobrecimento do trabalha-
dor, tem suas bases reais na economia capitalista. Politicamente, passa a ser 
reconhecida como problema na medida em que os trabalhadores empo-
brecidos, de forma organizada, oferecem resistência às más condições de 
existência decorrentes de sua condição de trabalhadores para o capital.
Fonte: Santos e Costa (2006, p. 12, on-line)2.
Revolução Industrial
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
23
A partir deste cenário, 
originário da Revolução 
Industrial, vemos o 
aumento descontrolado da 
população das cidades. Os 
camponeses deslumbrados 
com a ideia de uma vida 
mais fácil e melhores salá-
rios na cidade, sem pensar 
muito abandonavam suas 
vidas no campo, contudo, 
ao chegarem à cidade o que 
encontravam era um cenário caótico e desesperador. 
Contribuindo para o crescimento dos problemas sócio-econômicos, pois não 
havia emprego para toda a demanda que chegava na cidade, começa a aparecer 
em larga escala o problema do desemprego, fome, moradia (cortiços), prosti-
tuição, alcoolismo, sem contar na ausência de leis trabalhistas que em muito 
facilitavam a exploração daqueles que ainda possuíam emprego. 
Neste contexto histórico, temos ainda a chamada Segunda Fase da Revolução 
Industrial (1871-1914) que é compreendida pela:
 ■ Introdução de outras inovações tecnológicas.
 ■ Fonte de energia: não só o vapor, mas também a eletricidade e o petróleo.
 ■ Criação de novas máquinas e ferramentas, com outra estrutura de traba-
lho que agora é colocada em prática: Avançada fragmentação de tarefas.
 ■ Ações eram repetidas infinitamente até alcançar maior produtividade. 
 ■ Para obter a colaboração dos funcionários foram estabelecidos remune-
ração e prêmios extras. 
Assim, o trabalhador tornou-se uma extensão da máquina, e ainda hoje, vemos 
nitidamente os reflexos deste modelo de trabalho, um exemplo clássico deste for-
mato é o apresentado no filme “Tempos Modernos” de Charlie Chaplin.
©shutterstock
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E24
Na leitura complementar desta unidade, vamos relembrar alguns pontos 
acerca da Revolução Industrial, procure olhar além do fato apresentado, procure 
vivenciar a época, sentir o momento e tentar compreender a situação sentida por 
milhões de pessoas nesta fase da história, e assim entender um pouco mais sobre 
a concepção da questão social. Seu surgimento, organização e fatores que contri-
buíram para seu agravamento na realidade apresentada. Faça uma boa leitura!
Entre os anos de 1855 e 1866, houve um aumento bem significativo de 
“indigentes” na Inglaterra, esses não tinham alternativa que não fosse recorrer 
a caridade pública e acabavam se submetendo aos serviços das workhouses, as 
quais veremos mais adiante. 
Cabe ressaltar que no campo a realidade não era muito diferente que a reali-
dade da cidade. No campo se agravou a questão da fome, as mulheres e crianças 
foram os mais atingidos, já que a prioridade na alimentação era o homem, pois 
esse deveria estar bem ali-
mentado para que pudesse 
trabalhar, e o restante da 
família vinha em “segundo 
lugar”.
Quando analisamos este 
contexto de crescimento do 
empobrecimento das famí-
lias tanto do campo quanto 
da cidade, percebemos a ori-
gem do que hoje chamamos 
de questão social. 
Não esqueça que o sistema capitalista com seus crescentes conflitos de classes 
gerou o agravamento das desigualdades sociais. O que trouxe à tona a discussão 
acerca da questão social, isso se deu a partir dos problemas dos trabalhadores, 
a crescente miséria, a insatisfação com as condições sociais, as lutas por melho-
rias urbanas, estes pontos quando problematizados ganham na sociedade da 
época um caráter político.
©
sh
ut
te
rs
to
ck
Lei dos Pobres
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
25
[...] a questão social, originalmente expressa no empobrecimento do 
trabalhador, tem suas bases reais na economia capitalista. Politicamen-
te passa a ser reconhecida como problema na medida em que os indiví-
duos empobrecidos, de forma organizada, oferecem resistência as más 
condições de existência decorrentes de sua condição de trabalhadores 
para o capital. No percurso do desenvolvimento do capitalismo atraves-
sado por lutas sociais entre capital e trabalho constituem-se respostas 
sociais mediadas ora por determinadas organizações sociais, ora pelo 
Estado, em um processo impulsionado pelo movimento de reprodução 
do capital (SANTOS; COSTA, 2006, p. 3, on-line)2.
Tudo isto gera uma grande insatisfação e, descontentamento, originando assim 
a organização dos operários, processo este que não ocorreu do dia para noite.
Sendo assim, quem interveio neste contexto foi a Igreja Católica. Com vistas 
a “recuperar” e melhorar os efeitos trágicos que caiam sobre a classe trabalha-
dora. Ela atuaria no espaço entre:
A recusa do Estado em assumi-la e a incapacidade das chamadas ‘clas-
ses inferiores’ de decidir sobre seu destino. Nesse sentido, ela lançará 
mão de um conjunto de procedimentos e estratégias de forte conteúdo 
moralizador, atuando basicamente em três níveis: [...] assistência aos 
indigentes por meio de técnicas que antecipam o trabalho social no 
sentido profissional do termo; o desenvolvimento de instituições de 
poupança e de previdência voluntária que apresentam as premissas de 
uma sociedade segurancial; a instituição da proteção patronal, garantia 
da organização racional do trabalho e, ao mesmo tempo, da paz social 
(CASTEL, 1998 p. 319).
LEI DOS POBRES
Na Inglaterra por volta do final do reinado de Elizabeth, os seus parlamentares 
da época perceberam a necessidade de melhorar a política que estava relacio-
nada ao auxílio aos mais pobres do país.
Logo, no ano de 1597, é implantada uma nova lei que ordenava que as paró-
quias nomeassem o que chamaram de “inspetores” dos pobres, esses tinham 
como função encontrar trabalho para aqueles que estivessem sem ocupação. Os 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E26
inspetores dos pobres tinham ainda como tarefa a construção de “paróquias-
-abrigo”, essas deveriam contar com hospitais e asilos.
As “paróquias-abrigo” 
eram utilizadas para aco-
lher aqueles que não 
possuíam condições de 
garantir a sua própria sub-
sistência. Esse projeto erafinanciado com fundos 
públicos, dando origem ao 
que chamamos na história 
deste país (Inglaterra) de 
“bem-estar social” inglês.
No ano de 1601, todas 
as medidas, gradativamente 
sancionadas nesse sentido, foram organizadas em um estatuto que se chamou de 
Primeira Lei dos Pobres (Poor Law) mantida, basicamente, inalterada até 1834.
A Lei dos Pobres de 1601 foi estimulada pelas circunstâncias econô-
micas e pelo aumento populacional da Inglaterra em relação a épocas 
anteriores, que levou à expansão da pobreza. O homem pobre, destitu-
ído de seus direitos, não tinha trabalho, alimentação e moradia, nem 
condições para alimentar seus filhos, constituindo-se desta forma em 
um problema de ordem social (DORIGON, 2006, p. 119, on-line)4.
Conforme explanação de Dorigon (2006, on-line)4, a Lei dos Pobres era financiada 
pelo imposto fundiário, estabelecendo para quem não tinha meios de subsis-
tência, o direito à assistência social. Acontecia a partir dos seguintes princípios:
a. Obrigação de socorro aos necessitados.
b. Assistência pelo trabalho.
c. Taxa cobrada para o socorro dos pobres (poor tax).
d. Responsabilidade das paróquias pela assistência de socorros e de trabalho.
Lei dos Pobres
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
27
A Lei dos Pobres foi pensada a partir do aumento da população carente no 
país, oriunda da expansão do sistema capitalista, o que afetou a estabilidade da 
ordem econômica. Claro que a lei não foi pensada somente por pura preocupa-
ção da classe dominante com os mais necessitados e afetados pelo sistema, por 
trás dessa ideia encontra-se a intenção desta classe burguesa em controlar este 
segmento da população.
Dorigon (2006, p. 64, on-line)4 diz que:
Essa lei definiu algumas estratégias: trabalho como punição para o de-
socupado e para o pobre que tinha capacidade; pagamento em dinhei-
ro, considerado uma pensão, para aqueles que não podiam trabalhar; 
proibição do auxílio ao mendigo e ao frequentador casual dos asilos, 
que buscavam auxílio apenas naquele momento.
É essencialmente na Lei dos Pobres que a medicina inglesa começa a tornar-
-se social, na medida em que o conjunto dessa legislação comportava um 
controle médico do pobre. A partir do momento em que o pobre se bene-
ficia do sistema de assistência, deve, por isso mesmo, submeter-se a vários 
controles médicos. Com a Lei dos Pobres aparece, de maneira ambígua, algo 
importante na história da medicina social: a ideia de uma assistência con-
trolada, de uma intervenção médica que é tanto uma maneira de ajudar os 
mais pobres a satisfazer suas necessidades de saúde, sua pobreza não per-
mitindo que o façam por si mesmos, quanto um controle pelo qual as clas-
ses ricas ou seus representantes no governo asseguram a saúde das classes 
pobres e, por conseguinte, a proteção das classes ricas. Um cordão sanitário 
autoritário é estendido no interior das idades entre ricos e pobres: os pobres 
encontrando a possibilidade de se tratarem gratuitamente ou sem grande 
despesa e os ricos garantindo não serem vítimas de fenômenos epidêmicos 
originários da classe pobre.
Fonte: Foucault (1982, on-line)3.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E28
Depreende-se que a Lei visava evitar futuros problemas sociais. Tendo 
em vista o número significativo de pobres desocupados em condições 
degradantes, buscava a repressão à mendicância e à vagabundagem e a 
minimização da miséria.
Perceba que já nesta época, as iniciativas de sanar as problemáticas sociais eram 
permeadas de interesses pessoais da classe dominante, podemos imaginar que 
muitos poucos políticos da época, possuíam a real preocupação com o agrava-
mento de tais problemáticas que assolavam a vida daqueles que foram atingidos 
da pior forma pela instauração crescente do sistema capitalista, a estes não res-
tou o acompanhamento do progresso nacional, muito menos a socialização dos 
ganhos financeiros gerados por tal sistema.
Perceba que estamos discutindo neste momento o que aconteceu no século XVII. 
Hoje no século XXI, como percebemos as ações de tentativas de resolver as ques-
tões sociais em nosso país?
Logo, podemos ver a seguinte questão acerca da Lei dos Pobres (Poor Law):
Ela era, ao mesmo tempo, marcada por um sentimento de caridade 
cristã e por um violento preconceito social. A ideia de que a esmola 
é uma ação piedosa e redime os pecados levava à distribuição ampla e 
indiscriminada de ajuda: mas não excluía, absolutamente, a descon-
fiança e o temor em relação aos que recebiam. Daí as alternâncias de 
fraqueza e rigor na aplicação dessa lei: em geral, o rigor venceu. Pre-
tendiam fazer desaparecer a perigosa classe de mendigos profissionais, 
que tivera, em meados do século XVI, um desenvolvimento temível. A 
obrigatoriedade do trabalho, imposta a todos assistidos, exceto quando 
suas doenças os tornavam absolutamente incapazes, era reforçada por 
severas penalidades: chicote, no primeiro delito de vadiagem ou envio 
a casa de correção; em caso de reincidência, chicote e marca de ferro 
(MANTOUX, 1989, p. 443, on-line, grifos do autor)5.
Conforme vimos até agora, você percebeu alguma semelhança com os dias 
atuais? Alguma semelhança com o nosso país?
Lei dos Pobres
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
29
Era objetivo da Lei dos Pobres eliminar os “vagabundos” e mendigos que peram-
bulavam pelas ruas. Deixava claro que a Igreja deveria administrar os auxílios 
aos necessitados, bem como realizaria o recolhimento das taxas dos locatários 
e as utilizava conforme exposta na figura a seguir:
Figura 1 - Lei dos Pobres (1601) - Utilização das taxas e sua aplicabilicadade
1. Trabalho com os órfãos.
2. Com crianças cujos pais trabalhavam e não tinham com quem 
deixá-los, muito menos cuidá-los no trabalho.
3. Aquisição de materiais para que o pobre pudesse trabalhar, 
por exemplo: lã, linho e �ador para produção. 
4. Oferta de auxílio àqueles impossibilitados de trabalhar (cegos, 
idosos, pessoas com de�ciência, entre outros casos).
5. Poderia ainda ser provido casas que serviriam de asilos ou 
poorhouses, que depois passariam a ser as Workhouses, conheci-
das como casas de correção e instrução, que tinham como 
propósito fornecer acomodação e ao mesmo tempo trabalho.
Fonte: a autora (2016).
 Segundo Dorigon (2006, p. 65, on-line)4:
A Lei dos Pobres de 1601 delegava autoridade legislativa para o estabe-
lecimento nas paróquias destas instituições, que poderiam unir duas 
ou mais igrejas que iriam organizar as casas de trabalho para abrigar os 
pobres, dar-lhes assistência, mas também ter lucros com eles, conforme 
o parágrafo primeiro da Lei dos Pobres de 1601. Todavia, embora mui-
tas igrejas buscassem ganhar mais dinheiro com o trabalho dos pobres, 
grande parte dos que se abrigavam nessas instituições eram doentes, 
idosos e crianças, cujo trabalho dava pouco lucro, o que os levava a 
fugir das suas responsabilidades.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E30
Com todas estas medidas tomadas para a redução do número de pobres no país, 
logo, questionamentos sobre a sua efetividade começaram a surgir, uma vez que 
a quantidade de ociosos aumentou significativamente. Isto de deu por volta do 
século XVIII. Bem como a atuação da Igreja também começou a ser indagada, 
mediante certos tipos de medidas tomadas, como você pode verificar a seguir:
Cadaparóquia achava que só tinha que socorrer seus pobres, excluindo 
os recém-chegados, que consideravam intrusos: alias, é provável que 
algumas paróquias tenham tentado desembaraçar-se dos encargos de 
sua competência às custas de outras paróquias, mais ricas ou menos 
avaras (MANTOUX, 1989, p. 443-444, on-line)5.
Todas estas discussões 
e análises fizeram com 
que acontecesse a revi-
são e reformulação da 
Lei dos Pobres de 1601. 
Repensou-se o auxílio 
ao pobre, a sua adminis-
tração, devendo-se agora 
“ajudar” realmente e 
apenas aquele que necessi-
tasse e puniria aqueles que 
se recusassem a trabalhar. 
Intensificou-se a criação de 
instituições que visavam retirar o pobre da rua, dar-lhe educação e proporcio-
nar-lhe trabalho, para que recuperasse sua condição.
©
sh
ut
te
rs
to
ck
Nova Lei dos Pobres (Inglaterra - 1834)
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
31
NOVA LEI DOS POBRES (INGLATERRA - 1834)
Após os motivos explicitados acima, a Lei dos Pobres de 1601 foi reformulada e 
em 14 de agosto de 1834 foi criada a Nova Lei dos Pobres (Reinado de George 
III), e com ela, podemos perceber a situação, segundo Trindade (1998, p. 29):
A Nova Lei dos Pobres [...], um estatuto de insensibilidade incomum, 
deu aos trabalhadores (da Inglaterra) o auxílio-pobreza somente den-
tro das novas workhouses (onde tinham que se separar da mulher e 
dos filhos para desestimular o hábito sentimental e não malthusiano de 
procriação impensada) e retirou a garantia paroquial de uma manuten-
ção mínima. Nessas ocasiões em que a miséria batesse à porta, sequer 
vestígios de cidadania se preservariam: ‘[...] os indigentes abriam mão, 
na prática, do direito civil da liberdade pessoal devido ao internamento 
na casa de trabalho, e eram obrigados por lei a abrir mão de direitos 
políticos que possuíssem. Essa incapacidade permaneceu em existência 
até 1918’ (grifos do autor).
Podemos dizer que a Primeira Lei dos 
Pobres sucumbiu pelo fato de muitas 
pessoas que podiam trabalhar e que se 
negavam devido ao auxílio da Igreja, 
o que gera uma nova questão social.
Uma das funções da Nova Lei dos 
Pobres era selecionar e nomear os cha-
mados comissários, que deveriam atuar 
na administração do auxílio aos pobres 
e necessitados, conforme o que pregava 
a lei.
Os intitulados comissários tinham poder para executar regras, ordens 
e regulamentação da administração do auxílio aos pobres e, além disso, 
coordenar casas que serviriam como abrigo, a educação das crianças e 
a administração das paróquias. Desta forma, entende-se que o objetivo 
maior dessa lei era administrar o auxílio aos pobres da Inglaterra, bem 
como impedir o homem produtivo de reivindicar ajuda, prover refúgio 
para o doente e desamparado, formando um grupo para gerenciar as 
instituições que estavam sendo organizadas e executar a lei, como esta-
belece o parágrafo 15 da lei de 1834 (DORIGON, 2006, p. 67, on-line)4.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E32
A Lei dos Pobres de 1834 ampliava a lei dos pobres de 1601, contava com pro-
pósitos mais definidos para a administração do auxílio aos pobres e o controle 
dos gastos em todos os aspectos. Para tanto, as Workhouses foram organizadas 
para que se cumprisse os objetivos previstos na Lei e atendesse as necessidades 
da população pauperizada daquele país. No próximo tópico, veremos um pouco 
mais sobre Workhouse e suas funções.
AS WORKHOUSES
Agora, aprenderemos um pouco mais sobre as Workhouse.
As Workhouses eram grandes casas fundadas para fornecer moradia, 
trabalho e educação ao homem destituído, mas apto a desenvolver um 
ofício e ingressar na sociedade de trabalho requisitada pela indústria. 
Esta nova organização exigia uma nova concepção de trabalho, pois 
a forma como o homem se organizava na manutenção de sua vida já 
não respondia aos interesses produtivos. Tal conceito de trabalho era 
diferente do até então vigente, tendo por objetivo adaptar o trabalha-
dor às novas necessidades produtivas. Algumas das Workhouses foram 
organizadas pela união de várias igrejas para dividir melhor os custos, 
isto porque muitas cidades pequenas não tinham condições de manter 
Os comissários eram selecionados pela comissão real formada por um gru-
po de pessoas ligadas diretamente ao rei. Era função dos comissários admi-
nistrar fazendo cumprir a Lei dos Pobres de 1834, elegendo os guardiões 
para cada Workhouse, os quais cumpriram as ordens estabelecidas pela Lei. 
Os comissários deveriam de tempos em tempos vistoriar cada Workhouse e 
emitir relatórios sobre a administração geral relacionada a todos os procedi-
mentos desenvolvidos dentro de cada instituição.
Fonte: Adaptado de Dorigon (2006, p. 123, on-line)4.
©
sh
ut
te
rs
to
ck
As Workhouses
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
33
uma instituição desse porte. Outras eram construídas em terras com-
pradas pela comissão real 10 ou em prédios que correspondessem às 
exigências da lei para abrigar os que necessitavam, conforme previa o 
parágrafo 23 da Segunda Lei dos Pobres, de 1834 (DORIGON, 2006, p. 
125, on-line)4.
Pudemos perceber a partir do exposto ao longo do texto que com a Revolução 
Industrial ocorreram mudanças nas relações de trabalho; mudanças significativas 
na vida do trabalhador em virtude do processo crescente do capitalismo; houve 
avanços, mas, também se instaurou muitas dificuldades e problemas, sobretudo, 
a exploração de mão de obra do homem, da mulher e da criança.
Na medida em que os problemas sociais e econômicos se agravavam, medi-
das eram tomadas com vistas a seu enfrentamento, foram encontradas diversas 
saídas para sanar ou minimizar algumas problemáticas, dentre elas, a criação 
das Workhouses. 
As Casas de Trabalho (Workhouses) foram estabelecidas em Inglaterra 
no século XVII. Segundo a Lei dos Pobres adaptada, em 1834, só era 
admitida uma forma de ajuda aos pobres: o seu alojamento em casas de 
trabalho com um regime prisional; os operários realizavam aí trabalhos 
improdutivos, monótonos e extenuantes; estas casas de trabalho foram 
designadas pelo povo de “bastilhas para os pobres” (DICIONÁRIO..., 
on-line, grifos do autor)6.
Dentro das suas atribuições era ainda mis-
são da Workhouse atuar junto aos indivíduos 
empobrecidos e desajustados socialmente 
educando-os para o trabalho, desenvolvendo 
uma ação que auxiliasse a introduzir e/ou 
reintroduzir também a sociedade. Estes indi-
víduos (homens, mulheres crianças e idosos) 
eram tidos muitas vezes como pessoas sem 
moral, assim o trabalho da workhouse con-
templava a tarefa de torná-los novas pessoas, 
homem perante a si mesmo e a sociedade. 
De acordo com Bresciani (1986, p. 10), as 
workhouses objetivavam “transformar vaga-
bundos em trabalhadores”.
©
sh
ut
te
rs
to
ck
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E34
Os espaços que onde se instalavam estas casas, muitas vezes eram alugados, e 
quando se tratava de alimentação não havia nada de excesso ou exagero, servia-
-se apenas o necessário para subsistência daquele que lá se encontrava. Devido 
a sua eficiência, por volta de 1830 havia na Inglaterra centenas de workhouses 
atuando junto à assistência ao pobre e desocupado. Contudo,
[...] as Casas de Trabalho (Workhouses) deviam ser lugares, pouco atra-
entes para que seus ocupantes procurassem sair de lá o mais rápidopossível. Não deviam se sentir confortados em suas instalações, a vida 
em família e a boa refeição representavam privilégios, a merecida re-
compensa aos que ocupam seus dias com o trabalho produtivo. Mesmo 
a disciplina e a intensidade do trabalho lá dentro, deveriam ser sensi-
velmente mais rigorosas do que nas fábricas, de forma a atuarem como 
estímulo a busca de emprego (BRESCIANI, 1986, p. 44).
As Workhouses possuíam rotinas bem definidas, bem como procedimentos esta-
belecidos e que deveriam ser seguidos por todos 
os que lá se encontravam, por exemplo, pro-
cesso de higienização; saúde; padronização 
dos dormitórios; seguimento de uma reli-
gião; trabalhos distintos para mulheres, 
homens e idosos; educação para crianças.
Conhecer e compreender como o 
trabalho acontecia nas Workhouses é muito 
interessante, a seguir, você terá uma breve noção 
de como era operacionalizada uma destas 
instituições, acredito que você conseguirá 
fazer as devidas reflexões tanto quanto a Lei 
dos Pobres, quanto do trabalho desenvolvido pelas Workhouses. 
O exemplo que utilizaremos é o da Workhouse de St. Marylebone, de Londres, 
fundada em 1730 e que em seu início se destinava ao abrigamento apenas para 
que os pobres pernoitassem. “Com o tempo, sua abrangência foi ampliada e ela 
foi requisitada com mais intensidade, passando a abrigar em tempo integral 
homens, mulheres e crianças” (DORIGON, 2006, p. 132, on-line)4.
As Workhouses
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
35
Na tabela, a seguir, você poderá verificar melhor como as pessoas eram aco-
lhidas, o que faziam, qual a sua rotina etc. Embora, todas as Workhouse fossem 
parecidas, a de St. Marylebone destacava-se, pela sua gestão, rigor e organização.
Tabela 1 - Como funcionava a Workhouse St. Marylebone
AO CHEGAR À 
INSTITUIÇÃO
Os “internos” passavam por um processo de higienização, 
pois devido à sua permanência nas ruas ficavam expostos 
a todos os tipos de enfermidade. Eram lavados com água 
quente e sabão, as roupas eram levadas para serem esteri-
lizadas.
UNIFORME
Enquanto estivessem na instituição, no período noturno 
usavam um “camisolão” de lã, e para o período diurno 
recebiam um uniforme, que todos deveriam usar, até 
mesmo para serem identificados e distinguidos quando 
estivessem fora da Workhouse. O uso do uniforme pelos 
internos nas Workhouses relaciona-se com a concepção 
do homem que se pretendia formar - um homem discipli-
nado, organizado, ordeiro e obediente às regras.
DORMITÓRIOS
Homens e mulheres ficavam separados. As crianças eram 
divididas em grupos de vinte e acompanhadas por quatro 
mulheres. As camas eram formadas de colchão e traves-
seiro. Nas paredes dos dormitórios havia textos bíblicos 
e os dez mandamentos, e as orações noturnas eram 
obrigatórias. Os quartos eram organizados de forma que 
as camas ficassem todas visíveis aos olhos dos guardiões, 
o que denuncia o controle da ordem a partir de uma 
disciplina severa. As inscrições bíblicas nas paredes, por 
exemplo: “Deus é bom”; “Deus é justo” e “Deus é amor” - 
apontam que esse controle também passava pela religião, 
que, em consonância com a ordem posta, exigia um 
homem moralizado.
ROTINA
O despertar ocorria às 7h, em seguida, se dirigiam ao 
refeitório e se alimentavam, sendo essa refeição conside-
rada o café da manhã. Logo, após, os internos eram en-
carregados de desenvolver diversos tipos de trabalho, na 
maioria, relacionados à manutenção da Workhouse, além 
de obterem uma aprendizagem destinada à execução de 
um ofício.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E36
MULHERES
Designadas para os trabalhos domésticos, na cozinha ou 
na lavanderia, ou seja, a elas era destinada a manutenção 
relacionada à higienização da Workhouse, bem como os 
cuidados com a alimentação e indumentária de todos 
que ali se instalavam. Também poderiam executar outras 
atividades, por exemplo, escolher pequenos pedaços de 
corda velha, usados para preencher buracos nas laterais 
dos navios de madeira.
HOMENS
Destinados aos trabalhos árduos, como quebrar pedras, 
moer grãos com pesados moinhos, triturar ossos para 
servirem de fertilizantes e rachar madeira. No entanto, o 
ponto axial nessas atividades era a ordem e a disciplina, 
em uma reprodução do que seria a sua vida no mundo 
das fábricas.
IDOSOS
O trabalho era mais ameno. Na maioria das vezes cabia-
-lhes a colheita de carvalho, o que não dispensava a mes-
ma prática disciplinadora adotada pela instituição, tendo 
em vista a docilização do homem, independentemente 
da sua idade.
DOENTES
Não tinham obrigação de desenvolver nenhum trabalho; 
eram encaminhados às enfermarias, onde o médico pro-
moveria todos os procedimentos, até mesmo o interna-
mento, se fosse o caso, mas sempre tendo em conta o seu 
restabelecimento para ser reintegrado ao trabalho.
Fonte: Adaptado de Dorigon (2006, p.132-140, on-line) 4.
Por fim, ainda tem nos registros que:
De 1897 a 1901, a Workhouse de St. Marylebone passou por novas orien-
tações. Foi organizado um espaço para berçário e jardim de infância. 
Homens velhos e doentes foram separados dos demais em um bloco 
exclusivo, buscando-se dessa forma uma organização mais adequada, 
para livrar crianças e homens saudáveis de possíveis contaminações.
De 1914 a 1915 essa casa recebeu outras funções: acolher os refugiados 
da Guerra Belga. De 1918 a 1921 foi utilizada como quartel de detenção 
militar, e na Primeira Guerra Mundial serviu a propósitos do exército. 
Na Segunda Guerra Mundial foi destinada a ser um centro de recreação 
para trabalhadores civis, e após a guerra serviu de abrigo para pessoas 
deslocadas e excluídas do seu continente. Em 1965, a Workhouse de St. 
Marylebone foi fechada, seus ocupantes foram enviados para outros 
lugares e, posteriormente, edificou-se no local a Escola Politécnica de 
Londres, [...]. (DORIGON, 2006, p.140, on-line)4.
As Workhouses
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
37
E, então, o que você achou? 
Conseguiu ter uma ideia 
de como funcionava uma 
Workhouse? Espero que 
tenha lhe auxiliado. Sendo 
assim, vamos dar continui-
dade e ver outro exemplo da 
tratativa das questões sociais.
Agora, podemos ana-
lisar muito brevemente a 
questão da assistência na 
França, percebemos a par-
tir das decisões do Barão de 
Gérando, esse apresenta uma proposta para a assistência ao “indigente”. Esta 
assistência consistia em aplicar como estratégia de ação, a doação de dona-
tivos, porém, tão ação não acontecia de maneira imediata, estabeleceu que o 
profissional responsável, por tal função deveria estar atento às condições de 
cada indivíduo e sua família, não de maneira aleatória, e sim, estando atento às 
necessidades (permanente ou provisória, ou por má-formação da moral) de tais 
pessoas necessitadas de auxílio. 
Desse modo, exercia um controle efetivo sobre o processo de seleção 
e distribuição, na medida em que utilizava a prestação da ajuda como 
instrumento de recuperação moral, submetendo o serviço de socorros 
a boa conduta do assistido. Assim, o ‘visitador do pobre’ realizava uma 
intervenção fundada em uma relação pessoal, com acompanhamento, 
onde procurava fazer um diagnóstico e solucionar os problemas indivi-
duais. Essa forma de atuação, segundo Castel, dará origem ao trabalho 
social profissionalizado. Convém ressaltar que essa maneira de abordar 
a assistência, ou seja, a corrente da scientific charity se expandirápelos 
países anglo-saxônicos durante a segunda metade do século XIX. Nes-
sa mesma direção, segue o case work, que surge nos Estados Unidos em 
sua instituição formal no início do século XX, a partir de uma neces-
sidade de centralizar novamente a intervenção social entre o agente e 
os beneficiários. Essas constatações indicam, mesmo para pensadores 
externos ao circuito profissional do Serviço Social, evidências histó-
ricas na relação entre a questão social e as origens do Serviço Social 
(SANTOS; COSTA, 2006, p. 6, on-line, grifos do autor)2.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E38
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para encerrarmos esta unidade, deixo o seguinte questionamento: como o homem 
sendo um animal racional, que procura inúmeras saídas para que suas necessi-
dades sejam supridas, permitiu que a disparidade social chegasse a tal ponto? 
Quem sancionou a supremacia de uns poucos indivíduos sobre muitos, dando-
-lhes permissão para explorá-los, em nome do ganho capital? Pense nisto.
Tenha sempre presente que o mundo que temos hoje, é parte de um pro-
cesso histórico, aquilo que temos é reflexo de um passado, assim como o futuro 
será reflexo da história que construirmos hoje. Por isso é que precisamos estar 
atentos aos fatos históricos. 
