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DIREITO CONSTITUCIONAL - AULA 06 - 10.09.09

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DIREITO CONSTITUCIONAL – AULA 06 – 10.09.09
Marcelo Novelino
1. CONSTITUIÇÃO E NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS
RECEPÇÃO
O terceiro fenômeno é chamado de recepção. Teoricamente toda vez que surge uma Constituição o correto seria que todo o ordenamento jurídico fosse construído novamente. No entanto, do ponto de vista pratico a elaboração de uma nova legislação não seria bom, ocorreria um vácuo legislativo
..
Ao surgir uma nova Constituição a Constituição anterior é inteiramente revogada, no entanto as normas infra constitucionais que forem materialmente compatíveis com a nova Constituição, serão recepcionadas pela Constituição nova.
Perdem o seu fundamento de validade antigo
As normas anteriores materialmente incompatíveis, segundo o STF, eram consideradas como revogadas pela nova Constituição. em decisão recente adpf 130 o STF passou a adotar uma ... adotando a terminologia “não recepção” das normas que forem materialmente incompatíveis com a Constituição.
O aspecto formal também deve ser analisado. A incompatibilidade formal superveniente não impede a recepção, mas faz com que o ato adquira uma nova roupagem, um novo status. 
Quuando se fala em recepção o mais importanmte é analisar o aspecto material (conteudo). O aspecto formal em geral não impede a recepção do ato, mas é recebido com uma nova reoupagem.
O Código Tributário Nacional foi feito através da lei ordinária n.º 5172/66, na Constituição de 67 uma emenda determinou que normas gerais de direito tributário fossem tratadas oir lei complementar. Como o Código Tributário Nacional tratava destas normas gerais, ele foi recepcionado com este novo status, de lei complementar. Sendo que este status foi mantido pela Constituição de 1988.
Ou seja, apesar de ser originalmente uma lei ordinária, a sua revogação so poderá se dar através de LC.
Vale frisar que quando o ato é feito por entes federativos diferentes não permite que seja recepcionado formalmente. Atos feitos por entes federativos distintos daqueles que a nova Constituição atribui competência não são recepcionados (lei federal – lei municipal)
4. CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE
Na recepção o ato nasceu constitucional, sendo eleborado de acordo com a Constituição Federal da época, mas surge uma nova que tornma
Na constitucionalidade superveniente ocorre o oposto, o ato surge inconstitucional mas com a mudança do parâmetro ela passa a ser compatível com a nova Constituição.
Ex. 
Esta matéria que era tratada por LO, segundo a nova Constituição ela pode ser tratada por LO.
A constituição passa a admitir oq a Constituição anterior não permitiua
O STF entende que um ato inconstitucional XXX pode ser constitucionalidado por uma nova Constituição 
Segundo o STF a lei inconstitucional é um ato nulo ou anulável?
A teoria da nulidade é adotada pela doutrina e jurisprudência nos EUA, desde 1803. a lei inconstitucional é um ato nulo.
A teoria d anulabilidade é adotada por Hans kelsen que afirma que a lei inconstitucional depende de declaração de nulidade pelo Poder Judiciário, sendo um ato anulável. Com base no princípio da presunção de constitucionalidade das leis. 
O STF tem adotado a teoria da nulidade da lei inconstitucional, logo, a lei inconstitucional já nasce incompatível com a nova Constituição, não podendo ser constitucionalizada. Não admitindo a constitucionalidade superveniente.
Gilmar Mendes tem um julgado que afirma que há uma tendência a adotar a treoria da anulabilidade. Mas apesar desta tendência a teoria adotada é da nulidade 
5. REPRISTINAÇÃO
Art 2º §3º 
LEI A		LEI B		LEI C
Só se admite a repristinação expressa. Sendo que isto vale tanto para as normas infraconstitucionais como para as normas constitucionais.
No direito constitucional dois princípios a impedem a repristinação tácita: princípio da segurança jurídica; estabilidade das relações sociais.
Efeito repristinatorio tácito ou repristinação tácita
A lei 9868/99 em seu artigo 11, §2º, regulamenta o processo da ADC e da ADI
Imaginemos que uma lei A tenha sido revogada por uma lei B, mas ao invés dessa lei ser revogada por outra lei, em uma ADI o STF concede uma medida cautelar suspendendo a aplicação da lei B. neste caso a legislação anterior restaura a sua eficácia. Se não houver disposição ao contrario na medida cautelar dada pelo STF.
