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Categorias da Análise Marxista no Serviço Social

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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS, METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL III
AULA 06: AS PRINCIPAIS CATEGORIAS DA ANÁLISE MARXISTA
Aula 06: As principais categorias da análise marxista
Aula 06: As principais categorias da análise marxista
Aula 06: As principais categorias da análise marxista
Tema da Apresentação
FUNDAMENTOS HIST TEO MET DO SERV SOCIAL III
Aula 06: As principais categorias da análise marxista
Objetivos desta aula:
Apresentar as principais categorias da análise marxista sobre a sociedade capitalista.
Compreender como a análise marxista reflete no referencial teórico do Serviço Social brasileiro, a partir das contribuições de Marilda Iamamoto...
Tema da Apresentação
FUNDAMENTOS HIST TEO MET DO SERV SOCIAL III
Aula 06: As principais categorias da análise marxista
	Marilda Iamamoto e Raul de Carvalho apresentam o referencial teórico do materialismo histórico-dialético, do marxismo, ao Serviço Social. No 1º capítulo desta obra, que é um marco na história do Serviço Social, eles apresentam uma “Proposta de Interpretação Histórico-Metodológica” sobre o modo de produção capitalista. 
	Abordar-se-á nesta aula uma explicação sobre o modo de produção capitalista e a reprodução das relações sociais; o capital como relação social, o significado do trabalho, o conceito de lucro, mais-valia. Também abordaremos o conceito de classe social, de burguesia e proletariado, e luta de classes. 
Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica
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	O fio condutor de todo o trabalho é a compreensão da profissão como instituição componente da organização da sociedade capitalista, inserida em um conjunto amplo de condições e relações sociais que lhe atribuem um significado, e nas quais ela se torna necessária.
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 Economia Política: supera a abordagem clássica da Economia, que procura “recortar” uma dimensão específica da sociedade, – a dimensão econômica, e analisá-la independentemente das outras dimensões que interferem na vida da sociedade.
A Economia Política busca compreender o conjunto das relações sociais que estavam surgindo com a crise do modo de produção feudal. Os teóricos da Economia Política buscavam compreender o modo de funcionamento da sociedade, a partir de um elenco articulado de ideias que pudessem oferecer uma visão de conjunto da vida social.
A Economia Política clássica aborda as principais categorias e instituições econômicas (dinheiro, capital, lucro, salário, mercado, propriedade privada) como instituições naturais, eternas e invariáveis.
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O compromisso sociopolítico da Economia Política clássica foi com a nascente burguesia, em oposição ao Estado Absolutista e contra as instituições do Antigo Regime Feudal (a nobreza fundiária e a Igreja). Seus teóricos mais importantes foram Adam Smith e David Ricardo, que contribuíram na formulação do Liberalismo, que expressava os anseios emancipadores da humanidade, anunciados pela Revolução Francesa (Igualdade, Liberdade e Fraternidade).
É com a Revolução Industrial e com a Revolução Francesa que se dá a passagem de um modo de produção – o Feudal, predominante durante a Idade Média, e tem início a Idade Moderna, e um novo modo de produção: o Capitalista, que surge no séc. XIX. 
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A emancipação humana proposta pela Revolução da burguesia industrial, emancipou os homens das relações de dependência e servidão vigentes no Feudalismo, promoveu uma igualdade jurídica ( todos são iguais perante a lei), porém não alcançou a igualdade econômico-social, devido a dominação de uma classe – a burguesia, sobre a outra - o proletariado. 
“Instaurando o seu domínio de classe, a burguesia experimenta uma profunda mudança: renuncia aos seus ideais emancipadores e converte-se numa classe cujo interesse central é a conservação do regime que estabeleceu. Convertendo-se em classe conservadora, a burguesia cuida de neutralizar e ou abandonar os conteúdos mais avançados da cultura ilustrada.
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Por seu turno, as classes e camadas sociais que, ao lado da burguesia revolucionária, articularam o bloco social do Terceiro Estado, e agora viam-se objeto da dominação burguesa, trataram de retomar aqueles conteúdos e adequá-los a seus interesses.