O que seria do mundo sem a organização dos proletários e a Revolução 
Industrial? Todas as mobilizações, rebeliões e revoluções? Não falo, aqui, das 
mortes e opressões, das dores geradas pela violência que muitos acontecimen-
tos geraram, falo do ideal, do sonho e da luta pelos direitos. Estes despertam 
no ser humano a força intrínseca que habita em todo ser humano ameaçado.
Pudemos ainda refletir acerca da relação capital trabalho e o surgimento do 
sistema capitalista em substituição ao sistema feudal. Os avanços e dificuldades 
gerados pelo mesmo.
Tivemos a oportunidade de aprofundamos nossa ideia sobre a Revolução 
Industrial e conhecermos um pouco mais sobre as políticas de assistência na 
Inglaterra e na França. Como lidavam com os seus pobres, indigentes e desocu-
pados, as estratégias de enfrentamento dos diversos problemas sociais da época.
Ao tratarmos da Lei dos Pobres de 1601 e 1834, pudemos ter noção de como 
a classe dominante enxergava a sociedade e suas diferenças, isto fica claro quando 
passamos a conhecer um pouco mais as Workhouses (casas de trabalho), isto 
revela que as contradições, diferença e o sentimento de “superioridade social” 
de alguns segmentos. O poder do capital sobrepunha ao valor da vida humana, 
sua dignidade e integridade.
39 
1. Antes mesmo da Revolução Industrial, a pobreza e a miséria eram cultivadas e 
utilizadas como forma de manter as desigualdades existentes e o “status quo” 
das camadas dominantes. A pobreza e os demais problemas sociais eram tra-
tados como um problema de ordem:
a. Natural, individual e moral, suas causas eram associadas à preguiça e à inca-
pacidade como características inatas aos não integrados. 
b. Natural, coletiva e amoral, suas causas eram associadas à superinteligência e 
à capacidade como características natas aos não integrados. 
c. Adquirida, individual e contagiosa, suas causas eram associadas à preguiça e 
à incapacidade como características natas aos integrados. 
d. Natural, individual e moral, suas causas eram associadas sobra de talento pes-
soal e profissional.
e. Sobrenatural, individual e legal, suas causas eram associadas à vontade plena 
de Deus.
2. Lei que se tornou referência no enfretamento das questões sociais na Inglaterra 
e acabou sendo incorporada por outros países europeus:
a. Lei Áurea.
b. Lei de Diretrizes e Bases.
c. Lei dos Pobres.
d. Leis de Bem-Estar Social. 
e. Lei dos Miseráveis.
3. Aponte, a seguir, a alternativa que não condiz com as estratégias adotadas na 
Lei dos Pobres:
a. Trabalho como punição para o desocupado e para o pobre que tinha capaci-
dade. 
b. Pagamento em dinheiro, considerado uma pensão, para aqueles que não po-
diam trabalhar.
c. Proibição do auxílio ao mendigo e ao frequentador casual dos asilos, que bus-
cavam auxílio apenas naquele momento.
40 
d. Proibição de gerar mais filhos, sendo adotado como punição para aqueles 
que não obedecessem a Lei, a entrega do filho ao Estado.
e. As formas de “proteção” assistencial na Lei dos Pobres variavam da mera dis-
tribuição de alimentos, passando pelo complemento de salários até o recolhi-
mento em asilos e reclusão nas workhouses.
4. A definição a seguir diz respeito a que instituições do século XVII: “casas correcio-
nais”, com o objetivo de atender e formar a camada aleijada da sociedade:
a. Hospitalhouse.
b. Workhouses.
c. Carhouse.
d. Horsehouse. 
e. Churchouse.
5. A proposta de uma “nova tecnologia de assistência” na França, que consistia 
em distribuir donativos aos indigentes, não de forma aleatória, mas examinan-
do cuidadosamente quais as suas necessidades (permanentes ou ocasionais)‏, 
criou um novo tipo de profissional chamado de:
a. Fiscalizador do pobre.
b. Condutor do pobre.
c. Visitador do pobre. 
d. Criador do pobre.
e. Gerenciador do pobre.
41 
Revolução Industrial  
A substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz 
e do modo de produção doméstica pelo sistema fabril constituiu a Revolução Industrial; 
revolução, em função do enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, em um pro-
cesso de transformação acompanhado por notável evolução tecnológica.
A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII e 
encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de 
capitais e de preponderância do capital mercantil sobre a produção. Completou ainda o 
movimento da revolução burguesa iniciada na Inglaterra no século XVII.
Etapas da industrialização
Podem-se distinguir três períodos no processo de industrialização em escala mundial:
1760 a 1850 – A Revolução se restringe à Inglaterra, a “oficina do mundo”. Preponderam 
a produção de bens de consumo, especialmente têxteis, e a energia a vapor. 
1850 a 1900 – A Revolução espalha-se por Europa, América e Ásia: Bélgica, França, Ale-
manha, Estados Unidos, Itália, Japão e Rússia. Cresce a concorrência, a indústria de bens 
de produção se desenvolve, as ferrovias se expandem; surgem novas formas de energia, 
como a hidrelétrica e a derivada do petróleo. O transporte também se revoluciona, com 
a invenção da locomotiva e do barco a vapor. 
1900 até hoje – Surgem conglomerados industriais e multinacionais. A produção se au-
tomatiza; surge a produção em série; e explode a sociedade de consumo de massas, 
com a expansão dos meios de comunicação. Avançam a indústria química e eletrônica, 
a engenharia genética, a robótica. 
  
Artesanato, manufatura e maquinofatura
O artesanato, primeira forma de produção industrial, surgiu no fim da Idade Média com 
o renascimento comercial e urbano e se definia pela produção independente; o produ-
tor possuía os meios de produção: instalações, ferramentas e matéria-prima. Em casa, 
sozinho ou com a família, o artesão realizava todas as etapas da produção. 
A manufatura resultou da ampliação do consumo, que levou o artesão a aumentar a pro-
dução e o comerciante a dedicar-se à produção industrial. O manufatureiro distribuía a 
matéria-prima e o artesão trabalhava em casa, recebendo pagamento combinado. Esse 
comerciante passou a produzir. Primeiro, contratou artesãos para dar acabamento aos 
tecidos; depois, tingir; e tecer; e finalmente fiar. Surgiram fábricas, com assalariados, sem 
controle sobre o produto de seu trabalho. A produtividade aumentou por causa da divi-
são social, isto é, cada trabalhador realizava uma etapa da produção. 
Na maquinofatura, o trabalhador estava submetidoao regime de funcionamento da 
máquina e à gerência direta do empresário. Foi nesta etapa que se consolidou a Revo-
42 
lução Industrial. 
[...]
Revolução Social
A Revolução Industrial concentrou os trabalhadores em fábricas. O aspecto mais impor-
tante, que trouxe radical transformação no caráter do trabalho, foi esta separação: de 
um lado, capital e meios de produção (instalações, máquinas e matéria-prima); de outro, 
o trabalho. Os operários passaram a assalariados dos capitalistas (donos do capital). 
Uma das primeiras manifestações da Revolução foi o desenvolvimento urbano. Londres 
chegou ao milhão de habitantes em 1800. O progresso deslocou-se para o norte; cen-
tros como Manchester abrigavam massas de trabalhadores, em condições miseráveis. 
Os artesãos, acostumados a controlar o ritmo de seu trabalho, agora tinham de subme-
ter-se à disciplina da fábrica. Passaram a sofrer a concorrência de mulheres e crianças. 
Na indústria têxtil do algodão, as mulheres formavam mais de metade da massa traba-
lhadora. Crianças começavam a trabalhar aos 6 anos de idade. Não havia garantia contra 
acidente nem indenização ou pagamento de dias parados neste caso. 
A mecanização desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir o salário. Havia frequen-
tes paradas da produção, provocando desemprego. Nas novas condições, caíam os ren-
dimentos, contribuindo para reduzir a média de vida. Uns se entregavam ao alcoolismo. 
Outros se rebelavam contra as máquinas e as fábricas, destruídas em Lancaster (1769) 
e em Lancashire (1779). Proprietários e governo organizaram uma defesa militar para 
proteger as empresas. 
A situação difícil dos camponeses e artesãos, ainda por cima estimulados por ideias vin-
das da Revolução Francesa, levou as classes dominantes a criarem a Lei Speenhamland, 
que garantia subsistência mínima ao homem incapaz de se sustentar por não ter traba-
lho. Um imposto pago por toda a comunidade custeava tais despesas. 
Havia mais organização entre os trabalhadores especializados, como os 
penteadores de lã. Inicialmente, eles se cotizavam para pagar o enterro de 
associados; a associação passou a ter caráter reivindicatório. Assim, surgiram as 
tradeunions, os sindicatos. Gradativamente, conquistaram a proibição do traba-
lho infantil, a limitação do trabalho feminino, o direito de greve.  
Fonte: Chaves (2014, on-line)7.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Pelle: O Conquistador
O fi lme “Pelle – O Conquistador” se passa no século XIX, onde 
pai e fi lho saem da Suécia e vão para Dinamarca, pois estão em 
busca de melhores condições de vida. Começam a trabalhar 
em uma fazenda, na condição de escravos, sob condições 
precárias. O pequeno Pelle aprende a língua do país e sonha 
em busca de uma vida melhor para ele e seu pai.
Comentário: O filme retrata muito bem as mudanças 
sociais do século XIX, podendo ser percebido claramente as 
transformações advindas com a Revolução Industrial. O pai 
de Pelle tem uma atuação emocionante, como incentivador, 
contudo, se utiliza da violência física como método de educar 
o pequeno Pelle. Para ampliarmos nosso conhecimento, 
podemos utilizar vários recursos, um deles são os fi lmes 
cinematográfi cos. Logo, para refl etir mais sobre a Revolução 
Industrial, você poderá assistir ao fi lme “Pelle: O Conquistador”.
Apresentação: Para saber mais sobre a realidade inglesa, relatos e acontecimentos abordados no 
ponto Lei dos Pobres, leia o texto: “A grande diáspora irlandesa” de Pierre Joannon, acessando ao 
link:
Disponível em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/a_grande_diaspora_
irlandesa_imprimir.html>.
REFERÊNCIAS
BRESCIANI, M. S. M. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza. São 
Paulo: Brasiliense, 1982.
_____. Lógica e dissonância: Sociedade e Trabalho: lei, ciência disciplina e resistên-
cia operária. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.6, n.11, p.7-44, 1986.
BUARQUE, C. A questão social do século XXI. In: Congresso Luso-Afro-Brasileiro de 
Ciências Sociais, 8, 2004, Coimbra: Portugal. Anais... Coimbra: CES – FEUC, 2004.
CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petrópolis: 
Vozes, 1998. 
DIAS, R. Introdução à Sociologia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
GEDIEL, J. A. (Org.). Os caminhos do cooperativismo. Curitiba: UFPR, 2001.
SCHIMDT, B. V.; FARRET, R. L. A questão urbana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
SANTOS. E. P; COSTA, G. M. Questão social e desigualdade: novas formas, velhas 
raízes. Revista Ágora, n. 4, (on-line), jul 2006. Disponível em: <http://www.estudos-
dotrabalho.org/5RevistaRET6.pdf>. Acesso em 12 mar. 2016.
TRINDADE, J. D. de L. Anotações sobre a história social dos direitos humanos. In: São 
Paulo (Estado). Direitos Humanos: Construção da liberdade e da Igualdade. São 
Paulo: Centro de Estudos da Procuradoria Geral do Estado, 1998, p. 23-163.
REFERÊNCIA ON-LINE
1 - <http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/manifestocomunista.pdf>. Acesso 
em: 05 mai. 2016.
2 - <http://www.estudosdotrabalho.org/5RevistaRET6.pdf>. Acesso em: 05 mai. 
2016.
3 - <http://www.nodo50.org/insurgentes/biblioteca/A_Microfisica_do_Poder_-_
Michel_Foulcault.pdf>. Acesso em: 05 mai. 2016.
4 - <http://www.ppe.uem.br/dissertacoes/2006-Nelci_Dorigon.pdf>. Acesso em: 05 
mai. 2016.
5 - <http://www.nossaescola.com/acervop.php?idpesq=151>. Acesso em: 05 mai. 
2016.
6 - <https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/w/workhouses.
htm>. Acesso em: 05 mai. 2016.
7 - <http://www.culturabrasil.pro.br/revolucaoindustrial.htm>. Acesso em: 05 mai. 
2016.
GABARITO
45
1. C
2. C
3. D
4. B
5. C
U
N
ID
A
D
E II
Professora Esp. Daniela Sikorski
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO 
DA QUESTÃO SOCIAL 
BRASILEIRA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Retomar alguns acontecimentos históricos brasileiros que 
possibilitarão ao aluno a melhor compreensão da questão social e o 
serviço social.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A questão social na sociedade capitalista
 ■ A questão social no processo de industrialização do Brasil
 ■ A questão social nas décadas de 20 e 30 (século XX)
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, trabalharemos alguns pontos relacionados à 
questão social na sociedade capitalista, trazendo elementos que auxiliarão no 
entendimento da questão social no processo de industrialização do Brasil, dando 
enfoque a questão social nas décadas de 20 e 30 (século XX).
Como eram as relações estabelecidas no Brasil nestes períodos e como se 
deu o agravamento das questões sociais, sabendo que o processo de industriali-
zação gera uma demanda excedente de mão de obra, ocasionando a competição 
e a exploração dos trabalhadores. Nesta época, consta a inexistência das leis tra-
balhistas, que vem a surgir mais tarde com objetivos principalmente de acalmar 
os ânimos exaltados dos trabalhadores, procurando evitar possíveis rebeliões e 
ameaça à classe dominante.
No campo a situação foi agravada, tanto pela exploração, quanto pelo êxodo. 
Veremos que a questão social no Brasil primeiramente era tratada como caso de 
polícia, no qual aqueles pobres, desocupados eram tidos como os principais res-
ponsáveis pela sua condição inexistiam a ideia de que os problemas sociais eram 
oriundos das contradições do sistema que se instaurava no país. 
Na era Vargas inicia-se a reflexão de outro sentido para as questões sociais, 
este passa a ser tratado como caso de política, começa-se a gerar formas de enfren-
tamento as problemáticas existentes, mas ainda não com seu sentido totalmente 
ligado a noção de direito, esta noção ainda contemplava os ideais burgueses, pois 
se sentiam ameaçados pela população vulnerabilizada. Criam-se estratégia de 
enfrentamentos, mais para sossegar os medos burgueses doque para atender a 
demanda necessitada de assistência, contudo é um começo, e, hoje, podemos 
ver o aperfeiçoamento de algumas leis e medidas trabalhistas tomadas naquela 
época, que de certa forma contribuíram para a regulação das relações trabalhis-
tas e sociais brasileiras.
Bons estudos!
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E48
A Questão Social na Sociedade Capitalista
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
49
A QUESTÃO SOCIAL NA SOCIEDADE CAPITALISTA
A história revela que mesmo o homem sendo um ser de relações e em constante 
evolução, foi capaz de gerar entre a sua própria espécie a segregação e divisão, 
instaurando a “verdade” de que uns “abençoados” são melhores e ”superiores” 
que outros coitados. 
O progresso econômico e social da humanidade foi capaz de produzir tam-
bém a alienação, a exploração de uns poucos sobre muitos, bem como a divisão 
desigual de bens e lucros, gerando assim as desigualdades de problemáticas 
sociais, estas questões foram sendo cada vez mais agravadas com o passar do 
tempo, crescia na mesma proporção que a industrialização e aumento do lucro. 
O avanço veio à custa daqueles que eram obrigados a vender a sua força de 
trabalho, já que esta era a única coisa que tinha a oferecer em troca do mínimo 
para garantir a sua subsistência. Alegre aquele que ainda possuía este recurso, e 
não dependia apenas da caridade alheia. 
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E50
O operário se torna mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto 
mais aumenta a produção em poderio e em extensão. O operário con-
verte-se em mercadoria cada vez mais barata à medida que cria mais 
mercadorias. O valor crescente do mundo das coisas determina a pro-
porção direta da desvalorização do mundo dos homens. O trabalho 
produz não só mercadorias; se produz a si mesmo e ao operário como 
mercadorias; e o faz na proporção em produz às mercadorias em geral 
(MARX, 2004, p. 68).
Marx, em sua obra “O Capital” (1985), já aponta esta 
exploração do patrão sobre o empregado, aponta a reti-
rada da mais valia, com vistas à acumulação do capital; 
no qual, gradativamente, poucos vão acumulando 
muito enquanto muitos cada dia mais experenciam 
a dor da exploração, miséria e desigualdade.
A relação de exploração do trabalho vivo 
pelo capital é uma relação social de pro-
dução historicamente determinada, na 
qual os trabalhadores são despossuídos 
dos meios de produção e obrigados a 
vender sua força de trabalho. É no mer-
cado que são encontrados os capitalistas 
dispostos a comprar tal mercadoria para 
valorizá-la no processo de produção e re-
alizá-las continuamente como capital.
Quando o capitalista gasta a soma inicial de dinheiro com o objetivo 
de autovalorizar o dinheiro acumulado primitivamente, ele acaba por 
transformar os meios de produção e a capacidade de trabalho em capi-
tal. As mercadorias compradas pelo capitalista não são capital por na-
tureza ou por suas características físicas próprias; elas se tornam capital 
em relações históricas e sociais determinadas (CASTELO BRANCO, 
2006, p. 144).
Logo, podemos dizer que as relações que se estabelecem assim, desta forma desi-
gual e tão conflituosa entre o capital e o trabalho é que acabam por configurar 
as questões sociais, onde o sistema econômico se encontra.
A partir do exposto, vamos entender uma das fontes das desigualdades pre-
sentes há tempos na sociedade, aonde o valor de troca vai dando lugar ao valor de 
uso. Entendamos um pouco mais o que significa o termo mais valia, de acordo 
com Karl Marx (2003):
©shutterstock
A Questão Social na Sociedade Capitalista
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
51
A teoria marxiana da mais-valia consiste não só em perceber o trabalho 
como fonte geradora do valor, mas, principalmente, em perceber que 
existe uma dupla natureza do trabalho – concreto e abstrato – e uma 
diferença de magnitude do valor de troca e do valor de uso da força de 
trabalho, o que significa dizer que o trabalhador não recebe o valor in-
tegral da jornada de trabalho, mas tão somente uma fração da mesma. 
“O possuidor do dinheiro pagou o valor diário da força de trabalho; 
pertence-lhe, portanto, o uso dela durante o dia, o trabalho de uma 
jornada inteira. A manutenção quotidiana da força de trabalho custa 
apenas meia jornada, e o valor que sua utilização cria em um dia é o 
dobro do próprio valor-de-troca” (MARY, 2003, P.227, grifos do autor).
Além da exploração do homem pelo homem, por conta do sistema, gerando 
assim os problemas sociais, vemos também nesta relação à alienação do homem.
Procure neste momento estabelecer uma busca científica, pois esta discus-
são já foi estabelecida em outras oportunidades, em outras disciplinas, tais como 
sociologia, psicologia social, filosofia, entre outros momentos em que pudemos 
analisar a alienação advinda a partir do sistema capitalista.
Lembre-se que existem vários tipos de alienação. Ela pode ser religiosa, 
filosófica, política e sócio-econômica. Percebemos que a partir das obras mar-
xianas, inúmeras críticas à alienação, e Marx (2003) aponta que esta é revestida 
de várias formas, ou seja, a alienação social e econômica acontece por meio da: 
Figura 1 - Tipos de Alienação
1. Separação entre o homem e o trabalho que 
desempenha na sociedade, quando este o priva do 
processo de decisão de como e o quê fazer.
2. Quando o homem é apartado do produto de seu 
trabalho, quando isso acontece ele se torna impossi-
bilitado de exercer controle sobre o que é feito, sobre 
o que é resultado de seu trabalho, caracterizando 
assim a exploração. 
3. Quando o homem por meio do processo competiti-
vo se afasta de seus iguais.
Fonte: Adaptado de Marx (2003).
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E52
O sistema prega que o homem deve sempre fazer o seu máximo, alcançar o topo, 
de forma que este doe toda a sua energia e concentre todo seu potencial para que 
o lucro (que não será partilhado com ele) seja aumentado, vendo assim a lógica 
do capitalismo aumentar os lucros e reduzir as despesas. O homem acredita que 
se fizer o seu melhor, não se importando com os demais poderá ingressar na 
parte da pirâmide onde só poucos têm acesso.
É importante ter em mente que não se pode intervir junto aos problemas que 
não se conhece, para tanto é preciso conhecer a história, dialogar com os pensa-
dores e teóricos e, assim, formularmos 
nossos conceitos e ideias acerca da 
questão social, este momento sinaliza 
o início do processo de desalienação. 
Já parou para pensar nisto? Então, 
vamos continuar nossa empreitada. 
Retomar nosso estudo.
Os trabalhadores percebendo 
todo este movimento exploratório 
ligado à exploração e acumulação 
desigual de capital resolve se organi-
zar em movimentos reivindicatórios, 
movimentos de luta, buscando melhores condições de vida e trabalho, sem con-
tar na solução dos problemas sociais que se alastrava nas diversas realidades, 
tanto do campo quanto da cidade.
 Desta maneira, partindo desta nova organização que surgia na sociedade 
começa a se perceber a implantação de políticas sociais pelo mundo, por volta 
Nós teríamos alguma saída para os problemas sociais existentesem nosso 
país e no mundo? Qual seria a estratégia de ação?
©
sh
ut
te
rs
to
ck
A Questão Social na Sociedade Capitalista
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
53
do final de século XIX (Europa e Estados Unidos), e no Brasil a partir de 1930. 
Porém, devemos estar atentos para que não 
reduzamos as políticas sociais apenas ao ângulo da 
reprodução da exploração capitalista, temos ainda 
que considerar a realidade da correlação de forças 
sociais existentes, e até mesmo da contradição visí-
vel do próprio sistema. A classe trabalhadora deve 
ser vista como sujeito, como ator e protagonista, 
uma vez que buscam seus direitos, que se criem e 
se efetive as políticas sociais criadas para respon-
der a demanda surgida a partir do agravamento 
das questões sociais.
Quando falamos na ação do Estado na elabo-
ração de políticas sociais não podemos concebê-la unicamente como uma ação 
autônoma e beneficente deste, tais ações revelam muitas vezes “[...] o resultado 
de concretas, prolongadas e muitas vezes violentas demandas das classes popu-
lares” (VILAS, 1978, p. 7).
Vamos dar início a nossa reflexão acerca da questão social no Brasil, é neces-
sário que isto dê de forma tranquila, logo se algo ficar meio confuso em seu 
entendimento recorra a outras fontes de pesquisa, socialize suas dúvidas, enfim, 
não deixe isto incomodando você.
 Nosso país mesmo possuindo muitos pontos semelhantes com a história de 
outros países, nós temos que reconhecer que no Brasil não havia entre a popu-
lação a tradição de luta pelos direitos de cidadania, o Estado não tinha como 
missão administrar os bens e riquezas acumulados de maneira a distribuir entre 
seus cidadãos, como acontecia em outros países.
No Brasil, nossas políticas sociais e assim também o serviço social foram 
implantados no século XX, por volta de 1930, e as condições que isto ocorreu 
diz respeito a características muito diversas, este processo de entendimento nos 
possibilitará conhecer o passado para compreender melhor o presente, pensando 
e propondo um outro futuro, concordam?
Sendo assim, vamos avançar mais um pouco.
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E54
A QUESTÃO SOCIAL NO PROCESSO DE 
INDUSTRIALIZAÇÃO DO BRASIL
De início, ao pesquisar a realidade socioeconômica do Brasil, percebemos que 
havia muitas aproximações com a realidade inglesa, explicitadas no capítulo 
anterior, tais como:
Figura 2 - Aproximações entre a realidade Inglesa e o Brasil
Aproximações entre a 
realidade Inglesa e a do Brasil
Longas jornadas sob situações insalubres.
Disciplina rígida, ameaça, multas e 
dispensas.
Utilização de crianças e mulheres com 
salários mais baixos.
Viviam nos bairros fabris, em precárias 
habitações coletivas (cortiços) ou em vilas 
controladas pelos patrões.
Fonte: a autora (2016).
Podemos constatar que o povo brasileiro sempre devotou muita esperança nos 
processos de mudança no país, assim aconteceu com a Proclamação da República 
em 15/11/1889, onde os setores populares esperavam mudanças profundas na 
sociedade brasileira - maior participação política, melhorias sociais e econômi-
cas para os mais desfavorecidos. O que não se concretizou como bem pudemos 
perceber na história da pós-proclamação.
Começamos nosso estudo analisando o Brasil na década de 30 (século 
XX), neste período, também surge no a profissão de Serviço Social (estudo este 
que vocês estão fazendo na disciplina de Fundamentos Históricos e Teórico-
Metodológicos do Serviço Social).
A Questão Social no Processo de Industrialização do Brasil
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
55
Neste período, o país passava por uma intensificação do seu processo de 
industrialização rumo ao desenvolvimento econômico, social, político e cultu-
ral. Período este marcante na história do país.
Muitos autores citam a Revolução de 1930 como um marco divisório na 
história do Brasil, sendo a passagem da vigência do sistema agrário-comercial, 
amplamente vinculado ao capitalismo internacional, e a do sistema urbano-indus-
trial, voltado para o mercado interno, que emergia paulatinamente, encontrando 
bases cada vez mais sólidas de expansão.
Saiba que antes de 1930, a industrialização ainda estava em seu início, logo, 
a gama de proletariado ainda era muito menor, contudo, a questão social, já era 
bem visível, mas de forma mais local.
Os trabalhadores da época exerciam seus ofícios em condições precárias, e 
sob um nível de tensão muito grande. Nesta época, o Brasil não contava com 
uma legislação trabalhista, o que dificultava muito as condições para a classe.
Com o desenvolvimento em pleno andamento, acabou por refletir (de certa 
forma) em um aumento da renda per capita; dos salários e por consequência: 
aumento no consumo. Essa realidade acabou por gerar um crescimento da 
população urbana.
Com esta demanda das expressões da questão social em pleno crescimento, por 
conta da deficiência do planejamento, da forte saída das famílias do campo para 
irem atrás de melhores condições de vida na cidade, os problemas se agravavam 
na área da saúde, habitação, educação, infraestrutura, assistência, saneamento, 
entre outras problemáticas.
Por que dizemos que este processo de desenvolvimento industrial no Brasil, 
gerou expansão econômica e ao mesmo tempo provocou o agravamento 
de algumas questões sociais?
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E56
Vamos entendendo um pouco mais do que acontecia no país? Aumentando 
a concentração de renda desigual, aumenta também as insatisfações nas relações 
trabalhistas, gerando tensão e agravamento da questão social.
A Constituição Brasileira de 1891 revela uma concepção liberal na qual se 
percebia a negação do Estado em intervir diretamente nos conflitos entre patrões 
e empregados e se opunha a realizações sociais distributivas de caráter obrigatório. 
A sua atuação se dava apenas na regulação das forças econômicas: admi-
nistração, cobrança de impostos, fornecendo meios de comunicação, meios de 
transportes mais em conta para que as mercadorias pudessem circular.
Assim, a questão social está inserida no contexto que podemos compreender 
como o empobrecer constante da classe trabalhadora, a partir do surgimento, 
expansão e solidificação do sistema capitalista a partir do século XIX. Até este 
século (XIX), o homem estava diretamente ligado a terra (trabalhava nela), e 
assim não podia ser expulso, mesmo com a pobreza instalada ali, estava “seguro”. 
Constata-se, entretanto que a partir de então se tem início a luta pela instaura-
ção dos direitos sociais, bem como políticas públicas que correspondessem a 
toda esta demanda da população, vê-se um movimento rumo a efetivação de 
uma cidadania social. 
O capitalismo chega e gradativamente vai sufocando essa mínima “proteção 
social”, criando na sociedade (à base de seus ideiais) uma leva de excluídos que 
até hoje só aumenta. Com o “Estado de Bem-Estar Social” consegue a partir das 
reivindicações dos trabalhadores e aliados, certa estabilidade social, a partir da 
legalização dos direitos econômicos e dos direitos, porém com o advento do neo-
liberalismo provocou-se outra tragédia social: aqueles trabalhadores que foram 
expulsos das terras onde trabalhavam, onde conseguiam um mínimo de proteção 
social por parte do Estado,perdem tudo, ficam sem propriedade e desamparados 
pelos direitos sociais e econômicos, surgindo assim os proletários do século XX.
A Questão Social no Processo de Industrialização do Brasil
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
57
A atuação da Igreja Católica nesse processo histórico: É importante conside-
rar a estreita relação existente entre a hierarquia católica com Roma (Papa) e a 
influência dos E.U.A. com essa hierarquia central. Alguns aspectos podem ser 
apontados como condicionadores do movimento de reação da igreja católica: 
 ■ A reforma protestante nos países da Europa.
 ■ A perda de sua hegemonia no que se refere à visão de mundo.
 ■ Preocupação com a ideologia anarquista/comunista que se propagava 
no meio operário.
Será a partir destes aspectos que dará o movimento de “recatolização da nação”: 
a igreja começa a ter uma preocupação em assumir uma intervenção face à 
questão social; vale a pena ressaltar o estreito colaboracionaismo entre Igreja 
Católica brasileira e as autoridades constituídas. As formas de enfrentamento 
da questão social pela igreja em nenhum momento colidirão com os interesses 
do Estado brasileiro.
No decorrer da década de 20, perante a movimentação da classe operária, a 
igreja reforça o apelo à manutenção da ordem e o respeito à hierarquia.
No transcorrer da década de 30, o proletariado já se apresenta com um maior 
peso numérico e organizativo, desenvolvimento esse que ocorre concomitante 
ao crescimento da indústria na economia brasileira. No início dessa década e a 
partir da crise mundial de 1929, começa a ocorrer uma nova configuração polí-
tica onde a burguesia agrária – apesar de continuar a ter o peso na economia, 
começa a perder poder político-econômico para a burguesia industrial. 
Estado de Bem-Estar Social: é um tipo de organização política e econômica 
que coloca o Estado (país) como agente da promoção (protetor e defensor) 
social e organizador da economia. Nesta orientação, o Estado é o agente 
regulamentador de toda vida e saúde social, política e econômica do país 
em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes, de 
acordo com a nação em questão. Cabe ao Estado do Bem-Estar Social garan-
tir serviços públicos e proteção à população.
Fonte: Sucaiar (2011, on-line)1.