Se na decisão o STF não falar nada de forma expressa com relação a lei a ela volta a ser aplicada
A segunda hipótese também ocorre na adi mas na decisão de mérito que é definitiva.
Se há uma decisão de mérito que afirma que a lei é inconstitucional, se a decisão não afirmar nada (teoria da nulidade) é considerada inconstitucional desde o momento em que foi criada, logo não poderia ter revogado uma lei constitucional (lei a) neste caso a lei a volta a ser aplicada novamente automaticamente.
Neste caso não existe nenhum dispositivo que afirme isto. Mas é um efeito automático.
Pode o STF afirmar na decisão que a lei a não pode ser aplicada, falando que ela não volta a ser aplicada novamente.
Se ele não afirmar nada ocorre o efeito repristinatorio tácito.
6. MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL
Foi criado por um autor chamado laband, posteriormente esta teoria foi desenvolvida por Jellinek.
...
A mutação são processos informais de alteração da Constituição, sem que haja qualquer modificação em seu texto. 
A mutação constitucional pode ocorre através da interpretação ou através da alteração de um costume constitucional \(norma constitucional não escrita)
Artigo 52, X da Constituição 
Quando se fala em mutação constitucional é uma mudança de sentido do texto constitucional. Não é de lei.
Controle Difuso -> 
Controle Abstrato -> Erga Ominis vinculante
... para que não haja um tratamento desigual o senado edita uma resolução que estende a decisão do STF para todos. 
O senado tem competência para suspender uma lei quando é declarada inconstitucional pelo STF.
Diante da inércia do senado, Gilmar Mendes e Eros grau tem defendido uma mudança de interpretação para o artigo 52 X da Cf. (reclamação 4335 / AC)
As decisões do stf deveriam ser dotadas, tanto no controle abstrato como no controle difuso, de efeitos erga ominis. 
Se a decisão do STF em controle difuso passar a ter efeito erga ominis, automaticamente o papel do senado perderia sentido. Passando ter a função de dar publicidade a decisão do STF, já que a decisão teria efeito erga ominis mesmo no controle difuso.
Para que o senado ira suspender uma lei se esta lei não seria mais aplica?
Esta mudança de interpretação é uma mutação constitucional, pois se altera o conteúdo/sentido da norma sem alterar o texto da Constituição.
Segundo canotilho existem dois critérios que podem ser adotados para verificar a legitimidade da cf.
~> analise do programa normativo: para que a mutação seja legitima ela deve ser comportada pelo chamado programa normativo, ou seja, se a interpretação não se encaixar no texto da norma não será considerada uma mutação legitima. Lembre-se que programa normativo é a exteriorização da norma jurídica, o texto da norma, para que uma mutação seja legitima esta mudança de interpretação deve se enquadrar dentro do texto da norma. Se adotar uma interpretação não comportada pelo texto esta mutação não poderia ser considerada legitima. Cumpre informar que é difícil conseguir conceber que o programa normativo do artigo 52, X da Constituição, comporte a interpretação dada por Gilmar Mendes e Eros Grau. 
~> A mutação constitucional não pode violar princípios materiais estruturantes. Ou seja, aqueles princípios que servem de base para o Estado, na Constituição brasileira os princípios materiais estruturantes encontram-se elencados nos artigos 1º e 2º da Constituição.
Ainda importante mencionar que para se falar em mutação deve haver uma mudança de entendimento pelo STF. Não importando a nova interpretação da doutrina ou dos tribunais dejustiças do Estado, a interpretação deve ter sido dada pelo STF, que é o guardião da Constituição.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Para que o controlo de constitucionalidade exista, primeiramente é necessário que a Constituição seja dotada de supremacia, isto porque em um Estado onde a Constituição e as leis possuem igual valor, não existe razão em realizar controle de constitucionalidade. A supremacia da Constituição pode ser analisada sob dois pontos de vista:
~> Supremacia Material da Constituição 
~> Supremacia Formal da Constituição 
A supremacia material da Constituição decorre do fato de que a Constituição é uma norma que consagra os fundamentos do Estado de direito, é a supremacia de conteúdo. A supremacia material esta presente em todas as Constituições independente de ser uma Constituição rígida ou flexível, pois é a Constituição que traz em si os fundamentos do Estado de direito 
A partir das revoluções liberais, começa a surgir a supremacia formal das Constituições. A supremacia formal esta relacionada ao processo através do qual a Constituição foi elaborada, isto porque para uma constituição ser dotada de supremacia formal é indispensável a rigidez, assim, somente a constituição rígida é capaz de possuir supremacia formal. 