O movimento das classes sociais entre as décadas de vinte e quarenta do séc. XIX, mostra que estava montado um novo cenário de confrontos: não mais entre a burguesia ( que antes liderara o Terceiro Estado) e a nobreza, mas entre a burguesia e segmentos de trabalhadores, com destaque para o proletariado.” ( NETTO, 2007, p. 20)
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Na Economia Política Clássica, de inspiração liberal, que se opunha ao regime Feudal, foi feita a defesa do trabalho livre e de sua remuneração, através do pagamento de salários por hora de trabalho, o que não existia até então. Para os clássicos, o valor é produto do trabalho, e a riqueza é obtida através da produção de bens materiais. Porém, é com o desenvolvimento da sociedade capitalista que fica explicitado o caráter explorador de uma classe sobre a outra. 
	
	Pensadores ligados ao proletariado começaram a questionar a Economia Política Clássica, dentre eles, Karl Marx, cuja proposta foi desenvolver uma “Crítica à Economia Política”. 
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Ligado à classe operária e sob o estímulo e diálogo com Friedrich Engels, (1820-1895), Marx realizou uma pesquisa durante quase 40 anos, sobre o surgimento, o processo de consolidação e crise da sociedade burguesa ( capitalista). E, em oposição ao pensamento liberal, vai dizer que:
“a sociedade burguesa não é uma organização social natural, destinada a constituir-se como o ponto final da evolução humana; ela é uma forma de organização social histórica, transitória, que contém no tipo de sociedade – precisamente a sociedade comunista, que também não marca o “fim da história”, apenas o ponto inicial de uma nova história, aquela a ser construída pela humanidade emancipada. A crítica marxiana à Economia Política não significou a negação teórica dos clássicos; significou sim a sua superação, incorporando as suas conquistas, mostrando os seus limites e desconstruindo os seus equívocos. 
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	Marx historicizou as categorias manejadas pelos clássicos, rompendo com a naturalização que as pressupunha como eternas. E pode fazê-lo porque empregou na sua análise um novo método (o método crítico dialético, conhecido como materialismo histórico). 
Realizando uma autêntica revolução teórica, Marx jogou todas as suas forças na análise das leis do movimento do capital, da dinâmica da sociedade burguesa (capitalista), já que nessa sociedade, o conjunto das relações sociais está subordinado ao capital.” ( NETTO, 2007, p. 24-25) 
	Essa nova teoria elaborada por Karl Marx foi chamada de Economia Política Marxista, em oposição à Economia Política Clássica, ou marxismo, como nos referimos no Serviço Social.
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marxista
Algumas categorias da teoria marxista segundo Marilda Iamamoto
A produção capitalista é produção e reprodução das relações sociais de produção 
 
Para produzir e reproduzir os meios de vida e de produção, os homens estabelecem determinados vínculos e relações mútuas, e através de seu trabalho transformam a natureza. A forma de organização desse processo produtivo varia de acordo com as condições históricas e sociais em que ocorrem. A esse conjunto de condições e formas de organização do processo de produção chamamos de “modo de produção” (ex: escravismo, feudalismo, mercantilismo, capitalismo). 
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	A relação entre os homens na produção e na troca de suas mercadorias varia de acordo com o nível de desenvolvimento dos meios de produção. Não se faz individualmente nem isoladamente, e sim inserida num modo específico como a sociedade se organiza para sobreviver, por isso afirma-se que a produção social é historicamente determinada. 
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“Assim, a produção social não trata (apenas) de produção de objetos materiais, mas de relação social entre pessoas, entre classes sociais que personificam determinadas categorias econômicas.
Na sociedade de que se trata, o capital é a relação social determinante, que dá a dinâmica e a inteligibilidadede todo o processo da vida social.
Sendo o capital uma relação social, supõe o outro termo da relação: o trabalho assalariado, do mesmo modo que este supõe o capital. (...)
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O capital é a soma dos meios materiais de produção; é o conjunto dos meios de produção convertidos em capital;(...) 
É o conjunto dos meios de produção monopolizados por uma determinada parte da sociedade, os produtos e as condições para o exercício da força de trabalho substantivados frente à força de trabalho viva.(...) 