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E58
Existe neste momento a conjuntura política e social presente nesse momento 
– a crise de hegemonia entre as frações burguesas e a movimentação das classes 
subalternas. Esta situação abriu à igreja um enorme campo de intervenção na 
vida social (movimento político-militar que pôs fim a República Velha).
O novo bloco no poder buscou o apoio da hierarquia da igreja (visto seu 
compromisso com as forças anteriores) oferecendo em troca o ensino religioso 
nas escolas. Esse período correspondeu a uma situação de ambiguidade, onde 
ambos – Igreja e Estado – unidos pela preocupação comum de resguardar e con-
solidar a ordem e a disciplina social se mobilizará para estabelecer mecanismos 
de influência e controle. A igreja se lançou à mobilização da opinião pública cató-
lica e à reorganização em escala ampliada do movimento católico leigo.
A partir de 1932 dá-se a ampliação da intervenção do movimento católico 
laico, via:
 ■ Ação universitária católica.
 ■ Instituto de estudos superiores.
 ■ Associação das bibliotecas católicas.
 ■ Liga eleitoral católica.
A visão de sociedade (Deus é fonte de toda justiça, e apenas uma socie-
dade baseada nos princípios da cristandade pode realizar a justiça social) 
que a Igreja assume, sofre influência direta da perspectiva positivista, 
ou seja, é visualizada enquanto um todo unificado por meio das cone-
xões, tradições, dogmas e princípios morais de que ela é depositária. 
Indivíduos e fenômenos sociais coexistem. Em coesão orgânica com 
a sociedade em sua totalidade. O que podemos então dizer das re-
lações entre Igreja e Estado: à Igreja cabia a tarefa de reunificação e 
Considerando este contexto, como se dá a resposta da Igreja aos problemas 
sociais no período em questão? E nos dias atuais? 
A Questão Social no Processo de Industrialização do Brasil
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
59
recristianização da sociedade burguesa. Concluindo pelo alinhamento 
doutrinário do Estado laico ao direito natural, orientado por suas nor-
mas transcendentes (IAMAMOTO; CARVALHO, 2007, p. 156).
A Igreja visava apasiguar os conflitos entre as classes (proletariado e burguesia), 
ordenando e harmonizando as relações de produção. Para tanto na Assembleia 
Constituinte de 1933, a Igreja Católica assume uma expressiva bancada, obtida 
por meio de seus eixos políticos e mobilizações junto aos eleitores católicos. 
Assim, a bancada católica estaria a defender os interesses católicos, já que encon-
trava no espaço onde as leis são construídas. 
A estratégia da Igreja é o de investir no desenvolvimento do movimento 
laico, visando fortalecer sua linha de Ação Católica (Apostulado Social). Para 
tanto, aposta na organização da juventude católica para atuar junto à classe 
operária:
Juventude Operária Católica (JOC).
Juventude Universitária Católica (JUC).
Juventude Estudantil Católica (JEC).
Juventude Industrial Católica (JIC).
Juventude Feminina Católica (JFC).
O Centro de Estudos e Ação Social (Ceas) de São Paulo foi a manifestação 
original do Serviço Social no Brasil, no ano de 1932. Seu objetivo foi o de ca-
pacitar tecnicamente a prestação de assistência, seu público seria de jovens 
católicos que compunham as diferentes frações das classes emergentes.
Vale observar que a Igreja recomenda a tutela estatal para a classe operária, 
ao mesmo tempo em que reclama liberdade de ação para o desenvolvimen-
to de sua ação e o subsídio do estado para ela.
Fonte: Iamamoto e Carvalho (2007).
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E60
A QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL NAS DÉCADAS DE 
20 E 30 (SÉCULO XX)
O trabalho assalariado é uma das características presente no sistema capita-
lista de produção, como já dissemos várias vezes ao longo deste texto, a mão de 
obra é uma mercadoria, o homem vende sua força de trabalho em troca de uma 
remuneração, que visa garantir a sua subsistência e sanar suas necessidades. 
Creio que isto já tenha sido assimilado por você, a questão agora é que você 
consiga além de compreender esta situação, seja capaz de estabelecer relações 
entre as diversas expressões da questão social e as discrepâncias existentes na 
relação capital X trabalho.
A relação burguês X proletário é dotada de interesses contraditórios, o que 
obriga que sejam tomadas medidas no sentido de controle social, principalmente 
no que diz respeito à exploração da força de trabalho.
Retomando alguns conceitos e ideias, pois esse processo de retomada sempre 
nos possibilita a fixação da informação, bem como um olhar mais aprofundando 
sobre aquilo que está em pauta, não é mesmo? 
Sendo assim, veja bem: no início do século XX inexistia uma legislação 
trabalhista, ou seja, normas e regras que mediassem esta relação entre patrão e 
empregado, esta inexistência torna ainda mais claro as desigualdades oriundas 
da exploração que visava atender a máxima capitalista de se “obter mais lucro 
e se reduzir as despesas”. Torna visível ainda o agravamentodas problemáticas 
sociais, o que podemos chamar de sequelas sociais, por exemplo, a exploração 
da mão de obra infantil, longas jornadas de trabalhos sem remuneração extra, 
condições insalubres de trabalhos.
Entre os anos de 1917-1920, o anarquismo (tendência política trazida pelo 
operariado europeu do Brasil) enquanto, força política-ideológica, é presente no 
cenário brasileiro. A densidade das manifestações tornou visível para a bur-
guesia, a organização dos trabalhadores na luta pela melhoria das condições 
de vida e trabalho.
Faz-se necessário reforçar a incapacidade do Estado em encontrar saídas 
para as problemáticas instauradas no país, muito menos a proposição de políticas 
sociais que visassem minimizar ou sanar esta superexploração, presente no país.
A Questão Social no Brasil nas Décadas de 20 e 30 (Século XX)
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
61
No período entre 1910-1920, o proletariado (predominantemente de origem 
europeia - italianos, alemãs, portugueses etc.) encontrava-se ainda numerica-
mente fragilizado, em sua grande maioria, é o trabalhador oriundo do campo que 
vem “engrossar” essa nascente classe; o perfil ideológico desses ex-campesinos 
– agora trabalhador urbano – em nada lembra a identidade dos trabalhadores 
imigrantes no que se refere a sua história de lutas na Europa. 
Você consegue compreender que mesmo as problemáticas sendo similares, 
o perfil dos trabalhadores são diferentes em diversos países? O que gera perfis 
diferentes de expressões das problemáticas existentes?
A burguesia (sua fração industrial) utilizava a estratégia de negar as reivindi-
cações do proletariado, desrespeitando os acordos e utilizando o aparato policial 
(questão social como caso de polícia, que veremos mais adiante) no enfrenta-
mento das manifestações dos trabalhadores.
A tática de alguns empresários resultou na construção de uma “política 
assistencialista”: as vilas operárias, as creches, as escolas, no entanto, havia rebai-
xamento salarial, controle de tempo “livre” do trabalhador e um condicionamento 
do bom comportamento para acesso a esses salários indiretos. O objetivo dessas 
estratégias era o de aliar o controle sócio-político ao incremento da produtivi-
dade, por meio do aumento da taxa de exploração. Não há nenhum sentido de 
redistribuição nessa política e sim, o intuito de melhorar as condições gerais de 
acumulação capitalista.
Mesmo que muitos indivíduos julgassem tais práticas de extremo valor, pre-
ocupação com a qualidade de vida do trabalhador, solidariedade, altruísmo e 
compaixão por parte dos patrões, percebe-se, claramente, o caráter ideológico 
e repressivo de tais ações. O ato de manter os trabalhadores e suas famílias nas 
vilas operárias sob o olhar constante dos patrões ou “funcionários de confiança”, 
Hoje como se encontra a atuação do Estado frente às questões sociais exis-
tentes em nosso país? Quais alternativas estão sendo buscadas para que 
amenize/resolva as diversas problemáticas sociais existentes?
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E62
revela o autoritarismo e, também, a insegurança quanto aos processos reivindi-
catórios dos trabalhadores, tudo chegava aos ouvidos da chefia.
Sendo assim, a partir do momento em tentamos sintetizar os principais fatos que 
ocorreram no Brasil no período que compreende entre 1930 e 1960 tem-se em 
linhas gerais os seguintes acontecimentos (claro que existiram muitos outros, 
mas apontamos os mais significativos):
1. O país se consolida como Estado/Nação.
2. Caem por terra as oligarquias rurais, principalmente em São Paulo e 
Minas Gerais. 
3. Neste período também tem se a instalação do governo, nacionalistas, inte-
gralistas, ditatoriais, provisórios e democráticos. 
4. A consolidação do Parque Industrial Nacional. 
5. O estabelecimento de Leis Trabalhistas (urbanas e rurais).
6. A elaboração e promulgação das Constituições Brasileiras. 
7. A organização sindical.
8. O crescimento da população urbana.
9. Os incentivos governamentais à ocupação dos vazios demográficos do 
centro-oeste e norte do país, com a constituição de colônias agrícolas.
10. Eleições.
Ainda hoje, século XXI, temos informações da existência de vilas operárias 
no Brasil, talvez o sentido de sua existência tenha mudado, bem como a 
maneira de condução da comunidade que ali se forma, mas o interessante é 
que se você tiver acesso a uma destas vilas, procure conhecer sua história e 
como foi o seu desenvolvimento.
A Questão Social no Brasil nas Décadas de 20 e 30 (Século XX)
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
63
11. Golpes de estado. 
12. Ditaduras.
13. Mudanças de regime governamental.
14. Crises econômicas.
15. Investimentos do capital internacional no país.
16. Crises sociais, entre outros.
Apesar de multiplicidade de acontecimentos, as desigualdades sociais do país não 
se alteraram de forma significativa. No meio rural ocorreram tentativas gover-
namentais de alteração da estrutura fundiária do país, essas tentativas constam 
nas Constituições Nacionais de 1934 (estabelecidas às normas fundamentais de 
Direito Rural, código Rural) e 1946 (estabelecido o direito rural e a desapropria-
ção por interesse social).
 Foi contra a ascensão do capitalismo, como modo de vida – isto é, como um 
novo tipo de civilização na qual tudo se compra e tudo se vende – que se afirma-
ram os direitos econômicos e sociais, assim como os direitos individuais foram 
reconhecidos e garantidos contra o feudalismo.
Desapropriação por interesse Social: A terra deve atender à necessidade dos 
agricultores, buscando uma maior justiça social e o entrosamento mais per-
feito entre as normas jurídicas e a realidade agrária do Brasil.
Fonte: Kraemer (2006, on-line)2.
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E64
Para Coutinho (1992, p. 13):
Superar a alienção econômica é condição necessária, mas não suficien-
te, para a realização integral das potencialidades abertas pela crescente 
socialização do homem; essa realização implica também o fim da alie-
nação política, o que, no limite; torna-se realidade mediante a reabsor-
ção dos aparelhos estatais pela sociedade que os produziu e da qual eles 
se alienaram.
Observando o raciocínio de Coutinho (1992), podemos perceber que o sistema 
de poder quando centralizado por muito tempo impede o processo de experi-
ências democráticas efetivas.
Os burgueses queriam a liberdade de associação para eles, mas não para os 
trabalhadores - e sabiam que estavam exteriorizando uma contradição injusta, 
do ponto de vista ético e jurídico. 
No Brasil nunca tivemos uma revolução burguesa, mas é fato que em 
nosso país os direitos sociais nunca estiveram acima dos políticos.
Conseguimos a conquista do sufrágio universal, porém uma ilusão de que 
haveria o respeito pela opinião do cidadão; houve sim um desrespeito a digni-
dade do homem das suas diversas esferas, frente ao falso direito de opinião acerca 
das escolhas nas eleições que ocorriam.
Uma questão é possível: enquanto o capitalismo continuar como está, com 
todos os seus abusos, incoerências e falso moralismo, é muito provável que 
nossa humanidade demorará a alcançar a tão sonhada igualdade de direitos 
sociais, direitos econômicos, direito humanos etc. 
A Questão Social no Brasil nasDécadas de 20 e 30 (Século XX)
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
65
Desde a década de 1910, entretanto, enquanto o processo de industria-
lização se acelerava, o movimento operário procurava obter dos empre-
sários e dos políticos algum tipo de proteção ao trabalho que levasse à 
criação de uma legislação social no país. Foi só a partir de 1930, no en-
tanto, que essa legislação passou a ser realmente implementada, tanto 
na área trabalhista quanto na previdenciária (FGV..., on-line)4. 
No Brasil foi registrado um forte índice de expansão industriário, enquanto 
mundialmente ocorria a Primeira Guerra Mundial, pois, nesse cenário o comér-
cio mundial enfrentava crise. Vemos o aumento das atividades industriais, bem 
como a organização dos trabalhadores, fortalecendo o movimento operário. 
Entre 1917 e 1920 inúmeras greves foram decretadas nos principais 
centros urbanos do país. Em decorrência, o debate sobre a questão so-
cial e sobre as medidas necessárias para enfrentá-la ganhou considerá-
vel espaço no cenário político nacional (FGV..., on-line)4. 
Sufrágio universal 
[...] o melhor e mais didático meio de entender o que é o sufrágio está des-
crito como “o direito de votar e ser votado”. O sufrágio para a democracia 
deve revelar-se como a vontade do povo, a verdadeira participação da so-
ciedade na vida política e nas decisões tomadas pelo governo, não existindo 
limitações fundadas em descriminações sociais, raciais, intelectuais, de sexo, 
cor e/ou idade. Porém, esta participação política apesar da ideia de amplitu-
de contida na nomenclatura da palavra “povo”, é restrita aos denominados 
cidadãos. E quem são os cidadãos? Seriam aqueles detentores de direitos 
políticos. 
[...] a cidadania é garantida aos que exercem os seus direitos políticos na for-
ma da capacidade eleitoral ativa, podendo votar e escolher seus governan-
tes, ou por meio da capacidade eleitoral passiva que é a capacidade de ser 
eleito, de concorrer a um cargo eletivo e político. Enfim, o sufrágio universal 
é o direito de votar e ser votado inerente a todos os indivíduos da sociedade, 
desde que respeitadas às restrições trazidas pela Constituição Federal com 
o intuito apenas de garantir a mínima capacidade possível para aqueles que 
participarão do processo eleitoral, os chamados cidadãos.
Fonte: Nascimento (2013, on-line)3.
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E66
O objetivo dos trabalhadores era melhorar as condições de vida, de trabalho e 
salário. Enquanto os patrões até consideravam a possibilidade de certas conces-
sões ao trabalhador, com a intenção de manter garantido o processo de produção 
e aumento de capital, e também como forma de acalmar os ânimos exaltados 
dos trabalhadores. 
De acordo com Cerqueira Filho (1982), a partir de estudos acaba por afirmar 
que foi o surgimento da classe operária que impôs ao mundo moderno, no curso 
da constituição da sociedade capitalista, um conjunto de problemas políticos, 
sociais e econômicos. Em que o conflito capital X trabalho acaba representando 
além de um problema econômico, um problema político, expressando-se por 
meio da relação dominante X dominado.
A questão social que aparece no Brasil de forma mais evidenciada no final 
do século XX, em meio a um processo de industrialização, como, já falamos, 
anteriormente.
A questão social permanece por várias décadas na ilegalidade, por isso, foi 
formulada como desordem, criminalizando o sujeito e enfrentada via apare-
lhos repressivos do Estado (polícia civil, militar etc.) em resposta a demanda 
por segurança.
Assim, entendia-se que a questão social era caso de polícia.
[...] a ‘questão social’ não aparecia no discurso dominante senão como 
fato excepcional e episódico, não porque não existisse já, mas porque 
não tinha condições de se impor como questão inscrita no pensamento 
dominante. [...] a ‘questão social’ ganhava ruas e avenidas; o número 
cada vez maior de operários se encarregava de conferir ao problema a 
dimensão e o eco que as classes dominantes não se cansavam de tentar 
diminuir (CERQUEIRA FILHO, 1982, p. 59, grifos do autor).
“Questão social é caso de polícia”. Assim, o ex-presidente brasileiro Washin-
gton Luís resumiu a postura que adotava contra os incipientes movimentos 
sociais que incomodavam seu governo, de 1926 a 1930.
Fonte: Santos (2014, on-line)5.
A Questão Social no Brasil nas Décadas de 20 e 30 (Século XX)
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
67
Quando falamos na questão social como “caso de polícia”, podemos visualizar 
os seguintes pontos:
Quadro 1 - Questão Social - Caso de Polícia
1. Os pobres no início da 
República eram presos 
porque eram pobres.
2. Havia uma “interven-
ção repressiva” pelo 
aparelho do Estado 
(polícia civil, militar, etc.) 
Garantia de segurança 
para a burguesia em que 
fosse “à tiro”.
3. Ser pobre era uma con-
travenção, uma disfunção 
social; ameaça à classe 
dominante.
4- O comportamento do 
pobre era considerado 
fora dos padrões da nor-
malidade. Os programas 
destinados à população 
mais necessitada, tinha 
como objetivo torná-los 
dóceis, adestrados para 
que assim pudessem 
viver em sociedade.
5. A questão social era 
chamada de “caso de 
polícia”porque a classe 
dominante não se via 
como responsável pelos 
problemas e se achando 
superior dariam conta de 
tudo por meio da inter-
venção policial.
6. A pobreza não foi 
problematizada até 
1930 (não buscava se 
saber quais as causas, as 
origens, de tantos pro-
blemas sociais, mesmo 
que isto ficasse claro e 
evidente que isto se dava 
por conta das relações 
exploratórias do capitalis-
mo que se implantava).
Fonte: a autora (2016).
A classe dominante detendo também o poder político não se importava com as 
questões sociais, logo, estas não eram tratadas, nem encaradas como “caso de 
política” (1890-1930).
Logo, na expressão: “Questão Social é Caso de Polícia” é um claro reve-
lador do poder, de forma absoluta e caricata (repressiva ao máximo), da classe 
burguesa na sociedade brasileira da época.
Em seguida, após 1930, o governo de Getúlio Vargas “[...] aprofundará o tra-
tamento da ‘questão social’ como uma problemática nova, isto é, que recebe um 
tratamento novo na ótica dos grupos dominantes. O problema será tratado por 
novos aparelhos de Estado e a ‘questão social’ será reconhecida como legítima”. 
(CERQUEIRA FILHO, 1982, p. 75, grifos do autor).
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E68
O governo populista, que assumiu o poder logo após a Revolução de 1930, 
reconhece a existência da questão social e suas expressões, que passa a ser con-
cebida como uma “questão política” (1930-1937), a ser enfrentada e resolvida 
pelo Estado.
A questão social no Brasil, a partir dos anos 30, passou a ser vista e tratada 
como um “caso de política”, contrariamente ao período da República Velha, 
quando a mesma foi tratada e percebida como um “caso de polícia”, pois nos 
anos 30 o que se observou foi a intervenção estatal no mundo do trabalho, que 
se materializou por meio da política social trabalhista.
 A questão social deixa de ser vista como ILEGAL, a partir do momento em 
que o Estado perturbado pelas ações das classes pró-conservação, pró-mudança 
ou emancipação deixou a ilegalidade após os anos 30 passandoa ser reconhe-
cida no pensamento político sob postulados liberais-democratas como questão 
de política. Como nova problemática surgida nas relações entre capital e trabalho 
no processo de industrialização e, sob o padrão de substituição de importações, 
a questão social desponta como expressão das contradições que não mais pode-
riam ser subtraídas ou combatidas pela polícia (ARCOVERDE, 1999).
Caso de política: a radicalização política da década de 30/37:
Quadro 2 - Questão Social - Caso de Política
1. Após 1930, Vargas 
aprofunda o tratamento 
da questão social como 
problemática nova, rece-
be tratamento novo na 
ótica dos grupos domi-
nantes.
2. O problema será trata-
do por novos aparelhos 
de Estado e a questão 
social será reconhecida 
como legítima.
3. A carência de leis, direi-
tos e a frágil organização 
operária permitiram 
que o Estado passasse à 
condição de árbitro, me-
diando as relações entre 
capital e trabalho.
4. Aumento da pobreza 
exige maior atenção por 
parte do Estado.
5. Assistência social deixa 
de ser simplesmente 
filantrópica(não comple-
tamente) fazendo parte 
cada vez mais da relação 
social da produção
Fonte: a autora (2016).
A Questão Social no Brasil nas Décadas de 20 e 30 (Século XX)
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
69
Neste período, alguns enfrentamentos da questão social foram feitos no Brasil, 
alguns podemos perceber seus reflexos até hoje, outros foram modificados e 
outros nem existem mais, contudo, vale ressaltar, que foram “soluções” possíveis 
naquela época, aquilo que foi pensado e que poderia ser executado. É possível 
que você esteja pensando: mas se podia fazer muito mais, por que não fizeram? 
Então eu pergunto à você: as medidas de enfrentamento às expressões da 
questão social são suficiente, eficazes? Contamos com estudiosos capacitados, 
analistas que são referências mundiais, por que, então, avançamos tão pouco 
em termos de melhorias da condição de vida da população? Não falo apenas de 
saúde, falo de habitação, educação, moradia, acesso a direitos, garantia de direito, 
por que, então, temos tanta violência, corrupção, tráfico?
 Mas voltando as medidas de enfrentamento da questão social da época em 
questão temos:
1. Programas na perspectiva de adestrar os pobres tornando-os mais dóceis, 
mais resignados com aquilo que a sociedade lhes oferecia.
2. “Cidadania regulada” – era compreendido como cidadão aquele que tra-
balhasse em uma profissão reconhecida pelo estado, algo que também se 
estendeu ao sindicato.
3. Criação de serviços, projetos e programas para cada necessidade, problema 
ou faixa etária, o que acabou compondo uma prática setorizada, fragmen-
tada e descontínua, o que Mestriner (2001) chama de retalhamento social.
4. Assim, o governo atraiu o apoio dos trabalhadores, controlou o movi-
mento operário para evitar a expansão das ideias de esquerda e criou 
condições para o desenvolvimento industrial sob a égide do nacionalismo.
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E70
No período que compreende 1937 a 1947, a questão social volta a ser enten-
dida como Caso de Polícia (outra vez).
[...] ao dizermos que após 1937 a ‘questão social’ volta a ser tratada 
como caso de policia (em uma alusão ao período anterior a 1930) de-
vemos ter em mente os efeitos repressivos dos aparelhos de Estado na 
legalização/legitimação da ‘questão social’. Esses efeitos repressivos de-
vem ser buscados naquilo que é específico do discurso político que ori-
ginalmente produz a legalização da ‘questão social’: o corporativismo 
(CERQUEIRA FILHO, 1982, p. 131).
Neste contexto da história do país, Getúlio Vargas tratou a questão social como 
questão política, estabeleceu uma política governamental específica e uma relação 
paternalista com as massas operárias urbanas. Usando os meios de comunica-
ção, difundindo uma imagem de pai dos pobres (que revela e fortalece junto a 
população o seu poder pessoal). A partir das medidas adotadas procura ocultar a 
problemática dos conflitos sociais (amortecer = ocultar), podemos contatar que 
as soluções trabalhistas estavam sob a ótica dos grupos dominantes.
Contudo, seu governo agia de forma a conduzir a uma centralização política 
e administrativa, denotando a intervenção de um Estado autoritário (investir na 
“Cidadania Regulada”: eram cidadãos todos aqueles com ocupações ou pro-
fissões reconhecidas e definidas por lei, ou seja, quem estava inserido no 
mercado formal de trabalho. O Estado “definia quem era e quem não era 
cidadão, via profissão.” Mais tarde, essa distinção passou a ser feita via salário 
(SANTOS, 1987, p. 70). 
[...] 
Nos anos 80, a crise econômica e a democratização impulsionaram a crítica 
e o rompimento com o caráter excludente do modelo anterior. O modelo 
universalista, de cidadania plena, “nasce a partir do momento em que se 
identifica trabalhador como cidadão, onde o estatuto do trabalho passa 
a abranger toda a sociedade, os laços de regulação formal estendem-se a 
toda a sociedade [...]” (MÉDICI, 1994, p. 220).
Fonte: Santos (1987, p. 70) e Médici (1994, p. 220). 
A Questão Social no Brasil nas Décadas de 20 e 30 (Século XX)
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
71
industrialização e fortalecer a burguesia).
Como a questão social já havia sido legitimada, anteriormente, agora, a 
maneira de repressão se manifesta na cuidadosa elaboração da legislação traba-
lhista (CLT 1943), por exemplo:
1. Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (26/11/1930) para regular 
por meio de legislação específica e sob a hegemonia do Estado as rela-
ções entre operários e trabalhadores urbanos e patrões.
2. Questão Social equacionada por meio do Ministério do Trabalho.
3. Salário mínimo – 1940/Jornada de 8 horas; férias remuneradas; institu-
tos de aposentadorias e pensões; estabilidade no emprego; indenização 
por dispensa sem justa causa; regulamentação do trabalho de mulheres e 
menores; convenção coletiva do trabalho; Justiça do trabalho - 1939; Tri-
bunal Superior do Trabalho (TST); Juntas de Conciliação e Julgamento.
4. Justiça do Trabalho - arbitrar conflitos entre patrões e empregados (1934 
– vigora em 1943).
5. Instituiu uma extensa legislação de caráter assistencialista para o prole-
tariado urbano, apresentando-se como doador.
6. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – 1943 - Sindicatos subor-
dinados ao governo.
7. As greves foram proibidas e foi criado o salário mínimo (1940).
8. Se por um lado estas medidas revelam uma efetiva na melhora no tra-
tamento da “questão social”, por outro elas apontavam na direção da 
intervenção do Estado no movimento sindical.
A partir do momento em que a questão social passa a ser encarada como ques-
tão de política, o seu enfrentamento obriga os poderes públicos a intervirem 
nas questões, bem como na criação de órgãos públicos ligados a mesma. Muitas 
vezes tido como instrumento de controle.
O pensamento contrário à impossibilidade de abandono do mercado de 
trabalho à autorregulação, em determinados momentos de crise e debilidade 
política, encontra na teoria intervencionista do Estado, via legislação, a solução. 
Tudo não se dá ou se passa sem a participação das classes em movimento.
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E72
CONSIDERAÇÕES FINAISTemos marcado em nossa história a luta de um povo pela conquista de seus 
direitos, porém muito se tem a fazer, não desmerecendo o muito já conquistado.
Marcados por políticos que atendem as exigências da burguesia, temos polí-
ticas voltadas a atender aos anseios desta parcela da população, que em menor 
número concentra a riqueza e o poder de toda uma nação.
O Brasil é marcado por desigualdades gritantes, saltada aos olhos desde a 
chegada de Portugal às nossas terras. Desigualdades que foram assumindo novas 
formas, novas roupagens, mas que nunca deixaram de existir.
Porém, não descartamos a característica que move a força popular, a luta 
pela mudança e pelo enfrentamento das questões sociais, é possível visualizar 
inúmeras categorias profissionais que se empenham na discussão e proposição 
de alternativas que colocam o ser humano em primeiro lugar e atender a neces-
sidade humana básica. Não dizemos aqui que o capital não é importante, ele é, 
mas este está para servir ao homem, e hoje o que presenciamos e sentimos na 
pele é exatamente o inverso: o homem serve ao capital.
Nesta unidade, passeamos brevemente pela historia do país a partir da 
década de 30, lemos mais sobre a Revolução de 30, que marca a história das 
relações no Brasil.
Entendemos como a questão social foi sendo tratada ao longo da história 
nacional e as ações de enfretamento adotadas. A presença de Getúlio Vargas que 
imprime um novo significado a questão social e as relações trabalhistas.
Tratamos das relações capitalistas e de como medidas empregadas por Getúlio 
Vargas ainda repercutem e marcam presença na atualidade.
Esta unidade serve de base para o entendimento das questões sociais hoje, 
e para a compreensão das políticas de enfrentamento que possuímos na atua-
lidade. Este estudo serviu além de tudo para que olhando o passado possamos 
estabelecer metas futuras e da mesma maneira, fazermos história.
73 
1. Para proteger a sociedade frente aos problemas relacionados à pobreza (in-
digência, doenças, degradação moral e “classes perigosas”), o Estado encara a 
questão social como Caso de Polícia, neste período da história brasileira, quais 
ações o Estado poderia realizar quando, por exemplo, encontrasse um “desocu-
pado” na rua? Assinale a alternativa correta:
a. Adotar e até premiar com uma renda fixa.
b. Prender e até matar.
c. Prender e até amar.
d. Prender, educar e matar.
e. Torturar, roubar e beneficiar.
2. Ao se estudar a questão social enquanto caso de política, percebemos um novo 
momento da realidade brasileira e suas problemáticas, este período ocorreu en-
tre os anos de 1930 e 1937, durante o Governo de Getúlio Vargas, Considerando 
este assunto, analise as alternativas. classificando como Verdadeira ou Falsa e, 
em seguida, assinale a alternativa correta:
( ) O período de 1930 e 1937 foi no Brasil um período de radicalização política. 
( ) O problema social será tratado por novos aparelhos de Estado e a questão 
social será reconhecida como legítima.
( ) O governo cria, neste período, condições para o desenvolvimento industrial 
sob a égide do nacionalismo.
( ) Assim o governo atraiu o apoio dos trabalhadores, controlou o movimento 
operário para evitar a expansão das ideias de esquerda.
( ) A partir desta compreensão (questão social como caso de política) ela passa 
a receber tratamento novo por parte dos grupos dominantes.
a. V – V – V – V.
b. F – V – V – V.
c. V – F – F – V.
d. V – V – F – V.
e. V – V – V – F.
74 
3. Por muito tempo a questão social foi tratada como caso de polícia, podiam-se 
ver os pobres no início da República sendo presos porque eram pobres. Assinale 
as alternativas que correspondem a esta afirmação, analisando as sentenças e 
marcando Verdadeiro ou Falso:
( ) O Estado não tinha nenhuma responsabilidade com eles, limitava-se a trans-
ferir para a iniciativa privada o atendimento dessa demanda.
( ) Os programas que atendiam a população pobre trabalhavam nas perspecti-
vas de adestrá-los, torná-los mais dóceis, mais resignados com aquilo que a so-
ciedade lhes oferecia.
( ) Todo comportamento reivindicatório do pobre era considerado uma contra-
venção e ele era preso. 
( ) Ser pobre era uma contravenção, seu comportamento era considerado um 
comportamento fora dos padrões da normalidade.
a. V – V – V – V.
b. F – V – V –V.
c. V – F – F –V.
d. V – V – F – V.
e. F – F – F – V.