Cumpre informar que para fins de controle de constitucionalidade somente a supremacia formal é relevante. Pois o controle de constitucionalidade depende da supremacia formal da Constituição.
Frisa-se que a supremacia formal é somente um pressuposto para que haja o controle de constitucionalidade, mas este controle pode ser realizado tanto no que diz respeito ao conteúdo ou a forma das leis que estão sendo controladas. Assim, não há o que confundir supremacia formal com inconstitucionalidade formal,....
HIERARQUIA ENTRE LEI COMPLEMENTAR E LEI ORDINÁRIA 
O STJ ate pouco tempo atrás afirmava que a Lei Complementar era superior hierarquicamente que a Lei Ordinária. Todavia o STF adotava entendimento diverso, sustentando que não havendo hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. Atualmente ambos os tribunais superiores entendem que não existe hierarquia entre leis complementares e ordinárias.
Não há hierarquia entre Lei Complementar e Lei Ordinária pois ambas possuem campos materiais distintos estabelecidos pela Constituição. Ou seja, ambas retiram seu fundamento de validade da Constituição.
A Constituição Federal estabelece expressamente quais as matérias que deverão ser tratadas através de Lei Complementar. Residualmente, a Constituição determina que as matérias que não sejam abordadas por Lei Complementar deverão tratadas por Lei Ordinária.
Ou seja, ambas retiram seu fundamento de validade da Constituição.
Vale frisar que não há nenhuma diferença entre leis complementares e ordinárias no que diz respeito ao quorum de votação, ambas possuem quorum de votação de maioria absoluta (mais de 50% dos membros), conforme previsto no artigo 47 da Constituição, que traz a norma geral sobre o quorum de votação, vejamos:
Todavia existem algumas diferenças entre Lei Complementar e Lei Ordinária, que merecem especial atenção, vejamos:
~> A primeira diferença entre lei complementar e ordinária é que a primeira necessita de uma maioria absoluta (mais de 50% dos membros) para que seja aprovada, conforme previsto no artigo 69 da Constituição.
Já a lei ordinária não necessita de quorum de votação de maioria absoluta, ou seja, quando mais de 50% dos presentes na seção legislativa votarem a favor da lei ordinária (maioria relativa) ela deverá ser aprovada.
~> A segunda diferença entre a Lei complementar e a lei ordinária diz respeito ao seu aspecto material, como afirmado anteriormente. Isto porque a Constituição reserva expressamente a matéria que deve ser tratada pela lei complementar. Vale frisar que a a matéria de Lei Ordinária também tem como fundamento a Constituição, mas trata-se de matéria residual, ou seja, o assunto que não for matéria de nenhum ato especifico poderá ser tratada por Lei Ordinária.
Sobre estas distinções importante informar que a Lei ordinária em nenhuma hipótese poderá tratar de matéria reservada a lei complementar. Sendo que nos casos em que matéria reservada a Lei Complementar for veiculada através de lei ordinária, esta lei deverá ser declarada inconstitucional pois esta violando a Constituição que atribuiu a competência para a Lei complementar.
Todavia Uma Lei Complementarpode tratar de matéria que não foi reservada LC, ... apesar de não haver hierarquia a diferença entre as duas é o quorum de votaçlão se o congresso aprova determinada matéria com quorum de maioria absoluta não há vicio de vontade, logo não se justifica a anulação da LC
Uma lei complementar pode tratar de matéria residual sem ser invalidada por uma questão de economia legislativa .
...
Apesar de ser uma lei formalmente complementar esta lei será considerada materialmente ordinária.
O STF entende que se uma determinada lei é formalmente complementar mas materialmente ordinária, poderá ser revogada por outra lei ordinária.
Vale frisar que a uma lei ordinária pode revogar uma Lei Complementar, desde que estaLei Complementarseja formalmenteLei Complementarmas tenha tratado de matéria residual de competência da LO, ou seja, que aLei Complementarseja materialmente LO
TRATADOS INTERNACIONAIS
Importante retroceder no tempo para verificar o i
Segundo o STF, tradicionalmente, os tratados internacionais, quaisquer que fossem eles, teriam status de lei ordinária. 