O capital se expressa através de mercadorias ( meios de produção e vida) e do dinheiro”. ( IAMAMOTO, 2011, p. 36-37)
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Segundo Marx, as relações de produção aparecem mistificadas como relações entre mercadorias, entre coisas, esvaziadas de sua historicidade, o que encobre sua natureza de relações sociais entre classes sociais antagônicas. Por isso é necessário desmistificar o que se apresenta na aparência, e compreender a essência desse modo de produção e sua lógica de exploração de uma classe sobre a outra, como sendo a questão central do capitalismo. 
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O Capital e a forma mercadoria
Denominamos de capital o conjunto de meios necessários à produção, que são apropriados privadamente pela burguesia. Ao deter os meios de produção, ela domina os trabalhadores, que só tem a sua força de trabalho para vender em troca de um salário. 
 
O capital se expressa sob a forma de mercadorias: meios de produção (matérias-primas e auxiliares, e instrumentos de trabalho), e meios de vida necessários à reprodução da força de trabalho. As mercadorias são objetos úteis, que atendem a necessidades sociais diferenciadas, as quais se atribui um valor de uso. 
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“Os valores de uso formam o conteúdo material da riqueza, qualquer que seja a forma social desta. No tipo de sociedade a que nos propomos a estudar, os valores de uso são ademais, o suporte material dos valores de troca.” ( K. Marx, El Capital. Crítica de la Economia Politica op. cit,T.I, cap. I, p.4) 
Mas as mercadorias não são só valores de uso, elas tem uma outra dimensão que é a do valor de troca. O valor de troca considera além dos recursos necessários para sua produção ( matéria prima, equipamentos, instalações), a quantidade de trabalho necessário para sua produção. São valores que se medem pelo tempo de trabalho socialmente necessário, incorporados à sua produção.
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O valor de uma mercadoria só se expressa numa relação de troca, de equivalentes (aquilo que permite expressar o valor da mercadoria), e que inicialmente foi o ouro, para depois se transformar na moeda, ou no dinheiro. 
As mercadorias são produtos de trabalhos privados, e têm um caráter social que decorre de dois aspectos:
Precisam satisfazer a uma necessidade social, e integrar-se no trabalho coletivo da sociedade, dentro da divisão social do trabalho;
Precisa ser trocado por outra mercadoria, por outro trabalho útil, que lhe seja equivalente. A medida da equivalência entre produtos de qualidade diferenciada se dará através da medida do trabalho humano nele empregado. 
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“Este duplo caráter social do trabalho é o que permite, aos diversos produtores, equipararem seus produtos no ato da troca, como valores. O que fazem, ao trocar suas mercadorias, é equiparar diversos produtos como modalidades do mesmo trabalho, embora não o saibam.
 Nas relações que os homens estabelecem através da troca de seus trabalhos equivalentes, materializados em objetos, o caráter social de seus trabalhos aparece como sendo relação entre os produtos de seu trabalho, entre coisas independentes de seus produtores.
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O que aparece como relação entre objetos materiais é uma relação social concreta entre homens, oculta atrás das coisas. (...)
Este fetiche da mercadoria simples reaparece sob novas formas e novas determinações na mercadoria produto do capital, dando origem ao que o autor denomina “mistificação do capital”. ” ( IAMAMOTO, 2011, p. 40-41)
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O dinheiro ou mercadoria, só se transforma efetivamente em capital quando incorpora a força de trabalho vivo, que conserva os valores das mercadorias e cria novos valores. O capital é uma soma de valor que tende a crescer, através da produção de um valor maior do que aquele que foi adiantado no início do ciclo produtivo, a mais-valia. Esta significa que se obtém mais valor de troca, ou seja tempo de trabalho excedente, trabalho não pago, apropriado pela classe capitalista.
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	A obtenção da mais-valia no processo de produção, ocorre a partir do aumento da jornada de trabalho, sem o correspondente aumento de salário. Como o trabalhador vende a sua força de trabalho como mercadoria, por não possuir os meios de produção, essa venda se dá em condição de desvantagem para o trabalhador, que recebe baixos salários, é explorado neste processo. O trabalhador não recebe em função do que produz, ele recebe muito menos do que o valor que produziu para o capitalista durante um dia de trabalho. Então, o aumento das horas de trabalho sem o correspondente aumento de salário, é uma forma de obtenção da mais-valia absoluta. 