4. Quando falamos que os pobres, no início da República, eram presos porque 
eram pobres e que ser pobre era uma contravenção, uma disfunção social ou 
que representava uma ameaça à classe dominante devendo ter a intervenção 
repressiva pelo aparelho do Estado (polícia civil, militar etc.), garantia de segu-
rança a burguesia, estamos falando de uma época no Brasil em que a Questão 
Social era considerada:
a. Caso de polícia.
b. Caso de política.
c. Caso de igreja.
d. Caso de poligamia.
e. Caso de governo federal. 
75 
5. Ao estudarmos a questão social no Brasil e como o mesmo foi sendo compreen-
dido e enfrentado pelo governo, assinale, qual foi o primeiro presidente brasilei-
ro a tratar a questão social como caso de política foi.
a. Fernando Collor de Mello.
b. Fernando Henrique Cardoso.
c. Dilma Rousseff.
d. Castello Branco.
e. Getúlio Vargas.
76 
NOVO CONTRATUALISMO E DIREITOS SOCIAIS – RELAÇÃO COM A EXCLUSÃO SO-
CIAL
Hoje, quando se discute no plano filosófico e acadêmico ou no plano operacional, con-
creto, a igualdade tem cada vez mais sido vinculada aos direitos, alçando um plano 
político que vem se erigindo desde a Grécia antiga. Os gregos, dentro de sua tradição 
democrática, instituíram três direitos fundamentais que definem o cidadão: liberdade, 
igualdade e participação no poder. A compreensão e o conteúdo destes três direitos 
não têm a mesma significação em diferentes tempos, sendo seu conteúdo determinado 
pela forma de organização da produção e reprodução da vida social e da qual decorre a 
própria instituição do Estado moderno e suas transformações.
Se para Aristóteles a noção de igualdade significava igualar os desiguais tanto pela re-
distribuição da riqueza social quanto pela participação no governo, para Locke (1993) 
a igualdade seria um direito natural, entre homens livre e o trabalho, origem e funda-
mento da propriedade privada. Marx apud Losurdo (1998) afirmará que a igualdade só 
se torna direito concreto quando forem eliminadas as diferenças de exploração e dado 
a cada um segundo suas necessidades e seu trabalho.
A trajetória dos direitos, desde sua gênese, em sociedades distintas, inclui o aspecto das 
relações de poder e da divisão de classe. Tais pressupostos, já consolidados pelo libe-
ralismo no final do século XVII, definem as próprias funções do Estado e sua separação 
da sociedade civil. Caberia ao Estado alertar e regular os conflitos por meio das leis e da 
força, não tendo interferência na sociedade civil, a qual regula o conjunto de relações 
econômicas e sociais. Assim: “[...] o centro da sociedade civil é apropriedade privada, 
que diferencia indivíduos, grupos e classes sociais, e o centro do Estado é a garantia 
desta propriedade, sem, contudo, mesclar política e sociedade” (CHAUÍ, 1999, p. 405). 
No pensamento liberal, portanto, são fortalecidas a diferença e a distância entre Estado 
e sociedade.
A noção de democracia apresenta-se, assim, apenas do ponto de vista formal e relati-
vo, mas não igualitário. Nesta matriz, somente o proprietário pode aspirar à cidadania, 
residindo nisto seu caráter excludente em que a cidadania não transcende o universo 
das classes detentoras dos meios de produção (ainda que os princípios do pensamento 
liberal burguês dos séculos XVIII e XIX não tivessem perdido seu valor, a inserção das 
massas na arena política ampliou a noção de democracia e, com isso, a possibilidadede 
instituição de novos direitos e a efetiva realização de alguns direitos até então formais). 
Tais princípios, ainda que ampliados, marcam a Declaração Universal dos Direitos do Ho-
mem e do Cidadão (Simionatto; Nogueira, 1999).
A Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão é, segundo Hobsbawm 
(1982, p. 77-80) “[...] um manifesto contra a sociedade hierárquica, de privilégios nobres, 
mas não um manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária”. Para o autor, 
ainda que o primeiro artigo da Declaração indique que “[...] os homens nascem e vivem 
iguais perante as leis [...]” observa-se a existência de distinções no “[...] terreno da utili-
77 
dade comum [...]” uma vez que esta se relaciona à própria proposta instituída como “[...] 
direito natural, sagrado, inalienável e inviolável”.
Hoje se reconhece que há o esgotamento de padrões de sociabilidade tradicionais, 
emergindo uma pluralidade intensa de interesses e demandas, em grande parte an-
tagônicas e diferenciadas. Na mesma tendência o papel do Estado-nação vem-se re-
modelando, ficando cada vez mais difícil manter os seus mecanismos reguladores das 
relações e ordenamento social, o que causa profundos desgastes no tecido social, com 
o esgarçamento contínuo dos direitos sociais.
No que se refere ao Estado, as mudanças que vêm sendo processadas em nível mundial 
se traduzem em alterações jurídico-formais nas mais diferentes áreas, reduzindo o papel 
estatal nos mecanismos de proteção social e alargando as fronteiras do espaço privado. 
Como consequência direta e objetiva da redução do espaço público há a redução de 
políticas sociais públicas.
Outro grande desafio, na área dos direitos, é a manutenção da garantia do direito ao 
trabalho. Castel et al. (1997) quando analisam a significação do trabalho nas sociedades 
modernas, não em uma relação apenas de produção, mas como uma ponte privilegia-
da de inserção na estrutura social, indicam o problema que é a desestabilização dos 
estáveis, aumentando os processos que alimentam a vulneralibidade social e no fim a 
desfiliação total. Parte da população mundial já não se enquadra nos direitos civis, fi-
cando à margem dos ideais do homem com direito à vida, à propriedade, à liberdade e 
à igualdade. 
[...]
As grandes diferenças sociais impedem que aqueles que estão na base da pirâmide te-
nham uma vida digna e exerçam seu direito de cidadania.
Então, o documento de cidadão não é o título de eleitor, mas a carteira de trabalho (COS-
TA, 1996). O direito ao trabalho e ao autossustento são inerentes à condição humana. 
De fato, um Estado pode ter leis que garantam os direitos civis, políticos e sociais, mas, 
se não houver pleno emprego, o direito à cidadania de uma parcela da população está 
sendo violado. Mas, a cidadania das pessoas não se esgota com o emprego. Como tudo 
que é humano, e a cidadania o é, evolui e exige cada vez mais.
Com o enfraquecimento da ação reguladora do Estado, os novos compromissos éticos e 
políticos assumidos pelas nações e o surgimento de novos atores sociais estão levando 
as sociedades a debaterem as origens das desigualdades e as formas de combatê-las. 
Tal preocupação se inscreve, ainda, se bem que em tempos recentes, nos formuladores 
da ordem política ocidental, isto é, as agências de fomento ao desenvolvimento social 
e financeiro.
[...] 
Fonte: Schwartz e Nogueira (2000, on-line, p.108-111)6.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Expressões da Pobreza no Brasil
Safi ra Bezerra Amman
Editora: Cortez
Sinopse: Em razão do acentuado destaque obtido pelo 
gênero feminino na pesquisa de campo, maioria dentre 
provedores dos lares e respondentes dos questionários, 
a autora antes de escrever este livro, tomou a decisão 
de realizar uma série de entrevistas com mulheres 
provenientes dos bairros pesquisados. A eleição destas 
seguiu aproximadamente os critérios de amostragem 
da pesquisa global. Dentre as aludidas entrevistas, a autora selecionou duas para constar deste texto, 
por retratarem de maneira mais viva e, contundente, a problemática das classes trabalhadoras e por 
representarem lições de autenticidade, de coragem e de clamor por justiça social.
Apresentação: Ao estudarmos a questão social no Brasil e os enfrentamentos acerca das problemáticas 
sociais, devemos também compreender do contexto político em que o país passava, isto também 
diz respeito as leis, para isto sugerimos a leitura deste breve texto que fala das Cartas Magnas que já 
existiram e como se con� guravam desde 1924 até 1988.
Disponível em: <www.vestibular1.com.br/revisao/constituicoes_1824_1988.doc>.
REFERÊNCIAS
79
ARCOVERDE, A. C. B. Questão social no Brasil e serviço social. In: Capacitação em 
Serviço Social e Política Social, Reprodução social, trabalho e Serviço Social. 
UnB, Centro de Educação Aberta, Continuada a Distância, módulo 2, 1999, p. 75-85.
CASTELO BRANCO, R. A “questão social” na origem do capitalismo: pauperismo 
e luta operária na teoria social de Marx e Engels. 2006. 164f. Dissertação (Mestrado 
em Serviço Social). Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Escola de Serviço Social, 
Rio de Janeiro, 2006.
CERQUEIRA FILHO, G. A. A questão social no Brasil: crítica do discurso político. Rio 
de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982.
COUTINHO, C. N. Democracia e socialismo. São Paulo: Cortez, 1992.
IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. Relações sociais e serviço social no Brasil: esbo-
ço de uma interpretação histórico-metodológica. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Martin Claret, 2004.
______. O Capital: crítica da economia política. [1867]. Livro I, volumes 1 e 2. O pro-
cesso de produção do capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
MESTRINER, M. L. O Estado entre a Filantropia e a assistência Social. São Paulo: 
Cortez, 2001.
VILAS, C. M. Política social, trabajo social y la cuestión del Estado. Acción Crítica, 
Lima: CELATS, n. 6, 1978.
MÉDICI, A. C. A seguridade social e a saúde. A Previdência Social e a revisão consti-
tucional Debates Brasília: Cepal, v. 2. 1994.
SANTOS, W. G. Cidadania e justiça: a política social na ordem brasileira. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Campus, 1987.
SANTOS, J. S. Particularidades da “questão social” no capitalismo brasileiro. Tese 
(Doutorado em Serviço Social) – Escola de Serviço Social, Universidade Federal do 
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. 
REFERÊNCIAS ON-LINE
1 - <www.dad.uem.br/especs/monosemad/trabalhos/_1320322371.doc>. Acesso 
em: 06 mai. 2016.
2 - <http://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/432/1/344975.pdf>. Acesso em: 06 
mai. 2016.
3 - <http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/sufr%C3%A1gio-universal-e-voto>. 
REFERÊNCIAS
Acesso em: 06 mai. 2016.
4 - <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos20/QuestaoSocial>. 
Acesso em: 31 mai. 2016.
5 - <http://www.academia.edu/14491834/REFLEX%C3%95ES_ACERCA_DOS_DIS-
CURSOS_DE_MEM%C3%93RIA_E_INVISIBILIZA%C3%87%C3%83O_SOBRE_DIREI-
TOS_HUMANOS_VIOL%C3%8ANCIA_E_DEMOCRACIA_NO_CONE_SUL_-_Andr%-
C3%A9_Leonardo_Copetti_Santos>. Acesso em: 06 mai. 2016.
6 - <http://periodicos.unb.br/index.php/SER_Social/article/view/233/381>. Acesso 
em: 09 mai. 2016.
7 – <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp062620.pdf>. Acesso 
em: 31 mai. 2016.
GABARITO
81
1. B
2. E
3. A
4. A
5. E
U
N
ID
A
D
E III
Professora Esp. Daniela Sikorski
CONCEITUANDO A 
QUESTÃO SOCIAL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Apresentar os conceitos e definições da questão social e nova 
questão social, suscitando no aluno a sua própria elaboração do 
conceito, partindo dos elementos apresentados nas unidades 
anteriores. Discutir a questão do objeto de intervenção do Serviço 
Social.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:■ Reflexões recentes
 ■ Questão Social e Nova Questão Social - Reflexões e Conceitos
 ■ Refletindo sobre o objeto de Serviço Social
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), quando nos deparamos com determinada realidade, imedia-
tamente nos vem a necessidade de emitir algum tipo de análise ou julgamento. 
Isto é bom ou ruim? Depende de quais elementos e fontes de análise, utilizare-
mos. O assistente social a todo instante trabalha com informações que chegam 
de diferentes formas e fontes, o que fazer com elas e de que forma fazer é que vai 
imprimir ao profissional um grau de habilidade e competência que lhe garantirá 
respaldo e reconhecimento. 
Ao acrescentarmos alguns conceitos e definições do que venha a ser a questão 
social e a nova questão social, estaremos participando de um processo de busca 
e, também, de análise, pois quando nos propomos a fazer esta leitura, devemos 
ter claro que a intenção não é apenas assimilar conceitos para posteriormente 
reproduzi-lo tal a qual lemos, como papagaios. A ideia é somar elementos que 
contribuam para a construção de um sólido referencial teórico profissional. 
Proporcionar a você subsídios para possa discutir com propriedade sobre o 
tema proposto, contudo não pense que esgotaremos o assunto aqui, muito pelo 
contrário, o conteúdo é tão amplo e tão complexo que necessitamos de muito 
mais pesquisas, nosso papel será o de mediador do conhecimento e fomenta-
dor pela busca do saber mais.
O assistente social que não lê, não sabe argumentar, pode até ter boa fala, 
dicção e ter bom papo, mas quando questionado, inquirido, perceberá um profis-
sional vazio de conteúdo e entendimento do que o serviço social venha a tratar.
Esta disciplina trata do cerne da profissão, não digo a você que ela é a prin-
cipal ou mais importante, mas ela servirá de eixo para o entendimento de todas 
as outras disciplinas, como você pode perceber ela trata de elementos presentes 
na sociologia, na ciência política, antropologia, psicologia, filosofia, entre outros, 
basta observar os autores e reflexões presentes. 
Boa leitura!
Introdução
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
85
CONCEITUANDO A QUESTÃO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E86
REFLEXÕES RECENTES
Sendo assim, vamos continuar os estudos, ok?
Depois deste breve passeio pela história, vamos aprofundando nosso conhe-
cimento e exercitando nossa mente para as problemáticas mais recentes. Na 
década 90, século XX, o país vivenciou:
[...] uma “nova” conjuntura nacional: o processo de retirada do Esta-
do como agente empresarial frente à questão social e à descentraliza-
ção na operacionalização das políticas sociais. Neste cenário, mudam, 
também, as relações de trabalho, onde a precarização e a flexibilização 
aparecem como elementos norteadores dessas relações. O serviço so-
cial é permeado por tais determinações; efeitos da Reforma do Estado 
são materializados na redução dos concursos públicos, demissão de 
funcionários não estáveis, contenção salarial, corrida a aposentadoria, 
perda dos direitos (PROAC/COSEAC, on-line)1.
Ora, esse processo não acon-
tece sem deixar consequências 
nefastas para os trabalhado-
res assalariados (emprego) e 
não assalariados. Em nome 
da flexibilidade, expulsa os 
incapazes de adaptação às 
regras do jogo e impõe a 
subcontratação de parte das 
tarefas por fora da empresa, 
sob condições mais precárias, 
menos protegidas e com proteção social e dos direitos que já tinham sido con-
quistados e legislados. A desestabilização do trabalho assalariado reproduz-se 
em profundidade noutras formas de trabalho e ocupação, generalizando a sua 
precarização e vulnerabilidade.
©
sh
ut
te
rs
to
ck
Reflexões Recentes
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
87
A instabilidade do emprego por contrato de tempo determinado, temporário, 
interino ou parcial, alimenta o desemprego, deixando as pessoas mais frágeis e 
em uma condição ainda mais vulnerável.
Na sociedade brasileira, todas as categorias sociais são atingidas, sendo os 
trabalhadores menos qualificados os que mais sofrem. Mas os trabalhadores 
qualificados não escapam das perturbações produzidas pelas transformações 
no mundo do trabalho. Trabalhadores qualificados sendo demitidos por vários 
motivos, por exemplo: crise na empresa, término do contrato de trabalho tempo-
rário, baixos salários e desadaptação à função. A desregulamentação do trabalho 
e a inexistência de proteção social predominam nas relações de trabalho; o traba-
lhador qualificado só consegue permanecer no emprego no máximo três anos.
Os desempregados temporários ou estruturais enfrentam outras exclusões: 
fragilização ou extinção dos laços e vínculos de amizade e solidariedade com os 
colegas de trabalho. Na família, emergem os conflitos e isolamento provocando 
a perda da autoestima e da afetividade.
O Brasil possui uma das mais elevadas taxas de concentração de renda, ri-
queza e propriedade do mundo. A acumulação e a ostentação de riqueza 
por uma minoria que convivem com cenários extremamente pobres que 
revelam as péssimas condições de vida e de trabalho de imensa parcela da 
população, e deixam nua nossa gritante desigualdade: os 10% mais pobres 
ficam com apenas 1,1% da renda do trabalho, enquanto os 10% mais ricos fi-
cam com 44,7%. É inaceitável que o país que se situa entre as 10 nações mais 
“ricas” do mundo mantenha uma estrutura econômica e social em que 13% 
da renda do trabalho se concentram nas mãos de apenas 1% da população. 
O enfrentamento e a ruptura com essa desigualdade estrutural, reiterada 
e banalizada, só é possível com a superação da condição que produz essa 
desigualdade: a apropriação privada da riqueza socialmente produzida. Por 
isso, defendemos a universalização dos direitos como mediação na luta pela 
socialização da riqueza e superação da desigualdade.
Fonte: CFESS (2009, on-line)2.
CONCEITUANDO A QUESTÃO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E88
Segundo Castel (1998), o processo de cristalização da questão social é expressa 
por meio da:
1. Desestabilização dos estáveis.
2. Instalação da precariedade dos mais jovens que alternam períodos de ati-
vidades, de desemprego, trabalho temporário e ajuda social.
3. Deformação dos sobrantes, nova categoria social constituídas pelos que 
não têm vê, nem lugar na sociedade. São chamados inúteis, a produção 
mais degradada que a conjuntura econômica e social já fabricou.
A questão social se manifesta tanto no mundo rural como no urbano, envol-
vendo homens, mulheres e crianças. No campo, aparecem envolta na questão 
agrária intocável e na dominação oligárquica patrimonialista integrada à moder-
nização conservadora da atualidade, cujas externalidades são os sem terra, os 
sem emprego fixo, a priorização de mercados externos, a sazonalidade das ati-
vidades e a migração. A luta pela terra expressa bem a problemática que vem 
sendo explicitada pelas reivindicações de melhoria das condições de trabalho, 
financiamento etc., por parte dos setores sociais atingidos.
As pressões por políticas agrárias e agrícolas não têm sido o suficientemente 
fortes para atacar a raiz do problema que, ao contrário do sendo comum, vem 
sendo alimentado pelas políticas de caráter paliativo e assistencialista e pela ine-
xistência da vontade política.
Sobrantes - inúteis: categoria social nova, constituída na sociedade salarialpelas pessoas e/ou grupos humanos que foram tornados supranuméricos 
em relação às competências econômica e social. Trata-se de pessoas nor-
mais, mas que foram tornadas inúteis, desestabilizadas, instaladas em uma 
situação de precariedade geral caracterizada por déficit de lugar no mundo 
do trabalho e da sociabilidade.
Fonte: Arcoverde (1999, p. 81).
©shutterstock
Reflexões Recentes
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
89
Na cidade, além da desmercantilização da força de trabalho e seus efeitos ainda 
colaboram as formas autoritárias de sua gestão que aceleram e adiantam com 
base em receituários, uma realidade assustadora: a dos sem teto e sem identidade.
 Constituem, ainda, manifestações da questão social embutida ou não nas 
pressões já indicadas, as problemáticas indígena, racial e da mulher.
Embora explicitamente reconhecidas, a exploração, violência e injus-
tiças cometidas contra índios, negros e, sobretudo, mulheres de todas 
as classes sociais, permanecem insuficientemente problematizadas 
e enfrentadas pelos setores concernentes, uma vez que as formas de 
resistências e lutas limitam-se ao plano da reivindicação de direitos, 
mantendo os sujeitos atingidos excluídos das tomadas de decisões e da 
elaboração das leis (ARCOVERDE, 1999, p. 82).
Merece, ainda, salientar a explo-
ração do trabalho infantil e da 
violência por e contra crianças 
e adolescentes, que não somente 
expressam realidades do coti-
diano da sociedade brasileira, 
com as quais os profissionais se 
defrontam, mas indicam toda a 
gravidade que assume uma das 
facetas da questão social produ-
zida e reproduzida socialmente.
Isso não parece ser muito 
diferente em outros contextos 
sociais de miséria e conflitos.
Assistencialista: ação assistencial que não se funda no reconhecimento do 
direito social de seus usuários, mas no paternalismo e no clientelismo.
CONCEITUANDO A QUESTÃO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E90
A questão social hoje constitui em um desafio para as sociedades atuais, uma 
vez que esta é reproduzida pela mundialização da economia e pelo retorno for-
çado do mercado autorregulado. 
A questão social brasileira se ainda se apresenta de maneira bem preocu-
pante devido a sua gravidade, visto que sua intensidade no atingimento não se 
dá de maneira setorial, mas de maneira geral (todos os setores e classes sociais 
são atingidos de alguma maneira).
 Tomando como matriz de análise da questão social a relação salarial, Castel 
(1997) aponta para a dificuldade que as sociedades em geral, e a brasileira em 
particular, enfrentam para realizar a coesão social. Esse desafio põe em xeque 
a capacidade de a sociedade existir como um todo, sem fraturas, comum con-
junto articulado por relações de interdependência.
A ameaça à coesão social, portanto, aparece e reaparece historicamente no 
pauperismo do século XIX, no operariado e pobreza do século XX, nos excluí-
dos do século XXI. A expressão ‘questão social’ surgiu na Europa Ocidental, na 
terceira metade do século XIX, para designar o fenômeno do pauperismo. Paulo 
Netto (2001) afirma que, pela primeira vez, a pobreza crescia na proporção em 
que aumentava a capacidade produtiva do capitalismo.
©shutterstock
Reflexões Recentes
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
91
Para Alves (2005, p. 33, on-line)4:
O desemprego, expressão concreta da crise do projeto societário bur-
guês de produção de mercadorias, tem relação direta nas esferas primá-
ria, secundária e terciária, ganhando ênfase, dentro do setor terciário 
nas últimas décadas, o desenvolvimento dos capitalistas voltados para 
a lucratividade via financeirização. Estes determinantes demarcam, ao 
mesmo tempo, o grau de sociabilidade em construção na esfera da re-
produção social. É sob este patamar estruturado que o capital responde 
à crise estrutural em processo.
 A questão social tem em seu núcleo orgânico e principais manifestações da 
questão social brasileira: o empobrecimento, a exclusão, desigualdade e injustiça 
social, estas são frutos das contradições inerentes ao sistema capitalista. Porém 
não podem em si mesmas ser tomadas como questão social, pois elas se tornam 
Os pobres passavam a protestar e a se constituir como uma real ameaça às 
instituições sociais existentes. Nesse período, a pobreza passou a se cons-
tituir como um problema. Pela primeira vez, a naturalização da miséria foi 
politicamente contestada (PEREIRA, 2004) e o processo de urbanização, so-
mado com a industrialização, culminou na combinação dos seguintes deter-
minantes indissociáveis: 
a) O empobrecimento agudo da classe trabalhadora.
b) A consciência desta classe de sua condição de exploração. 
c) A luta desencadeada por esta classe contra os seus opressores a partir 
dessa consciência.
Podemos, assim, vincular o surgimento da questão social com o surgimento 
da classe trabalhadora e identificá-la no momento em que a contradição 
fundamental do capitalismo, como modo de produção social, desenvol-
ve-se e se revela, ou seja, quando se evidencia que, no capitalismo, quem 
produz a riqueza não a possui e ainda, que não há espaço para todos no 
mercado. Nesses termos, ‘sociedade capitalista é nada mais, nada menos 
que o terreno da reprodução contínua e ampliada da questão social’ (MOTA, 
2000, p. 1).
Fonte: Heidrich (2006, on-line)3.
CONCEITUANDO A QUESTÃO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E92
questão social a partir do momento em que são reconhecidas, percebidas, tor-
nadas conscientes e assumidas por um dos setores da sociedade, com o objetivo 
de enfrentá-las, torná-las públicas de transformá-las em demanda política.
As principais manifestações da questão social – a pauperização, a ex-
clusão, as desigualdades sociais – são decorrências das contradições 
inerentes ao sistema capitalista, cujos traços particulares vão depender 
das características históricas da formação econômica e política de cada 
país e/ou região. Diferentes estágios capitalistas produzem distintas 
expressões da questão social (PASTORINI, 2004, p. 97, grifo nosso). 
Contudo, é importante que tenhamos em mente o que afirma Telles (1996, p. 85) 
[...] não basta reconhecê-la enquanto realidade bruta da pobreza e da 
miséria é preciso ser problematizada em seus dilemas, mas no cenário 
da crise do nosso Estado de bem-estar, da justiça social, do papel do 
estado e do sentido da responsabilidade pública.
Mesmo porque a reestruturação flexível da produção que se experimenta vem 
produzindo novas fraturas e diferenciações que esvaziam a perspectiva da uni-
versalidade dos direitos, defendida e declarada constitucionalmente em 1988.
De certa forma está se tornando explícito que hoje a questão social está cen-
trada nas extremas desigualdades sociais e injustiças de todo tipo, nos con-
teúdos e formas assimétricas das relações sociais em suas múltiplas dimen-
sões (das relações internas em uma dada sociedade e das relações entre as 
sociedades). Como determinantes fundamentais dessa nova questão social 
podemos apontar os modos de produção e reprodução social, os modelos 
dominantes de regulação das relações econômicas, a formação social-histó-
rica da sociedade. 
Por força das profundas mudanças que estão acontecendo no mundo do 
trabalho, nos processos produtivos, na gestão do Estado, nas políticas so-
ciais e pelo acirramento de conflitos oriundos de problemasétnicos, regio-
nais e de relações internacionais, a questão social adquire dimensões glo-
bais. Essas novas dimensões, entretanto, não diminuem a importância dos 
problemas internos de cada sociedade.
Fonte: Nascimento (on-line)5. 
Questão Social e Nova Questão Social - Reflexões e Conceitos
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
93
QUESTÃO SOCIAL E NOVA QUESTÃO SOCIAL - 
REFLEXÕES E CONCEITOS
Estamos ao longo do texto citando constantemente o termo: questão social, 
mas, teórica e, cientificamente, o que este conceito significa? Pois, sabemos que 
ao conceituarmos algo, estamos sistematizando-o de forma que adotemos um 
critério para o seu entendimento, porém um conceito pode sofrer alterações ou 
sofrer interpretações diferenciadas, uma vez que os estudiosos, pesquisadores, 
cientistas à medida que realizam suas análises vão formando opiniões que não 
são comuns a todos, mas tudo isto parte de um ponto inicial.
A expressão ‘questão social’ começou a ser utilizada na terceira déca-
da do século XIX, mais especificamente em 1830, constituindo-se em 
torno das grandes transformações econômicas, sociais e políticas ocor-
ridas na Europa ocidental e desencadeadas pelo processo de industri-
lização. Historicamente, essa expressão foi produzida sob o ponto de 
vista do poder, compreendida como ameaça que a luta de classes sociais 
– em particular, a classe proletária – representava à ordem política e 
moral instituída (CASTEL,1998) essa tomada de consciência foi des-
pertada pela constatação da separação existente entre o crescimento 
econômico e o surgimento do pauperismo, de um lado, e entre uma 
‘ordem jurídico-política, fundada sobre o reconhecimento dos direi-
tos dos cidadão e uma ordem econômica’ (p.30) negadora de desses 
direitos, por outro lado. Esse hiato permitiu que o social assumisse pela 
primeira vez um lugar entre o sistema econômico e a ordem política, 
indicando a necessidade de se instituir um sistema de regulações não 
mercantis. Nesse contexto histórico, o social que qualifica a questão 
social torna-se o ‘lugar que as franjas mais dessocilizadas dos trabalha-
dores podem ocupar na sociedade industrial’ (p.31) e em resposta a ela, 
busca-se a sua integração social (DIAS, 2006 p. 30).
Estas diversas contribuições possibilitam a você que está em seu processo de 
formação profissional, a oportunidade de ter um olhar mais ampliado de todo 
o conteúdo necessário para a formação de um profissional, e isto, continuará 
acontecendo ao longo do curso, bem como após da sua graduação, terá conti-
nuidade na pós-graduação, mestrado, doutorado etc.
Sendo assim, é importante que ao se tornar íntimo dos conceitos apresen-
tados, você entenda todos os elementos que estão embutidos no mesmo, o que 
cada palavra significa e inseri-lo em um contexto maior, que transcende a simples 
CONCEITUANDO A QUESTÃO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E94
definição. E ainda, é a partir destes que vamos entendendo o mundo que nos 
cerca, e que cerca os usuários da profissão, além de contribuir para a constru-
ção de nosso referencial teórico e visão de homem e de mundo.
Após as unidades estudadas, partimos de um pressuposto claro e evidente 
para a compreensão da existência da questão social: esta parte do princípio das 
expressões do cotidiano da vida social (esse cotidiano não diz respeito somente 
a realidade do usuário, ou daquele mais pauperizado, fala da vida de todo e 
qualquer ser humano, inserido em uma determinada sociedade), oriunda da 
contradição entre proletariado e burguesia, que passa a exigir outra moda-
lidade de intervenção, além da caridade e repressão, vista como saída para as 
mazelas sociais há tempos atrás.
Hoje, temos diversos autores que apresentam seus conceitos e sínteses do 
que sejam a questão social, muitos deles ligados ao serviço social, já que a ques-
tão e suas expressões/manifestações são objeto de trabalho do assistente social.
Para Iamamoto (2003, p. 27), a questão social é o:
[...] conjunto de expressões das desigualdades da sociedade capitalista 
madura, que tem uma raiz comum: a produção social cada vez mais 
coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apro-
priação dos seus frutos mantem-se privada, monopolizada por uma 
parte da sociedade (p. 27).
Logo, você pode perceber que a questão social tem suas origens no fenômeno da 
pauperização, que resulta de todo processo desencadeado a partir da Revolução 
Industrial, o seu enfrentamento não é nada fácil.
Desta maneira, entende-se que a questão social é tomada como um conjunto 
de expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e, 
principalmente, do seu ingresso no cenário político. Ocorrendo a manifestação, 
no cotidiano da vida social, da contradição entre proletariado e burguesia, o que 
passa a exigir outra modalidade de intervenção, além da caridade e repressão.
Os trabalhadores (proletários) produzem a riqueza, os capitalistas se 
apropriam dela. É assim que o trabalhador não usufrui das riquezas por ele 
produzidas, gerando assim as desigualdades, insatisfações e diversos problemas 
ligados a esta situação.