Alguns internacionalistas, após a Constituição de 1988, os Tratados Internacionais de Direitos Humanos não teriam status de lei ordinária, mas sim, status de norma constitucionais. (Flavia Piovisan)
Esta teoria monista de incorporação automática dos tratados em nível constitucional tinha como fundamento o artigo 5º, §2º da Constituição, vejamos:
No plano internacional os direitos fundamentais são chamados de direitos humanos. ... São conteúdos que se confundem, pois se diferenciam somente no que diz respeito ao plano.
...
O pacto de san Jose da costa rica somente permite a prisão civil por inadimplemento de pensão alimentícia, todavia a Constituição de 1988 prevê duas hipóteses de prisão civil por divida, qual seja o inadimplemento de pensão alimentícia e no caso do depositário infiel.
...
A EC 45/2004 introduziu ao artigo 5º um parágrafo terceiro, buscando resolver a divergência entre a hierarquia dos tratados, afirmando que:
Ou seja, trata-se da mesma forma prevista para o processo de votação de emenda constitucional
No Recurso extraordinário 466.353 / SP, acabou prevalecendo o entendimento do ministro Gilmar Mendes, sendo que os Tratados Internacionais de Direitos Humanos passaram a ter uma tripla hierarquia dentro do ordenamento jurídico brasileiro, vejamos
STATUS CONSTITUCIONAL: Constituição + TIDH (aprovados por 3/5 e em 2 turnos)
STATUS SUPRALEGAL: Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados através do procedimento previsto para a lei ordinária 
STATUS DE LEI ORDINÁRIA: Tratados Internacionais que não tratem de Direitos Humanos
O primeiro Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovado com quorum de 3/5 em dois turnos foi aprovado recentemente para tratar dos direitos dos deficientes físicos.
Nada impede que o pacto de são José da costa rica seja colocado novamente para votação, para que seja 
.. 
Vale frisar que a prisão do depositário infiel prevista na Constituição é uma norma de eficácia limitada, pois a Constituição não estabelece pena nem cria tipos penais, para que esta norma seja aplicada é necessária uma lei regulamentadora que no presente caso é o decreto 911/69.
Não é com base na Constituição que o depositário infiel é preso, mas sim com base no decreto 911/69. diante do fato de que o pacto esta acima do decreto
PARAMETRO PARA O CONTROLE OU NORMA DE REFERENCIA
Importante distinguir parâmetro de objeto do controle. Isto porque o parâmetro é anorma da Constituição Federal, também é conhecido como norma de referencia. Enquanto o objeto é aquele ato que será questionado em face da Constituição, assim o objeto deve ser compatível com o parâmetro da Constituição.
Como já afirmado anteriormente o controle de constitucionalidade só tem fundamento se existir uma supremacia formal, assim, o parâmetro para o controle de constitucionalidade também deve ser uma norma formalmente constitucional. 
Vale salientar que o artigo 1º da Constituição é uma norma materialmente constitucional, pois prevê princípios fundamentais do Estado de direito, mas também é uma norma formalmente constitucional, pois esta inserido na Constituição. Sendo que no caso em que este dispositivo estivesse contido em uma lei ele não teria o aspecto formal, logo não serviria de parâmetro para o controle de constitucionalidade.
Exatamente por isto por mais que a LICC seja considerada materialmente constitucional não pode servir de parâmetro para o controle de constitucionalidade pois não tem o aspecto formal.
O texto da Constituição Federal de 1988 é dividida em três partes:
~> Preâmbulo
~> Parte permanente (art 1º ao 250)
~> ADCT
De todas estas partes integrantes da Constituição Federal a única que não serve como parâmetro para o controle é o preâmbulo, pois não é considerado norma jurídica para o STF 
Além destas partes que integram a Constituição podem ser considerados como parâmetro para o controle os tratados internacionais de direitos humanos que forem aprovados por 3/5 e em 2 turnos de votação, pois possuem a forma de emenda constitucionais.
Tanto os princípios expressos quanto os implícitos no texto da Constituição servem como parâmetro para o controle de constitucionalidade.
BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE
Existe uma expressão que vem sendo mencionada na doutrina brasileira chamado bloco de constitucionalidade, que esta diretamente relacionado ao parâmetro de controle de constitucionalidade
Celso de melo cita este bloco de constitucionalidade na ADI 595/ES; ADI 514/PI.