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	Outra forma de exploração capitalista para obtenção da mais valia relativa sobre o trabalhador, é a intensificação do ritmo do trabalho. Desta forma, o capitalista
organiza o processo de trabalho de forma tal que obriga os trabalhadores a produzirem mais, sem alterar a jornada de trabalho e o salário.
	Essa forma de obtenção de mais-valia foi desenvolvida no taylorismo, através de um estudo minucioso dos tempos e movimentos no processo de trabalho, na implementação das linhas de produção nas indústrias, onde buscava-se aumentar de todas as formas a produtividade . 
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O filme “Tempos Modernos” protagonizado por Charles Chaplim é uma crítica desse processo, no qual o trabalhador passa a ser tratado como uma das peças da engrenagem das fábricas, sem nenhuma autonomia no processo produtivo, ou na linguagem de Marx, revelando como ele se tornou alienado no processo produtivo, como ele não pode parar porque a produção não para. 
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Além disso, a alienação do trabalhador ocorre pelo fato dele não ser mais o dono de seus meios de produção nem do produto de seu trabalho, como ocorria anteriormente com os artesãos, que ao produzirem uma bota, sabiam confeccioná-la do início ao fim, e tinham um produto final, uma mercadoria para ser vendida. Nas fábricas, o operário não produz um produto final, ele produz apenas parte de um produto, de uma mercadoria. A única coisa que ele tem como seu para vender, é sua força de trabalho, que é sempre desvalorizada pelo capitalista, que dispõe de muitos outros trabalhadores desempregados para substituir aqueles que se apresentam insatisfeitos com seus salários. A essa massa de trabalhadores sobrantes, que ajuda a manter baixos os salários, chama-se de “exército industrial de reserva”.
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“Na formação social capitalista, o processo de trabalho é meio de processo de valorização, já que o objetivo primordial da produção não é a satisfação de necessidades sociais, mas a produção de mais valia, a valorização do próprio capital. (...) visto que:
Contém trabalho pago e não pago; parte do trabalho nela objetivado equivale ao salário, enquanto a outra é trabalho excedente, mais-valia;
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Cada mercadoria se apresenta como parte integrante da massa total de mercadorias, como parte alíquota do produto total do capital, que pode ser considerado como uma única mercadoria, que contém o valor do capital adiantado e a mais-valia.
Para que se realize o valor do capital e da mais-valia, o volume de mercadorias vendidas é aqui, essencial. (...)
No modo de produção especificamente capitalista, tem-se a generalização da mercadoria, que se torna a forma geral de toda a riqueza, e a alienação do produto, a forma necessária para sua apropriação. A própria substância da produção torna-se mercadoria, e não só o excedente produzido), assim como as condições da produção se mercantilizam, inclusive a força de trabalho.
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À medida em que o valor capital se expressa sob forma de mercadorias, tem que cumprir as funções circular, e reiniciar o ciclo produtivo sob novas formas. Opera-se aí uma mudança na forma do valor: este, que existia sob a forma de produtos, existe agora sob a forma de dinheiro, mas de capital –dinheiro, que expressa o valor dos meios de produção invertidos no produto e o sobrevalor criado no processo produtivo. Isso ocorre na esfera da circulação.” (IAMAMOTO, 2011, p. 50-51)
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As metamorfoses do capital são uma condição indispensável para que ele se transforme, se movimente, se reproduza. O capitalista poderá transformar o valor do capital inicial e a mais-valia capitalizada em novas condições de produção, ampliando a sua escala. É nesta última metamorfose da mercadoria produto do capital em dinheiro (venda) que o valor do capital valorizado se realiza.