Questão Social e Nova Questão Social - Reflexões e Conceitos
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
95
A questão social é o produto e expressão de sujeitos históricos e estru-
turas que se articulam ao mesmo tempo, ou seja, a contradição entre 
capital e trabalho historicamente problematizado. [...] alguns autores 
designam questão social a naturalização e outros a problematização 
(PEREIRA, 2004, p. 110).
É unânime entre os autores brasileiros que a transformação de situações em 
questão social só se efetiva quando ela é percebida, assumida e tornada cons-
ciente por determinado segmento da sociedade, que busca equacioná-las por 
meio de políticas sociais, supondo sempre correlação de forças políticas e con-
frontos de interesses opostos.
Quando nos propomos a analisar a questão social, a partir da ótica neoliberal, 
na qual temos as políticas, vemos evidente que as desigualdades sociais (prin-
cipalmente quando olhamos as políticas de assistência) e esta compreensão nos 
exigem o conhecimento da abrangência do campo das políticas sociais, enten-
dê-las como uma ação que está inserida em um determinado modelo político, 
Cabe destacar que a questão social só toma características de “problema” e 
passa a ser enfrentada pela sociedade burguesa (principalmente através de 
políticas sociais) porque é publicizada, denunciada pela classe trabalhadora, 
ou seja, porque retrata uma resistência por parte desta classe. “Ao mesmo 
tempo em que a questão social é desigualdade, é também rebeldia, pois 
envolve sujeitos que vivenciam estas desigualdades e a ela resistem e se 
opõem” (IAMAMOTO, 1999, p. 28). Devido a estas características de resistên-
cia e rebeldia, Iamamoto afirma ser necessário, também, para apreender a 
questão social, captar as múltiplas formas de pressão social, de invenção e 
de reinvenção da vida, construídas no cotidiano. 
[...] é necessário pensar a questão social sem perder de vista a processuali-
dade, ou seja, “analisar a emergência política de uma questão, adentrar nos 
processos e mecanismos que permitem que essa problemática tome força 
pública, que se insira na cena política” (PASTORINI, 2004, p. 98).
Fonte: Heidrich (2006, on-line)3. 
CONCEITUANDO A QUESTÃO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIUN I D A D E96
elaborado e proposto por um governo específico que por sua vez defende e repre-
senta uma determinada ideologia e teoria social. 
A ‘questão social’ é uma aporia fundamental sobre a qual uma socie-
dade experimenta o enigma de sua coesão e tenta conjurar o risco de 
sua fratura. É um desfio que interroga, põe em questão a capacidade 
de uma sociedade (o que, em termos políticos, chama-se uma nação) 
para existir como um conjunto ligado por relações de interdependên-
cia. Essa questão foi explicitamente nomeada como tal, pela primeira 
vez, nos anos 1830. Foi então suscitada pela tomada de consciência das 
condições de existência das populações que, são ao mesmo tempo, os 
agentes e as vítimas da Revolução Industrial. É a questão do pauperis-
mo (CASTEL, 1998, p. 30).
Como falamos, anteriormente, a questão social está intimamente ligada às con-
tradições oriundas da relação capital X trabalho, as desigualdades surgidas e 
intensificadas a partir da intensificação do sistema capitalista, não somente no 
Brasil, mas em todo mundo.
Castel caracteriza a questão social por “[…] uma inquietação quanto à capa-
cidade de manter a coesão de uma sociedade. A ameaça de ruptura é apre-
sentada por grupos cuja existência abala a coesão do conjunto” (CASTEL, 
1998, p. 41). Explicitando a composição de tais grupos, o autor esclarece que 
as populações que dependessem de intervenções sociais seria basicamente 
pelo fato de serem ou não capazes de trabalhar, sendo tratados de forma 
distinta em função deste critério. A análise parte da identificação a longo 
prazo de uma correlação profunda entre o lugar ocupado pelo indivíduo na 
divisão social do trabalho e a participação nas redes de sociabilidade e nos 
sistemas de proteção. São construídas três zonas: a) “zona de integração”, 
correspondente coesão social com trabalho estável e a inserção relacional 
sólida; b) “zona de exclusão” (desfiliação), correspondente a uma ausência 
de participação em qualquer atividade produtiva e isolamento relacional; 
c) “zona intermediária”, correspondente a uma vulnerabilidade social, que 
conjuga trabalho precário e fragilidade dos suportes de proximidade. 
Fonte: Pinheiro e Dias (2009, on-line)6.
Questão Social e Nova Questão Social - Reflexões e Conceitos
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
97
O serviço social se gesta e se desenvolve como profissão reconhecida na 
divisão social do trabalho tendo por pano de fundo o desenvolvimento 
capitalista industrial e a expansão urbana, processos esses aqui apreen-
didos sob o ângulo das novas classes sociais emergentes – a constitui-
ção e expansão do proletariado e a burguesia industrial – e das modi-
ficações verificadas na composição dos grupos e frações de classes que 
compartilham o poder de Estado em conjunturas históricas específicas 
(IAMAMOTO, 1997, p. 77).
Já falamos sobre o período histórico em que se afirma a hegemonia do capital 
industrial e financeiro, onde se justifica a questão social como base para o sur-
gimento do serviço social como profissão. 
A seguir, podemos ver o que outros autores entendem como questão social:
A questão social não é senão as expressões do processo de formação e 
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário polí-
tico da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte 
do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida 
social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa 
a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão 
(p.77) (CARVALHO; IAMAMOTO, 2006, p. 77).
E para Telles (1996, p. 85),
[...] a questão social é a aporia das sociedades modernas que põe em 
foco a disjunção, sempre renovada, entre a lógica do mercado e a di-
nâmica societária, entre a exigência ética dos direitos e os imperativos 
de eficácia da economia, entre a ordem legal que promete igualdade 
e a realidade das desigualdades e exclusões tramada na dinâmica das 
relações de poder e dominação.
Em que a questão social é entendida como expressões do processo de formação e 
desenvolvimento da classe operária e seu ingresso no cenário político. Ocorrendo 
a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre proletariado e 
burguesia, o que passa a exigir outra modalidade de intervenção, além da cari-
dade e repressão (CARVALHO; IAMAMOTO, 2006).
E as consequências da apropriação desigual do produto social são as 
mais diversas: analfabetismo, violência, desemprego, favelização, fome, 
analfabetismo político etc.; criando “profissões” que são frutos da mi-
séria produzida pelo capital: catadores de papel; limpadores de vidro 
em semáforos; “avião” – vendedores de drogas; minhoqueiros – ven-
dedores de minhocas para pescadores; jovens faroleiros – entregam 
propagandas nos semáforos; crianças provedoras da casa – cuidando 
CONCEITUANDO A QUESTÃO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E98
de carros ou pedindo esmolas, as crianças mantém uma irrisória renda 
familiar; pessoas que “alugam” bebês para pedir esmolas; sacoleiros – 
vivem da venda de mercadorias contrabandeadas; vendedores ambu-
lantes de frutas etc. Além de criar uma imensa massa populacional que 
frequenta igrejas, as mais diversas, na tentativa de sair da miserabilida-
de em que se encontram (MACHADO, 1999, p. 43, on-line,)7.
Entrando em cena o Estado como interventor direto na relação proletariado X 
burguesia, estabelecendo regulamentação jurídica (legislação social e trabalhista) 
e gerindo a organização e prestação dos serviços sociais, como uma forma de 
enfrentamento da questão social. Para Machado (1999, p. 42, on-line)7: “a con-
cepção de questão social está enraizada na contradição capital x trabalho, em 
outros termos, é uma categoria que tem sua especificidade definida no âmbito 
do modo capitalista de produção”.
Portanto, a questão social é uma categoria que expressa a contradição funda-
mental do modo capitalista de produção. Contradição, esta, fundada na produção 
e apropriação da riqueza gerada socialmente: os trabalhadores produzem a 
riqueza, os capitalistas se apropriam dela. É assim que o trabalhador não usu-
frui das riquezas por ele produzidas.
A questão social representa uma perspectiva de análise da sociedade. 
Isto porque não há consenso de pensamento no fundamento básico 
que constitui a questão social. Em outros termos, nem todos analisam 
que existe uma contradição entre capital e trabalho. Ao utilizarmos, 
na análise da sociedade, a categoria questão social, estamos realizando 
uma análise na perspectiva da situação em que se encontra a maioria 
da população– aquela que só tem na venda de sua força de trabalho os 
meios para garantir sua sobrevivência. É ressaltar as diferenças entre 
trabalhadores e capitalistas, no acesso a direitos, nas condições de vida; 
é analisar as desigualdades e buscar forma de superá-las. É entender as 
causas das desigualdades, e o que essas desigualdades produzem, na 
sociedade e na subjetividade dos homens (MACHADO, 1999, p. 42-43, 
on-line,)7.
Nascida na confluência ou divergência do trabalho e do capital, a questão social, 
enquanto expressão das desigualdades da sociedade capitalista brasileira mani-
festa-se, é reconhecida e problematizada, mas nem sempre enfrentada. Nascido 
igualmente no cenário das bases da produção capitalista que produz e reproduz 
a questão social, o serviço social, mediante os seus profissionais trabalham-na, 
©sh
utt
ers
toc
k
Questão Social e Nova Questão Social - Refl exões e Conceitos
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
enal
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
99
seja junto aos indivíduos que a experimentam no 
trabalho, na família, na saúde, no acesso aos ser-
viços públicos ou nas formas de sociabilidade. Os 
sujeitos que a vivenciam, a ela se opõe e resistem. 
Essa tensão da produção e de sua resistência é 
o terreno fértil sobre o qual se move o assis-
tente social.
Percebemos com a explicitação de 
alguns autores que a questão social em 
sua essência é a mesma, porém as for-
mas como elas se apresentam variam de 
acordo com a realidade de cada sociedade, 
por exemplo, a questão da habitação assume 
particularidades em cada país, variam em número, 
gravidade e intensidade, bem como variam as formas de 
enfrentamento. 
Assim, acontece com a fome, as problemáticas da criança e adolescente. As 
suas origens são as mesmas, mas a sua expressão podem ser diferentes, aqui no 
Brasil, podemos ter problemas relacionados à evasão escolar e nos Estados Unidos 
problemas maiores com a pedofi lia, não podemos descartar a possibilidade destes 
e de outros problemas estarem relacionados, ou acontecerem simultaneamente, 
exigindo de cada sociedade medidas específi cas para sua solução.
Assim como na essência, as problemáticas são as mesmas, elas vão assumindo 
novas formas com o passar dos tempos, a isto chamamos de nova questão social. 
Esta renovação, que a todo o momento questiona as consequências das relações 
do capital e trabalho. Assim, também, temos alguns autores que buscam sinte-
tizar e expor seus pontos de vista acerca da nova questão social, a seguir, você 
poderá visualizar alguns conceitos. 
Para Santos e Costa (2006, p. 10, on-line)8 a nova questão social:
Nada mais é que novas formas de expressão para um fenômeno cuja es-
sência permanece a mesma, dado que se mantêm os mecanismos fun-
damentais às leis da acumulação capitalista, gerando simultaneamente 
a riqueza de poucos e a miséria de muitos. 
CONCEITUANDO A QUESTÃO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E100
As metamorfoses pelas quais a questão social passa são fruto das transfor-
mações históricas. Entretanto, apesar das transformações, Castel chama 
atenção para o fato de que os membros das “zonas” ocupam posições ho-
mólogas na estrutura social ao longo do tempo. Os processos que produ-
zem essas situações são comparáveis, ou seja homólogos na dinâmica dife-
rindo nas manifestações, sendo que a história não é linear. 
 Fonte: Pinheiro e Dias (2009, on-line)6.
Desta maneira, pense comigo, e se as formas dos problemas se apresentarem 
na atualidade, devemos, da mesma maneira, buscar novas formas de enfrenta-
mento, olhar a realidade de um novo ponto de vista. Uma vez que a realidade 
segue em um processo histórico que se altera naturalmente de acordo com as 
ações humanas, o que seria uma boa saída há 30 anos, hoje pode não ser mais. 
Isto implica em uma analise estrutural. Paulo Netto (2001) diz em seus escritos 
que os diferentes estágios do desenvolvimento capitalistas produzem diferentes 
manifestações da questão social. 
Veja o que diz a autora acerca da nova questão social: “Renovação da velha 
questão social sob outras roupagens e novas condições sócio-históricas de sua 
produção/reprodução” (IAMAMOTO, 2001, p. 28).
Cabe enfatizar que: 
[...] “distintas expressões da questão social” não se configuram como 
“outra” ou como “nova” questão social. A nosso ver não existe uma 
nova questão social, nem mesmo uma nova desigualdade social, gerada 
pela exclusão. O que existe são “novas formas para velhos conteúdos” 
(MOTA, 2000, p. 02), ou seja, a questão social, hoje, diante das trans-
formações pelas quais o capitalismo e a sociedade vêm passando, se 
apresenta multifacetada, reconfigurada, mas trazendo, em seu bojo, a 
mesma problemática da exploração de uma classe social sobre a outra 
(HEIDRICH, 2006, p. 8, on-line)3.
Questão Social e Nova Questão Social - Reflexões e Conceitos
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
101
Após a leitura e reflexão acerca dos conceitos explicitados se faz necessário citar 
que nós não vemos a questão social, vemos suas expressões: o desemprego, o 
analfabetismo, a fome, a favela, a falta de leitos em hospitais, a violência, a ina-
dimplência, as problemáticas indígenas, raciais e da mulher, a exploração, a 
violência, a exploração do trabalho infantil e da violência por e contra crianças 
e adolescentes, meio ambiente.
Assim é que, a questão social só se nos apresenta nas suas ob-
jetivações, em concretos que sintetizam as determinações prio-
ritárias do capital sobre o trabalho, onde o objetivo é acumular 
capital e não garantir condições de vida para toda a população 
(MACHADO, 1999, on-line, p. 43, on-line)7.
E assim saiba você que Serviço Social hoje se insere em um cenário de novas 
bases de produção da questão social, cujas múltiplas expressões são objeto do 
trabalho cotidiano do assistente social. Ponto que veremos a seguir.
Nova Questão Social: categoria renovada pelos disfuncionamentos da so-
ciedade industrial de massa indicando uma inadequação dos antigos méto-
dos de gestão social. A crise financeira, ideológica e filosófica do Estado-Pro-
vidência mudou de natureza depois dos anos 90. O disfuncionamento social 
aliado ao problema do financiamento questionam os princípios organiza-
cionais da solidariedade e da concepção dos direitos sociais produzindo um 
quadro insatisfatório para pensar a situação dos excluídos e/ou desfiliados.
Fonte: Arcoverde (1999, p. 81).
CONCEITUANDO A QUESTÃO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E102
REFLETINDO SOBRE O OBJETO DE SERVIÇO SOCIAL
O objetivo deste ponto é levantar alguns elementos que possibilitem clarificar a 
questão do objeto do serviço social e aquela pergunta básica: Com o quê traba-
lha o assistente social mesmo? E falar da especificidade da nossa profissão não é 
assim tão fácil, é sempre um desafio.
De modo geral, o objeto é elemento que existe independentemente do sujeito 
e que é dado a conhecer em um determinado momento. Ainda pode ser aquilo 
que uma disciplina estuda e transforma por meio de sua ação. O sujeito só age, 
constrói ou transforma em função de um determinado interesse. Há uma rela-
ção entre sujeito e objeto e a partir dela se define os processos de conhecimento 
e intervenção na realidade.
Na realidade social, enfrentamos determinados problemas, deparamo-nos 
com certos fenômenos que exigem do profissional de Serviço Social reflexão e 
ação concreta. Quando tais problemas ou fenômenos passam do nível da per-
cepção sensorial, para um nível de conceituação, problematização e busca de 
soluções se transforma em objeto da ação profissional.
Portanto, é necessário esclarecer que o objeto da profissão está dado na rea-
lidade, porém se torna foco de sua atenção na medida em que um conjunto 
complexo de elementos teóricos, metodológicos, valorativos e intencionais pos-
sibilitam a sua reconstrução.
Refletindo Sobre o Objeto de Serviço Social
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
103
Identificar o objeto de intervenção profissional em um determinado con-
texto exige um esforço de tradução conceitual do real e, sendo assim, é fruto de 
procedimentos metódicos que permitem definir a complexidade e essenciali-
dade do fenômeno.
Buscando esclarecimentos sobre esta questão é importante resgatar da obra 
“Objetoe Especificidade do Serviço Social” de Josefa Batista Lopes, alguns fun-
damentos. Para a autora, “[...] um fenômeno social só se torna objeto quando é 
problematizado pelos sujeitos que propõem uma relação com ele, sempre suge-
rindo uma perspectiva determinada” (LOPES, 1980, p. 55).
O serviço social estabelece relações com o “objeto” na medida em que “pre-
tende” produzir conhecimento e/ou intervenção sobre eles, mas o que caracteriza 
essencialmente essas relações é o “interesse” de intervenção que, no entanto, para 
ser responsável e comprometida exige um “conhecimento” adequado desses fenô-
menos, o que só é possível mediante um “processo de construção”. Portanto, é 
preciso que se tenha consciência de que todo objeto propriamente científico é 
metodicamente construído.
Portanto, a construção do objeto é comandada pelo conhecimento e condi-
cionado pela realidade, ou seja, a construção do objeto dá-se por meio do método 
e a partir de uma intenção.
O objeto do Serviço Social, [...] está, intimamente, vinculado a uma 
visão de homem e mundo; fundamentado em uma perspectiva teórica 
que, no modo capitalista de produção, implica em uma opção política 
– a teoria norteadora da ação, a ação que reconstrói a teoria, demonstra 
de que lado está o Serviço Social. E, desde o Movimento de Reconceitu-
ação, o Serviço Social tem construído uma ação voltada para a maioria 
da população. Mas esta não foi sempre sua história (MACHADO, 1999, 
p. 39-40, on-line)7.
Neste processo, encontram-se interagindo conhecimentos teóricos, intenção, 
método e realidade concreta. Sendo que:
1. Referencial Teórico: são os fundamentos teóricos que participam da 
construção do objeto, formados por conceitos que inter-relacionados 
expressam formulações. Teóricas a partir das quais o sujeito propõe a 
compreensão do objeto. (referencial – a fim de entender o objeto)
CONCEITUANDO A QUESTÃO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E104
2. A intenção: é a razão pela qual o objeto é apreendido pelo sujeito. Mais 
especificamente, em serviço social, define-se pelos objetivos que o assis-
tente social pretende alcançar na relação que estabelece com os fenômenos, 
objetos de sua ação e de seu conhecimento. Para que o assistente social 
tenha clareza da sua intenção é necessário conhecer o contexto institu-
cional aonde desenvolve o seu trabalho.
3. Método: é a parte do corpo teórico que permite estabelecer o estudo 
rigoroso sobre o objeto do serviço social (como se desenvolve o estudo).
4. Participação na realidade social: a teoria comanda a compreensão do 
objeto, porém é a realidade social que determina a existência do objeto. 
Por isso, é necessário que o serviço social se volte para a realidade social, 
no sentido de adequar o conhecimento teórico e a partir da prática con-
creta reformulá-lo constantemente.
De acordo com Iamamoto (2007, p. 28),
Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais 
variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experi-
mentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na as-
sistência social pública etc. Questão social que, sendo desigualdade é 
também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam e a ela se opõe.
Conforme a citação, aos pouco vamos entendendo melhor o serviço social e 
com o que ele trabalha. Para enriquecer ainda mais nosso estudo acrescento no 
Saiba Mais, a contribuição da mesma autora e que com certeza trará mais luz 
ao seu estudo.
©shutterstock
Considerações Finais
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
105
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando nos propomos a trabalhar os conceitos de questão social, creio que você 
tenha achado que lá viria mais uma sucessão de ajuntamento de palavras difí-
ceis, que demoram a entrar em nossa cabeça, não é mesmo?
Mas você pode perceber que ao lidarmos com os conceitos da questão social, 
não encontramos nada mais do que elementos já existentes e em evidentes do 
nosso cotidiano.
Apenas uma ressalva, para que não achemos tudo muito simplista, e achemos 
que a questão social e todas as suas expressões/manifestações nada mais é do que 
um problema social, eu sugiro que você aprofunde suas leituras com teóricos 
que tratam da questão da formação das classes sociais, capitalismo, sistemas 
econômicos etc., o que lidamos, nesta unidade, foram os conceitos, mas lembre 
de que os conceitos são sínteses de algo, e este “algo” é a essência da formação 
e sempre envolve elementos muito complexo, não disse difícil, mas sim com-
plexo, pois o ser humano é complexo, por ser síntese de múltiplas determinações. 
Você pode ver nesta unidade um pouco das relações capitalistas atuais e a par-
tir daí analisar a nossa realidade. Desta forma, apresentar como alguns escritores 
conceituam a questão social e o que os mesmo entendem por nova questão social. 
Visualizando que na sua essência as questões sociais permanecem as mes-
mas, contudo, em se tratando de um processo histórico em constante evolução 
“É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção de rebeldia e 
da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno 
movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou 
fugir deles porque tecem a vida em sociedade. [...]. Apreender a questão 
social é também captar as múltiplas formas de pressão social, de invenção 
e de reinvenção da vida construídas no cotidiano, pois é no presente que 
estão sendo recriadas formas novas de viver, que apontam para um futuro 
que está sendo germinado”. 
FONTE: Iamamoto (2007, p. 28).
CONCEITUANDO A QUESTÃO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIIU N I D A D E106
as suas expressões vão assumindo novas características. Não podemos conceber 
medidas de enfrentamento iguais para todos os países, da mesma maneira que as 
questões sociais assumem contornos diferentes no âmbito municipal e estadual, 
por isso, hoje, temos os processos de municipalização, que permite que sejam 
elaboradas medidas de enfretamento adequadas a cada realidade.
Por isso, trabalhamos a partir do ponto que a construção do objeto profissio-
nal deve ser comandada pelo conhecimento e condicionado pela realidade, ou 
seja, a construção do objeto dá-se por meio do método e a partir de uma intenção.
107 
1. Quando se discute a questão social brasileira e suas variadas formas de expres-
são, podemos dizer que esta tem como núcleo orgânico:
a. Os partidos políticos de oposição nacional.
b. O excesso de sindicatos e movimentos sociais reivindicatórios dos direitos so-
ciais e civis.
c. Ao trabalho infantil e prostituição somente.
d. A desigualdade e a injustiça sociais ligadas à organização do trabalho e à ci-
dadania.
e. A vida desregrada do cidadão que mal administra seus recursos.
2. Não vemos a questão social propriamente dita, vemos sim as suas manifesta-
ções ou expressões que se traduzem nos exemplos do enunciado. A questão 
social gera inúmeros problemas, desdobrando-se em várias problemáticas (ex-
pressões ou manifestações). Sendo assim, coloque verdadeiro ou falso para as 
alternativas que apresentam algumas destas expressões:
( ) Desemprego e analfabetismo.
( ) Exploração e violência.
( ) Meio ambiente, inadimplência, as problemáticas indígenas, raciais e da mu-
lher.
( ) Fome e favela.
( ) Falta de leitos em hospitais, a violência.
( ) Exploração do trabalho infantil e da violência por e contra crianças e ado-
lescentes.
a. F – V – V – V – V – F.
b. V – V – V – V – V – V.
c. V – V – V – V – F – V. 
d. V – F – V– F – V – V. 
e. V – V – F – V – V – V. 
108 
3. A partir das leituras e reflexões realizadas sobre a questão social, e como a mes-
ma vem sendo entendida ao longo dos tempos, foi possível vermos as suas 
transformações, nos dias atuais, temos autores que já classificam-na como nova 
questão social. Analisando as alternativas a seguir, como podemos compre-
ender esta “nova questão social”? Assinale a alternativa correta:
a. As “[...] novas formas de expressão para um fenômeno cuja essência perma-
nece a mesma, dado que se mantêm os mecanismos fundamentais às leis da 
acumulação capitalista, gerando simultaneamente a riqueza de poucos e a 
miséria de muitos” (SANTOS; COSTA, 2006).
b. Os problemas de hoje muito embora sejam antigos requerem novas soluções, 
pois a realidade e a sua dinâmica é outra.
c. A nova questão social seria a questão social sob outras roupagens e novas 
condições sócio-históricas de sua produção/reprodução. 
d. Os diferentes estágios do desenvolvimento capitalista produzem diferentes 
manifestações da questão social, assim ela se renova constantemente.
e. Todas as alternativas estão corretas.
4. “Pela primeira vez, a pobreza não era resultado da escassez, mas, ao contrário, 
era fruto de uma sociedade que aumentava a sua capacidade de produzir rique-
za.” Após a leitura da unidade e dos materiais sugeridos, do que trata essa 
citação? Assinale a alternativa correta:
a. A citação fala sobre as contradições das relações entre capital X trabalho.
b. Trata da compreensão de que uma vez que se gerava mais riqueza, esta ficava 
concentrada apenas nas mãos de alguns, quem atuava diretamente na pro-
dução não participava da distribuição dos lucros.
c. Trata do entendimento de que a partir do momento em que se gera a cres-
cente desigualdade de renda, gera-se junto à pobreza.
d. Trata do entendimento de que a desigualdade não se dá exclusivamente por 
falta de recursos econômicos no país e sim pela sua má distribuição.
e. Todas as alternativas acima estão corretas.
 
109 
5. Considere o poema “O bicho” de Manoel Bandeira, faça a leitura e analise-o. Em 
seguida, identifique nas questões a alternativa correta com relação ao poema, 
no que diz respeito ao estudo da questão social e suas diversas expressões:
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira)
Representa o texto descrito anteriormente:
a. Nas franjas da sociedade capitalista, apesar de serem inseridas em programas 
sociais, as pessoas apresentam situações crônicas, e continuarão sempre de-
sajustadas.
b. É a expressão da questão social na atualidade, onde há igualdade de oportu-
nidades que não são utilizadas por todos os indivíduos.
c. Na base da estrutura social em vigor, em que prevalece a competição, é natu-
ral que existam as elites e a massa de miseráveis.
d. Cabe ao mercado a regulamentação e a intervenção para que a situação a 
seguir descrita possa ser enfrentada e resolvida.
e. O cerne da questão social está no conflito entre capital e trabalho.
110 
Questão Social: Objeto do Serviço Social?
Iamamoto, (1997, p. 14), define o objeto do Serviço Social nos seguintes termos:
Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais va-
riadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam 
no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência 
social pública etc. Questão social que sendo desigualdade é também 
rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela 
resistem, opõem-se. É nesta tensão entre produção da desigualdade e 
produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes so-
ciais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, aos 
quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em so-
ciedade. [...] a questão social, cujas múltiplas expressões são o objeto do 
trabalho cotidiano do assistente social.
É indiscutível a inserção da intervenção do Serviço Social no âmbito das desigualdades 
sociais, ou, mais amplamente, da questão social. Entretanto, considerando a concepção 
de questão social, é de se perguntar se a mesma, ou suas expressões, podem se consti-
tuir em objeto de uma única profissão. Estamos partindo da concepção de que o objeto 
é o que demonstra e coloca a especificidade profissional. Ora, entender a questão social 
como objeto específico do Serviço Social, das duas uma: ou se destitui a questão social 
de toda a abrangência conceitual, ou se retoma a uma visão do Serviço Social como o 
único capaz de atuar nas mudanças/transformações da sociedade.
Se pensarmos na abrangência da concepção de questão social, concluiremos que as 
mais diversas profissões têm suas atuações determinadas por ela: o médico que aten-
de problemas de saúde causados por fome, insegurança, acidentes de trabalho etc.; o 
engenheiro que projeta habitações a baixo custo; o advogado que atende as pessoas 
sem recursos para defender seus direitos; enfim, os mais diferentes profissionais que, 
também, atuam nas expressões da questão social.
Há, ainda, outra reflexão possível: em sendo a questão social uma categoria que ex-
plicita, expressa, as desigualdades geradas pelo modo de produção capitalista, ela se 
colocaria, também, como objeto de todos aqueles que apostam no capitalismo como a 
forma perfeita de produção da vida social. Assim, ela, também se expressaria nas políti-
cas econômicas, sociais, culturais, traçadas em âmbito governamental, para manter as 
classes que vivem do trabalho subordinadas e dominadas. Ou seja, se a manifestação da 
desigualdade, a luta pelos direitos sociais e de cidadania, são uma expressão da questão 
social, não interessa as classes detentoras dos poderes políticos e econômicos que haja 
um acirramento da contradição, viabilizando, desta forma, espaços de organização da 
população. Neste sentido, a contradição capital – trabalho também é um objeto dos que 
buscam, na manutenção do capitalismo, a garantia de privilégios econômicos e políti-
cos.
111 
Segundo Faleiros (1997, p. 37):
[...] a expressão questão social é tomada de forma muito genérica, em-
bora seja usada para definir uma particularidade profissional. Se for en-
tendida como sendo as contradições do processo de acumulação capi-
talista, seria, por sua vez, contraditório colocá-la como objeto particular 
de uma profissão determinada, já que se refere a relações impossíveis 
de serem tratadas profissionalmente, por meio de estratégias institucio-
nais/relacionais próprias do próprio desenvolvimento das práticas do 
Serviço Social. Se forem as manifestações dessas contradições o objeto 
profissional, é preciso também qualificá-las para não colocar em pauta 
toda a heterogeneidade de situações que, segundo Netto, caracteriza, 
justamente, o Serviço Social.
Portanto, definir como objeto profissional a questão social, não estabelece a especifici-
dade profissional. Podemos entender, na sugestão de Faleiros, que qualificar a questão 
social significa apreender o que compete ao Serviço Social no âmbito da questão social. 
Se falarmos, por exemplo, nas expressões sociais da questão social, estaremos, minima-
mente, definindo um espaço de atuação profissional.
Há que se ressaltar que, para Faleiros, 1997 entretanto, o objeto do Serviço Social se 
define pelo empowerment:
A questão do objeto profissional deve ser inserida num quadro teórico-
-prático, não pode ser entendida de forma isolada. Penso que no contex-
to do paradigma da correlação de forças o objeto profissional do serviço 
social se define como empoderamento, fortalecimento, empowerment 
do sujeito , individual ou coletivo,na sua relação de cidadania (civil, 
política, social ,incluindo políticas sociais), de identificação (contra as 
opressões e discriminações), e de autonomia (sobrevivência, vida so-
cial, condições de trabalho e vida [...] ) (Fonte: correspondência pessoal, 
15/10/1999).