Bloco de constitucionalidade foi criado por um autor Frances chamado Louis favoreu. Quando ele criou esta expressão quis se referir a todas as normas do ordenamento Frances que tinha valor/status constitucional. Bloco de constitucionalidade para este autor se referia a Constituição francesa 1958; ao preâmbulo da Constituição francesa de 1946; a declaração universal de direitos do homem e do cidadão de 1789, alem de outras normas de valor constitucional.
No caso da Franca esta expressão se justifica pois era composto por outras normas que não a cf
No Brasil esta expressão se refere ?? não se sabe pois cada um se refere ao bloco de maneira diferente.
É possível observar dois sentidos para a expressão bloco de constitucionalidade:
~> Sentido strito = parâmetro para o controle de constitucionalidade. Quando canotilho se refere a bloco de constitucionalidade se refere a este sentido
~> sentido amplo: Sentido Mas existe autores que se referem a bloco de constitucionalidade englobando norma constitucionais e infraconstitucionais que regulamentam o direito consagrado na Constituição.
Este termo acabou perdendo um pouco da sua finalidade por causa disto.
Na jurisprudência do STF não é possível verificar em qual sentido ele esta se referindo.
FORMAS DE INCONSTITUCIONALIDADE
A inconstitucionalidade em sentido estrito decorre do antagonismo entre uma determinada conduta comissiva ou omissiva do poder público e um comando constitucional. 
Vale frisar que a Constituição toda vez que fala em inconstitucionalidade se refere a ato do poder público. Isto porque o particular não pratica um ato inconstitucional.
Quando falamos em inconstitucionalidade é sempre uma incompatibilidade entre a Constituição e uma determinada conduta praticado pelos poderes públicos. 
O primeiro critério para classificar as formas de inconstitucionalidade é quanto ao tipo de conduta praticada pelo poder público.
Quanto ao tipo de conduta a inconstitucionalidade pode ser
~> por ação: pratica uma conduta comissiva, ou seja, quando o poder público age de forma incompatível com a Constituição. são instrumentos capazes de realizar o controle de constitucionalidade, no caso controle concentrado abstrato, a ADI, ADC, ADPF... 88371857
~> Por omissão: o poder público deveria agir mas ele se omite. O poder público deixa de praticar a conduta exigida pela Constituição. existem duas ações, no controle difuso o instrumento utilizado é a ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) já no controle concreto é o mandado de injunção (MI)
NA ADO o STF não admite a concessão de medida cautelar, pois o efeito é dar ciência ao poder competente de sua omissão. Mas quando a omissão é parcial pode ser admitida a medida cautelar
..
Quanto à norma constitucional (parâmetro) ofendida:
~> Material: a norma violada estabelece direitos e deveres (ex. artigo 5º da CF) A lei dos crimes hediondos vedava, em seu artigo 2º, a progressão de regimes, ou seja, violava o princípio da individualização da pena previsto na Constituição. Ou seja, a norma legal é incompatível com uma norma de fundo da Constituição. Assim toda vez que um dispositivo do artigo 5º da Constituição é violado ocorre uma inconstitucionalidade material.
~> Formal: a norma estabelece um procedimento a ser observado quando da elaboração do ato ... quando a norma violada estabelece um procedimento
	-> Subjetiva: normas relativas a iniciativa. O sujeito competente para praticar o ato não foi observado. O artigo 61§1º trata das matérias de iniciativas privativas do presidente. Se o presidente da republica sanciona não supre o vicio de iniciativa quando a iniciativa é reservada a ele. Sumula 5 do STF. Foi feita antes da Constituição Federal 88, apesar de não ter sido revogada, esta sumula é incompatível com a jurisprudência do STF , não esta sendo mais aplicada pelo STF apesar de não ter sido excluída. Após a Constituição Federal 88 o STF entende que o vicio de iniciativa é insanável, a sanção não supre o vicio de iniciativa.