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Segundo IAMAMOTO, o que interessa “é destacar as relações sociais através das quais este processo se realiza. Para tanto, devemos considerar não o capitalista e o trabalhador individualmente, mas o conjunto dos capitalistas e dos trabalhadores, enquanto classes sociais que personificam categorias econômicas: o capital, o trabalho e seu antagonismo. E ainda, considerar o processo de produção na sua continuidade, isto é, na sua reprodução.” (IAMAMOTO, 2011, p. 52)
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Além disso, a alienação do trabalhador ocorre pelo fato dele não ser mais o dono de seus meios de produção nem do produto de seu trabalho, como ocorria anteriormente com os artesãos, que ao produzirem uma bota, sabiam confeccioná-la do início ao fim, e tinham um produto final, uma mercadoria para ser vendida. Nas fábricas, o operário não produz um produto final, ele produz apenas parte de um produto, de uma mercadoria. A única coisa que ele tem como seu para vender, é sua força de trabalho, que é sempre desvalorizada pelo capitalista, que dispõe de muitos outros trabalhadores desempregados para substituir aqueles que se apresentam insatisfeitos com seus salários. A essa massa de trabalhadores sobrantes, que ajuda a manter baixos os salários, chama-se de “exército industrial de reserva”.
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 Práxis, ser social e transformação social
O trabalho é constitutivo do ser social, mas o ser social não se reduz ou esgota no trabalho. Quanto mais se desenvolve o ser social, mais as suas objetivações transcendem o espaço ligado diretamente ao trabalho. Para explicar essa dimensão, utilizamos a categoria PRAXIS, que inclui todas as objetivações humanas. A categoria práxis revela um homem criativo e autoprodutivo. 
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	Mas da práxis não resultam apenas produtos, obras, e valores que permitem aos homens se reconhecerem como autoprodutores. Segundo NETTO, 2007, p. 43-44:
“ Deve-se distinguir entre duas formas de práxis voltadas para o controle e a exploração da natureza, e formas voltadas para influir no comportamento e na ação dos homens. No primeiro caso, que é do trabalho, o homem é sujeito e a natureza é o objeto; no segundo caso, trata-se de relações de sujeito a sujeito, daquelas formas de práxis em que o homem atua sobre si mesmo, como na práxis educativa e na práxis política ;
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	Os produtos e obras resultantes da práxis podem objetivar-se materialmente ou idealmente: no caso do trabalho, sua objetivação é necessariamente material; mas há objetivações ( por exemplo, valores éticos,) que se realizam sem operar transformações numa estrutura material qualquer. (...)
 Verifica-se na e pela práxis, que o ser social se projeta e se realiza nas objetivações materiais e ideais da ciência, da filosofia, da arte, construindo um mundo de produtos, obras e valores, um mundo social, no qual a espécie humana se converte inteiramente em gênero humano”. 
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	Se a práxis revela a capacidade dos homens enquanto
seres que são capazes de criar valores e produtos, de interferir na realidade, isso significa que eles podem ser considerados como força capaz de promover mudanças na realidade na qual estão inseridos. Esse reconhecimento é importante para resgatá-lo do processo de coisificação e alienação aos quais foram conduzidos pelo modo de produção capitalista, e revelar que podem assumir o protagonismo de suas vidas, intervir na história, promover transformações e revoluções, enfim, criar uma sociedade nova. 
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	“ O ser social assim estruturado e caracterizado, não tem nenhuma similaridade com o ser natural (inorgânico ou orgânico). Ele só pode ser identificado como ser do homem, que só existe como homem em sociedade. E assim compreendido, o ser social se revela não como uma forma atemporal, , a-histórica, mas como uma estrutura que resulta da auto-atividade dos homens, e permanece aberta a novas possibilidades, no curso da história presente e futura.” ( NETTO, 2007, p. 42) 
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É na relação capital x trabalho que encontramos o cerne da exploração capitalista, do antagonismo das duas classes sociais fundamentais: a burguesia, detentora do capital e dos meios de produção, e a classe trabalhadora, detentora da força de trabalho, essencial para a criação de riquezas para o capitalista. Uma não vive sem a outra, porém, as condições em que se relacionam são condições desiguais.
Na lógica liberal, trata-se de uma relação justa entre livres proprietários de mercadorias equivalentes, que estabelecem as condições de suas trocas: em troca de sua mercadoria, o trabalhador recebe a título de salário, uma parte do que produziu, cujo valor é necessário para a sua conservação e reprodução. O capitalista oferece-lhe os meios de produção e o salário, para que produza as mercadorias. 