Não estamos defendendo, aqui, a opção por um ou outro objeto. O fundamental é re-
pensarmos como o objeto de Serviço Social tem sido colocado, e como poderemos re-
vê-lo para darmos objetividade à atuação profissional.
Entendemos que, a cada situação, temos que reconstruir o objeto profissional. Entretan-
to, ele tem determinações mais amplas, e essa reconstrução tem por finalidade, apenas, 
garantir, no processo de intervenção, as particularidades de cada situação, inserida no 
contexto específico de onde atuamos.
Fonte: Machado (1999, p. 44-47, on-line)7.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Serviço Social: Direitos Sociais e Competência 
Profi ssionais
Marilda Vilela Iamamoto
Editora: CFESS/ABEPSS
Sinopse: Editado pelo CFESS e ABEPSS com apoio do 
CEAD/UnB, este livro reúne textos que abordam uma 
temática essencial ao trabalho dos(as) assistentes sociais 
e para a formação de estudantes de Serviço Social e, 
certamente, será uma referência obrigatória nos debates 
sobre as competências e atribuições pro� ssionais no 
âmbito das políticas sociais e na realização de direitos.
REFERÊNCIAS
113
ARCOVERDE, A. C. B. Questão social no Brasil e serviço social. Capacitação em Ser-
viço Social e Política Social, Reprodução social, trabalho e Serviço Social. Brasí-
lia: UnB, Centro de Educação Aberta, Continuada a Distância, mód. 2, 1999, p. 75-85.
CASTEL, R. As transformações da questão social. In: WANDERLEY, Mariângela B.; BO-
GUS, Lucia; YASBECK, Maria Carmelita (Org.). Desigualdade e a questão social. São 
Paulo: EDUC, 1997, p.161-190.
CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petrópolis: 
Vozes, 1998. 
DIAS, A. T. A “Nova” Questão Social e os Programas de Transferência de Renda 
no Brasil. 2006, 221 f. Dissertação (Mestrado em Política Social) - Programa de Pós-
-Graduação de Política Social do departamento de Serviço Social. Universidade de 
Brasília (UnB), 2006.
HERMANN, M. G. Political Psychology. San Francisco: Jossey-Bass, 1990.
IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: dimensões históricas, te-
óricas e ético-políticas. Debate CRESS–CE, Fortaleza, n. 6, 1997.
_____. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 
2 ed. São Paulo: Cortez. 1999.
_____. A questão social no capitalismo. Revista Temporalis – Associação Brasileira 
de Ensino e Pesquisa em Serviço Social –, Brasília: ABEPSS, ano 2, n. 3, jan./jul. 2001.
_____. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 
São Paulo: Cortez, 2007.
IAMAMOTO O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profis-
sional. São Paulo: Cortez, 2003.
IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. Relações sociais e serviço social no Brasil: esbo-
ço de uma interpretação histórico-metodológica. 19. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
LOPES. J. B. Objeto e Especificdade do Serviço Social. São Paulo: Cortez e Moraes, 
1980.
PAULO NETTO, P. Cinco notas a propósito da “questão social”. Revista Temporalis – 
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, Brasília: ABEPSS, ano 
2, n. 3, jan./jul. 2001
PASTORINI, A. A categoria questão social em debate. São Paulo: Cortez, 2004.
PEREIRA, P. A. Perspectivas teóricas sobre a questão social no Serviço Social. Revista 
Temporalis – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social –, Brasí-
lia: ABEPSS, ano 4, n. 7, p. 112-122, 2004.
REFERÊNCIAS
SANTOS, S. M. C. Humanização da Pena de Prisão: Uma possibilidade real? 2007, 
112f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Unidade Federal de Alagoas (UFAL). 
Faculdade de Serviço social, Maceió, 2007. 
TELLES, V. da S. Questão social: afinal do que se trata? São Paulo em Perspectiva, v. 
10, n. 4, p. 85-95. out./dez. 1996.
REFERÊNCIA ON-LINE
1 - <http://www.coseac.uff.br/trm2000/provas/tssocial.pdf>. Acesso em: 09 mai. 
2016.
2 - <http://www.cfess.org.br/arquivos/cfess_manifesta_campanha.pdf>. Acesso 
em: 09 mai. 2016.
3 - <http://www.redalyc.org/html/3215/321527158008/>. Acesso em: 09 mai. 2016.
4 - <http://livros01.livrosgratis.com.br/cp001995.pdf>. Acesso em: 09 mai. 2016.
5 - <http://docplayer.com.br/11672066-A-nova-questao-social.html>. Acesso em: 
31 mai. 2016.
6 - <http://www.eumed.net/rev/cccss/03/fpod.htm>. Acesso em: 11 mai. 2016.
7 - <http://www.uel.br/revistas/ssrevista/n1v2.pdf>. Acesso em: 11 mai. 2016.
8 - <https://www.trabalhosgratuitos.com/Sociais-Aplicadas/Ci%C3%AAncias-So-
ciais/Servi%C3%A7o-Social-290449.html>. Acesso em: 11 mai. 2016.
GABARITO
115
1. D
2. B
3. E
4. E
5. E
U
N
ID
A
D
E IV
Professora Esp. Daniela Sikorski
MANIFESTAÇÕES DA QUESTÃO 
SOCIAL BRASILEIRA SOB O 
OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Estabelecer um processo de análise sobre as especifidades da 
questão social, enquanto objeto de interveção profissional. 
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Questão Social – Serviço Social e sua intervenção
 ■ O cenário atual e suas incidências na questão social
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), ao iniciarmos esta unidade de aprendizagem, retomaremos 
algumas questões estudadas anteriormente. Também é importante retomar seus 
conhecimentos acerca da História do Serviço Social, caso você precise recorra 
às sugestões de leitura apresentado ao final de cada unidade.
Você pode me perguntar por que, e eu lhe responderei que não podemos 
compreender as ações e objetivos da profissão hoje sem que tenhamos claro o 
caminho trilhado pela profissão ao longo se sua trajetória. Sendo assim, nada 
de preguiça, quando sentir dúvidas, recorra a outros materiais, pesquise, inves-
tigue, aprofunde-se, conto com você.
Atualmente fala-se muito em globalização e sistema capitalista, neolibera-
lismo, porém, se observarmos o constante crescimento da economia, veremos 
que esse avanço não contribuiu para amenizar ou eliminar as desigualdades e 
disparidades sociais presentes presente na sociedade. Vemos a crescente pobreza, 
ocasionada por falta de emprego, o que acaba por desencadear problemas habita-
cionais, de saúde, assistência social, violência, entre outros. O avanço econômico 
não gerou avanço e desenvolvimento social e em alguns momentos até o agra-
vou, deixando muitos indivíduos à mercê da própria sorte.
Bem, nossa proposta agora é analisar o trabalho do assistente social frente às 
manifestações das questões sociais, esse assunto dá margem para muitas reflexões, 
pois, como a profissão possui um amplo leque de atuação, podemos estabelecer 
discussões riquíssimas. 
Cabe também a reflexão acerca do contexto político e a sua relação com o 
enfrentamento das questões sociais neste meio da atuação profissional. Não se 
pode mediar aquilo e aquele a quem não se conhece, dessa maneira, é de suma 
importância estar antenado à realidade na qual se está inserido. 
PENSAR É SABER RELACIONAR AS IDEIAS. Então, pense, pense muito 
durante estas atividades.
Introdução
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
119
MANIFESTAÇÕES DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA SOB O OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E120
QUESTÃO SOCIAL – SERVIÇO SOCIAL E SUA 
INTERVENÇÃO
Neste início, faz-se necessário refrescar a memória dizendo que, no Brasil, no 
início do Século XX, a questão social resumia-se a “questãoda moral” (ligada à 
religião; a higiene) ao comportamento dos indivíduos e a ordem. 
As ações do profissional de serviço social eram focalizadas no indivíduo, 
e esse era o principal responsável pelos seus problemas, a ele eram atribuídas as 
suas necessidades e problemas, era considerado um fracassado social, como inca-
paz de gerir sua própria vida. A análise da conjuntura realizada pelo profissional 
de serviço social se limitava ao mundo de cada pessoa que estava sendo aten-
dida, com o objetivo de melhorar seus comportamentos e suas condições, para 
que voltasse a se ajustar à sociedade, pois até então ele era um desajustado social.
A extração de classes dos profissionais somada à ideologia religiosa confor-
mava um perfil de assistente social que desconsiderava as condições concretas 
de vida do proletariado. A neutralidade sempre inexistiu no meio profissional, 
pois era bastante claro o conteúdo político que atravessava a prática desenvol-
vida. Ocorria um processo de “culpabilização” do proletário por sua situação: 
ele era considerado portador de uma “ignorância natural”, baixo nível cultural, 
fraca formação moral, insuficiente em recursos econômicos, enfim, era presa 
fácil da “fanfarra subversiva”.
©shutterstock
Questão Social – Serviço Social e Sua Intervenção
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
121
O discurso caracterizava-se por ser doutrinário e moralista, ou seja, os pro-
fissionais assumiam outra postura de conhecimento e decisão sobre o que era 
melhor para o outro; o julgamento moral tem por base o esquecimento das bases 
materiais das relações sociais.
Na década de 70, na sociedade brasileira, tornou-se comum encontrar refe-
rência a uma questão social caracterizada por uma série de novos problemas, 
novas formas de pobreza, nova exclusão social ou antigos problemas superdi-
mensionados, por exemplo, aumento do desemprego e vulnerabilidade social. 
Assim a visão do serviço social em relação à questão social começa a deslocar-
-se da “moral”, para a observação/estudo/pesquisa do coletivo. 
Começa-se lenta-
mente a atuar no contexto 
do modo de produção do 
trabalho articulando a 
harmonia social e relação 
entre Estado/sociedade. 
Atuando na melhoria das 
condições de vida no que 
tangea comunidade, em 
que se valoriza a partici-
pação dos grupos e líderes 
ativos em busca de um 
bem comum.
A partir de então se visualiza o serviço social vinculado mais claramente aos 
problemas sociais oriundos do processo de industrialização, vendo o indivíduo 
como parte do todo e não isolado das situações da época. Não é preciso mudar 
o homem, mas a realidade na qual ele está inserido.
Quando olhamos para o Serviço Social enquanto profissão de relevância 
social, notamos que ele se gesta e se desenvolve como profissão:
[...] tendo por pano de fundo o desenvolvimento capitalista industrial 
e a expansão urbana [...] - a constituição e expansão do proletariado e 
a burguesia industrial – as modificações verificadas na composição dos 
grupos e frações de classes que compartilham o poder de Estado em 
conjuntura históricas especificas. (IAMAMOTO, 1997 , p. 77).
©shutterstock
MANIFESTAÇÕES DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA SOB O OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E122
Ao mesmo tempo, procuram projetar e dar mais visibilidade às formas de resis-
tência e luta por vezes oculta, mas presentes na realidade.
O serviço social atua junto às questões sociais e aos indivíduos que a expe-
rimentam no trabalho, na família, na saúde, no acesso aos serviços públicos ou 
nas formas de sociabilidade. Os sujeitos que a vivenciam, a ela se opõe e resistem.
O Assistente Social trabalha nas mais variadas expressões cotidianas da 
Questão social e em se tratando de desigualdades, também envolve sujeitos que 
resistem e se opõem a elas. 
Portanto, 
[...] o assistente social trabalha nesta tensão entre produção da desi-
gualdade e produção da rebeldia e da resistência, terreno movido por 
interesses sociais distintos que tecem a vida em sociedade (IAMAMO-
TO, 2007, p. 27).
Os assistentes sociais [estão] situados em um terreno movido por interes-
ses distintos e contraditórios, não escapam aos fios que tecem a vida da so-
ciedade, mas procuram, como profissionais, decifrar as mediações que na 
atualidade permeiam a questão social desfazendo os seus nós. Ao mesmo 
tempo, procuram projetar e dar mais visibilidade as formas de resistências e 
luta, por vezes, ocultas, mas presentes na realidade.
Fonte: Arcoverde (1999, p. 79).
“[...] o assistente social trabalha nesta tensão entre produção da desiqualda-
de e produção da rebeldia e da resistência, terreno movido por interesses 
sociais distindo que tecem a vida em sociedade”, nesse sentido como você 
imagina a atuação do assistente social hoje? (adaptado de Iamamoto).
Questão Social – Serviço Social e Sua Intervenção
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
123
Já é sabido que o Serviço Social surgiu da emergência da Questão Social conjunto 
das expressões da desigualdade social, econômica e cultural, ou seja, problemas 
da sociedade capitalista, do antagonismo entre o Capital e o Trabalho. Possuindo 
três grandes momentos:
 ■ Entre os anos de 1930 a 1945, coincidindo com dois grandes fatos polí-
tico-sociais: a Segunda Guerra Mundial (Europa) e o período do Estado 
Novo (Brasil). Os modelos importados não se enquadravam na realidade 
brasileira e fizeram com que o Serviço Social fosse assistencial, caritativo, 
missionário e beneficente.
 ■ Entre os anos de 1945 a 1958, acompanhando o desenvolvimento da tec-
nologia moderna, científica e cultural houve maior intercâmbio entre o 
Brasil e os Estados Unidos. Os profissionais conscientizaram-se da neces-
sidade de criar novos métodos e técnicas adaptados à realidade brasileira.
 ■ A partir da década de 1960 até hoje, caracterizando-se pelo movimento de 
reconceituação e tendo como marco referencial a procura de um modelo 
teórico-prático para nossa realidade. De acordo com Iamamoto (2003, p. 
27), “[...] o serviço social tem na questão social a base de sua fundação 
como especialização do Trabalho”.
A questão social sempre permeou o serviço social, desde seu surgimento enquanto 
categoria profissional junto ao sistema capitalista, recebendo várias nomenclatu-
ras dentro do processo histórico da profissão, evoluindo de acordo com a época 
e realidade social.
No serviço social, a questão 
social é tema recorrente e objeto de 
sua intervenção desde o início da 
profissão. Como seu fundamento 
recebe interpretações diferentes, 
nem sempre essas interpretações 
superam o “feitiço da ajuda” e da 
caridade, que, por sinal, somente 
nos anos 90, do século XX, começa 
a ser desmitificado. Tudo tem um 
porquê, uma explicação.
©shutterstock
MANIFESTAÇÕES DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA SOB O OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E124
De acordo com Iamamoto (2003, p. 27), “[...] a tarefa do assistente social é 
não só decifrar as formas e expressões da questão social na contemporaneidade, 
mas atribuir transparência às iniciativas voltadas à sua reversão e/ou enfrenta-
mento imediato.”.
A questão social se manifesta no dia a dia da vida do homem, expressando as 
várias contradições e desigualdades, esse entendimento nos faz compreender 
qual é base da atuação profissional. 
Segundo Iamamoto (2006), a pauperizaçãoabsoluta ou relativa gera o fenô-
meno do lumpen-proletariado, que não será mais absorvido pelo mercado de 
trabalho. A socialização dos custos de reprodução dessa força de trabalho exige 
a presença do Estado no que se refere à constituição de políticas sociais.
O Serviço Social não tem um caráter de autonomia: não se pode pensar 
à profissão no processo de reprodução das relações sociais independente das 
organizações institucionais a que se vincula, como se a atividade profissional se 
encerra em si mesma e seus efeitos sociais derivassem, exclusivamente, da atu-
ação profissional. 
É, portanto, no contexto do desenvolvimento do capitalismo industrial e da 
expansão urbana, que se coloca a necessidade do Serviço Social, enquanto 
mediador das classes fundamentais da então, burguesia industrial e prole-
tariado fabril.
Fonte: Iamamoto (2006).
Questão Social – Serviço Social e Sua Intervenção
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
125
No processo de constituição de 
sua hegemonia, o Estado não 
pode desconsiderar por com-
pleto as necessidades/interesses 
das classes dominadas, como 
condição mesma de sua legiti-
mação; a incorporação dessas 
necessidades se dá de forma 
subordinada, não afetando os 
interesses da classe capitalista 
como um todo.
No ingresso do Serviço Social como profissão, uma das pré-condições é a 
transformação de sua força de trabalho em mercadoria e de seu trabalho em ati-
vidade subordinada à classe capitalista. A mesma lógica que preside o trabalho 
da classe trabalhadora, também preside a intervenção do Serviço Social.
O Serviço Social não se afirma no mercado como profissional liberal por 
não dispor de condições objetivas para essa realização, ele necessita das políticas 
sociais de cunho público ou privado para o exercício profissional se concretizar.
O Serviço Social não é função diretamente produtiva, ele participa, ao lado 
de outras profissões, da tarefa de implementação de condições necessárias ao 
processo de reprodução no seu conjunto, integrada como está a divisão sócio-
-técnica do trabalho.
É no campo das instituições/organizações que se dá o enfrentamento das 
questões sociais. (a autora).
©shutterstock
MANIFESTAÇÕES DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA SOB O OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E126
A produção e reprodução capitalista inclui, também, uma gama de ati-
vidades, que não sendo diretamente produtivas, são indispensáveis ou 
facilitadoras do movimento do capital. Embora não sejam geradoras 
de valor, tornam mais eficiente o trabalho produtivo, reduzem o limite 
negativo colocado à valorização do capital, não deixando de ser para 
ele uma fonte de lucro. (CARVALHO; IAMAMOTO, 2006, on-line)1.
O Assistente Social se situa na sua condição de intelectual; para tanto, utiliza-se 
de Gramsci para subsidiar sua análise. Cada classe possui seus próprios intelectu-
ais, que tem o papel de contribuir na luta pela direção sóciocultural dessas classes 
na sociedade. O intelectual é o organizador, dirigente e técnico que coloca sua 
capacidade a serviço da criação de condições favoráveis à organização da pró-
pria classe a que se encontra vinculado.
O Assistente Social na sua qualidade de intelectual tem como instru-
mento de trabalho a linguagem; historicamente, não constitui atividade 
proeminente para essa categoria profissional a produção de conheci-
mento científico. (CARVALHO; IAMAMOTO, 2006, on-line)1.
Quando falamos das relações sociais e do serviço social, temos que considerar a 
contraditoriedade presente nas relações sociais, ressalta-se assim a necessidade 
de uma reflexão sobre o caráter político da prática profissional; essa reflexão é 
condição para o estabelecimento de uma estratégia teórico-prática que pos-
sibilite, dentro de uma perspectiva histórica, a alteração do caráter de classe da 
legitimidade desse exercício profissional.
De acordo com Carvalho e Iamamoto (2006, on-line)1, os múltiplos e comple-
xos problemas com as quais se deparam a classe trabalhadora – fome, desemprego, 
O Serviço Social emerge e se afirma em sua evolução como uma categoria 
voltada para a intervenção na sociedade. A cisão entre trabalho intelectual e 
manual desenvolve-se à medida que se aprofunda o capitalismo.
Fonte: Carvalho e Iamamoto (2006, on-line)1.
Questão Social – Serviço Social e Sua Intervenção
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
127
miséria, doença – são expressão de questão social que por seu turno, corres-
ponde às desigualdades oriundas de lógica capitalista de produção/reprodução 
das mercadorias.
No entanto, as políticas sociais são 
constituídas a partir de dimensões parti-
culares e particularizadas da situação de 
vida dos trabalhadores: saúde, educação, 
habitação, alimentação etc. Dessa forma, 
a fragmentação não permite ao traba-
lhador a aquisição de uma consciência 
mais coletiva sobre seus problemas.
Na linguagem do poder, os “bene-
fícios” sociais são algumas vezes 
denominados de “salário indireto”, já 
que são encarados como uma “com-
plementação salarial” preferível (para 
os patrões, é claro) à elevação real dos 
salários, à proporção que podem ser descontados total ou parcialmente dos 
“beneficiários” ou de impostos governamentais. Os Serviços Sociais tornam-
-se, portanto, um meio de reduzir os custos de reprodução da força de trabalho.
A rede de Serviços Sociais viabiliza ao capital uma ampliação de seu campo 
de investimentos, subordinando a satisfação das necessidades humanas às neces-
sidades de reprodução ampliada do capital.
A pauperização acentuada determina um ambiente fértil à emergência de uto-
pias, de inconformismos que são potencialmente ameaçadores à ordem vigente. 
Controlar e prever as ameaças têm sido uma estratégia política do poder, (como 
o empobrecimento generalizado não tem solução nos marcos do capitalismo, 
o que o Estado faz é administrar e controlar a situação de descontentamento).
Os Serviços Sociais têm significados diferentes a partir da lógica de consti-
tuição das classes, para os capitalistas representam um caráter complementar à 
reprodução da força de trabalho de menor custo. Do ponto de vista dos repre-
sentantes do trabalho, os Serviços Sociais respondem às necessidades legítimas, à 
medida que são, muitas vezes, temas de lutas político-reinvindicatórias da classe 
©trueffelpix.com
MANIFESTAÇÕES DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA SOB O OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E128
trabalhadora, no empenho de terem seus direitos sociais reconhecidos, como 
estratégia de defesa de sua própria sobrevivência.
Logo, perceba você que não podemos subestimar a importância e a força 
dessa profissão de serviço social, pois ela é um instrumento auxiliar e subsidi-
ário, ao lado de outros de maior eficácia política e mais ampla abrangência, na 
concretização do objeto sinalizado acima.
O modo capitalista de produzir supõe um modo capitalista de pensar, ou 
seja, não é a forma como pensa o capitalista, mas antes de tudo, a forma neces-
sária de toda a sociedade de pensar e agir, fundamental à reelaboração das bases 
de sustentação – ideológicas e sociais – do capitalismo.
Portanto, 
[...] o controle social não se reduz ao controle governamental e institu-
cional; é exercido, também, por meio de relações diretas, expressando o 
poder de influência de determinados agentes sociais sobre o cotidianode vida dos indivíduos, reforçando a internalização de normas e com-
portamentos legitimados socialmente. Entre esses agentes institucio-
nais encontra-se o profissional do Serviço Social. Importante ressaltar 
que a ideologia dominante é um meio de obtenção do consentimento 
dos dominados e oprimidos socialmente, adaptando os à ordem vigen-
te. Em outros termos: a difusão e reprodução da ideologia dominante é 
uma das formas de exercício do controle social. (CARVALHO; IAMA-
MOTO, 2006, on-line)1.
Há possibilidades de, no espaço da prática profissional, construir-se outras 
formas de pensar e agir? (Suguihiro)2.
Questão Social – Serviço Social e Sua Intervenção
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
129
O cotidiano apresenta aquilo que existe, que está posto e que é possível e real, o 
assistente social que consegue compreender o cotidiano, suas relações, seu con-
texto, consegue descobrir estratégias para agir sobre ele, o cotidiano é o real, e o 
real traz consigo as possibilidades de transformação. De acordo com Carvalho 
e Iamamoto é o cotidiano o solo da produção e reprodução das relações sociais.
A compreensão do cotidiano não se reduz aos aspectos mais aparen-
tes, triviais e rotineiros; se eles são parte da vida em sociedade, não a 
esgotam. O cotidiano é expressão de um modo de vida, historicamente 
circunscrito, onde se verifica não só a reprodução de suas bases, mas 
onde são, também gestados, os fundamentos de uma prática inovadora. 
(CARVALHO; IAMAMOTO, 2006, on-line, grifo nosso)1.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO
No texto proposto na sugestão de leitura do material complementar: “O clien-
telismo político no Brasil contemporâneo”, que se encontra no final da unidade, 
você poderá estabelecer uma relação bastante pertinente, entre a questão social 
e o clientelismo político, após a leitura procure responder as seguintes questões: 
1. Por que ainda temos o clientelismo político? O que permite que ele ainda 
seja percebido em nosso país?
2. Se o político atua na sociedade com vistas também a atuar no enfrenta-
mento das questões sociais, por meio das políticas públicas, porque ao 
julgá-lo apto a assumir o cargo público a população destina a esse o seu 
voto, formando assim um grupo de candidatos eleitos, por que será que 
,depois de tanto tempo, ainda temos tantos problemas sociais, e alguns 
chegam até se agravar durante o mandato de alguns? Qual o grande pro-
blema para o mau desempenho dos nossos políticos?
3. Como você entende a ação do assistente social nesse contexto de clien-
telismo político? Como é possível desenvolver um trabalho de qualidade 
que atinja os objetivos da profissão?
MANIFESTAÇÕES DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA SOB O OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E130
O CENÁRIO ATUAL E SUAS INCIDÊNCIAS NA 
QUESTÃO SOCIAL
As alterações no padrão de acumulação capitalista, sob a égide da hegemonia do 
capital financeiro em que se amplia a competitividade intercapitalista nos merca-
dos mundiais e nacionais, modificando as relações entre o Estado e a sociedade 
civil, conforme parâmetros estabelecidos por organismos internacionais, a partir 
do “Consenso de Washington”, em 1989, que recomendam uma ampla reforma 
do Estado, segundo diretrizes políticas de raiz neoliberal.
Uma questão central, que se coloca para os Assistentes Sociais hoje, pode 
ser assim formulada: como reforçar e consolidar esse projeto político pro-
fissional em um terreno profundamente adverso? Como atualizá-lo ante o 
novo contexto social, sem abrir mão dos princípios ético-políticos que o 
norteiam? (Iamamoto).
©
sh
ut
te
rs
to
ck
O Cenário Atual e suas Incidências na Questão Social
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
131
Dar conta da questão social, hoje, é: 
[...] decifrar as desigualdades sociais – de classes – em seus recortes 
de gênero, raça, etnia, religião, nacionalidade, meio ambiente etc. Mas, 
decifrar, também, as formas de resistência e rebeldia com que são vi-
venciadas pelos sujeitos sociais. (IAMAMOTO, 1999, p. 114).
O problema da insegurança do trabalho ou da redução de postos de trabalho não 
é peculiar às Assistentes Sociais: o seu enfrentamento exige, ao contrário, ações 
comuns que fortaleçam a capacidade de articulação e organização mais ampla 
de coletivos de trabalhadores.
A recuperação de alguns dos pontos básicos da proposta governamental 
permite perceber que a execução da Reforma do Estado choca-se, radicalmente, 
com as conquistas sociais obtidas na Carta Constitucional de 88. Os princípios 
de privatização, descentralização e focalização direcionam as ações no campo 
das políticas sociais públicas. Esse processo amplia o espaço das grandes corpo-
rações empresariais e das Organizações não governamentais (ONG) na gestão 
e execução de políticas sociais, com amplas repercussões nas condições de tra-
balho e no mercado de trabalho especializado.
MANIFESTAÇÕES DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA SOB O OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IVU N I D A D E132
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta unidade apresenta um conteúdo riquíssimo uma vez que vem estabelecer 
relação entre o serviço social e a questão social, de forma que o serviço social 
está atrelado à questão social e suas expressões. 
Nesta unidade, além de resgatarmos alguns pontos históricos da profissão 
tivemos a oportunidade de refletir sobre elementos relevantes para o exercício 
profissional junto à demanda usuária atingida diretamente pelas questões sociais. 
Assim, apontamos a real necessidade de compreendermos o cotidiano na 
sua profundidade, de sairmos do mundo das aparências, pois é no cotidiano 
que se revelam todas as problemáticas sociais, é a partir do cotidiano, daquilo 
que é vivido e sentido pelo usuário que o assistente social estabelece sua inter-
venção profissional.
Apontamos para a discussão do assistente social também estar inserido no 
contexto do sistema capitalista, apresentando-se como um assalariado, vivendo 
as mesmas tensões que os demais indivíduos da sociedade, como ser um pro-
fissional que atua no enfrentamento das questões sociais, se ao mesmo tempo 
também é atingido por elas?
Cabe dizer que nossa profissão está aí, posta na sociedade, inserida na divi-
são social e técnica do trabalho, também vendemos nossa força de trabalho em 
troca de salário e vivemos no mesmo mundo que a demanda da profissão, não 
sendo melhor ou maior que ela. A questão que se coloca é que, em meio ao sis-
tema, também sendo vítima dele, como podemos fazer a diferença e cumprir 
com os objetivos da profissão sem se deixar corromper?
Cada unidade contribui para muitos esclarecimentos, contudo, deixa insta-
lado em nós uma séries de indagações e inquietações, concorda? Este é o mundo 
dinâmico, pois é a partir das inquietações que as investigações acontecem e a 
profissão vai ganhando corpo teórico e avançando para a análise e de codifica-
ção de muitos outros problemas.
133 
1. Quanto a Questão Social enquanto objeto de intervenção profissional do Servi-
ço Social, analise as sentenças assinalando V para verdadeiro e F para falso:
( ) [...] apreender a questão social é também captar as múltiplas formas de 
pressão social, de invenção e de reinvenção da vida construída no cotidiano.
( ) “Decifrar múltiplas expressões da questão social, cuja gênese e as novas ca-
racterísticas que assume na contemporaneidade, atribuindotransparência 
às iniciativas voltadas à sua reversão e/ou enfrentamento imediato” (IAMA-
MOTO, 2007, p. 28). Por essa razão, o assistente social tem sua principal ca-
racterística o voluntariado, ou seja, deve prestar serviços na sociedade sem 
receber nenhum salário, somente por amor à causa. 
( ) Os “[...] assistentes sociais estão [...] situados nesse terreno movido por inte-
resses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir por-
que tecem a vida em sociedade” (IAMAMOTO, 2007, p. 28).
( ) A questão social passou a existir no mundo após a criação do profissional de 
serviço social, visto que esse é o principal responsável por sua resolução. O 
assistente social deve ser o principal gerenciador dos problemas humanitá-
rios criado pelo sistema capitalista no qual estamos inseridos.
a. F – F – F - F.
b. V – F – V - F.
c. F – F – V - V.
d. V – V – F - F.
2. Considerando as discussões acerca do serviço social e a sua especificidade pro-
fissional, assinale a alternativa correta: 
I. A especificidade do serviço social é dada pelo objeto profissional, o que nos 
caracteriza e difere enquanto profissão.
II. A especificidade do serviço social está vinculada a uma visão de homem e 
mundo.
III. A especificidade do serviço social está fundamentada em uma perspectiva 
teórica que, no modo capitalista de produção, implica em uma opção política 
– a teoria norteadora da ação e a ação que reconstrói a teoria demonstram de 
que lado está o Serviço Social.
134 
a. Está correta somente a I.
b. Estão corretas a I e III.
c. Estão corretas a II e III.
d. Somente a III está correta.
e. Todas estão corretas.
3. Quanto ao Serviço Social e a sua relação com as questões sociais, analise as se-
tenças abaixo assinalando V para verdadeiro e F para falso: 
( ) A questão social sempre permeou o serviço social, desde seu surgimento 
enquanto categoria profissional junto ao sistema capitalista, recebendo vá-
rias nomenclaturas dentro do processo histórico da profissão, evoluindo de 
acordo com a época e realidade social.