	-> Objetiva: se uma lei ordinária trata de matéria de lei complementar o quorum de aprovação previsto no artigo 69 da Constituição não foi observado, neste caso haveria uma inconstitucionalidade formal objetiva. Ex. a câmara aprova projeto, o projeto vai pro senado que faz uma alteração, mas esta alteração não volta para a câmara, aprovando. Esta relacionado ao procedimento de elaboração, algum requisito formal que não foi observado
Quanto á extensão a inconstitucionalidade pode ser: 
~> Total: esta classificação depende do critério que esta utilizando, sendo possível falar da inconstitucionalidade total de um artigo de uma lei, ou inconstitucionalidade total de um parágrafo, inciso, ou alínea. Ou seja, a inconstitucionalidade atinge uma lei, um ato normativo ou um dispositivo em sua integralidade, não restando qualquer parte válida a ser aplicada. Normalmente a inconstitucionalidade total de uma lei decorre de uma inconstitucionalidade formal.
~> Parcial: Geralmente esta inconstitucionalidade esta relacionada a inconstitucionalidade material. É aquela inconstitucionalidade que abrange apenas uma parte da lei uma parte do inciso, parágrafo ou alínea. 
O STF pode declarar apenas uma palavra ou expressão inconstitucional? Muitos confundem esta inconstitucionalidade parcial com a hipótese do veto parcial previsto no artigo 66 §2º da Constituição. 
O veto parcial deve abranger o texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea, não podendo vetar somente determinada expressão dentro de um texto normativo.
Mas esta regra não se aplica a declaração de inconstitucionalidade parcial, que pode ter apenas uma palavra ou expressão considerada inconstitucional. Não sendo necessário que todo o artigo ou alínea seja declarado inconstitucional pelo STF.
A Constituição de Minas Gerais afirma que compete ao Tribunal de Justiça julgar a ação direta de inconstitucionalidadede lei ou ato normativo em face da Constituição Estadual e Constituição Federal. Todavia o artigo 125 §2º da Constituição afirma que cabe aos estados a instituição da representação de inconstitucionalidade (termo utilizado para ADI antigamente) de leis ou atos normativos, estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual. Observe que de acordo com este artigo o parâmetro só pode ser a Constituição do Estado nesta representação de inconstitucionalidade, não fazendo qualquer menção à constituição da republica. Assim, o STF declarou inconstitucional somente a expressão final (“e da republica”) prevista neste artigo.
Outra questão interessante diz respeito ao salário mínimo, que deve atender as necessidades do trabalhador e de sua família, o governo fez uma lei estabelecendo o valor. O STF entendeu que o valor previsto na lei era insuficiente, neste caso refere-se a uma inconstitucionalidade parcial, pois existe uma omissão parcial do poder público. A omissão parcial ....
É importante para a ADO a jurisprudência do STF não admite concessão de medida cautelar.
Quando a omissão é parcial se confunde a inconstitucionalidade por omissão ou ação, logo a medida cautelar pode ser concedida.
Quanto ao momento a inconstitucionalidade pode ser:
~> Originária: é aquela que ocorre desde o nascimento da lei, o ato é incompatível com a Constituição desde o momento em que foi criado. Quando uma lei é feita nasce incompatível com a constituição em vigor será uma inconstitucionalidade originaria. Esta lei incompatível se for lei federal em princípio poderia ser objeto de ADI.
~> Superveniente: se uma lei nasce constitucional, compatível com a Constituição vigente, mas ao surgir uma emenda a constituição ou uma nova constituição a lei passa a ser considerada inconstitucional. Ou seja, com a mudança de parâmetro ela se torna incompatível. Trata-se de inconstitucionalidade superveniente, quando o ato nasce constitucional mas em razão da mudança de parâmetro ele passa a ser incompatível com a Constituição. A Constituição de Portugal prevê esta hipótese como inconstitucionalidade superveniente. No Brasil o STF trata esta hipótese de não recepção. Vale frisar que não se admite a inconstitucionalidade superveniente no Brasil, com base na teoria de Kelsen. Inconstitucionalidade ocorre quando o poder público age ou deixa de agir violando a Constituição, no presente caso o poder público não agiu em desacordo, foi o parâmetro que foi alterado após não há o q falar em inconstitucionalidade o ato simplesmente não foi recepcionado. Neste caso a lei não poderia ser objeto de ADI, pois não há no Brasil inconstitucionalidade superveniente. Podendo ser utilizada uma ação do controle concentrado cabível neste caso é cabível ADPF (argüição de descumprimento de preceito fundamental). Pois não é argüição de descumprimento e não de inconstitucionalidade. a lei não é inconstitucional mas esta descumprindo a Constituição.