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Marx vai denunciar que essa relação é uma relação desigual, marcada por injustiças e exploração na qual o interesse da burguesia é na obtenção cada vez maior de lucros e riquezas, às custas da exploração da classe trabalhador, que não tem uma renumeração digna, capaz de garantir a manutenção de todas as suas necessidades básicas e de sua família. O que ele recebe não é proporcional à riqueza que produz. 
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Marx vai buscar contribuir no processo de conscientização dos trabalhadores para que descubram o seu potencial enquanto parte fundamental no processo de produção, sem o qual o capitalista não tem como garantir a produção de suas mercadorias. Visando a superação da alienação política dos trabalhadores, vai estimular a organização sindical e política da classe trabalhadora, de modo a que esta construa um novo projeto político-econômico de sociedade, não baseada na exploração de uma classe sobre a outra, e sim no protagonismo da classe trabalhadora: a sociedade comunista. Neste sentido, propõe que seja realizada através de uma revolução, a eliminação da sociedade capitalista, para se criar uma nova sociedade, sem classe dominante e sem classe dominada, que não vise a acumulação do lucro, e sim a sua distribuição para todos. 
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A análise marxista sobre a sociedade capitalista revela que ela trás em si o germe da sua contradição e do seu esgotamento. Ao levar ao máximo as condições de exploração da classe trabalhadora, aumentando a pobreza em escalas cada vez mais ampliadas, ele produz a possibilidade de convulsão social, a partir da impossibilidade expressa da justiça, da ordem e do equilíbrio, quando se chega a situações extremas de miséria e exploração, o que pode levar a uma crise do modo de produção capitalista, o que já ocorreu mais de uma vez na história da humanidade. 
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“ A reprodução ampliada do capital é acompanhada de não só de uma reprodução ampliada das relações de classes, à proporção que o proletariado absorvido pelo capital se expande; mas esta reprodução da relação social é também uma reprodução dos antagonismos de classe que tendem a se aprofundar . A acumulação da miséria é proporcional à acumulação do capital” ( NETTO, 2007, p. 69) 
“Quanto maiores são a riqueza social, o capital em funcionamento, o volume e a intensidade de seu crescimento, e maiores também a magnitude absoluta do proletariado e a capacidade produtiva de seu trabalho, tanto maior é o exército industrial de reserva. A força de trabalho disponível se desenvolve pelas mesmas causas que a força expansiva do capital. 
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A magnitude relativa do exército industrial de reserva cresce, consequentemente, à medida que crescem as potências da riqueza. E quanto maior é esse exército de reserva em proporção ao exército ativo, mais se estende a massa da superpopulação consolidada, cuja miséria se acha em razão inversa aos tormentos de seu trabalho. E finalmente, quanto mais crescem a miséria dentro da classe trabalhadora e o exército industrial de reserva, mais cresce o pauperismo oficial. Tal é a lei geral absoluta da acumulação capitalista” ( K. Marx. El capital. Crítica de la Economia política, op. cit., t. i, cap. XXIII, p. 546)
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	É nas sequelas da exploração do modo de produção capitalista, que o Serviço Social é chamado a atuar, seja na mediação com os trabalhadores inseridos no processo produtivo, seja com os excluídos desse processo. Ele pode atuar no sentido de ajudar a manter a alienação e exploração dos trabalhadores pela burguesia, ou atuar no sentido de desenvolver sua consciência crítica enquanto classe social, enquanto sujeitos políticos, capazes de lutar por seus dirteitos e por transformações sociais. 
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Entretanto, não podemos esquecer que o assistente social, também se constitui enquanto classe trabalhadora, que vende a sua força de trabalho no mercado, submetendo-se aos mesmos processos de exploração e alienação, inclusão e exclusão do mercado de trabalho. Sua práxis profissional será condicionada pelo grau de conhecimentos teóricos, éticos e políticos que ele obteve ao longo de sua experiência de classe social e enquanto profissional. 
A profissão de Serviço Social tem nos dias atuais um projeto ético-político, no qual assume seu compromisso com a classe trabalhadora, com a democracia, que está expresso no Código de Ética Profissional. Esta deve ser a direção da prática profissional. 
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