( ) O Estado desde o início do capitalismo foi o primeiro a buscar soluções de-
sinteressadas e eficazes para sanar os conflitos ocorridos entre a burguesia 
e o proletariado, visando sempre o bem comum, para isso o serviço social 
sempre foi seu “braço direito”.
( ) A concepção de questão social é de grande abrangência, sendo assim, diver-
sas profissões podem/têm sua atuação determinada por ela. Por exemplo: o 
médico que atende problemas causados pela fome, acidentes de trabalho, 
etc.; o engenheiro que projeta habitações a baixo custo; o advogado que 
atende as pessoas sem recursos para defender seus direitos; entre outros 
profissionais. (cf. Machado)
( ) As ações do profissional de serviço social no início do Século XX eram foca-
lizadas no indivíduo, o qual era responsável pelos seus problemas e a aná-
lise da conjuntura limitava-se ao mundo de cada pessoa que estava sendo 
sujeito de atendimento, para que esse melhorasse seus comportamentos e 
suas condições. Enfim, resumia-se a questão da “moral”, ao comportamento 
e a ordem.
( ) De acordo com Iamamoto (2007, p. 28) : “[...] a tarefa do assistente social é 
não só decifrar as formas e expressões da questão social na contemporanei-
dade mas atribuir transparência às iniciativas voltadas à sua reversão e/ou 
enfrentamento imediato.”
a. F – V – F - F.
b. V – F – V - V.
c. F – F – V - V.
d. V – V – F - F.
135 
4. Trazendo os assuntos abordado ao longo da unidade, já foi possível 
compreender que, historicamente, a «questão social» vincula-se estreitamente 
à questão da exploração do trabalho, à organização e à mobilização da classe 
trabalhadora na luta pela apropriação da riqueza social. Ela se expressa:
a. Pelo conjunto de desigualdades sociais engendradas pelas relações sociais 
constitutivas do capitalismo.
b. Pelos mecanismos complementares ao mercado que configuram as políticas 
sociais.
c. Pelo conjunto de programas de proteção contra a doença, o desemprego, a 
morte e a velhice, entre outros.
d. Pela substituição de um perfil histórico de proteção social, que tinha como 
pilar o pleno emprego, pelo pilardo desemprego.
e. Pela acomodação por parte dos que vivem do seu trabalho.
5. A questão social é a base de fundamentação do Serviço Social como espe-
cialização do trabalho. Em relação a esse tema, assinale a opção correta;
a. A questão social está relacionada à emergência da classe operária e ao seu 
ingresso no cenário político.
b. A questão social expressa exclusivamente às disparidades econômicas das 
classes sociais.
c. A questão social é um fenômeno recente que resultou das mudanças no mun-
do do trabalho e da reestruturação produtiva que emergiu na última década.
d. O assistente social trabalha com as múltiplas expressões da questão social 
com o objetivo de amenizar a pressão social do cotidiano e a sua ameaça à 
ordem social.
e. A possibilidade do Serviço Social colocar-se a serviço de um projeto societário 
alternativo dá ao serviço social o papel de mediador dos interesses do capital, 
considerando-se os princípios éticos da profissão.
136 
A QUESTÃO SOCIAL E O SERVIÇO SOCIAL
Já se sabe que, em resposta às lutas operárias contra o desemprego e a exploração so-
cial (acentuadas pelo capitalismo monopolista), a classe dominante criou mecanismos 
de controle social; dentre outras estratégias, buscou se utilizar do Serviço Social para 
este fim. Donde a necessidade de a profissão reafirmar, cada vez mais, seu projeto ético-
-político afinado com a garantia de direitos universais, com base na proteção social da 
população vulnerabilizada. 
Na sociedade monopolista “[...] se gestam as condições histórico-sociais para que, na 
divisão social (e técnica) do trabalho, constitua-se um espaço em que se possam mover 
práticas profissionais como as do assistente social” (NETTO, 2005, p. 73). Vale dizer que 
José Paulo Netto fez um estudo sobre o capitalismo monopolista e o Serviço Social. O 
autor conclui, reafirmando que, “[...] enquanto profissão, o Serviço Social é indissociável 
da ordem monopólica – ela cria e funda a profissionalidade do Serviço Social” (NETTO, 
2005, p. 74).
A questão social é derivada “[...] do caráter coletivo da produção contraposto à apro-
priação privada da própria atividade humana – o trabalho – das condições necessárias 
à sua realização, assim como de seus frutos” (IAMAMOTO, 2007, p. 156). A autora ainda 
tece algumas considerações a respeito da questão social “[...] condensa o conjunto das 
desigualdades e lutas sociais, produzidas e reproduzidas no movimento contraditório 
das relações sociais [...]” (p. 156). 
Como diz Paulo Netto (2005) nas palavras de um profissional do Serviço Social:
A questão social não é senão as expressões do processo de formação e 
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político 
da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do 
empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, 
da contradição entre o proletariado e a burguesia [...] (IAMAMOTO; CAR-
VALHO, 1983, p. 77).
A questão social que Iamamoto (2006, p. 62) define como “a matéria-prima ou o objeto 
do trabalho” manifesta-se no conflito entre capital e trabalho. Para a autora, a questão 
social “[...] provoca a necessidade da ação profissional junto à criança e ao adolescente, 
ao idoso, a situações de violência contra a mulher, à luta pela terra etc” (p. 62). Assim, 
Iamamoto situa o trabalho do assistente social nas “múltiplas expressões” da questão 
social.
Pelos motivos apontados, não dá para discutir a questão social1 e o Serviço Social fora 
1 ‘Por questão social’, no sentido universal do termo, queremos significar o conjunto de problemas políticos, 
sociais e econômicos queo surgimento da classe operária impôs no curso da constituição da sociedade 
capitalista. Assim, a ‘questão social’ está fundamentalmente vinculada ao conflito entre o capital e o trabalho’ 
(CERQUEIRA FILHO, 1982: 21 apud PAULO NETTO, 2006, p. 17, nota de rodapé no 1).
137 
do capitalismo monopolista, visto que ela é fruto da relação entre o capital e o trabalho. 
“Portanto, a questão social é uma categoria que expressa a contradição fundamental do 
modo capitalista de produção” (MACHADO, on-line)3. 
Machado (on-line)3 chama a atenção para os diferentes profissionais que incorporaram 
a questão social ao seu campo de trabalho:
[...] o médico que atende problemas de saúde causados por fome, in-
segurança, acidentes de trabalho etc.; o engenheiro que projeta habi-
tações a baixo custo; o advogado que atende as pessoas sem recursos 
para defender seus direitos, enfim os mais diferentes profissionais que, 
também, atuam nas expressões da questão social (MACHADO, on-line)3.
É possível concluir que a questão social não pode ser vista em si mesma e, muito menos, 
como uma exclusividade do Serviço Social. Mesmo sendo o objeto do Serviço Social, o 
fato de ter surgido da relação capital e trabalho, a questão social abriu um campo de 
trabalho para outros profissionais. Como a questão social e o Serviço Social nasceram e 
se moldam ao capitalismo monopolista, serão feitas algumas considerações acerca das 
mudanças da sociedade de hoje.
Fonte: LEMOS (2009, p. 25-26).
MATERIAL COMPLEMENTAR
O link, a seguir, mostra a tese de Elsio Lenardão, que tem como título: “O clientelismo político 
no Brasil contemporâneo: Algumas razões de sua sobrevivência”. Disponível em: <http://www.
dominiopublico.gov.br/download/texto/cp021472.pdf>.
Questão Social: particularidades no Brasil
Josiane Soares Santos
Editora: Cortez
Sinopse: A � m de desvendar as diversas formas de 
expressão da desigualdade social, este livro mergulha 
nos fundamentos da crítica da economia política, 
procurando tratar a “questão social” como parte 
da dinâmica capitalista e das lutas sociais contra a 
exploração do trabalho.
 Mídia, Questão Social e Serviço Social
Mione Apolinario Sales e Jeff erson Lee de Souza Ruiz
Editora: Cortez
Sinopse: Este livro inaugura um debate que amplia 
e enriquece o campo de possibilidades do Serviço 
Social e de outras pro� ssões interessadas em quali� car 
sua intervenção social de forma criatividade e crítica. 
Considera a comunicação como um dos direitos 
humanos fundamentais, estabelecendo uma mediação 
com o exercício pro� ssional dos assistentes sociais, por 
meio de diferentes experiências práticas signi� cativas e de 
re� exões acerca das condições sócio-históricas adversas que desconstroem direitos e conquistas. A 
obra resgata, assim, como êxito, a construção dessa dimensão do projeto ético-político pro� ssional 
a comunicação como política estratégica capaz de estender os horizontes de uma práxis social e 
pro� ssional compromissada com a liberdade e a emancipação humana.
REFERÊNCIAS
139
ARCOVERDE, A. C. B. Questão social no Brasil e serviço social. In: Capacitação em 
Serviço Social e Política Social, Reprodução social, trabalho e Serviço Social. 
UnB, Centro de Educação Aberta, Continuada a Distância, módulo 2, 1999, p. 75-85.
IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. Relações sociais e serviço social no Brasil: esbo-
ço de uma interpretação histórico-metodológica. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: dimensões históricas, te-
óricas e ético-políticas. Debate CRESS–CE, Fortaleza, n. 6, 1997.
______. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissio-
nal. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1999.
______. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissio-
nal. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2003.
 LEMOS. E. M. Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço So-
cial. Unidade Didática, aula 04, São Paulo, 2009.
REFERÊNCIA ON-LINE
1 Em: <www.elder.byethost4.com/iamamoto.html>. Acesso em: 12 mai. 2016.
2 Em: <http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v2n1_invest.htm>. Acesso em: 12 
mai. 2016.
3 Em: <http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v2n1_quest.htm>. Acesso em: 12 
mai. 2016.
GABARITO
1. B
2. E
3. B
4. A
5. A
U
N
ID
A
D
E V
Professora Esp. Daniela Sikorski
BUSCANDO RESPOSTAS ÀS 
EXPRESSÕES DA QUESTÃO 
SOCIAL NO BRASIL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Contextualizar as expressões da questão social e o exercício 
profissional enfocando a família como a mais atingida por todas as 
expressões da questão social.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Questão Social e Serviço Social
 ■ A família atingida pelas questões sociais – breve explanação. 
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, a seguir, veremos como cada indivíduo é atin-
gido em seu cotidiano pelas questões sociais e algumas ações pertinentes ao 
assistente social.
Veremos também as diretrizes curriculares do curso de serviço social da 
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) e como 
é previsto a formação profissional do assistente social, a partir dos pressupos-
tos norteadores e sua relação com a disciplina que estamos estudamos, isso é 
relevante, pois muitas vezes se questiona a razão de determinados estudos no 
processo de formação. Logo, esta será uma oportunidade para compreensão dos 
elementos necessários para a graduação do assistente social, de maneira que 
possa atuar junto a sua demanda. 
Sabendo que o processo de formação não se encerra com a graduação, ele 
apenas se inicia aqui. A atuação do assistente social pode se dar em diversas áreas 
e instituições, sabendo que todas visam o enfrentamento de alguma expressão 
da questão social, orientada por alguma política pública, sabendo que nem todas 
de maneira eficiente, mas atuam no sentido de equacioná-las.
Os assistentes sociais atuam em hospitais, escolas, unidades de apoio sócio-e-
ducativos, prefeituras Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) que são 
unidades de saúde, secretarias de assistência social de idoso, mulher, criança e ado-
lescente, trabalho educação); ONG; fóruns; empresas; entre tantos outros locais.
Nesta unidade, ainda daremos um enfoque para a questão da família, não 
será propósito desta unidade aprofundar o estudo, este será feito em outra opor-
tunidade, mas é necessário ressaltar que hoje as famílias, independente da sua 
configuração e composição, são atingidas pelas questões sociais, seja com um 
filho drogadito, um esposo ou esposa desempregado, uma criança ou adolescente 
que é submetido ao trabalho ou, então, vítima de violência e/ou abuso sexual, 
enfim, de uma maneira ou outra tudo afeta o núcleo da família.
É necessário esta compreensão, para que não vejamos as problemáticas de 
forma isolada, para que as políticas não sejam elaboradas de forma fragmenta-
das ou setorizadas, reforça-se a ideia do trabalho em rede, compreendendo o 
cidadão como ser relacional.
Introdução
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
143
BUSCANDO RESPOSTAS ÀS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E144
QUESTÃO SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL
Ao aprofundarmos nossa reflexão sobre a questão social suas expressões/mani-
festações (fome, o desemprego, a doença etc.), vemos que essa é o eixo que deu 
origem ao nascimento da profissão. Toda profissão surge de uma necessidade 
social, algo que necessita ser sanado na vida do ser humano. 
A profissão de serviço socialestá ligada às desigualdades oriundas do sis-
tema capitalista de produção, no qual o lucro se mantém nas mãos de poucos, 
estes se apropriam dos frutos da produção e esses frutos são monopolizados por 
um pequeno grupo, quando o ideal a ser feito é a partilha, uma vez que tudo 
o que produzido é resultado da ação de vários atores, mas sabemos que não é 
assim que acontece.
Não podemos achar que essa exploração é característica apenas de países 
em desenvolvimento, isso se mostra também como acontecimento nas socie-
dades tidas como “primeiro mundo”, nos países desenvolvidos também existe 
miséria, pauperização, situações de vulnerabilidade e desigualdade que afetam 
parte da população.
Logo, temos o trabalho do assistente social, atuando em um território tenso 
e desigual, em um contexto que apresenta interesses distintos e contraditórios da 
classe dominante e dominada. Recebendo uma demanda muitas vezes desesperada 
por algum tipo de auxílio para que supere assim as suas vulnerabilidades, essas situ-
ações que se apresentam ao profissional, devem ser entendidas e encaradas dentro 
de um contexto maior. É necessário que o assistente social seja capaz de entender 
que a realidade vista é fruto 
de acontecimentos históri-
cos, reproduzidos ao longo 
do tempo, situações que se 
arrastam neste processo 
atingindo principalmente 
aqueles mais fragilizados.
Questão Social e Serviço Social
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
145
Cada indivíduo atingido é vítima dessa desigualdade que reage 
aos acontecimentos de formas e maneiras diferentes, nem todos 
ficam na passividade, na aceitação da exploração e, consequente, 
na carência. Temos indivíduos que, no auge do desespero da 
fome, vem a se tornar um assaltante, outros se tornam mata-
dores de aluguel; por falta de moradia, invadem juntamente 
com suas famílias espaços públicos/privados abandonados. 
Temos ainda o ingresso no mundo das drogas, álcool, aumento 
significativo da violência doméstica e até mesmo suicídio.
Você pode estar pensando que a profissão está a pos-
tos na sociedade somente para lidar com a tragédia 
humana e sucessivos problemas, na verdade esta-
mos atuando no seu enfrentamento, na superação 
dessas situações. Não estou querendo dizer aqui 
que é intenção do Serviço Social acabar com o sis-
tema capitalista, mas contribuir para uma sociedade capaz de 
ser muito mais justa e igualitária, por meio da formação de 
sujeitos conscientes, autônomos, críticos, capazes de exercer 
seu papel de cidadão.
Atualmente, temos uma diminuição do emprego formal/estável, como pude-
mos estudar, anteriormente, vivenciamos o crescimento do trabalho informal, por 
tempo determinado, temporário, sem contar que em nosso país ainda temos regis-
tro de trabalho escravo e exploratório. A necessidade do trabalho é inerente ao ser 
humano, é por meio dele que o homem pretende garantir a sua subsistência e de sua 
família, cabe a cada um prover o mínimo/básico para si e seus dependentes, quando 
esse não consegue, acaba ingressando nos programas de assistência e políticas sociais.
Muitos indivíduos na situação de não emprego aceitam esse fato como situ-
ação passageira, outros acabam por se acomodar com a providência de auxílio 
por parte de instituições públicas e organizações governamentais, outros ainda 
não aceitam essa situação e a tem como degradante e vergonhosa. Seja qual for 
o caso, todos de uma forma ou outra se tornam demanda em potencial para o 
serviço social. Assim a situação de não emprego, quando prolongada por muito 
tempo, acaba por desencadear muitos outros problemas.
BUSCANDO RESPOSTAS ÀS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E146
Com o neoliberalismo, uma das formas para redução do custo da força de 
trabalho ainda é o contrato da mão de obra infantil. Quando boa parte da popu-
lação mundia, economicamente ativa, do mundo está desempregada de acordo 
com Organização Internacional do Trabalho (OIT), a estimativa de desemprego 
no mundo é de quse 200 milhões (ONUBr, 2016, on-line)1 cresce o desemprego 
de adultos e aumenta, contraditoriamente, o emprego infantil. Para possibilitar 
a sobrevivência da família, quando o pai se encontra desempregado e a mãe já 
está no mercado de trabalho, uma terceira possibilidade que se apresenta é que 
as crianças trabalhem. 
Com muita tristeza, vemos ainda crianças trabalhando em minas de carvão, 
ou nas colheitas massacrantes, deixando a escola de lado, em vista de garantir 
alguns trocados para a família. Claro que temos em nosso país ações de enfrenta-
mento a pobreza que visam a contribuir com a reversão dessa situação, contudo 
quem vivencia esta realidade degradante, opta pela ação ilegal a morrer de fome. 
Os usuários do serviço social (mulheres, crianças, idosos, adolescentes, 
família, idosos, desempregados, pessoas com deficiência, doentes, drogaditos, 
alcoolistas etc.) são diretamente atingidos pelos resultados da questão social exis-
tente que exigem dos sujeitos responsáveis (o Estado, o mercado e a sociedade 
civil organizada) um devido enfrentamento, pautado na análise e estratégia efi-
caz e eficiente. 
Os usuários do serviço social, dia a dia, recorrerem às devidas políticas, para 
que consigam superar as necessidades não sanadas. Contudo, ainda percebe-se 
um ranço muito grande de assistencialismo, paternalismo, conservadorismo e 
clientelismo. É objetivo das políticas hoje é a busca e o incentivo por meio das 
ações profissionais que se promovam a construção/resgate de um cidadão autô-
nomo, assumindo o papel de protagonista de sua história. Para isso, é necessário 
o desmonte de ações/medidas parciais, focalizadas e fragmentadas.
Logo, chegamos à conclusão de que o Estado, mercado e sociedade civil 
organizada devem se tornar mais ativos e definirem políticas de inserção pelo 
trabalho e contra exclusões sociais.
Constituem respostas do Estado, o apoio e o incentivo às microempresas, 
geração de ocupação e renda, qualificação para o mercado de trabalho, econo-
mias solidárias.
Questão Social e Serviço Social
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
147
A reforma previdenciária, como resposta às problemáticas do mundo 
do trabalho, sob o argumento de eliminar privilégios, direitos conquis-
tados, tem de fato fragilizado a situação social do trabalhador emprega-
do, levando voluntariamente à aposentadoria expressivo contingente de 
trabalhadores, sacramentando a exclusão ou a nunca inclusão de uma 
minoria que esteve sempre fora de qualquer sistema de proteção social 
(TELLES, 1996, p. 86).
Vale ressaltar que as respostas às expressões da questão social variam no âmbito 
estadual e municipal, no qual algumas experiências de poder local, administração 
participativa, renda mínima, orçamento participativo, atividades comunitárias 
e autogestionárias (cooperativas, hortas, padarias) sinalizam para uma demo-
cratização do Estado e socialização do poder, de traços mais universalizantes. 
Do lado do mercado, as políticas sociais privadas e empresariais vêm se vol-
tando mais para responder às demandas emergentes. Os projetos sociais vêm 
fazendo avançar a filantropia empresarial. Em vez das empresas realizarem 
donativos de caridade, mesmo que fossem para se libertarem dos impostos, as 
doações são estruturadas ou realizadas como investimento social, na contem-
poraneidade (KAMEYAMA, 1998).
 Algumas empresam passam a desenvolver programas sociais nas áreas de 
educação, promoçãosocial, cultura, saúde, meio ambiente, agricultura, políticas 
públicas, ciência e tecnologia, crianças e adolescentes, e esportes. E, para isso, 
vem crescendo consideravelmente a presença do profissional de serviço social 
nesses espaços.
Para tanto é mais que necessário imprimir às políticas sociais públicas e/
ou privadas, no trabalho ao enfrentamento às manifestações da questão social, 
o caráter de universalidade de direitos de cidadania exige, portanto, reordena-
mento e articulação entre os diferentes sujeitos sociais.
A empresa do final do século passado e do início deste não responde mais 
ao capital e ao trabalho levando em conta apenas a qualidade, o serviço, o preço 
de padrão mundial e o marketing inteligente como diferenciais de competição. 
A vantagem competitiva agora são as políticas empresariais dirigidas às corpora-
ções e seus executivos, pois atraem o mercado, gratificam funcionários e reforçam 
a boa imagem da empresa. O setor de Recursos Humanos passa a ser estraté-
gico, nesse sentido, sendo ele, inclusive, espaço novo de intervenção do Serviço 
BUSCANDO RESPOSTAS ÀS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E148
Social, a partir de ações estratégicas de educação, treinamento e desenvolvimento, 
envolvimento de funcionários, bem-estar e satisfação de suas necessidades, arti-
culando gestão e planejamento, desempenho e recompensa.
A sociedade civil organizada também se organiza de forma a contribuir com 
as demandas sociais que emergiram na sociedade, atualmente, é possível perce-
ber sua atuação por meio de – movimentos sociais, organizações sociais (OS), 
entidades profissionais, setores da igreja, partidos, sindicatos e o terceiro setor 
com as ONGs que podem atuar isoladamente ou em forma de parcerias. A socie-
dade civil ainda se manifesta trabalhando na defesa de direitos ao emprego, à 
terra, à formação profissional e técnica, à educação, a um meio ambiente saudá-
vel, além da orientação de reformas constitucionais, elaboração. 
Como a construção de uma sociedade alternativa a capitalista – utopia reali-
zável - não se consolida, as organizações da sociedade civil avançam por meio de 
denúncias ao Ministério Público, como forma de resistência (sindicato), organi-
zam cooperativas de produção, montam empresas associativas civis e econômicas, 
prestam assessoria, serviços públicos, capacitam lideranças, realizam campanhas 
(ONG’s), desempenhando papel 
importante nas parcerias com o 
governo. A parceria, no entanto, 
como forma nova de gestão das 
respostas públicas/privadas às 
expressões da questão social 
deve ser constantemente ava-
liada de forma a evitar o reforço 
nas políticas sociais das marcas 
do clientelismo, da privatização 
e da focalização.
Questão Social e Serviço Social
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
149
Quando paramos para pensar quais os problemas existentes em nossa socie-
dade, logo, uma lista imensa nos vem à cabeça. E pode ser maior ou menor 
conforme o local em que vivemos. Dessa maneira, devemos estar atentos à rea-
lidade onde estamos inseridos, pois saiba você que, como assistentes sociais, não 
possuímos uma bola de cristal que nos possibilite descobrir quais os problemas 
mais agravados e sua repercussão na vida do indivíduo. Isso se dá a partir de 
uma boa analise da realidade, embasado em um referencial teórico consistente 
e utilização correta dos instrumentos e técnicas da profissão.
Para tanto, no processo de formação profissional, segue-se as diretrizes previs-
tas, pois toda profissão possui seu objeto de intervenção e objetivos de acordo com 
sua especificidade e necessidade social. Com o serviço social não acontece dife-
rente, para atuarmos no enfrentamento das questões sociais, é necessário alguns 
conhecimentos mínimos, nada é estudado por acaso, priorizando esta ou aquela 
parcela da população, pois, sabe-se bem que as expressões sociais se manifestam 
tanto no meio urbano quanto no meio rural, desta maneira, faz-se necessária a 
compreensão de todos os mecanis-
mos operantes na sociedade.
É importante que você saiba 
quais as diretrizes da profissão 
que escolheu, essa está lotada na 
RESOLUÇÃO Nº 15, DE 13 DE 
MARÇO DE 2002, que prevê o per-
fil dos formandos, ou seja, ao findar 
a graduação o aluno deve estar apto 
a ser reconhecido como:
BUSCANDO RESPOSTAS ÀS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E150
Profissional que atua nas expressões da questão social, formulando 
e implementando propostas de intervenção para seu enfrentamento, 
com capacidade de promover o exercício pleno da cidadania e a inser-
ção criativa e propositiva dos usuários do Serviço Social no conjunto 
das relações sociais e no mercado de trabalho. (BRASIL, 2002, on-li-
ne)2.
 Saiba que as diretrizes e pressupostos da proposição curricular do curso de ser-
viço social foram estabelecidos a partir de duas considerações básicas - a dimensão 
interventora da profissão, nas suas interrelações nos processos de exclusão cul-
tural, social, política e econômico e no âmbito da questão social, remodelada 
pela dinâmica da sociedade a partir do reordenamento do capital e do trabalho, 
consequência do processo de reestruturação produtiva no Brasil. 
Dessa maneira, alguns pressupostos foram estabelecidos e estão citados na 
resolução citada anteriornente, a saber, os pressupostos norteadores da forma-
ção e futura intervenção profissional são:
1. O Serviço Social se particulariza nas relações sociais de produção 
e reprodução da vida social como uma profissão interventiva. Reco-
nhecer esta dimensão implica em reconhecer que o Serviço Social se 
altera e se transforma quando se alteram e se transformam o que é o 
fundamento de sua existência, ou seja, a questão social e os processos 
de exclusão. Outra decorrência desse reconhecimento é a necessidade 
de compreensão dos processos sociais e de um instrumental heurístico 
para tal tarefa. Desta forma, teoria, método e história não se constituem 
em eixos curriculares ou em disciplinas, mas perpassam a formação 
profissional como pressupostos para a compreensão do movimento 
histórico e concreto da realidade e aspectos focais da mesma, os quais 
se constituem em objetos de intervenção profissional. 
2. A relação do Serviço Social com a questão social e com processos 
de exclusão social é mediatizada por um conjunto de processos sócio-
-históricos e teórico metodológicos que se constituem no seu processo 
de trabalho e que objetivam um produto concreto. Este processo 
de trabalho é integrado por elementos tido como constitutivos da 
profissão: objeto, objetivos, papéis e funções, instrumentos e técnicas 
de atuação - dimensões técnico - políticas e teórico metodológicas do 
fazer profissional. Assim a questão social para o assistente social é visu-
alizada com um olhar que é próprio e determinado pela profissão em 
sua constituição histórica e pelo significado a ela atribuído pela socie-
dade. 
Questão Social e Serviço Social
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
151
3. As alterações no modo de organização do capital e do trabalho intro-
duzem modificações nas demandas profissionais e alteram o mercado 
profissional, pois provocam mudanças na esfera da produção que ope-
ram refrações nos mecanismos de reprodução social - âmbito privile-
giado da intervenção do Serviço Social. 
4. O processo detrabalho no Serviço Social é determinado por configu-
rações estruturais e conjunturais da questão social, processos de exclu-
são e as formas que a sociedade dispõe e implementa para atenuá-los. 
As demandas que hoje se apresentam à profissão tem configurações 
que dão novas dimensões aos velhos fenômenos, como os novos papéis 
da sociedade civil, a segmentação social dos usuários, as novas formas 
de organização do trabalho, reeditando situações do século passado 
nos dias atuais (DIRETRIZES..., 2002, on-line)3. 
Com a fixação do perfil profissional e a elaboração dos pressupostos, pretende-se 
obter um assistente social capacitado para ações específicas da profissão, ações 
qualificadas no plano teórico-metodológico, prático-operativo e ético-político. 
Apontamos, agora, para as diretrizes curriculares que dão sustentação a uma 
formação profissional que possibilite ao assistente social a:
1. Apreensão crítica do processo histórico; 
2. Investigação sobre a formação histórica e os processos sociais con-
temporâneos que conformam a sociedade brasileira, no sentido de 
apreender a constituição e desenvolvimento do capitalismo e do Ser-
viço Social no país;
3. Apreensão do significado social da profissão desvelando as possibili-
dades de ação contidas na realidade; 
4. Apreensão das demandas - consolidadas e emergentes - postas ao 
Serviço Social via mercado de trabalho, visando formular respostas 
Você já tinha conhecimento desses pressupostos? Nessa citação, são ex-
postas informações sobre a formação do profissional. A partir da leitura dos 
pressupostos, anote os pontos que você considerou importante. (a autora). 
BUSCANDO RESPOSTAS ÀS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E152
profissionais que potenciem o enfrentamento da questão social, consi-
derando as novas articulações entre o público e o privado;
5. Exercício profissional cumprindo as competências e atribuições pre-
vistas na Legislação Profissional em vigor e que atenda as exigências do 
Código de Ética Profissional (DIRETRIZES..., 2002, on-line)3.
De nada adiantaria falar sobre as origens da questão social, no mundo, no Brasil, 
a atuação do serviço social e sua relação com a questão social se não falássemos 
um pouco sobre o processo de formação profissional, não é mesmo?
Você conseguiu compreender a relação do serviço social com as questões 
sociais, o porquê da estrutura de formação profissional? Caso você tenha curio-
sidade, sugiro a leitura na integra das diretrizes, acessando o link disponibilizado 
ao final da unidade.
Ao entender mais sobre o serviço social e a questão social, trago presente a 
seguinte reflexão: 
 ■ As “múltiplas expressões” da questão social são fragmentadas como se fos-
sem independentes. Se a questão social é percebida como “questões sociais”, 
ela deixa de ser compreendida como fruto do conflito capital e trabalho. 
 ■ A questão social tratada na perspectiva dos processos de exclusão e inte-
gração social camufla os conflitos sociais. O assistente social vende sua 
força de trabalho para entidades patronais, estatais ou empresariais. Na 
empresa, os assistentes sociais são assalariados e participam do processo 
de produção e/ou de redistribuição da riqueza social.
A questão social não pode ser vista em si mesma e, muito menos, como uma 
exclusividade do Serviço Social. Mesmo sendo o objeto do Serviço Social, o 
fato de ter surgido da relação capital e trabalho, a questão social abriu um 
campo de trabalho para outros profissionais.
Fonte: Lemos (2009, p. 26).
A Família Atingida pelas Questões Sociais – Breve Explanação
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
153
 ■ No Estado, o Serviço Social “produz serviços que atendem às necessida-
des sociais, isto é, têm um valor de uso, uma utilidade social”, porque não 
segue a organização de empresas capitalistas privadas. Esses trabalhadores 
não criam riqueza, uma vez que não produzem mercadorias para serem 
disponibilizadas no mercado.