Quanto ao prisma de apuração a inconstitucionalidade pode ser: (mais importante para o controle)
~> Direta: também chamada de antecedente ou imediata, ocorre quando o juízo de inconstitucionalidade resulta do confronto direto entre a norma questionada e a Constituição. não há, entre eles, qualquer ato normativo intermediário. 
~> Indireta: também chamada de mediata, ocorre quando há uma norma intermediaria entre o ato normativo analisado e a Constituição. a inconstitucionalidade indireta que pode ser dividida em:
	-> Conseqüente: ocorre quando o vicio de uma norma é decorrente da inconstitucionalidade de outra da qual ela depende. (ex. decreto expedido para a execução de uma lei inconstitucional)
	-> Reflexa ou obliqua: ocorre quando a inconstitucionalidade resulta da violação de uma norma infraconstitucional interposta entre o ato questionado e a Constituição (ex. decreto expedido pelo chefe do executivo que contraria a lei regulamentada. O decreto é ilegal e indiretamente inconstitucional)
Abaixo da Constituição encontram-se os chamados atos normativos primários, que é aquele que retira seu fundamento de validade diretamente da Constituição. observem que este ato normativo primário e a Constituição não existe ato intermediário. 
O ato normativo secundário esta abaixo do ato normativo primário. Ele tem como fundamento de validade direto os atos normativos primários. (ex. decreto, o fundamento de validade direto será a lei que esta regulamentando, a Constituição Federal é fundamento de validade também, mas é um fundamento de validade indireto)
Todos os atos do ordenamento jurídico possuem a Constituição como fundamento de validade, direto ou indireto.
Se o ato que viola a Constituição é um ato normativo primário esta inconstitucionalidade será direta ou antecedente. É a violação da Constituição por um ato normativo primário. 
Inconstitucionalidade indireta ocorre quando um ato não esta ligado diretamente a Constituição. Existe um ato interposto entre o ato impugnado e a Constituição. Assim, o ato impugnado não esta ligado diretamente à constituição em razão da existência de um ato interposto. 
Ex. o decreto será ilegal pois esta relacionado a lei diretamente, mas indiretamente será também inconstitucional pois viola a Constituição indiretamente. Este decreto que viola a lei não pode ser objeto de ADI, pois o ato deve estar direto a constituição. Mesmo nos casos em que o decreto exorbita os limites da lei que esta regulamentando não cabe ADI, pois trata-se de controle de legalidade. Neste caso o decreto deve ser objeto de ADPF
Inconstitucionalidade conseqüente ou por atração ou por arrastamento esta ligada a ideia de que o decreto que regula uma lei inconstitucional, deve ser declarada sua inconstitucionalidade juntamente com a lei, para que ele não fique isolado no ordenamento jurídico. Assim, o STF pode de oficio declarar o decreto inconstitucional, logo o legitimado também pode pedir que o STF declare a inconstitucionalidade tanto da lei quanto do decreto.
Existem decretos que podem ser atos normativos primários, como por exemplo quando o presidente edita decreto tratando de assunto privativo de sua iniciativa, podendo ser objeto de ADI pois é um ato normativo primário.
Da mesma forma uma portaria do ministro da justiça pode ser objeto de ADI, pois se entre a portaria e a Constituição pode não existir decreto nem lei q trate do assunto esta portaria vira ato normativa primário que viola diretamente a Constituição.
Vale frisar que nos casos em que for interposto (erroneamente) ADPF contra uma portaria que seja ato normativo primário, pode ser recebido e processado como se fosse ADI pelo STF.
A inconstitucionalidade direta ocorreria quando o ato impugnado está ligado diretamente à Constituição, já a inconstitucionalidade indireta ocorre quando entre o ato impugnado e a Constituição existe um ato interposto. Podendo neste ultimo caso ser uma inconstitucionalidade conseqüente ocorre como conseqüência da inconstitucionalidade da lei (ato normativo primário).
No caso de uma lei constitucional, mas o decreto que regulamenta esta lei extrapola os limites previstos na lei. Ou este decreto é incompatível com a lei, logo, será considerado ilegal mas também pode ser considerado inconstitucional de forma indireta. 
Assim, todos os atos do ordenamento jurídico possuem a Constituição como ato de validade, seja este fundamento direto ou indireto.
 
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VIVIAN LANGER – LFG – INTENSIVO 01

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