 ■ Pode-se dizer então que, em resposta aos interesses contraditórios das 
classes sociais que estão em luta permanente, o assistente social desen-
volve políticas sociais públicas ou privadas nos espaços institucionais 
(LEMOS, 2009, p. 27).
A FAMÍLIA ATINGIDA PELAS QUESTÕES SOCIAIS – 
BREVE EXPLANAÇÃO
Este momento não poderia deixar de acontecer, uma vez que, ao conhecermos 
nossa demanda, todas as ações, relatos e dificuldades acabam recaindo de alguma 
maneira sobre a família.
 A família acaba de uma forma ou de outra pelas questões sociais, pelas 
contradições e desigualdades do sistema vigente. Considerando o exposto no 
item anterior, é importante entender que: 
A família é apenas uma das instâncias de resolução dos problemas indi-
viduais e sociais. Os serviços públicos devem ser flexíveis para respon-
der de forma diferenciada às diversas formas de apresentação dos pro-
blemas locais. Apenas aqueles a quem interessa esconder os conflitos de 
classe social, de raça e sexo, negar a relação fundamental dos problemas 
pessoais com a forma de organização do Estado e da economia, bem 
como diminuir a importância das lutas dos movimentos sociais e dos 
partidos políticos, é que busca colocar a família como centro absoluto 
da abordagem dos problemas sociais. (VASCONCELOS, 1999, p. 13).
É possível visualizar, a seguir, algumas expressões da questão social, lendo-as, 
pense se todas não convergem à questão familiar:
BUSCANDO RESPOSTAS ÀS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E154
 ■ Criança e adolescente.
 ■ Alcoolismo/drogadição.
 ■ Educação.
 ■ Família.
 ■ Gênero.
 ■ Habitação.
 ■ Idoso.
 ■ Desigualdade racial.
 ■ Mulher.
 ■ Pessoa com deficiência.
 ■ Saúde.
 ■ Sóciojurídico.
 ■ Violência.
 ■ Desemprego.
 ■ Questão agrária/rural.
Implícitos nesse temos a fome, o desemprego e outros que, independente da 
questão social, acumulam preocupação e exigem solução urgente. A família é 
concebida pela Política Nacional de Assistência Social como um conjunto de pes-
soas que se acham unidas por laços consanguíneos, afetivos e ou de solidariedade.
Para o trabalho com as famílias, precisamos rever a concepção tradicional 
da família, que é aquela idealizada nos padrões tradicionais da sociedade, aquele 
modelo redondo, a sociedade ainda pressiona por um modelo ideal. Quando na 
realidade, hoje, temos uma outra configuração familiar, relacionado aos modos 
de agir, aos hábitos dos membros de uma família. Entender a família no agir 
concreto e necessário do cotidiano familiar e no exercício profissional, pode-
mos nos deparar com estruturas familiares que não se aproximam da concepção 
de família que carregamos na nossa concepção pessoal, mas isso não pode gerar 
no profissional frustrações, uma vez que não cabe ao assistente social impor o 
A Família Atingida pelas Questões Sociais – Breve Explanação
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
155
seu modo de pensar, a compreensão da particularidade alheia é imprescindível 
ao agir profissional.
Cabe a nós entendermos a família como um espaço aberto no qual ocorrem tro-
cas de informações, sentimentos e energia. Saber que a estrutura familiar está 
em constante evolução e mudança. 
Se tornarmos o usuário fragilizado como expressão de um contexto fa-
miliar comprometido, o eixo da atenção profissional estará sendoalte-
rado. Esta alteração se dará tanto no nível da compreensão do problema 
como no nível da ação profissional. Assim desenvolve-se o sentido de 
ajudar a família a identificar as duas dificuldades e realizar mudanças 
para que possam alterar esta situação. (MACHADO, 2009, on-line)4.
Segundo Mioto (1997, p. 125) “Assim torna-se prioritário que a família perceba 
que a mudança de sua vida depende muito da sua participação em movimentos 
reivindicatórios organizados, em busca de melhores condições de vida”. 
Vamos fazer uma experiência? Você irá fazer uma breve pesquisa de campo 
a fim de perceber as mudanças ocorridas na família ao longo dos tempos, veja 
algumas informações que você pode colher e posteriormente analisar:
[...] o Assistente Social atuará por meio de uma ação competente que auxi-
lie a família a enfrentar esses conflitos, mas antes de abordarmos sobre sua 
atuação, cabe primeiramente salientar como o assistente social vê a família, 
ou seja, qual é o seu olhar sobre a mesma e sobre a situação em que se 
encontra.
Assim o profissional traz a concepção de que a família é um núcleo de pes-
soas unidas por laços de consanguinidade ou por afinidade, sendo um espa-
ço extremamente importante para o desenvolvimento de cada um dos seus 
membros, além de ser um espaço que apresenta relações de amor, gratidão, 
agressividade, ódio, entre outros sentimentos. Para isso é necessário que o 
profissional tenha uma visão crítica sobre essa situação compreendendo 
quais são os determinantes desses problemas.
Fonte: Santello et al. (2009, p. 73).
BUSCANDO RESPOSTAS ÀS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E156
 ■ Pergunte a seus pais e avós como era a estrutura familiar quando eles 
eram crianças, quais os valores eram pregados, como era a rotina e dinâ-
mica familiar.
 ■ Que papéis cada membro da família assumia, qual a responsabilidade de 
cada um? A esposa, o pai, os filhos, os avós.
 ■ Como era encarada a separação entre os casais? Como era vista a mulher 
que se tornava mãe, quando era solteira? Enfim, como era entendida a 
família? 
A partir das informações coletadas trace um paralelo a partir das estruturas fami-
liares atual e, se possível, elabore um quadro comparativo (antes e hoje) com as 
informações obtidas. Esse exercício permite a análise histórica e conjuntural, 
muito importante para compreensão de algumas situações atuais.
Após o exercício, a seguir, é possível identificar os tipos de família, para 
esta leitura, usaremos como base a produção intitulada: “Famílias de crianças e 
adolescentes: diversidade e movimento” (BELO HORIZONTE, 1995, p. 27-28):
1. Nuclear simples: família em que o pai e a mãe estão presentes no domi-
cílio; todas as crianças e adolescentes são filhos desse mesmo pai e dessa 
mesma mãe. Não há mais qualquer adulto ou criança (que não sejam 
filhos) morando no domicílio.
2. Monoparental feminina simples: família em que apenas a mãe está pre-
sente no domicílio, vivendo com seus filhos, mas também, eventualmente, 
com outros filhos menores de idade sob sua responsabilidade. Não há 
mais nenhuma pessoa maior de 18 anos, que não seja filho, morando no 
domicílio.
3. Monoparental masculina (simples ou extensa): família em que apenas o 
pai está presente no domicílio vivendo com seus filhos e, possivelmente, 
com outros filhos menores de idade sob sua responsabilidade e/ou outros 
adultos sem filhos menores de 18 anos.
4. Nuclear extensa: família em que o pai e a mãe estão presentes no domi-
cílio vivendo com seus filhos e outros menores sob sua responsabilidade 
e também com outros adultos, parentes ou não do pai e/ou da mãe.
A Família Atingida pelas Questões Sociais – Breve Explanação
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
157
5. Monoparental feminina extensa: família em que apenas a mãe está pre-
sente no domicílio, vivendo com seus filhos e outros menores de 18 anos 
sob sua responsabilidade e, também, com outros adultos, parentes ou não. 
6. Família convivente: famílias que moram juntas no mesmo domicílio 
sendo ou não parentes. Cada família pode ser constituída por “pai-mãe-
-filhos”, por “pai-filhos” ou por “mãe-filhos”. Outros adultos sem filhos, 
parentes ou não, podem também viver no domicílio. Nessa categoria 
foram também agrupadas as famílias compostas por duas ou mais gera-
ções, desde que em cada geração houvesse pelo menos uma mãe ou um 
pai com filhos até 18 anos de idade. 
7. Família nuclear reconstituída: família em que o pai e/ou a mãe estão 
vivendo em nova união, legal ou consensualmente, podendo também a 
companheira ou companheiro ter filhos com idade até 18 anos, vivendo 
ou não no domicílio. Outros adultos podem viver no domicílio. 
8. Família de genitores ausentes: família em que nem o pai nem a mãe 
estão presentes, mas que existem outros adultos (tais como avós, tios) 
que são responsáveis pelos menores de 18 anos.
9. Família nuclear com crianças/adolescentes agregados: família em que 
o pai e a mãe estão presentes no domicílio com seus filhos e, também, 
com outros menores de 18 anos sob sua responsabilidade. Não há outro 
adulto morando no domicílio.
As famílias apresentam hoje, sobretudo, pro-
blemas de subsistência (ou seja de ordem 
econômicas) englobando aspectos relacio-
nados à alimentação; à proteção/segurança; 
econômico-financeiros (renda, moradia, ves-
tuário e saúde).
Perceba o quanto as questões sociais 
atingem sempre o universo familiar. Logo, é 
necessário uma atenção especial no tratamento 
com as famílias, não a compreendendo como 
única responsável por seus problemas, ou 
como único ponto problemático na sociedade.
BUSCANDO RESPOSTAS ÀS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E158
Sendo assim, para trabalharmos com famílias atingidas de diversas formas pelas 
questões sociais, precisamos estar atentos a alguns elementos, tais como: 
a. Enxergar as diferenças étnico-culturais presentes na sociedade brasileira 
e respeitá-las politicamente.
b. Evitar os paradigmas de “família regular/estruturada X família irregular/ 
desestruturada”.
c. Lançar mão de novos instrumentos de análise social para que se possa 
primeiro conhecer e depois traçar políticas públicas adequadas à realidade 
histórica concreta.
d. Uma prática social e política que aponte caminhos mais eficientes (na 
formulação e na condução de políticas públicas que visem à condução de 
estratégias e de controle social numa ordem democrática), levando em 
consideração as diferenças étnico-culturais.
A Prática Profissional e os Processos Familiares: Segundo Silva (1987, p. 145) 
“[...] a prática profissional, volta-se para orientações e prestação de serviço 
ou implantação de programas que beneficiam o grupo familiar”. 
A organização institucional trabalha com o modelo assistencial cuja preo-
cupação central na resolução de problemas do indivíduo fragilizado (Ex.: 
criança violentada ou com necessidades especiais etc.) e não na perspectiva 
da intervenção familiar. Sabemos que este modelo, embora tenha cada vez 
mais recursos disponíveis têm uma leitura limitada das demandas que lhe 
são colocadas.
Assim, os profissionais trabalham com as famílias no sentido de atender o 
objetivo da instituição tentando resolver o caso do usuário. Sem contar que 
muitas vezes são as mesmas famílias que circulam por diferentes institui-
ções, levando para elas o mesmo usuário. E a trajetória se repete, a insti-
tuição se preocupa em dar um atendimento específico não conseguindo 
perceber que é a famíliacomo um todo e não apenas um membro dela que 
necessita de atenção.
Fonte: Machado (2004). 
Considerações Finais
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
159
Diante disso, o assistente social trabalhará com a família e não só com seus 
membros em particular como menciona (WILLIAM, 1974, p. 103) “[...] o enfo-
que principal deverá ser as necessidades de todo o grupo e as dificuldades 
de qualquer indivíduo em satisfazer e atender a essas necessidades”. De-
vendo atuar na busca da resolução dos problemas enfrentados pelo grupo, 
levando em consideração os aspectos emocionais, culturais, financeiros e 
todo o contexto que envolve a família, além ter uma ação voltada na pers-
pectiva de mudar essa realidade. 
Para isso, o profissional utilizará todo conhecimento e ações necessárias, 
como, orientações, elaboração e efetivação de programas e projetos, escla-
recimentos, encaminhamentos, entre inúmeras outras ações que beneficie 
de fato o núcleo familiar, através de uma pratica competente e eficaz.
É nesta perspectiva, então, que o Assistente Social deverá atuar na busca da 
resolução dos problemas, compreendendo que isso ocorre devido à situa-
ção de vulnerabilidade que a família está, além das questões de valores que 
faz com que a mesma reproduza esse tipo de comportamento sobre os seus 
filhos e conseqüentemente eles também reproduzam. 
[...]
Fonte: Santello (2009, p. 73-74).
BUSCANDO RESPOSTAS ÀS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VU N I D A D E160
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estamos chegando ao fim de mais uma etapa, é hora de juntar as peças e mon-
tar o quebra-cabeça, você é capaz de fazê-lo? Pense em tudo o que foi visto e 
comece este exercício de que lembre-se que não existem caixinhas no processo 
de formação, tudo está muito bem articulado. E é falando em articulação que 
fechamos esta unidade, lembre-se sempre, precisamos olhar o todo, sem per-
der de foco o específico.
A sociedade é complexa porque os homens são complexos, ao lidarmos com 
o usuário mais vulnerabilizado, não podemos deixar de analisar aquele indivíduo 
que está na outra ponta da linha, existe um ser dominado (excluído) porque há 
alguém que domina (exclui), e não precisamos prever ações de combate e enfre-
amento para este processo. 
Discutimos, ao longo do livro, a relação estabelecida entre o Serviço Social 
no Brasil e a questão social, refletimos acerca do processo de intensificação da 
industrialização no país após a Revolução de 1930 e o consequente acirramento 
das relações sociais próprias do sistema capitalista que culminaram com o agra-
vamento da questão social.
Viu-se que foi nesse contexto que emergiu o Serviço Social e se desenvol-
veram os primeiros campos de trabalho da profissão. Contemplaram-se ainda 
alguns pontos das origens da profissão, bem como o contexto histórico/social/
político/econômico da sociedade em que o Serviço Social sempre esteve inserido.
Enfatizaram-se as configurações da questão social no Brasil, desde a década 
de 30, do século XX, (quando o Serviço Social foi aqui implantado) bem como 
as tentativas de enfrentamento dos problemas a ela relacionado, por meio da 
implantação de políticas sociais. Em um processo de avanços e recuos, que acom-
panhou o movimento dinâmico da história e enfrentando muitos desafios, essa 
profissão institucionalizou-se em solo brasileiro, ocupando seu espaço na divi-
são social do trabalho, próprio de uma sociedade capitalista.
161 
1. Ao analisarmos as questões sociais e suas diversas expressões, podemos afir-
mar que é na __________________ que a grande maioria delas causa grandes 
consequências. 
a. Justiça
b. Igreja
c. Família
d. Infância 
e. Saúde 
2. Ao falarmos em FAMÍLIA, analise as sentenças, a seguir, marcando V para verda-
deiro e F para falso: 
I. Família pode ser considerada como um conjunto de pessoas que se acham 
unidas por laços consanguíneos, afetivos e ou de solidariedade, conforme ex-
plicita a PNAS (2004, p. 41).
II. O assistente social deve sempre pautar suas ações de acompanhamento à fa-
mília, tendo por base a Família Padrão e Ideal: pai, mãe e filhos, pois somente 
assim é possível a plena felicidade e crescimento de todos.
III. A família se (re)organizando de acordo com determinados momentos históri-
cos, culturais, políticos, econômicos e sociais.
IV. Pensar famílias de forma plural significa uma construção democrática basea-
da na tolerância com a diferença.
V. O homem se fixando na terra constrói casa, cria animais, começa ter proprie-
dade. A mulher e os filhos passam a ser sua propriedade.
a. V-V-V-V-V.
b. V-F-V-V-V.
c. V-F-V-F-V.
d. F-V-F-V-F.
e. V-V-V-F-F.
3. O assistente social é o profissional que deve primar pela busca da preservação, 
defesa e ampliação dos direitos humanos e a justiça social, para tanto deve pri-
viligiar:
162 
a. Uma intervenção investigativa, por meio da pesquisa e análise da realidade 
social.
b. Atuar na formulação, execução e avaliação de serviços, programas e políticas 
sociais.
c. Atuar em todas as formas que reforcem fielmente e, incisivamente, o aumen-
to do grupo em situação de vulnerabilidade social.
d. Uma ação interventiva, no sentido de policiar toda forma de mau uso dos re-
cursos por parte da clientela vulnerabilizada, evitando, dessa maneira, o uso 
inadequado com superfluos.
e. Estão corretas apenas as alternativas A e B.
4. As Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social – ABEPSS, (2002) dão sus-
tentação a uma formação profissional e visam possibilitar ao assistente social a 
assinale V para verdadeiro e F para falso:
( ) Apreensão crítica do processo histórico. 
( ) Investigação sobre a formação histórica e os processos sociais contempo-
râneos que conformam a sociedade brasileira, no sentido de apreender a 
constituição e desenvolvimento do capitalismo e do Serviço Social no país.
( ) Apreensão do significado social da profissão desvelando as possibilidades 
de ação contidas na realidade.
( ) Apreensão das demandas - consolidadas e emergentes - postas ao Serviço 
Social via mercado de trabalho, visando formular respostas profissionais que 
potenciem o enfrentamento da questão social, considerando as novas arti-
culações entre o público e o privado.
( ) Exercício profissional cumprindo as competências e atribuições previstas 
na Legislação Profissional em vigor e que atenda ao exigências do Código 
de Ética Profissional.
a. V-V-V-V-V.
b. V-V-V-V-F.
c. V-V-V-F-V.
d. V-V-F-V-V.
e. V-F-F-V-V.
163 
5. A unidade nos apresentou os impactos que os problemas sociais têm sobre as 
famílias, provocou-nos para a reflexão acerca da contradição entre capital X tra-
balho. Sendo assim, para trabalharmos com as famílias atingidas de diversas for-
mas pelas questões sociais, precisamos estar atentos a alguns elementos. Ana-
lise as sentenças a seguir marque V para verdadeira e F para falsa e assinale a 
alternativa correta: 
( ) Enxergar as diferenças étnico-culturais presentes na sociedade brasileira e 
respeitá-las politicamente.
( ) Evitar os paradigmas de “família regular/estruturada X família irregular/ de-
sestruturada”.
( ) Lançar mão de novos instrumentos de análise social para que se possa pri-
meiro conhecer e depois traçar políticas públicas adequadas à realidade his-
tórica concreta.
( ) Uma prática social e política que aponte caminhos mais eficientes (na for-
mulação e na condução de políticas públicas que visem a condução de es-
tratégias e de controle social numa ordem democrática), levando em consi-
deração as diferençasétnico-culturais.
a. V-V-V-V.
b. V-F-V-V.
c. V-V-V-F.
d. V-V-F-V.
e. F-F–F-V.
164 
FAMÍLIAS VULNERAVÉIS E A PROTEÇÃO SOCIAL
A pobreza e as situações de grave miséria econômica trazem, em seu bojo, situações de 
extrema vulnerabilidade social caracterizada pela vida em condições adversas, esface-
lando ou ainda impedindo laços de convivência social e familiar, levando ao abandono, 
ausência de cuidados e dos vínculos relacionais, devido ao cotidiano de luta pela sobre-
vivência. 
Compreendemos que as desigualdades de renda impõem sacrifícios e renúncias para 
toda a família. Petrini (2003) afirma que, à medida que a família encontra dificuldades 
para cumprir satisfatoriamente suas tarefas básicas de socialização e de amparo/servi-
ços aos seus membros, criam-se situações de vulnerabilidade. A vida familiar, para ser 
efetiva e eficaz, depende de condições para sua sustentação e manutenção de seus vín-
culos. A situação socioeconômica é o fator que mais tem contribuído para o esfacela-
mento da família, repercutindo diretamente e de forma vil nos mais vulneráveis desse 
grupo; os filhos (crianças sem creche, escola; adolescentes, jovens sem expectativas), os 
idosos, as pessoas com deficiência, os sem trabalho, vítimas da injustiça social veem-se 
ameaçados e violados em seus direitos fundamentais. 
A exclusão social, a pobreza, a miséria, a falta de perspectiva de um projeto existencial 
que vislumbre a melhoria da qualidade de vida impõem a toda a família uma luta desi-
gual e desumana pela sobrevivência.
 A questão da família pobre aparece como a face mais cruel da disparidade econômica e 
da desigualdade social. Esse estado de privação de direitos atinge todos os membros da 
família de forma profunda: incita e precipita a ida das crianças para a rua e, na maioria 
das vezes, o abandono da escola, a fim de ajudar no orçamento familiar, comprometen-
do, de forma significativa, o desenvolvimento das crianças; provoca o abandono dos 
idosos, dentre outras mazelas, o que favorece o enfraquecimento das relações, sejam 
afetivas, sociais, econômicas ou culturais. [...].
A ausência do cumprimento da legislação de proteção social (a qual muitas vezes se 
atém apenas ao plano legal), não efetivamente aplicada ao cotidiano dos cidadãos, 
aliada à ausência de políticas públicas de apoio, remete muitas famílias à condição de 
vulnerabilidade, às quais nem sempre conseguem cumprir sua função provedora e pro-
tetora, acarretando muitas vezes na perda da convivência familiar. “O Estado reduz suas 
intervenções na área social e deposita na família uma sobrecarga que ela não consegue 
suportar tendo em vista sua situação de vulnerabilidade socioeconômica” (GOMES; PE-
REIRA, 2005, p. 361). 
A convivência constitui condição relevante para a proteção, crescimento e desenvol-
vimento dos membros da família, assim como são importantes, também, as transfor-
mações impostas à família, em decorrência do sistema socioeconômico e político do 
capitalismo, do crescimento demográfico da sociedade contemporânea e de mudanças 
em sua própria composição, seja com crescimento de famílias monoparentais, casais 
sem filhos, casais do mesmo sexo com ou sem filhos, diminuição das famílias formadas 
165 
por casais com filhos, embora este último tipo ainda seja hegemônico na contempora-
neidade [...].
Kaloustian e Ferrari (1994, p.11) elegem a família como espaço imprescindível para a ga-
rantia da sobrevivência e da proteção integral de seus membros, independentemente 
da configuração familiar ou da forma como esta vem se estruturando. A família propicia 
aportes afetivos e, sobretudo, materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar 
dos seus componentes. Ela desempenha um papel primordial na educação formal e in-
formal; é no seu espaço que valores éticos e morais são introduzidos e incorporados, 
onde se fortalecem os laços de solidariedade.
 Sob a análise da questão social, é importante observar que a sua passagem do domínio 
privado, caracterizado pela relação capital/trabalho, para a esfera pública, foi promovi-
da pelas lutas sociais, as quais a transformaram em uma questão política, e isso exigiu 
a intervenção do Estado no reconhecimento de novos atores sociais, como sujeitos de 
direitos e deveres, e na viabilização do acesso a bens e serviços públicos pelas políticas 
sociais. Conforme Pastorini (2004, p.103), 
A questão social na sociedade capitalista tem sua gênese nos problemas 
sociais a serem resolvidos nas diferentes formações sociais pré-capitalis-
tas, mas sua origem data da segunda metade do século XIX, quando a 
classe operária faz sua aparição no cenário político na Europa Ocidental; 
em definitivo quando a questão social torna-se uma questão eminente-
mente política. 
Nos termos assim colocados, destaca-se que a análise da questão social não é compre-
endida, simplesmente, como sinônimo de “problema social” ou de pobreza que remete 
ao indivíduo isoladamente ou a certos grupos sociais a responsabilidade ou culpa pelo 
conjunto de carências e privações por eles vividas.
 Assim, considerando que a pobreza é apenas uma das diversas expressões da questão 
social, pondera-se pertinente a reflexão sobre a gravidade do quadro de pobreza e mi-
séria, no Brasil, e sua influência no campo social e, principalmente, na área de atuação 
junto às famílias, na qual as políticas públicas ainda se ressentem de uma ação mais 
expressiva.
 Sobre esta questão Yazbek (2003, p. 62) definiu que “[...] são pobres aqueles que, de 
modo temporário ou permanente, não têm acesso a um mínimo de bens e recursos 
sendo, portanto, excluídos em graus diferenciados da riqueza social”.
O entendimento da autora corrobora a assertiva de que a pobreza não é uma expressão 
da incapacidade dos indivíduos (e suas famílias) em prover sua existência, mas está dire-
tamente vinculada ao não acesso a bens e serviços indispensáveis ao desenvolvimento 
do ser humano, apontando para o aguçamento dos conflitos sociais, decorrentes da re-
lação dialética entre capital e trabalho.
Fonte: Cronemberger e Teixeira (2012, p. 102-106).
MATERIAL COMPLEMENTAR
A Família como Espelho: um estudo sobre 
a moral dos pobres
Cynthia Anderser Sarti
Editora: Cortez
Sinopse: Este livro focaliza a sociedade brasileira 
a partir de um de seus segmentos, os pobres. 
Procura entender sua moralidade, cujas raízes foram 
buscadas nas condições particulares em que vivem 
e na história da qual são herdeiros. Visa demonstrar 
que “ser pobre” e “ser trabalhador” podem comportar 
valores positivos.
Crianças Invisíveis
O fi lme apresenta a realidade vivida por crianças em vários países do mundo (África, Sérvia-
Montenegro, Estados Unidos, Brasil, Inglaterra, Itália e Japão), de forma bastante clara, é possível 
perceber diversas expressões da questão social e como elas se inter-relacionam e impactam na 
vida das crianças. Cada história retrata a realidade do país onde foi fi lmado.
Crianças Invisíveis
O fi lme apresenta a realidade vivida por crianças em vários países do mundo (África, Sérvia-
Montenegro, Estados Unidos, Brasil, Inglaterra, Itália e Japão), de forma bastante clara, é possível 
perceber diversas expressões da questão social e como elas se inter-relacionam e impactam na 
vida das crianças. Cada história retrata a realidade do país onde foi fi lmado.
REFERÊNCIAS
167
ALENCAR, M. M. T. (orgs.). Família & Famílias: práticas sociais e conversações con-
temporâneas. Lumen Juris editora; 2010. 
BELO HORIZONTE. Associação Municipal de Assistência Social. Famílias de crianças 
e adolescentes: diversidade e movimento. AMAS: Belo Horizonte, 1995.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Lei Orgânica da 
Assistência Social (PNAS). Brasília: MDS\SNAS, 1993. 
CRONEMBERGER, I. H. H. M.; TEIXEIRA, S. M. Famílias Vulneráveis como Expressão 
da QuestãoSocial e à Luz da Política de Assistência Social. INTERFACE – Natal/
RN – v. 9 – n. 2, jul/dez 2012, p. 102-106.
KAMEYAMA, N. Da filantropia à política social empresarial. In: ENCONTRO NACIO-
NAL DE PESQUISADORES EM SERVIÇO SOCIAL, 6. Brasília, 1998.
LEMOS. E. M. Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço So-
cial. Unidade Didática, aula 04, São Paulo, 2009.
MACHADO, D. H. A dinâmica familiar aliada ao serviço social contemporâneo, 2004.
MIOTO, R. C. T. Família e Serviço Social: contribuições para o debate. Revista Serviço 
Social e Sociedade, Rio de Janeiro, n. 55, p. 114-129, 1997.
SANTELLO, C. R. de O.; LOPES, M. Lima.; ROMERA, V. M. Comportamento Agressivo 
do Adolescente: A Influência da Família e a Intervenção do Serviço Social neste 
Contexto. Seminário Integrado Faculdades Integradas Antônio Eufrásode Toledo – 
Presidente Prudente/SP - ISSN 1983-0602, Vol. 3, No 3, 2009, p. 68-76.
TELLES, V. da S. Questão Social: afinal do que se trata? São Paulo em Perspcetiva, v10, 
n.4, p.85-95, out/dez, 1996.
VASCONCELOS, E. M. A. Priorização da Família na Política de Saúde. Revista Saúde 
em Debate. Rio de Janeiro, v. 23, n. 53, p. 6-19, set./dez. 1999.
REFERÊNCIA ON-LINE
1 Em <https://nacoesunidas.org/oit-desemprego-global-projetado-para-aumen-
tar-em-2016-2017/>. Acesso em: 31 mai. 2016.
2 Em <http://www.cfess.org.br/arquivos/legislacao_diretrizes_cursos.pdf>. Acesso 
em: 13 mai. 2016.
3 Em <http://www.cfess.org.br/arquivos/legislacao_diretrizes_cursos.pdf>. Acesso 
em: 31 mai. 2016.
1. Em <DOCSLIDE.com.br/DOCUMENTS/DINAMICA-FAMILIAR-SESQ.HTML>. Acesso 
em: 22 Jun. 2016.
GABARITO
2. B
3. E
4. A
5. A
CONCLUSÃO
169
Para que a questão social seja eliminada, dissolvida, erradicada é necessário que 
haja a extinção das inúmeras contradições existentes em nossa sociedade, e uma 
nova forma de tratar e encarar o sistema econômico vigente. Contudo, sabemos 
que essa ideia está muito distante de acontecer, pois, diariamente, vemos que o 
agravamento e a intensificação da questão social vêm assumindo novas roupa-
gens, uma vez que a matriz fundante continua a mesma, apenas incorpora a si 
novos conflitos.
Você que está no processo de formação profissional, buscando se tornar um 
ótimo assistente social, não pode deixar que o mundo caminhe e que você ape-
nas seja mais um “vivente”, você precisa estar “antenado”, “ligado” em tudo o que 
está acontecendo e, principalmente, saber processar e refletir sobre tudo aquilo 
que é apresentado pelo diversos meios de comunicação atual.
Tudo o que acontece ao seu redor ajuda a formar a sua visão de homem e 
de mundo, elemento de supraimportância para o exercício profissional do assis-
tente social.
Como futuro(a) assistente social não pode achar que apenas o conhecimento 
advindo das aulas bastam, eles apenas norteiam o nosso agir, porém, a socie-
dade e toda sua dinâmica diária nos mostram como tudo acontece, é o dia a dia 
(cotidiano) que exige de nós a busca por soluções, saídas, que visem a raiz do 
problema, que nos pede enfrentamento eficaz e não apenas paliativo.
Pare e pense: como estou me preparando para ser um bom profissional? 
Como percebo a minha preparação profissional? Consigo visualizar os campos 
de atuação? Consigo estabelecer relações entre as teorias sociais que norteiam a 
profissão e a prática profissional? 
O objetivo de se resgatar questões históricas e seus elementos é para que con-
tribuam para discussões atuais, não se discute sobre aquilo que não conhece. A 
partir dos estudos somos capazes de buscar respostas aos seus questionamen-
tos em relação às mudanças projetadas para o futuro.

Mais conteúdos dessa disciplina